UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
ANA CARLA SOUZA DOS SANTOS
O RECREIO E AS SUAS DIMENSÕES NA PERCEPÇÃO DAS
CRIANÇAS
SALVADOR
2011
ANA CARLA SOUZA DOS SANTOS
O RECREIO E AS SUAS DIMENSÕES NA PERCEPÇÃO DAS
CRIANÇAS
Monografia apresentada ao curso de
Pedagogia
Anos
Iniciais
do
Ensino
Fundamental I da Universidade Estado da
Bahia como requisito parcial para obtenção de
titulo de licenciatura em pedagogia sob
orientação da professora Maria Fátima Vieira
Noleto.
Salvador
2011
FICHA CATALOGRÁFICA: Sistema de Bibliotecas da UNEB
Santos, Ana Carla Souza dos
O recreio e as suas dimensões na percepção das crianças / Ana Carla Souza dos Santos
– Salvador, 2011.
36f.
Orientadora: Profª. Maria de Fátima Vieira Noleto.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia.
Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2010.
Contém referências e anexos.
ANA CARLA SOUZA DOS SANTOS
O RECREIO E AS SUAS DIMENSÕES NA PERCEPÇÃO DAS
CRIANÇAS
Salvador, 25 Março de 2011
....................................................................................................
Profª Orientadora Dr. Fátima Noleto
...................................................................................................
Profª. Claudia Silva de Santana
25/ 03/ 2011 (data de aprovação)
Salvador
2011
Dedico este trabalho a meus três grandes professores, a minha
mãe Marinalva Souza dos Santos, ao meu primo - o salvador
da pátria - Engenheiro Fábio Freitas de Souza Barreto e ao
meu companheiro de todos os momentos, Betson Silva Jesus
Santos. Be Te Amo minha Vidinha.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, em primeiro lugar, por ter me propiciado este momento em minha
vida, pelo fato de sempre estar ao meu lado me ajudando e me iluminando em todos
os momentos da minha vida e da minha caminhada. Apesar de tantas dificuldades e
barreiras chegamos até aqui.
A minha mãe, pela insistência de mandar fazer o curso de Pedagogia, pela
paciência nos momentos de entres e murmuro dentro de casa; a todos da minha
família e ao meu namorado pela compreensão e colaboração.
A Instituição, por ter em sua casa professores qualificados, que me ajudaram a
construir novos conhecimentos e pensamentos. Em particular, a professora Fátima
Noleto, orientadora dessa monografia, pela sua paciência e maturidade de vida com
seus alunos.
Aos meus amigos: Danilo Santos, Fabiana Lima, Joelma Cerqueira, Priscilla Joice
Seixas Sousa e Vanessa Barros pela compreensão e ajuda que me incentivaram a
prosseguir na conclusão deste curso, que contribuíram assim para a concretização
deste trabalho, e em especial a um grande amigo que não pode estar aqui para ver
minha felicidade e satisfação em concluir o curso Jadson Celestino Araújo, o meu
muito obrigada.
“Mas tudo quando o indivíduo acumula de conhecimentos,
experiências e recursos matérias no trabalho esbanja nas
horas livres”.
N. Pithan
RESUMO
Este trabalho tem como tema o recreio e suas dimensões como espaço de
desenvolvimento para o Ensino Fundamental l, cujo objetivo é analisar e
compreender como esse momento se faz necessário e importante na vida das
crianças em realizar suas atividades recreativas no processo educativo das crianças
nos anos iniciais do Ensino Fundamental I. Aborda-se primeiro a concepção de
recreio e sua finalidade, as dimensões do recreio, em segundo as percepções das
crianças sobre as dimensões do recreio e suas contribuição para as crianças em se
ter o recreio na escola, de forma que essa criança possas liberar suas ações e
anseios nesse momento de alegria. A pesquisa é qualitativa, onde foi realizada uma
observação e aplicação de um questionário em uma turma do Ensino Fundamental I,
que equivale à faixa etária de crianças de 10 a 12 anos com uma turma de 23 alunos
em sala, os resultados da pesquisa mostraram que as crianças têm grande
satisfação e anseio pela hora do recreio, por estarem mais a vontade para se
relacionar, brincar e jogar. O estudo conclui que a percepção das crianças sobre o
recreio é importante para suas brincadeiras e aprendizagem das crianças
Palavras-chave: Recreio. Brincar. Crianças. Socialização Aprendizagem.
ABSTRACT
This paper is about the playground as a space for social and cultural development,
which will aim to analyze and understand how this moment is necessary and
important in the lives of children to fulfill their recreational activities in the educational
process of children in early elementary school years I. First one addresses the
design of recreation, in accordance with the dimensions of the playground and in the
perception of the third child on the dimensions of recreation and its contribution to the
children to have recess at school so that children can release their actions and
expectations at this moment of joy. The research is qualitative which we performed
an observation and application of a questionnaire in a classroom of elementary
school I which is tantamount to children aged 10 to 12 years with a class of 23
students in class the survey results showed that children have great satisfaction and
longing for the break because they are, but at ease in time and is a better word and
be a little far the classroom. The study concludes in the words of children who need
it, but time for recess, and emphasizes the importance of recreation and their play to
develop it and training of children but also for learning.
Keywords: Recreation. Play. Kids. Learning. Socialization.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
10
1
CONCEPÇÃO DE RECREIO E AS SUAS DIMENSÕES
11
1.1
O RECREIO COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM
15
1.2
O RECREIO COMO ESPAÇO DE BRINCAR PELO BRINCAR
18
1.3
O RECREIO COMO ESPAÇO DE BRINQUEDOS
19
1.4
O RECREIO COMO ESPAÇO DE SOCIALIZAÇÃO E CULTURA 21
1.5
O RECREIO COMO ESPAÇO DE CONFLITOS
1.6
O RECREIO COMO ESPAÇO DE DESENVOLVIMENTO FÍSICO 23
2
AS PERCEPÇÕES DAS CRIANÇAS SOBRE AS DIMENSÕES DO
2.1
22
RECREIO
25
ANÁLISE DOS DADOS
25
CONSIDERAÇÕES FINAIS
34
REFERÊNCIAS
36
APÊNDICES
39
10
INTRODUÇÃO
O recreio escolar tem várias dimensões, tais como: o recreio como espaço de
aprendizagem, o recreio como espaço de brincar pelo brincar, o recreio como
espaço de brinquedos, o recreio como espaço de socialização e cultura, o recreio
como espaço de conflitos e o recreio como espaço de desenvolvimento físico
indispensável na formação do educando.
Vale ressaltar a importância do recreio na vida e na formação das crianças
que estão em fase escolar e que necessita de um tempo para extravasar seus
anseios e suas atividades recreativas. O recreio será para essas crianças um tempo
apropriadas para que elas possam estar tendo uma pausa das aulas afim de que
possibilite a essas crianças um descanso da mente e físico para o retorno das aulas.
Daí o objetivo deste trabalho de analisar e compreender as dimensões do
recreio a partir do olhar das crianças, procurando destacar se esse espaço pode ou
não influenciar o processo do aprendizado escolar. A preocupação dessa temática
surgiu em 2009, quando iniciada a docência na Escola Rômulo Galvão, com a turma
do 5º ano (antiga 4º série) do Ensino Fundamental I, localizada no bairro de Pau da
Lima, onde surgiram as primeiras observações ao escutar as crianças e suas
angústias pela falta do horário do recreio.
Mostrar o recreio escolar como um espaço em potencial de enriquecimento e
complementação do aprendizado das crianças, e que é indispensável na formação
sócio-cultural do educando é o objetivo desse estudo que será apresentado como
trabalho de conclusão de curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade
Estadual da Bahia (UNEB).
Antes de entrar no estudo propriamente dito da importância do recreio no
desenvolvimento educacional e sócio-cultural dos alunos/crianças de 07 aos 12
anos, temos que ter nitidamente em mente o papel/função da escola e do educador
na vida de seus alunos.
É tarefa da à escola formar cidadãos, disponibilizar ao aluno os ensinamentos
de que eles necessitam trabalhar e viver em sociedade nesse mundo de constante
transformação além de promover a integração social dos indivíduos, ou seja,
11
contribuir para a formação de um cidadão proativo, atuante e consciente de seus
direitos e deveres para com a sociedade e meio ambiente.
