Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias - Português
Ensino Fundamental, 9° Ano
Narração em 1ª pessoa e 3ª pessoa
LÍNGUA PORTUGUESA, 9º Ano do Ensino Fundamental
Narração em 1ª e 3ª pessoa
A NARRAÇÃO
Imagem: Ziki-C / GNU Free Documentation
License
Aprendemos que a narração é o relato de
acontecimentos reais ou não, com a participação de seres
chamados de personagens, cujas ações são contadas pelo
Narrador.
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
Imagem: Thomasseagle / GNU Free Documentation License
O narrador é importante para a compreensão
da história, pois é seu papel colocar o leitor a par
dos acontecimentos da narração.
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
O narrador não existe fisicamente, é um
“ser de papel”, criado pelo autor do texto.
Imagem: Tim Pierce / Creative Commons Attribution 2.0 Generic
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
Imagem:Jean-Honoré Fragonard,Reading woman, 1776 / United
States Public Domain
O narrador pode estar envolvido nos fatos
narrados ou não. O seu posicionamento em relação
aos fatos é chamado de Foco Narrativo.
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
Imagem: Livraria Garnier / United Satates Public Domain
A narração cujo narrador participa dos
fatos é chamada de Narração em 1ª pessoa.
A narração feita por
um narrador que não
participa dos fatos, mas que
os observa, é denominada
de Narração em 3ª pessoa.
Considerado o primeiro
romance romântico brasileiro
propriamente
dito,
A
Moreninha (1884) pode ser
considerado um exemplo de
narrativa em 3ª pessoa.
Imagem: Joaquim Manuel Macedo/A Moreninha,1844/ Editora Moderna,São
Paulo / http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=2918
3731&sid=1342201091494354924155846
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
LÍNGUA PORTUGUESA, 9º Ano do Ensino Fundamental
Narração em 1ª e 3ª pessoa
A NARRAÇÃO EM 1ª PESSOA
Ocorre quando a narrativa é contada por alguém que
participa dos fatos, ou melhor, o narrador participa dos
acontecimentos da história (narrador-personagem).
Meu avô me levava sempre em suas visitas de
corregedor às terras de seu engenho. Ia ver de perto os seus
moradores, dar uma visita de senhor nos seus campos. O velho
José Paulino gostava de percorrer a sua propriedade, de andá-la
canto por canto, entrar pelas suas matas, olhar as suas
nascentes, saber das precisões de seu povo, dar os seus gritos
de chefe, ouvir queixas e implantar a ordem. Andávamos muito
nessas suas visitas de patriarca.
(REGO, J.L. Menino de engenho.30. ed. Rio de Janeiro: José Olympio,1994, p. 25 )
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
A NARRAÇÃO EM 1ª PESSOA
Em Drácula, de Bram Stoker,
a narrativa é feita em primeira
pessoa, não pelo Conde Drácula,
personagem principal da narrativa,
mas sim por suas vítimas.
Imagem:http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro
:Dracula1st.jpeg
O narrador em 1ª pessoa tem, portanto, uma
dupla função, ou seja, é narrador e personagem ao
mesmo tempo. Geralmente, ele é o protagonista, mas
pode aparecer como personagem secundária.
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
Na narração em 1ª pessoa, sabemos dos fatos
por meio de um narrador que também é personagem
da história.
Ainda não vi o conde à luz do dia. Será que ele dorme
quando todo mundo está acordado e acorda quando os outros
dormem? Como a porta de seu quarto vive trancada, só há um meio
de descobrir a resposta.
Aproveitando a coragem que me restava, decidi sair de
meus aposentos pela janela e, agarrando-me nas grandes pedras da
parede, descer até o andar onde meu anfitrião estava instalado.
(STOKER, Bram. Drácula.São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1997,p.19-24.)
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
O ângulo de visão da narração em 1ª pessoa é
limitado por aquilo que o narrador presencia ou
deseja revelar ao leitor.
