UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DO COOPERATIVISMO SOLIDÁRIO A AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO. ELIANA VEDOVATTO Francisco Beltrão 2009 ELIANA VEDOVATTO A AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO. Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no curso de Pós-Graduação lato sensu em Gestão do Cooperativismo Solidário da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão. Orientador(a): Neron Alípio Cortes Berghauser Francisco Beltrão 2009 2 ELIANA VEDOVATTO A AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO. TERMO DE APROVAÇÃO Esta monografia foi julgada e aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista, pós-graduação em Gestão do Cooperativismo Solidário, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, campus de Francisco Beltrão-Pr. Francisco Beltrão, 15 de outubro de 2009 ___________________________________________ Profª Ms Ivanira Correia de Oliveira Coordenadora do Curso BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Neron Alípio Cortes Berghauser Orientador _________________________________________ _________________________________________ 3 RESUMO VEDOVATTO, Eliana. A auditoria interna como ferramenta de gestão nas cooperativas de crédito. 2009, 38 f. Monografia (Especialista) – Curso de Pós-Graduação em Gestão do Cooperativismo Solidário. UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão. Este estudo está voltado para as cooperativas de crédito do sistema Cresol Baser devido a sua importância para a inclusão ao crédito dos agricultores familiares dos estados do Paraná e Santa Catarina. O presente trabalho foi desenvolvido com o intuito de verificar o papel da auditoria no auxílio aos gestores das cooperativas singulares. De forma geral, o objetivo desta pesquisa foi analisar a importância do relatório de auditoria no processo de gestão de uma cooperativa de crédito do sistema Cresol. Especificamente, avaliar a utilização das informações prestadas pelo relatório de auditoria para o planejamento de gestão de uma cooperativa, identificar os fatores que contribuem para a não solução dos problemas identificados pela auditoria e levantar sugestões de melhorias para o método utilizado no processo de auditoria da Central Cresol Baser. A metodologia utilizada no estudo contemplou a pesquisa bibliográfica em livros, revistas, artigos, entre outros, fazendo desta forma uma revisão dos principais estudos desenvolvidos nesta área; estudo de caso através de questionário aplicado aos diretores executivos das 76 cooperativas singulares da Central Cresol Baser. Por meio do estudo exploratório foi possível verificar a utilização do relatório de auditoria e sua importância no processo de gestão de uma cooperativa, além de sugestões de melhorias para os procedimentos aplicados às cooperativas pela auditoria interna. Os resultados da pesquisa apontam para a importância do relatório de auditoria como ferramenta de apoio aos gestores, contudo ainda sendo de pouca utilização como pode ser observar no resultado deste trabalho. Auditoria, Gestão, Cooperativa e Cresol 4 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Organograma genérico de um sistema cooperativo. ......................................... 17 Figura 2 - Gráficos relativos a idade da cooperativa e tempo de direção. ....................... 27 Figura 3 - Gráficos relativos ao perfil do entrevistado ....................................................... 28 Figura 4 - Gráficos relativos à importância do relatório de auditoria e sua utilização ... 28 Figura 5 – Gráfico relativo a área de análise da auditoria de maior importância ........... 29 Figura 6 – Graficos relativo a frequência das inspeções e reflexo dos fatores internos ... 30 Figura 7 – Gráfico relativo aos fatores de contribuição às reincidências.......................... 30 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------------- 6 1.1 Tema e Problema ------------------------------------------------------------------------------------- 6 1.2 Objetivos ----------------------------------------------------------------------------------------------- 7 1.2.1 Objetivo geral ---------------------------------------------------------------------------------------- 7 1.2.2 Objetivos específicos ------------------------------------------------------------------------------- 8 1.3 Justificativa -------------------------------------------------------------------------------------------- 8 1.4 Estrutura do Trabalho ------------------------------------------------------------------------------ 9 2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ------------------------------------------------- 10 2.1 Informações gerais e histórico ------------------------------------------------------------------- 10 2.2 Estrutura organizacional ------------------------------------------------------------------------- 11 2.3 O Sistema Cresol ---------------------------------------------------------------------------------- 12 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ---------------------------------------------------------------- 15 3.1 Cooperativismo ------------------------------------------------------------------------------------- 15 3.2 Cooperativismo de Crédito ---------------------------------------------------------------------- 17 3.3 Auditoria --------------------------------------------------------------------------------------------- 18 3.3.1 Objetivos e Formas de Auditoria --------------------------------------------------------------- 20 3.3.2 Controles Internos --------------------------------------------------------------------------------- 21 3.4 Auditoria de Gestão ------------------------------------------------------------------------------- 22 4. METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------------- 23 4.1 Classificação da pesquisa ------------------------------------------------------------------------- 23 4.2 Universo e amostra da pesquisa----------------------------------------------------------------- 25 4.3 Técnicas de coleta de dados ---------------------------------------------------------------------- 26 5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ---------------------------------------------- 27 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ---------------------------------------------------------------------- 32 REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------------------- 34 APÊNDICES--------------------------------------------------------------------------------------------- 37 6 1 INTRODUÇÃO Partindo-se do pressuposto de que controle significa verificar, fiscalizar, conferir, inspecionar, o foco de controles internos estará presente em todas as áreas e atividades de uma cooperativa. Os métodos de controle têm uma abrangência ampla, muito maior do que geralmente se entende em uma análise superficial. Desta forma, uma análise aprofundada na busca de conhecimento em relação ao ambiente econômico e financeiro, de oportunidades e ameaças, em que atuam as cooperativas é um fator de controle significativo. Dessa análise resultarão as ações de gestão delimitando os objetivos a serem alcançados pela instituição. O crescimento constante nas cooperativas do sistema Cresol quer em quantidade e tamanho, quer em diversificação de produtos e serviços disponibilizados aos seus associados, necessariamente desencadeará complexidades nos sistemas de controles internos e procedimentos de gestão. O auditor interno por sua vez pretende responder as expectativas dos gestores sobre os riscos internos da instituição, observando, aconselhando e esclarecendo os responsáveis envolvidos, possibilitando a implantação de novas ações corretivas e necessárias para o bom andamento dos negócios. Atualmente a auditoria interna constitui uma função de apoio a gestão, podendo o gestor recorrer para realizar verificações nas rotinas de trabalho e na confirmação da consistência física e técnica. 1.1 Tema e Problema O entendimento de que a auditoria está estabelecida para ser a mais importante ferramenta de avaliação dos procedimentos e aplicação dos controles está confirmado por Attie (2007, p.34) que comenta: A auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos. 7 Ainda para Franco, (2001, p.26) “Para mensurar a adequação e confiabilidade dos registros contábeis, a contabilidade utiliza-se também de uma técnica que lhe é própria, chamada de auditoria”. Diante do exposto o presente estudo, teve como tema: a auditoria interna como ferramenta de gestão nas cooperativas de crédito. O estudo foi realizado nas cooperativas de créditos filiadas à Central Cresol Baser estabelecidas nos estados do Paraná e Santa Catarina, objetivando avaliar a contribuição da auditoria interna no processo de gestão das cooperativas singulares. O estudo se deu também pela pesquisa bibliográfica sobre auditoria, controles internos e procedimentos de gestão aplicáveis nas cooperativas de crédito, além de análise às normas do Banco Central do Brasil. Diante disso o presente trabalho visa responder a seguinte pergunta: Qual a contribuição do relatório de auditoria no processo de gestão de uma cooperativa singular da Central Cresol Baser? 1.2 Objetivos De forma geral ou específica os objetivos de um trabalho de pesquisa consistem em ser os passos que se deve seguir para conseguir responder o problema proposto. Segundo Dmitruk (2004), o objetivo é linha de chegada da pesquisa, mostrando a contribuição que o trabalho visa atingir, mas é possível ter seu objetivo alcançado se todas as fases da pesquisa forem vencidas. 1.2.1 Objetivo geral Demonstrar a importância do relatório de auditoria interna no processo de gestão de uma cooperativa de crédito do sistema cresol. 8 1.2.2 Objetivos específicos a) Demonstrar a importância do processo de auditoria em uma cooperativa de crédito do sistema cresol. b) Avaliar a utilização das informações prestadas pelo relatório de auditoria para o planejamento de gestão de uma cooperativa. c) Identificar os fatores que contribuem para a não solução dos problemas identificados pela auditoria. d) Levantar sugestões de melhorias para o método utilizado no processo de auditoria da Central Cresol Baser. 1.3 Justificativa As cooperativas de crédito, assim como outras instituições do sistema financeiro, são reguladas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil, utilizando-se da contabilidade e suas ferramentas para poder evidenciar fraudes. Estabelece a obrigatoriedade da realização de auditorias, para que possa verificar e garantir que as regras e procedimentos das operações realizadas estejam de acordo com o estabelecido na legislação vigente e os princípios de contabilidade. O cooperativismo e as organizações cooperativas vêem se destacando na região sul do Brasil contribuindo de forma significativa para a economia local, além de proporcionar inclusão ao crédito a pessoas muitas vezes ainda excluídas no ramo financeiro. Nos últimos anos houve uma expressiva expansão nas cooperativas do sistema Cresol, no entanto os procedimentos aplicados a gestão das singulares não conseguiu evoluir na mesma proporção, por este fato, nota-se a grande contribuição que a auditoria interna através de seus mecanismos de verificação e análise pode fornecer aos nossos gestores. Com base nos fatos expostos justifica-se a importância do tema a ser estudado, como forma de permanente auxílio aos nossos gestores. 9 1.4 Estrutura do Trabalho A estrutura deste trabalho monográfico é iniciada pela introdução na qual são apresentados o contexto, os objetivos e a justificativa para a sua realização. O capítulo 2 descreve o objeto de estudo, ou seja, a Cooperativa de Crédito Solidário Cresol. O capítulo 3 descreve conceitos teóricos sobre temas relacionados com o assunto na revisão bibliográfica. Em seguida apresentam-se os procedimentos metodológicos usados para a realização da pesquisa, a análise e interpretação dos dados pesquisados. Ao final do trabalho são feitas as considerações conclusivas e proposições para futuros estudos, encerrando-se a monografia. 10 2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO Este capítulo apresenta informações acerca do objeto de estudo escolhido para esta monografia, ou seja, a Cooperativa de Crédito Solidário – CRESOL, que foram obtidas junto a fontes da própria instituição. Pode-se, portanto classificá-lo como um descritivo documental sobre a instituição estudada, no qual é exposta a história e a estrutura organizacional. 2.1 Informações gerais e histórico No fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, desafios assumidos por Movimentos sociais, ONGs e Organizações sindicais, resultou na criação do Sistema Cresol, que atua na organização de crédito como um instrumento para alavancar processos de desenvolvimento local e sustentável, a partir da agricultura familiar. O Sistema Cresol começou sua história com a fundação da primeira cooperativa em 24 de junho de 2005, na cidade de Dois Vizinhos/PR. Posteriormente, ainda no mesmo ano, foram constituídas as cooperativas de Marmeleiro, Pinhão, Laranjeiras e Capanema, onde ambas eram no Paraná e possuíam entre seus membros grande identificação com a agricultura familiar. No início de suas atividades, cada cooperativa funcionava de forma isolada, tornando muito difícil atender e resolver as diversas situações e demandas que foram surgindo. Portanto em 22 de junho de 1996, as cinco cooperativas decidiram constituir a Cooperativa Central Base de Serviços Ltda - Cresol Baser, para que esta realizasse as articulações financeiras, e prestasse serviços de apoio. Neste momento nasce o sistema cooperativo, incorporando definitivamente como segmento de mercado a agricultura familiar. No entanto, no ano de 2000, o Banco Central do Brasil passou a orientar os sistemas cooperativos a se organizarem através de centrais de crédito, delegando a elas grande parte das responsabilidades de fiscalização e controle sobre as cooperativas singulares. Portanto em 31 de março de 2000 a Cresol Baser passa a atuar como Cooperativa Central de Crédito Rural com Interação Solidária (Central Cresol Baser), respondendo a partir deste momento também pelo controle financeiro, das Cooperativas Singulares. 11 Com a criação da Central Cresol Baser, os trabalhados reforçaram a missão, os princípios e estratégias do Sistema Cresol, fortalecendo-o e consequentemente ocorre a expansão do Sistema. Devido o grande aumento de número de cooperativas, houve a necessidade da criação de uma nova Central. Portanto, em 2004 o Sistema divide-se em duas Centrais, a Cresol Central (Chapecó/SC) com singulares filiadas no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina, e a Central Cresol Baser (Francisco Beltrão/PR), com singulares no Paraná e parte de Santa Catarina. 