CAEPM – Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing
Área de Conhecimento: Comunicação, Propaganda e Marketing
NEsCAU - Núcleo de Estudos da Comunicação no Ambiente Urbano
Comunicação Visual Urbana
Avenida Bento Gonçalves – Porto Alegre
Relatório de Pesquisa
Versão 2.0
Porto Alegre
Maio . 2009
Componentes do NEsCAU
Fase relatório final
Profa. Ágata Tinoco (ESPM São Paulo)
Profa. Carolina Bustos (ESPM Porto Alegre)
Prof. Eduardo Benzatti (ESPM São Paulo)
Prof. Fabiano Scherer (ESPM Porto Alegre)
Prof. Fernando Bakos (ESPM Porto Alegre)
Todo cidadão e cidadã tem direito a um entorno urbano presidido pela beleza.
(José Teixeira Coelho)
SUMÁRIO
ATUALIZAR O SUMÁRIO APÓS TODAS AS INFORMAÇÕES SEREM INSERIDAS.
1. INTRODUÇÃO 6
2. OBJETIVOS JUSTIFICADORES DA PESQUISA 14
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15
3.1. PERCEPÇÃO VISUAL AMBIENTAL 15
3.1.1. PERCEPÇÃO AMBIENTAL URBANA 17
3.2. DESIGN UNIVERSAL 27
3.2.1. FONTES DE ESTÍMULOS E REFERÊNCIAS PERCEPTIVAS 30
3.2.2. CONCEITOS DE ROTAS E MARCOS (RUTES AND LANDMARKS) 31
3.3. UM OLHAR ANTROPOLÓGICO 36
3.3.1. PROBLEMATIZAÇÃO 36
4. MÉTODOS DE PESQUISA 38
4.1. MÉTODO DE LEVANTAMENTO VISUAL AMBIENTAL 38
OPERACIONALIDADE DO EXPERIMENTO NA AV. BENTO GONÇALVES 42
ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 43
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS 49
4.2. MÉTODO DE ANÁLISE DA FORMA URBANA 50
APLICAÇÃO DO MÉTODO 55
4.3. MÉTODO PARA FORMULAÇÃO DE CENAS URBANAS 62
OPERACIONALIDADE DO EXPERIMENTO NA AV. BENTO GONÇALVES 66
ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 69
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS 75
4.4. MÉTODO DESIGN UNIVERSAL 78
OPERACIONALIDADE DO EXPERIMENTO NA AV. BENTO GONÇALVES 80
ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 81
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS 81
4.5. ANÁLISE DE DADOS ANTROPOLÓGICOS 82
ANÁLISE QUANTITATIVA DOS RESULTADOS 2008-2 83
5. PRODUTOS RESULTANTES DA PESQUISA 93
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 98
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 100
8. ANEXOS 105
8.1. AGENTES / INTERLOCUTORES 105
8.2. LEI “CIDADE LIMPA” 107
8.3. ESTUDO DO IMPACTO DA LEI “CIDADE LIMPA” 125
8.4. 1º FÓRUM SOBRE COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE URBANO 129
8.5. ARTIGO NA MIDIA SOBRE O 1º FORUM 140
8.6. LEVANTAMENTO VISUAL – PROCEDIMENTO DOS PERCEPTORES NO LOCUS 141
8.7. DADOS UTILIZADOS PARA A ANÁLISE DA FORMA URBANA 145
8.8. QUESTIONÁRIO DESIGN UNIVERSAL 161
8.9. QUESTIONÁRIO CENAS URBANAS 164
8.10. TABULAÇÃO DOS DADOS DO MÉTODO CENAS URBANAS 169
8.11. ARTIGO APRESENTADO NO CONGRESSO P&D/2008 182 Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26
* 5
1. INTRODUÇÃO
Em 2006, dia 26 de setembro, uma lei que bane os outdoors e regulamenta os
letreiros nas fachadas das casas comerciais foi aprovada pela Câmara Municipal
de São Paulo. Apelidada de Lei Cidade Limpa seus objetivos pareciam bons
demais para virar realidade, no entanto, seus efeitos já se tornam visíveis.
Existe atualmente uma problemática perceptível na construção urbana: a comunicação visual. Em grandes cidades, ela é potencializada por vários fatores, em
especial, a pulverização de áreas comerciais acompanhada da competição pela
atenção do olhar do passante. São Paulo é um exemplo de cidade construída a
partir de um modelo que extrapolou, em certo momento, qualquer planejamento
inicial – o próprio comércio, no início do século XX concentrado na região central, misturou-se com zonas residenciais. O desdobramento dos interesses particulares, sobrepondo-se aos coletivos, levou a uma situação paradoxal, ou seja,
a comunicação visual encobriu os elementos urbanísticos da paisagem, tornando-se ela mesma a paisagem, e, no extremo, perdendo sua função original, que
seria de comunicar. De modo progressivo, imperceptivelmente, a cidade passou
a viver esta experiência de forma intensa, a tal ponto de confundir o conceito de
comunicação visual com o de poluição visual.1
No município de São Paulo, essa confusão motivou por parte do poder executivo
local uma decisão unilateral concretizada na “Lei Cidade Limpa”2. A polêmica
suscitada foi o mote de partida para a pesquisa aqui apresentada. É inegável
que, do ponto de vista do passante, após pouco mais de dois anos da sua efetiva aplicação, a lei gerou uma sensação positiva de ordem estética – considerando o que é veiculado pelos meios de comunicação.
1
Certamente, para estruturar um pensamento mais elaborado sobre esse assunto, ao longo da
pesquisa serão respondidas questões como: o que é considerado poluição visual? Em que área
estamos lidando com esta palavra, e a partir de quais categorias? Existe uma definição específica de poluição visual? (o relatório final irá conter um glossário em anexo).
2
Lei Municipal nº 14.223 de 2006 (em anexo).
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* 6
Nas palavras do arquiteto urbanista Sylvio Sawaya:
De repente, como num passe de mágica, a cidade volta a ter sua arquitetura. A
retirada dos grandes painéis de propaganda permitiu isso. Eram tão imensos
que a medida provocou um impacto no uso da cidade e uma certa desorientação. As referências de percurso mudaram. A medida não foi excessiva. Excessiva era a apropriação indevida do espaço público visual. A recomposição das fachadas começou imediatamente, sobretudo com o colorido intenso que vem surgindo. Velhas fachadas, muito trabalhadas, voltaram à luz; deterioradas, serão
restauradas e, lindas, darão testemunhos de épocas passadas encobertas.3
Mas a paisagem do ambiente urbano não é composta somente de edificações.
Silhuetas, áreas verdes, veículos e pessoas, sinalização e mobiliário, pisos e
visuais, luz e sombra igualmente se constituem em referências urbanas do cotidiano de cada pessoa. Neste contexto, não se pode “culpar” somente a publicidade externa pelo caos visual, no entanto, em São Paulo ela se tornara um sinalizador de algo maior - a falta de um controle eficaz que fosse capaz de regulamentar os excessos. É interessante conhecer os bastidores de como a Lei Cidade Limpa pôde vir à luz através da narrativa de Leão Serva, assessor de imprensa da Prefeitura de São Paulo, em livro lançado em junho de 2008. Segundo o autor, apesar da “tolerância zero” com os elementos publicitários, ela não
foi autoritária e sim houve espaço para debate com os segmentos envolvidos –
entre a apresentação do projeto da lei à Câmara e sua efetiva aprovação passaram-se três meses. O autor faz questão de frisar, em vários trechos, que a população é muito receptiva à lei:
A idéia do combate à poluição visual, em São Paulo, pertence aos moradores da
cidade. É dessas idéias que germinam mas ficam latentes, cada um pensando
em seu canto, até que afloram em um momento propício, muitas vezes se tornando uma tendência massiva. Vem do fato antigo de que incomoda os paulistanos a triste fama de que nossa cidade sobressai entre as mais poluídas do
mundo … Mas não se conformam. Desejam acabar com isso, superar a sujeira.
3
http://www6.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/cultura/imprensa/0436 acesso em 14/07/2008.
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* 7
(2008: 16)
Serva ressalta que os meios de comunicação tiveram um papel fundamental ao
divulgar o projeto e comentá-lo favoravelmente.
Por nosso lado, como habitantes de São Paulo, notamos alguns reversos da
moeda ao nos depararmos, por exemplo, com dificuldades de localização de
estabelecimentos comerciais e de serviços durante o período no qual os letreiros
que os identificavam foram retirados4. A exposição do que estava escondido por
trás deles foi por algum tempo uma agressão visual e ela está rapidamente sendo atenuada por atitudes dos proprietários dos imóveis (há um incentivo fiscal
para aqueles que investirem na reconstituição da fachada na qual houve a adequação à nova lei). Neste ponto, são reveladas novas questões que remetem à
poluição visual: a nova estética urbana que surge da multiplicação de cores, elementos escultóricos, afrescos e diversificação dos materiais, novamente cada
um resolvendo o seu problema particular é menos caótica que aquela composta
por cenas publicitárias? Quem irá definir se a estética das novas intervenções na
paisagem urbana não é também caótica? É de competência da Comissão de
Proteção à Paisagem Urbana – CPPU a aprovação de cada reforma de fachada
no Município?
Independente do aparente sucesso da Lei Cidade Limpa acreditamos na possibilidade de outros caminhos (como, por exemplo, o debate com a sociedade civil)
e, para tanto, inicialmente esta pesquisa deseja investigar se, em uma determinada paisagem urbana, há elementos visuais que podem ser reordenados
visando o bem-estar estético da comunidade.
Para tanto se colocam primeiramente os seguintes problemas que norteiam a
pesquisa:
ƒ em que medida e quais elementos visuais da paisagem urbana contribuem, de modo significativo, para a construção da identidade (imagem) de
4
Fizemos uma pesquisa com comerciantes e/ou prestadores de serviços para sondar os efeitos
financeiros na adaptação à nova lei. Os resultados podem ser encontrados na página 125.
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* 8
um lugar?
ƒ qual a identidade (imagem) percebida por aqueles que se relacionam
com um determinado lugar?
ƒ é possível, a partir da participação da comunidade local e dos agentes
envolvidos, propor a reordenação dos elementos visuais com a finalidade de proporcionar um bem-estar estético? e
ƒ como os resultados da pesquisa poderão ser empregados em futuras
proposições?
Após considerar diversos lugares como locus do estudo, optou-se por uma área
urbana de Porto Alegre para observação de uma situação e proposição de diretrizes para eventual reordenação da comunicação visual na paisagem. Toma-se
o espaço da capital gaúcha como embrião/teste pelos seguintes motivos:
ƒ por se tratar de uma das cidades onde há unidade da ESPM com graduação em Design e Comunicação Social;
ƒ em Porto Alegre ficam evidentes as características de um planejamento
urbano;
ƒ trata-se de um espaço singular na medida em que a cidade ainda mantém, em parte, vestígios detectáveis do seu passado urbano e
ƒ em termos históricos, notadamente há participação ativa da população
civil nas decisões referentes à vida comunitária.
Isso posto, na ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing - um grupo
de pesquisadores reuniu-se no sentido de compor um núcleo de estudos multidisciplinar que vem trabalhando com profissionais de Porto Alegre e São Paulo
(com apoio do CAEPM - Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing)
buscando antes de uma solução, a estruturação de um método para analisar os
problemas. Para um possível diagnóstico da situação do locus é necessário verificar que métodos são apropriados para dimensionar os problemas. Esses mé-
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* 9
todos devem vir de uma confluência de áreas afins e pensamentos conectados,
como, por exemplo, design visual, arquitetura e urbanismo, publicidade, psicologia social e antropologia. Entendemos não ser possível pensar o mundo hoje
sem considerarmos o conceito de complexidade5 que propõe a conexão entre
diversos campos dos saberes. Daí encontrarmos no design o campo mais adequado de pensamento, uma vez que ele reúne os conhecimentos das diversas
áreas do saber citadas.
Dentro do contexto local de Porto Alegre, buscou-se um espaço que apresentasse aspectos da problemática relativa ao tema. Assim, dentre alternativas, escolheu-se a avenida Bento Gonçalves, bairro Partenon, importante via da cidade, tanto no que se refere a sua história, quanto a sua importância viária. Porto
Alegre tem como ponto concêntrico uma península onde se situa o centro histórico e de onde partem avenidas que cruzam os bairros. A avenida Bento Gonçalves é uma das vias que liga o centro da cidade à área leste da cidade, ao
município de Viamão, na região metropolitana e, mais adiante, às praias da região sul do litoral norte gaúcho. Caracteriza-se por possuir um heterogêneo conjunto de estabelecimentos comerciais, diferentes perfis populacionais onde diversos fluxos e várias camadas históricas são perceptíveis - fatores que aumentam a complexidade das relações da comunicação urbana dessa área.
Visando compreender o ambiente urbano sob a ótica da comunicação visual
formulamos algumas questões centrais que deverão ser respondidas pela proposta do NEsCAU. Os métodos de pesquisa se mostraram adequados para
prognóstico da situação? Há nesse trecho da avenida Bento Gonçalves aspec-
5
Edgar Morin defende que diante de uma realidade complexa devemos pensar também de forma complexa. Etimologicamente, é bom lembrar, a palavra “complexo” vem originariamente de
complexus, algo como aquilo que é (ou está sendo) tecido junto. Não podemos analisar, dialogar
e trabalhar com situações tão ricas e dinâmicas utilizando o paradigma simplificador que somente consegue ver o mundo, os seres e as coisas de forma fragmentada e estanque. Em resumo,
para compreendermos, analisarmos e interferirmos numa realidade por natureza complexa, onde
um aspecto que a modela está ligado direto ou indiretamente a outro, não podemos continuar
utilizando formas de pensar simplificadas e simplificadoras. Para dar conta de um mundo heterogêneo, diversificado em seus múltiplos aspectos, devemos utilizar formas também complexas de
mediação e apreensão dessa realidade. Analisar o mundo, o real, os outros que nos cercam e as
nossas vidas de forma complexa é o que propõe o pensamento complexo, instrumento necessário para um conhecimento também complexo.
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* 10
tos visuais significativos da identidade do local que se configuram como inadequados do ponto de vista comunicacional? Se há, quais os mecanismos (métodos) que podem explicitá-los? Caso esses aspectos sejam diagnosticados como
sendo inadequados, quais possíveis mudanças podem ser propostas por parte
dos agentes envolvidos (sociedade civil e poder público) para a reordenação
visual da área? Como encaminhar as propostas, após debate com entidades
representativas da sociedade, aos órgãos competentes? É possível utilizar os
métodos de diagnóstico aplicados neste locus em outras situações, de modo a
oferecer elementos para desenvolver maneiras locais de tratar a questão?
Tratando de responder tais questões, traçamos os objetivos (geral e específicos)
que serão apresentados na página 14.
No item 3, Fundamentação teórica, apresentamos os temas e teorias que alicerçam este estudo. Segue, a partir da página 38, a descrição dos procedimentos
que foram utilizados para o levantamento da situação do ambiente estudado
com o título Métodos de pesquisa.
No item 5 apresentamos os possíveis produtos com os resultados (parcial e final) da pesquisa. As Considerações finais e conclusões estão no item 6[ÁTin1]
O relatório completa-se com a apresentação, no item 7, das Referências bibliográficas empregadas para a elaboração da pesquisa e sua análise.
Os anexos – em volume separado?? – estão organizados no item 8 e contêm,
além da lei “Cidade Limpa” em sua íntegra, a lista de possíveis interlocutores e
parceiros, os questionários e esquemas das pesquisas de campo. Incluímos
também uma pesquisa e respectiva análise dos resultados, que surgiu da necessidade de verificar o impacto financeiro da adequação do comércio às especificações da Lei. O artigo apresentado no Congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Design encerra o item anexos.
A proposta do Núcleo de Estudos em Comunicação no Ambiente Urbano é, então, a de buscar entre diversos métodos atuais de estudo e análise do design
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* 11
um conjunto que leve em consideração o maior número possível de fatores.
Dentre eles: a ocupação formal e informal do espaço, os marcos culturais e referenciais, os meios de comunicação externos e a interação dos usuários com estes elementos.
Após o levantamento inicial de dados o que pudemos estabelecer é o grau extremo de complexidade dos fatores envolvidos. Ao término da primeira etapa
vimos a necessidade de repetir os experimentos de levantamento perceptivo da
paisagem urbana, design universal, incluindo as questões de antropologia urbana e a sondagem sobre o impacto financeiro no comércio. Assim, no segundo
semestre de 2008, ao repetir a pesquisa de campo, os procedimentos foram melhor estruturados e também corrigimos alguns desvios de interpretação. Foi organizado um fórum de debates sobre a Comunicação no Ambiente Urbano com
os diferentes públicos envolvidos cujo resumo pode ser encontrado no anexo na
página 129.
Os dados coletados permitem responder parcialmente as questões fundamentais que foram retomadas na conclusão deste relatório.
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* 12
2. OBJETIVOS JUSTIFICADORES DA PESQUISA
Objetivo Geral
Estudar o espaço urbano para compreender o papel da comunicação visual no
processo de construção da imagem desse lugar e propor alternativas com a participação dos agentes envolvidos.
Objetivos Específicos
ƒ Levantar a situação existente (envolvendo aspectos humanos e materiais) através de um olhar multidisciplinar;
ƒ Verificar possibilidades de reforçar as imagens significativas do lugar em
estudo;
ƒ Verificar possibilidades de integração da comunicação visual ao lugar
em estudo;
ƒ Verificar possibilidades de potencialização da comunicação visual existente;
ƒ Verificar possibilidades de proposição de novos elementos da comunicação visual;
ƒ Elaborar uma proposta de metodologia de diagnóstico;
ƒ Redigir uma Carta de Princípios com possível exemplificação virtual.
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* 14
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste item abordaremos os campos do conhecimento que alicerçam este estudo:
ƒ Percepção Visual Ambiental;
ƒ Design Universal;
ƒ Antropologia Urbana.
Após a descrição desses campos, no item 4 – Métodos de pesquisa – são apresentados os respectivos procedimentos utilizados para o levantamento da situação do ambiente em estudo.
3.1. PERCEPÇÃO VISUAL AMBIENTAL
Sternberg (2000, p.110 apud Bustos, 2004) define a percepção como “um conjunto de processos psicológicos pelos quais as pessoas reconhecem, organizam, sintetizam e fornecem significação (no cérebro) às sensações recebidas
dos estímulos ambientais (nos órgãos dos sentidos)”. Dentre as várias teorias,
ele focaliza as duas que foram especialmente capazes de acumular suporte empírico (Cutting; Kozlowski, 1977; Palmer, 1992): a percepção construtivista ou
inteligente, que trabalha com o conhecimento adquirido, associado com a informação processada dos receptores sensoriais; e a percepção direta ou ecológica,
que se baseia na completa informação dos sensores, com pouca necessidade
de um processamento complexo da informação, uma vez que apenas considera
o objeto-estímulo.
O autor complementa dizendo que existem ilusões perceptivas, ou seja, nem
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* 15
sempre o que se percebe com os órgãos sensoriais é o que se compreende em
nossas mentes. As percepções espaciais dos ambientes e suas propriedades
são formadas a partir das informações captadas pelos nossos sensores e manipuladas pela mente para criação de objetos: as imagens mentais. Também é
preciso considerar que as representações conscientes, que percebemos, geralmente são qualitativamente diferentes das representações não conscientes dos
estímulos sensoriais (Marcel, 1983 apud Sternberg, 2000).
Segundo Gibson (1966 apud Dischinger, 2000), existem duas formas de obter
informações: a passiva e a ativa. A forma passiva ocorre quando se utiliza o receptor sensorial e independe de atenção ou vontade, por exemplo, os ruídos que
ocorrem no meio circundante. Segundo Gibson, nossos sensores respondem
involuntariamente (quando têm a capacidade de responder) às variáveis do meio
ambiente, como as formas rígidas da terra, a gravidade, as radiações eletromagnéticas, a luz e o ar.
Conforme Fresteiro (2002 apud Bustos, 2004), as informações ambientais são
captadas pelos sistemas sensoriais de uma pessoa quando esta se movimenta
em um espaço. Presume-se que a movimentação desta pessoa no espaço esteja diretamente ligada à quantidade e à qualidade de informações perceptivas.
Fresteiro (2002 apud Bustos, 2004) enfatiza que 85% da informação que recebemos do espaço é visual. A independência em relação à mobilidade e orientação no espaço por pessoas com deficiência visual está diretamente vinculada à
capacidade de perceber, interpretar e organizar as informações sensoriais corretamente.
Tuan (1983 apud Ojeda, 1995) afirma que a cinestesia, a visão e o tato são os
sentidos responsáveis por proporcionar sentimentos intensos em relação ao espaço e suas qualidades. Movimentos ajudam na conscientização do espaço e na
sua experimentação, induzindo a pessoa a ter um sentido de direção. A movimentação no espaço é armazenada pelo subconsciente e assimilada como uma
experiência adquirida.
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* 16
3.1.1. Percepção ambiental urbana
Diversos autores que estudam a percepção ambiental referenciam teoricamente6
a pesquisa proposta para a avenida Bento Gonçalves. Por ora nos contentaremos em entender a percepção como uma atividade mental, desencadeada por
sensações e motivações. Centrou-se na linha que analisa a percepção visual da
forma, sem desconsiderar outros valores do ambiente: …ver un objeto es siempre hacer una abstracción, pues ver consiste en la captación de los rasgos estructurales más que en el registro indiscriminado de los detalles. Que rasgos se
capten dependerá del observador, pero también de la situación estimulante total
(Arnheim: 65).
Os treze ensaios compilados por Vicente Del Rio e Lívia de Oliveira em Percepção Ambiental – a experiência brasileira contribuíram, com seus métodos de
pesquisa7, e deram suporte ao procedimento sugerido para a realização do levantamento perceptivo do entorno da avenida Bento Gonçalves por parte de pedestres.
Pode ser banal iniciar com a afirmação que os objetos estão onipresentes no
espaço. O sociólogo francês Michel Maffesoli em seu livro No fundo das aparências exalta o quanto uma análise do espaço visível contribui para formar imagem
de uma sociedade.
...o espaço que nos ocupa é um conjunto complexo constituído, ao mesmo tempo, pela materialidade das coisas (ruas, monumentos, tráfego) e pela imaterialidade das imagens de diversas ordens. É o que faz desse conjunto uma ordem
simbólica. … O espaço não é só uma grandeza geometricamente perceptível, é,
de uma maneira holista (simbólica), o conjunto dos elementos que fazem comunicação (p. 264).
Neste sentido apontamos algumas conseqüências visíveis da “lei cidade limpa”.
6
Arnheim, Gibson, Linch, Tuan, Venturi.
Identificação de repertório de elementos, Exame de configurações urbanas, Leitura semiótica
peirciana de imagens, Interpretação da realidade, Identificação de paisagens valorizadas, Mapas
mentais, Mapa de desenhos de crianças executado coletivamente.
7
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* 17
Imagens acima e embaixo ilustram as fachadas de um estabelecimento comercial em
São Paulo antes e depois (respectivamente) da adequação à Lei Cidade Limpa.
Figura 1 e Figura 2: Cruzamento das ruas Tabapuã e Dr. Renato Paes de Barros
(2003 e 2008 respectivamente)
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* 18
Mesmo que as próximas imagens sejam temporais, (foram registradas recentemente, em julho de 2008) ilustram quatro situações características que ocorrem
na cidade.
Figura 3
Sobre fachadas visivelmente
recém pintadas, faixas e elementos provisórios substituem
letreiros fixos
Figura 4
Letreiros com soluções econômicas que atendem minimamente as especificações
da lei. No entanto, não há
vínculo estético com as características arquitetônicas
do imóvel onde o estabelecimento comercial está instalado. Calçadas estreitas,
abrigo de ponto de taxi, postes e fiações contribuem
para uma falta de harmonia
visual.
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* 19
Figura 5 e Figura 6
Cores saturadas compostas de modo chamativo. Independentemente da questão de gosto, cabe questionar se tais
soluções comprometem menos a paisagem do que os antigos letreiros.
Figura 7
Após a retirada de letreiros,
fachadas com resquícios de
informações antigas (situação que se observa em
muitos outros lugares após
a aplicação da lei).