Este trabalho fundamenta-se nos estudos realizados por Neuenfeld (2003)
que desenvolveu uma pesquisa em que procura destacar a rotina do recreio em
Duque de Caxias, Santa Cruz; Ferreira (1999) escreve o período do recrear;
Cavallari (1994) fala das semelhanças entre recreio, recreação e lazer; Silva (1959)
traz o sentido, satisfação e alegria do termo recreação; Dumazadider (1980) o lazer
após as obrigações realiza o prazer; Dra. Romina Barros (2009) em uma reportagem
relata a importância do recreio para o comportamento; Collet (2008) a importância
de se fazer atividades físicas e Kishimoto (1993) a importância do jogo, dente outros
autores.
O presente estudo está organiza-se em duas partes: a primeira trata-se da
concepção de recreio e suas dimensões e a segunda traz as percepções do recreio
das crianças sobre as dimensões do recreio.
1 CONCEPÇÃO DE RECREIO E AS SUAS DIMENSÕES
Não se consegue encontrar muitos trabalhos desenvolvidos com o objetivo de
problematizar o desenvolvimento do recreio escolar, o qual, se comparado com
outras temáticas pedagógicas, institucionais ou curriculares da escola, parece ter
sido menosprezado. Assim como, parece também que esse espaço é entendido
como um momento que serve de intervalo para a rotina escolar entre as horas de
aulas disciplinares, um período que as crianças não estão sob o controle dos
adultos.
Neuenfeld (2003) desenvolveu uma pesquisa descritiva que teve por objetivo
verificar quais as atividades que as crianças de 1.ª a 4.ª séries desenvolviam no
recreio na Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias, de Santa
Cruz, procurando destacar a rotina do recreio, as atividades que as crianças
realizavam e a relação delas com o espaço físico e materiais disponíveis. Concluiu
que:
Boa parte do recreio é consumida com a atividade de merendar
e que o espaço físico das quadras esportivas conduz as
crianças a jogarem sobre o modelo do esporte desempenho,
chegando a questionar: se não seria interessante pensar numa
intervenção
pedagógica
para
este
recreio
escolar.
(NEUENFELD, 2003).
12
Ao tratar do recreio observa-se que está ainda intimamente relacionado com
recreação e lazer, pois podemos perceber como os termos recreio, recreação e lazer
estão interligados entre si, assim também, podemos estar ligando os conceitos de
recreio e de recreação ao termo lazer que também significa um momento em que o
indivíduo busca a sua realização pessoal.
Ferreira (1999) entende o recreio escolar ou intervalo das aulas como um
momento presente na vida de todo estudante, e que é indispensável na educação.
Sem buscar a delimitação do termo, mas entendendo como fundamental à sua
compreensão, a análise da palavra recreio, percebe-se que a sua raiz nos leva ao
termo recreação ao afirma que: “período para se recrear, como, especialmente, nas
escolas, o intervalo entre as aulas”. (FERREIRA, 1999, p. 21).
Preocupado com o lazer como recreação, Cavallari (1994) explica que o
recreio “assemelha a seu momento ou a circunstância que o indivíduo escolhe
espontânea e deliberadamente, através do qual ele se satisfaz (sacia) seus anseios
voltados ao seu lazer” (CAVALLARI, 1994, p. 15). É através do brincar e das suas
brincadeiras, que a criança desenvolve o seu conhecimento, produz e demonstra o
interesse no que tem necessidade de aprender, socializar, participar e relacionar
com suas necessidades tanto individual como coletivamente.
Com as brincadeiras, essa experiência vai produzindo o desenvolvimento, por
isso o recreio é um momento de propiciar o processo de socialização e estabelecer
relações, além de criar um espaço para a criança buscar novas curiosidades e
desejos no horário do recreio escolar.
Neste mesmo sentido, a recreação segundo Silva (1959) também “é
compreendido como espaço de satisfação, prazer e emoção representado nas
atitudes da criança de forma livre e espontânea”. As atitudes livres para o mesmo
autor traz as ações espontâneas, apesar de que o espaço do recreio é considerado
ainda como um passatempo. Neste tempo há atividades de diversão que pode ser
considerada como uma atividade recreativa na vida escolar da criança.
No horário do recreio há várias dimensões que se pode desenvolver, pois
nesse tempo livre as crianças têm para extravasar as suas emoções, as relações
através do brincar e ao mesmo tempo estabelece trocas de experiências entre elas.
Experiências essas que tanto pode ser de caráter social, como também cultural.
Devido a essa análise do espaço da hora do recreio das crianças, pode-se
observar que o autor ressalta a valorização de que a criança no recreio tende a se
13
expressar melhor, comunicar-se, desenvolver-se e expressar essas atividades
exploratórias, vai também ampliar e desenvolver o estado físico, mental, emocional e
social da criança.
Além das peralteasse e travessuras no cotidiano das crianças na hora do
recreio, podemos ver a existência da potencialidade, o incentivo e interesse em
adquire conhecimento, desenvolve a socialização, cultiva a sensibilidade e estimular
a criatividade. O recreio tem um grande significado na vida de uma criança durante a
fase escolar.
Lazer para Dumazadider (1980) “é o tempo de lazer que cada um tem para si,
depois de ter cumprido ou realizado suas obrigações, seja ela de caráter
profissional, familiares, sócio-espiritual e sócio-político”. Esse tempo é vital para a
sua saúde. E antes de tudo liberação de cada um, seja pelo descanso, seja pela
diversão, momento que se podem incluir as atividades esportivas. A criança que
brinca necessita exercitar, exprimir seu mundo interior para compreender a vida.
O recreio escolar ou intervalo escolar, segundo Neuenfeld (2003) “é uma hora
que se faz necessária e presente na vida de toda a criança (estudante) desde a
infância até a universidade”.
Acrescenta o mesmo autor que o recreio vem sendo compreendido mais
como momento para o professor dar uma pausa a sua atividade docente e para o
aluno extravasar as energias, ao invés de ser percebido em seu sentido mais amplo
no qual o recreio também é considerado como momento de construir relações,
valores, a ponto de Neuenfeld afirmar que.
O recreio é assim caracterizado: como campo de
oportunidades que é ao mesmo tempo permissivo e
controlador, sendo também um momento muito esperado pelos
sujeitos para “correr, saltar, jogar, brincar”, como para
estabelecer conflitos e preconceitos (NEUENFELD, 2003, p.
40).
Ao desenvolver o correr, o saltar, o jogar e o brincar no recreio, a criança
estar promovendo neste espaço brincadeira que são muito importante e fundamental
elas precisa de um momento para construir e transformar sua experiência em
valores que vão contribuir para outros e para se mesma. E será nesse campo de
oportunidade que a criança irá se esbaldar em suas criações e manifestações pelo
desejo do brincar.
14
Segundo a Dra. Romina Barros (2009), pediatra e professora assistente no
Albert Einstein, em uma reportagem no site do Terra, o recreio escolar melhora o
comportamento das crianças. Para ela é o motivo “porque muitas escolas novas vêm
sendo construídas sem espaço a céu aberto suficiente para os alunos”. (Barros
2009).
Espaço esse que se faz necessário na vida lúdica das crianças na hora do
recreio, vale ressalta que precisamos compreender esse espaço como parte
integrante do recreio. Segundo Barros (2009) diz que elas – as crianças - são
capazes de adquirir todas as capacitações acadêmicas que desejamos que
aprendessem, é preciso que tenham uma pausa, que lhes permitam liberar a energia
e exercitar seu lado social.
Essa contribuição na hora do recreio vai possibilitar para as crianças o
estímulo pelo seu convívio social e para seu desenvolvimento, mesmo sendo com
outras crianças, essa pausa pode ser muito significativa para essas crianças que
estão em sala de aula e querem liberar um pouco seus anseios em suas
brincadeiras.
Mas a falta desse recreio pode trazer para a criança o cansaço em sala de
aula, fazendo com que a criança considere a aula chata, sem graça e desagradável.
Podendo até mesmo implicar no aprendizado dessa criança, que não tem tempo
para exercer suas atividades recreativas, esse desgaste da falta do recreio não se
dar só à criança, mas também ao professor que não tem um tempo para o
descanso.