2.2 Estrutura organizacional O formato institucional do Sistema Cresol compreende: cooperativas singulares, bases regionais de serviços e duas cooperativas centrais. A Cooperativa Central de Crédito Rural com Interação Solidária – Central Cresol Baser, rege-se pelas Leis nos 4.595, de 31.12.1964 e 5.764, de 16.12.1971, pelas demais disposições legais e normativas aplicáveis às cooperativas de crédito e por um Estatuto Social. Possui sua sede e administração, na cidade de Francisco Beltrão, Estado do Paraná, na Rua Nossa Senhora da Glória, 52 A – Bairro Cango. A Central Cresol Baser, é o órgão de representação legal do Sistema Cresol junto ao Banco Central do Brasil e de representação política junto aos organismos de sociedade civil, tendo como objetivos, organizar serviços administrativos, financeiros, econômicos, creditícios e educativos em benefício de suas cooperativas associadas, e a integração financeira do cooperativismo de crédito na região Sul do Brasil, com o propósito de cumprir sua missão no fortalecimento das práticas de agricultura familiar e do desenvolvimento sustentável. Para os trabalhos de acompanhamento e fiscalização junto às cooperativas singulares a Central Cresol Baser conta com uma equipe de auditores composta atualmente por 6 integrantes. A área de auditorias conta com regulamentações externas e internas específicas para o desenvolvimento e correta aplicabilidade de suas funções. Para a execução dos trabalhos a equipe conta com a contribuição de um sistema informatizado, possibilitando aplicar a mesma proporção de análise a todas as singulares e garantindo um resultado padrão e unificados das inspeções. A apresentação da conclusão dos trabalhos resulta em relatório o qual fica a 12 disposição da cooperativa singular, conselho administrativo e fiscal da Central e ao Banco Central do Brasil (BACEN). 2.3 O Sistema Cresol O Sistema Cresol de Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária é resultado da luta de famílias agricultoras por acesso ao crédito e pela participação, como sujeitos, num projeto de desenvolvimento local sustentável. No final da década de 80, as dificuldades de acesso ao crédito rural, a necessidade de financiar experiências alternativas da agricultura e a luta dos assentados da reforma agrária nas regiões Sudoeste e Centro-Oeste do Paraná, levaram algumas organizações a estruturar um fundo de financiamento para a agricultura familiar – o Fundo de Crédito Rotativo (FCR). Esse fundo, financiado pela cooperação internacional, era administrado por entidades/movimentos pastorais, sindicais, não governamentais, associativas e sem terras, nas regiões Sudoeste e Centro-Oeste. A partir dessa experiência ficou evidenciada a necessidade de criar uma instituição que pudesse acessar, canalizar e desburocratizar o crédito rural, além de administrar os recursos de poupança dos agricultores e prestar outros serviços financeiros que eles demandassem. No final de 1994 e início de 1995, começam a ser realizados dois importantes seminários sobre fundos rotativos e cooperativismo de crédito, na Fundação Rureco, em Guarapuava/PR e na Assesoar (Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural), em Francisco Beltrão/PR. Além disso, três intercâmbios, com visitas às cooperativas de crédito de Quilombo, Caçador e Itapiranga, no Oeste catarinense, apoiadas pela Apaco (Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense). Estes intercâmbios contribuíram para consolidar o projeto de um sistema de cooperativas de crédito independentes e autônomas, geridas pelos próprios agricultores, com crescimento horizontal e inclusão social. Desta forma, em meados de 1995 surge a primeira cooperativa do modelo Cresol, sediada no município de Dois Vizinhos – PR, sendo que no mesmo ano foram formadas também, as cooperativas nos municípios de Marmeleiro, Pinhão, Laranjeiras do Sul e Capanema, todas no Paraná. Após a constituição das 5 primeiras cooperativas, sentiu-se a necessidade de criação de uma base de serviços, a qual foi denominada de Base Central de Serviços (Baser), visando 13 efetuar a coordenação do processo, dar suporte às singulares nas áreas de formação, normatização, contabilidade, informática e efetuar a interlocução com outras organizações, como bancos, governos e outras entidades da sociedade civil. Em 1998 foram constituídas as primeiras cooperativas do Sistema Cresol nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A expansão para outros territórios foi resultado da atuação de organizações da agricultura familiar desses estados, que se identificaram com a proposta do Sistema Cresol. Em 2000, a Cresol Baser, por orientação do Banco Central, foi transformada em cooperativa central, com sede em Francisco Beltrão/PR. Em 2004, conforme o princípio da descentralização e crescimento horizontal, foi criada a segunda cooperativa central de crédito, a Cresol Central, com sede em Chapecó/SC, tendo como filiadas as cooperativas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, enquanto a Central Cresol Baser possui como filiadas as cooperativas singulares do Paraná e também de Santa Catarina. [...] o Sistema Cresol pretende ser muito mais do que simplesmente um instrumento para facilitar o repasse de créditos oficiais a agricultores excluídos do sistema bancário. Ele se liga a um conjunto de outras organizações voltadas à promoção de uma agricultura respeitosa do meio ambiente, capaz de gerar renda com base em produtos diferenciados e de contribuir para o fortalecimento das unidades familiares de produção (BITTENCOURT; ABRAMOVAY, 2003, s.p.). A palavra “interação”, contida na razão social do Cresol, sinaliza que a solidariedade buscada pelas cooperativas se manifesta via um modelo de auto-ajuda que privilegia a autonomia, a descentralização e o equilíbrio entre as partes componentes do Sistema. Por sua vez, o conceito “interação solidária” expressa a idéia de responsabilidade compartilhada, pela qual o Sistema procura manter as cooperativas num tamanho suficientemente adequado, para que os associados e dirigentes possam acompanhar o seu crescimento e controlar o seu funcionamento. O quadro social do Sistema Cresol é composto exclusivamente por agricultores e agricultoras familiares, que são responsáveis pela administração das cooperativas. Na maioria dos casos, os diretores e conselheiros conciliam o trabalho na propriedade e na cooperativa. Ou seja, ao mesmo tempo em que mantém o vínculo com a atividade rural, estão fazendo a gestão de uma instituição de crédito. Com isso o Sistema visa o fortalecimento do controle social para, mesmo com o seu crescimento, garantir que a gestão das cooperativas fique nas mãos dos agricultores. São os associados e associadas que discutem e definem os rumos do Sistema Cresol, inseridos na dinâmica das organizações da agricultura familiar. 14 Para um sistema como o Cresol, é fundamental que haja de fato uma difusão do conhecimento tanto do funcionamento do sistema quanto da inserção deste no contexto regional e nacional, bem como de todo o seu processo de gestão. Atualmente a Central Cresol Baser possui 76 cooperativas singulares distribuídas nos estados do Paraná e Santa Catarina, além de 76 postos de atendimento cooperativo (PAC), atendendo um quadro social de 65.800 agricultores e agricultoras, nos 372 municípios de sua abrangência. 15 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica tem por objetivo efetuar revisão bibliográfica e abordar, dentro das possibilidades, os principais estudos já realizados na área em questão, por outros autores. 3.1 Cooperativismo Foi em Rochdale, em 21 de dezembro de 1844 que se originou o cooperativismo através de 27 tecelões e uma tecelã, fundando a "Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale". Tendo o homem como principal finalidade - e não o lucro, os tecelões de Rochdale buscavam naquele momento uma alternativa econômica para atuarem no mercado, frente ao capitalismo ganancioso que os submetiam a preços abusivos, exploração da jornada de trabalho de mulheres e crianças, que trabalhavam até 16h diárias, e do desemprego crescente advindo da revolução industrial. A constituição naquele momento, de uma pequena cooperativa de consumo no então chamado "Beco do Sapo" (Toad Lane) estaria mudando os padrões econômicos da época e dando origem ao movimento cooperativista. A iniciativa apresentada tornou-se motivo de deboche por parte dos comerciantes, contudo, logo no primeiro ano de funcionamento o "Armazém de Rochdale" já contava com 1.400 cooperantes. O sucesso dessa iniciativa passou a ser um exemplo para outros grupos. O cooperativismo, desta forma, evoluiu e conquistou um espaço próprio, definido por uma nova forma de pensar o homem, o trabalho e o desenvolvimento social. O movimento cooperativista teve seu início no Brasil em 1847, quando o médico francês Jean Maurice Faivre, adepto das idéias reformadores de Charles Fourier, fundou, com um grupo de europeus, ns sertões do Paraná, a colônia Tereza Cristina, organizada com bases cooperativas. No país, o cooperativismo passou por ciclos distintos, ora apoiado pelo setor público, ora combatido, ora controlado. Contudo, foi o mais importante instrumento para o desenvolvimento rural que os governos puderam contar para organizar o produtor rural e sua produção, o crédito e a renda, transferir tecnologia, processar industrialmente o produto e coloca-lo no mercado. (www.portaldocooperativismo.org.br, acesso em 18/05/2009) 16 Com base na Lei 5.764/71, Art. 4° que define a Política Nacional do Cooperativismo e institui o sistema das sociedades cooperativas, pode-se definir: “Cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídicas próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados”. Cooperativa é formada pela união de pessoas, sendo de livre ingresso, por iniciativa própria visando interesses em comum, sejam eles de produção, comercialização, prestação de serviços, objetivando ganhar mais competitividade no mercado. Cooperativa é a união de trabalhadores ou profissionais diversos, que se associam por iniciativa própria, sendo livre o ingresso de pessoas, desde que os interesses individuais em produzir, comercializar ou prestar um serviço não sejam conflitantes com os objetivos gerais da cooperativa. (CRUZIO, 2000 p.13) Conforme definido por Cruzio (2000), as cooperativas são organizações abertas a todas as pessoas, não fazendo diferenciação racial, social, política ou religiosa, bastando que estas estejam dispostas a aceitar as responsabilidades de sócios e aptas a utilizar os serviços prestados. Um fator que diferencia as cooperativas das demais organizações empresárias está no fato da participação ativa do quadro social na tomada de decisões, sendo que cada associado possui o direito de voto de forma igual (um sócio = um voto). Cruzio (2000) expressa claramente sobre o caráter democrático vigente nas cooperativas: As cooperativas são organizações democráticas, controladas por seus sócios, que participam ativamente no estabelecimento de suas políticas e na tomada de decisões. Homens e mulheres, eleitos como representantes, são responsáveis para com os sócios. Nas cooperativas, os sócios tem igualdade na votação[...]. (CRUZIO, 2000, P.28) Uma vez que todos os sócios possuem direito de participação na tomada de decisão, todos também têm responsabilidades sobre esta administração, devendo contribuir no pagamento de possíveis perdas no exercício ou receber sobras em caso de resultados positivos. Nas cooperativas existem órgãos internos que atuam na sua administração, entretanto, a hierarquia é formada da seguinte forma: assembléia geral, sendo órgão de poder máximo, contando com a participação de todos os associados, em seguida pelo conselho fiscal que possui poder fiscalizador e pelo conselho de administração constituído pelos cargos de presidente, vice-presidente, secretário e conselheiros que atuam com base no organograma. A Figura 1 apresenta uma estrutura hierárquica geral para um sistema cooperativo. 17 Assembléia Geral dos Sócios (Poder Máximo) Conselho Fiscal (Associado) (Poderes fiscal e consultivo) Presidente (Associado) (Poder deliberativo) Diretor (Associado) (Poder deliberativo) Função (Contratado) (Poder Executor) Função (Contratado) (Poder Executor) Secretário (Associado) (Poder deliberativo) Função (Contratado) (Poder Executor) Função (Contratado) (Poder Executor) Figura 1 – Organograma genérico de um sistema cooperativo. Fonte: Adaptado pelo autor. 3.2 Cooperativismo de Crédito As cooperativas de credito são instituições financeiras com o objetivo de propiciar crédito e prestar serviços aos seus associados. Rege-se pelo disposto nas Leis 5.764, de 16.12.1971, 4.595 de 31.12.1964, Lei Complementar 130 de 17.04.2009, pelos atos normativos emitidos pelo Conselho Monetário Nacional, Banco Central do Brasil e pelo respectivo estatuto social. Quanto sua estrutura podem ser classificadas em cooperativas singulares, Cooperativas Centrais e Federações e Confederações, conforme estabelecido na Lei 5.764/71, art. 6: Art. 6º - As sociedades cooperativas são consideradas: I - singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos; II - cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as constituídas de, no mínimo, 3 (três) singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados Individuais; III - confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos, de 3 (três) federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades. 18 O órgão normatizador das cooperativas de crédito é o Banco Central do Brasil, conforme estabelece a Lei 4.595/64: Art. 9º Compete ao Banco Central da República do Brasil cumprir e fazer cumprir as disposições que lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional. Art. 10. Compete privativamente ao Banco Central da República do Brasil: [...] VI - Exercer o controle do crédito sob todas as suas formas; IX - Exercer a fiscalização das instituições financeiras e aplicar as penalidades previstas; X - Conceder autorização às instituições financeiras, a fim de que possam: a) funcionar no País; b) instalar ou transferir suas sedes, ou dependências, inclusive no exterior; c) ser transformadas, fundidas, incorporadas ou encampadas; [...] f) alterar seus estatutos. [...] XI - Estabelecer condições para a posse e para o exercício de quaisquer cargos de administração de instituições financeiras privadas, assim como para o exercício de quaisquer funções em órgãos consultivos, fiscais e semelhantes, segundo normas que forem expedidas pelo Conselho Monetário Nacional;[...] Conforme relatado por Pinheiro (2005, p.27): [...] foi constituída em 28 de dezembro de 1902 a primeira cooperativa de crédito brasileira, na localidade de Linha Imperial, município de Nova Pretópolis (RS): a Caixa de Economia e Empréstimo Amstad, posteriormente batizada de Caixa Rural de Nova Petrópolis. Essa cooperativa, do tipo raiffeisen, continua em atividade até hoje, sob a denominação de Cooperativa de Crédito Rural de Nova Petrópolis.