Segundo Eduardo Yázigi, em O mundo das calçadas, os espaços públicos das
megalópoles são resultado de visões fragmentadas de empresas responsáveis
pela infra-estrutura de serviços urbanos aliadas a uma descontinuidade nas sucessivas administrações públicas. Também é notória a influência que o setor
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* 20
privado (indústria automobilística, energia elétrica, construção civil, para citar
apenas alguns) exerce sobre a forma da cidade. Deste modo para uma paisagem urbana esteticamente coerente é recomendável que mobiliário urbano, sinalização comercial ou indicativa de fluxo da frota automotiva, edificações, entre
outros elementos, sejam estudados em todo seu conjunto (daí a expressão paisagem urbana), sem desvinculá-los dos marcos significativos.
As imagens acima foram registradas na avenida Santo Amaro, em São Paulo,
via de grande movimento de veículos e que consideramos, urbanisticamente,
semelhante ao espaço que temos em vista para a pesquisa.
A avenida Bento Gonçalves, em Porto Alegre, objeto de estudo deste projeto,
teve seu inicio na criação de um caminho - denominado Estrada do Mato Grosso
- que ligava a área central da cidade aos arrabaldes de então e à cidade de Viamão, importante povoação da época.
Embora atualmente a avenida corte os bairros da Azenha, Santo Antonio, Agronomia e Partenon, sua ocupação e urbanização estão relacionadas ao surgimento deste último. Segundo o historiador Sérgio da Costa Franco, o nome faz
referência ao templo Partenon, localizado em Atenas, Grécia, que tinha por objetivo homenagear a Deusa Minerva. Em Porto Alegre, o nome Partenon foi adotado por um grupo de literatos, que criou a “Sociedade do Partenon Literário”,
fundada no ano de 1868. Seus associados sonhavam construir no atual bairro
uma réplica do Partenon Grego, fato não ocorrido. No local foi construída a Igreja de Santo Antonio. Assim, após a metade do século XIX, implanta-se um processo de loteamento que tem grande impulso com a implementação da linha de
bonde de tração animal que, apesar de levar mais de uma hora para completar o
trajeto do centro ao bairro, facilitou muito a vida dos novos moradores da região.
No final do século XIX, o bairro e a avenida tornaram-se cenário do primeiro
hospital psiquiátrico do estado: 41 alienados inauguraram os pavilhões do Hospício São Pedro em 1884.
Em 1910, chega o bonde elétrico, e o crescimento é mais uma vez impulsionado.
Desenvolve-se o comércio, fundam-se escolas, melhora-se a infra-estrutura. As-
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* 21
sim, durante o século XX, às margens da avenida se desenvolveu uma ampla
rede comercial, que vai de pequenos estabelecimentos a hipermercados reconhecidos nacionalmente. A mesma diversificação de oferta se dá também no
que se refere à educação – na avenida, encontramos desde escolas estaduais e
particulares, até a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, que
inaugurou seu campus em 1968, tendo um de seus acessos pela Bento Gonçalves.
Atualmente a avenida é uma das principais vias da cidade e apresenta uma diversidade de usos – industrial, comercial e, principalmente, residencial, dos mais
diferentes períodos. Estas camadas de história e ocupação são perceptíveis em
uma rápida observação visual da área.
A falta de memória e identificação com um lugar é um pequeno arco do círculo
vicioso da territorialidade efêmera que pode transformar um grupo em uma sociedade civil sem qualquer forma de organização. É o que afirma Lucrécia
D’Alessio Ferrara após estudo em São Miguel Paulista (SP): A descaracterização do ambiente público e o confinamento na habitação levam a um total esquecimento do ambiente e suas condições enquanto responsabilidade coletiva fazendo parecer que os moradores estão ‘desenraizados’ (1993: 122). No levantamento realizado por Kevin Linch em Los Angeles os habitantes dos locais de
rápidas modificações urbanísticas mostraram ter ressentimentos ou nostalgia
(1997: 50). Habitantes, certamente, têm relações bem diversas com o espaço
urbano do que passantes e criam referências espaciais de acordo com as necessidades específicas da situação “habitar”. Interessa a esta pesquisa o olhar
do passante, o olhar turista que extraia alguma característica ou identidade de
um determinado local.
Ser pedestre é uma condição humana. De alguma forma, por algum percurso
deslocamo-nos diariamente dependentes apenas dos nossos próprios meios
motores. Por uma simplificação de expressão, neste trabalho será considerado
pedestre todo aquele indivíduo que não se locomove motorizado por sua livre
vontade. Portanto, estão incluídos nesta categoria os portadores de alguma defi-
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* 22
ciência motora necessitados de auxilio para seu deslocamento. Assim a velocidade do deslocamento é uma variante importante na percepção do espaço. A
outra é o motivo do deslocamento (ou não deslocamento). A freqüência, hábito,
cultura, idade, desembaraço físico e social, entre muitos outros fatores afetam
nossa percepção do espaço e os objetos que ele contém. No modo de ver de
James Hillman em Cidade & Alma as cidades são ruas, avenidas de troca e
comércio, o aglomerado físico de pessoas, uma multidão caminhando, nas calçadas movidas por curiosidade, surpresa, pela possibilidade do encontro, a vida
humana não acima da confusão mas no meio dela. A vitalidade das cidades depende do caminhar (p. 56). Para quem se desloca em algum veículo, a velocidade provoca um achatamento da paisagem como se fosse um filme, no qual não
temos nenhum papel, somos meros espectadores. É a proximidade com os detalhes que nos faz atores, cúmplices, parceiros do espetáculo que é a cidade.
Esta é a razão de entrevistarmos somente transeuntes pedestres. As percepções de passantes a bordo de algum meio de transporte, modifica a relação de
espaço uma vez que a velocidade do movimento é inversamente proporcional ao
envolvimento com elementos da paisagem. Se originalmente a cidade e democracia estavam coligadas (a origem etimológica é comum com “cidadania”), atualmente quanto maiores as cidades forem menos democráticas elas são. Sou
de um mundo que constituo cita Maffesoli como sendo uma máxima tomista e
sustenta que a ética do homem contemporâneo se modela no espaço compartilhado, na vivência coletiva no mundo dos objetos. … O objeto, em suas diversas
modulações, doméstica, pública, arquitetural, lazer, etc., torna-se o totem em
torno do qual se organiza a vida social (Maffesoli: 287). Ele chama o objeto de
emblema estético.
É a ética do binômio público/privado que nos instiga. Recolher uma flor de um
canteiro bem cuidado rente a um muro na calçada ou fazer o mesmo de uma
touceira que sugere ter nascido ao acaso no canteiro central de uma avenida
parecem dois atos bem diferentes. Como afirma Roberto da Matta em “A casa &
a rua” somos até mesmo capazes de depredar a coisa comum, utilizando aquele
célebre e não analisado argumento segundo o qual tudo que fica fora de nossa
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* 23
casa é um ‘problema do governo’! (1997: 20). Pagando os impostos consideramos quitadas todas as nossas obrigações, portanto nos isentamos de qualquer
responsabilidade com o espaço público.
Para uma participação cidadã, segundo Lucrécia D’Alessio Ferrara, se faz necessário o conhecimento da legislação urbanista que regula as competências
sobre os espaços públicos, seu uso e administração, mas só isso não basta. O
exercício da cidadania, para reverter a situação existente, supõe entre outras
coisas, a compreensão que a participação urbana está muito além de dispositivos legais ou, até mesmo, de um simples programa político, mas é conseqüência de uma gestão pública sem rígidas hierarquias, a fim de permitir amplos canais de comunicação entre a população e seus dirigentes. A seguir acrescenta
ser importante preparar indivíduos capazes de uma percepção urbana que lhes
possibilite selecionar alternativas de ação, capacidade indispensável ao exercício da cidadania (in “Percepção ambiental”, 1996: 79). Para tanto é importante
compreender que os sistemas ecológicos urbanos não são regidos apenas pela
legislação/normas e o sonho de uma sociedade organizada, mas, principalmente, até o momento, por interesses econômicos e políticos. Yázigi questiona o(s)
porquê(s) da descoordenação na exploração da coisa pública de maneira que
um resultado visível possa ser considerado minimamente satisfatório para o
usuário? (2000: 273). Não se pode esperar ação participativa de indivíduos que
não compreendam as causas que moldam o lugar. A percepção de elementos
sinalizadores da evolução cronológica até o momento tem um papel primordial
no processo de entendimento, ela contribui para uma concordância passiva da
sociedade, um “nada posso” contra este estado das coisas.
Uma ação participativa necessariamente envolve a sinalização muito clara das
competências de domínio e a abertura de caminhos de acesso às entidades
responsáveis, que funcionem. Uma mesa de negociações democrática pode inibir excessos no uso do ambiente urbano a revelia dos “donos do pedaço”. No
caso em estudo, prevê-se a inclusão da população local na conversação com os
diferentes agentes envolvidos para a formulação de possíveis encaminhamentos
do processo de intervenção urbana.
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* 24
Uma vertente da pesquisa focará o ponto de vista do habitante local e sua vontade (ou a falta dele) de resolver o que acontece na frente de sua porta ou no
seu bairro. O resultado parece ser previsível e o caminho praticamente traçado
pelo exemplo do tradicional bairro paulistano Higienópolis onde a Associação de
Amigos do Bairro teve uma participação ativa na negociação da construção de
um Shopping Center, da manutenção da Praça Buenos Aires, da retirada de totens publicitários entre outras ações menos divulgadas pelos meios de comunicação. O reverso da medalha é que o excesso de comprometimento pessoal
com o lugar pode transformar a cidade em um punhado de territórios fracionados
e concorrentes uns dos outros de um modo pouco saudável. No entanto, uma
certa identidade das diferentes áreas de uma cidade é recomendável para evitar
uma paisagem urbana monótona.
Um lugar de uso cotidiano, um espaço criado para o exercício da cidadania é o
grande desafio dos estudiosos da percepção ambiental. Jane Jacobs em seu
livro Morte e vida de grandes cidades faz sugestões para o uso dos espaços
públicos sempre envolvendo a participação ativa da comunidade local, mas sublinha o questionamento do urbanista Reginald Isaacs sobre o conceito ‘bairro’
[z2]nas
modernas metrópoles (2000: 127).
Ao analisar a Cidade como Meio Ambiente, Kevin Linch escreveu em 1965 que a
qualidade de vida, nas grandes metrópoles estadunidenses pode ser melhorada
tornando os lugares mais humanizados. Aponta quatro deficiências físicas que
fazem algumas partes das cidades serem lugares desagradáveis para se viver:
desconforto, falta de diversidade, ilegibilidade e rigidez.
Carga de tensão perceptiva imposta pela cidade (…) Muito freqüentemente, as
sensações que experimentamos vão além dos nossos limites de conforto e
mesmo de tolerância;
Falta de identidade sensível (…) um bom ambiente é bem diversificado: suas
partes têm um caráter distinto, identificável;
Ilegibilidade (…) Para que nos possamos sentir em casa e para que possamos
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* 25
funcionar facilmente, é preciso que sintamos o meio ambiente como um sistema
de sinais (…) nossas cidades apresentam muitas ambigüidades, confusões e
descontinuidades;
Rigidez (…) A atmosfera física deve ser acessível, estimulante e sensível. A ação individual é um caminho pessoal de desenvolvimento; a ação cooperativa
leva à satisfação das relações interpessoais. (1972: 208)
Nas cidades contemporâneas existem múltiplos espaços onde o público se encontra. São locais repletos desses emblemas estéticos, extremamente significativos para as diversas tribos que os reconhecem. Mas não são estes locais, concebidos para a exaltação do consumo de seus emblemas, que interessam à
pesquisa, pois são ilhas que percebemos têm dono, portanto, regras bastante
claras a serem observadas.
O projeto trata de sustentar que a subjetividade da percepção do ambiente muitas vezes tem um caráter coletivo e pode ser tratado desse modo. Foram empregados três métodos para registrar e analisar a paisagem urbana que se descortina ao olhar do usuário pedestre:
ƒ Levantamento visual ambiental
ƒ Análise da forma urbana e
ƒ Formulação de cenas urbanas.
O primeiro tem o intuito de verificar se existem elementos visuais significativos
na paisagem da avenida Bento Gonçalves. (Os resultados podem ser encontrados na página 42).
O segundo tem por finalidade revelar as características morfológicas do ambiente urbano em estudo. (Os resultados podem ser encontrados na página 50)
Quanto à formulação de cenas urbanas, o objetivo é … Bakos/Fabiano.
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* 26
3.2. DESIGN UNIVERSAL
O termo de Design Universal (Universal Design) primeiramente foi utilizado nos
Estados Unidos por Ron Mace em 1985, mas os conceitos foram também expressos em outros países. O Desenho Universal (Universal Design) e o Desenho
Inclusivo (Inclusive Design) são termos utilizados freqüentemente nos Estados
Unidos, de modo intercambiável; para designar uma concepção de desenho que
implica equidade e justiça social. Apesar de haver outros termos que são freqüentemente usados; tais como Life span Design (que dura uma vida) e Transgenerational Design (que passa de geração em geração), Mullick e Steinfeld
(1997 apud Preiser e Ostroff, 2001) explicam que o que separa o desenho universal destes termos é o foco do desenho universal na inclusão social. Isto está
relacionado ao precedente “separate is not equal” (da concepção de igualdade
de oportunidades) - (Preister e Ostroff, 2001: 15).
O arquiteto Edward Steinfeld (1994: 87) salienta que “o Desenho Universal abrange produtos e edifícios acessíveis e utilizáveis por todos, inclusive pelas
pessoas com deficiência”.
[…] o desenho universal tem como idéia principal evitar a necessidade de ambientes e produtos especiais para pessoas com deficiência, no sentido de assegurar que todos possam utilizar todos os componentes do ambiente e todos os
produtos. Existem quatro princípios básicos do desenho universal: o primeiro é
acomodar uma grande gama antropométrica; o segundo princípio é reduzir a
quantidade de energia necessária para utilizar os produtos e o meio ambiente; o
terceiro é tornar o ambiente e os produtos mais abrangentes e o quarto princípio
é a idéia do desenho de sistemas, no sentido de pensar em produtos e ambientes como sistemas, que talvez tenham peças intercambiáveis ou a possibilidade
de acrescentar características para as pessoas que têm necessidades especiais
(idem).
Segundo Takahashi (2000 apud Preiser; Ostroff, 2001), o centro da cidade de
Saitama (Japão) foi modificado e adaptado conforme as regras básicas do de-
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* 27
sign universal – foram feitas modificações na estação de trem, permitindo mobilidade para todos. Para as pessoas com deficiência visual, utilizou-se o sistema
de pavimento tátil interligando todos os outros prédios à estação de trem através
deste sistema, incluindo contrastes de cores e uma iluminação bastante focalizada para as pessoas com visão subnormal. Um sistema de sensor magnético,
que transmite e recebe comunicação, foi montado a partir de sistemas portáteis
de sinais de voz normal, podendo ser ativado em um raio de 20 metros, indicando a localização do indivíduo. Esse sistema fornece informações de emergência,
um mapa tridimensional e diretrizes em Braille para os usuários.
Miyake et al. (2001 apud Bustos, 2004) realizaram uma pesquisa na cidade de
Osaka (Japão) com 600 pessoas (deficientes e idosos) para estabelecer o que
realmente é necessário para suprir as necessidades de todas as pessoas em um
parque. A pesquisa permitiu detectar alguns pontos importantes que deveriam
ser considerados: a presença de áreas verdes, devido ao pouco espaço encontrado nas residências, existindo desta forma a necessidade de espaços que
permitam um contato com a natureza. A pavimentação com piso-guia e alerta
juntamente com áreas verdes foram essenciais no projeto, pois repercutem psíquica e fisicamente, especialmente para as pessoas com deficiência visual.
Outros pontos problemáticos que perturbam o livre acesso e mobilidade foram
levantados em parques como espaços demasiadamente amplos e sem sinalização impedindo a pessoa com deficiência visual de orientar-se, caminhos com
superfícies desniveladas, árvores com galhos que invadem o caminho na altura
da face, flores com fragrâncias muito fortes, ruídos de cascata muito fortes, os
quais também perturbam essas pessoas.
Após ter efetuado vários estudos, o autor estabeleceu algumas diretrizes para
projetos com conceito de Design Universal:
Acesso principal: de preferência estar localizado próximo a estações de
trens ou ônibus;
Acessos: não deve ser permitido o acesso de carros e motos juntamente
com os pedestres;
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* 28
Caminhos e trajetos: as pessoas com deficiência visual preferem caminhos
mais estreitos, com sinalizações táteis, como superfícies com diferentes
materiais (piso guia) e as extremidades com uma borda de 10cm de altura,
para limitar bem o caminho de outro espaço, auxiliando na orientação e
mobilidade;
Materiais e Revestimentos: superfícies anti-reflexivas, não escorregadias,
agradáveis ao toque em relação ao som emitido pelo contato da bengala,
diferenciação do piso-guia em relação ao sentido do caminho (ida e volta).
A utilização de muitos tipos de materiais pode causar excesso de informação. É necessário o uso de cores contrastantes para os deficientes visuais
de visão subnormal;
Corrimão: símbolos táteis ou sistema Braille no início e no final; quanto ao
material, eles preferem madeira, pois se sentem mais confortáveis;
Escadas: sistema de piso alerta ou diferenciação de superfície antes do
primeiro degrau e depois do último, com uma iluminação bastante eficiente,
de preferência em cada degrau;
Banheiros: informações em Braille ou em símbolos táteis para todos os utensílios do banheiro;
Bancos: as áreas de descanso foram solicitadas a cada 100 metros e os
bancos de preferência com algum anexo para segurar as bengalas;
Sinalização: mapas táteis, esculturas, painéis de informação táteis, de preferência executados em um material cuja temperatura no verão não agrida;
identificação das diferentes espécies de árvores, plantas, flores; sinalização
sonora para facilitar na orientação; plantas com fragrâncias suaves na borda dos caminhos; pisos táteis, fontes de água;
Árvores, plantas, flores: para as pessoas com deficiência visual, é de extrema importância o contato com os diferentes tipos de tronco, folhas, galhos, flores, frutas, sendo plantados levando em consideração a direção do
vento e permitindo, dessa forma, que as fragrâncias se dissipem. Flores
com cores laranja, branco e amarelo, para permitir que as pessoas com visão subnormal as percebam. Plantas que causem qualquer tipo de alergia
não devem ser utilizadas.
A respeito desse projeto, Miyake et al (2001 apud Bustos, 2004) concluem enfatizando que este jardim sensorial, espaço dentro do Parque dos Cegos em Osaka, foi enriquecido na variedade de informações perceptivas, estimulando todos
os sentidos sensórios dos seus usuários e ressaltam que esse parque não só
trouxe a recreação para pessoas portadoras de alguma deficiência, mas também
a interação entre todos os usuários e o meio ambiente.
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* 29
Para o projeto de espaços públicos que contemplem a orientação e a mobilidade
de usuários portadores de algum tipo de deficiência, é importante considerar os
sete princípios básicos do Design Universal:
ƒ Uso eqüitativo: o produto pode ser utilizado por usuários com habilidades diversas;
ƒ Flexibilidade de uso: acomoda uma ampla gama antropométrica e
PPDs;
ƒ Simples e intuitivo, fácil de entender: independentemente da experiência do usuário;
ƒ Informação perceptível: informações necessárias para o uso efetivo;
ƒ Tolerância ao erro: minimizar os riscos e constrangimentos físicos,
sensoriais;
ƒ Baixo esforço físico;
ƒ Tamanho e espaço para uso e finalidade: tamanho e espaço apropriados para uma ampla gama antropométrica independente de limitações físicas, motoras, sensoriais, cognitivas.
Se faz necessário um estudo mais aprofundado sobre a percepção do espaço
por pessoas deficientes. Para os deficientes visuais, por exemplo, a percepção
sensorial de um espaço acontece pela busca de formas compensatórias, pois
não existe o contato total visual. A percepção na arquitetura é problemática devido à necessidade da noção do espaço quanto a suas formas e dimensões e
das condições dadas pela cor e pela luz.
3.2.1. Fontes de Estímulos e Referências Perceptivas
Segundo Lynch (1980: 18), as imagens do meio devem ser analisadas por três
componentes - identidade, estrutura e o significado - que aparecem sempre juntos. Primeiro temos a identidade quanto à individualidade ou particularidade, depois temos a “imagem que abrange a relação estrutural ou espacial do objeto
com o observador e com os outros objetos” e por último temos o significado que
este objeto tem para o observador, seja ele prático ou emocional.
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* 30
Todas as categorias de objetos no meio ambiente co-existem e se relacionam,
há uma diferença entre elas quanto à relevância e confiabilidade no que tange à
orientação. A percepção individual, as habilidades, a carga cultural e a experiência espacial são decisivas para a percepção e o entendimento das organizações
espaciais e do seu significado. A realidade a ser percebida pelo indivíduo em um
espaço está vinculada à disposição e estrutura do local e às atividades humanas
que acontecem nele. Para o entendimento de alguns elementos espaciais e do
motivo pelo qual eles constituem referenciais espaciais para orientação e entendimento do espaço, é preciso que se desenvolva uma série de conceitos interrelacionados (Dischinger, 2000 apud Bustos, 2004).
3.2.2. Conceitos de Rotas e Marcos (rutes and landmarks)
Existe uma divergência entre os psicólogos quanto à maneira como se adquire o
conhecimento espacial de novos ambientes. Alguns declaram que o conhecimento acontece por meio de estágios sucessivos de reconhecimento de marcos,
rotas e pequenos mapas mentais, desta forma evoluindo para um entendimento
do ambiente. Outros argumentam que não existem estágios fixos no processo
de conhecimento do espaço ambiental e este processo pode se basear na memória de uma seqüência contínua de cenas ambientais. Spencer, Blades e Morsely (1989) afirmam também que diferentes indivíduos poderão usar estratégias
diversas para selecionar informações apropriadas do ambiente, mas essas estratégias têm que envolver necessariamente o reconhecimento de rotas e marcos mesmo que não seja em uma ordem seqüencial.
Existe uma distinção entre rotas, caminhos e ruas. Uma rota tem um ponto de
partida e um destino final e se distingue dos outros conceitos pela intencionalidade de movimento no espaço. Ao longo da rota, as intenções individuais e diferentes acontecimentos podem mudar a escolha inicial relacionada com a chegada ao destino, afetando a direção, a distância e a duração do movimento. A identificação das características físicas do espaço percorrido e das atividades
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* 31
humanas ao longo da rota dá ao indivíduo a capacidade de reconhecer a sua
identidade espacial (Dischinger, 2000 apud Bustos, 2004).
A autora também salienta que, para uma orientação satisfatória, não é suficiente
apenas saber uma rota. Existe a necessidade de relacionar esta rota com outras
e de localizar a sua posição relativa em um espaço maior. Os marcos (landmarks) são essenciais para o reconhecimento das relações espaciais entre objetos, rotas e lugares. A percepção dos marcos difere de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como idade, bagagem cultural, profissão, etc.
Segundo Long e Hill (2000 apud Bustos, 2004), entende-se por marco (landmarks) uma característica perceptível do ambiente que permite ao indivíduo que
se desloca num determinado espaço saber a sua precisa localização em um
ambiente conhecido. Hill e Ponder (1976 apud Long; Hill, 2000) definem marcos
como qualquer objeto, som, odor, temperatura, textura ou informação visual familiar que sejam facilmente reconhecidas, sejam constantes e tenham uma localização permanente e discreta no ambiente conhecido do indivíduo.
Spencer, Blades e Morsley (1989, apud Dishingser, 2000) distinguem marcos
como referências permanentes ou dinâmicas – espaciais, dependendo da sua
constância no tempo e espaço; por exemplo, no verão, em algumas ruas, a presença de camelôs pode constituir um marco em uma determinada rua que a difere das outras, mesmo que seja sazonal. Ônibus e trens locais também podem
ser considerados como marcos dinâmicos. Dischinger (2000) sugeriu, em sua
dissertação de mestrado, a diferenciação de marcos e marcos cíclicos (landmarks and cyclical landmarks). Em países de clima temperado, as estações podem afetar os atributos de elementos naturais e o local sofre mudanças radicais.
Para a avaliação do caráter dos marcos como permanentes, cíclicos ou dinâmicos, a freqüência e a duração da experiência espacial do indivíduo no ambiente
têm um papel importante.
