XX Diário Económico Quarta-feira 18 Abril 2012 N OVA S E N E R G I A S Empresa de renováveis já está no espaço A Sinergiae estabeleceu uma parceria com a Agência Espacial Europeia e agora é fornecedora de primeira linha. ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE [email protected] Empresa investe 5% em investigação O grupo SINERGIAE investe cerca de 5% do equivalente em facturação anual no departamento SPACE & TECHNOLOGY e deste montante cerca de 60% é alocada à área espacial, sendo os restantes 40% à área de desenvolvimento em soluções fotovoltaicas. Um investimento ao qual se adicionam os “projectos co-financiados pelos fundos europeus que representam uma parcela significativa do investimento anual do departamento, salienta José Pimentão. ■ O que é o crióstato O crióstato pretendeu (nesta como em todas as missões espaciais) ser o instrumento crítico e central onde se integram e se mantêm a temperaturas quase de 0 absoluto (-273,15 ºC) a todos os componentes científicos, desde sensores a todos os instrumentos de captação de sinal vindo do espaço. José Pimentão, CEO da Sinergiae Não estamos apenas no “pensar” e dimensionar, trata-se também da concepção real dos protótipos e peças definitivas para embarcar em sondas da Agência Espacial Europeia. Renováveis entre as empresas mais inovadoras Os últimos números do Instituto Nacional de Propriedade Industrial, a entidade que regista novas patentes assinala quantro grandes áreas como as mais dinâmicas, concretamente a de necessidades humanas (23%), física (21%), operações de produção e transportes (16%), engenharia mecânica e química/metalurgia (11% cada). Nos quatro ‘hot spots’ da inovação acima referenciados estão as telecomunicações, nanotecnologias e as energias renováveis). Portugal está desta forma a acompanhar uma tendência internacional onde as áreas consideradas da inovação e com maior expressão em termos de pedidos de patentes são também as telecomunicações, nanotecnologias e energias renováveis. Uma análise aos números ao nível dos pedidos de direitos de incidência tecnológica – patentes e modelos de utilidade – também se verificou um acréscimo considerável, onde as empresas do sector de energias renováveis têm contribuído decisivamente. Desde 2005, as taxas anuais de crescimento dos pedidos de registo de patentes e modelos de utilidade, têm sido bastante significativas, superiores a 14%. Nos anos de 2008 e 2009, este acréscimo foi ainda mais marcante, registando-se taxas de crescimento da ordem dos 40%. Em 2010, verificou-se uma quebra no crescimento, notoriamente o reflexo da crise económica. No entanto os dados provisórios de 2011, apontam para uma recuperação, o número de pedidos deverá ficar muito próximo do verificado em 2009. Bruno BArbosa É conhecida a aposta das empresas de energias renováveis na inovação para conquistarem quota de mercado à escala global. Aliás, a esmagadora maioria das empresas está em verdadeiros processos de internacionalização. Mas há uma que se destaca entre todas, a Sinergiae. A empresa de Coimbra está desde 2007 a trabalhar em parceria com a Agência Espacial Europeia para a concepção e dimensionamento do crióstato da sonda PILOT, gerida pelo CNES (Centre Nacional d’ Études Spaciales) em Toulouse (ver o que é o crióstato). Mas agora deu mais um passo de gigante na consolidação de competência. A empresa passou a ser considerada fornecedor de primeira linha de componentes hardware para missões espaciais. José Pimentão, CEO da empresa, em declarações ao Diário Económico, enfatiza a importância desta conquista ao referir: agora “não estamos apenas no “pensar” e dimensionar, trata-se também da concepção real dos protótipos e peças definitivas para embarcar em sondas da Agência Espacial Europeia”. E questionado sobre novos projectos com aquela instituição não esconde novidades para os próximos tempos. Uma aposta que está a ter os seus resultados e que obrigou a uma revisão do “plano de expansão no sentido de evoluir nesta área de negócio complexa e de difícil penetração”, como avançou o responsável da empresa. Por isso mesmo, e quando questionado sobre a avaliação da parceria estabelecida, não hesitou em considerá-la como “muito positiva”. “Ainda recentemente, numa deslocação ao evento internacional do AerospaceDay em Paris, abordámos possibilidades de inúmeras parcerias com entidades Europeias e não só”, exemplifica o empresário. E questionado sobre as qualificações das equipas salienta que “os graus académicos são sempre superiores ao Mestrado”. E remata, afirmando que desde 2007 a empresa criou a infraestrutura para poder dar resposta a outros projectos na área espacial, “algo que desde muito cedo foi condição estruturante para a nossa evolução, dito isso é evidente que desde cedo se têm criado novas parcerias”, salienta.