[...] A partir desta cooperativa de crédito foram surgindo tantas outras, sendo que no ano de 1995 no município de Dois Vizinhos no estado do Paraná, foi fundada a primeira cooperativa do sistema CRESOL – Sistema de Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária. Um sistema recente, com princípios inovadores no cooperativismo de crédito rural, trabalhando no desenvolvimento local e sustentável e objetivando a melhoria da qualidade de vida de seus associados, fatores que contribuíram para o rápido crescimento do sistema, espalhando-se pelos três estados do sul do Brasil. 3.3 Auditoria O primeiro relato dos indícios de trabalhos de auditoria foram no antigo Oriente na civilização suméria, em que pessoas guardavam e conferiam bens de outras. Os primeiros indícios da existência de funções de auditoria com o sentido similar ao atual datam de muitos séculos, no tempo da civilização suméria (povo do Antigo 19 Oriente, do Vale do Rio Eufrates) em que os proprietários que confiavam seus bens a guarda de terceiros e que conferiam ou mandavam conferir os rendimentos auferidos com as suas atividades econômicas estavam, na verdade, praticando função de auditoria. (MOTTA, 1988, p.13) Almeida (1996) traz um pouco da historia da auditoria. Segundo o autor o surgimento da auditoria se deu pelo crescimento do sistema capitalista após a Revolução Industrial. Com o desabrochar das empresas do grupo do sistema familiar fechado para o sistema de empresa aberta. As empresas começaram a buscar novos mercados, competindo por espaço, assim expandidos tanto o mercado como as próprias empresas. Com esse desenvolvimento, precisaram rever as formas de controles e procedimentos da empresa, visando à redução de custo. Com a expansão, as empresas tiveram que buscar novos recursos, abrindo assim o seu capital social para Bancos e acionistas. Os investidores por sua vez, tiveram a necessidade de informações da empresa sobre os aspectos patrimoniais e financeiros, e com isso as demonstrações contábeis passaram a ter importância para os futuros aplicadores de recursos. As preocupações de fraude contra os investidores exigiam que as demonstrações contábeis fossem analisadas por um profissional independente da empresa e com capacidade técnica reconhecida. Após isso, com a modernização da indústria e início da produção em escala, os proprietários passaram a não mais estar presentes nas operações das fábricas, necessitando então, de certeza que não havia desvios de recursos. Segundo Hernandes (1998) a auditoria consiste em examinar todos os procedimentos utilizados nas empresas para controle, verificando as demonstrações e conferindo se estão de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e se estes estão sendo aplicados uniformemente. A técnica contábil que, através dos procedimentos específicos que são peculiares, aplicados nos exames de registros e documentos, inspeções, e na obtenção de informações e confirmações relacionadas com o controle do patrimônio de uma entidade, objetivar obter elementos de convicção que permita julgar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos, e se as demonstrações contáveis deles decorrente refletem adequadamente a situação econômico-financeira do patrimônio, os resultados do período administrativos examinado e as demais situações nelas demonstradas. Franco (1982 apud BECKER, 2004, p.18). Para Franco (2001 p. 26). "Para mensurar a adequação e confiabilidade dos registros contábeis, a contabilidade utiliza-se também de uma técnica que lhe é própria, chamada de 20 auditoria" Assim, nos tempos mais antigos o homem se preocupava com os seus patrimônios, e mesmo sem qualquer conhecimento técnico, realizavam controles, contudo foram desses trabalhos que nasceu a contabilidade e a auditoria. Mas para melhor atender a necessidade que os proprietários necessitavam, a figura do contador/auditor aparece para examinar os procedimentos contábeis e emitir sua contribuição no processo de gestão. 3.3.1 Objetivos e Formas de Auditoria O objetivo da auditoria é examinar as demonstrações financeiras e contábeis e confirmar a sua aplicação conforme os princípios de contabilidade, possibilitando a emitir de uma opinião. O objeto da auditoria é o conjunto de todos os elementos de controle do patrimônio administrativo, os quais compreendem registros contábeis, papéis, documento, ficha, arquivos e anotações que comprovem a veracidade dos registros e a legitimidade dos atos da administração, bem como sua sinceridade na defesa dos interesses patrimoniais. A auditoria pode ter por objeto, inclusive, fatos não registrados documentalmente, mas relatados por aqueles que exercem atividades relacionadas com o patrimônio administrativo, cuja informação mereça confiança, desde que tais informações possam se admitidas como seguras pela evidência, ou por indícios convincentes. Franco (1982 apud BECKER, 2004, p 21). Para atender as necessidades de cada empresa a auditoria foi fragmentada possibilitando melhor se adequar as necessidades dos administradores e aplicadas conforme o objetivo esperado. Divide-se basicamente em auditoria interna e externa: Auditoria interna consiste naquela efetuada por funcionários ou membros internos da instituição. A principal finalidade é de verificar os procedimentos e analisar a qualidades das informações por eles geradas para auxiliar a gerência na tornada de decisão. Os trabalhos são realizados conforme a necessidade e a disponibilidade das funções operacionais. Para Motta (1988), o auditor interno deve manter interesse para verificar a adequação dos controles internos de forma a poder prevenir ou ter percepção de fraudes ou perdas dos ativos da empresa. Por um cargo de confiança da gerência, o auditor somente responde de forma direta a ela, podendo assim manter sua independência profissional. A auditoria externa é realizada por empresa prestadora de serviços de auditoria e são contratados para a realização do trabalho. Seu principal foco segundo Motta (1988) é de verificar e demonstrar segurança nas demonstrações contábeis quanto à questão de sua situação financeira e patrimonial e os 21 resultados das operações da data do levantamento do Balanço. Ao examinar os controles internos da empresa auditada, o auditor independente visa buscar a adequação e a fidelidade das informações geradas em relação às demonstrações contábeis auditadas. Segundo Motta (1988) os trabalhos são realizados conforme a relevâncias das cifra constantes das demonstrações contábeis. O auditor externo busca a prevenção ou a percepção de fraude e perda dos ativos, no que se refere à situação financeira e patrimonial da empresa e nos resultados das suas operações. A análise dos dados das demonstrações contábeis é realizado devido a função do seu reflexo na posição financeira/patrimonial no fim do exercício e nos resultado. 3.3.2 Controles Internos Sendo a auditoria uma atividade de assessoramento e desenvolvimento, e tendo esta a finalidade de assegurar a eficácia dos controles internos, certificando de que estes sejam efetivamente executados, gerando informações fidedignas espelhando a realidade econômica e financeira da empresa. Além de sua função de assessoramento, a auditoria é vista como um mecanismo de controle a medida que revisa e avalia a eficiência dos controles existentes e auxilia a administração na tomada de decisões. O exame feito pelo auditor interno está voltado principalmente para análise dos controles internos, com o objetivo de identificar se as políticas da administração são devidamente obedecidas e se os relatórios que chegam até eles são exatos e completos, com as informações necessárias para fundamentar as decisões da direção da empresa. Através do estudo dos controles internos, o auditor irá determinar a extensão dos trabalhos e o grau de confiabilidade dos mesmos. No entanto, o controle interno não é sinônimo de auditoria interna, pois à auditoria cabe fazer revisão desses controles, que normalmente são elaborados por departamento especializados e integram o plano de organização de uma empresa. Esses controles são elaborados para atender as exigências específicas daquela instituição. 22 3.4 Auditoria de Gestão A auditoria de gestão é mais uma ramificação interessante dentro da auditoria, talvez a que mais desperta interesse dos administradores. Gil (1999, p.21) entende por auditoria de gestão como “revisão, avaliação, emissão de opinião de processos e resultados exercidos em linhas de negócios, produtos, serviços no horizonte temporal, presente/futuro”. Percebe-se que este ramo da auditoria está voltado para os fatos que estão ocorrendo, ou que ainda não ocorreram, estando interligada aos interesses mais modernos dos administradores, buscando resultados que possam contribuir efetivamente com a organização. A auditoria de gestão deve apresentar uma visão integrada, na qual todas as pessoas envolvidas no processo de tomada de decisão devem ter preocupação em relação a análise dos riscos e conhecimento amplo do negócio desenvolvido em sua instituição e com seus clientes. Deve possibilitar informações aos administradores de forma que possam ser utilizadas como um diferencial competitivo diante da concorrência. 23 4. METODOLOGIA A metodologia de pesquisa deve ser organizada de forma a obter o entendimento e resolução do problema de pesquisa. Contribuindo, Beuren (2004, p.67): afirma que “a metodologia da pesquisa é definida com base no problema formulado[...]”. Através disso percebe-se que para desenvolver de forma adequada um trabalho, atingindo os objetivos propostos e alcançados a resolução do problema de pesquisa, é muito importante a escolha do tipo de metodologia a ser adotada. 4.1 Classificação da pesquisa O enfoque da pesquisa será descritivo e exploratório. Segundo Cervo e Bervian (2002, p.66), “a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Vergara (2000, p.47) destaca que: A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. (VERGARA, 2000, p.47) A pesquisa exploratória, para Gil (2007, p. 41) “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses”. Os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema. O pesquisador parte de uma hipótese e aprofunda seu estudo nos limites de uma realidade específica, buscando antecedentes, maior conhecimento [...] planeja um estudo exploratório para encontrar elementos necessários que lhe permitam, em contato com determinada população, obter os resultados que deseja. Um estudo exploratório, por outro lado, pode servir para levantar possíveis problemas de pesquisa (TRIVIÑOS, 1987, p.109). Quanto a natureza da pesquisa ela apresenta características qualitativas e quantitativas. Isto porque, segundo Lakatos e Marconi (2004, p. 267) a pesquisa qualitativa: [...] preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento etc. (LAKATOS e MARCONI, 2004, p. 267) 24 Como o objetivo da pesquisa é analisar a utilização do relatório de auditoria no processo de gestão as cooperativas, não podendo ser quantificado, a análise qualitativa é a melhor opção a ser utilizada. Na visão de Richardson et al (1999) a pesquisa quantitativa: [...] caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio padrão, às mais complexas como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. (RICHARDSON et al, 1999, P.124). É importante destacar que as pesquisa qualitativa e quantitativa não são, necessariamente, contraditórias, podendo ser complementares. Na visão de Minayo (1993, p.247). Se a relação entre quantitativo e qualitativo, entre objetividade e subjetividade, não se reduz a um continuum, ela não pode ser pensada como oposição contraditória. Pelo contrário, é de se desejar que as relações sociais possam ser analisadas em seus aspectos mais ‘ecológicos’ e ‘concretos’ e aprofundadas em seus significados mais essenciais. Assim, o estudo quantitativo pode gerar questões para serem aprofundadas qualitativamente, e vice-versa. (MINAYO, 1993, p.247). Pesquisa Documental A pesquisa documental proporciona ao pesquisador dados relacionados a empresa, geralmente material elaborado por ela mesma, ou consultorias, em oportunidades passadas. Segundo Carvalho (1988, p.157) a pesquisa documental é: [...] Aquela realizada a partir de documentos considerados cientificamente autênticos (não-fraudados); tem sido largamente utilizada nas Ciências Sociais, na investigação histórica, a fim de descrever/comparar fatos sociais, estabelecendo suas características ou tendências; além das fontes primárias, os documentos propriamente ditos, utilizam-se as fontes chamadas secundárias, como dados estatísticos, elaborados por institutos especializados e considerados confiáveis para a realização da pesquisa. (CARVALHO, 1988, p.157). Pesquisa Bibliográfica A pesquisa bibliográfica resume-se a um “conjunto de conhecimentos reunidos nas obras tendo como base fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e à produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa”. (FACHIN, 2003, p. 125). 25 Cervo e Berviam (2002, p. 65) definem a pesquisa bibliográfica sendo a maneira de Explicar um problema a partir de referências teóricas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. (CERVO e BERVIAN, 2002, p. 65). A pesquisa bibliográfica é realizada a partir de material elaborado com a finalidade explícita de ser consultado, sendo esta uma modalidade específica de documentos que são as obras escritas, publicadas em editoras e na Internet. Segundo Beuren (2004, p. 87). [...] o material consultado na pesquisa bibliográfica abrange todo referencial já tornado público em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, dissertações, teses, entre outros. (BEUREN, 2004, p. 87). Este tipo de pesquisa situa o leitor, e também o pesquisador, quanto ao assunto quefoi abordado, recorrendo a outros estudiosos com visões distintas que abordaram o tema em questão. Estudo de caso Esta pesquisa compreende também um estudo de caso, que na visão de Cervo e Bervian (2002, p. 67) “é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida”. Para Yin, (1989, p. 32 apud Gil, 2000, p. 121), o estudo de caso: [...] é encarado como o delineamento mais adequado para investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, em que os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos. (YIN, 1989, p. 32 apud GIL, 2000, p. 121). 