Marcos Permanentes (permanent landmarks) – São aqueles que
permanecem no local por um período relativamente longo, sem mudanças
significativas; por exemplo: montanhas, rochas, árvores, estrelas e construções realizadas pelo homem como pontes, edifícios, portos, etc.
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* 32
Marcos Cíclicos (Cyclical Landmarks) – São aqueles que ou possuem
uma localização periódica em um determinado espaço ou são permanentes no espaço, mas sofrem mudanças significativas recorrentes; por exemplo, elementos naturais que são afetados pelas diferentes estações do ano
ou pelos ciclos de dia e noite, como locais externos iluminados à noite ou
outdoors.
Marcos Dinâmicos (Dinamic Landmarks) – Estes marcos têm como
característica a presença em um local por período de tempo relativamente
curto (periódico ou não), por exemplo, atividades humanas, sol e vento, tráfego de veículos, sons, etc. Mesmo que estes marcos sejam menos confiáveis do que os elementos permanentes e cíclicos, eles poderão ser cruciais
na definição do caráter e identidade de um lugar e, portanto, devem ser
considerados.
Noções de Distância e Direção – Spencer, Blades e Morsely (1989
apud Dischinger, 2000) salientam que a avaliação da distância é afetada
por elementos como eventos interessantes presentes ou não na rota, o
grau de dificuldade do movimento, o movimento de subida ou decida de
uma ladeira. Estes podem afetar as sensações causadas por dimensões
espaciais similares, por exemplo, uma rota pode parecer muito mais longa
quando está repleta de itens interessantes para o observador, do que outra
com a mesma distância, mas desinteressante.
A sensação de direção é ligada duplamente tanto à percepção das estruturas
corporais do indivíduo em relação ao ambiente, quanto à percepção visual de
objetos e lugares em relação a outros objetos e lugares. A orientação depende
principalmente da possibilidade de estabelecer relações entre rotas e marcos. O
conhecimento da posição relativa entre rotas depende muito da relação entre
suas intersecções (perpendicular, oblíqua, etc.). Na falta ou redução de informação visual, a sensação de direção dependerá principalmente das estruturas de
referências proprioceptivas do indivíduo (sentido de orientação e sentido háptico) e das possibilidades de reconhecimento de marcos externos. Os sons podem ser das mais importantes fontes de informação extereoceptivas seguidas do
olfato em um grau muito inferior.
Os dados da
Tabela 1 :: Fontes de informações não visuais e potenciais significados - foram
extraídos do trabalho de Dischinger (2000) desenvolvido a partir da teoria de
Gibson, que descreve e classifica o sistema perceptual. O propósito é mostrar
alguns exemplos sobre a forte relação que existe entre as fontes dinâmicas e
permanentes do meio ambiente e seu real significado, podendo, assim, ajudar
em projetos de espaços que sejam adequados para as pessoas com deficiência
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* 33
visual (Dischinger, 2000 apud Bustos, 2004).
Fontes de
Estímulos
Vento
Canais PerEstímulos Obtidos
ceptivos
Sistema háp- Pressões diferentes
tico e auditivo e temperatura sentida pela pele.
Vibração do ar
(sons)
Sol e sombra Sistema háptico
Diferentes temperaturas, claras e
escuras.
Efeitos de reflexo.
Movimento
próprio
Equilíbrio do corpo, direções e
acelerações do
movimento, posicionamento do
corpo, duração e
ritmo.
Natureza e localização de todos os
tipos de eventos
vibratórios.
Diferentes
sons
Diferentes temperaturas sentidas pela
pele, visão da luz
(para pessoas que
ainda podem distinguir a luz).
Sistema de
Força da gravidade
orientação
e aceleração, debásica e sisformação de tecitema háptico dos, articulações;
Percepção do configuração
Eventos seqüenciais
tempo
e instanciais.
Sistema audi- Vibração no ar
tivo
Resultados e
Informações
Direções, intensidades e temperaturas do vento.
Sons do vento.
Diferentes
cheiros
Sistema olfativo e gustativo
Substâncias químicas no ar.
Superfícies;
dimensões,
formas, níveis e texturas
Sistema de
orientação
básica e sistema háptico
Deformação dos
tecidos, configuração das articulações, forças da gravidade
Potenciais Significados
Paredes abertas, localização
nas ruas e orientações geográficas.
Esquinas, conhecimento de
espaços que ventam, cobrem
ou alteram outra informação
sonora.
Lados das ruas, presença de
vegetação, edificações e verticalidades, superfícies horizontais, orientação geográfica, noção de tempo.
Posição relativa no espaço,
velocidade, ritmo do movimento, direção e distância,
noções de movimento e ações, noções de seqüência,
ritmo, e duração dos movimentos e eventos.
Significado da comunicação
humana, reconhecimento e
localização de close e distância de eventos e atividades,
confirmação de posições relativas no espaço, dimensões
de espaços, localização de
paredes verticais e aberturas.
Natureza e locali- Pode confirmar a localização
zação de atividade um espaço (cheiro de fudes e elementos
maça marcando áreas indusespaciais que
triais) ou identificando atividapossuem cheiro.
des (cheiro de padaria, farmácia) e conseqüentemente
confirmando a localização
relativa no espaço.
Contato com a
Hierarquia e função de camiterra, encontros
nhos, rotas, declividade, texmecânicos, formas tura, tipos de superfícies de
de objetos, estado materiais, formas e dimendos materiais,
sões, distância e direções,
solidez ou viscosi- localização no espaço.
dade.
Tabela 1 :: Fontes de informações não visuais e potenciais significados8
8
Dischinger, M. Designing For All Senses: Accessible spaces for visually impaired citizens, 2000:
218. Tradução de Carolina Bustos em dez. 2003.
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* 34
Conforme um estudo de Rapoport e Hawkes (1970), existem três níveis essenciais de interação entre o homem e seu meio que são: o avaliativo e afetivo, o
mental cognitivo e o perceptivo-sensorial. Eles salientam que o espaço é experimentado como uma extensão tridimensional do mundo que nos circunda, existindo intervalos, relações e distâncias entre pessoas, entre pessoas e coisas, e
entre coisas. O espaço edificado é uma instituição de significados, tendo, como
conseqüência, a conversão de elementos importantes como, os materiais, as
formas e os detalhes.
As autoras salientam que é crítico isolar as variáveis percebidas pelo nosso sistema sensorial, apesar de sermos ativos na nossa consciência para informações
visuais e sonoras, desta forma concluindo que "os nossos sentidos trabalham
como sistemas perceptivos integrados". Existe a necessidade de compreender,
antes de tudo, “quais os principais problemas na obtenção de informações em
relação à organização do espaço, eventos e qualidade de um lugar” (Dischinger;
Bins Ely, 1999: 4).
Os resultados da pesquisa de campo sobre as questões do Design Universal no
locus estudado podem ser encontrados na página … deste relatório.
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* 35
3.3. UM OLHAR ANTROPOLÓGICO
3.3.1. Problematização
Desvelar todos os fenômenos responsáveis pelo processo de constituição da
identidade9 de uma cidade é tarefa que requer um amplo conjunto de reflexões
que abranja diversas áreas dos saberes. Esta parte do nosso trabalho pretende,
com auxílio de um instrumental teórico construído pelas humanidades, em especial da antropologia, analisar um desses fenômenos e seus efeitos em uma área
delimitada da cidade de Porto Alegre. A área já foi citada na justificativa do projeto (trecho da Avenida Bento Gonçalves, bairro Partenon), o fenômeno pode
assim ser descrito: a cidade, que é tecida por fluxos e contra-fluxos comunicacionais, comporta também o seu oposto: a cidade é constituída de fluxos comunicacionais que não mais comunicam, são fluxos de códigos urbanos que deveriam emanar de suportes materiais, mas estão bloqueados, são significantes
sem significados, ou ainda, são significantes re-significados – mensagens que
adquiriram outros sentidos em relação àquele primordial.
Há todo um conjunto de nomes de logradouros, mas principalmente de estrutura
material: estátuas, monumentos, paisagens, anúncios e propagandas, vestígios
de edificações (e de comunicação visual), que resistiram ao não planejamento
do desenvolvimento metropolitano de uma cidade como Porto Alegre – e hoje
são exemplares de um passado mais ou menos longínquo – que não comunica
nada ao habitante da cidade do presente – significantes desconectados dos
seus significados. São ilhas de signos perdidas no território da urbs: pouco comunicam do seu significado original, pouco podem dizer ao passante, ao morador e àquele que na área selecionada trabalha, pois, ou falta a esses um repertório que possibilite ouvir, desbloquear uma comunicação bloqueada pelo tempo,
ou o isolamento e a descontextualização do suporte desses significantes impos-
9
Identidade aqui no sentido antropológico, ou seja, da identificação do sujeito com elementos
fundantes da cultura na qual está inserido e da qual é elemento ativo: o sujeito faz (e está na)
cultura e; a cultura faz (e está no) sujeito.
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* 36
sibilitam que sejam sequer percebidos, afinal adquiriram novos e inusitados sentidos em outros contextos. Nessa mesma direção, podemos encontrar na cidade
entes urbanos que foram re-significados (ou recodificados) pelas percepções
daqueles que nela moram ou trabalham.
Assim, quais são esses significantes sem significados (ou resignificados / recodificados / reinterpretados) que povoam o lócus deste estudo? Porque esses fluxos comunicacionais estão bloqueados ou redirecionados? Quais são alguns
desses novos significados que esses entes urbanos incorporaram? Como hoje,
passantes, moradores e trabalhadores da região onde se encontram, os interpretam, os escutam e se comunicam dialogicamente com eles? É possível – ou
necessário para sua preservação – desbloquear ou recuperar sua rede de significados original que dava sentido a esses elementos ou elas estão completamente dissolvidas? Eis algumas das muitas questões que nortearão essa parte
de nosso estudo.
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* 37
4. MÉTODOS DE PESQUISA
Neste capítulo apresenta-se um conjunto de Métodos de Pesquisa (levantamento visual ambiental, formulação de cenas urbanas, adequação ao design universal, análise de dados da antropologia urbana e da forma urbana) relacionados
às diversas áreas do conhecimento envolvidas neste trabalho. A abordagem
multidisciplinar efetua-se na prática desses métodos, à medida que procuram
desvelar os vários aspectos significativos do locus. A idéia é capturar a complexidade da comunicação visual na paisagem urbana através de diferentes perspectivas que, analisadas em conjunto, possibilitem o entendimento do todo. Os
procedimentos convergem para prognosticar se há, no local de estudo, aspectos
visuais significativos da identidade local que se configuram inadequados do ponto de vista comunicacional.
4.1. MÉTODO DE LEVANTAMENTO VISUAL AMBIENTAL
Segundo Claire Selltiz, qualquer que seja o objetivo do estudo, o pesquisador
enfrenta quatro questões amplas: (1) O que deve ser observado? (2) Como registrar as observações? (3) Que processos devem ser usados para tentar garantir a exatidão da observação? (4) Que relação deve existir entre o observador e
o observado, e como é possível estabelecer tal relação (1974: 230).
A seguir, apresenta-se o procedimento de pesquisa piloto que foi aplicado para
“sentir” as potencialidades do espaço urbano escolhido. O método foi anteriormente testado em São Paulo10 atendendo às questões supracitadas.
1. Intuindo uma capacidade de recortar características do entorno que se
ajustem às preferências pessoais ou entrem em conflito causando ima10
TINOCO, A., 2000 e 2001
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* 38
gens positivas ou negativas, as percepções ambientais foram registradas
por estudantes da ESPM permitindo quantificar os elementos isolados do
entorno através dos seus olhares (mesmo levando em consideração que
se trata de um grupo de indivíduos culturalmente homogêneos).
2. As observações foram registradas mediante desenhos rápidos, fotografias, e um comentário verbal.
3. O estudo do caso da avenida Bento Gonçalves deveria considerar representantes das diversas camadas sociais e culturais selecionados entre
a população residente e flutuante, assim como usuários habituais e esporádicos e não apenas restringir-se à análise das percepções de um grupo
de indivíduos homogêneos. No entanto, devido à restrição da linguagem
gráfica, optou-se por diversificar os perceptores somente na pesquisa focada em “Método do Design Universal” (ver item 4.3.).
4. A estratégia desenvolvida para compreender a situação da avenida
Bento Gonçalves leva em conta os olhares de um grupo de pessoas que
não freqüentam esse “pedaço” porto-alegrense. Indivíduos residentes habituados com a paisagem e com os percursos possuem visões distintas
de visitantes daquele lugar. Ambos percebem a situação através de filtros
culturais, temporais, pessoais e lhes conferem atributos próprios mas, a
conduta em relação à situação percebida, é regida pelo grau de afetividade com o local.
As perguntas que se quer responder, e que serão fundamentais para os objetivos desta pesquisa, são:
ƒ Quais elementos da paisagem urbana são visualmente significativos para
um pedestre?
ƒ A quantidade de tais elementos influencia na qualidade da paisagem?
Segundo Amos Rapoport, o ambiente urbano deve ajustar-se aos critérios de
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* 39
qualidade ambiental idealizados por seus possíveis usuários. Cada grupo tem
uma imagem particular do que é um entorno de qualidade e o afeto é um fator
determinante da conduta, a pesar das variáveis ou constantes culturais (1978:
63).
Podemos considerar com cultura constante um grupo de pessoas que
compartilham um conjunto de valores, crenças e possuem regras e costumes
que não são conflitantes. Os estudiosos da percepção são uníssonos em afirmar
que a maioria das informações é recebida visualmente. Olhar não é apenas dirigir os olhos para perceber a realidade, é de certa forma ser um guardião daquele objeto na imagem que fizemos dele, e o que se quis ver buscando informações e significados. Uma das opções de pesquisa pode ser um cuidadoso levantamento dos elementos implantadas nas ruas, avenidas, espaços públicos usados por pedestres, mas os resultados não evidenciariam o que é visualmente
significativo para eles.
O método de “Levantamento Visual Ambiental” foi aplicado pela primeira vez no
bairro paulistano Itaim Bibi por um seleto grupo que permitiu o emprego de uma
linguagem de expressão particular – o desenho. O desenho rapidamente traduz
o objeto percebido; é um recurso que facilita um recorte sintético daquilo que é
significativo. Segundo Lucrécia D’Alessio Ferrara, a representação não substitui
o objeto em todos os seus aspectos, mas é parcial na medida em que seleciona
ângulos ou faces do objeto que se quer representar (“Percepção ambiental”,
1996: 63).
Na evolução da linguagem, a representação gráfica precede a escrita e se configura instrumento técnico eficiente no registro da realidade observada. O desenho pode ser executado rapidamente sem a censura de ser uma “boa” ou “má”
representação do que foi visto. Mapas, plantas, perspectivas permitem abstrair
objetos de seu entorno recriando as situações como elas foram percebidas no
local. Manfredo Massironi afirma que a eficácia do desenho linear pode dizernos algo sobre os modos como percebemos e codificamos o próprio mundo
(1982: 34). A pesquisa realizada no Itaim Bibi11 tratou de conhecer a percepção
11
TINOCO, A., 2003
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* 40
do cidadão, não freqüentador do local, ao contemplar a situação do jeito que ela
se configura para o pedestre da cidade. Captar o olhar estrangeiro (daquele que
não pertence a aquele lugar) não de um pedestre qualquer, mas de um grupo
muito especial composto por jovens que, em potencial serão futuros modeladores do espaço urbano: os estudantes de Arquitetura e Urbanismo. No caso da
avenida Bento Gonçalves, os perceptores que irão registrar os elementos significativos da paisagem são estudantes do 4º semestre do Curso de Design da
ESPM-PoA.
Kevin Linch recomenda como uma das técnicas de pesquisa da percepção ambiental o desenho rápido de um mapa da área em questão mostrando suas características mais importantes e interessantes (1997: 178). No entanto, o desenho como expressão da percepção visual procedimento implica em certa familiaridade com a linguagem do desenho, caso contrário o verbo ainda é um meio de
expressão mais eficiente.
O experimento do Itaim Bibi concluiu que para os “mapas mentais” serem representações significativas de imagens mentais, os visitantes deviam ter realizado o
percurso espontaneamente, mais de uma vez e não se devia permitir que os
elementos notados fossem registrados. Quando houve consulta aos desenhos e
fotografias, os mapas resultantes foram bem mais esclarecedores. A experiência
do olhar e do caminhar somaram-se ao registro gráfico que já isolara o elemento
tornando-o visível. Com os desenhos e fotos a mão, os elementos percebidos
ajudaram a recordar sua localização, direções dos percursos, sons, odores e até
nome de logradouros. Apesar desta riqueza de percepções os mapas nada acrescentaram aos elementos já registrados com a técnica “Levantamento Visual
Ambiental”, portanto foram descartados como material de análise das referências visuais. Acreditamos que o procedimento do “mapa mental” utilizado por
Linch em suas pesquisas somente pode ser aplicado ao caso de POA se os
“perceptores” tiverem familiaridade com o espaço estudado. Tal familiaridade
será detectada nas questões formuladas pelo “Método Design Universal”.
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* 41
Operacionalidade do experimento na Av. Bento Gonçalves
Os perceptores de 2008/1 foram 10 alunos e 26 em 2008/2 – todos matriculados
na disciplina de Design de Sistemas Informacionais da ESPM-RS.
I - O exercício de percepção foi explicado em sala de aula (ver anexo – Levantamento Perceptivo). Foi combinado que na aula seguinte o grupo se encontraria
e seguiria para a área em questão – a avenida Bento Gonçalves. A principio
houve bastante resistência dos alunos quanto ao local escolhido.
II - No dia combinado, 19/05, a turma de 10 alunos12 foi transportada de van da
sede da ESPM Porto Alegre para a avenida chegando lá as 08h00min. Os alunos foram liberados para percorrer a área, fazendo no mínimo 10 registros através de desenhos e fotografia. Foi estipulado que os mesmos teriam o trecho selecionado para percorrer livremente e que poderiam adentrar por volta de 50 metros nas ruas adjacentes. Foi estipulado também um tempo de 01h00minh (alguns alunos realizaram os registros em menos tempo).
III - Na aula seguinte, 20/05, em sala de aula, os alunos trabalharam sobre os
registros, desenhos e fotografias feitos. Sobre os registros fotográficos foram
colocados acetatos e nestes foram trabalhados os aspectos/estímulos visuais.
Após foram feitas cópias em preto dos acetatos e novamente foram trabalhados
os principais estímulos visuais através de reforço de linhas, texturas e/ou cores.
O trabalho não pode ser finalizado em aula, e ficou para ser acabado individualmente.
IV – No dia 26/05 os trabalhos foram apresentados e entregues. Foi feita uma
explanação sobre aspectos da percepção, tendo como exemplo os trabalhos dos
alunos, e uma avaliação dos resultados. Os alunos colocaram que acharam o
trabalho interessante e prazeroso de ser feito, porém alguns reiteraram a resistência ao lugar.
Fabiano atualiza estes dados
12
Somente 9 alunos entregaram o trabalho completo no prazo estipulado.
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* 42
Análise dos dados coletados
Do ponto de vista quantitativo foram realizados, respectivamente, 91+262 desenhos mediante os quais se registraram 198+446 elementos da paisagem do pedaço percorrido.
Quanto ao tipo de enquadramento ou olhar, 83.5% foram focos em detalhes,
9.8% frontal e somente 6.6% registraram uma perspectiva. Tais números nos
levam a ponderar qual seria o motivo dessa enorme quantidade de olhares para
perto em detrimento de conjuntos mais amplos e paisagens. Será uma peculiaridade desse específico grupo de perceptores a preocupação com detalhes? No
2º evento, confirmou-se a mesma incidência, portanto, trataremos de analisar o
motivo. Fabiano
Quanto à diversidade de elementos percebidos, em PoA encontramos 14 categorias diferentes13 (considerando aqueles que comparecem com freqüência superior a 3) mas somente 7 deles alcançam índices acima de 5%.
Figura 8 :: Exemplo de registro dos elementos (nº 337)
que foram significativos para
um dos perceptores. Primeiro em desenho rápido e posteriormente em fotografia
para auxiliar na interpretação das linhas – aparentemente “mal traçadas”.
Neste caso, um detalhe arquitetônico insignificante na
fotografia foi evidenciado e
tornado visível no desenho
rápido assim como a perspectiva que o traçado da
avenida permite desfrutar.
13
Ver tabela completa no anexo.
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* 43
Tabela 2 - Quantificação dos elementos percebidos na paisagem da Av. Bento Gonçalves
No quadro a seguir, os dados relevantes são mostrados separados por evento.
2008/1
2008/2
Quant. de alunos
9
26
Quant. de desenhos
91
262
Quant. de elem. registrados
195
446
Publicidade
14,14 %
28,03 %
Elem. arquitetônicos
17,17 %
17,26 %
Árvore / vegetação / canteiro / jardineira
8,21
5,16
Coisas diversas que aparecem + de 4 vezes
17,17 %
7,40 %
Calçada / guia
10,77%
6,28%
Gradil / grade / cerca
8,08 %
5,61
Grafiti / pichação
6,60
3,14
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* 44
Pode-se constatar que a publicidade comparece com um índice relativamente
alto em relação aos demais elementos. Esse dado deve ser relativizado uma vez
que os estudantes/perceptores estavam realizando um trabalho para a disciplina
“Design de Sistemas Informacionais”. Por mais que o professor orientasse que
os olhares deveriam ser o mais universal possível, compreende-se o foco para
esses elementos da paisagem.
Figura 9 :: Painel publicitário – foi registrada a ilustração do empreendimento imobiliário.
Detalhes arquitetônicos foram representados, no entanto não houve registro de
um todo ou de qualquer marco de grande porte da paisagem urbana. Os enquadramentos são para baixo, na altura do olho ou, em poucos casos, até o outro
lado da rua. Somente uma paisagem ampla foi observada. Podemos atribuir à
técnica do desenho de 1 minuto o fato dos alunos não se aventurarem a representar uma cena de maior complexidade ou, por outro lado, à falta de qualquer
marco de suficiente impacto visual que merecesse o esforço. Cabe ressaltar
que, mesmo após orientação especifica sobre a questão da importância do ângulo visual, somente 6,50 desenhos representaram a visão em perspectiva;
61,45 foram posições frontais e - apesar de recomendações contrárias - 31,00%
continuou representando detalhes/frações de objetos.
Desprendem-se, numa análise inicial do conjunto de fotografias que fazem parte
do “Levantamento Ambiental Perceptivo” realizado em trechos da Av. Bento
Gonçalves, duas principais formas de olhar aquela paisagem.
Uma primeira parece deter-se nos detalhes que confirmam uma prévia idéia (ou
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* 45
sensação) da desarmonia urbana que o local transmite para aqueles que por lá
circulam. Trata-se de um conjunto de elementos (sujeira espalhada ao longo da
avenida, rachaduras nas calçadas e edificações, “gambiarras” na fiação elétrica
e na iluminação pública e particular, reformas e reparações “criativas” do encanamento de algumas residências, graffiti, sobreposição de textos e imagens nos
letreiros e anúncios, entre outros) fotografados em plano médio ou em foco fechado. Esse primeiro grupo de elementos que “chamaram a atenção” dos alunos, quando observados em conjunto, parece denunciar que a área em estudo
representa um claro exemplo de caos urbanístico: um lugar feio para estar e
passar - o que reforça a relutância dos estudantes quanto a escolha do local registrada pelo coordenador do trabalho.
Figuras 10 e 11
No segundo grupo encontramos a atenção focada para elementos (ainda em
detalhes) que poderiam representar uma tentativa de “estetizar a feiúra”, ou talvez, na melhor das boas intenções, descobrir no meio do caos elementos “poéticos” que amenizassem o feio: uma árvore filtrada por raios de sol, um graffiti
artístico, a singeleza de uma caixa de correspondências etc).
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* 46
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Fica em evidência uma clara opção pelo
“de perto”, em detrimento do “de longe”,
de “imagens em planos abertos e perspectivas” que talvez reforçassem ainda
mais aquele caos já mencionado, e ainda
devemos salientar a quantidade de fotografias (olhares) de anúncios publicitários, parte integrante da paisagem que muito nos interessa neste estudo. A repetição do experimento piloto de 2008/1 realizado em 2008/2 após uma reflexão
por parte dos participantes e do coordenador do trabalho sobre as imagens captadas – mesmo após as devidas correções de rumo no experimento do segundo
semestre – não trouxe novas vertentes de análise. Seguem alguns elementos
registrados no segundo evento.
