Sombras Coloridas e a Vida a Preto e Branco
Leonor Medeiros
Bem-vindos a uma experiência científica bem colorida.
Aqui, a nossa sombra, habitualmente escura e sempre atrás de nós a esconder-se da luz, tem
agora várias cores! Mas a ciência pode ajudar-nos a fazer luz neste mistério. E é exactamente
na luz que está a resposta.
A luz é normalmente associada ao branco, mas na verdade contém todas as cores. Nós
precisamos é de alguma ajuda para as diferenciar. Como quando colocamos um prisma à
frente de uma luz e as várias cores são decompostas, se separam (acho que o desenho está na
parede por trás da experiência - usar). Ou quando os raios de sol passam pelas gotas de água
na atmosfera e fazem um arco-íris.
Dizemos assim que a cor é uma propriedade da luz, relacionada com o comprimento de onda
dos raios luminosos. Isto porque a luz branca é de facto uma mistura de vários comprimentos
de onda, cada um com a sua cor própria.
E tal como os ouvidos nos ajudam a diferenciar as ondas que compõem os sons, os nossos
olhos diferenciam as cores. São assim um sistema complexo, cheio de lentes, que processam a
informação que a luz nos transmite. Fazem-no através de células foto-receptoras existentes na
retina, sensíveis a comprimentos de onda diferentes: o do vermelho, verde e azul.
Combinando essa informação, o nosso cérebro é capaz de identificar milhares de cores.
E podemos fazer aqui a experiência. Temos 3 holofotes, cada um a projectar apenas uma
dessas 3 cores: vermelho, verde e azul. Aqui na parede, em que as 3 coincidem, podemos ver
que a junção destas 3 cores dá o branco. E destas 3 podemos formar todas as outras cores.
Sempre que o nosso corpo tapa uma das três luzes projectadas, as outras duas misturam-se e
originam uma outra cor: amarelo se tapar o azul, magenta se tapar o verde, e azul-esverdeado
se tapar o vermelho (andar pelas várias luzes a fazer as sombras).
E se eu ainda, na minha sombra, criar mais um obstáculo à luz (quando se levanta a mão na
nossa sombra: o corpo tapa uma, a mão outra) as duas cores que a compõem separam-se (no
caso da amarela, decompõem-se em vermelho e verde).
Podemos ainda tapar duas cores ao mesmo tempo e fazer sombras apenas de cada uma das 3
cores do holofote – a da que não foi tapada (pedir ajuda do público para tapar os holofotes??
Tira tempo…)
Estamos nesta experiência a criar várias cores a partir destas três cores básicas, usando o
método aditivo, tal como usamos no ecrã da nossa televisão ou computador. Quando uma
televisão a cores quer criar um ponto vermelho, dispara um feixe dessa cor, e faz o mesmo
para os pontos verdes e azuis. Para o branco dispara os três simultaneamente, e para o preto
desliga os 3 feixes. E todas as outras cores no ecrã são combinações de vermelho, verde e azul.
Acho que concordam comigo se disser que a vida tem mais piada a várias cores do que a preto
e branco. E podemos até comparar a luz à natureza humana. É a riqueza e variedade das
diferentes componentes que permitem que o mundo também seja diverso e colorido.
Para mim a luz é um pouco como a nossa tentativa de descobrir um fenómeno científico, ou,
num caso que eu conheço melhor, de tentar entender a história dos nossos antepassados:
numa escavação arqueológica podemos ter um prato, um azulejo, um botão, e cada um diz
algo, mas só juntando a informação de todos os objectos é que podemos perceber, e fazer luz,
sobre o todo da vida da pessoa que habitava o espaço.
Adeus e boas experiências.
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