4.2 Universo e amostra da pesquisa O universo para a aplicação da referida pesquisa foi composto por todas as cooperativas singulares afiliadas a Central Cresol Baser, ou seja, 76 instituições. Objetivou-se aplicar o questionário aos diretores executivos das singulares de modo a obter informações sobre a contribuição da auditoria e quais as necessidades ainda não supridas. 26 4.3 Técnicas de coleta de dados A coleta dos dados foi feita por meio de fontes primárias e secundárias. As fontes primárias consistem em entrevistas e questionários elaborados pelo pesquisador, e, as fontes secundárias é o material disponível para consulta, como livros, revistas, sites da Internet, dentre outros. De acordo com Vergara (2000, p.54) o questionário: [...] caracteriza-se por uma série de questões apresentadas ao respondente, por escrito. [...] O questionário pode ser aberto, pouco ou não estruturado, ou fechado, estruturado. No questionário aberto as respostas livres são dadas pelos respondentes; no fechado, o respondente faz escolhas, ou pondera, diante de alternativas apresentadas. (VERGARA, 2000, p.54). O questionário aplicado (apresentado em Apêndice) foi composto por questões abertas e fechadas, uma vez que em alguns casos é necessário saber a opinião dos entrevistados, e em outras é suficiente para o pesquisador às respostas delimitadas. A análise dos dados foi feita por meio de análise descritiva, além de tabela e gráficos. A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos. (GIL, 1999, p. 168). 27 5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS O questionário de pesquisa foi encaminhado para os diretores executivos das 76 cooperativas singulares filiadas a Central Cresol Baser, sendo que retornaram para tabulação 40 questionários respondidos, apresentando os seguintes resultados: Figura 2 - Gráficos relativos a idade da cooperativa e tempo de direção. Dos questionários respondidos 12% das cooperativas possuem menos de 3 anos de atividades, enquanto 88% encontram-se em funcionamento a mais de 3 anos, no entanto 45% dos entrevistados exercem a função de diretor liberado a menos de 3 anos, conforme demonstrado na figura 2, evidenciando pouco tempo de experiência na gestão de uma cooperativa. Apesar do pequeno público feminino no quadro diretivo (10%), pode-se considerar um ponto de constante evolução no Sistema Cresol Baser, aonde cada vez mais vem sendo representado pelas mulheres. Pode-se perceber pelos gráficos demonstrados na figura 3 que o quadro diretivo das cooperativas singulares é predominantemente jovem, sendo que 70% dos entrevistados possuem idade abaixo de 50 anos, no entanto quando medido o grau de escolaridade deste mesmo quadro nota-se o pequeno público com ensino superior, apenas 15%, justificando a necessidade de ferramentas eficientes para o auxílio na gestão devido a pouca formação dos atuais gestores. 28 Figura 3 - Gráficos relativos ao perfil do entrevistado Figura 4 - Gráficos relativos à importância do relatório de auditoria e sua utilização O público entrevistado expressou em suas respostas a importância do relatório de auditoria no processo de gestão de uma cooperativa, sendo que 70% julgaram de extrema importância e 28% de muita importância, não havendo nenhuma resposta acerca de pouca importância, entretanto, quando questionados da frequência de utilização do relatório das reuniões de gestão da cooperativa, apenas 32% do diretores relataram utilizar mensalmente, conforme elencado na figura 4. 29 Nota-se que mesmo reconhecendo a importância e contribuição do relatório para auxílio no processo de gestão, esta ferramenta não é utilizada pelos gestores de forma permanente. Figura 5 – Gráfico relativo a área de análise da auditoria de maior importância Na opinião dos entrevistados a área de análise da auditoria julgada de maior importância foi a Área Financeira, seguida da Área Contábil, Área Operacional e por último a Área Diretiva e de Recursos Humanos. Área Financeira Operacional Contábil Diretiva e de Recursos Humanos % de Risco 29% 37% 10% 15% Tabela 1 – Risco atribuído por Área de análise da auditoria no período 01.2009 Quando comparado as respostas dos diretores com a atribuição de risco de cada área na última inspeção da auditoria, (figura 5 x Tabela 1) pode-se observar que a área operacional julgada como a 3ª mais importante foi aquela que presentou maior risco, isso nos leva a entender que os fatos julgados de menor relevância para as operações da instituição podem, quando somados, atribuir risco maior à aquele reconhecido como relevante e monitorado constantemente. 30 Figura 6 – Graficos relativo a frequência das inspeções e reflexo dos fatores internos Procuramos com a pesquisa identificar se o frequência de visita hoje utilizada pela equipe de auditores é considerada ideal pelos diretores executivos, sendo que na opinião de 80% dos diretores deve-se manter a mesma frequência (semestralmente) e 20% dos diretores são da opinião que as inspeções deveriam ser com maior frequência (bimestralmente). Quando questionado se o relatório de auditoria consegue demonstrar a real situação de sua cooperativa, apenas 47% dos entrevistados responderam que demostra totalmente, conforme ilustrado na figura 6, sendo que para 50% dos diretores o relatório demonstra parcialmente e ainda para 3% deles o relatório não demonstra em nenhum aspecto a realidade da cooperativa. Figura 7 – Gráfico relativo aos fatores de contribuição às reincidências. 31 Um dos objetivos propostos para este trabalho foi de identificar os fatores que contribuem para a não solução dos problemas identificados pela auditoria, resultando em reincidência em inspeções subseqüentes. Os entrevistados expressaram sua opinião alegando que as reincidências ocorrem por haver pouco acompanhamento da direção da cooperativa no acompanhamento do relatório nas reuniões mensais (42%), o que faz referência a figura 4, onde somente 32% dos entrevistados utilizam mensalmente o relatório em suas reuniões. Outro fato considerado responsável pelas reincidências na opinião de 36% dos entrevistados é o pouco comprometimento da equipe de funcionários na busca das soluções aos fatos de sua responsabilidade. Ainda, para 22% dos diretores, o problema se dá pela falta de cobrança permanente da auditoria interna e por não considerar o relatório como fator importante no processo de gestão, o que acaba colocando em questionamento a opinião expressada na figura 4 onde não houve nenhuma manifestação de pouca importância do relatório no processo de gestão. Ao analisar a questão aberta de número 13 do questionário se identificou similaridade de expressões sendo tabuladas conforme segue: Expressões Monitoramento do relatório de forma a cobrar solução dos problemas Relatório com necessidade de linguagem mais clara Maior tempo na auditoria contribuindo para a gestão e duvidas da cooperativa Retirar da análise pontos irrelevantes para o resultado da cooperativa Conhecer melhor a realidade da agricultura Menor pontuação nas reincidências Mesma linguagem entre auditor e contador Total de opiniões sobre melhorias no processo de auditoria Frequência de repetição 9 6 4 3 2 1 1 26 Tabela 2- Tabulação da questão 13 do questionário de pesquisa. Com maior expressividade de opiniões as sugestões de melhorias para o processo de auditoria referem-se ao monitoramento do relatório de auditoria de forma permanente pela equipe de auditores de forma a cobrar a solução dos problemas nos prazos propostos; necessidade de melhoria na linguagem utilizada nos relatórios para facilitar o entendimento do gestor; destinar maior tempo para os trabalhos nas singulares visando contribuir na gestão e retirando dúvidas do quadro diretivo e colaboradores, além de outras sugestões com menor representatividade de opinião. 32 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo no seu referencial teórico demonstrou a importância das cooperativas de crédito do Sistema Cresol Baser para o fortalecimento das unidades familiares da agricultura familiar, contribuindo de forma significativa na economia local, além de proporcionar inclusão ao crédito. A expansão alcançada nos últimos anos pela cooperativas singulares demanda cada vez mais de ferramentas que proporcionem segurança para seus gestores na tomada de decisão, portanto evidenciou-se os controles internos e a auditoria de gestão como peças fundamentais no auxílio às cooperativas de crédito. Os objetivos desse trabalho foram os de demonstrar a importância do relatório de auditoria no processo de gestão das cooperativas de crédito do sistema Cresol Baser, avaliar a utilização das informações prestadas pelo relatório de auditoria para o planejamento de gestão de uma cooperativa, identificar os fatores que contribuem para a não solução dos problemas identificados pela auditoria e levantar sugestões de melhoria para o método utilizado no processo de auditoria da Central Cresol Baser. Após a realização da pesquisa pode-se considerar alcançados os objetivos propostos, pois se percebe que os gestores das unidades Cresol consideram de muita e de extrema importância o relatório de auditoria no processo de gestão, no entanto, ainda é pouco utilizado pelos gestores para esse fim. As reincidências são fruto do pouco comprometimento da equipe de colaboradores na busca de solução aos fatos apresentados, além da falta de acompanhamento pela equipe diretiva e ainda por não haver acompanhamento permanente da auditoria interna. O trabalho desenvolvido foi importante para a instituição pela contribuição na análise dos procedimentos aplicados, proporcionando avaliar as necessidades de melhoria. Como pesquisadora o trabalho foi de grande contribuição, para visualização dos estrangulamentos 33 do processo aplicado, possibilitando sugerir melhorias, tendo em vista sua atuação como funcionária da área de auditoria da Central Cresol Baser. Tendo em vista a amplitude do tema estudado, entende-se que este trabalho não tem fator conclusivo, sugere-se desta forma que haja continuidade desta pesquisa em trabalhos futuros, objetivando avaliar as expressões descritas no relatório de auditoria de forma a mensurar sua compreensão por todos os usuários, avaliar cooperativas que se encontram com maiores riscos e comparar com cooperativas que possuem menores riscos identificando até que ponto o relatório de auditoria impactou nesse resultado. 34 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1996. ATTIE, W. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 2007. BEUREN, I.M. Trajetória da construção de um trabalho mono gráfico em contabilidade. In: BEUREN, I. M. (Org.). Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade: teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2004. BECKER, A. Auditoria externa aplicada às sociedades cooperativas: aspectos patrimoniais, formais e sociais. 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Cadernos Metodológicos: diretrizes do trabalho científico. 6 ed Chapecó: Argos, 2004. FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria Contábil. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2001. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007. GIL, A. de L. Sistemas de informação: contábil/financeiros. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999. HERNANDEZ, P. Jr., J., Auditoria de Demonstrações Contábeis: procedimentos. 2 ed. São Paulo. Atlas, 1998. normas e LAKATOS E. M; MARCONI M.A. Fundamentos da metodologia científica. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2004. MINAYO, M.C. S; Sanches, O. Quantitativo, qualitativo: oposição e complementariedade? Metodologia de Pesquisa Qualitativa em saúde. Cadernos de saúde pública, vol 9 p. 3 jul/set, 1993. MOTTA, J. M. Auditoria: princípios e técnicas. São Paulo: Atlas, 1988. PINHEIRO, M. A. H..Cooperativas de crédito: história da evolução normativa no Brasil. 3 ed. Brasília: Banco Central do Brasil, 2005. RICHARDSON, R.J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999. TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa - ação. 11 ed. São Paulo: Cortez Editora, 2002. 36 VERGARA, S.C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2000. 37 APÊNDICES APÊNDICE A – Questionário de pesquisa Prezado(a) Diretor(a), Este questionário refere-se a uma pesquisa com exclusiva finalidade acadêmica. Os dados coletados serão tratados de forma anônima e confidencial, sendo de extrema importância para a conclusão do trabalho de Monografia da Pós-Graduação em Gestão do Cooperativismo Solidário. Instruções para preenchimento: a) Faça um “X” no espaço reservado ao lado do item escolhido; b) Efetue as respostas conforme a real situação de sua cooperativa Cresol, independente de considerar ser ou não a forma adequada, visando não comprometer o resultado desta pesquisa. 1- Qual a idade de constituição de sua Cooperativa? ( ( ( ( ) Até 3 anos ) De 3 a 6 anos ) De 6 a 9 anos ) Acima de 9 anos 2- Há quanto tempo atua como presidente ou diretor(a) liberado(a) desta Cooperativa? ( ( ( ( ) Menos de 3 anos ) De 3 a 6 anos ) De 6 a 9 anos ) Acima de 9 anos 3- Sexo: ( ( ) Feminino ) Masculino 4- Idade: ( ( ( ( ) De 20 a 29 anos ) De 30 a 39 anos ) de 40 a 49 anos ) Acima de 50 anos 5- Nível de Escolaridade ( ( ) 1º Grau incompleto ) 1º Grau completo 38 ( ( ( ( ) 2º Grau incompleto ) 2º Grau completo ) 3º Grau incompleto ) 3º Grau completo 6- Tempo destinado à trabalhos na Cresol durante o mês: ( ( ( ( ) Menos de 5 dias ) De 5 a 10 dias ) De 10 a 15 dias ) Acima de 15 dias 7- Na sua opinião, qual a importância do relatório de auditoria no processo de gestão da sua cooperativa Cresol ( ( ( ( ( ) Pouca importância ) Relativa importância ) Muita importância ) Extrema importância ) Não tenho opinião formada sobre o assunto 8- Com que freqüência o relatório de auditoria é consultado nas reuniões de gestão da sua cooperativa Cresol? ( ( ( ( ) mensalmente ) bimestralmente ) semestralmente ) nunca 9- Qual a área de análise da auditoria que julga de maior importância para o processo de gestão. Enumere de 1 a 4, sendo 1 para o de maior importância e o 4 para o de menor importância. ( ( ( ( ) Área Financeira ) Área Operacional ) Área Contábil ) Diretiva e de Recursos Humanos 10- Atualmente as verificações da auditoria ocorrem a cada 6 meses. Na sua opinião estas visitas deveriam ser: ( ( ( ( ) Com maior freqüência ( bimestralmente) ) Na mesma freqüência (semestralmente) ) Com menor freqüência (anualmente) ) Não há necessidade de verificações pela auditoria 11- Acredita que o relatório de auditoria demonstra a realidade de sua cooperativa Cresol em todos os aspectos? ( ) Demonstra totalmente 39 ( ( ( ( ) Demonstra parcialmente ) Demonstra minimamente ) Não demonstra em nenhum aspecto ) Não tenho opinião formada sobre o assunto. 