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* 47
Figura 15 :: Registro de
detalhe arquitetônico.
Figura 16 :: Esta placa de sinalização vertical para pedestres foi
registrada por diversos perceptores.
Figura 17 :: Este registro evidencia a percepção do elemento arquitetônico “barra” e o
número da casa com a mesma hierarquia que a pixação.
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* 48
Considerações sobre os resultados
Ao iniciar este Levantamento Visual Ambiental nos perguntávamos quais elementos da paisagem urbana são visualmente significativos para um pedestre e a
resposta – para este grupo de perceptores – pode ser lida na Tabela 2 - Quantificação dos elementos percebidos na paisagem da Av. Bento Gonçalves).
Quanto à outra dúvida inicial, aquela sobre se a quantidade de tais elementos
influencia na qualidade da paisagem, esperamos que o Método das Cenas Urbanas e o olhar antropológico a responda satisfatoriamente.
Retomando as questões centrais do projeto, o método de pesquisa “Levantamento Visual Ambiental”:
. se mostrou adequado para prognóstico da situação por permitir visualizar
através dos registros dos perceptores o que há de mais evidente para um grupo
de passantes. Recomenda-se que o universo dos perceptores seja mais diversificado - talvez saindo do âmbito da disciplina Design de sistemas informacionais
os resultados sejam menos tendenciosos.
. a pergunta se há nesse trecho da avenida Bento Gonçalves aspectos visuais
significativos da identidade do local que se configuram como inadequados
do ponto de vista comunicacional pode ser respondida analisando as categorias
representadas pelos perceptores que – em sua ampla maioria – são detalhes
“insignificantes” e muitos deles até negativos da paisagem urbana. O empreendimento imobiliário ainda em construção, a despeito da sua magnitude, quase
não aparece nos registros ou, quando foi notado, foram somente os elementos
publicitários do empreendimento.
Quanto ao objetivo específico da pesquisa de verificar se este método pode
contribuir para elaborar uma proposta de metodologia de diagnóstico, consideramos o Levantamento Visual – mesmo com resultados tendenciosos – apropriado para quantificar os elementos significativos da paisagem percebidos.
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* 49
4.2. MÉTODO DE ANÁLISE DA FORMA URBANA
No inicio do séc. XX, a teoria atomista ou associacionista dizia que a percepção
é um processo de baixo para cima, pois é o resultado da adição de várias sensações elementares.
Posteriormente a teoria gestaltista revela que a percepção é um processo de
cima para baixo, pois parte do todo para os detalhes e ainda, o todo não é igual
à soma de suas partes. A partir de experimentos, os gestaltistas precisaram certas constantes quanto à maneira como se ordenam ou se estruturam as formas
psicologicamente percebidas. São denominados padrões, fatores, princípios básicos ou leis de organização da forma perceptual. O princípio geral é o da pregnância da forma ou força estrutural que impele ao sentido da clareza, da unidade, do equilíbrio. As forças mais simples são as que regem a segregação e unificação. A primeira em função da desigualdade de estímulos, a segunda, em função da igualdade de estímulo. Outras forças são: fechamento pois existe a tendência de unir e estabelecer ligações; seqüência ou boa continuidade pois toda
unidade tende a se prolongar na mesma direção e com mesmo movimento; proximidade - elementos próximos tendem a constituir unidade; grupamento pois a
semelhança de elementos tende a constituir igualdade.
Nesse contexto, Maria Elaine Kohlsdorf (1996) no seu estudo da percepção do
espaço urbano e arquitetônico, propõe um método de análise da forma urbana.
O método utilizado compõe-se de uma série de técnicas, que se organizam em
dois conjuntos: um sistema analítico, que tem por finalidade revelar as características essenciais das morfologias publicitárias de exterior no seu contexto; e
um sistema avaliativo, aplicável às estruturas plásticas provenientes das análises que objetiva inferir seus desempenhos informativos.
No procedimento proposto a forma é definida como os limites exteriores da matéria de que é construído um corpo. E confere os seguintes desempenhos morfológicos, dentre outros:
- Dimensão funcional;
- Dimensão expressiva;
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* 50
- Dimensão simbólica (inerente a qualquer processo de percepção, pois, mesmo
inconscientemente, o indivíduo estabelece associações entre as formas percebidas e os significados a que essas lhe remetem);
- Dimensão bioclimática;
- Dimensão topoceptiva;
- Dimensão econômica;
Para este estudo da comunicação, mais precisamente da comunicação visual no
ambiente urbano, as dimensões funcional (por exemplo, configurações e relações dos espaços), expressiva (configuração e composição plástica) e topoceptiva (padrões espaciais e orientbilidade e identificabilidade) são as mais destacadas, sendo a última a mais preponderante.
O termo topocepção refere-se à noção de lugar, mais precisamente, a localização do corpo no espaço. É uma estrutura cognitiva básica construída permanentemente durante o ciclo vital dos indivíduos. Apóia-se na percepção, que decodifica informações captadas pelo sistema sensorial remoto. Beneficia-se da memória e das experiências progressas (imagem mental). Pode ter qualidade distinta em situações diferentes, pois depende do nível de informação visual oferecido pela forma do espaço ao observador.
Na avaliação topoceptiva de um espaço urbano ainda deve-se levar em consideração as características estruturais, ou seja, os efeitos semânticos, os fenômenos de configuração e as leis de composição plástica. Os efeitos semânticos,
segundo Kohlsdorf (2000) se originam na abordagem da forma dos lugares como um sistema de signos, onde as diversas composições plásticas possíveis
constroem qualidades que representam a relação triádica da semiótica Peirciana
– entre o objeto (um determinado fenômeno, o espaço), seu signo (a partir de
seus sinais, o efeito de sua composição plástica) e o sujeito que o observa.
Neste contexto, a principal qualidade semântica, tratando-se das expectativas
sociais, é a legibilidade. Na legibilidade de um espaço urbano interferem a pregnância (que por sua vez, pode ser subdividida em outras qualidades semânticas
tais como a clareza, a dominância, a originalidade, a associatividade, a comple-
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* 51
xidade e a variabilidade), a individualidade e a continuidade. Ainda segundo Kohlsdorf (2000) os fenômenos de configuração exploram a composição figurativa
como produto de tensões – unidade x diversidade, comum x especial, continuidade x mudança, etc. E, por sua vez, as leis de composição plástica são leis de
organização das formas que examinam a natureza e as relações entre seus
componentes, destacando suas estruturas através de eventos como a formação
de totalidades, segregação e unificação, proximidade, semelhança e continuidade de direção entre outras nas quais ainda interferem a tensão, o equilíbrio, o
movimento (o tempo e o ritmo), a luz e a cor.
Nesse contexto entram os conceitos de legibilidade e imageabilidade desenvolvidos por Lynch (1960) que, respectivamente, representam a facilidade com que
as partes podem ser reconhecidas e organizadas em um padrão coerente e a
qualidade de um objeto físico que lhe dá alta probabilidade de evocar uma forte
imagem em qualquer observador. Assim, no que diz respeito ao desempenho
informativo – a legibilidade e as capacidades de orientar, de identificar e de estímulo do ambiente, encontramos que o trecho estudado da Avenida Bento Gonçalves apresenta uma legibilidade e uma imageabilidade fracas, resultante da
falta de pregnância, da falta de contraste (exceção feita as mídias e aos elementos de sinalização comerciais) além uma estrutura plástica pouco diversa, apesar de apresentar pouca continuidade e semelhança.
Nesse contexto, percepção é a ação da inteligência sobre as sensações. Percepção é ainda conhecimento, nos níveis cognitivos: percepção e imagem mental, e representação geométrica secundária do espaço.
Neste sentido, podemos classificar as seguintes categorias morfológicas analíticas, que podem trazer a tona diferentes aspectos da percepção visual do ambiente: atributos morfológicos percebidos, atributos morfológicos imaginados e
atributos morfológicos para representação secundária.
Caracterizando-se a percepção como apreensão, em movimento, de predicados
topológicos e perspectivos dos lugares observados, desenvolveu-se a técnica da
análise seqüencial, que parte do registro de cenas contidas nos diversos cones
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* 52
visuais componentes do percurso do observador, e atinge a representação visual da estrutura do espaço percebido (pautas de eventos seqüenciais). A análise
seqüencial realiza essa passagem através da descrição de eventos (estações,
intervalos métricos e temporais, campos visuais e efeitos visuais, subdivididos
em uma série de outros), que são processados, manualmente ou de forma informatizada, para a obtenção das características estruturais de cada seqüência.
Estas têm papel fundamental no sistema de avaliação do comportamento informativo das morfologias arquitetônicas na percepção.
Dentro das técnicas analíticas relacionadas à percepção, os principais eventos
seqüenciais que aplicaremos podem ser sumariamente definidos como:
Estações: correspondem aos momentos em que o observador registra perceptualmente a forma do lugar por onde se desloca, significando que houve
consciência dos estímulos sensoriais recebidos, e uma seleção de pontos
de observação.
Intervalos: expressam as distâncias entre as estações, e o tempo gasto no
percurso entre as mesmas, podendo ou não ser iguais e constantes.
Campos visuais: são, na verdade, cones, e ocupam a porção de espaço
coberta pela vista do observador, em cada estação, apresentando-se em
número e posição variados ao longo da seqüência, podendo ser classificados em frontal, lateral (direita e esquerda) e frontal posterior.
Efeitos visuais: constituem o produto percepcionado dos sinais recebidos
pelo observador, construindo, assim, a estrutura topológica e perspectiva
dos campos visuais, mas também a caracterizando sob outros aspectos,
como intensidade dos efeitos, predominância de efeitos visuais de campo
amplo ou restrito, etc.
Dentro das técnicas analíticas relacionadas às informações secundárias, podem-se definir as seguintes categorias morfológicas, no que se refere ao objeto
de estudo deste trabalho:
Sítio físico: examina como o contexto do ambiente urbano participa (ou ausenta-se) da configuração do entorno da mídia.
Planta baixa: analisa a configuração da implantação da mídia e das edificações do entorno imediato, que significam suas projeções ortogonais no
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* 53
plano horizontal, através dos elementos: malha (composição das linhas dos
eixos correspondentes aos espaços de circulação, como corredores, etc.) e
parcelas (composição dos polígonos, correspondentes aos espaços adjacentes àqueles de circulação).
Conjunto de planos verticais: estuda a composição plástica das projeções
ortogonais no plano vertical da mídia e de edificações do entorno imediato
através de: linha de coroamento (delimitação das fachadas, cortes e perfis),
sistema de pontuações (relações entre as maiores alturas da linha de coroamento), linhas de força (expressão da lei do equilíbrio, em cada composição no plano vertical).
Composição plástica: observa a forma das mídias e das edificações do entorno imediato através de: relação da mídia com as edificações próximas e
o espaço público (contigüidade X intersticialidade dos volumes, graus de
transição público versus privado), volumetria (caracterização geométrica e
plástica do volume edificado), fachadas (descrição geométrica e composição plástica), cobertura (idem) e temas base X temas destaque (qualificação da configuração do edifício, quanto àquela dos demais componentes
de seu entorno imediato, definindo seu papel de elemento básico ou realçado).
Elementos complementares: aborda os elementos que participam intimamente da composição plástica da mídia e das edificações do entorno imediato sem, entretanto, a ela pertencerem — como, por exemplo, luminárias,
placas e letreiros, sendo possível incluir-se o próprio mobiliário, se necessário, aos objetivos de análise.
A apresentação sucinta das categorias morfológicas estruturais mostra sua ligação explícita e imediata com o nível da percepção do espaço. Exerce o papel de
revelar a estrutura de configuração objetiva dos lugares que foram perceptualmente registrados, e de lançar tais estruturas para serem testadas como informação sensível.
Na avaliação do desempenho informativo, ou seja, da forma enquanto resposta às aspirações de legibilidade, orientabilidade, identificabilidade e capacidade
de estímulo é feita através do exame das características estruturais da composição plástica que podem ser derivados em três grupos:
Efeitos semânticos: representam a relação entre objeto, seu signo e o sujeito que o obesrva; embora sempre articulados, referem-se ora a expectativas sociais (como legibilidade e pregnância), ora a atributos físicoespaciais (como clareza e originalidade). Assim, por exemplo, a legibilidade
forma-se pela pregnância, individualidade e continuidade; a pregnância, pe-
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* 54
lo contraste; a continuidade pela associatividade, etc.
Fenômenos de configuração: abordam as leis de composição configurativa
como produtos da tensão entre dois pólos extremos de possibilidade de
movimento nas organizações morfológicas — mínimo e máximo. Assim, a
estrutura plástica é observada como resultante entre unidade e diversidade, continuidade e mudança, etc.
Leis de composição plástica: examinam a natureza e as relações entre os
integrantes das estruturas morfológicas, segundo leis como da semelhança, do fechamento, da continuidade de movimento, da relação fundo versus
figura etc.
Ressalta-se finalmente que se trata de um método de análise do espaço construído, com vistas à aplicação no estudo da comunicação visual no ambiente
urbano que é feito sobre levantamentos fotográficos e realizadas observações
de forma descritiva sistemática indireta, ou seja, através do uso de instrumentos
ou inferências para obter as informações pertinentes. Desta maneira, no caso da
avenida Bento Gonçalves, montou-se uma seqüência de estações para levantar
e analisar os diferentes estímulos visuais.
Aplicação do Método
Para a apreensão da Forma Urbana do trecho selecionado da avenida Bento
Gonçalves o método consistiu na análise seqüencial, que parte do registro de
cenas14 contidas nos diversos cones visuais componentes do percurso do observador, apontado de acordo com os estímulos visuais existentes, e atinge a
representação visual da estrutura do espaço percebido. A análise seqüencial
realiza essa passagem através da descrição de eventos (19 estações, sendo
algumas com mais de um cone visual; intervalos métricos, medidos em passos;
campos visuais, divididos em F - frontais, FL – frontais laterais, FP – frontais
posteriores, e estes ainda divididos em D - direita e E - esquerda; e efeitos visu14
O levantamento foi realizado pelo Núcleo de Fotografia da ESPM-PoA, coordenado pelo Prof.
Manuel da Costa com colaboração de Renata Masseti e Tanise Cabral, e com instrumental uma
câmera Nikon D70 com lentes – 50 mm (a perspectiva e o tamanho dos objetos fotografados por
essa lente são muito mais próximos da visão humana, se comparado às demais lentes).
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* 55
ais, divididos em topológicos e perspectivos), que são processados, para a obtenção das características estruturais de cada seqüência.
Os efeitos topológicos e perspectivos encontrados são:
Efeitos Topológicos: Estreitamento, Alargamento, Envolvimento, Enclausuramento, Amplidão e Estreitamento/Alargamento Parcial.
Efeitos Perspectivos: Direcionamento, Impedimento, Visual Fechada, Emolduramento, Realce, Conexão, Mirante e Efeito em Y.
Ainda podem-se classificar os efeitos segundo o grau de percepção. Assim:
FF – Fortíssimo
F – Forte
M – Médio
P – Fraco
PP – Fraquíssimo.
Para a percepção de tais efeitos, deve-se abstrair uma série de elementos morfológicos que aparecem nos registros fotográficos, mas que não são relevantes,
em busca das superfícies estruturantes da cena contida no campo visual.
Agregou-se também a este percurso a questão temporal, já que o mesmo foi
realizado em dois momentos distintos buscando-se identificar alterações que por
ventura houvessem ocorrido. Esta necessidade surgiu da construção de um
grande empreendimento imobiliário, um conjunto de prédios habitacionais, durante a pesquisa, o que despertou a curiosidade científica de saber como esta
construção modificaria a percepção visual do trecho analisado. Estes dois momentos, saídas a campo para registro, foram realizados em 23/06 e 23/12/2008.
Bom lugar para inserir o desenho das estações
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* 56
Na próxima página mostramos, a título de exemplo, o modo de organizar as informações resultantes do levantamento. A imagem de cima é do primeiro momento e a de baixo é do levantamento posterior. O elenco das imagens completas pode ser encontrado a partir da página Erro! Indicador não definido. do
anexo.
Para classificar e caracterizar as imagens obtidas foram utilizados os sinais propostos por KOHLSDORF em Apreensão da Forma da Cidade (vide tabela na
página 146 dos anexos).
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* 57
Estações
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
01 F
Campo
visual:
Frontal
Intervalo: 10 passos
02 FLD
Campo
visual:
Frontal /
Lateral
(direita)
Intervalo: 20 passos
Figura 18 :: Exemplo de análise da Forma Urbana
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* 58
Quanto às informações secundárias – sitio físico, planta baixa, conjunto de
planos verticais, composição plástica e elementos complementares observa-se
que o tecido urbano (fig. xx) apresenta o trecho selecionado da avenida Bento
Gonçalves como uma estrutura de um grande corredor para o qual direcionamse ruas transversais apenas na sua direita (direção centro bairro). Assim, o sítio
físico e a planta baixa apresentam a percepção de um espaço quase sem interrupções, sob a ótica morfológica, o que é reforçado posteriormente pela analise
topológica. Já no que diz respeito aos planos verticais, com exceção do conjunto
residencial em construção, não aparecem como elementos fortes e marcantes
do ambiente percebido, reforçando novamente a idéia de corredor. Nota-se desde edificações de um até seis pavimentos que, entretanto, não chegam a provocar fortes elementos, ou planos verticais que marquem percepção da paisagem,
devido em grande parte a largura e a extensão da via. No tocante a composição
plástica novamente não aparece nenhum elemento marcante, denotando uma
configuração plástica que, em alguns momentos, apresenta volumetrias, coberturas e fachadas diferenciadas (por exemplo, estação 03 LE), mas que não chegam a marcar, a referenciar o espaço. E, por fim, os elementos complementares
encontrados, vão desde os essenciais para o bom funcionamento de uma via de
tráfego intenso, como sinaleiras, postes, luminárias e placas até os letreiros.
Neste ultimo item encontra-se uma diversidade de elementos visuais que competem pela atenção do passante / usuário do espaço e que muitas vezes não
conseguem cumprir sua função – informar, seja pelo excessivo número e pela
proximidade em que se encontram (estação 03 LE) seja pelo design pouco qualificado de seus componentes – tipografia, cor, diagramação, etc. (estação 10
LE), seja ainda pela falta de manutenção dada a estes elementos (estação 02
FLD)
Na seqüência passamos aos efeitos topológicos, ou seja, a análise de desempenho de apreensão da forma dos espaços. Podemos encontrar segundo Kohlsdorf (2000), dentre outras vertentes, as que tratam da forma por sua resposta
a expectativas estéticas dos grupos sociais e a forma como resposta a expectativas de informação. Para este estudo é importante a questão de como o espa-
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* 59
ço urbano responde as expectativas de informação ou como este espaço fornece indicações que orientem as pessoas e que permitam que elas o identifiquem.
Assim, na análise do percurso e das estações nota-se que os efeitos topológicos
de alargamento, envolvimento e enclausuramento não são encontrados, pois o
espaço carece de elementos físicos marcantes que demonstrem uma modificação, para maior, da largura da avenida ou envolvam ou cerquem o observador/usuário. Os efeitos de amplidão, estreitamento e estreitamento parcial, são
mais freqüentes, sendo que os dois últimos destacam-se no número de ocorrências. A amplidão, experimentada em espaços onde os limites, físicos e do campo visual, estão distantes ou são indefinidos e insignificantes, é encontrada
sempre que o campo visual posiciona-se frontalmente, demonstrando a relação
entre a largura da avenida e seu comprimento. Já o estreitamento ocorre onde
paredes de delimitação parecem se aproximar, normalmente quando edificações
de maior porte se sobressaem do tecido urbano como um todo, trazendo a percepção de que o espaço diminui, notadamente nos campos visuais laterais. Desta forma o espaço estudado, no que diz respeito aos efeitos topológicos, apresenta uma percepção de um espaço amplo, retilíneo, alongado e plano, onde
nenhuma forma em especial se destaca na configuração do tecido urbano.
Porém, se quisermos entender quais são as características percebidas em certo
lugar, temos de selecionar, além dos atributos topológicos, seus atributos de
estruturação perspectiva.
Assim, no que diz respeito aos efeitos perspectivos, não são encontrados os
efeitos de mirante e conexão, denotando que a avenida, neste trecho, não apresenta lugares de visualização privilegiada – mirantes, nem mostra descontinuidades que provoquem o surgimento de espaços que necessitem ser conectados, muito em virtude de não possuir vias que cruzem a avenida na sua totalidade. Os efeitos de impedimento, emolduramento, realce e efeito em Y são encontrados em pequeno número, demonstrando novamente que certa homogeneização predomina no trecho estudado. O efeito de impedimento e o efeito em Y são
encontrados quando o campo visual é deslocado para a lateral, seja à direita ou
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* 60
à esquerda. O efeito de emolduramento, quando a cena é delimitada por um
plano mais próximo ao observador/usuário, é possível, ainda que com intensidade fraca, pela inserção de semáforos e postes de iluminação, elementos de mobiliário urbano que são bastantes presentes na área. O efeito de realce é alcançado apenas na segunda observação, quando da construção dos prédios habitacionais. Efeitos de direcionamento e visual fechada aparecem de uma maneira
bem mais destacada. O direcionamento configura-se quando se enfatiza a continuidade longitudinal do espaço pela estrutura alongada e bem definida dos planos laterais, que convergem para o ponto de fuga da perspectiva. Já a visual
fechada torna a perspectiva do campo visual pouco profunda, fechando-a. Desta
forma o espaço estudado, no que diz respeito aos efeitos perspectivos, reforça a
percepção de um espaço amplo, retilíneo, alongado e plano, onde nenhum efeito
perspectivo se destaca além do direcionamento e da visual fechada, inerentes
às características citadas do espaço.
Na questão da temporalidade – movimento e tempo – nota-se uma profunda
modificação com a construção dos prédios habitacionais, que transformam a
paisagem e a maneira com que ela é percebida - como demonstram as imagens
das estações 04 FLD, 05 F, 09 FPE e 10 FPE.
O uso do método de análise da forma urbana, nesse estudo, teve como objetivo
de entender o espaço urbano, sua configuração e seu desempenho, e a inserção de mídias no mesmo. Tal método permite concluir que o espaço urbano do
trecho estudado da Avenida Bento Gonçalves não oferece alta legibilidade, não
apresenta assim a característica de possuir referenciais, carecendo de uma identidade suficientemente forte para aqueles que observam / percebem o lugar.
Nesse contexto, as mídias inseridas também não conseguem sobressair, não
conseguem se destacar e assumir o posto vago de referenciais do espaço porque do mesmo modo não apresentam boa legibilidade e pregnância. Os estímulos visuais do espaço e das mídias misturam-se sem se destacar.
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* 61
4.3. MÉTODO PARA FORMULAÇÃO DE CENAS URBANAS
Outro método que se vai lançar mão consiste na formulação de cenas urbanas,
realizadas através de levantamento fotográfico da realidade e / ou simulações,
baseadas em estudos da área do ambiente e comportamento (avaliação do ambiente construído ou avaliação pós-ocupação), e analisadas, por exemplo, segundo critérios preestabelecidos, por um público segmentado de técnicos e leigos. Este método foi aplicado por Adriana Portella em sua dissertação de mestrado (2003) “A qualidade visual dos centros de comércio e a legibilidade dos
anúncios comerciais” e em sua tese de doutorado (2007) “Evaluating commercial
signs in historic streetscapes: the effects of the control of advertising and signage
on user’s sense of environmental quality”15, no qual traz à tona a questão da poluição visual na percepção do ambiente.
Assim, antes de explicar a respeito deste método é necessário colocar alguns
conceitos relativos às funções dos anúncios comerciais, sinalização comercial,
segundo Abraham Moles (1987) temos as seguintes condições:
Ambivalência – refere-se à composição ordenada que deve existir entre os
anúncios e o ambiente construído, de modo a constituir um meio físico e,
ao mesmo tempo, estético agradável às atividades do indivíduo.
Estética – a regra geral para comunicar é a de agradar ao indivíduo, o que
significa, dentre outros fatores, ter o anúncio comercial um valor estético
considerado positivo pela maioria dos observadores. Isso é resultante da
relação entre os elementos constituintes dos anúncios (tais como cores,
formas, palavras, imagens) e as construções. Entretanto verifica-se que,
mesmo o individuo não considerando agradável a composição do anúncio
e a relação desse com o ambiente construído, terá de reconhecer a sua
função estética no ambiente: o anúncio comercial pode contribuir positiva
ou negativamente à qualidade visual do espaço, sendo a relevância de seu
papel indiscutível às avaliações estéticas do cenário urbano.