Devemos sair desse paradigma que o conhecimento só acontece em sala de
aula, pode se educar também pela prática do lazer, do lúdico e devemos reconhecer
que como é importante se educar através do lazer. Podemos considerar o recreio
uma forma de se ensinar brincado.
No brincar, na hora do recreio, a criança vai desenvolver qualidades,
capacidade para criação, sensibilidade, gentileza e enriquecimento de seus valores
morais. Todos esses benefícios são encontrados no desenrolar da concepção de
recreio. Então se a criança permanece muito tempo em sala de aula sem ter um
tempo apto para exercer alguma atividade lúdica, certamente ela não irá consegui
assimilar ou compreender muito o conteúdo transmitido em sala.
Dessa forma, entende-se que através do recreio as crianças expressam suas
necessidades e buscam, nesse momento, estabelecer suas realizações pessoais. E
15
será no tratar das dimensões no recreio escolar que a presente pesquisa estará
pautada. É necessário discorrer para uma melhor compreensão e esclarecimento
desse momento tão importante e único na vida dos alunos.
Diante dessa compreensão, ver-se necessária que a criança depender de
outros indivíduos que fazem parte do seu contexto social, para que interaja com o
outro e com os objetos. O recreio parece ser um espaço que deve ser encarado
como um momento único e especial na vida escolar das crianças, já que neste
espaço se relaciona consigo mesma e com o outro. Por isso não pode ser entendido
como um descanso ou simplesmente um passatempo para as crianças.
Por outro lado, é pertinente realizar uma minuciosa observação desse
momento, pois para alguns professores não é um momento muito agradável, eles
alegam que não tem controle sobre as crianças,
até mesmo nas atividades
pedagógica, como: jogos, brincadeiras coordenadas, entre outras, já que os alunos
saem desesperados para brincar, não prestam atenção e querem ficar correndo
durante todo recreio.
Para Wallon (1995) “a criança passa de um estágio para outro como uma
passagem, há todo um caminho para percorrer antes de chegar a outro estágio de
sua vida, e não é simplesmente uma ampliação, mas sim uma reformulação.
Podendo ou não a criança passar por crise que afete a sua conduta enquanto
criança.
O
desenvolvimento
desta
criança
se
constrói
progressivamente
efetivamente e cognitivamente”.
Foi pensando dessa forma, que se pode ter uma visão das transformações
pelas quais as crianças passam. É na hora do recreio que a criança também vai
encontrar estratégias e caminhos para seu desenvolvimento. Como o recreio vem
perdendo seu valor diante da sociedade, que muitas das vezes encara esse tempo
livre com mero passatempo ou simplesmente uma hora de descanso. É preciso
deixar claro que esse momento é necessário para o seu desenvolvimento social.
Vários são os papéis do recreio, vejamos alguns: o recreio como espaço de
aprendizagem, o recreio como espaço de brincar pelo brincar, o recreio como
espaço de socialização e cultural, o recreio como jogos, brincadeiras e brinquedos e
o recreio como espaço de conflitos.
1.1 O RECREIO COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM
16
A aprendizagem é um processo de modificação no comportamento,
provocando uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que
aprende. Sanches (2003 p. 62) explica que “toda aprendizagem só é autêntica
quando incorporada à nossa vida. Portanto, aprender é modificar comportamento
que acontece como resultado das tentativas que o ser humano faz para satisfazer
seus motivos internos”.
A brincadeira seria uma das atividades de aprendizagem importante na vida
das crianças, pois a criança vai resolver a maioria de seus conflitos, já que é através
da brincadeira que a criança expressa sua forma de representação da realidade.
Romina Barros (2009), não só vai dar sua definição sobre o recreio como
também vai destacar o valor da hora do recreio na vida das crianças que estão em
sala de aula, como também as possibilidades de uma aprendizagem significativa.
Quando a criança tem seu tempo para extravasar em suas brincadeiras, ela terá
depois mais entrosamento em sala de aula e estímulo para aprender ao voltar do
recreio, a autora afirma também que “a criança que permanece muito tempo em sala
de aula, sem ter um tempo apto para exercer alguma atividade lúdica, certamente
ela não vai consegui assimilar o conteúdo passado em sala”. (BARROS, 2009).
O fazer barulho ao brincar é causado por trocas que se desenrolam ao longo
das vivências. Rir, pular, vibrar, contagiar, sentir medo, chorar, ficar bravo, reclamar,
entristecer-se faz parte do processo de aprendizagem da criança.
Através da hora do recreio, as crianças não só interagem entre si, como
também uma aprende com a outra, estimulando à escrita, a fala e o raciocínio lógico.
O aluno que tem certa dificuldade em sala de se expressar e de se comunicar
poderá melhorar essa condição, já que nas suas atividades recreativas a criança
terá um leque de novidades e interesse.
Então à hora do recreio faz-se necessário aos infantes que estão em fase
escolar, principalmente aquelas que são considerados tímidos, calados, que na
maioria das vezes em sala de aula não conseguem se expressar, porém esse
tempo/espaço na hora do recreio será um ambiente facilitador e transmissor de
novas possibilidades na aprendizagem.
Com isso, o recreio se torna um tempo útil à escola, pois tende a atender as
intencionalidades da mesma, muitas vezes coercitivas, como, por exemplo: vigiar e
punir corpos que levam à desordem da escola no momento do recreio; ou pensar
17
neste tempo/espaço como uma maneira de preparar os sujeitos escolares para mais
essa etapa, às vezes árdua, do processo ensino-aprendizagem, em busca de um
melhor rendimento escolar.
As crianças que ficam em sala de aula com a missão de aprender, muitas
vezes não têm a oportunidade de saber o que é o brincar, para Piaget “a criança
pode vivenciar uma mesma situação diversas vezes. Isso, além de permitir que ela
repita brincadeiras que lhe dão prazer, possibilita que ela solucione problemas e
aprendam processos e comportamentos adequados” (PIAGET, 1990, p. 87).
Será neste brincar espontâneo, como uma atividade que facilita a
aprendizagem da criança, que irá propor uma aprendizagem significativa, o ato de
brincar na hora do recreio não possui apenas crianças livres, mas também contribui
para a formação de valores para as mesmas.
Essa troca de valores entre as crianças se dar através das brincadeiras que
podem descobrir vários fatores diferentes entre elas. Com essa transição de valores,
a criança começa a desenvolver e aprender um ser novo. Esse novo ser é que vai
estimular as brincadeiras, com a lógica de tenta entender e se encontrar no outro. E
Brourgere destaca que:
Não se pode fundamentar, na brincadeira, um programa
pedagógico preciso. Quem brinca pode sempre evitar aquilo
que lhe desagrada. Se a liberdade valoriza as aprendizagens
adquiridas na brincadeira, ela produz, também, uma incerteza
quanto aos resultados. Daí a impossibilidade de assegurar
aprendizagens, de um modo preciso, na brincadeira. É o
paradoxo da brincadeira, espaço de aprendizagem fabuloso e
incerto. (BROURGERE, 2000, p. 98).
Sendo assim todas as atividades inseridas dentro da escola deve estar
direcionada para promoção do saber, do aprender, com a relação da sociedade, da
cultura e da saúde da criança. Daí a importância de uma nova ótica e abordagem
sobre o recreio escolar e suas potencialidades sócio-educacionais na vida dos
alunos e das crianças, como forma de articulação entre o recreio e a sala de aula. E
sua prática pedagógica auxilia na aprendizagem da criança, e possibilita ao
educador aulas mais ricas e prazerosas.
Ainda tem pessoas que acreditam que na hora do recreio as crianças não
fazem nada, a não ser brincar, correr e lanchar. Não sabendo essas pessoas que o
recreio é fundamental no processo ensino-aprendizagem dessas crianças. Nesse
momento de lazer as crianças podem realizar mais atividades do que se pode
18
pensar. Fazendo uma mistura de seus conhecimentos adquiridos em sala de aula
com suas brincadeiras, criando e relacionando coisas novas e velhas.
É nesse desenvolvimento que a criança vai adquirir a maturação da
imaginação, da inteligência e da linguagem, onde deve ocorre de maneira natural.