12- Na sua opinião, o que tem contribuído para a não correção dos fatos apresentados no relatório de auditoria, ocasionando reincidências em períodos subseqüentes ( ) Pouco acompanhamento da direção da cooperativa, não consultando o relatório nas reuniões mensais ( ) Pouco comprometimento da equipe de colaboradores na busca de soluções aos fatos de sua responsabilidade de correção ( ) Falta de cobrança permanente da área de auditoria às ações descritas como planejamento de correção no relatório de auditoria. ( ) Por não considerar o relatório de auditoria importante no processo de gestão. ( ) Outra opinião: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 13- O que deveria ser melhorado nos trabalhos e no relatório de auditoria para sua melhor utilização pelos gestores da cooperativa? UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DO COOPERATIVISMO SOLIDÁRIO A AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO. ELIANA VEDOVATTO Francisco Beltrão 2009 ELIANA VEDOVATTO A AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO. Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no curso de Pós-Graduação lato sensu em Gestão do Cooperativismo Solidário da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão. Orientador(a): Neron Alípio Cortes Berghauser Francisco Beltrão 2009 2 ELIANA VEDOVATTO A AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO. TERMO DE APROVAÇÃO Esta monografia foi julgada e aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista, pós-graduação em Gestão do Cooperativismo Solidário, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, campus de Francisco Beltrão-Pr. Francisco Beltrão, 15 de outubro de 2009 ___________________________________________ Profª Ms Ivanira Correia de Oliveira Coordenadora do Curso BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Neron Alípio Cortes Berghauser Orientador _________________________________________ _________________________________________ 3 RESUMO VEDOVATTO, Eliana. A auditoria interna como ferramenta de gestão nas cooperativas de crédito. 2009, 38 f. Monografia (Especialista) – Curso de Pós-Graduação em Gestão do Cooperativismo Solidário. UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão. Este estudo está voltado para as cooperativas de crédito do sistema Cresol Baser devido a sua importância para a inclusão ao crédito dos agricultores familiares dos estados do Paraná e Santa Catarina. O presente trabalho foi desenvolvido com o intuito de verificar o papel da auditoria no auxílio aos gestores das cooperativas singulares. De forma geral, o objetivo desta pesquisa foi analisar a importância do relatório de auditoria no processo de gestão de uma cooperativa de crédito do sistema Cresol. Especificamente, avaliar a utilização das informações prestadas pelo relatório de auditoria para o planejamento de gestão de uma cooperativa, identificar os fatores que contribuem para a não solução dos problemas identificados pela auditoria e levantar sugestões de melhorias para o método utilizado no processo de auditoria da Central Cresol Baser. A metodologia utilizada no estudo contemplou a pesquisa bibliográfica em livros, revistas, artigos, entre outros, fazendo desta forma uma revisão dos principais estudos desenvolvidos nesta área; estudo de caso através de questionário aplicado aos diretores executivos das 76 cooperativas singulares da Central Cresol Baser. Por meio do estudo exploratório foi possível verificar a utilização do relatório de auditoria e sua importância no processo de gestão de uma cooperativa, além de sugestões de melhorias para os procedimentos aplicados às cooperativas pela auditoria interna. Os resultados da pesquisa apontam para a importância do relatório de auditoria como ferramenta de apoio aos gestores, contudo ainda sendo de pouca utilização como pode ser observar no resultado deste trabalho. Auditoria, Gestão, Cooperativa e Cresol 4 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Organograma genérico de um sistema cooperativo. ......................................... 17 Figura 2 - Gráficos relativos a idade da cooperativa e tempo de direção. ....................... 27 Figura 3 - Gráficos relativos ao perfil do entrevistado ....................................................... 28 Figura 4 - Gráficos relativos à importância do relatório de auditoria e sua utilização ... 28 Figura 5 – Gráfico relativo a área de análise da auditoria de maior importância ........... 29 Figura 6 – Graficos relativo a frequência das inspeções e reflexo dos fatores internos ... 30 Figura 7 – Gráfico relativo aos fatores de contribuição às reincidências.......................... 30 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------------- 6 1.1 Tema e Problema ------------------------------------------------------------------------------------- 6 1.2 Objetivos ----------------------------------------------------------------------------------------------- 7 1.2.1 Objetivo geral ---------------------------------------------------------------------------------------- 7 1.2.2 Objetivos específicos ------------------------------------------------------------------------------- 8 1.3 Justificativa -------------------------------------------------------------------------------------------- 8 1.4 Estrutura do Trabalho ------------------------------------------------------------------------------ 9 2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ------------------------------------------------- 10 2.1 Informações gerais e histórico ------------------------------------------------------------------- 10 2.2 Estrutura organizacional ------------------------------------------------------------------------- 11 2.3 O Sistema Cresol ---------------------------------------------------------------------------------- 12 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ---------------------------------------------------------------- 15 3.1 Cooperativismo ------------------------------------------------------------------------------------- 15 3.2 Cooperativismo de Crédito ---------------------------------------------------------------------- 17 3.3 Auditoria --------------------------------------------------------------------------------------------- 18 3.3.1 Objetivos e Formas de Auditoria --------------------------------------------------------------- 20 3.3.2 Controles Internos --------------------------------------------------------------------------------- 21 3.4 Auditoria de Gestão ------------------------------------------------------------------------------- 22 4. METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------------- 23 4.1 Classificação da pesquisa ------------------------------------------------------------------------- 23 4.2 Universo e amostra da pesquisa----------------------------------------------------------------- 25 4.3 Técnicas de coleta de dados ---------------------------------------------------------------------- 26 5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ---------------------------------------------- 27 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ---------------------------------------------------------------------- 32 REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------------------- 34 APÊNDICES--------------------------------------------------------------------------------------------- 37 6 1 INTRODUÇÃO Partindo-se do pressuposto de que controle significa verificar, fiscalizar, conferir, inspecionar, o foco de controles internos estará presente em todas as áreas e atividades de uma cooperativa. Os métodos de controle têm uma abrangência ampla, muito maior do que geralmente se entende em uma análise superficial. Desta forma, uma análise aprofundada na busca de conhecimento em relação ao ambiente econômico e financeiro, de oportunidades e ameaças, em que atuam as cooperativas é um fator de controle significativo. Dessa análise resultarão as ações de gestão delimitando os objetivos a serem alcançados pela instituição. O crescimento constante nas cooperativas do sistema Cresol quer em quantidade e tamanho, quer em diversificação de produtos e serviços disponibilizados aos seus associados, necessariamente desencadeará complexidades nos sistemas de controles internos e procedimentos de gestão. O auditor interno por sua vez pretende responder as expectativas dos gestores sobre os riscos internos da instituição, observando, aconselhando e esclarecendo os responsáveis envolvidos, possibilitando a implantação de novas ações corretivas e necessárias para o bom andamento dos negócios. Atualmente a auditoria interna constitui uma função de apoio a gestão, podendo o gestor recorrer para realizar verificações nas rotinas de trabalho e na confirmação da consistência física e técnica. 1.1 Tema e Problema O entendimento de que a auditoria está estabelecida para ser a mais importante ferramenta de avaliação dos procedimentos e aplicação dos controles está confirmado por Attie (2007, p.34) que comenta: A auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos. 7 Ainda para Franco, (2001, p.26) “Para mensurar a adequação e confiabilidade dos registros contábeis, a contabilidade utiliza-se também de uma técnica que lhe é própria, chamada de auditoria”. Diante do exposto o presente estudo, teve como tema: a auditoria interna como ferramenta de gestão nas cooperativas de crédito. O estudo foi realizado nas cooperativas de créditos filiadas à Central Cresol Baser estabelecidas nos estados do Paraná e Santa Catarina, objetivando avaliar a contribuição da auditoria interna no processo de gestão das cooperativas singulares. O estudo se deu também pela pesquisa bibliográfica sobre auditoria, controles internos e procedimentos de gestão aplicáveis nas cooperativas de crédito, além de análise às normas do Banco Central do Brasil. Diante disso o presente trabalho visa responder a seguinte pergunta: Qual a contribuição do relatório de auditoria no processo de gestão de uma cooperativa singular da Central Cresol Baser? 1.2 Objetivos De forma geral ou específica os objetivos de um trabalho de pesquisa consistem em ser os passos que se deve seguir para conseguir responder o problema proposto. Segundo Dmitruk (2004), o objetivo é linha de chegada da pesquisa, mostrando a contribuição que o trabalho visa atingir, mas é possível ter seu objetivo alcançado se todas as fases da pesquisa forem vencidas. 1.2.1 Objetivo geral Demonstrar a importância do relatório de auditoria interna no processo de gestão de uma cooperativa de crédito do sistema cresol. 8 1.2.2 Objetivos específicos a) Demonstrar a importância do processo de auditoria em uma cooperativa de crédito do sistema cresol. b) Avaliar a utilização das informações prestadas pelo relatório de auditoria para o planejamento de gestão de uma cooperativa. c) Identificar os fatores que contribuem para a não solução dos problemas identificados pela auditoria. d) Levantar sugestões de melhorias para o método utilizado no processo de auditoria da Central Cresol Baser. 1.3 Justificativa As cooperativas de crédito, assim como outras instituições do sistema financeiro, são reguladas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil, utilizando-se da contabilidade e suas ferramentas para poder evidenciar fraudes. Estabelece a obrigatoriedade da realização de auditorias, para que possa verificar e garantir que as regras e procedimentos das operações realizadas estejam de acordo com o estabelecido na legislação vigente e os princípios de contabilidade. O cooperativismo e as organizações cooperativas vêem se destacando na região sul do Brasil contribuindo de forma significativa para a economia local, além de proporcionar inclusão ao crédito a pessoas muitas vezes ainda excluídas no ramo financeiro. Nos últimos anos houve uma expressiva expansão nas cooperativas do sistema Cresol, no entanto os procedimentos aplicados a gestão das singulares não conseguiu evoluir na mesma proporção, por este fato, nota-se a grande contribuição que a auditoria interna através de seus mecanismos de verificação e análise pode fornecer aos nossos gestores. Com base nos fatos expostos justifica-se a importância do tema a ser estudado, como forma de permanente auxílio aos nossos gestores. 9 1.4 Estrutura do Trabalho A estrutura deste trabalho monográfico é iniciada pela introdução na qual são apresentados o contexto, os objetivos e a justificativa para a sua realização. O capítulo 2 descreve o objeto de estudo, ou seja, a Cooperativa de Crédito Solidário Cresol. O capítulo 3 descreve conceitos teóricos sobre temas relacionados com o assunto na revisão bibliográfica. Em seguida apresentam-se os procedimentos metodológicos usados para a realização da pesquisa, a análise e interpretação dos dados pesquisados. Ao final do trabalho são feitas as considerações conclusivas e proposições para futuros estudos, encerrando-se a monografia. 10 2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO Este capítulo apresenta informações acerca do objeto de estudo escolhido para esta monografia, ou seja, a Cooperativa de Crédito Solidário – CRESOL, que foram obtidas junto a fontes da própria instituição. Pode-se, portanto classificá-lo como um descritivo documental sobre a instituição estudada, no qual é exposta a história e a estrutura organizacional. 2.1 Informações gerais e histórico No fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, desafios assumidos por Movimentos sociais, ONGs e Organizações sindicais, resultou na criação do Sistema Cresol, que atua na organização de crédito como um instrumento para alavancar processos de desenvolvimento local e sustentável, a partir da agricultura familiar. O Sistema Cresol começou sua história com a fundação da primeira cooperativa em 24 de junho de 2005, na cidade de Dois Vizinhos/PR. Posteriormente, ainda no mesmo ano, foram constituídas as cooperativas de Marmeleiro, Pinhão, Laranjeiras e Capanema, onde ambas eram no Paraná e possuíam entre seus membros grande identificação com a agricultura familiar. No início de suas atividades, cada cooperativa funcionava de forma isolada, tornando muito difícil atender e resolver as diversas situações e demandas que foram surgindo. Portanto em 22 de junho de 1996, as cinco cooperativas decidiram constituir a Cooperativa Central Base de Serviços Ltda - Cresol Baser, para que esta realizasse as articulações financeiras, e prestasse serviços de apoio. Neste momento nasce o sistema cooperativo, incorporando definitivamente como segmento de mercado a agricultura familiar. No entanto, no ano de 2000, o Banco Central do Brasil passou a orientar os sistemas cooperativos a se organizarem através de centrais de crédito, delegando a elas grande parte das responsabilidades de fiscalização e controle sobre as cooperativas singulares. Portanto em 31 de março de 2000 a Cresol Baser passa a atuar como Cooperativa Central de Crédito Rural com Interação Solidária (Central Cresol Baser), respondendo a partir deste momento também pelo controle financeiro, das Cooperativas Singulares. 