Artística – o anúncio constitui-se por um elemento ora supridor ora motivador de desejos, sendo utilizado, muitas vezes com o intuito de renovar ou
incentivar os mecanismos de consumo do indivíduo. Porém, cumpre consi15
Dissertação e Tese defendidas, respectivamente, junto Programa de Pós-graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Propur/Ufrgs e
junto ao programa Urban Design da Oxford Brookes University.
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* 62
derar também o campo artístico que esse envolve, pois apesar das exigências comerciais, continua a ser um estimulador a novas criações. A função
artística é um dos domínios ainda reservados a esse elemento, pois mesmo que os anúncios se dissolvam na banalização de suas cópias, recusadas ou negligenciadas pelos cidadãos, ainda lhe restará essa função. Entretanto é relevante esclarecer que muitos anúncios não atendem esta função, revestindo-se de um caráter somente informativo.
Social – relaciona-se à criação artística absoluta dos anúncios, a qual os
torna possíveis objetos em iconotecas, representativos do reflexo da cultura de determinado período.
Autodidaxia da população – corresponde, por meio das mensagens vinculadas pelos anúncios comercias, ao autodidatismo da população em relação a muitos aspectos da cultura, dos valores e dos costumes da sociedade. Isso se torna possível, pois os anúncios permitem ao indivíduo a apreensão de certo número de informações que constituem elementos da vida
de muitos países, ou seja, refletem o “inventário da civilização contemporânea”.
Neste contexto, entra também a questão da legibilidade. Segundo Adriana Portella (2003), interferem no grau de legibilidade:
O repertório de signos (tanto da mídia como do usuário): para que haja a
comunicação é necessário pelo menos alguns pontos em comum entre os
repertórios.
As características físicas da mídia: forma, altura, cor, volume, textura, imagens, tipos de letras, contrastes, etc., ou mais especificamente, formato,
tamanho, cor, tipo de fixação (justaposto ou pintado nas edificações, etc.),
a disposição (paralelo, perpendicular ou em ângulo em relação a via), a localização (no corpo ou no coroamento das edificações, etc.), o número de
imagens, a tipografia utilizada, o tamanho das letras em relação à área livre
do fundo dos anúncios e o contraste cromático.
O ordenamento do ambiente onde a mídia está exposta: relações estabelecidas por alguns princípios da Gestalt (complexidade e contraste, principalmente, e proximidade). Destacam-se aqui duas variáveis que na maioria
das vezes promovem a desordem: a incompatibilidade formal entre a forma
física da mídia e seu entorno imediato urbano e a sobrecarga visual.
Assim, a avaliação da qualidade visual do ambiente é influenciada basicamente
por duas variáveis:
. os aspectos formais, relacionados aos conceitos de ordem e .
. os aspectos simbólicos.
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* 63
Para identificação de quais ambientes são ordenados e quais não são, leva-se
em consideração as relações que se estabelecem entre os atributos formais do
espaço. Esses atributos centram-se nas características formais do ambiente, tais
como forma, altura, cor, volume, textura das construções e dos elementos midiáticos. Os aspectos simbólicos referem-se aos significados conotativos que determinadas características físicas do ambiente podem ter para o indivíduo, em
função de valores atribuídos por ele a essas.
Ambas as categorias são consideradas nos processos de análise já que a imagem final que o indivíduo tem do ambiente caracteriza-se por ser uma resultante
da combinação dessas durante etapas perceptivas e cognitivas de apreensão da
forma.
Os métodos de coleta de dados a serem aplicados fazem parte dos utilizados na
área de pesquisa relativa ao Ambiente e Comportamento, os quais visam analisar a aparência de ambientes urbanos frente à percepção e à avaliação do usuário. Tanto os métodos quanto as técnicas adotadas abordam a realidade sobre
dois aspectos: de forma abstrata – considerando as imagens que estão armazenadas na memória do indivíduo, e de forma concreta – através de representações de cenas urbanas.
De acordo com a metodologia aplicada por Portella (2003) dividem-se em duas
grandes etapas, o levantamento de arquivo e o levantamento de campo. Neste
estudo, para fins de simplificação da metodologia, já que parte da aplicada por
Portella (2003) correspondia a sua aplicabilidade e validade, só serão levadas
adiante algumas fases do levantamento de campo, que pode ainda ser divido
em:
- observação in loco das características físicas;
- levantamentos físicos (montagens fotográficas);
- representação do ambiente urbano (simulação);
- seleção de cenas (caracterização física das cenas delimitadas à análise);
- questionário;
- seleção de respondentes;
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* 64
- aplicação dos questionários para os respondentes selecionados.
A observação das características físicas será realizada in loco a fim de identificar
quais áreas mais se enquadram na análise. E, posteriormente, os levantamentos
físicos serão realizados através de montagens fotográficas. Stamps (2000) defende que a fotografia, notadamente a colorida, produz resultados confiáveis ao
permitir que a definição dos limites do campo de visão do ambiente seja o mesmo para todos, tornando possível a comparação de resultados obtidos a partir
da observação do espaço real.
Na seqüência, monta-se a cenas e selecionam-se as mais adequadas a pesquisa de acordo com os estímulos visuais, assim como se seleciona os respondentes aos questionários, neste caso separando os respondentes em dois grupos
técnicos (sendo a amostra de 20 respondentes, sendo 10 de cada sub-grupo:
arquitetos e urbanistas, e publicitários) e leigos (também 10 respondentes de
cada sub-grupo: comerciantes e consumidores).
No que se refere aos questionários (pág. 164 do anexo), estes foram montados
com as cenas realizadas com base nos levantamentos fotográficos feitos anteriormente. O procedimento classifica-se como descritivo por inquirição através de
pesquisa estruturada, ou seja, busca metódica de informações e quantificação
dos resultados sempre que possível. O questionário, aberto ou fechado, neste
com uma escala de avaliação, será aplicado aos dois grupos, técnicos e leigos.
No questionário serão abordados temas referentes à aparência da cena (e aqui
coloca-se o termo aparência como o aspecto ou aquilo que se mostra superficialmente ou à primeira vista, embora filosoficamente possamos encontrar duas
visões sobre a relação entre realidade e aparência: a visão da aparência como
tudo a que temos acesso cognitivo direto, típica do idealismo, e a visão da aparência como o aparecer da realidade, típica do realismo); sobre a ordem / desordem (coloca-se o termo ordem quando se produz concordâncias e uniformidades entre as unidades e/ou objetos que compõe a cena ou ainda quando se tem
compatibilidade de linguagens formais e desordem como a ausência de relações
ordenadas); a legibilidade (coloca-se o termo legibilidade referente ao grau de
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* 65
nitidez que permite distinguir uma característica de outra, diferindo do conceito
de facilidade de leitura, que diz respeito a familiaridade em relação a esta característica) e as características físicas dos anúncios comerciais; a aparência dos
prédios; e a variação das características físicas dos anúncios comerciais.
Tendo em vista as variáveis consideradas nesta investigação, nos resultados
podem-se aferir as questões sobre a percepção dos espaços urbanos e suas
relações com os anúncios comerciais.
Operacionalidade do experimento na Av. Bento Gonçalves
Na operacionalização da aplicação do método foram registradas as cenas16 das
fachadas de ambos os lados da avenida no trecho estudado através de fotografias que foram agrupadas para montagem de uma panorâmica (Figuras 19 e 16).
Tais fotografias foram tiradas em sábados (menor movimento e conseqüente
interferência no registro) entre o final de 2008 e o inicio de 2009, na calçada oposta da fachada a ser registrada e configuram imagens únicas a partir da soma
de vários campos visuais, buscando-se gerar uma continuidade. Após, esse conjunto de fotos é trabalhado em programas computacionais (Adobe Photoshop) a
fim de se atingir o resultado pretendido. Na simplificação do método aplicado por
Portella (2003) não foram feitos registros ou panorâmicas em perspectiva, pois
não havia elementos perpendiculares às fachadas de relevância para o estudo.
Novamente aqui se ressalta os estudos de Stamps (2000) em que foram avaliadas as percepções de indivíduos sobre uma situação real e sobre sua simulação
fotográfica (panorâmica frontal), cujos resultados não apresentam diferenças,
mostrando que apesar de tratar-se de uma imagem difícil de ser percebida, em
função da limitada largura das ruas e dos campos visuais do olho humano, am16
O levantamento foi realizado pelo Núcleo de Fotografia da ESPM-PoA, coordenado pelo Prof.
Manuel da Costa com colaboração de Renata Masseti, e Tanise Cabral, e com instrumental uma
câmera Nikon D70 com lentes 50 mm (a perspectiva e o tamanho dos objetos fotografados por
essa lente são muito mais próximos da visão humana, se comparado as demais lentes).
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* 66
bas são aplicáveis e produzem resultados confiáveis.
Figuras 19 e 20 :: Panorâmicas Gerais dos dois lados da Av. Bento Gonçalves no trecho
selecionado para a pesquisa (Ver imagem ampliada no pág. XX do Anexo). Bakos ainda
falta
Nota-se nas montagens gerais que algumas características já podem ser percebidas, tais como: diferenças de alturas das edificações (desde prédios térreos
até prédios de 20 andares – em construção), heterogeneidade de ocupação
(prédios comerciais e industriais – fato que pode ser observado pelas características físicas das edificações) e presença de vegetação (fato quase que ignorado
pelos registros feitos no Método do Levantamento Visual Ambiental).
Após a montagem das panorâmicas gerais, foram selecionados dois trechos que
apresentassem questões relevantes para o estudo sobre a aparência, as características físicas, ordem/desordem e legibilidade da Avenida Bento Gonçalves. É
importante ressaltar que a busca das cenas foram por imagens que refletissem a
imagem da Avenida no trecho estudado e não por exemplos máximos de ordem/desordem e legibilidade. Assim, foram selecionadas cenas que apresentem
atividades comerciais e anúncios comerciais fixados sobre as fachadas, na freqüência em que costumam aparecer na avenida, e que apresentem edificações
com características formais não homogêneas, típicas da região. Ao contrario de
Portella (2003), aqui não houve a preocupação de deixar de fora da amostra,
cenas que contivessem terrenos vazios ou delimitados apenas por muros, prédios com mais de quatro pavimentos e prédios em construção, pois são características inerentes da avenida em estudo.
Posteriormente estas imagens de trechos foram novamente trabalhadas através
de programa computacional (Adobe Photoshop) para a formulação das duas
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* 67
cenas (figuras 19 e 20). Na segunda imagem foram excluídos diversos elementos urbanos – alguns postes, fiação e algumas placas de transito, para inferir
junto aos entrevistados a percepção a respeito de uma cena onde parte da poluição visual foi retirada em comparação a uma cena típica da avenida (Figura 21).
Figura 21 :: Cena 1 (ver imagem ampliada na pág. XX do Anexo) Bakos ainda falta
Figura 22 :: Cena 2 (ver imagem ampliada na pág. XX do anexo) Bakos ainda falta
Na aplicação dos questionários (ver questionário na pág. 164 do Anexo), realizado entre março e abril de 2009, foram mostradas as duas cenas (impressa a
cores, na melhor resolução possível) e cada respondente preencheu de acordo
com algumas exigências (pertencer a um dos grupos pretendido, ser maior de
18 anos e conhecer o lugar em estudo). O entrevistador esteve presente durante
o preenchimento do questionário tanto no grupo dos técnicos – arquitetos e urbanistas e publicitários, quanto dos leigos – comerciantes e consumidores.
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* 68
Análise dos dados coletados
Foram gerados 80 questionários que deram margem aos seguintes resultados17:
Resultados a respeito da Cena 1
No que se refere à aparência (Tabela 4), pode-se identificar que 40% consideram-na feia e 22,5% muito feia, perfazendo um total de mais da metade de avaliações negativas. Pode-se notar ainda que existe uma maior divergência entre
as percepções dos comerciantes e dos demais usuários. Os primeiros tendem a
associar a aparência dos prédios e dos anúncios à avaliação menos negativa da
cena.
Quando questionados sobre a principal razão da resposta anterior (Tabela 5),
42,5% dos entrevistados colocam a aparência dos prédios e dos anúncios comerciais como destaque, seguido com 32,5% pela aparência exclusiva dos prédios. Em menor número, ambos com 12,5%, surgem os anúncios comerciais e
outras respostas. Segundo os entrevistados parece haver, de uma maneira geral, predominância das características dos prédios na percepção da cena.
Já quando questionados se as características físicas dos anúncios comerciais
(Tabela 6) influenciam sua resposta sobre a aparência da cena, 25% dos entrevistados colocam a questão do numero, do tamanho (42,5%) e da localização
(22,5%) de anúncios. Muitos entrevistados questionaram a pequena quantidade
de anúncios encontrada na cena, demonstrando, de certa maneira, estar habituado ao excesso de informação, ou, por tratar-se de uma pesquisa relacionada a
percepção, estarem esperando uma grande quantidade de informação (anúncios). Neste contexto, estas porcentagens mencionadas parecem estar ligadas a
percepção da baixa presença de anúncios, sem relacionar necessariamente
uma posição positiva ou negativa, destacando novamente a predominância das
17
As tabelas detalhadas podem ser consultadas na pág. 165 do Anexo
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* 69
características dos prédios na percepção da cena.
E sobre se as características físicas dos prédios (Tabela 7) influenciam a resposta sobre a aparência da cena, 75% dos entrevistados mencionam as cores e
72,5% os estilos (ou a falta de) dos prédios. O contorno superior de cada prédio
é mencionado por 37,5% dos entrevistados. Estas respostas estão ligadas a
percepção negativa da cena. Enquanto que o tamanho dos anúncios (25%) e a
localização dos anúncios (22,5%) estão relacionados a percepção positiva do
espaço (estabelecida através da avaliação da cena na pergunta 1).
Dentre outras respostas colocadas para esta pergunta, destaca-se a menção “ao
aspecto caótico de todos esses elementos misturados e sem nenhuma ordem
harmoniosa e lógica” e “a falta de unidade”, provocada pela “diversidade de recuos, alturas e muitos elementos, como postes, pichação etc”.
Quando o questionamento refere-se à ordem e à desordem da cena (Tabela 8),
65 % dos entrevistados classificam-na como muito desordenada, 27,5% como
desordenada e somente 7,5% como nem ordenada, nem desordenada. Nenhum
entrevistado classificou a cena como ordenada e muito ordenada, demonstrando
assim a clara percepção de desarmonia, de incompatibilidade de linguagens
formais.
A respeito da legibilidade (Tabelas Tabela 9 e Tabela 10), mais especificamente
sobre a leitura das mensagens dos anúncios mostrados, 52,5% acharam que
nem é fácil, nem é difícil e 35% dos entrevistados que é difícil. E, salientando
mais uma vez, que alguns entrevistados colocam a questão de que visualizaram
poucos anúncios nesta cena, pode-se especular que apesar do pequeno número, os anúncios encontrados não possuem boa legibilidade.
Já no que diz respeito às características físicas da cena (Tabela 10) que afetam
esta percepção, o número de anúncios comerciais (20%) e a variação entre as
características físicas dos prédios (45%) demonstram que o primeiro é visto como um fator positivo, ou seja, a pequena quantidade encontrada não … (faltou
completar a idéia); já o segundo como um fator negativo, pois a grande variação
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* 70
das edificações torna a leitura . Neste ponto os entrevistados colocam que outros fatores (30%) afetam a percepção das características físicas da cena, tais
como pichações e má conservação dos elementos urbanos, notadamente a parada de ônibus.
No que diz respeito ao número de anúncios comerciais (Tabela 11), como já
mencionado, grande parte dos entrevistados encontrou um numero muito pequeno (75%). Esta porcentagem encontra apoio nas respostas da tabela 02, onde os entrevistados colocam a questão de que os anúncios comerciais não são
os únicos responsáveis pela sua avaliação da cena.
Como o numero de anúncios é muito pequeno, a percepção da área dos prédios
coberta pelos mesmos também é muito pequena como demonstra a Tabela 12.
No que se refere à aparência de algum prédio ser prejudicada (Tabela 13), a
maioria dos entrevistados (85%) destaca os anúncios comerciais quase não interferem na aparência dos prédios e quando isso acontece nesta cena, a quantidade é muito pequena. Isto se deve, em grande parte, a percepção dos entrevistados de que a cena possui poucos anúncios comerciais.
Concluindo a abordagem da percepção da cena 1, tem-se que locais com alta
variação das características físicas dos seus elementos são percebidos como
negativos. Ou seja, edificações e fachadas fragmentadas e com grande variação
de cor e linguagem formal dificultam a percepção de ordem. Embora a presença
de anúncios comerciais seja pequena, apenas características físicas dos prédios, aliadas a falta de conservação do espaço público e da falta de planejamento da colocação de elementos urbanos, servem para, neste caso, apresentar
uma percepção negativa do espaço.
Resultados a respeito da Cena 2
A aparência da cena (Tabela 14) aparece como mais positiva se comparada a
aparência da cena 1, pois apesar de ainda 45% classificam-na como feia a cate-
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* 71
gorização como muito feia é pequena (7,5%) e até surge a classificação como
muito bonita (5%). Esta questão, porém não muda o fato da percepção, no geral,
ser negativa.
Tem-se também que o grupo de arquitetos é o que avalia mais negativamente
tanto a cena 1 quanto a cena 2 e que o grupo de comerciantes é o que avalia
mais positivamente.
Fazendo referencia a resposta anterior, na Tabela 15 tem-se que a aparência da
cena é explicada pela aparência conjunta de prédios e anúncios comerciais
(67,5%). Da mesma forma como acontece na cena1, porém com destaque também para a aparência de anúncios comerciais (10%), já que nesta cena eles
aparecem em maior número. Em outras repostas, são levantadas questões mais
técnicas como a falta de unidade morfológica entre as edificações presentes na
cena, ou seja, a ausência, na percepção, de uma ordem estrutural das formas.
No que se referem às características físicas dos anúncios comerciais (Tabela
16) e sua influencia na resposta sobe a aparência da cena, 57,5% dos entrevistados declararam que a o tamanho e a cor dos anúncios, 55% a localização dos
anúncios nos prédios e 45% a área coberta pelos dos prédios pelos mesmos.
Fazendo um paralelo, salienta-se a importância da localização dos anúncios nos
prédios, ressaltadas nas duas cenas averiguadas. Nota-se ainda que enquanto
na cena 1 a pouca ocorrência de anúncios gerou uma grande quantidade de
respostas de que nenhuma das características dos anúncios interferia na aparência da cena, deixando esta tarefa para as características formais do prédios,
na cena 2 os anúncios efetivamente participam do resultado final da percepção .
E sobre as características físicas dos prédios (Tabela 17), 80% dos entrevistados referem-se às cores e 70% ao estilo dos prédios, além de 35% destacarem
os materiais de construção/acabamento dos prédios. Também são salientados
os itens o contorno superior de cada prédio (47,5%) e tamanho dos prédios
(27,5%), sinalizando a importância da forma dos prédios e seus acabamentos.
Coloca-se ainda que em outras respostas é salientada a presença da parada de
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* 72
ônibus, mais notadamente da sua presença visual, pela forma e pela cor, da sua
cobertura.
Quanto a cena ser ordenada e/ou desordenada (Tabela 18), 40% dos entrevistados classificam-na como nem desordenada, nem ordenada e o restante dividese entre desordenada e muito desordenada (32,5 %) e ordenada e muito ordenada (17,5%). Esta ultimas repostas possivelmente estejam ligadas a comparação com a cena 1, já que alguns entrevistados verbalizaram a questão “ah, está
é mais bonita do que a anterior”.
A respeito da legibilidade (Tabela 19), alguns entrevistados colocam que existem
anúncios bastante claros e outros bastante confusos, deixando a leitura no geral
difícil. Porém para a maioria, a leitura é fácil (27%) ou muito fácil (22,5%), diferentemente do que foi percebido na cena.
Quando questionados sobre o porquê desta facilidade de leitura, ou seja, quais
características físicas dos anúncios comerciais (Tabela 20) explicam a resposta
na questão anterior, os entrevistados destacam que o contraste cromático
(60%), o tamanho (50%) e os tipos de letras (45%) como fatores importantes. A
quantidade (45%) e o tamanho dos anúncios (45%) também são citados como
relevantes. Pode-se perceber então que as características ligadas a legibilidade
dos anúncios, assim como suas características formais parecem interferir na
percepção aparência da cena de forma conjunta.
Já no que se refere as características físicas da cena (Tabela 21), pode-se averiguar que diferentemente da cena 1, onde as características dos prédios eram
preponderantes, na cena 2 são as características dos anúncios que afetam a
leitura da cena, notadamente o número de anúncios (50%) e a área coberta pelos mesmos nos prédios (30%).
No que diz respeito ao numero de anúncios (Tabela 22), 60% acredita ser moderado e 25% grande. Aqui nota-se uma grande diferença em relação a cena 1,
onde o numero era considerado muito pequeno pela maioria dos entrevistados.
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Analisando a área coberta dos prédios por anúncios comerciais (Tabela 23) pode-se perceber que 47,5% dos entrevistados acham-na moderada e 32,5%
grande, demonstrando que ela interfere significativamente na percepção da cena.
Já no que diz respeito se a aparência de algum prédio é prejudicada pelos anúncios comerciais (Tabela 24), 75% declaram que sim, com destaque para a
unanimidade (100%) das respostas de arquitetos e urbanistas e publicitários.
Ressalta-se, porém que 25% dos entrevistados não acham que a aparência de
algum prédio é prejudicada. Pode-se observar, então, que a quantidade de prédios cuja aparência é prejudicada pelos anúncios (Tabela 25) é moderada
(45%). Assim, apesar de grande o prejuízo causado nos prédios pelos anúncios
comerciais, não são todos os prédios que são afetados.
Uma vez que, na cena 2, encontramos um número significativo de anúncios comerciais, pode-se verificar a variação entre as características físicas destes anúncios (Tabela 26). Assim, 45% dos entrevistados percebem como moderada
esta variação enquanto 37,5% percebem-na como grande, demonstrando que
ela tende a ser significativa para a percepção da cena. Como as principais características físicas dos anúncios comerciais que influenciam as respostas da
questão anterior (tabela 24), encontram-se novamente a questão da cor (72,5%)
e do contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios (45%). Ainda
interfere o tamanho dos anúncios (55%), o número (37,5%), a proporção
(32,5%) e o formato (30%) além da área coberta dos prédios pelos anúncios
(35%), demonstrando que as características formais e quantitativas têm grande
importância na apreensão da cena.
Concluindo a abordagem da cena 2, em comparação a cena 1, tem-se que os
anúncios passam a ter uma importância maior na percepção dos dois espaços.
Ou seja, as características formais e de legibilidade dos anúncios participam efetivamente da apreensão e do entendimento do espaço. Isto não quer dizer que o
espaço é visto de forma mais negativa do que a cena 1, pois apesar de conter
mais anúncios, a cena 2 é vista de maneira mais positiva (ainda que 52,5% con-
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siderem-na feia ou muito feia, contra 67,5% da cena 1).
Considerações sobre os resultados
No que diz respeito às conclusões gerais sobre as duas cenas, compreende-se
a importância dos aspectos formais e dos aspectos simbólicos para a percepção
de um espaço, traduzidos através da aparência e das características físicas da
cena, dos anúncios e dos prédios.
No que se refere a aparência das cenas, como salientado, observa-se que a cena 1 tem uma aparência mais negativa do que a cena 2, embora as duas possuam avaliações negativas. Na cena 1, isto parece dever, mais do que a presença
de anúncios, as características formais dos prédios. Isto vem de encontro a
questão de que, normalmente, locais caracterizados como desordenados, ou
seja, com alta variação entre as características físicas dos seus elementos, são
tidos como negativos. Nota-se ainda que a presença de incompatibilidade formal
entre os prédios e os anúncios tende a tornar a aparência das cenas mais desagradáveis.
