CORREIO DO POVO Política [email protected] Editor: Luiz Augusto Kern Editora assistente: Dulci Emerim Investigação inclui documentos ■ Procuradores da Operação Lava Jato incluirão nas inves- tigações sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, os dois pedidos de informação sobre empresas vinculadas ao executivo Júlio Camargo emitidos em um computador do gabinete do deputado, em 2011. Em delação premiada, o doleiro Alberto Youssef disse que era uma manobra de Cunha para pressionar o executivo a pagar propina. “ É preciso punir com mais rigor os adultos que aliciam menores para o crime organizado. Dilma Rousseff Presidente da República PSB e PPS anunciam fusão das legendas Dirigentes devem oficializar união até junho para disputar eleições de 2016 D e olho nas eleições municipais de 2016, PSB e PPS anunciaram ontem o início do processo de fusão das duas siglas. A ideia é que o trâmite seja concluído até junho para que em outubro, prazo legal estabelecido pela Justiça Eleitoral, o novo partido esteja montado e apto a disputar prefeituras das capitais no ano seguinte. O novo partido pretende lançar a senadora Marta Suplicy (SP), que deixou o PT na terça-feira, como candidata à prefeitura paulistana. Segundo o presidente do PSB, Carlos Siqueira, Marta assinará a filiação nos próximos dias. “Teremos nomes competitivos para quase todas as capitais”, disse. Em uma entrevista coletiva, Siqueira e o presidente do PPS, Roberto Freire, deixaram clara a posição de independência em relação ao governo. “Não temos motivos para apoiar o governo”, disse Siqueira. Eles lembraram que PPS e PSB estavam no mesmo lado na ditadura, no movimento das Diretas, na Constituinte e no governo Itamar Franco. “A fusão vai mudar a correlação de forças no país”, avaliou Freire. A reaproximação das siglas se deu na eleição presidencial de 2014 com o lançamento da candidatura de Eduardo Campos, morto em agosto passado. “Somos dois partidos com raízes na esquerda democrática”, completou Siqueira. O PSB deixou a base governista em 2013, quando preparava o lançamento da candidatura presidencial de Campos. Atualmente, o partido assume uma postura de independência, enANDRÉ CORRÊA / SENADO / CP Marta negocia ingresso na nova sigla quanto o PPS mantém forte discurso de oposição. As diferenças são sentidas na Câmara dos Deputados, onde as bancadas têm orientado seus deputados de forma oposta nas votações. Freire minimizou as diferenças. “A gente sente deles uma disposição de rever alguns pontos”, comentou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). O primeiro sinal dos novos rumos no discurso foi demonstrado ontem, quando Freire disse que o movimento pró-impeachment de Dilma não foi discutido no PPS. “As condições não estão dadas”, justificou. O PSB se coloca contra o impeachment. A primeira divergência pública entre os dois partidos é sobre o nome da nova sigla. Os pessebistas querem manter a sigla PSB com a inclusão do número 40 da legenda. O PPS quer que o nome seja PS (Partido Socialista) 40. Com a fusão, a nova legenda terá nove senadores (incluindo Marta Suplicy e a ex-tucana Lúcia Vânia), três governadores, 45 deputados federais, 92 deputados estaduais, 568 prefeitos (quatro capitais), 5.831 vereadores e 792 mil filiados. OPERAÇÃO ZELOTES Calheiros anuncia criação da CPI do Carf O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou ontem a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar atos de corrupção no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Responsável por julgar recursos de autuação fiscal, o órgão foi alvo da Operação Zelotes da Polícia Federal, que apura fraudes no trâmite tramitação e no resultado de processos que já causaram prejuízo de R$ 5,7 bilhões aos cofres públicos. O requerimento de criação da CPI foi apresentado pelo senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e obteve 42 assinaturas, número acima do mínimo exigido. Os líderes partidários terão cinco dias para indicar os senadores que vão compor a CPI. Na terça-feira, em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu mudanças que o governo propôs para o regimento interno do Carf. Segundo ele, os processos em que forem verificadas irregularidades serão anula- PRECARIZAÇÃO Piratini nega cortes na saúde O governo do Estado negou ontem que leitos para atenção em Saúde Mental estejam sendo desativados em decorrência dos cortes no custeio, contrariando denúncias feitas à Comissão de Saúde da Assembleia. “Os contratos serão renovados, sem interrupção dos atendimentos”, afirma nota do governo. A informação, porém, não convence o presidente da Comissão, deputado Valdeci Oliveira, que prosseguirá averiguando casos de precarização dos servi- ços. “Temos recebido diversas denúncias, que trazem preocupação”, alerta Valdeci. Um dos casos se refere ao atendimento a pacientes com transtornos de álcool e drogas. “Só em comunidades terapêuticas 600 leitos SUS estão ameaçados”, conta a administradora de uma unidade. Conforme o presidente da Associação de Psiquiatria do RS, Carlos Salgado, a desassistência nesta área ocasiona grave custo social, sofrimento ao