11 Com a criação da Central Cresol Baser, os trabalhados reforçaram a missão, os princípios e estratégias do Sistema Cresol, fortalecendo-o e consequentemente ocorre a expansão do Sistema. Devido o grande aumento de número de cooperativas, houve a necessidade da criação de uma nova Central. Portanto, em 2004 o Sistema divide-se em duas Centrais, a Cresol Central (Chapecó/SC) com singulares filiadas no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina, e a Central Cresol Baser (Francisco Beltrão/PR), com singulares no Paraná e parte de Santa Catarina. 2.2 Estrutura organizacional O formato institucional do Sistema Cresol compreende: cooperativas singulares, bases regionais de serviços e duas cooperativas centrais. A Cooperativa Central de Crédito Rural com Interação Solidária – Central Cresol Baser, rege-se pelas Leis nos 4.595, de 31.12.1964 e 5.764, de 16.12.1971, pelas demais disposições legais e normativas aplicáveis às cooperativas de crédito e por um Estatuto Social. Possui sua sede e administração, na cidade de Francisco Beltrão, Estado do Paraná, na Rua Nossa Senhora da Glória, 52 A – Bairro Cango. A Central Cresol Baser, é o órgão de representação legal do Sistema Cresol junto ao Banco Central do Brasil e de representação política junto aos organismos de sociedade civil, tendo como objetivos, organizar serviços administrativos, financeiros, econômicos, creditícios e educativos em benefício de suas cooperativas associadas, e a integração financeira do cooperativismo de crédito na região Sul do Brasil, com o propósito de cumprir sua missão no fortalecimento das práticas de agricultura familiar e do desenvolvimento sustentável. Para os trabalhos de acompanhamento e fiscalização junto às cooperativas singulares a Central Cresol Baser conta com uma equipe de auditores composta atualmente por 6 integrantes. A área de auditorias conta com regulamentações externas e internas específicas para o desenvolvimento e correta aplicabilidade de suas funções. Para a execução dos trabalhos a equipe conta com a contribuição de um sistema informatizado, possibilitando aplicar a mesma proporção de análise a todas as singulares e garantindo um resultado padrão e unificados das inspeções. A apresentação da conclusão dos trabalhos resulta em relatório o qual fica a 12 disposição da cooperativa singular, conselho administrativo e fiscal da Central e ao Banco Central do Brasil (BACEN). 2.3 O Sistema Cresol O Sistema Cresol de Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária é resultado da luta de famílias agricultoras por acesso ao crédito e pela participação, como sujeitos, num projeto de desenvolvimento local sustentável. No final da década de 80, as dificuldades de acesso ao crédito rural, a necessidade de financiar experiências alternativas da agricultura e a luta dos assentados da reforma agrária nas regiões Sudoeste e Centro-Oeste do Paraná, levaram algumas organizações a estruturar um fundo de financiamento para a agricultura familiar – o Fundo de Crédito Rotativo (FCR). Esse fundo, financiado pela cooperação internacional, era administrado por entidades/movimentos pastorais, sindicais, não governamentais, associativas e sem terras, nas regiões Sudoeste e Centro-Oeste. A partir dessa experiência ficou evidenciada a necessidade de criar uma instituição que pudesse acessar, canalizar e desburocratizar o crédito rural, além de administrar os recursos de poupança dos agricultores e prestar outros serviços financeiros que eles demandassem. No final de 1994 e início de 1995, começam a ser realizados dois importantes seminários sobre fundos rotativos e cooperativismo de crédito, na Fundação Rureco, em Guarapuava/PR e na Assesoar (Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural), em Francisco Beltrão/PR. Além disso, três intercâmbios, com visitas às cooperativas de crédito de Quilombo, Caçador e Itapiranga, no Oeste catarinense, apoiadas pela Apaco (Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense). Estes intercâmbios contribuíram para consolidar o projeto de um sistema de cooperativas de crédito independentes e autônomas, geridas pelos próprios agricultores, com crescimento horizontal e inclusão social. Desta forma, em meados de 1995 surge a primeira cooperativa do modelo Cresol, sediada no município de Dois Vizinhos – PR, sendo que no mesmo ano foram formadas também, as cooperativas nos municípios de Marmeleiro, Pinhão, Laranjeiras do Sul e Capanema, todas no Paraná. Após a constituição das 5 primeiras cooperativas, sentiu-se a necessidade de criação de uma base de serviços, a qual foi denominada de Base Central de Serviços (Baser), visando 13 efetuar a coordenação do processo, dar suporte às singulares nas áreas de formação, normatização, contabilidade, informática e efetuar a interlocução com outras organizações, como bancos, governos e outras entidades da sociedade civil. Em 1998 foram constituídas as primeiras cooperativas do Sistema Cresol nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A expansão para outros territórios foi resultado da atuação de organizações da agricultura familiar desses estados, que se identificaram com a proposta do Sistema Cresol. Em 2000, a Cresol Baser, por orientação do Banco Central, foi transformada em cooperativa central, com sede em Francisco Beltrão/PR. Em 2004, conforme o princípio da descentralização e crescimento horizontal, foi criada a segunda cooperativa central de crédito, a Cresol Central, com sede em Chapecó/SC, tendo como filiadas as cooperativas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, enquanto a Central Cresol Baser possui como filiadas as cooperativas singulares do Paraná e também de Santa Catarina. [...] o Sistema Cresol pretende ser muito mais do que simplesmente um instrumento para facilitar o repasse de créditos oficiais a agricultores excluídos do sistema bancário. Ele se liga a um conjunto de outras organizações voltadas à promoção de uma agricultura respeitosa do meio ambiente, capaz de gerar renda com base em produtos diferenciados e de contribuir para o fortalecimento das unidades familiares de produção (BITTENCOURT; ABRAMOVAY, 2003, s.p.). A palavra “interação”, contida na razão social do Cresol, sinaliza que a solidariedade buscada pelas cooperativas se manifesta via um modelo de auto-ajuda que privilegia a autonomia, a descentralização e o equilíbrio entre as partes componentes do Sistema. Por sua vez, o conceito “interação solidária” expressa a idéia de responsabilidade compartilhada, pela qual o Sistema procura manter as cooperativas num tamanho suficientemente adequado, para que os associados e dirigentes possam acompanhar o seu crescimento e controlar o seu funcionamento. O quadro social do Sistema Cresol é composto exclusivamente por agricultores e agricultoras familiares, que são responsáveis pela administração das cooperativas. Na maioria dos casos, os diretores e conselheiros conciliam o trabalho na propriedade e na cooperativa. Ou seja, ao mesmo tempo em que mantém o vínculo com a atividade rural, estão fazendo a gestão de uma instituição de crédito. Com isso o Sistema visa o fortalecimento do controle social para, mesmo com o seu crescimento, garantir que a gestão das cooperativas fique nas mãos dos agricultores. São os associados e associadas que discutem e definem os rumos do Sistema Cresol, inseridos na dinâmica das organizações da agricultura familiar. 14 Para um sistema como o Cresol, é fundamental que haja de fato uma difusão do conhecimento tanto do funcionamento do sistema quanto da inserção deste no contexto regional e nacional, bem como de todo o seu processo de gestão. Atualmente a Central Cresol Baser possui 76 cooperativas singulares distribuídas nos estados do Paraná e Santa Catarina, além de 76 postos de atendimento cooperativo (PAC), atendendo um quadro social de 65.800 agricultores e agricultoras, nos 372 municípios de sua abrangência. 15 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica tem por objetivo efetuar revisão bibliográfica e abordar, dentro das possibilidades, os principais estudos já realizados na área em questão, por outros autores. 3.1 Cooperativismo Foi em Rochdale, em 21 de dezembro de 1844 que se originou o cooperativismo através de 27 tecelões e uma tecelã, fundando a "Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale". Tendo o homem como principal finalidade - e não o lucro, os tecelões de Rochdale buscavam naquele momento uma alternativa econômica para atuarem no mercado, frente ao capitalismo ganancioso que os submetiam a preços abusivos, exploração da jornada de trabalho de mulheres e crianças, que trabalhavam até 16h diárias, e do desemprego crescente advindo da revolução industrial. A constituição naquele momento, de uma pequena cooperativa de consumo no então chamado "Beco do Sapo" (Toad Lane) estaria mudando os padrões econômicos da época e dando origem ao movimento cooperativista. A iniciativa apresentada tornou-se motivo de deboche por parte dos comerciantes, contudo, logo no primeiro ano de funcionamento o "Armazém de Rochdale" já contava com 1.400 cooperantes. O sucesso dessa iniciativa passou a ser um exemplo para outros grupos. O cooperativismo, desta forma, evoluiu e conquistou um espaço próprio, definido por uma nova forma de pensar o homem, o trabalho e o desenvolvimento social. O movimento cooperativista teve seu início no Brasil em 1847, quando o médico francês Jean Maurice Faivre, adepto das idéias reformadores de Charles Fourier, fundou, com um grupo de europeus, ns sertões do Paraná, a colônia Tereza Cristina, organizada com bases cooperativas. No país, o cooperativismo passou por ciclos distintos, ora apoiado pelo setor público, ora combatido, ora controlado. Contudo, foi o mais importante instrumento para o desenvolvimento rural que os governos puderam contar para organizar o produtor rural e sua produção, o crédito e a renda, transferir tecnologia, processar industrialmente o produto e coloca-lo no mercado. (www.portaldocooperativismo.org.br, acesso em 18/05/2009) 16 Com base na Lei 5.764/71, Art. 4° que define a Política Nacional do Cooperativismo e institui o sistema das sociedades cooperativas, pode-se definir: “Cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídicas próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados”. Cooperativa é formada pela união de pessoas, sendo de livre ingresso, por iniciativa própria visando interesses em comum, sejam eles de produção, comercialização, prestação de serviços, objetivando ganhar mais competitividade no mercado. Cooperativa é a união de trabalhadores ou profissionais diversos, que se associam por iniciativa própria, sendo livre o ingresso de pessoas, desde que os interesses individuais em produzir, comercializar ou prestar um serviço não sejam conflitantes com os objetivos gerais da cooperativa. (CRUZIO, 2000 p.13) Conforme definido por Cruzio (2000), as cooperativas são organizações abertas a todas as pessoas, não fazendo diferenciação racial, social, política ou religiosa, bastando que estas estejam dispostas a aceitar as responsabilidades de sócios e aptas a utilizar os serviços prestados. Um fator que diferencia as cooperativas das demais organizações empresárias está no fato da participação ativa do quadro social na tomada de decisões, sendo que cada associado possui o direito de voto de forma igual (um sócio = um voto). Cruzio (2000) expressa claramente sobre o caráter democrático vigente nas cooperativas: As cooperativas são organizações democráticas, controladas por seus sócios, que participam ativamente no estabelecimento de suas políticas e na tomada de decisões. Homens e mulheres, eleitos como representantes, são responsáveis para com os sócios. Nas cooperativas, os sócios tem igualdade na votação[...]. (CRUZIO, 2000, P.28) Uma vez que todos os sócios possuem direito de participação na tomada de decisão, todos também têm responsabilidades sobre esta administração, devendo contribuir no pagamento de possíveis perdas no exercício ou receber sobras em caso de resultados positivos. Nas cooperativas existem órgãos internos que atuam na sua administração, entretanto, a hierarquia é formada da seguinte forma: assembléia geral, sendo órgão de poder máximo, contando com a participação de todos os associados, em seguida pelo conselho fiscal que possui poder fiscalizador e pelo conselho de administração constituído pelos cargos de presidente, vice-presidente, secretário e conselheiros que atuam com base no organograma. A Figura 1 apresenta uma estrutura hierárquica geral para um sistema cooperativo. 17 Assembléia Geral dos Sócios (Poder Máximo) Conselho Fiscal (Associado) (Poderes fiscal e consultivo) Presidente (Associado) (Poder deliberativo) Diretor (Associado) (Poder deliberativo) Função (Contratado) (Poder Executor) Função (Contratado) (Poder Executor) Secretário (Associado) (Poder deliberativo) Função (Contratado) (Poder Executor) Função (Contratado) (Poder Executor) Figura 1 – Organograma genérico de um sistema cooperativo. Fonte: Adaptado pelo autor. 3.2 Cooperativismo de Crédito As cooperativas de credito são instituições financeiras com o objetivo de propiciar crédito e prestar serviços aos seus associados. Rege-se pelo disposto nas Leis 5.764, de 16.12.1971, 4.595 de 31.12.1964, Lei Complementar 130 de 17.04.2009, pelos atos normativos emitidos pelo Conselho Monetário Nacional, Banco Central do Brasil e pelo respectivo estatuto social. Quanto sua estrutura podem ser classificadas em cooperativas singulares, Cooperativas Centrais e Federações e Confederações, conforme estabelecido na Lei 5.764/71, art. 6: Art. 6º - As sociedades cooperativas são consideradas: I - singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos; II - cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as constituídas de, no mínimo, 3 (três) singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados Individuais; III - confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos, de 3 (três) federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades. 18 O órgão normatizador das cooperativas de crédito é o Banco Central do Brasil, conforme estabelece a Lei 4.595/64: Art. 9º Compete ao Banco Central da República do Brasil cumprir e fazer cumprir as disposições que lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional. Art. 10. Compete privativamente ao Banco Central da República do Brasil: [...] VI - Exercer o controle do crédito sob todas as suas formas; IX - Exercer a fiscalização das instituições financeiras e aplicar as penalidades previstas; X - Conceder autorização às instituições financeiras, a fim de que possam: a) funcionar no País; b) instalar ou transferir suas sedes, ou dependências, inclusive no exterior; c) ser transformadas, fundidas, incorporadas ou encampadas; [...] f) alterar seus estatutos. [...] XI - Estabelecer condições para a posse e para o exercício de quaisquer cargos de administração de instituições financeiras privadas, assim como para o exercício de quaisquer funções em órgãos consultivos, fiscais e semelhantes, segundo normas que forem expedidas pelo Conselho Monetário Nacional;[...] Conforme relatado por Pinheiro (2005, p.27): [...] foi constituída em 28 de dezembro de 1902 a primeira cooperativa de crédito brasileira, na localidade de Linha Imperial, município de Nova Pretópolis (RS): a Caixa de Economia e Empréstimo Amstad, posteriormente batizada de Caixa Rural de Nova Petrópolis. Essa cooperativa, do tipo raiffeisen, continua em atividade até hoje, sob a denominação de Cooperativa de Crédito Rural de Nova Petrópolis.