Assim, no que diz respeito à aparência dos prédios e à influencia na aparência
da cena, percebe-se a importância da cor (75% na primeira cena e 80% na segunda) e os estilos arquitetônicos dos prédios (72,5% na primeira e 70% na segunda). Salienta-se que o contorno superior de cada prédio, que vem a formar a
silhueta (skyline) das edificações, também é significativo para a percepção negativa ou positiva da cena. Em relação a cor e aos estilos arquitetônicos, percebese que uma situação muito comum na avenida Bento Gonçalves, e na ruas comerciais em geral, é a busca pelo destaque do prédio, ou parte dele, dos demais, através de diferenças cromáticas e/ou físicas na construções. Isto gera
uma fragmentação que prejudica a percepção da cena.
Quanto à ordem e a desordem das cenas, 92,5% dos entrevistados classificam a
primeira cena e 32,5% a segunda como desordenada ou muito desordenada (na
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* 75
segunda cena 40% revelam-na como moderada). Isto parece revelar que, apesar de conter um maior numero de anúncios, a cena 2 apresenta maior uniformidade entre as unidades e maior compatibilidade de linguagens formais. Destacase ainda que na cena 1 o número de anúncios é considerado muito pequeno e
na 2 é moderado. Nesta cena, a área coberta pelos anúncios comerciais é classificada como moderada ou grande (80%), e no que diz respeito a aparência de
algum prédio ser prejudicada pelos anúncios comerciais, 75% dos entrevistados
acham que sim.
Já no que diz respeito à legibilidade e as características físicas dos anúncios
comerciais, 87,5% e 47,5% dos entrevistados da primeira e da segunda cenas,
respectivamente, classificam-nas como de nem fácil, nem difícil ou de difícil leitura (na segunda cena, porém, predomina uma percepção mais positiva, de nem
fácil, nem difícil a muito fácil). Faz-se a ressalva de que este número elevado na
primeira cena deve-se em parte a pouca presença de anúncios comerciais. Isto
é corroborado pelo fato da maioria dos entrevistados colocarem a variação entre
as características físicas dos prédios (45%) quando solicitados a identificar as
principais características físicas das cenas em face da leitura dos anúncios comerciais. Destaca-se ainda que na cena 2, 82,5% dos entrevistados classificam
como moderada ou grande a variação entre as características físicas dos anúncios (dentre as principais características citadas estão a cor e o tamanho dos
anúncios).
Os dados apresentados sugerem que quanto maior a desordem do ambiente,
dado pelos prédios e/ou pelos anúncios comerciais, bem como a variação entre
suas características físicas, mais negativa será sua avaliação. Sugerem também
que a chamada poluição visual não é dada exclusivamente pelos anúncios, ainda que estes tenham grande importância na percepção do todo. Assim a sobrecarga visual é causada pelo excesso de estímulos visuais gerados pela alta variabilidade das características físicas tanto de prédios quanto de anúncios.
Os dados encontrados ainda demonstram que há divergências entre as percepções dos grupos de usuários quanto à avaliação da qualidade visual das cenas,
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* 76
principalmente entre arquitetos e urbanistas, publicitários e consumidores em
relação a comerciantes. Estes últimos, por seu lado, têm interesse em destacar
o seu estabelecimento comercial dos demais do entorno, seja pelo anúncio comercial seja pela cor ou estilo do seu prédio, tendendo a avaliar as cenas de
forma mais positiva que os demais. E, partindo do pressuposto que os anúncios
comerciais devem ser planejados de modo a transmitir mensagens para todos
os indivíduos (técnicos ou não), conclui-se que nas cenas investigadas esses
não estão sendo eficazes.
Tecer considerações levando em conta os objetivos traçados e questões centrais
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* 77
4.4. MÉTODO DESIGN UNIVERSAL
Pesquisa qualitativa para o Design Universal
Parte deste material já chegou e está revisado no Material_Relat_Final\Metodo
Design Universal - FINAL_Maio.doc
“Entrevista é um tipo de conversa dirigida com certos objetivos. Ela pode ser
informal, semi-estruturada ou estruturada. No caso informal, não há roteiro
previamente elaborado. Naquela estruturada, segue uma seqüência de perguntas previamente elaboradas. Na semi-estruturada, existem também essas perguntas, mas elas podem ser alteradas durante a entrevista, de acordo com as
respostas obtidas. Com isso, o entrevistador pode direcionar a entrevista, focalizando-a naqueles aspectos em que o entrevistado pode dar maiores informações” (Iida, 2005, p. 54).
Neste trabalho, a aplicação dos procedimentos metodológicos tem como base
os princípios da pesquisa exploratória e da pesquisa qualitativa.
A pesquisa exploratória visa a descobrir um tema ou uma situação, para promover critérios e compreensão. Para esse tipo de pesquisa, a amostra é pequena e
não precisa ser representativa. A análise dos dados primários é qualitativa e as
constatações são experimentais (Malhotra, 2001).
Na abordagem qualitativa: “um único indivíduo de determinada população, pode
ser representativo de toda esta população” (Ribeiro, 1999).
Em relação ao número de pesquisas qualitativas que são necessárias, Gaskell &
Bauer (2002) afirmam que muitas entrevistas não melhoram necessariamente a
qualidade das informações ou levam a um maior detalhamento das mesmas.
Além disso, os autores apontam que esse tipo de pesquisa possui um tamanho
máximo para transcrição das entrevistas; se realizadas muitas entrevistas, maior
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* 78
será a transcrição final delas. Assim, os autores concluem que caberá ao pesquisador realizar as interpretações dos dados qualitativos obtidos, determinando
a quantidade ideal dos indivíduos para a sua pesquisa como também as características que os mesmos deverão possuir.
A pesquisa piloto foi elaborada da seguinte maneira:
ƒ Três grupos de alunos da disciplina de Comunicação Multisensorial no
primeiro semestre e seis grupos do segundo semestre de 2008.
ƒ Cada grupo da turma de 2008/1 entrevistou 10 pessoas e os grupos de
2008/2 o fizeram com 14 pessoas (sendo sete para um estabelecimento
e sete para o outro).
ƒ As perguntas (ver página 162 do anexo) foram baseadas nos Sete Princípios do Design Universal, a saber:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Uso eqüitativo;
Flexibilidade de uso;
Simples e intuitivo;
Informação perceptível;
Tolerância ao erro;
Baixo esforço físico;
Tamanho e espaço para uso e finalidade.
(ver maiores detalhes na página 30)
Os estabelecimentos abordados foram escolhidos pelos alunos conforme critérios relacionados à percepção “negativa” que eles obtiveram dos locais observados e nas metas de usabilidade.
Horário: diurno (turno manhã, horário das 09h30min às 12h30min).
Local: na rua e estabelecimentos escolhidos pelos alunos. (Ver descrição na
página …)
Abordagem: se caracterizou de forma aleatória.
Trata-se de um levantamento qualitativo com entrevistas assistemáticas e estru-
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* 79
turadas aplicadas por um grupo de “alunos” (curso diurno). Aplicaram estes
“questionários qualitativos” (NR 17 e manual de aplicação) para usuários em 19
diferentes estabelecimentos, somando um total de 155 respondentes. (Ver relação dos estabelecimentos na página …)
As respostas foram tabuladas em forma qualitativa “verbalização”.
Operacionalidade do experimento na Av. Bento Gonçalves
Grupo de 8 alunos da disciplina de Comunicação Multisensorial 2008/1
I – O exercício foi explicado em sala de aula, foram formados três grupos de alunos (sendo dois grupos compostos por 2 integrantes e outro de 3). A escolha
dos locais foi de forma aleatória, mas foi definido que o critério da escolha devia
ser pelo local de maior impacto negativo na área em estudo, conforme percepção dos grupos.
II – No primeiro dia combinado o grupo de sete alunos foi levado de van da sede
da ESPM Porto alegre até o trecho em estudo da avenida Bento Gonçalves. Os
alunos dividiram-se nos grupos formados em aula. Fizeram suas escolhas e levantamentos fotográficos para uma análise preliminar quanto aos fatores de “Usabilidade”.
III – Na aula seguinte apresentaram a justificativa dos espaços escolhidos e as
primeiras análises quanto às metas decorrentes dos usuários, (material encontra-se no Blackboard).
IV – Conforme matéria fornecida em aula referente ao Design Universal e seus
sete princípios, foi elaborado o questionário (de ordem qualitativa) contemplando
os Sete Princípios do Design Universal complementado por três perguntas elaboradas pelo Prof. Eduardo Benzatti (ver anexo 8.6.).
V – No dia combinado (16 de maio de 2008), a turma de 7 alunos foi levada de
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* 80
van da sede da ESPM Porto Alegre para a avenida chegando lá as 9h40min. Os
alunos foram liberados para percorrer a área. Foram aplicados 10 questionários
por grupo, totalizando 30 entrevistas. Foi estipulado que os critérios referentes à
caracterização dos usuários deveriam contemplar pedestres, passantes e trabalhadores de ambos os sexos e idades variadas (ver depoimento dos alunos no
Blackboard).
VI – A pesquisa foi aplicada das 09h40min às 12h30min. Importante salientar
que os alunos tiveram dificuldade em abordar os passantes, pois muitas pessoas não queriam responder os questionários alegando “que estavam com pressa”.
VII - Na aula seguinte, 23 de maio de 2008, em sala de aula, os alunos trabalharam sobre os registros e começaram a tabulação dos dados e a transcrição das
respostas. O trabalho não pôde ser finalizado em aula, e foi concluído individualmente ou nas aulas consecutivas.
VIII – Foram apresentados os resultados dos trabalhos em aula abordando os
aspectos positivos e negativos (dificuldades que encontraram). Os alunos enfatizaram que gostaram muito do trabalho uma vez que puderam observar e contrapor as diferentes percepções dos usuários em relação às percepções iniciais,
aquelas que tiveram no primeiro trabalho referente às metas de usabilidade.
As respostas estão sendo tabuladas em forma qualitativa “verbalização”.
Espera material – quadros resumo dos dados
Análise dos dados coletados
Considerações sobre os resultados
Quanto aos objetivos específicos da pesquisa e Quanto às questões centrais
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* 81
4.5. ANÁLISE DE DADOS ANTROPOLÓGICOS
A cidade se embebe como uma esponja
dessa onda que reflui das recordações e se dilata. Uma descrição de Zaíra como é atualmente
deveria conter todo o passado de Zaíra. Mas a
cidade não conta o seu passado, ela o contém
como as linhas da mão, escrito nos ângulos das
ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das
escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por
arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras. (Ítalo Calvino, As cidades invisíveis)
Utilizaremos inicialmente a distinção proposta pelo antropólogo italiano Massimo
Canevacci em seu livro A cidade polifônica, ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana para diferenciar os conceitos de mapa de território. Segundo
o autor território é o espaço real de uma localidade que a cartografia procura
reproduzir, com a máxima precisão possível, nos mapas e guias oficiais de uma
região ou da cidade no seu todo. A idéia de mapa aparece em outro sentido: é a
configuração imaginária de um espaço mediada por nossas reminiscências,
memória biográfica, sentimentos e emoções vividas em cada fragmento das cidades que conhecemos. Logo, território é a tentativa de reproduzir objetivamente certa configuração urbana; mapa é o desenho imaginário e subjetivo construído a partir da experiência particular do indivíduo numa cidade. É a reconstrução
subjetiva de uma objetividade.
A metodologia utilizada para a realização deste trabalho parte dessa distinção. A
própria escolha de uma região da cidade – no caso, o bairro Partenon –, e, dentro dessa, de um pedaço que se considerou especial para o objetivo da pesquisa
– o trecho da Avenida Bento Gonçalves – demonstra a influência de um “olhar
seletivo”, logo aproximativo do olhar que desenha o nosso mapa da região. O
território desse trecho serve apenas como contexto, suporte do nosso mapa.
Nem todos os entes urbanos que constituem esse território da cidade são importantes para o estudo proposto, porém todos os entes urbanos que formam o
mapa (daqueles que lá moram, trabalham, ou simplesmente transitam) devem
constituir o objeto do trabalho: redução subjetiva do espaço/objeto pelo pesqui-
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* 82
sador a partir do olhar dos usuários do local.
Inicialmente procuramos detectar – através de entrevistas com passantes, pessoas que na região trabalham e moradores do local, ou seja, população fixa e
flutuante – fragmentos desse mapa (com as ruas, lugares, praças, paisagens,
panoramas, edificações, esculturas, outdoors, cartazes e outros elementos fontes de comunicação urbana que sejam singulares). Dos elementos mais significativos do passado e do presente fizemos breves comentários (sobre os motivos
particulares da sua seleção). É o que chamamos de Etnografia passional.
Esses fragmentos foram completados com registros fotográficos que em outras
reflexões dessa pesquisa. O objetivo central dessa análise antropológica será
saber dos moradores e passantes daquela via qual o significado daqueles significantes (os entes urbanos) com que convivem diária ou esporadicamente (elementos constitutivos dos mapas de cada entrevistado). A análise demonstrou o
quanto os fluxos comunicacionais dos elementos apontados, ou do conjunto deles, estão bloqueados, ou direcionados para outros significados (re-significados).
Alguns motivos desses bloqueios também foram detectados através dessa pesquisa junto à população selecionada.
O conjunto de dados colhidos (os depoimentos e respostas da população em
foco) foi analisado à luz das idéias e conceitos de um dos principais autores que
pensam as conexões entre: cidade-comunicação-processo de modernização. No
caso, em especial, de Massimo Canevacci (e suas análises sobre as imagens,
os códigos e a comunicação urbana). Trata-se de um autor, cujas reflexões nos
permitem rejuntar os fragmentos colhidos (memória, observações, imagens, vozes plurais) e construir novos significados.
Análise quantitativa dos resultados 2008-2
As questões referentes à Antropologia (verificá-las nos anexos o item 9.3. - Perguntas de Antropologia Urbana) foram inseridas nas 68 entrevistas realizadas
pelos estudantes do curso de Design (ESPM–POA) juntamente com outras per-
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* 83
guntas relativas ao Design Universal – os alunos se dividiram em 10 grupos e
cada grupo realizou de 6 a 7 entrevistas (somente os grupos 4 e 8 realizaram a
pesquisa com 6 usuários). Os objetivos dessas questões: 1 – verificar se dentro
da paisagem pela qual essas pessoas circulam há elementos significativos da
comunicação urbana (e o porquê dessa importância) para a percepção/identificação do local; e 2 – ainda nessa linha: verificar também se havia
elementos significativos da comunicação urbana, mas que desapareceram do
(ou se transformaram no) local. Nessa fase da pesquisa, realizada em 3 de outubro de 2008, descartamos a primeira pergunta do questionário-teste (O que
você sabe sobre Bento Gonçalves?) pela qual pretendíamos verificar se esse
personagem da história do Rio Grande do Sul está ainda presente no imaginário
dos que passam ou freqüentam o local, porém, devido a um problema de interpretação (praticamente nenhum dos entrevistados relacionou o local à personagem, mas, por outro lado, quase todas as respostas se referiram ao logradouro
em estudo - a elaboração das respostas operou-se num plano, digamos, do
pensamento concreto: este espaço, e não do abstrato: aquela figura) optou-se
por retirar essa questão e focar a análise no aspecto da comunicação urbana do
lócus em estudo.
Como já registrado no Relatório da Pesquisa (versão 1.0 de julho de 2008), as
respostas serviriam para testar as hipóteses implícitas no capítulo 3 Fundamentação Teórica (ver o item 3.3.: Um Olhar Antropológico), a saber: a) se há no
local elementos da comunicação visual que resistiram ao não planejamento da
cidade e que hoje não comunicam nada (ou pouco comunicam) do seu significado original; b) se esses elementos comunicacionais nada ou pouco podem dizer
ao entrevistado, pois, ou lhe falta repertório que possibilite percebê-los ou o isolamento e a descontextualização do suporte desses significantes impossibilitam
que sejam sequer notados, afinal adquiriram novos e inusitados sentidos em
outros contextos.
A formulação das perguntas aplicadas aos passantes, moradores (ou não) e freqüentadores do local, por sua vez, traduzem um conjunto de questões, inicialmente levantadas no item 3.3.1.: Problematização, do capítulo 3 Fundamenta-
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* 84
ção Teórica, e que serve de orientação para o estudo da área, na perspectiva da
Antropologia. Essas questões teóricas são: 1 - Quais são esses significantes
sem significados (ou resignificados/recodificados/reinterpretados) que povoam o
lócus deste estudo? 2 - Porque esses fluxos comunicacionais estão bloqueados
ou redirecionados? 3 - Quais são alguns desses novos significados que esses
entes urbanos incorporaram? 4 - Como hoje, passantes, moradores e trabalhadores da região, os interpretam, os escutam e se comunicam dialogicamente
com eles? 5 - É possível – ou necessário para sua preservação – desbloquear
ou recuperar sua rede de significados original que dava sentido a esses elementos ou elas estão completamente dissolvidas? Eis as questões que nortearão
essa parte de nosso estudo.
Nessa fase da pesquisa, os alunos se dividiram em grupos que ocuparam trechos da avenida.18 Como resultado temos respostas que sugerem claramente
um sentido mais amplo (referente à Avenida Bento Gonçalves em toda a sua
extensão) – essas mais relacionadas à primeira questão (Dentro da paisagem
do seu caminho diário o que é importante para você? Por quê?) e outras onde
fica explícito o foco naquele fragmento onde as entrevistas aconteceram (a frente dos comércios e serviços selecionados pelos grupos) – essas, por sua vez,
mais relacionadas à segunda questão (Havia elementos significativos que já foram importantes para você, mas desapareceram? Porque eram importantes?).
As respostas mais freqüentes relacionadas ao primeiro bloco fazem referência,
no sentido negativo, à falta de segurança: “Não caminho porque aqui tem muitos assaltos”; “Falta de segurança em todos os horários”; e “Não tem segurança,
saio pouco de casa à noite por isso”. Elas se concentram no trecho da avenida
onde o grupo 1 realizou o seu trabalho, diante do comércio Mac Lanches, (das 7
entrevistas, todos apontaram a falta de segurança), mas se distribuem por todo
o logradouro.
1. Os grupos de dividiram ocupando os seguintes trechos ou espaços diante de pontos comerciais da Avenida Bento Gonçalves: grupo 1: Mac Lanches; grupo 2: Sol & Mar reformas; grupo 3: Luizão Lanches; grupo
4: Serralheria e Vidraçaria; grupo 5: Casa Shop; grupo 6: R & P Imóveis; grupo 7: Loja Tecnifoto; grupo 8:
Maraschin Cia das Bikes; grupo 9: Vidraçaria e Serralheria Dada Maravilha; grupo 10: Estética Hydraty
Hair. Os grupos referentes aos comércios Restaurante Partenon Grill e Armazém dos Telefones não apresentaram no texto final referente aos “Resultados dos Métodos de Design Universal” as respostas individualizadas de cada usuário, por outro lado, apresentaram uma análise geral das respostas ressaltando seus
aspectos mais significativos.
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* 85
Ainda há referências (no sentido negativo) a outros aspectos estruturais e visuais da área total do logradouro: “O mais importante é arrumar as calçadas” e
“(...). Mas a Bento está em si um horror, é cinza e sem alegria. É residencial,
sem conforto”. Alguns entrevistados lembraram também a importância viária da
avenida. Aqui encontramos respostas de sentido neutro (há uma percepção do
local, mas não emitem opinião – não há adjetivos ou uma contextualização que
permita afirmar o sentido positivo ou negativo daquela resposta): “Movimento,
carros”; e também referências de sentido negativo relacionadas ao trânsito: “O
trânsito da Bento é caótico, (...)”. Outros destacam variados aspectos positivos
do todo: “Gosto de vim (sic) nas lojas para passear”; e “Gosto muito da sinalização, da segurança e da comunicação com as pessoas”.
Encontramos entrevistados que responderam não perceberem nada (ou quase)
sobre o logradouro: “Ah, nem noto muito, venho pensando no trabalho né?”; e
“Não, não presto atenção”.
Porém devido à dificuldade de precisar cada uma das respostas como sendo
relacionada ao fragmento do logradouro ou a avenida em toda à sua extensão,
analisá-las-emos no seu conjunto, considerando-as como impressões subjetivas
do logradouro em toda a sua extensão – quando possível e necessário destacaremos o ponto de referência (comércio, serviço, bem público) onde a entrevista
foi realizada. Em relação à primeira questão (Dentro da paisagem do seu caminho diário o que é importante para você? Por quê?), dos 68 entrevistados obteve-se 17 (25% - atenção: porcentagens arredondadas para mais ou para menos)
repostas de sentido neutro (ou seja, sem opinião da importância de algum elemento significativo para percepção/identificação do local): “Nada”; “Nada que
chame a atenção”; “Não, nada” (por exemplos); 23 (34%) respostas de sentido
negativo, divididas nos seguintes aspectos: a) infra-estrutura: “O mais importante é arrumar as calçadas”; “(...). É um dia de chuva que os carros passam e
tu toma um banho”. b) transporte: “Ter mais transportes”. c) segurança: “O fluxo de trânsito e a falta de policiamento”; “Não caminho porque aqui tem muitos
assaltos”. d) paisagem: “A paisagem é feia, não tem nada importante”; “Muita
poluição visual (...)” (por exemplos). E 16 (23,5%) respostas indicam um sentido
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* 86
positivo, divididas nos seguintes aspectos: a) infra-estrutura/segurança: “Gosto muito da sinalização, da segurança (...)”. b) paisagem: “Sim, os jardins quando tem, mas aqui é pouquíssimo”. c) negócios: “Comércio, porque tem tudo no
bairro”; “Restaurante Partenon-Grill, é muito bom” (por exemplos). Os negócios
são os mais lembrados quanto ao aspecto positivo do bairro – das 16 (23,5) respostas positivas, 8 (11,5%) estão relacionadas aos negócios; se incluirmos em
“negócios”, o empreendimento “Nature” (conjunto de prédios de apartamentos
que estão sendo construídos na avenida, temos mais 2 (3%) respostas que fazem referências positivas a essa intervenção na paisagem local): “(...) o prédio
vai chamar a atenção, tá lindíssima” (por exemplo).
Destaca-se aqui um conjunto de percepções que identificam aspectos negativos do logradouro superior àquele que identifica seus aspectos positivos.
Se somarmos esse conjunto de aspectos negativos àquele que identifica aspectos neutros, temos uma significativa diferença entre a visão dos passantes
e moradores da avenida que a percebem com indiferença ou/e negativamente
(59%) contra aqueles que a percebem positivamente (23,5%).
Há ainda outro conjunto de respostas que não se encaixam em nenhum desses,
pois tais respostas foram captadas e registradas sem se considerar o porquê do
entrevistado estar citando esse ou aquele elemento da paisagem como - a seu
ver – o mais importante: “A construção”; “O colégio”; “Movimento, carros”; “As
placas de publicidade”. Nesse conjunto encontramos 11 (16%) respostas. E, por
fim, temos uma resposta que contém aspectos positivos e negativos: “Gosto
do movimento, não tem mais verde, muita poluição, cheio de concreto”.
Consta-se também que os elementos edificados da paisagem (ex. (s): uma igreja, um colégio ou um comércio) são mais lembrados em relação ao mobiliário
urbano (ex. (s): um semáforo, uma placa de trânsito). Mas, a importância dos
serviços – que deveriam existir ou serem melhorados - no dia-a-dia dos entrevistados que pela a avenida circulam (ex. (s): segurança, iluminação, limpeza, paisagismo) supera àquela dos elementos arquitetônicos que compõem a paisagem.
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A segunda questão (Havia elementos significativos que já foram importantes
para você, mas desapareceram? Porque eram importantes?) obteve 16 (23,5%)
respostas indicativa de sentido neutro: “Nada”; “Não que eu lembre”; “Sou moradora nova” (por exemplos). Há 5 (7,5%) respostas que indicam mudanças para
um sentido negativo (embora a questão não seja avaliativa): “Só lembro que
antes era mais seguro”; “Era uma rua tranquila, e agora não é mais”; “Ih... Tudo
aqui era diferente, não tinham (sic) todos esses prédios, tinha o bonde passando
aqui na frente... íamos muito ao cinema. Era um bairro tranquilo” (por exemplos);
ou reforçam aspectos negativos (que indicam um não entendimento da questão):
“Meu carro que foi roubado” (por exemplo, novamente a questão da segurança).