Observe o texto:
[...] Ao entrar pela janela de seu quarto, para meu espanto,
encontrei-o vazio. Havia uma porta pesada num dos cantos. Abri-a e
deparei-me com uma escada em caracol, que me conduziu a uma
velha capela em ruínas.
Senti um forte cheiro de terra e constatei que o chão acabara
de ser cavoucado, e a terra dali retirada servira para encher os
grandes caixões de madeira que os eslovacos tinham trazido.
(STOKER, Bram. Drácula.São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1997,p.19-24.)
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
Assim, na narrativa em 1ª pessoa, nem todos
os fatos narrados ou informações dadas pelo narrador
conduzem à “verdade”, pois seu relato é marcado por
sua opinião e julgamentos.
[...] Tratei de examiná-los, contando cinquenta no total, e
então vi uma coisa que me horrorizou: o conde deitado sobre a terra,
dentro de um caixão.
Parecia jovem, pois seus cabelos brancos ganharam um tom
cinza-chumbo e os lábios estavam vermelho-sangue. Um sorriso
zombeteiro pairava sobre seu rosto inchado.
(STOKER, Bram. Drácula.São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1997,p.19-24.)
A narração em 1ª
pessoa é muito comum na
conversa diária, quando
contamos um fato do qual
também
fomos
participantes.
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
A NARRAÇÃO EM 3ª PESSOA
Na narrativa em 3ª pessoa, o narrador conta a
ação do ponto de vista de quem vê o fato acontecer.
Entretanto, o contador do caso não participa da ação.
Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava
era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão,
suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não
lhe pisava o pé não. [...] Tinha aqueles cambões pendurados ao
pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinhá Vitória dormia mal na
cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam
pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 23. ed. São Paulo: Martins, 1969. p. 75.)
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
A narrativa é contada por alguém que
presenciou o fato ou que tomou conhecimento dele
por outra maneira. Neste caso, o narrador pode
assumir duas posições diante do que está narrando:
A ONISCIÊNCIA
A OBSERVAÇÃO
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
A ONISCIÊNCIA
Ele tudo sabe, tudo conhece,
inclusive o interior dos personagens.
Analisa e critica o que quiser. É o
chamado Narrador Onisciente.
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
Na narrativa em 3ª pessoa, o narrador pode
ter uma visão total de todos os ângulos da história
e das personagens. Quando isso ocorre, dizemos
que o narrador é Onisciente.
Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava
certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e
arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a
repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do
encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma
provinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na
direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda
Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.
ASSIS, Machado de. A cartomante. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p.3.
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
O narrador onisciente pode descrever
sentimentos ou pensamentos das personagens ou
até mesmo fatos simultâneos.
Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete,
mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas; ou
então — o que era ainda pior — eram-lhe murmuradas ao ouvido,
com a própria voz de Vilela. "Vem já, já, à nossa casa: preciso falar-te
sem demora.". Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de
mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da
tarde.
ASSIS, Machado de. A cartomante. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p.3.
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
A OBSERVAÇÃO
Ele conhece os fatos, mas limita-se
apenas a contá-los. Não invade o interior
das personagens para analisar e criticar
sentimentos e comportamentos. É o
Narrador Observador.
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
Podemos também encontrar na narrativa em
3ª pessoa o narrador que presencia a história mas,
ao contrário do narrador onisciente, não tem acesso
à totalidade dos fatos. Trata-se do narrador
observador.
O sono do líder é agitado. A mulher sacode-o até acordá-lo
do pesadelo. Estremunhado, ele se levanta, bebe um gole de água.
Diante do espelho refaz uma expressão de homem de meia-idade,
alisa os cabelos das têmporas, volta a se deitar. Adormece e a
agitação recomeça.[...]
(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo: Siciliano, 1992.)
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
O narrador observador comporta-se como
uma testemunha ocular que relata as ações que
enxerga a partir do seu ângulo de visão.
