Saudações aos membros da Mesa e da Plateia; Excelentíssimo Governador ... Senhoras e Senhores, Assumir a direção do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais é para mim uma responsabilidade, pois esta honra é uma e uma das grande instituições protagonistas do desenvolvimento e da transformação sócio-econômica de nosso estado. Fundado em 1962, o BDMG esteve presente em todos os momentos decisivos no processo de industrialização mineira e seu desenvolvimento regional. É a partir de sua criação que o Estado de Minas Gerais passa a ter um núcleo de técnicos que estudavam e propunham alternativas para o desenvolvimento de Minas. O célebre “Diagnóstico da Economia Mineira “de 1968 não somente foi um marco no entendimento dos problemas da economia mineira, como 1 também serviu de base para diversas iniciativas de políticas públicas, que tornaram o Estado referência nacional e internacional em planejamento econômico. Em sua história, sua marca se fez presente no apoio à consolidação do setor minero-metalúrgico, por meio de operações com empresas de grande relevância, tais como Açominas, Usiminas, Acesita, entre outras. De forma similar, foi decisivo no esforço de diversificação produtiva de nossa indústria com a atração da fábrica da Fiat, como também no processo de tropicalização de seus fornecedores. Durante os anos 1990, inicia suas operações em mercado de capitais, através da estruturação da abertura de capital de empresas mineiras tais como a Cedro Cachoeira, Itaunense, entre outras, além de se tornar gestor dos Fundos Estaduais de desenvolvimento do Estado de Minas. 2 É importante ressaltar que durante todo este período o BDMG contribuiu para o desenvolvimento do Estado não apenas através da oferta de crédito, mas também através da oferta de inteligência, representada pelo seu corpo técnico, e de institucionalidade, fatores essenciais para o desenvolvimento. Destaca-se neste sentido a participação direta do BDMG na criação do INDI e da Fundação João Pinheiro, instituições essenciais no processo de desenvolvimento mineiro. E respeitando este passado de relevância para o Estado de Minas Gerais que assumimos hoje o BDMG. Temos claro a dimensão da responsabilidade que nos impõe este cargo. Responsabilidade esta determinada pela necessidade de, não apenas preservar a trajetória aqui retratada, mas também aprofundar ainda mais o papel central do BDMG no contexto de Minas. 3 Senhoras e Senhores, Exc. Governador Vivemos períodos difíceis na economia. Desde 2008 o mundo vivencia uma crise sem precedentes na história, superior, segundo vários analistas, até mesmo a crise de 1929. Crise esta que SE tem a sua origem em um setor financeiro desregulamentado e especulativo, desassociado do lado real da economia, vem se perpetuando pela adoção de políticas econômicas equivocadas nos países centrais, baseadas na austeridade pela austeridade, tendo a austeridade como fim em si mesmo. Políticas que confundem a necessidade de uma gestão responsável das contas públicas, com a negação do papel que o estado tem para a economia notadamente em momentos de crise. Tais políticas jogaram a Europa em uma recessão jamais vista, com níveis de desemprego elevados, e com a desagregação do tecido social. Aprender com esta experiência é necessária para que erros não sejam repetidos. 4 O Brasil, por sua vez, soube enfrentar este cenário adverso de forma correta, sem sacrificar os ganhos sociais até então obtidos, preservando emprego. Continuar nesta orientação é fundamental. O processo de inclusão social ocorrido nos últimos 12 anos precisa continuar e ser aprofundado. Não somente por uma questão de justiça social, mas também porque este processo fortalece as condições necessárias para a sustentação de longo prazo do dinamismo econômico Esta inclusão só poderá continuar a ocorrer se o país continuar a crescer. Crescimento não é uma opção, mas a única necessidade para a consolidação do projeto popular, democrático e inclusivo iniciado a 12 anos atrás neste país. Neste contexto, os bancos de desenvolvimento desempenham um papel vital. Em um momento onde a concessão de crédito por bancos privados se retraí, cabe ao Estado e seus agentes financeiros 5 atuarem de forma anticíclica, ajudando a manter o nível de investimento, revertendo as expectativas, garantindo, desta forma, o emprego, a renda, a competitividade das empresas aqui instaladas. No entanto, não é apenas em momentos de crise que a presença de Bancos de Desenvolvimento se faz necessária. Mesmo em condições normais de funcionamento da economia, quer seja em países em desenvolvimento, quer seja em países desenvolvidos, existem setores onde a operação de mercados de capitais privados possui custos elevados, praticamente inviabilizando o seu financiamento. Exemplos destes setores seriam infra-estrutura; inovação; micro e pequena empresas, entre outros. No caso do Brasil, além dos fatores listados anteriormente, a necessidade de Bancos de Desenvolvimento se faz presente pela constatação de que somos uma economia periférica. Periférica no sentido de que incorporamos, apenas 6 parcialmente e de forma incompleta, no nosso ambiente econômico centros de decisões produtivos, financeiros e inovativos de escala mundiais. Continuamos a ter uma inserção passiva na dinâmica econômica mundial. Se o Brasil é