paciente e à família, impulso à violência. QUINTA-FEIRA | 30 de abril de 2015 ■ 3 dos e terão novo julgamento. Na segunda-feira, o Ministério da Fazenda abriu consulta pública para a minuta do novo regimento interno até 4 de maio. Segundo Levy, no entanto, o Carf manterá a paridade, ou seja, representantes do governo e dos contribuintes em igual quantidade. Esse aspecto é alvo de críticos que argumentam que a paridade favorece as empresas em processos contra o governo. Ontem, o Ministério Público Federal enviou ofício à Fazenda, no qual critica as mudanças. SEGURANÇA PDT não aceita atraso no reajuste O deputado estadual Enio Bacci (PDT) afirmou ontem que o partido votará contra o governo caso José Ivo Sartori encaminhe à Assembleia projeto que postergue o pagamento dos reajustes já aprovados a servidores da segurança pública. Antes disso, segundo ele, a bancada do PDT apelará para que Sartori não remeta tal proposta. “Mas se mandar, com todo respeito, votaremos em defesa dos trabalhadores e contra o governo.” Câmara aprova lei que protege animais ■ A Câmara dos Deputados aprovou ontem projeto de lei que torna crime atentar contra a “integridade física ou mental” de cães e gatos. Pelo texto, que vai para o Senado, a pena para quem matar esses animais será de até três anos de detenção. Hoje, a lei pune com detenção de até um ano quem maltrata qualquer animal. A pena cresce até um terço se o bicho morrer. Não há tipo penal específico para agressão a cães e gatos. Taline Oppitz [email protected] Com poderes, encontros sigilosos A exemplo da reunião com representantes de mais de 20 entidades de servidores públicos, divulgada e aberta à imprensa na segunda-feira, o governador José Ivo Sartori iniciou encontros com os presidentes dos demais poderes. Estes, no entanto, para evitar constrangimentos, ocorrerão de forma reservada. As reuniões são chamadas de “secretas” por integrantes da cúpula do Piratini por não constarem na agenda pública de Sartori. O primeiro encontro aconteceu no fim da tarde de terça-feira. Das 18h30min às 20h45min, Sartori conversou, no Palácio, com o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador José Aquino Flôres de Camargo. Segundo o desembargador, a reunião antecedeu outros encontros que ocorrerão para “tratar de assuntos de interesse mútuo”. Apesar da cautela e da tentativa de sigilo em torno da reunião, um dos itens da pauta foi a forma como o Judiciário poderia colaborar com o ajuste fiscal que está sendo encaminhado pelo governo. Pelo menos segundo o tratado até agora, o auxílio não passaria pela redução do percentual do orçamento do Estado destinado ao Judiciário. Entre as três ou quatro medidas em análise, está a possibilidade de o TJ abrir mão de rendimentos referentes aos depósitos judiciais, usados para modernização física e investimentos. Reuniões com os presidentes dos demais poderes já estão encaminhadas. Plano DIVULGAÇÃO / CP ■ O secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker, aproveitou visita de Sartori e do vice José Paulo Cairolli para detalhar ações do Plano Energético do Rio Grande do Sul, que está em fase de preparação. Segundo Redecker, setores produtivos, entidades de classe e sociedade serão ouvidos e nos próximos dias ocorrerá o ciclo de reuniões em 17 macrorregiões do Estado. O secretário destacou que o trabalho é inédito e visa apontar o potencial de cada fonte energética e determinar gargalos que precisam ser enfrentados para garantir abastecimento continuado e de qualidade pelos próximos dez anos. Sartori está indo a todas as Pastas e conversando com secretários e integrantes das equipes para conhecer pessoalmente os “atores” da administração. Tarso: taxação de fortunas é ‘obrigação moral’ O ex-governador Tarso Genro evitou fazer críticas diretas ao seu sucessor no Piratini, mas em entrevista ao programa “Esfera Pública”, da Rádio Guaíba, foi incisivo ao rejeitar a necessidade de austeridade como saída para as crises do país e do Estado. Em relação às medidas defendidas pelo governo Dilma Rousseff para promover o ajuste fiscal, Tarso destacou que apenas os trabalhadores serão penalizados e foi ainda mais contundente. “Economicamente não vai dar certo e, do ponto de vista político, é uma tragédia”. O ex-governador defendeu ainda que a taxação de grandes fortunas é uma “obrigação moral de qualquer país sério para reduzir o desequilíbrio fiscal”. Bancada reforçada Única representante do PPS na Assembleia gaúcha, a deputada Any Ortiz estava reunida com a bancada do PSB, para tratar de pautas em discussão na Casa, no momento em que Beto Albuquerque anunciou, pelo Twitter, o início do processo de fusão do PSB e do PPS. Caso Any confirme o ingresso no PSB, possibilidade mais provável, o partido ampliará a bancada para quatro deputados. Apartes ■ Ovalorlíquido repassadopeloExecutivoaoJudiciáriopormêsédeR$163,5milhões. ■ Sindicatos e organizações de “esquerda”, como o Movimento de Lu- ta Socialista, e o CSP — Conlutas irão realizar ato internacional no Dia do Trabalho, em 1˚ maio, em Santana do Livramento, em parceria com trabalhadores do Uruguai, da Argentina e do Paraguai.