No brincar a criança será uma fonte inspiradora para a invenção e para a elaboração
de suas fantasias, nessa criação a criança vai se interar com o real e com o
imaginário, ela irá descobrir espontaneamente o mundo em que ela vive, através das
brincadeiras que se transformaram em experiências.
A criança ao imaginar um desenho ou um brinquedo estará saltando sua
imaginação para um mundo onde muitas das vezes é o do adulto, a brincadeira é
uma das fases mais importante para o desenvolvimento infantil. E nesse período que
a criança aprender a lidar com sues sentidos da aprendizagem.
1.2 O RECREIO COMO ESPAÇO DE BRINCAR PELO BRINCAR
No brincar podemos conhecer o outro e nos conhecer, esse conhecer pode
ser dado de maneira que a criança conquiste o espaço do brincar, da alegria, do
gozo, do prazer em estar brincando e da satisfação do que é. É através de suas
brincadeiras que ela passa a conhecer o mundo real e seus objetos, que se faz
presente no seu e de seu mundo.
Donald Woods, um psicanalista inglês (1896 – 1971), fala que toda criança
que brinca estar bem de saúde e que essa criança certamente terá mais disposição
para realizar atividades lúdicas. Através do brincar na hora do recreio pode ser muito
útil para detectar algum problema físico, mental, timidez, angústia, tristeza,
agressividade e medo.
É nesse brincar também que a criança começa a estabelecer relações,
conhecer a alegria, descobrir o que é a vida e viver dentro dela, como se tudo que
estiver ao seu redor fosse uma brincadeira. É importante vivenciar o brincar da
criança com atividades lúdicas e estar relacionado à sua essência. Para Friendmann
(1994) “a brincadeira constitui-se, basicamente, em um sistema que integra a vida
social das crianças”. O brincar tem sido um elemento importante para propiciar a
criança momentos enriquecedor, podendo assim manifestar ou expressar seus
sentimentos. É tanto que Santin afirma que:
O lugar mais adequado para se apreender o lúdico, sem dúvida, é o mundo
da criança. O grande laboratório onde ocorre a química lúdica, o grande
19
palco onde se constroem as grandes cenas de ludicidade tem como
cientistas e como atores as crianças. (SANTIN, 1994).
Para Santin (1994) nessa fase a criança transforma tudo em brincadeira, até
mesmo o que não é brincadeira, pois no mundo dela qualquer motivo leva a uma ou
mais brincadeiras, e mesmo aquelas crianças que não tem o tempo adequado na
escola para o recreio, acham o espaço e o tempo para brincar.
A criança escolhe espontânea e deliberadamente as suas brincadeiras,
através da qual ela irá saciar os seus anseios e suas vontades para o lazer. E
encontra nos objetos poupáveis e naturais forma para se apropriar do seu espaço.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), “o
brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e
da autonomia infantil”. O fato da criança, desde muito cedo, comunicar-se por meio
de gestos, sons e, mais tarde, representar determinado papel na brincadeira, faz
com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem
desenvolver algumas capacidades importantes, tais como: a atenção, a imitação, a
memória e a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de
socialização, por meio da interação, da utilização e da experimentação de regras e
papéis sociais.
As crianças quando se encontram na hora do recreio têm uma capacidade
grande de se entregar a imaginação, de transformar um simples espaço de
recreação em um grande cenário, onde elas são os atores principais desse mundo,
que só tem espaço para as brincadeiras, é neste brincar que elas buscam sua
realização pessoal. O brincar espontâneo faz com que essa criança: sorria, brinque,
pule, chore reclame, fique bravo, sinta medo e interaja com o seu objeto de brincar
na hora do recreio. Brincar seria a ação de uma brincadeira, diversão, divertimento,
momento de entretenimento e distração.
1.3 O RECREIO COMO ESPAÇO DOS BRINQUEDOS
Brinquedo, segundo o minidicionário Houaiss (2004) da Língua Portuguesa,
quer dizer: objetivo de brincar, jogo, distração. Brourgere (2001) define o brinquedo
como “um objeto que a criança manipula livremente”. É importante proporcionar nos
dias atuais à criança oportunidades para muitas brincadeiras espontâneas,
brinquedos e jogos livres, para que ela desfrute a alegria de brincar, seja em grupo
20
ou individualmente, favorecendo assim a sua socialização com o meio. Pois diante
das atividades livres, que são feitas de forma prazerosa e na maioria das vezes são
utilizados os jogos pelas crianças.
O jogo desperta o interesse e a curiosidade das crianças, proporcionando
assim um melhor desenvolvimento no fator biológico, emocional, psicomotor, social,
simbólico dentre outros fatores. O jogo também vai propiciar para a criança uma
socialização, permitindo assim com que esta criança tenha a apreensão dos valores
do grupo, formando assim pessoas, participantes, conscientes e críticas naquilo que
faz.
Através do jogo, a criança satisfaz suas necessidades interiores pelo prazer e
pelo esforço espontâneo. O jogo, por ser uma necessidade física e mental, aciona e
ativa as funções psiconeurológicas e as operações mentais, estimulando assim o
pensamento. Para Kishimoto:
A criança procura o jogo como necessidade e não como
distração (...). É pelo jogo que a criança se revela. As suas
inclinações boas ou más, a sua vocação, as suas habilidades,
o seu caráter, tudo que ela traz latente no seu eu em formação,
torna-se visível pelo jogo e pelos brinquedos, que ela executa.
(KISHIMOTO, 1993).
O jogo vai permitir que a criança realize o seu eu, na construção e no
desenvolver de sua brincadeira. Mas nesse brincar com jogos a criança também irá
se identificar com seus valores, construindo assim a sua personalidade além de
desenvolver a linguagem.
E Kishimoto (1993) vem frisar a importância do jogo para a criança em fase
escolar, como também deixa a entender que é preciso perceber, que para educar a
criança não é preciso ir além das suas capacidades, além das suas habilidades,
como também devemos respeitar as características de cada atividade lúdica que
iremos oferecer para a criança. Kishimoto afirma que:
O jogo infantil é normalmente caracterizado pelos signos do
prazer ou da alegria, entre os quais o sorriso. Quando brinca
livremente e se satisfaz a criança o demonstra por meio do
sorriso. Esse processo traz inúmeros dos efeitos positivos aos
aspectos: corporal, moral social da criança. (KISHIMOTO,
1996).
21
Esse jogo na hora do brincar é muito importante para a criança, pois a criança
irá desenvolver o seu emocional, nesse intermédio a criança percorre caminhos
possíveis para expressar ideias e sentimentos que estão em seu interior.
Não podemos falar só sobre os jogos, mas também tem várias brincadeiras
que as crianças utilizam para suas atividades recreativas, mas as mais utilizadas
pelas crianças, sem sombra de dúvidas, são os jogos, pois eles estão sempre
presente na vida delas.
Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998) “Brincar de
roda, ciranda, pular corda, amarelinha etc. são maneiras que as crianças têm de
estabelecer contato consigo próprio e com o outro, de se sentir único e, ao mesmo
tempo, parte de um grupo”.
A criança ao brincar relaxa, vibra, sente-se bem e
dedica-se a seu momento de brincar, aliviando assim as suas tensões.
O ato de brincar segundo Almeida (2004) “é algo natural na criança e por não
ser uma atividade sistematizada e estruturada acaba sendo a própria expressão de
vida da criança”. E acrescenta que:
Brincar não significa passatempo. A criança utiliza da
brincadeira para conhecer o mundo a cerca. Através do jogo a
criança desenvolve a sua imaginação e seu pensamento
abstrato. Através das brincadeiras a criança poderá ter um bom
desenvolvimento psicomotor e psicossocial, assim como as
levará a socialização e a construção para sua vida afetiva. As
atividades lúdicas encorajam também o desenvolvimento
intelectual, através da atenção e da imaginação facilitando a
sua expressão. (ALMEIDA, 1990).
Toda criança que brinca desenvolverá atitudes de sociabilidade, fazendo
assim amigos, aprendendo a conviver, respeitar o direito e as normas já
estabelecidas dentro do convívio ao seu redor, dentro dos limites de sua condição
atual, assim fazendo sentido para a sua vida.