[...] A partir desta cooperativa de crédito foram surgindo tantas outras, sendo que no ano de 1995 no município de Dois Vizinhos no estado do Paraná, foi fundada a primeira cooperativa do sistema CRESOL – Sistema de Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária. Um sistema recente, com princípios inovadores no cooperativismo de crédito rural, trabalhando no desenvolvimento local e sustentável e objetivando a melhoria da qualidade de vida de seus associados, fatores que contribuíram para o rápido crescimento do sistema, espalhando-se pelos três estados do sul do Brasil. 3.3 Auditoria O primeiro relato dos indícios de trabalhos de auditoria foram no antigo Oriente na civilização suméria, em que pessoas guardavam e conferiam bens de outras. Os primeiros indícios da existência de funções de auditoria com o sentido similar ao atual datam de muitos séculos, no tempo da civilização suméria (povo do Antigo 19 Oriente, do Vale do Rio Eufrates) em que os proprietários que confiavam seus bens a guarda de terceiros e que conferiam ou mandavam conferir os rendimentos auferidos com as suas atividades econômicas estavam, na verdade, praticando função de auditoria. (MOTTA, 1988, p.13) Almeida (1996) traz um pouco da historia da auditoria. Segundo o autor o surgimento da auditoria se deu pelo crescimento do sistema capitalista após a Revolução Industrial. Com o desabrochar das empresas do grupo do sistema familiar fechado para o sistema de empresa aberta. As empresas começaram a buscar novos mercados, competindo por espaço, assim expandidos tanto o mercado como as próprias empresas. Com esse desenvolvimento, precisaram rever as formas de controles e procedimentos da empresa, visando à redução de custo. Com a expansão, as empresas tiveram que buscar novos recursos, abrindo assim o seu capital social para Bancos e acionistas. Os investidores por sua vez, tiveram a necessidade de informações da empresa sobre os aspectos patrimoniais e financeiros, e com isso as demonstrações contábeis passaram a ter importância para os futuros aplicadores de recursos. As preocupações de fraude contra os investidores exigiam que as demonstrações contábeis fossem analisadas por um profissional independente da empresa e com capacidade técnica reconhecida. Após isso, com a modernização da indústria e início da produção em escala, os proprietários passaram a não mais estar presentes nas operações das fábricas, necessitando então, de certeza que não havia desvios de recursos. Segundo Hernandes (1998) a auditoria consiste em examinar todos os procedimentos utilizados nas empresas para controle, verificando as demonstrações e conferindo se estão de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e se estes estão sendo aplicados uniformemente. A técnica contábil que, através dos procedimentos específicos que são peculiares, aplicados nos exames de registros e documentos, inspeções, e na obtenção de informações e confirmações relacionadas com o controle do patrimônio de uma entidade, objetivar obter elementos de convicção que permita julgar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos, e se as demonstrações contáveis deles decorrente refletem adequadamente a situação econômico-financeira do patrimônio, os resultados do período administrativos examinado e as demais situações nelas demonstradas. Franco (1982 apud BECKER, 2004, p.18). Para Franco (2001 p. 26). "Para mensurar a adequação e confiabilidade dos registros contábeis, a contabilidade utiliza-se também de uma técnica que lhe é própria, chamada de 20 auditoria" Assim, nos tempos mais antigos o homem se preocupava com os seus patrimônios, e mesmo sem qualquer conhecimento técnico, realizavam controles, contudo foram desses trabalhos que nasceu a contabilidade e a auditoria. Mas para melhor atender a necessidade que os proprietários necessitavam, a figura do contador/auditor aparece para examinar os procedimentos contábeis e emitir sua contribuição no processo de gestão. 3.3.1 Objetivos e Formas de Auditoria O objetivo da auditoria é examinar as demonstrações financeiras e contábeis e confirmar a sua aplicação conforme os princípios de contabilidade, possibilitando a emitir de uma opinião. O objeto da auditoria é o conjunto de todos os elementos de controle do patrimônio administrativo, os quais compreendem registros contábeis, papéis, documento, ficha, arquivos e anotações que comprovem a veracidade dos registros e a legitimidade dos atos da administração, bem como sua sinceridade na defesa dos interesses patrimoniais. A auditoria pode ter por objeto, inclusive, fatos não registrados documentalmente, mas relatados por aqueles que exercem atividades relacionadas com o patrimônio administrativo, cuja informação mereça confiança, desde que tais informações possam se admitidas como seguras pela evidência, ou por indícios convincentes. Franco (1982 apud BECKER, 2004, p 21). Para atender as necessidades de cada empresa a auditoria foi fragmentada possibilitando melhor se adequar as necessidades dos administradores e aplicadas conforme o objetivo esperado. Divide-se basicamente em auditoria interna e externa: Auditoria interna consiste naquela efetuada por funcionários ou membros internos da instituição. A principal finalidade é de verificar os procedimentos e analisar a qualidades das informações por eles geradas para auxiliar a gerência na tornada de decisão. Os trabalhos são realizados conforme a necessidade e a disponibilidade das funções operacionais. Para Motta (1988), o auditor interno deve manter interesse para verificar a adequação dos controles internos de forma a poder prevenir ou ter percepção de fraudes ou perdas dos ativos da empresa. Por um cargo de confiança da gerência, o auditor somente responde de forma direta a ela, podendo assim manter sua independência profissional. A auditoria externa é realizada por empresa prestadora de serviços de auditoria e são contratados para a realização do trabalho. Seu principal foco segundo Motta (1988) é de verificar e demonstrar segurança nas demonstrações contábeis quanto à questão de sua situação financeira e patrimonial e os 21 resultados das operações da data do levantamento do Balanço. Ao examinar os controles internos da empresa auditada, o auditor independente visa buscar a adequação e a fidelidade das informações geradas em relação às demonstrações contábeis auditadas. Segundo Motta (1988) os trabalhos são realizados conforme a relevâncias das cifra constantes das demonstrações contábeis. O auditor externo busca a prevenção ou a percepção de fraude e perda dos ativos, no que se refere à situação financeira e patrimonial da empresa e nos resultados das suas operações. A análise dos dados das demonstrações contábeis é realizado devido a função do seu reflexo na posição financeira/patrimonial no fim do exercício e nos resultado. 3.3.2 Controles Internos Sendo a auditoria uma atividade de assessoramento e desenvolvimento, e tendo esta a finalidade de assegurar a eficácia dos controles internos, certificando de que estes sejam efetivamente executados, gerando informações fidedignas espelhando a realidade econômica e financeira da empresa. Além de sua função de assessoramento, a auditoria é vista como um mecanismo de controle a medida que revisa e avalia a eficiência dos controles existentes e auxilia a administração na tomada de decisões. O exame feito pelo auditor interno está voltado principalmente para análise dos controles internos, com o objetivo de identificar se as políticas da administração são devidamente obedecidas e se os relatórios que chegam até eles são exatos e completos, com as informações necessárias para fundamentar as decisões da direção da empresa. Através do estudo dos controles internos, o auditor irá determinar a extensão dos trabalhos e o grau de confiabilidade dos mesmos. No entanto, o controle interno não é sinônimo de auditoria interna, pois à auditoria cabe fazer revisão desses controles, que normalmente são elaborados por departamento especializados e integram o plano de organização de uma empresa. Esses controles são elaborados para atender as exigências específicas daquela instituição. 22 3.4 Auditoria de Gestão A auditoria de gestão é mais uma ramificação interessante dentro da auditoria, talvez a que mais desperta interesse dos administradores. Gil (1999, p.21) entende por auditoria de gestão como “revisão, avaliação, emissão de opinião de processos e resultados exercidos em linhas de negócios, produtos, serviços no horizonte temporal, presente/futuro”. Percebe-se que este ramo da auditoria está voltado para os fatos que estão ocorrendo, ou que ainda não ocorreram, estando interligada aos interesses mais modernos dos administradores, buscando resultados que possam contribuir efetivamente com a organização. A auditoria de gestão deve apresentar uma visão integrada, na qual todas as pessoas envolvidas no processo de tomada de decisão devem ter preocupação em relação a análise dos riscos e conhecimento amplo do negócio desenvolvido em sua instituição e com seus clientes. Deve possibilitar informações aos administradores de forma que possam ser utilizadas como um diferencial competitivo diante da concorrência. 23 4. METODOLOGIA A metodologia de pesquisa deve ser organizada de forma a obter o entendimento e resolução do problema de pesquisa. Contribuindo, Beuren (2004, p.67): afirma que “a metodologia da pesquisa é definida com base no problema formulado[...]”. Através disso percebe-se que para desenvolver de forma adequada um trabalho, atingindo os objetivos propostos e alcançados a resolução do problema de pesquisa, é muito importante a escolha do tipo de metodologia a ser adotada. 4.1 Classificação da pesquisa O enfoque da pesquisa será descritivo e exploratório. Segundo Cervo e Bervian (2002, p.66), “a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Vergara (2000, p.47) destaca que: A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. (VERGARA, 2000, p.47) A pesquisa exploratória, para Gil (2007, p. 41) “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses”. Os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema. O pesquisador parte de uma hipótese e aprofunda seu estudo nos limites de uma realidade específica, buscando antecedentes, maior conhecimento [...] planeja um estudo exploratório para encontrar elementos necessários que lhe permitam, em contato com determinada população, obter os resultados que deseja. Um estudo exploratório, por outro lado, pode servir para levantar possíveis problemas de pesquisa (TRIVIÑOS, 1987, p.109). Quanto a natureza da pesquisa ela apresenta características qualitativas e quantitativas. Isto porque, segundo Lakatos e Marconi (2004, p. 267) a pesquisa qualitativa: [...] preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento etc. (LAKATOS e MARCONI, 2004, p. 267) 24 Como o objetivo da pesquisa é analisar a utilização do relatório de auditoria no processo de gestão as cooperativas, não podendo ser quantificado, a análise qualitativa é a melhor opção a ser utilizada. Na visão de Richardson et al (1999) a pesquisa quantitativa: [...] caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio padrão, às mais complexas como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. (RICHARDSON et al, 1999, P.124). É importante destacar que as pesquisa qualitativa e quantitativa não são, necessariamente, contraditórias, podendo ser complementares. Na visão de Minayo (1993, p.247). Se a relação entre quantitativo e qualitativo, entre objetividade e subjetividade, não se reduz a um continuum, ela não pode ser pensada como oposição contraditória. Pelo contrário, é de se desejar que as relações sociais possam ser analisadas em seus aspectos mais ‘ecológicos’ e ‘concretos’ e aprofundadas em seus significados mais essenciais. Assim, o estudo quantitativo pode gerar questões para serem aprofundadas qualitativamente, e vice-versa. (MINAYO, 1993, p.247). Pesquisa Documental A pesquisa documental proporciona ao pesquisador dados relacionados a empresa, geralmente material elaborado por ela mesma, ou consultorias, em oportunidades passadas. Segundo Carvalho (1988, p.157) a pesquisa documental é: [...] Aquela realizada a partir de documentos considerados cientificamente autênticos (não-fraudados); tem sido largamente utilizada nas Ciências Sociais, na investigação histórica, a fim de descrever/comparar fatos sociais, estabelecendo suas características ou tendências; além das fontes primárias, os documentos propriamente ditos, utilizam-se as fontes chamadas secundárias, como dados estatísticos, elaborados por institutos especializados e considerados confiáveis para a realização da pesquisa. (CARVALHO, 1988, p.157). Pesquisa Bibliográfica A pesquisa bibliográfica resume-se a um “conjunto de conhecimentos reunidos nas obras tendo como base fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e à produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa”. (FACHIN, 2003, p. 125). 