Há 2 (3%) respostas de sentido positivo (embora a questão não seja avaliativa): “Sinalização continua a mesma. Acho que a obra aqui na frente vai melhorar
o visual da região”; “A construção porque passo a pé”. E 41 (60%) respostas
indicaram os elementos significativos do local que desapareceram, mencionando ou não algum juízo de valor: “Me lembro do Tumelero e de um prédio
residencial que não existe mais aqui onde é agora essa loja azul”; “Além da segurança, uma passarela na Igreja”; “Tumelero, toda essa quadra aqui está saindo os prédios (sic). Eram importantes. Pela deteriorização da fachada, relógio
muito lindo, mas não funcionava”; “A passarela do samba onde conheci minha
mulher”; “A Tumelero, antes era uma característica. Agora o condomínio que
estão fazendo”; “Os bondes que eram transportes mais rápidos e baratos” (por
exemplos). Há ainda 4 (6%) que indicaram elementos significativos que não desapareceram (sendo 3 referentes ao Hospital São Pedro, já lembrado na primeira questão) : “Não. A única coisa importante é o São Pedro”: “São Pedro, pois é
antigo, acho uma coisa histórica”; “Partenon Tênis Clube (não saiu, fechou)”;
“São Pedro, pois é antigo, acho uma coisa histórica”.
Desprende-se desse conjunto de respostas uma percepção de elementos que
desapareceram e representavam “marcos” para os entrevistados. Em especial a loja Tumelero que significava um ponto comercial de destaque, um motivo de maior circulação de pessoas (sensação de mais segurança) e, principalmente, um referencial concreto da avenida e do bairro: “Aí acho ruim quando
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* 88
uma loja some, pois era uma referência, tipo a Tumelero”; “A Tumelero identificava a Bento” (por exemplos). Em relação aos marcos que desapareceram tivemos as seguintes respostas: Tumelero (indústria de fogões, já lembrada até
na primeira questão): 24 (35%) respostas; antigo cinema: 2 respostas; Clube
Passarela do Samba 3 respostas; Baile Las Vegas 2 respostas; prédio residencial: 1 resposta; bonde 3 respostas; sinalização da EPTC; 3 respostas; loja de
1,99: 1 resposta; cerâmica 1 resposta; fábrica (antes da Tumelero): 2 respostas;
um casarão antigo (e casarões antigos): 2 respostas; painel da Antiga: 1 resposta; loja de artigos femininos: 1 resposta; consultórios médicos: 1 resposta; o Velho Cardoso: 1 resposta (mais de um marco foi lembrado numa única resposta).
Analisando as respostas assim dispostas e retomando a distinção feita pelo antropólogo Massimo Canevacci sobre os conceitos de mapa e de território podemos afirmar que nos mapas (desenho imaginário e subjetivo) construídos por
quem passa ou mora na Av. Bento Gonçalves a fábrica de fogões Tumelero ocupou um espaço significativo como ponto de referência, tanto que para alguns
“identificava a Bento”. É interessante perceber que esse referencial estava ligado a uma concepção de tempo histórico fabril que veio ceder lugar para pequenos comércios e serviços o que renova a ocupação da avenida – que representa
no micro uma tendência observável na maior parte das capitais brasileiras: o
desaparecimento das indústrias e fábricas e o surgimento de outros setores da
economia, além da disponibilidade de novos terrenos para a construção de moradias na (ou próximas da) região central.
Encontramos ainda nesse conjunto de respostas referencias a outros espaços –
ou elementos da paisagem – mais ligados às memórias autobiográficas que
constituem esses “mapas do passado”, essas reminiscências sentimentais reconstroem uma avenida servida por bondes (“(...) que eram transportes mais
rápidos e baratos.”; “(...) tinha o bonde passando aqui na frente (...).”), o cinema
Miramar (“(...) Íamos muito no cinema. (...).”), os clubes (“A Passarela do Samba,
onde conheci minha mulher.”), o relógio – que embora não marcasse mais o
passar do tempo era bonito de se ver (“(...) Pela deteriorização da fachada, relógio muito lindo, mas não funcionava.”), os casarões (“(...) Um casarão antigo da
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* 89
esquina, gosto de coisa antiga.”), lojas, o Baile Las Vegas, além da tranquilidade
que também se foi (“(...), tinha mais segurança, não havia o corredor de ônibus,
sentávamos numa cadeira na calçada.”; “Era uma rua tranquila, e agora não é
mais.”).
Sabemos que esses mapas subjetivos reconstroem simbolicamente um espaço
ou uma paisagem e que não há a pretensão de através deles retratar objetivamente a Avenida Bento Gonçalves em seu passado. Nesse sentido, afirma Canevacci:
Qualquer descrição do objeto é uma transfiguração simbólica. O objeto não será nunca representável a partir dele próprio,
mas sempre a partir de uma passagem de nível lógico, que é
também uma passagem de nível comunicativo. É esta passagem, transformada em código, que se inscreve no mapa.
A interpretação não se adequa ao objeto: o invera*. O
processo de “inveração” verifica-se quando a interpretação é vista como aproximativamente justa pelo leitor através das formas
comunicação, da seleção dos panoramas, dos estilos polifônicos
adotados. Por isso a interpretação é uma transfiguração (...).
Isto quer dizer que não existe reconstrução da objetividade sem subjetividade; e que esta subjetividade é também abstração, cujos níveis cognitivos são plasmados por razões e emoções, reflexões e expressões, cujo resultado final será a passagem para uma “outra” classe de conceitos. A transfiguração do
objeto-território em mapa-subjetivo é o resultado de tais passagens.
* “Invera”: a produce, esplicita la sua veritá immanente (produz a
sua imanente verdade).19
Esses mapas do passado indicam a remoção de marcos que foram fundamentais para o deslocamento de transeuntes ou para a vivência de moradores em
outros tempos (e indicam aqueles elementos significativos da comunicação urbana que desapareceram do – ou se transformaram no – local). A Av. Bento
Gonçalves atual representa uma importante via de ligação para a cidade de Porto Alegre, porém as memórias daqueles que lá vivem há anos nos mostram o
desaparecimento de referencias que constituíam espaços de sociabilidade que,
por sua vez, permitiam uma outra relação entre essas pessoas e a própria avenida. A destruição desses “pontos de apoio da memória” espelhou a destruição
de uma paisagem que convidava para um flanar que hoje tornou-se perigoso
(“Não caminho porque aqui tem muito assalto.”) ou um olhar mais demorado
19
. Canevacci, “A cidade polifônica, ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana”, p. 139.
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* 90
(“(...)sentávamos numa cadeira na calçada.”) que parece não fazer mais sentido
(“A paisagem é feia, não tem nada importante.”; “(...). Mas a Bento tá em si um
horror, é cinza e sem alegria. (...).”). A degeneração de bairros cortados por avenidas ou vias de ligação entre uma região ou outra da cidade – ou mesmo a
destruição da paisagem local como consequência do aumento do fluxo viário em
determinados logradouros é um fato observável em várias cidades brasileiras,
casos semelhantes a Av. Bento Gonçalves proliferam com a falta de planejamento urbano em nossas capitais. A reconstrução de parte da memória daquela
região através dos depoimentos e mapas dos entrevistados nos permitem entender como nosso objeto tornou-se, aos olhos da maioria de quem por lá passa
ou mora, um local “perigoso”, “feio”, “poluído” (em todos os sentidos: atmosférica
e visualmente: “(...), muita poluição, cheio de concreto.”; “Muita poluição visual
(...).”), “sem importância”: “A paisagem é feia, não tem nada importante”.
Mas são nos mapas do presente que encontraremos as respostas para nossas
indagações. Esses mapas são constituídos hoje elementos significativos da comunicação urbana para a percepção/identificação do local, dentre eles podemos
destacar: o colégio (citado somente uma vez), as placas de publicidade (citadas
uma única vez), o Hospital São Pedro (citado três vezes), a Igreja São Jorge
(essa citada duas vezes), o INSS (citado somente uma vez), a Casa Shop, o
Restaurante Partenon-Grill (citado somente uma vez), o monumento de Bento
Gonçalves (citado só uma vez), o Arquivo Histórico (“(...) que é meio estranho,
macabro.” - também só citado uma vez), e principalmente, o Condomínio Nature
(citado sete vezes) ainda em construção, mas que já representa um novo marco
para o local (“O Nature vai trazer beleza e movimento na rua. (...).”; “(...) Acho
que a obra aqui na frente vai melhorar o visual da região”.). Chama a atenção
que um conjunto de prédios irá (na percepção dos entrevistados) “embelezar o
bairro”, “dar vida a Bento” que é “cinza” e “feia”. Essa idéia ainda contribui para a
constituição do imaginário urbano20 da maior parte dos habitantes de bairros de20
O conceito de imaginário encontra-se presente no pensamento de vários autores: Karl Marx, Georg Lukács e Cornelius Castoriadis, para citar alguns. Em todos, porém, podemos encontrar pontos de intersecções que permitem a formulação de uma definição que contemple a essência desses pensamentos. O
antropólogo François Laplantine define imaginário procurando condensar essas aproximações: "O imaginário, portanto, de maneira geral, é a faculdade originária de pôr ou dar-se, sob a forma de apresentação de
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* 91
gradados.
Quando observamos o grande número de respostas de sentido neutro (ou seja,
sem opinião da importância de algum elemento significativo para percepção/identificação do local) – ou quando verificamos que alguns elementos históricos do local são lembrados isoladamente - tendemos a afirmar que para razoável parte dos entrevistados há no local poucos elementos significativos da
comunicação visual que resistiram e que ainda hoje comunicam algo do
seu significado original; pois, ou esses elementos foram na sua maior parte
destruídos, ou falta aos entrevistados repertório que possibilite percebê-los, porém não podemos afirmar (pelas respostas obtidas) que o isolamento e a descontextualização do suporte de alguns desses significantes impossibilitam que
sejam notados (fluxos comunicacionais bloqueados ou redirecionados) ou mesmo que adquiriram novos sentidos em outros contextos (um estudo mais aprofundado e direcionado a esse aspecto poderá ser feito no futuro).
Ainda assim entendemos que é necessária uma reordenação de elementos da
paisagem do local para a recuperação e preservação de elementos importantes
como referências para uma comunidade (igreja, colégio, monumento) e para a
resignificação desses (desbloquear ou recuperar sua rede de significados origiuma coisa, ou fazer aparecer uma imagem e uma relação que não são dadas diretamente na percepção."
E conclui, contrapondo-se à Castoriadis: "Ao contrário de Castoriadis, que afirma ser o imaginário a capacidade de 'produzir' uma imagem que não é e nunca foi dada na percepção, consideramos que a imagem é
formada a partir de um apoio real na percepção, mas que no imaginário o estímulo perceptual é transfigurado e deslocado, criando novas relações inexistentes no real." (LAPLANTINE; TRINDADE, 2004). O imaginário aparece então como uma tradução mental do real percebido ocupando um espaço do campo da
representação, "à medida que ultrapassa um processo mental que vai além da representação intelectual ou
cognitiva." (LAPLANTINE; TRINDADE, 2004).
O imaginário encontra-se filiado ao real, mas no seu processo constitutivo reconstrói e modifica a
realidade - não no seu aspecto material, mas sim na sua representação, daí o sentido de tradução mental:
"Em suma, o imaginário não é negação total do real, mas apóia-se no real para transfigurá-lo e deslocá-lo,
criando novas relações no aparente real." (LAPLANTINE; TRINDADE, 2004).
O imaginário urbano é também assim criado: tradução mental de uma realidade concreta que é
transfigurada por aqueles que a experimentam. As imagens primeiras dessa realidade são captadas pelos
homens e subvertidas, fundidas ou recriadas em novas relações. Permite, então, uma percepção (transfigurada) imediata do real, mas também possibilita explorar possibilidades futuras desse a partir de um apoio
no presente. O imaginário urbano é povoado de imagens do agora de uma cidade, mas também das imagens do seu futuro. Permite sonhar e antever as transformações que virão. Um imaginário citadino é aquele
que constrói e reconstrói incessantemente a cidade que lhe fornece as referências concretas. Ver LAPLANTINE, François; TRINDADE, Liana. O que é imaginário. São Paulo: Brasiliense, 2004. (Coleção Primeiros Passos, vol. 309).
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nal que lhes dava sentido e que hoje se encontra parcial ou completamente bloqueadas). Essa recuperação e preservação são de fundamental importância para (re)criar uma identidade local que torne a Av. Bento Gonçalves não somente
um local de passagem, mas também de convivência emoldurada por uma paisagem mais harmônica e agradável aos seres humanos que por lá passam, mas
principalmente para os que lá vivem.
5. PRODUTOS RESULTANTES DA PESQUISA
Nesta etapa da pesquisa podemos contabilizar três frentes de resultados: publicação de artigo em congresso científico (1), aplicações em disciplinas dos cursos de Design da ESPM em São Paulo e Porto Alegre (2), (3) e (4), glossário
dos principais conceitos correlatos à pesquisa (5), além do fórum de debates
organizado em 19 de setembro de 2008 (6).
1) O artigo “Comunicação Visual Urbana - Um Estudo de Caso: Avenida
Bento Gonçalves" foi aceito para apresentação no P&D Design 2008.
(Ver anexo 8.10)
2) Artigo no jornal … data …ver na página 140 do anexo
3) Na disciplina “Design de Sistemas Informacionais” – 4º semestre, unidade São Paulo – os estudantes desenvolvem projetos de sinalização
ambiental. Para trazer temas da atualidade, o caso da “Lei Cidade
Limpa” é apresentado para debate. A seguir, solicita-se aos estudantes uma pesquisa de campo que tanto admite conclusões parciais individuais como a tabulação de todas as informações permite uma análise do conjunto. O objetivo desta incursão ao “mundo real” é provocar
o contato do estudante com o empresário e auxiliá-lo na argüição fora
do seu meio habitual.
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* 93
Pelas respostas obtidas, o retorno das informações coletadas por
meio dos estudantes foi de alto grau de interesse e o resultado permitiu uma permuta de conhecimentos gratificante.
Em uma primeira aproximação (2008/1) foram consultados gerentes
ou funcionários responsáveis de 70 estabelecimentos comerciais ou
de serviços – deixamos a critério dos estudantes a escolha dos locais,
pois o que se queria verificar era a clareza das questões e se procederia investir em uma investigação sistemática futura. No segundo
semestre de 2008 a pesquisa de campo foi repetida com outros 72 estabelecimentos e concluímos que os novos dados foram muito semelhantes aos anteriores – corroborando os resultados da pesquisa piloto realizada no primeiro semestre.
No segundo evento foi solicitado aos estudantes que fizessem registros fotográficos dos locais para ilustrar as características do estabelecimento. A análise das fotografias que registram as modificações pós
imposição da “Lei Cidade Limpa” aponta para uma padronização – às
vezes monótona – da identificação visual dos estabelecimentos comerciais pesquisados. Destaca-se que quando a mudança concentrou-se somente nos letreiros, percebemos ora a (re)valorização arquitetônica das fachadas, ora o seu estado real de deterioração (nesse
caso, muitas vezes ainda camuflado por uma “reforma” ou pintura de
qualidade duvidosa).
Em alguns casos, nos referimos àqueles em que comerciantes vizinhos uniram-se para patrocinar a reforma de toda a fachada, o resultado é mais harmonioso. Mas, talvez, o que mais as fotografias acabam por explicitar é o fato das modificações nos letreiros dos comércios apenas ressaltarem a feiúra da paisagem urbana de nossa cidade. Os fios de eletricidade e outros serviços, os postes e placas de sinalização, as pixações, as escolhas das cores utilizadas nas pinturas
dos imóveis e dos equipamentos urbanos, o ecletismo arquitetônico
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* 94
são elementos da paisagem que contribuem para tornar uma definição
de São Paulo singular: entre as dez cidades mais feias do mundo, São
Paulo é a mais bonita. Ainda que, agora para alguns, também mais
“limpa”.
(Ver na p.125 o anexo 8.3. – Estudo do impacto da Lei “Cidade Limpa”
– com a descrição do procedimento dos pesquisadores no locus).
4) Na mesma disciplina “Design de Sistemas Informacionais” em PoA,
também aproveitando o tema Sinalização Ambiental, os estudantes
realizaram um exercício de Levantamento Ambiental Perceptivo no
trecho relativo a este estudo – o exercício está detalhado no item 4.1.
seguido da análise dos dados coletados. (Ver na p.141 o anexo 8.6.
com a descrição do procedimento dos perceptores). Certamente, após
a experiência vivenciada, estes alunos do curso de Design olharão a
paisagem urbana como universos diferentes daqueles aos quais estavam habituados. Espera-se que a tomada de consciência e o debate
dos resultados coletados tenham conseqüências positivas nas atitudes desse grupo de futuros designers perante a sua cidade.
5) Na disciplina “Comunicação Multisensorial” em POA, foi conduzido um
exercício aplicativo à matéria fornecida em aula referente ao Design
Universal e seus sete princípios. Um questionário (de ordem qualitativa) foi elaborado em conjunto com os estudantes. A seguir, em uma
rápida visita ao local, fizeram suas escolhas e levantamentos fotográficos para uma análise preliminar quanto aos fatores de “Usabilidade”.
O critério da escolha devia ser pelo local de maior impacto negativo na
área em estudo, conforme percepção dos grupos. Importante salientar
que os alunos tiveram dificuldade em abordar os passantes, pois muitas pessoas não queriam responder os questionários alegando “que
estavam com pressa”.
Os resultados dos trabalhos foram apresentados em aula abordando
os aspectos positivos e negativos (dificuldades que encontraram). Os
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* 95
alunos enfatizaram que gostaram muito do trabalho uma vez que puderam observar e contrapor as diferentes percepções dos usuários em
relação às percepções iniciais, aquelas que tiveram no primeiro trabalho referente às metas de usabilidade.
6) Dada a multiplicidade de agentes envolvidos no projeto do NESCAU,
notou-se que havia lacunas na interpretação de alguns termos utilizados. Para sanar dúvidas, foram conceituadas as expressões consideradas mais ambíguas. Pretende-se com isso sintonizar o repertório
verbal de todos os participantes. (assunto ainda em aberto)
7) O “1º Fórum sobre a Comunicação no Ambiente Urbano” ocorreu em
19 de setembro de 2008 nas dependências da ESPM-RS. O evento foi
aberto pelo prof. Sérgio Checchia, Diretor Geral da ESPM-RS e os
trabalhos conduzidos pela profª. Carolina Bustos, Diretora da Faculdade de Design da mesma Escola. O discurso de encerramento foi
proferido pela profª. Ana Lúcia Lupinacci, Diretora Nacional do Curso
de Design da ESPM.
Os debates foram organizados em duas mesas: Estética e Legislação.
A mesa sobre Estética foi convidada a tratar de aspectos formais que
a comunicação assume na ocupação do espaço da cidade; o quê ou
quem constrói o modelo atual? É possível e necessário um consenso
estético? Quais as perspectivas e idealizações cabíveis? Limites do
conceito de poluição e satisfação visual. A mesa contou com três debatedores: Dra. Regina Monteiro (diretora de projetos de Meio Ambiente e Paisagem Urbana da Empresa Municipal de Urbanização –
EMURB e vice-presidente da Comissão Proteção da Paisagem Urbana CPPU ambos de São Paulo; o senhor Marcelo Pires da empresa
Competence e o senhor Roberto Bastos, bacharel em design industrial
e comunicação visual pela Universidade Federal de Santa Maria e atua como consultor de marketing e design da GAD. Atuaram como
moderadores os profs. Eduardo Benzatti e Fernando Bakos, ambos do
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* 96
NEsCAU.
A mesa que deveria tratar de questões sobre Legislação foi composta
pelos debatedores: Sr. Beto Moesch, advogado e consultor em direito
e legislação ambiental, ex-Secretário Municipal do Meio Ambiente,
presidente da comissão de meio ambiente da OAB, membro da diretoria da AMA e membro da CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente; Sr. Celso Chittolina, da Associação Riograndense de Propaganda – ARP e Sr. Pedro Schaan, engenheiro pela UFRGS com MBA
em marketing na ESPM, gerente da equipe comercial da Huly Luminosos; Sr. Dannie Dubin diretor presidente da Ativa Mídia Exterior, diretor da Central de outdoors Rio Grande do Sul e diretor da AGEPA,
associação gaúcha de empresas de mídia exterior. Atuaram como
moderadores os profs. Ágata Tinoco e Fabiano Scherer do NEsCAU.
Tanto os debatedores quanto a platéia presente considerou os assuntos tratados de grande interesse e atualidade. Ficou claro que os assuntos debatidos na mesa da Legislação são estreitamente relacionados com os da mesa da Estética e não há como separar, em qualquer
Plano Diretor, as questões estéticas das questões de legislação.
O teor dos debates foi transcrito e inserido na p. 129 como anexo 8.4.
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* 97
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A primeira etapa de nosso estudo demonstra a sua importância para o estimulo
de métodos de pesquisas preocupados em decifrar a relação dos indivíduos com
o espaço urbano. Os métodos utilizados foram testados em diferentes trabalhos
realizados pelos alunos da ESPM-POA de disciplinas envolvidas com o projeto.
A despeito de algumas imprecisões detectadas na operacionalidade dos trabalhos de campo (que tratamos de corrigir na repetição dos experimentos no segundo semestre de 2008), fica evidente uma apreensão do nosso objeto por diferentes olhares, que somados e sistematizados possibilitam uma compreensão
maior da paisagem urbana – e de suas transformações – e do papel da comunicação visual no processo de construção da imagem do lócus em estudo.
Além do artigo, resultante de nossas preocupações, que foi apresentado no 8º
Congresso Pesquisa e Desenvolvimento em Design (P&D Design – 2008) em
outubro passado na cidade de São Paulo, destaca-se a realização de um Fórum
– que ocorreu na capital gaúcha também no segundo semestre de 2008 – e que
reuniu diversos segmentos da sociedade civil e do poder público local preocupados com a questão urbana. A leitura da transcrição, dos assuntos debatidos
permite extrair subsídios para ampliar o debate sobre o planejamento urbano.
Em ambos os eventos públicos, tanto a temática quanto a abordagem foram
muito elogiados pela comunidade presente e a equipe recebeu, por parte de todos os ouvintes, grande incitação para a continuidade dos trabalhos.
Especificamente no Fórum os presentes levaram para suas comunidades profissionais, no mínimo, a certeza imperativa de que as tomadas de decisão em relação à paisagem urbana devem ser multifacetadas.
São iniciativas que estimulam a continuidade do estudo e vão ao encontro da
preocupação da ESPM, em especial do CAEPM, em estimular trabalhos que
tenham a comunicação como foco central e a pesquisa como alimentadora da
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* 98
relação ensino-aprendizagem.
para a conclusão, retomar os objetivos principal e específicos da
pág. 14 e responder a estas perguntas feitas na pág.10
Visando compreender o ambiente urbano sob a ótica da comunicação visual
formulamos algumas questões centrais que deverão ser respondidas pela proposta do NEsCAU. Os métodos de pesquisa se mostraram adequados para
prognóstico da situação? Há nesse trecho da avenida Bento Gonçalves aspectos visuais significativos da identidade do local que se configuram como inadequados do ponto de vista comunicacional? Se há, quais os mecanismos (métodos) que podem explicitá-los? Caso esses aspectos sejam diagnosticados como
sendo inadequados, quais possíveis mudanças podem ser propostas por parte
dos agentes envolvidos (sociedade civil e poder público) para a reordenação
visual da área? Como encaminhar as propostas, após debate com entidades
representativas da sociedade, aos órgãos competentes? É possível utilizar os
métodos de diagnóstico aplicados neste locus em outras situações, de modo a
oferecer elementos para desenvolver maneiras locais de tratar a questão?
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* 99
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8. ANEXOS
8.1. AGENTES / INTERLOCUTORES
Possíveis agentes / interlocutores envolvidos na pesquisa e no processo de trabalho e que representarão os diferentes segmentos nos fóruns de discussão:
1. Academia
1.1.
ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing
Professores (envolvidos com a pesquisa)
Alunos (envolvidos com a pesquisa e com as disciplinas que poderão servir
de suporte para a aplicação de algumas das metodologias)
2. Mercado
2.1.
Agências de publicidade e de design (com forte atuação no merca-
do de Porto Alegre)
Competence – João Satt Filho / Ângela Baldino
DCS – Antonio D’Alessandro
Escala – Alfredo Fedrizzi
Gad Design – Valpírio Monteiro
2.2. Empresas do ramo da comunicação visual urbana
Ativa – Régis Dubin
Huly Luminosos – Pedro Schaan
3. Sociedade
3.1.