O jogo, segundo Cunha (1984), “o proporciona dor, aprender – fazendo e
brincando a criança formula seus concertos, adquire informações e supera
dificuldades de aprendizagem”. Na prática pedagógica, o jogo ajuda na
aprendizagem da criança, possibilitando ao educador tornar suas aulas mais ricas e
prazerosas. E insere essa experiência em sala para o educando será melhor de lidar
e trabalhar com as crianças.
1.4 O RECREIO COMO ESPAÇO DE SOCIALIZAÇÃO E CULTURAL
22
Está dimensão trata do aspecto relevante que o recreio traz com relação
sócio-cultural para a criança. Mas para isso, nada mais justo falarmos de autores
que tragam reflexões importantes e contribuições para a organização do tempo e
espaço da escola, dentro da frase lançada os autores serão: Arroyo (2004) Farias
Filho (2000), Dayrell (1996).
O conceito de espaço sócio-cultural segundo Dayell (1996) é a “ótica da
cultura“, que leva em conta o fazer cotidiano e o sujeito concreto. Este sujeito social,
cultural e histórico possui um importante papel no meio social.
A partir do momento que a escola considera seus alunos seres ativos, com
ações e relações sociais, culturais e históricos, possibilita um diálogo com o seu
cotidiano e com as marcas sociais a que eles pertencem.
Ao pensar em escola não devemos nos esquecer que esse espaço não deve
ser olhado como um lugar simplesmente de função disciplinadora, um lugar os
alunos têm seus espaços delimitados, suas assunções vigiadas. É preciso
compreender que à hora do recreio é um espaço de aprendizagem e de encontros
importantes para a vida do aluno.
Diferente dessa posição Faria Filho (2002) ressalta que o recreio, se
entendido como tempo improdutivo, torna-se útil à escola, à medida que atende as
intencionalidades da mesma. Desse modo, esse tempo e espaço escolar visam à
disciplina, a ordem dos corpos que nele estão presentes, para que possam
descansar e “recompor a bateria”, o que garantirá um melhor aproveitamento nos
estudos diante da continuidade do dia escolar.
1.5 O RECREIO COMO ESPAÇO DE CONFLITOS
Segundo o minidicionário Houaiss (2004) da Língua Portuguesa definiu o
conflito “como um efeito de divergência discussão”. Devemos considerar e ter ideia
da importância do ato de brincar, quando se trata da construção do desenvolvimento
integral da criança, é preciso observá-las no espaço com suas brincadeiras e se
fazer necessário a importância de intervir quando preciso, pois é nesse intervalo de
tempo que podemos ver na grande maioria das agressões entre as crianças.
Observando a personalidade e conhecimento prévio das crianças, é
importante que os educadores e profissionais da educação reflitam sobre a
23
necessidade de um olhar especial sobre o recreio, processo educativo agradável,
através do qual o conhecimento sobre cada criança se torna mais evidente diante da
observação, das situações e da agressividade nas brincadeiras.
Segundo Lima (1991), através da hora do recreio, a criança vai conhecer, vai
aprender e se construir como um ser pertencente a um grupo, esse brincar são que
vão possibilitar meios para a contribuição da identidade cultural dessa criança.
Enquanto ações humanas, vão gerar situações de construção, de significado, de
indagação e de transformação do mesmo.
São traves dessas indagações e seus conflitos que irão gerar atividades que
envolvem emoções, afetividade, estabelecimento e ruptura de laços e compreensão
da dinâmica interna que perpassa a ligação entre as pessoas. Nesse momento a
criança começa a liberar seus extintos, pelo qual se inflama por coisas pequenas,
gerando muitas das vazes conflitos desnecessários.
O recreio, além de provocar o prazer físico e emocional, de certa forma
também, faz com que a criança domine os impulsos agressivos, naturais da espécie
humana, os quais devem ser controlados e manipulados por ela, para que não sofra
uma carga de angústia. A agressão entre crianças parece ser inicialmente, uma
resposta à frustração. Bee (1986, p.67) diz que muitos pesquisadores distinguem
duas formas de agressão, vejamos:
A agressão instrumental é dirigida para alcançar uma
recompensa que não seja o sofrimento da outra pessoa. A
criança que toma o brinquedo de outra criança está mostrando
uma agressividade instrumental, se sua intenção foi ficar com o
brinquedo, e não ferir o companheiro. A agressão hostil, em
contraste, tem como objetivo atacar a outra pessoa.
Já para Machado (2002), “a agressividade da criança é inata, no entanto a
ação das pessoas, com as quais convivem, pode intensificá-la ou moderá-la, ou
seja, a educação imprópria provoca o seu descontrole”. Emoções que afloram na
agressividade podem ser consideradas normais, positivas e saudáveis, se levarem a
criança à independência pessoal. Caso essa agressividade não seja bem elaborada,
a criança começa a apresentar atitudes negativas, que chocam e até mesmo
magoam. Tais atitudes podem ser resultantes de problemas emocionais não
resolvidos e de orientações inadequadas.
1.6 O RECREIO COMO ESPAÇO DE DESENVOLVIMENTO FÍSICO
24
O recreio é um momento muito esperado para a criança que estar inserida
dentro do contexto escolar. São nessa hora que a criança vai liberar todas suas
forças e explorar seu mundo ao derredor. As crianças com idade entre 10 a 12 anos
estão em pleno crescimento físico e mental. O recreio proporciona a estas crianças
diversas brincadeiras, como: “pega- pega”, “esconde- esconde”, “corrida”, “futebol”,
“natação”, que estimula a criança no desenvolver dos músculos inferiores e
superiores, o cérebro. Estas atividades muitas vezes irão revelar talentos que não se
esperam.
O recreio escolar ajuda as crianças a se desenvolverem nas atividades
citadas acima, e muitas vezes revelam muitos talentos que geram grandes
felicidades para as crianças e seus pais. Para Collet (2008) as atividades físicas e
esportivas são consideradas importantes meios de promoção a saúde, no
desenvolvimento da personalidade dos indivíduos e da oportunidade de ascensão e
integração social.
Nas escolas há vários brinquedos e brincadeiras, tais como: roda, cabo de
guerra, corrida, etc. É o que Costa (1960, p. 12) destaca quando diz que “ao mesmo
tempo o recreio é salutar ao corpo: os músculos adestram-se, o organismo todo se
beneficia das exposições ao ar livre, da riqueza motora de alguns jogos, dos
movimentos a que se submete”.
A importância do mesmo é devido à dificuldade social. A violência que se tem
no Brasil atualmente aumenta porque muitas crianças não têm condições de ter uma
aula de natação, ou até mesmo do tão famoso futebol, e assim, o momento do
recreio na escola, juntos com os amiguinhos de classe e com outros, é um momento
essencial, onde à criança pode brincar pular, gastar a energia que ela tem, pois os
estudantes dessa idade têm muita energia e elas devem ser bem aproveitadas para
seu desenvolvimento físico.
Os espaços de lazer nas áreas de residência são cada vez menores e mais
perigosos (PEREIRA, 1993). Já os autores Pereira & Neto (1997) apontam para o
fato de que “recentemente tem existido, por parte das autarquias, preocupações no
sentido da construção de espaços nas zonas urbanas, nas escolas também é
necessário prestar grande atenção aos recreios, um espaço que tende a ser
esquecido como espaço pedagógico e de desenvolvimento da criança”.
Hoje em dia, devido o aumento da população, muitas crianças moram em
apartamentos ou em casas que não possui uma área de lazer para suas atividades
25
recreativas, assim torna-se o recreio escolar muito mais essencial na vida da
criança, na colaboração de suas atividades físicas na escola. Pois a prática
esportiva na vida de uma criança terá uma grande colaboração de promover o seu
desenvolvimento motor, fazendo assim com que a criança interaja com o meio que
estar inserida. Não devemos ignorar o brincar da criança nesse momento, a criança
desenvolve em seus atos de brincadeira na hora do recreio atividades que vão
possibilitar a criança um desenvolvimento físico.
2 AS PERCEPÇÕES DAS CRIANÇAS SOBRE AS DIMENSÕES NO RECREIO
Este trabalho é um estudo de caso, que segundo Triviños (1987), vai nos
informar o significado de estudo de caso é uma pesquisa qualitativa, onde há
técnicas de coleta de informações, o mais importante dela é a observação
participante, realizados no período de junho de 2009 a dezembro de 2009, na Escola
Rômulo Galvão, localizado no bairro de Pau da Lima.