uma economia periférica, no sentido aqui exposto, mais desafiador é o caso de Minas Gerais. Somos a periferia da periferia. Mesmo reconhecendo a existência de áreas de excelência e competitividade no tecido produtivo do estado (e não são poucos), estruturalmente somos uma economia do século passado. A última mudança estrutural na economia mineira ocorreu nas décadas de 70 e 80 com o adensamento da cadeia minero-metalúrgica em direção ao setor mecânico. De lá para cá, assistimos, de longe, o surgimento da chamada “Economia do Conhecimento”, com a emergência de novos setores intensivos em P&D, tais como novos materiais, nanotecnologia, energias alternativas, biotecnologia, entre outros. Apesar de possuirmos empresas e centros de pesquisa de excelência atuantes nestas áreas, 7 estas atividades ainda não foram capazes de contribuir efetivamente para uma dinâmica diferenciada do Estado, ainda fortemente dependente das commodities. Vale ressaltar que o mundo vivenciou nos anos 2000 o chamado superciclo de alta nos preços de commodities, que nos proporcionou taxas de crescimento elevadas, fato este que não se repetira no curto e no médio prazos, quiçá no longo. No entanto, Minas, apesar de ter nas commodities o elemento central de sua pauta de exportação, não foi capaz de aproveitar este ciclo para sedimentar as bases para a sua inserção na indústria do Século XXI. Não se trata de não valorizarmos aqueles setores que nos trouxeram até aqui. Muito pelo contrário. O complexo mínero-metal-mecânico possui papel central no processo de diversificação produtiva de Minas por ser demandante de serviços altamente qualificados e intensivos em conhecimento, tais como os exemplificados anteriormente. 8 Trata-se sim de “descomoditizar” a estrutura produtiva de Minas através do uso de novas tecnologias e de serviços de alto valor agregado. Não somente Minas não se transformou estruturalmente nos últimos 15 anos, mas também perdeu competitividade quantitativamente. Entre 2003 e 2013 o emprego formal cresceu em média 4,9%, enquanto para o Brasil esta taxa foi de 5,2%. A taxa média de crescimento de números de estabelecimentos também foi menor do que a do Brasil (3,5% em Minas contra 4,3% para o país). Em termos de desenvolvimento regional, o quadro também piorou neste período: as regiões mais pobres do estado apresentaram taxas de crescimento inferiores à média do estado, agravando as disparidades regionais. É dentro deste contexto que a atuação do BDMG deve se pautar nos próximos anos. 9 O BDMG hoje vem atuando de forma a garantir uma maior agilidade na concessão de credito e em melhores condições do que outros bancos. Além disto, tem atuado fortemente junto à micro e pequena empresas, facilitando o acesso ao crédito deste setor, o que levou o Banco a possuir hoje 21.340 clientes ativos. Destaca-se aqui a operação do BDMG Web, mecanismo que permite a concessão de financiamento no prazo de até 4 dias. Vale lembrar que o setor de MPE é fortemente gerador de empregos, e só por esta razão já justifica o apoio do BDMG. No entanto, se a garantia de crescimento no curto prazo, com geração de renda e emprego é fundamental, ela por si só não gera desenvolvimento. Um banco que apenas fornece recursos mais baratos, com melhores condições, de preço, prazo e agilidade, que os bancos comerciais, por mais que isto seja importante, não necessariamente produz desenvolvimento. 10 Aqui me permito citar Celso Furtado: “O processo de desenvolvimento deve buscar mais do que a modernização do subdesenvolvimento – a defesa exclusiva da dinâmica econômica de curto-prazo acaba por estrangular as possibilidades de desenvolvimento de longo – prazo” Ou seja, desenvolvimento é antes de tudo um processo de transformação qualitativa. Não basta criar emprego. É preciso gerar melhores empregos. Neste sentido, além de continuar a apoiar o setor empresarial de MG, o BDMG deve atuar de forma intencional na transformação produtiva do estado e em sua coesão social e territorial. O BDMG procurará, nos próximos anos, formatar produtos que atendam a estas duas intencionalidades. 11 Este é o nosso mandato e é isto que procuraremos entregar a Minas Gerais. Senhora e Senhores, Para finalizar, gostaria de fazer alguns agradecimentos. Em primeiro lugar, agradeço a confiança do Governador, meu professor e colega de departamento, Fernando Pimentel. Tenha certeza, Governador, que a Diretoria que agora é empossada não medirá esforços para entregar aquilo que a população de Minas te delegou em 5 de Outubro de 2014: uma Minas de todos, onde todos são ouvidos. Repetindo uma frase sua no discurso de comemoração da vitória: Uma Minas que não tem dono. Em segundo lugar, gostaria de fazer um agradecimento a Universidade Federal de Minas Gerais, representada aqui na pessoa de seu Reitor Jayme Arturo Ramires. Foi ali que 12 aprendi que o conhecimento deve sempre ter um sentido libertário e transformador, ensinamento este que trago para o BDMG. Além disto, foi na FUNDEP, a Fundação de apoio a pesquisa da UFMG que aprendi a ser gestor, contando sempre com o apoio e o ensinamento de um corpo de profissionais altamente qualificados. Por fim, e mais importante, agradeço o amor e carinho de minha família, especialmente de minha esposa Fabiana e de filha Elene. Sem elas eu não estaria aqui hoje. Obrigado a todos. 13