Comitês de auditoria 46 KPMG Business Magazine A evolução cria ambiente desafiador A evolução do mercado de capitais brasileiro e o marco regulatório passaram por mudanças sem precedentes na última década, não apenas no Brasil, como também globalmente. Essas transformações tornam o ambiente de Financial Reporting ainda mais desafiador, exigindo constantes adaptações por parte dos atores envolvidos, visando fazer frente à demanda por novas metodologias de supervisão e gestão de riscos, mais eficazes e por que não mais eficientes. “Entender essa evolução, assim como acompanhar os aspectos normativos e cotidianos inerentes ao mercado financeiro, é fundamental para que administradores, supervisores, conselheiros, membros de comitês de auditoria e auditores externos e internos prossigam em sua permanente busca pela excelência na gestão de riscos preventiva e detectiva, cada um no exercício de sua profissão, alinhada às práticas internacionais e às especificidades do cenário brasileiro” , avalia Jubran Coelho, sócio da KPMG no Brasil na área de Serviços Financeiros. É fundamental que cada ator exerça o seu papel Para ajudar na reflexão sobre o tema, a KPMG no Brasil realizou, em outubro, o fórum A evolução dos modelos de comitês de auditoria – uma abordagem voltada para o efetivo controle de riscos. “Dada a importância dos comitês de auditoria no controle efetivo de riscos e o relevante papel de cada um dos atores do mercado financeiro na sustentação dos pilares fundamentais da governança, julgamos apropriado promover um evento que reunisse o mercado financeiro e o Banco Central do Brasil” , explica Ricardo Anhesini Souza, sócio-líder da KPMG no Brasil na área de Serviços Financeiros. Participaram do encontro Anthero de Moraes Meirelles, diretor de Fiscalização do Bacen; Jeremy Anderson, líder global de Serviços Financeiros da KPMG; e Guy Almeida Andrade, do Comitê de Auditoria do Itaú Unibanco, além de integrantes de comitês de auditoria, conselhos fiscais e de administração de instituições financeiras nacionais e internacionais, privadas e públicas. Os debates abordaram vários aspectos dos modelos de comitês de auditoria, como tamanho ideal e/ou esperado, efetividade dos comitês KPMG Business Magazine 47 sem a existência de membros independentes quando a instituição não atinge determinados gatilhos quantitativos e/ou de acesso ao mercado de capitais e responsabilizações proporcionalmente balanceadas entre todos os pilares de sustentação da governança esperada, dentre outros. ANTHERO MEIRELLES “Alguns pilares são de grande importância para a boa gestão de riscos no mercado financeiro, dentre eles a boa governança corporativa: aquela que sai do papel e do mero formalismo e permeia toda a organização em forma de bons controles de gestão de risco” , analisou Anthero de Moraes Meirelles em sua apresentação. O diretor de Fiscalização do Bacen se referiu também à recomendação do comitê de Basiléia (BIS) que reforça que todas as estruturas da organização devem estar envolvidas com o processo amplo de controles internos e de gestão de riscos dos bancos. Para ele, a gestão de riscos não é responsabilidade apenas da área de riscos, mas das diversas instâncias organizacionais, com especial participação da alta administração, que deve estar alinhada aos preceitos de governança corporativa. “Como parte inerente e que abraça este ambiente, é fundamental que cada ator exerça seu papel” , disse. E complementou: “os gestores, o processo de supervisão, os auditores externos e internos e os comitês de auditoria são um exemplo disso” . Leia também o estudo Current trends in central bank financial reporting practices, no site kpmg.com/BR Pontos que podem ser aperfeiçoados Em uma análise consolidada de mercado com base em inspeções e acesso a dados do sistema financeiro, certas áreas são vistas pelo regulador como tendo potencial para aperfeiçoamento visando à efetividade dos comitês de auditoria. • Realização de reuniões com o conselho de administração, a diretoria e as auditorias apenas na quantidade suficiente para atendimento ao requerimento normativo. • Falta de reuniões com as diversas áreas da instituição (controles, compliance, risco, controladoria). Reduzida interação com áreas de riscos e controles. • Carência de membros dos comitês de auditoria com expertise em contabilidade, riscos e controles. 48 KPMG Business Magazine • Foco exclusivo em questões contábeis, sem atenção aos assuntos pertinentes à gestão de riscos e controles internos. • Ausência de avaliação de projetos e mudanças organizacionais com impacto nos demonstrativos contábeis/ financeiros e nos controles internos. • Excesso de confiança no trabalho do auditor externo, sem fazer questionamentos ou buscar fontes adicionais de evidência. • Falta de rigor com relação à independência e à competência do auditor externo. • Ausência de metodologia para avaliação dos trabalhos da auditoria externa, em todos os seus aspectos. • Falta de critérios objetivos para avaliação da efetividade da auditoria interna, em todos os seus aspectos. • Relatórios semestrais sucintos, sem emissão da opinião e das conclusões do comitê. RICARDO ANHESINI GUY ANDRADE JEREMY ANDERSON JUBRAN COELHO Equilíbrio Jeremy Anderson enfatizou a relevância de um tripé bem equilibrado entre os ambientes interno, externo e o comitê de auditoria. “Os comitês situam-se em um nível bastante elevado nas instituições e, como tal, podem e devem fazer uso do’tone from the top”, analisou o líder global de Serviços Financeiros da KPMG. Para ele, os comitês devem provocar, de maneira recorrente, reflexões sobre aspectos relevantes como: • Os gestores de risco têm sido capazes de explicar claramente o risco sob suas responsabilidades? • A remuneração de gestores baseada em performance também considera os aspectos de gerenciamento de riscos? • Os pacotes de remuneração são diferidos pelo tempo durante o qual os benefícios ou riscos do negócio serão absorvidos pela instituição? • O comportamento ético, assim como a performance financeira, tem sido alvo de medição? Comitê de auditoria Provê supervisão, desafia e influencia • ‘tone from the top’ • ambiente de risco e controle • incentiva melhoria constante Gestão Auditoria externa Tripé do ambiente de reportes financeiros Auditoria das demonstrações financeiras de acordo com normas de auditoria • emitir opinião • recomendar melhorias Avaliação Reportes e riscos • desenho de processos • testes • recomendar • implementação melhorias • manutenção Auditoria interna KPMG Business Magazine 49