Os sujeitos participantes deste trabalho foram cinco crianças do 4° ano do
Ensino Fundamental I, entre idade de 10 a 12 anos. São alunos moradores da
periferia de Salvador e anseiam por um recreio de melhor qualidade para atender
suas necessidades. Pois a maioria de seus pais não teve tempo para os estudos,
todavia tiveram, em sua época, tempo necessário para suas atividades lúdicas e
recreativas.
O instrumento utilizado para esta pesquisa foi um questionário contendo nove
questões. Sete questões abertas que foi direcionada a compreensão sobre o recreio;
e duas foram fechadas. Este questionário, antes de ser aplicado, foi elaborado
mediante as dimensões do recreio.
21 A ANÁLISE DOS DADOS
26
As respostas do questionário foram analisadas para verificar o significado do
recreio e das suas dimensões para as crianças. Para tanto foram levantadas
categorias que estão subdivididas, cada uma das respostas busca facilitarem a
análise das respostas das crianças.
As categorias são as seguintes: concepção de recreio para as crianças. Para
que serve o recreio? Esse tempo se faz necessário para vocês brincarem? Você
acha que através do recreio você aprende alguma coisa, além das brincadeiras? E
por quê? Essa aprendizagem é significativa? Para você, o professor deve participar
das atividades na hora do recreio? Com relação aos conflitos que ocorre no recreio,
o que você acha? E você acredita que na hora do recreio você tem algum
desenvolvimento físico?
Tabela 01 – Concepção de recreio para as crianças.
SUBCATEGORIAS
QUANTIDADE
%
Brinco
2
40
Descansar e relaxar
2
40
Momento agradável
1
20
TOTAL
5
100
Constatar-se que na tabela de n 01, 40% das crianças consideram o recreio
um espaço para brincar; para 40% o espaço serve para descansar e relaxar, e os
20% consideram o recreio um espaço de momento agradável.
Tem razão Donald Woods, psicanalista inglês (1896 – 1971), quando destaca
que toda criança que brinca é sinal de estar bem de saúde, e que essa criança
certamente terá mais disposição para realizar atividades lúdicas. O brincar na hora
do recreio pode até se detectar algum problema de saúde, já que toda criança
estabelece relações com os outros.
As que consideram o recreio como momentos agradáveis e relaxantes vão
além do que Santin (1994) entende. Para ele o lugar mais adequado para se
apreender o lúdico, sem dúvida, é no mundo da criança.
27
Desta forma o recreio pode ser visto como o grande laboratório, onde ocorre à
química lúdica, o grande palco, onde se constroem as grandes cenas de ludicidade.
E que através do brincar, e suas brincadeiras, é que a criança vai se socializar com
o meio. Conforme as falas das crianças o recreio significa:
Um momento onde fico mais próximo de meus amigos e uma
pausa nos estudos (aluno 1).
Momento muito agradável para mim, eu brinco e relaxo os
ossos (aluno 2).
Momento onde brinco com meus colegas (aluno 3).
Um momento de descanso da sala de aula e das atividades
(aluno 4).
Momento muito agradável para mim (aluno 5).
Observa se que segundo a percepção das crianças sobre a concepção do recreio estão
bem divididas ao desrespeito como momento de satisfação no que elas estão fazendo ao
relaxar.
Tabela 02 – Para que serve o recreio?
SUBCATEGORIAS
QUANTIDADE
%
Comer e merendar
3
40
Ver os colegas
1
20
Relacionar
1
20
TOTAL
5
100
Verifica-se que na tabela de n 02 que para 40% das crianças consideram o
recreio um momento de comer e merendar, 20% para ver os colegas e 20% para se
relacionar. Para as crianças o espaço do recreio serve para se relacionarem com
seus amigos e ver os colegas. Compreende-se que nessa hora do recreio as
crianças utilizam como um lugar de interação e socialização entre elas mesmas.
Esse tempo contribui na vida social da criança pelo fato de promover entre
elas a interação e o desenvolvimento de vínculos e marcas sociais. Fica bem
evidenciado na concepção de Ferreira (1999) que o recreio escolar ou intervalo das
aulas como um momento presente na vida de todo estudante e que é indispensável
na educação.
28
Segundo as expressões das crianças.
Para se divertir um pouco, comer um pouco, um espaço de
descanso da mente, para voltar à sala de aula (aluno 1).
Para brincar, merendar e descansar de tanto escrever (aluno
2).
Serve para atender minhas necessidades (aluno 3).
Ver os colegas (aluno 4).
Para me relacionar com meus amigos nas brincadeiras (aluno
5).
Para essas crianças fica evidente que à hora do recreio serve para muitas
coisas dentro de seu espaço lúdico. Motivo pelo qual devemos respeitar esse
momento de integração.
Tabela 03 – Esse tempo se faz necessário para você brincar?
SUBCATEGORIAS
QUANTIDADE
%
Sim
4
80
Não
1
20
TOTAL
5
100
Verifica-se que na tabela de n 03 que para 80% das crianças acham que o
tempo do recreio não é suficiente para brincar e 20% acham que o tempo é
suficiente para suas atividades recreativas. Costa (1960) ressalta que através do
recreio ao ar livre a criança vai estabelecer atividades que estimulam os músculos, o
organismo todo se beneficia das exposições ao ar livre, da riqueza motora de alguns
jogos, dos movimentos a que se submete.
Através do brincar a criança vai aprender a estabelecer vínculos em grupos e
construir sua identidade. Também vai favorecer para seu desenvolvimento físico na
prática de esportes na hora do recreio. Por isso que se faz necessário um tempo
maior para as crianças na hora do recreio.
Conforme as expressões das crianças:
29
20 minutos é o tempo oferecido pela minha escola, mas o
suficiente mesmo seria 1 hora (aluno 1).
20 minutos, mas não é muita coisa, pois não dar para quase
nada, quando você pensa que tem tempo, que nada o tempo já
acabou (aluno 2).
20 minutos, mas não dar para quase nada (aluno 3).
Não (aluno 4).
Não, temos que brincar rápido às vezes penso que esse é o
momento, mas chato, hora de ir para sala (aluno 5).
Observa-se que as percepções das crianças sobre o tempo consideram a
hora do recreio são bem enfatizadas que 20 minutos é um tempo insuficiente para
desenvolver as suas relações, aponto de destacar que este minuto de brincar não
dar para quase nada.
Tabela 04 – Através do recreio você aprende alguma coisa? Por quê?
SUBCATEGORIAS
QUANTIDADE
%
Brinco e aprendo
3
60
Novas brincadeiras
1
20
Não
1
20
TOTAL
5
100
Constata-se que na tabela de n 04 que 60% das crianças brincam e
aprendem na hora do recreio, 20% aprendem novas brincadeiras e para 20% das
crianças não há nenhuma aprendizagem.
O recreio como espaço facilitador da aprendizagem para a criança vai propor
a elas momentos significantes. Segundo Barros (2009) nos traz a importância de se
ter um tempo para o descanso, e que a criança que permanece muito tempo em sala
de aula provavelmente não conseguira assimilar muita coisa.
Conforme as expressões das crianças:
Só faço brincar e aprender também que os colegas podem se
machucar como aconteceu comigo, ou seja, limites. Assim
devemos brincar com moderação (aluno 1).
Aprendo com os meus colegas novas brincadeiras e ate
mesmo às vezes passamos um para o outro algumas
atividades que não sabemos, não entendemos ou não
pegamos (aluno 2).
30
Sim, ate porque eu quase não faço as atividades então
momento que utilizo para copiar as atividades que não terminei
de fazer (aluno 3).
Não, porque o tempo é muito pouco (aluno 4).
Sim, porque ao mesmo tempo brinco eu também estou
aprendendo alguma coisa (aluno 5).
Através das brincadeiras podem ser elaboradas atividades recreativas que
possam estimular nas crianças as competências de cada área e suas habilidades,
não podemos esquecer que a criança precisa do tempo para liberar suas agitações.
Quanto ao espaço do recreio para aprender as crianças enfatizam que só
fazem brincar como se o brincar não fosse um espaço de aprender.
Tabela 05 – Essa aprendizagem é significativa?