O sono do líder é agitado. A mulher sacode-o até acordá-lo do
pesadelo. Estremunhado, ele se levanta, bebe um gole de água.
Diante do espelho refaz uma expressão de homem de meia-idade,
alisa os cabelos das têmporas, volta a se deitar. Adormece e a
agitação recomeça.[...]
(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo: Siciliano, 1992.)
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
Atividade
Exibição do curta “Clandestina Felicidade”, no qual é feita
uma livre adaptação do conto “Felicidade Clandestina”, de Clarice
Lispector. O curta encontra-se disponível no site:
http://www.portacurtas.com.br/filme/?name=clandestina_felicidade
http://www.portacurtas.com.br/filme/?name=clandestina_felici
dade
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
Após a exibição, pedir
aos alunos que contem a história
da personagem apresentada no
filme utilizando a narrativa em
terceira pessoa. Após a leitura
das histórias produzidas pelos
alunos, o(a) professor(a) poderá
fazer
a
leitura
do
conto
“Felicidade Clandestina” e, após
a leitura, iniciar uma discussão
sobre as mudanças ocorridas na
história a partir da opção pela 1ª
ou 3ª pessoa na narrativa.
Imagem: The people from the Tango! Project / Creative Commons
Attribution-Share Alike 3.0 Unported license.
PRODUÇÃO DE TEXTO
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
DICA DE CINEMA
Para refletir sobre a narração de histórias, assista a:
A pequena cidade de Javé será submersa
pelas águas de uma represa. Seus moradores não
serão indenizados e não foram sequer notificados
porque não possuem registros nem documentos das
terras. Inconformados, descobrem que o local
poderia ser preservado se tivesse um patrimônio
histórico de valor comprovado em "documento
científico". Decidem, então, escrever a história da
cidade - mas poucos sabem ler e só um morador, o
carteiro, sabe escrever.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Narradores_de_Jav%C3%A9
Imagem:Narradores de Javé/Bananeira Filmes
/GullaneFilmes/Lateritroductions/http://pt.wikip
edia.org/wiki/Ficheiro:Narradores_de_Jav%C3
%A9.jpg
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
PELA INTERNET
Para conhecer o trabalho de escritores
consagrados e de novos nomes da literatura brasileira e
estrangeira, acesse o site:
Imagem: Greg Henshall / public domain
http://www.releituras.com
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Narração em 1ª e 3ª pessoa
BIBLIOGRAFIA
ASSIS, Machado de. A cartomante. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.
________________. Dom Casmurro. Klick Editora para o jornal O Estado de São Paulo, Maio de
1997.LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo: Siciliano, 1992.
REGO, J.L. Menino de engenho.30. ed. Rio de Janeiro: José Olympio,1994.
________________. Vidas Secas. 23. ed. São Paulo: Martins, 1969.
STOKER, Bram. Drácula.São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1997.
Sites Consultados:
http://www.portacurtas.com.br/filme/?name=clandestina_felicidade]. Acesso em: 23/05/2012
http://www.releituras.com . Acesso em : 23/05/2012
http://pt.wikipedia.org. Acesso em : 23/05/2012
Tabela de Imagens
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Ziko-C/GNU Free Documentation License
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Thomasseagle /GNU Free Documentation
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Tim Pierce/Creative Commons Attribution
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Jean-Honoré Fragonard,Reading woman,
1776/United States Public Domain
Livraria Garnier/United Satates Public
Domain
Joaquim Manuel Macedo/A
Moreninha,1844/ Editora Moderna,São
Paulo/
Szumyk/United States Publoc Domain
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Infrogmation/United Sates Public Domain
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Commons Attribution-Share Alike 3.0
Unported license.
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peg
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Tabela de Imagens
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Narradores de Javé/Bananeira Filmes /
Gullane Filmes / Laterit Productions
Greg Henshall/public domain
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