25 Cervo e Berviam (2002, p. 65) definem a pesquisa bibliográfica sendo a maneira de Explicar um problema a partir de referências teóricas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. (CERVO e BERVIAN, 2002, p. 65). A pesquisa bibliográfica é realizada a partir de material elaborado com a finalidade explícita de ser consultado, sendo esta uma modalidade específica de documentos que são as obras escritas, publicadas em editoras e na Internet. Segundo Beuren (2004, p. 87). [...] o material consultado na pesquisa bibliográfica abrange todo referencial já tornado público em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, dissertações, teses, entre outros. (BEUREN, 2004, p. 87). Este tipo de pesquisa situa o leitor, e também o pesquisador, quanto ao assunto quefoi abordado, recorrendo a outros estudiosos com visões distintas que abordaram o tema em questão. Estudo de caso Esta pesquisa compreende também um estudo de caso, que na visão de Cervo e Bervian (2002, p. 67) “é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida”. Para Yin, (1989, p. 32 apud Gil, 2000, p. 121), o estudo de caso: [...] é encarado como o delineamento mais adequado para investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, em que os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos. (YIN, 1989, p. 32 apud GIL, 2000, p. 121). 4.2 Universo e amostra da pesquisa O universo para a aplicação da referida pesquisa foi composto por todas as cooperativas singulares afiliadas a Central Cresol Baser, ou seja, 76 instituições. Objetivou-se aplicar o questionário aos diretores executivos das singulares de modo a obter informações sobre a contribuição da auditoria e quais as necessidades ainda não supridas. 26 4.3 Técnicas de coleta de dados A coleta dos dados foi feita por meio de fontes primárias e secundárias. As fontes primárias consistem em entrevistas e questionários elaborados pelo pesquisador, e, as fontes secundárias é o material disponível para consulta, como livros, revistas, sites da Internet, dentre outros. De acordo com Vergara (2000, p.54) o questionário: [...] caracteriza-se por uma série de questões apresentadas ao respondente, por escrito. [...] O questionário pode ser aberto, pouco ou não estruturado, ou fechado, estruturado. No questionário aberto as respostas livres são dadas pelos respondentes; no fechado, o respondente faz escolhas, ou pondera, diante de alternativas apresentadas. (VERGARA, 2000, p.54). O questionário aplicado (apresentado em Apêndice) foi composto por questões abertas e fechadas, uma vez que em alguns casos é necessário saber a opinião dos entrevistados, e em outras é suficiente para o pesquisador às respostas delimitadas. A análise dos dados foi feita por meio de análise descritiva, além de tabela e gráficos. A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos. (GIL, 1999, p. 168). 27 5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS O questionário de pesquisa foi encaminhado para os diretores executivos das 76 cooperativas singulares filiadas a Central Cresol Baser, sendo que retornaram para tabulação 40 questionários respondidos, apresentando os seguintes resultados: Figura 2 - Gráficos relativos a idade da cooperativa e tempo de direção. Dos questionários respondidos 12% das cooperativas possuem menos de 3 anos de atividades, enquanto 88% encontram-se em funcionamento a mais de 3 anos, no entanto 45% dos entrevistados exercem a função de diretor liberado a menos de 3 anos, conforme demonstrado na figura 2, evidenciando pouco tempo de experiência na gestão de uma cooperativa. Apesar do pequeno público feminino no quadro diretivo (10%), pode-se considerar um ponto de constante evolução no Sistema Cresol Baser, aonde cada vez mais vem sendo representado pelas mulheres. Pode-se perceber pelos gráficos demonstrados na figura 3 que o quadro diretivo das cooperativas singulares é predominantemente jovem, sendo que 70% dos entrevistados possuem idade abaixo de 50 anos, no entanto quando medido o grau de escolaridade deste mesmo quadro nota-se o pequeno público com ensino superior, apenas 15%, justificando a necessidade de ferramentas eficientes para o auxílio na gestão devido a pouca formação dos atuais gestores. 28 Figura 3 - Gráficos relativos ao perfil do entrevistado Figura 4 - Gráficos relativos à importância do relatório de auditoria e sua utilização O público entrevistado expressou em suas respostas a importância do relatório de auditoria no processo de gestão de uma cooperativa, sendo que 70% julgaram de extrema importância e 28% de muita importância, não havendo nenhuma resposta acerca de pouca importância, entretanto, quando questionados da frequência de utilização do relatório das reuniões de gestão da cooperativa, apenas 32% do diretores relataram utilizar mensalmente, conforme elencado na figura 4. 29 Nota-se que mesmo reconhecendo a importância e contribuição do relatório para auxílio no processo de gestão, esta ferramenta não é utilizada pelos gestores de forma permanente. Figura 5 – Gráfico relativo a área de análise da auditoria de maior importância Na opinião dos entrevistados a área de análise da auditoria julgada de maior importância foi a Área Financeira, seguida da Área Contábil, Área Operacional e por último a Área Diretiva e de Recursos Humanos. Área Financeira Operacional Contábil Diretiva e de Recursos Humanos % de Risco 29% 37% 10% 15% Tabela 1 – Risco atribuído por Área de análise da auditoria no período 01.2009 Quando comparado as respostas dos diretores com a atribuição de risco de cada área na última inspeção da auditoria, (figura 5 x Tabela 1) pode-se observar que a área operacional julgada como a 3ª mais importante foi aquela que presentou maior risco, isso nos leva a entender que os fatos julgados de menor relevância para as operações da instituição podem, quando somados, atribuir risco maior à aquele reconhecido como relevante e monitorado constantemente. 30 Figura 6 – Graficos relativo a frequência das inspeções e reflexo dos fatores internos Procuramos com a pesquisa identificar se o frequência de visita hoje utilizada pela equipe de auditores é considerada ideal pelos diretores executivos, sendo que na opinião de 80% dos diretores deve-se manter a mesma frequência (semestralmente) e 20% dos diretores são da opinião que as inspeções deveriam ser com maior frequência (bimestralmente). Quando questionado se o relatório de auditoria consegue demonstrar a real situação de sua cooperativa, apenas 47% dos entrevistados responderam que demostra totalmente, conforme ilustrado na figura 6, sendo que para 50% dos diretores o relatório demonstra parcialmente e ainda para 3% deles o relatório não demonstra em nenhum aspecto a realidade da cooperativa. Figura 7 – Gráfico relativo aos fatores de contribuição às reincidências. 31 Um dos objetivos propostos para este trabalho foi de identificar os fatores que contribuem para a não solução dos problemas identificados pela auditoria, resultando em reincidência em inspeções subseqüentes. Os entrevistados expressaram sua opinião alegando que as reincidências ocorrem por haver pouco acompanhamento da direção da cooperativa no acompanhamento do relatório nas reuniões mensais (42%), o que faz referência a figura 4, onde somente 32% dos entrevistados utilizam mensalmente o relatório em suas reuniões. Outro fato considerado responsável pelas reincidências na opinião de 36% dos entrevistados é o pouco comprometimento da equipe de funcionários na busca das soluções aos fatos de sua responsabilidade. Ainda, para 22% dos diretores, o problema se dá pela falta de cobrança permanente da auditoria interna e por não considerar o relatório como fator importante no processo de gestão, o que acaba colocando em questionamento a opinião expressada na figura 4 onde não houve nenhuma manifestação de pouca importância do relatório no processo de gestão. Ao analisar a questão aberta de número 13 do questionário se identificou similaridade de expressões sendo tabuladas conforme segue: Expressões Monitoramento do relatório de forma a cobrar solução dos problemas Relatório com necessidade de linguagem mais clara Maior tempo na auditoria contribuindo para a gestão e duvidas da cooperativa Retirar da análise pontos irrelevantes para o resultado da cooperativa Conhecer melhor a realidade da agricultura Menor pontuação nas reincidências Mesma linguagem entre auditor e contador Total de opiniões sobre melhorias no processo de auditoria Frequência de repetição 9 6 4 3 2 1 1 26 Tabela 2- Tabulação da questão 13 do questionário de pesquisa. Com maior expressividade de opiniões as sugestões de melhorias para o processo de auditoria referem-se ao monitoramento do relatório de auditoria de forma permanente pela equipe de auditores de forma a cobrar a solução dos problemas nos prazos propostos; necessidade de melhoria na linguagem utilizada nos relatórios para facilitar o entendimento do gestor; destinar maior tempo para os trabalhos nas singulares visando contribuir na gestão e retirando dúvidas do quadro diretivo e colaboradores, além de outras sugestões com menor representatividade de opinião. 32 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo no seu referencial teórico demonstrou a importância das cooperativas de crédito do Sistema Cresol Baser para o fortalecimento das unidades familiares da agricultura familiar, contribuindo de forma significativa na economia local, além de proporcionar inclusão ao crédito. A expansão alcançada nos últimos anos pela cooperativas singulares demanda cada vez mais de ferramentas que proporcionem segurança para seus gestores na tomada de decisão, portanto evidenciou-se os controles internos e a auditoria de gestão como peças fundamentais no auxílio às cooperativas de crédito. Os objetivos desse trabalho foram os de demonstrar a importância do relatório de auditoria no processo de gestão das cooperativas de crédito do sistema Cresol Baser, avaliar a utilização das informações prestadas pelo relatório de auditoria para o planejamento de gestão de uma cooperativa, identificar os fatores que contribuem para a não solução dos problemas identificados pela auditoria e levantar sugestões de melhoria para o método utilizado no processo de auditoria da Central Cresol Baser. Após a realização da pesquisa pode-se considerar alcançados os objetivos propostos, pois se percebe que os gestores das unidades Cresol consideram de muita e de extrema importância o relatório de auditoria no processo de gestão, no entanto, ainda é pouco utilizado pelos gestores para esse fim. As reincidências são fruto do pouco comprometimento da equipe de colaboradores na busca de solução aos fatos apresentados, além da falta de acompanhamento pela equipe diretiva e ainda por não haver acompanhamento permanente da auditoria interna. O trabalho desenvolvido foi importante para a instituição pela contribuição na análise dos procedimentos aplicados, proporcionando avaliar as necessidades de melhoria. Como pesquisadora o trabalho foi de grande contribuição, para visualização dos estrangulamentos 33 do processo aplicado, possibilitando sugerir melhorias, tendo em vista sua atuação como funcionária da área de auditoria da Central Cresol Baser. Tendo em vista a amplitude do tema estudado, entende-se que este trabalho não tem fator conclusivo, sugere-se desta forma que haja continuidade desta pesquisa em trabalhos futuros, objetivando avaliar as expressões descritas no relatório de auditoria de forma a mensurar sua compreensão por todos os usuários, avaliar cooperativas que se encontram com maiores riscos e comparar com cooperativas que possuem menores riscos identificando até que ponto o relatório de auditoria impactou nesse resultado. 34 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1996. ATTIE, W. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 2007. BEUREN, I.M. Trajetória da construção de um trabalho mono gráfico em contabilidade. In: BEUREN, I. M. (Org.). Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade: teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2004. BECKER, A. Auditoria externa aplicada às sociedades cooperativas: aspectos patrimoniais, formais e sociais. 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Instruções para preenchimento: a) Faça um “X” no espaço reservado ao lado do item escolhido; b) Efetue as respostas conforme a real situação de sua cooperativa Cresol, independente de considerar ser ou não a forma adequada, visando não comprometer o resultado desta pesquisa. 1- Qual a idade de constituição de sua Cooperativa? ( ( ( ( ) Até 3 anos ) De 3 a 6 anos ) De 6 a 9 anos ) Acima de 9 anos 2- Há quanto tempo atua como presidente ou diretor(a) liberado(a) desta Cooperativa? ( ( ( ( ) Menos de 3 anos ) De 3 a 6 anos ) De 6 a 9 anos ) Acima de 9 anos 3- Sexo: ( ( ) Feminino ) Masculino 4- Idade: ( ( ( ( ) De 20 a 29 anos ) De 30 a 39 anos ) de 40 a 49 anos ) Acima de 50 anos 5- Nível de Escolaridade ( ( ) 1º Grau incompleto ) 1º Grau completo 38 ( ( ( ( ) 2º Grau incompleto ) 2º Grau completo ) 3º Grau incompleto ) 3º Grau completo 6- Tempo destinado à trabalhos na Cresol durante o mês: ( ( ( ( ) Menos de 5 dias ) De 5 a 10 dias ) De 10 a 15 dias ) Acima de 15 dias 7- Na sua opinião, qual a importância do relatório de auditoria no processo de gestão da sua cooperativa Cresol ( ( ( ( ( ) Pouca importância ) Relativa importância ) Muita importância ) Extrema importância ) Não tenho opinião formada sobre o assunto 8- Com que freqüência o relatório de auditoria é consultado nas reuniões de gestão da sua cooperativa Cresol? ( ( ( ( ) mensalmente ) bimestralmente ) semestralmente ) nunca 9- Qual a área de análise da auditoria que julga de maior importância para o processo de gestão. Enumere de 1 a 4, sendo 1 para o de maior importância e o 4 para o de menor importância. ( ( ( ( ) Área Financeira ) Área Operacional ) Área Contábil ) Diretiva e de Recursos Humanos 10- Atualmente as verificações da auditoria ocorrem a cada 6 meses. Na sua opinião estas visitas deveriam ser: ( ( ( ( ) Com maior freqüência ( bimestralmente) ) Na mesma freqüência (semestralmente) ) Com menor freqüência (anualmente) ) Não há necessidade de verificações pela auditoria 11- Acredita que o relatório de auditoria demonstra a realidade de sua cooperativa Cresol em todos os aspectos? ( ) Demonstra totalmente 39 ( ( ( ( ) Demonstra parcialmente ) Demonstra minimamente ) Não demonstra em nenhum aspecto ) Não tenho opinião formada sobre o assunto. 12- Na sua opinião, o que tem contribuído para a não correção dos fatos apresentados no relatório de auditoria, ocasionando reincidências em períodos subseqüentes ( ) Pouco acompanhamento da direção da cooperativa, não consultando o relatório nas reuniões mensais ( ) Pouco comprometimento da equipe de colaboradores na busca de soluções aos fatos de sua responsabilidade de correção ( ) Falta de cobrança permanente da área de auditoria às ações descritas como planejamento de correção no relatório de auditoria. ( ) Por não considerar o relatório de auditoria importante no processo de gestão. ( ) Outra opinião: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 13- O que deveria ser melhorado nos trabalhos e no relatório de auditoria para sua melhor utilização pelos gestores da cooperativa?