SUBCATEGORIAS
QUANTIDADE
%
Sim
4
90
Não
1
10
TOTAL
5
100
Verifica-se que na tabela de n 05 90% das crianças dizem que há
aprendizagem significativa no espaço do recreio, para 10% das crianças essa
aprendizagem não existe. A brincadeira seria uma das atividades de aprendizagem
importante na vida das crianças, assim vai relacionar o brinquedo com sua
aprendizagem, pois é através da brincadeira que as crianças expressarem a sua
forma de representação da realidade.
Segundo Sanches (2003) “toda aprendizagem só é autêntica quando
incorporada à nossa vida”. Portanto, aprender é modificar comportamento, que
acontece como resultado das tentativas que o ser humano faz para satisfazer seus
motivos internos. Ou seja, na hora do recreio as crianças têm a satisfação de estar
brincando, e além de brincarem também vão praticar atividades que possibilitem
melhora no desenvolvimento da aprendizagem.
31
Talvez este espaço seja mais um momento para a criação e elaboração de
suas imaginações, que as crianças através das brincadeiras e aprendizagem
transformar as experiências em aprendizagem significativa. Essa aprendizagem
significativa se dar por meio de novos conhecimentos que são
adquiridos
relacionam-se com o conhecimento prévio que o aluno possui.
Conforme as suas expressões das crianças:
É me torna uma criança mais cautelosa (aluno 1).
Sim, pois já consegue entender uma aula de matemática na
brincadeira de ludo (aluno 2).
Mais ou menos vamos mudar de assunto professora (aluno 3).
Não, porque o tempo é muito pouco (aluno 4).
Sim, pelo fato de em outro momento eu colocar em pratica
aquilo que aprendi (aluno 5).
Para quase a totalidade das crianças o recreio é um momento de
aprendizagem e de significado, cada uma de seu jeito.
Tabela 06 – O professor deve participar das atividades na hora do recreio?
SUBCATEGORIAS
QUANTIDADE
%
Não
4
80
Sim
1
20
TOTAL
5
100
Constata-se que na tabela de n 06 que para 90% das crianças os professores
não devem participar da hora do recreio, mas 10% preferem que os professores
participem. As crianças que não concordam com a participação dos professores no
recreio justificam que querem liberdade, querem fugir dos olhares dos professores.
Barros (2009) informa que é bom e importante que o professor participe da
hora do recreio, para direcionar algumas atividades recreativas, assim como evitar
transtornos que muitas vezes fazem parte desse momento.
Já as outras crianças que gostariam da presença dos professores, disseram
que com eles o recreio poderia ficar mais divertido, como também as brincadeiras
poderiam ser conduzidas por eles, dessa forma evitariam agressões e discussões
desnecessárias.
32
Conforme as expressões das crianças:
Não, porque ele também tem de descansar e se alimentar,
devido que minha turma da muito trabalho a professora (aluno
1).
Não, porque ela vai quere ficar regulando os alunos e também
ela deve descansar um pouco para quando voltarmos (aluno
2).
Não, porque ele deve descansar (aluno 3).
Não porque a maioria deles não gosta do recreio e são rígidos
(aluno 4).
Sim porque se eles quiserem participar não vejo nada demais
desde que eles não sejam rígidos (aluno 5).
Quanto à percepção das crianças sobre o participar ou não dos professores da hora
do recreio fica bem claro que as crianças que não preferem que esse professor não
participe podemos dizer que é atribuída ao espaço de estarem sós sem o auxílio de
um adulto para estar regulando suas atividades recreativas.
Tabela 07 – O que você acha dos conflitos que ocorrem no recreio?
SUBCATEGORIAS
QUANTIDADE
%
Ruins
2
40
Legais
1
20
Não me envolvo
2
40
TOTAL
5
100
Constata-se que na tabela de n 07 que para 40% das crianças não gostam
dos conflitos, 20% acha legal e para as outras 40% preferem não se envolve em
conflitos. Com base na dimensão de conflito podemos dizer que as brigas e
agressões que ocorre na hora do recreio são muitas vezes geradas por coisas
desnecessárias, que geram confusão e desconforto sem a mínima necessidade
entre as crianças. O meio e a convivência com atos como esses de confusão e
conflitos que se fazem desnecessários as crianças, pois podem causar futuramente
problemas em pessoas de personalidades frágeis.
33
Conforme as expressões das crianças:
Acontecem muitas brigas que são muitas das vezes geradas
por conflitos. Acho isso muito ruim, porque essas brigas
afastam os colegas (aluno 1).
Os conflitos que ocorre dentro da escola são brigas ruins. Isso
é uma coisa desnecessária, mas se você for ver, são mais os
meninos que brigam por qualquer coisa (aluno 2).
Professora nem me envolvo, pois eu não gosto destas
brincadeiras que geram conflitos que sempre gera briga e no
final só da confusão (aluno 3).
Algumas são legais (aluno 4).
Há algumas, mas prefiro não me envolver (aluno 5).
Segundo Machado (2002), a agressividade da criança é inata, no entanto a
ação das pessoas com as quais convivem pode intensificá-la ou moderá-la, ou seja,
a educação imprópria provoca o seu descontrole.
Ao final da pesquisa foi perguntado aos alunos: Você acredita que na hora do
recreio ocorreu algum desenvolvimento físico? Não foi necessária a oitava tabela,
pois as respostas do questionário foram unânimes, as crianças responderam que o
recreio é compreendido como espaço de desenvolvimento físico, e indicaram às
brincadeiras de corre-corre, esconde-esconde, pega-pega e outras brincadeiras
como as que mais proporcionam esse desenvolvimento. Vejam as respostas:
Sim, pois to correndo, termos de desenvolvimento físico (aluno
1).
Sim, temos praticamente aulas de física que nos mesmo
criamos para esticar as pernas (aluno 2).
Sim, para algumas crianças que correm, pulam, joga bola, mas
eu não sou muito de ficar correndo (aluno 3).
Claro que sim (aluno 4).
Sim. (aluno 5).
Para Costa (1960) a prática de exercício físico na hora do recreio vai
possibilitar as crianças desenvolvimento muscular nas atividades recreativas de
caráter esportivo, sem falar que além de ajudar a criança no seu desenvolvimento
físico, o recreio também vai possibilitar a promoção de uma boa saúde para elas.
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos estudos, foi feita uma reflexão sobre a importância da hora do
recreio, e compreender esse momento, além das dimensões proposta, vale ressaltar
que o recreio é um momento de encontro significante. Espaço de aprendizagem,
espaço de brincar pelo brincar, espaço dos brinquedos, espaço de socialização,
espaço de conflitos e espaço de desenvolvimento físico.
Para pensar o recreio, como tempo e espaço no quais as crianças se
socializem e construam novos pensamentos, são necessários novos conceitos de
compreender e lidar, coletiva e individualmente, as relações em grupo.
A escola como espaço sócio-cultural deve procurar resgatar o papel social e
cultural das crianças através do recreio, de maneira que se possa compreender esse
processo partindo da valorização das ações e sentimentos significativos para a
criança.
Não queremos propor nenhum tipo de postura para o recreio, mas também
não queremos assumir um recreio “burocrático”, que atende aquela velha rotina da
fila na cantina, fila no banheiro, e ao ouvi o sinal, mais outra fila para entra na sala.
Sem notar ou explorar a riqueza e experiência que se faz presente no convívio e no
brincar com outras crianças.
Verificamos que as crianças que participaram do questionário acreditam que o
recreio é um momento agradável, que possibilita para elas momentos de descanso,
agradável e de brincadeira.
Devemos durante o intervalo escolar valorizar e não desvalorizar o ato do
brincar, que a desvalorização pode trazer prejuízos de ordem emocional e física
para as crianças. Estando atentos a isso, pais e educadores devem incentivar as
brincadeiras e o espaço recreativo das crianças.
De tal forma que esse espaço seja oportuno para a formação das crianças,
que necessita de tempo e espaço no intervalo entre as aulas, fazendo desse
momento, mas uma aprendizagem, pois o aprender não se limita apenas a uma sala
de aula, mas o prazer na hora do recreio, como espaço lúdico vai proporcionar as
crianças novos conhecimentos.
Entretanto é papel da escola colaborar para o brincar, como um elemento que
acrescenta no processo metacognitivo e de aprendizagem das crianças. Por tanto a
35
escola necessita propiciar um espaço adequado que permita e colabore
significamente para o desenvolvimento das crianças.
36
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mestrado em Ciências da Educação, Metodologia da Educação Física, Faculdade de
Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa: [S. n.], [1993].
PEREIRA, B. O. e Neto, C. A infância e as práticas lúdicas. Estudo das atividades de
tempos livres nas crianças dos 3 aos 10 anos. In PINTO, M. & Sarmento, M. A
infância, Contextos e Identidades. Braga: Edições do Centro de Estudos da
Criança, [1997]. p. 219-264. (Coleção Infantis).
PIAGET, J. Afirmação do símbolo na criança: imitação. Jogo e sonho. Imagem e
representação. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1990.
PULASKI, M. A. S. Piaget: perfil biográfico. Compreendendo Piaget: uma
introdução ao desenvolvimento cognitivo da criança. Zahar Editora, 1980.
RAMOS, Maria da Conceição Aparecida Leira. Jogar e brincar: representando
papéis, a criança constrói o próprio conhecimento e, conseqüentemente, sua própria
personalidade. [Santa Catarina]: Instituto Catarinense de Pós-Graduação, [20--?].
RAPPAPORT, C. R. Modelo piagetiano. In: RAPPAPORT; FIORI; DAVIS. Teorias
do Desenvolvimento: conceitos fundamentais. v. 1. EPU, 1981. p. 51-75.
ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Aprender tem que ser gostoso.Petrópolis , RJ:
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pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas 1987.
38
WALLON, Henri. Uma nova a concepção dialética do desenvolvimento infantil.
Petrópolis: vozes, 1995.
39
APÊNDICES
Nome: Thiago
Idade: 10 anos
Serie: 4ª série
QUESTIONARIO
1)
O que você acha o que seja o recreio?
É um momento onde fico mais próximo de meus amigos e uma pausa nos estudos.
2)
E em sua opinião para que serve o recreio?
Para se divertir um pouco, comer um pouco que é um reforço e descansar um pouco
a mente para volta à sala de aula.
3)
O que você faz no recreio?
É bom, brincar com seus amigos, corremos bastante.
4)
Há tempo necessário para vocês brincarem?
20 minutos, que é o tempo oferecido pela minha escola. Mas o suficiente mesmo
seria uma hora.
5)
Você acha que através do recreio você aprende alguma coisa alem das
brincadeiras? O quê?
Só faço brincar e aprender também que os colegas podem se machucar como
aconteceu comigo, ou seja, limites. Assim devemos brincar com moderação.
6)
E essa aprendizagem é significativa?
É me torna uma criança mais cautelosa.
7)
Para você o professor deve participar das atividades na hora do recreio?
Por quê?
Não, porque ele também tem de descansar e se alimentar, devido que minha turma
da muito trabalho a professora.
8)
E com relação aos conflitos que ocorre no recreio o que você acha?
Acontecem muitas brigas. Acho isso muito ruim, devido que essas brigas afastam os
colegas.
9)
Você a credita que na hora do recreio você tem algum desenvolvimento
físico?
Sim, pois to correndo, não só em termos de desenvolvimento físico.
40
Nome: Camila
Idade: 10 anos
Serie: 4ª série
QUESTIONARIO
1)
O que você acha o que seja o recreio?
Momento muito agradável para me, eu brinco e relaxo os ossos.
2)
E em sua opinião para que serve o recreio?
Para brincar, merendar, descansar de tanto escrever.
3)
O que você faz no recreio?
Brinco de varias coisas uma delas corrida, esconde, esconde, pula cordas.
4)
Há tempo necessário para vocês brincarem?
20 minutos. Mas não é muita coisa, pois não dar para quase nada quando você
pensa que tem tempo que nada o tempo já acabou.
5)
Você acha que através do recreio você aprende alguma coisa alem das
brincadeiras? O quê?
Aprendo com os meus colegas novas brincadeiras e ate mesmo às vezes
passamos um para o outro algumas atividades que não sabemos, não entendemos
ou não pegamos.
6)
E essa aprendizagem é significativa?
Sim, pois já consegue entender uma aula de matemática na brincadeira de ludo.
7)
Para você o professor deve participar das atividades na hora do recreio?
Por quê?
Não, porque ela vai quere ficar regulando os alunos e também ela deve descansar
um pouco para quando voltarmos.
8)
E com relação aos conflitos que ocorre no recreio o que você acha?
Acontecem muitas brigas. Isso é uma coisa desnecessária, mas se você for ver são,
mas os meninos que brigam por qualquer coisa.
9)
Você a credita que na hora do recreio você tem algum desenvolvimento
físico?
Sim, temos praticamente aulas de física que nos mesmo criamos para esticar as
pernas.
41
Nome: Marlon
Idade: 11 anos
Serie: 4ª série
QUESTIONARIO
1)
O que você acha o que seja o recreio?
Momento onde brinco com meus colegas.
2)
E em sua opinião para que serve o recreio?
Serve para atender minhas necessidades
3)
O que você faz no recreio?
Para eu brincar, me divertir, merendar, beber água e ir ao banheiro.
4)
Há tempo necessário para vocês brincarem?
20 minutos, mas não dar para quase nada.
5)
Você acha que através do recreio você aprende alguma coisa alem das
brincadeiras? O quê?
Sim, até porque eu quase não faço as atividades então momento que utilizo para
copiar as atividades que não terminei de fazer.
6)
E essa aprendizagem é significativa?
Mais ou menos vamos mudar de assunto professora.
7)
Para você o professor deve participar das atividades na hora do recreio?
Por quê?
Não, porque ele deve descansar.
8) E com relação aos conflitos que ocorre no recreio o que você acha?
Professora nem me envolvo, pois eu não gosto destas brincadeiras algumas são de
briga e no final só da confusão.
9)
Você a credita que na hora do recreio você tem algum desenvolvimento
físico?
Sim para algumas crianças que correm, pulam, joga bola, mas eu não sou muito de
ficar.
42
Nome: Maria Celeste
Idade: 12 anos
Serie: 4º ano
QUESTIONARIO
1) O que você acha o que seja o recreio?
Um momento de descanso da sala de aula e das atividades.
2)
E em sua opinião para que serve o recreio?
Ver os colegas.
3)
O que você faz no recreio?
Lancho e bato papo.
4)
Há tempo necessário para vocês brincarem?
Não
5)
Você acha que através do recreio você aprende alguma coisa alem das
brincadeiras? E por quê?
Não, porque o tempo é muito pouco.
6)
E essa aprendizagem é significativa?
Não há aprendizagem só bate papo.
7)
Para você o professor deve participar das atividades na hora do recreio?
Por quê?
Não porque a maioria deles não gosta do recreio e são rígidos.
8)
E com relação aos conflitos que ocorre no recreio o que você acha?
Algumas são legais
9)
Você a credita que na hora do recreio você tem algum desenvolvimento
físico?
Claro que sim
43
Nome: Daniel
Idade: 12 anos
Serie: 4º ano
QUESTIONARIO
1) O que você acha o que seja o recreio?
Momento muito agradável para me.
2) E em sua opinião para que serve o recreio?
Para me relacionar com meus amigos nas brincadeiras.
3) O que você faz no recreio?
Brinco com os colegas e merendo.
4) Há tempo necessário para vocês brincarem?
Não, temos que brincar rápido às vezes penso que esse é o momento, mas chato,
hora de ir para sala.
5) Você acha que através do recreio você aprende alguma coisa alem das
brincadeiras? E por quê?
Sim, porque ao mesmo tempo brinco eu também estou aprendendo alguma coisa.
6) E essa aprendizagem é significativa?
Sim, pelo fato de em outro momento eu colocar em pratica aquilo que aprendi.
7) Para você o professor deve participar das atividades na hora do recreio?
Por quê?
São porque se eles quiserem participar não vejo nada demais desde que eles não
sejam rígidos.
8) E com relação aos conflitos que ocorre no recreio o que você acha?
Há algumas, mas prefiro não me envolver.
9) Você a credita que na hora do recreio você tem algum desenvolvimento
físico? Sim
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ana carla souza dos santos