Governo municipal
Prefeitura Municipal de Porto Alegre
Secretaria de Comunicação da Prefeitura – Anilson Costa
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* 105
Secretaria de Planejamento Municipal – Clóvis Magalhães
Secretaria Municipal de Meio Ambiente – Beto Moesch
3.2.
Entidades organizadas
ARP – Associação Rio-Grandense de Propaganda– Marcos Zani
ABA - Associação Brasileira de Anunciantes – Rafael Sampaio
ApDesign – Associação dos Profissionais em Design – Valpírio Monteiro
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8.2. LEI “CIDADE LIMPA”
LEI Nº 14.223, DE 26 DE SETEMBRO DE 2006
(Projeto de Lei nº 379/06, do Executivo, aprovado na forma de Substitutivo do Legislativo)
Dispõe sobre a ordenação dos elementos que compõem a paisagem urbana do Município de
São Paulo.
GILBERTO KASSAB, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são
conferidas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 26 de setembro de 2006,
decretou e eu promulgo a seguinte lei:
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS, DIRETRIZES, ESTRATÉGIAS E DEFINIÇÕES
Art. 1º. Esta lei dispõe sobre a ordenação dos elementos que compõem a paisagem urbana,
visíveis a partir de logradouro público no território do Município de São Paulo.
Art. 2º. Para fins de aplicação desta lei, considera-se paisagem urbana o espaço aéreo e a superfície externa de qualquer elemento natural ou construído, tais como água, fauna, flora, construções, edifícios, anteparos, superfícies aparentes de equipamentos de infra-estrutura, de segurança e de veículos automotores, anúncios de qualquer natureza, elementos de sinalização urbana, equipamentos de informação e comodidade pública e logradouros públicos, visíveis por
qualquer observador situado em áreas de uso comum do povo.
Art. 3º. Constituem objetivos da ordenação da paisagem do Município de São Paulo o atendimento ao interesse público em consonância com os direitos fundamentais da pessoa humana e
as necessidades de conforto ambiental, com a melhoria da qualidade de vida urbana, assegurando, dentre outros, os seguintes:
I - o bem-estar estético, cultural e ambiental da população;
II - a segurança das edificações e da população;
III - a valorização do ambiente natural e construído;
IV - a segurança, a fluidez e o conforto nos deslocamentos de veículos e pedestres;
V - a percepção e a compreensão dos elementos referenciais da paisagem;
VI - a preservação da memória cultural;
VII - a preservação e a visualização das características peculiares dos logradouros e das fachadas;
VIII - a preservação e a visualização dos elementos naturais tomados em seu conjunto e em
suas peculiaridades ambientais nativas;
IX - o fácil acesso e utilização das funções e serviços de interesse coletivo nas vias e logradouros;
X - o fácil e rápido acesso aos serviços de emergência, tais como bombeiros, ambulâncias e
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polícia;
XI - o equilíbrio de interesses dos diversos agentes atuantes na cidade para a promoção da melhoria da paisagem do Município.
Art. 4º. Constituem diretrizes a serem observadas na colocação dos elementos que compõem a
paisagem urbana:
I - o livre acesso de pessoas e bens à infra-estrutura urbana;
II - a priorização da sinalização de interesse público com vistas a não confundir motoristas na
condução de veículos e garantir a livre e segura locomoção de pedestres;
III - o combate à poluição visual, bem como à degradação ambiental;
IV - a proteção, preservação e recuperação do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico, de consagração popular, bem como do meio ambiente natural ou construído da cidade;
V - a compatibilização das modalidades de anúncios com os locais onde possam ser veiculados,
nos termos desta lei;
VI - a implantação de sistema de fiscalização efetivo, ágil, moderno, planejado e permanente.
Art. 5º. As estratégias para a implantação da política da paisagem urbana são as seguintes:
I - a elaboração de normas e programas específicos para os distintos setores da Cidade, considerando a diversidade da paisagem nas várias regiões que a compõem;
II - o disciplinamento dos elementos presentes nas áreas públicas, considerando as normas de
ocupação das áreas privadas e a volumetria das edificações que, no conjunto, são formadoras
da paisagem urbana;
III - a criação de novos padrões, mais restritivos, de comunicação institucional, informativa ou
indicativa;
IV - a adoção de parâmetros de dimensões, posicionamento, quantidade e interferência mais
adequados à sinalização de trânsito, aos elementos construídos e à vegetação, considerando a
capacidade de suporte da região;
V - o estabelecimento de normas e diretrizes para a implantação dos elementos componentes da
paisagem urbana e a correspondente veiculação de publicidade;
VI - a criação de mecanismos eficazes de fiscalização sobre as diversas intervenções na paisagem urbana.
Art. 6º. Para os efeitos de aplicação desta lei, ficam estabelecidas as seguintes definições:
I - anúncio: qualquer veículo de comunicação visual presente na paisagem visível do logradouro
público, composto de área de exposição e estrutura, podendo ser:
a) anúncio indicativo: aquele que visa apenas identificar, no próprio local da atividade, os estabelecimentos e/ou profissionais que dele fazem uso;
b) anúncio publicitário: aquele destinado à veiculação de publicidade, instalado fora do local onde se exerce a atividade;
c) anúncio especial: aquele que possui características específicas, com finalidade cultural, eleito-
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ral, educativa ou imobiliária, nos termos do disposto no art. 19 desta lei;
II - área de exposição do anúncio: a área que compõe cada face da mensagem do anúncio, devendo, caso haja dificuldade de determinação da superfície de exposição, ser considerada a
área do menor quadrilátero regular que contenha o anúncio;
III - área livre de imóvel edificado: a área descoberta existente entre a edificação e qualquer divisa do imóvel que a contém;
IV - área total do anúncio: a soma das áreas de todas as superfícies de exposição do anúncio,
expressa em metros quadrados;
V - bem de uso comum: aquele destinado à utilização do povo, tais como as áreas verdes e institucionais, as vias e logradouros públicos, e outros;
VI - bem de valor cultural: aquele de interesse paisagístico, cultural, turístico, arquitetônico, ambiental ou de consagração popular, público ou privado, composto pelas áreas, edificações, monumentos, parques e bens tombados pela União, Estado e Município, e suas áreas envoltórias;
VII - espaço de utilização pública: a parcela do espaço urbano passível de uso e fruição pela
população;
VIII - mobiliário urbano é o conjunto de elementos que podem ocupar o espaço público, implantados, direta ou indiretamente, pela Administração Municipal, com as seguintes funções urbanísticas:
a) circulação e transportes;
b) ornamentação da paisagem e ambientação urbana;
c) descanso e lazer;
d) serviços de utilidade pública;
e) comunicação e publicidade;
f) atividade comercial;
g) acessórios à infra-estrutura;
IX - fachada: qualquer das faces externas de uma edificação principal ou complementar, tais
como torres, caixas d'água, chaminés ou similares;
X - imóvel: o lote, público ou privado, edificado ou não, assim definido:
a) imóvel edificado: aquele ocupado total ou parcialmente com edificação permanente;
b) imóvel não-edificado: aquele não ocupado ou ocupado com edificação transitória, em que não
se exerçam atividades nos termos da legislação de uso e ocupação do solo;
XI - lote: a parcela de terreno resultante de loteamento, desmembramento ou desdobro, contida
em uma quadra com, pelo menos, uma divisa lindeira a via de circulação oficial;
XII - testada ou alinhamento: a linha divisória entre o imóvel de propriedade particular ou pública
e o logradouro ou via pública.
Art. 7º. Para os fins desta lei, não são considerados anúncios:
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I - os nomes, símbolos, entalhes, relevos ou logotipos, incorporados à fachada por meio de aberturas ou gravados nas paredes, sem aplicação ou afixação, integrantes de projeto aprovado das
edificações;
II - os logotipos ou logomarcas de postos de abastecimento e serviços, quando veiculados nos
equipamentos próprios do mobiliário obrigatório, como bombas, densímetros e similares;
III - as denominações de prédios e condomínios;
IV - os que contenham referências que indiquem lotação, capacidade e os que recomendem
cautela ou indiquem perigo, desde que sem qualquer legenda, dístico ou desenho de valor publicitário;
V - os que contenham mensagens obrigatórias por legislação federal, estadual ou municipal;
VI - os que contenham mensagens indicativas de cooperação com o Poder Público Municipal,
Estadual ou Federal;
VII - os que contenham mensagens indicativas de órgãos da Administração Direta;
VIII - os que contenham indicação de monitoramento de empresas de segurança com área máxima de 0,04m² (quatro decímetros quadrados);
IX - aqueles instalados em áreas de proteção ambiental que contenham mensagens institucionais com patrocínio;
X - os que contenham as bandeiras dos cartões de crédito aceitos nos estabelecimentos comerciais, desde que não ultrapassem a área total de 0,09m² (nove decímetros quadrados);
XI - os "banners" ou pôsteres indicativos dos eventos culturais que serão exibidos na própria
edificação, para museu ou teatro, desde que não ultrapassem 10% (dez por cento) da área total
de todas as fachadas;
XII - a denominação de hotéis ou a sua logomarca, quando inseridas ao longo da fachada das
edificações onde é exercida a atividade, devendo o projeto ser aprovado pela Comissão de Proteção à Paisagem Urbana - CPPU;
XIII - a identificação das empresas nos veículos automotores utilizados para a realização de seus
serviços.
CAPÍTULO II
DAS NORMAS GERAIS
Art. 8º. Todo anúncio deverá observar, dentre outras, as seguintes normas:
I - oferecer condições de segurança ao público;
II - ser mantido em bom estado de conservação, no que tange a estabilidade, resistência dos
materiais e aspecto visual;
III - receber tratamento final adequado em todas as suas superfícies, inclusive na sua estrutura;
IV - atender as normas técnicas pertinentes à segurança e estabilidade de seus elementos;
V - atender as normas técnicas emitidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT,
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pertinentes às distâncias das redes de distribuição de energia elétrica, ou a parecer técnico emitido pelo órgão público estadual ou empresa responsável pela distribuição de energia elétrica;
VI - respeitar a vegetação arbórea significativa definida por normas específicas constantes do
Plano Diretor Estratégico;
VII - não prejudicar a visibilidade de sinalização de trânsito ou outro sinal de comunicação institucional, destinado à orientação do público, bem como a numeração imobiliária e a denominação
dos logradouros;
VIII - não provocar reflexo, brilho ou intensidade de luz que possa ocasionar ofuscamento, prejudicar a visão dos motoristas, interferir na operação ou sinalização de trânsito ou, ainda, causar
insegurança ao trânsito de veículos e pedestres, quando com dispositivo elétrico ou com película
de alta reflexividade;
IX - não prejudicar a visualização de bens de valor cultural.
Art. 9º. É proibida a instalação de anúncios em:
I - leitos dos rios e cursos d'água, reservatórios, lagos e represas, conforme legislação específica;
II - vias, parques, praças e outros logradouros públicos, salvo os anúncios de cooperação entre o
Poder Público e a iniciativa privada, a serem definidos por legislação específica, bem como as
placas e unidades identificadoras definidas no § 6º do art. 22 desta lei;
III - imóveis situados nas zonas de uso estritamente residenciais, salvo os anúncios indicativos
nos imóveis regulares e que já possuíam a devida licença de funcionamento anteriormente à Lei
nº 13.430, de 13 de setembro de 2002;
IV - postes de iluminação pública ou de rede de telefonia, inclusive cabines e telefones públicos,
conforme autorização específica, exceção feita ao mobiliário urbano nos pontos permitidos pela
Prefeitura;
V - torres ou postes de transmissão de energia elétrica;
VI - nos dutos de gás e de abastecimento de água, hidrantes, torres d'água e outros similares;
VII - faixas ou placas acopladas à sinalização de trânsito;
VIII - obras públicas de arte, tais como pontes, passarelas, viadutos e túneis, ainda que de domínio estadual e federal;
IX - bens de uso comum do povo a uma distância inferior a 30,00m (trinta metros) de obras públicas de arte, tais como túneis, passarelas, pontes e viadutos, bem como de seus respectivos
acessos;
X - nos muros, paredes e empenas cegas de lotes públicos ou privados, edificados ou não;
XI - nas árvores de qualquer porte;
XII - nos veículos automotores, motocicletas, bicicletas e similares e nos "trailers" ou carretas
engatados ou desengatados de veículos automotores, excetuados aqueles utilizados para transporte de carga.
Art. 10. É proibido colocar anúncio na paisagem que:
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I - oblitere, mesmo que parcialmente, a visibilidade de bens tombados;
II - prejudique a edificação em que estiver instalado ou as edificações vizinhas;
III - prejudique, por qualquer forma, a insolação ou a aeração da edificação em que estiver instalado ou a dos imóveis vizinhos;
IV - apresente conjunto de formas e cores que se confundam com as convencionadas internacionalmente para as diferentes categorias de sinalização de trânsito;
V - apresente conjunto de formas e cores que se confundam com as consagradas pelas normas
de segurança para a prevenção e o combate a incêndios.
Art. 11. A aprovação do anúncio indicativo nas edificações e áreas enquadradas como Zonas de
Preservação Cultural - ZEPEC e nos bens de valor cultural fica condicionada à prévia autorização da Secretaria Municipal de Planejamento - SEMPLA e da Secretaria Municipal de Cultura SMC, nos termos do art. 125 da Lei nº 13.885, de 23 de agosto de 2004.
CAPÍTULO III
DA ORDENAÇÃO DA PAISAGEM URBANA
Art. 12. Para os efeitos desta lei, considera-se, para a utilização da paisagem urbana, todos os
anúncios, desde que visíveis do logradouro público em movimento ou não, instalados em:
I - imóvel de propriedade particular, edificado ou não;
II - imóvel de domínio público, edificado ou não;
III - bens de uso comum do povo;
IV - obras de construção civil em lotes públicos ou privados;
V - faixas de domínio, pertencentes a redes de infra-estrutura, e faixas de servidão de redes de
transporte, de redes de transmissão de energia elétrica, de oleodutos, gasodutos e similares;
VI - veículos automotores e motocicletas;
VII - bicicletas e similares;
VIII - "trailers" ou carretas engatados ou desengatados de veículos automotores;
IX - mobiliário urbano;
X - aeronaves em geral e sistemas aéreos de qualquer tipo.
§ 1º. Para fins do disposto neste artigo, considera-se visível o anúncio instalado em espaço externo ou interno da edificação e externo ou interno dos veículos automotores, excetuados aqueles utilizados para transporte de carga.
§ 2º. No caso de se encontrar afixado em espaço interno de qualquer edificação, o anúncio será
considerado visível quando localizado até 1,00m (um metro) de qualquer abertura ou vedo transparente que se comunique diretamente com o exterior.
Seção I
Do Anúncio Indicativo em Imóvel Edificado, Público ou Privado
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Art. 13. Ressalvado o disposto no art. 16 desta lei, será permitido somente um único anúncio
indicativo por imóvel público ou privado, que deverá conter todas as informações necessárias ao
público.
§ 1º. Os anúncios indicativos deverão atender as seguintes condições:
I - quando a testada do imóvel for inferior a 10,00m (dez metros) lineares, a área total do anúncio
não deverá ultrapassar 1,50m² (um metro e cinqüenta decímetros quadrados);
II - quando a testada do imóvel for igual ou superior a 10,00m (dez metros) lineares e inferior a
100,00m (cem metros lineares), a área total do anúncio não deverá ultrapassar 4,00m² (quatro
metros quadrados);
III - quando o anúncio indicativo for composto apenas de letras, logomarcas ou símbolos grampeados ou pintados na parede, a área total do anúncio será aquela resultante do somatório dos
polígonos formados pelas linhas imediatamente externas que contornam cada elemento inserido
na fachada;
IV - quando o anúncio indicativo estiver instalado em suportes em forma de totens ou estruturas
tubulares, deverão eles estar contidos dentro do lote e não ultrapassar a altura máxima de 5,00m
(cinco metros), incluídas a estrutura e a área total do anúncio.
§ 2º. Não serão permitidos anúncios que descaracterizem as fachadas dos imóveis com a colocação de painéis ou outro dispositivo.
§ 3º. Não serão permitidos anúncios instalados em marquises, saliências ou recobrimento de
fachadas, mesmo que constantes de projeto de edificação aprovado ou regularizado.
§ 4º. O anúncio indicativo não poderá avançar sobre o passeio público ou calçada.
§ 5º. Nas edificações existentes no alinhamento, regulares e dotadas de licença de funcionamento, o anúncio indicativo poderá avançar até 0,15m (quinze centímetros) sobre o passeio.
§ 6º. Os anúncios deverão ter sua projeção ortogonal totalmente contida dentro dos limites externos da fachada onde se encontram e não prejudicar a área de exposição de outro anúncio.
§ 7º. Será admitido anúncio indicativo no frontão de toldo retrátil, desde que a altura das letras
não ultrapasse 0,20m (vinte centímetros), atendido o disposto no "caput" deste artigo.
§ 8º. Não serão permitidas pinturas, apliques ou quaisquer outros elementos com fins promocionais ou publicitários, que sejam vistos dos logradouros públicos, além daqueles definidos nesta
lei.
§ 9º. A altura máxima de qualquer parte do anúncio indicativo não deverá ultrapassar, em nenhuma hipótese, a altura máxima de 5,00m (cinco metros).
§ 10. Na hipótese do imóvel, público ou privado, abrigar mais de uma atividade, o anúncio referido no "caput" deste artigo poderá ser subdividido em outros, desde que sua área total não ultrapasse os limites estabelecidos no § 1º deste artigo.
§ 11. Quando o imóvel for de esquina ou tiver mais de uma frente para logradouro público oficial,
será permitido um anúncio por testada, atendidas as exigências estabelecidas neste artigo.
Art. 14. Ficam proibidos os anúncios indicativos nas empenas cegas e nas coberturas das edificações.
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Art. 15. Nos imóveis edificados, públicos ou privados, somente serão permitidos anúncios indicativos das atividades neles exercidas e que estejam em conformidade com as disposições estabelecidas na lei de uso e ocupação do solo em vigor e possuam as devidas licenças de funcionamento.
Parágrafo único. Não serão permitidos, nos imóveis edificados, públicos ou privados, a colocação de "banners", faixas ou qualquer outro elemento, dentro ou fora do lote, visando chamar a
atenção da população para ofertas, produtos ou informações que não aquelas estabelecidas
nesta lei.
Do Anúncio Indicativo em Imóvel Público ou Privado Situado em Lotes com Testada Igual ou
Superior a 100 Metros Lineares
Art. 16. Nos imóveis públicos ou privados com testada igual ou maior que 100,00m (cem metros)
lineares poderão ser instalados 2 (dois) anúncios com área total não superior a 10,00m² (dez
metros quadrados) cada um.
§ 1º. As peças que contenham os anúncios definidos no "caput" deste artigo deverão ser implantadas de forma a garantir distância mínima de 40,00m (quarenta metros) entre elas.
§ 2º. A área total dos anúncios definidos no "caput" deste artigo não deverá, em nenhuma hipótese, ultrapassar 20,00m² (vinte metros quadrados).
Do Anúncio Indicativo em Imóvel Não-Edificado, Público ou Privado
Art. 17. Não será permitido qualquer tipo de anúncio em imóveis não-edificados, de propriedade
pública ou privada, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. Caso seja exercida atividade na área não-edificada, que possua a devida licença de funcionamento, poderá ser instalado anúncio indicativo, observado o disposto no art. 13
desta lei.
Do Anúncio Publicitário em Imóvel Público ou Privado
Art. 18. Fica proibida, no âmbito do Município de São Paulo, a colocação de anúncio publicitário
nos imóveis públicos e privados, edificados ou não.
Dos Anúncios Especiais
Art. 19. Para os efeitos desta lei, os anúncios especiais são classificados em:
I - de finalidade cultural: quando for integrante de programa cultural, de plano de embelezamento
da cidade ou alusivo a data de valor histórico, não podendo sua veiculação ser superior a 30
(trinta) dias, conforme decreto específico do Executivo, que definirá o projeto urbanístico próprio;
II - de finalidade educativa, informativa ou de orientação social, religiosa, de programas políticos
ou ideológicos, em caso de plebiscitos ou referendos populares;
III - de finalidade eleitoral: quando destinado à propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos, na forma prevista na legislação federal eleitoral;
IV - de finalidade imobiliária, quando for destinado à informação do público para aluguel ou venda de imóvel, não podendo sua área ultrapassar 1,00m² (um metro quadrado) e devendo estar
contido dentro do lote.
§ 1º. Nos anúncios de finalidade cultural e educativa, o espaço reservado para o patrocinador
será determinado pelos órgãos municipais competentes.
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§ 2º. Os anúncios referentes à propaganda eleitoral deverão ser retirados no prazo máximo de
15 (quinze) dias, a contar da data da realização das eleições ou plebiscitos.
Art. 20. A veiculação de anúncios especiais relacionados a eventos culturais ou empreendimentos imobiliários sediados nos limites do Centro Histórico do Município de São Paulo dependerá
de análise prévia e autorização dos órgãos competentes.
Seção II
Do Anúncio Publicitário no Mobiliário Urbano
Art. 21. A veiculação de anúncios publicitários no mobiliário urbano será feita nos termos estabelecidos em lei específica, de iniciativa do Executivo.
Art. 22. São considerados como mobiliário urbano de uso e utilidade pública os seguintes elementos, dentre outros:
I - abrigo de parada de transporte público de passageiro;
II - totem indicativo de parada de ônibus;
III - sanitário público "standard";
IV - sanitário público com acesso universal;
V - sanitário público móvel (para feiras livres e eventos);
VI - painel publicitário/informativo;
VII - painel eletrônico para texto informativo;
VIII - placas e unidades identificadoras de vias e logradouros públicos;
IX - totem de identificação de espaços e edifícios públicos;
X - cabine de segurança;
XI - quiosque para informações culturais;
XII - bancas de jornais e revistas;
XIII - bicicletário;
XIV - estrutura para disposição de sacos plásticos de lixo e destinada à reciclagem;
XV - grade de proteção de terra ao pé de árvores;
XVI - protetores de árvores;
XVII - quiosque para venda de lanches e produtos em parques;
XVIII - lixeiras;
XIX - relógio (tempo, temperatura e poluição);
XX - estrutura de suporte para terminal de Rede Pública de Informação e Comunicação;
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XXI - suportes para afixação gratuita de pôster para eventos culturais;
XXII - painéis de mensagens variáveis para uso exclusivo de informações de trânsito;
XXIII - colunas multiuso;
XXIV - estações de transferência;
XXV - abrigos para pontos de táxi.
§ 1º. Abrigos de parada de transporte público de passageiros são instalações de proteção contra
as intempéries, destinados aos usuários do sistema de transporte público, instalados nos pontos
da parada e terminais, devendo, em sua concepção, ter definidos os locais para veiculação de
publicidade e os painéis informativos referentes ao sistema de transporte e sua integração com o
metropolitano.
§ 2º. Totem indicativo de parada de ônibus é o elemento de comunicação visual destinado à
identificação da parada de ônibus, quando houver impedimento para instalação de abrigos.
§ 3º. Sanitários "standard" e com acesso universal são instalações higiênicas destinadas ao uso
comum, sendo implantados em praças e nos terminais de transporte de uso coletivo, e os chamados sanitários públicos móveis instalados em feiras livres e eventos.
§ 4º. Painel publicitário informativo é o painel luminoso para informação a transeuntes, consistindo num sistema de sinalização global para a cidade, que identificará mapas de áreas, marcação
dos pontos de interesse turístico, histórico e de mensagens de caráter educativo.
§ 5º. Painel eletrônico para texto informativo consiste em painéis luminosos ou totens orientadores do público em geral, em relação aos imóveis, paisagens e bens de valor histórico, cultural, de
memória popular, artístico, localizados no entorno e ainda com a mesma função relativamente a
casas de espetáculos, teatros e auditórios.
§ 6º. Placas e unidades identificadoras de vias e logradouros públicos são aquelas que identificam as vias e logradouros públicos, instaladas nas respectivas confluências.
§ 7º. Totens de identificação de espaços e edifícios públicos são elementos de comunicação
visual destinados à identificação dos espaços e edifícios públicos.
§ 8º. Cabine de segurança é o equipamento destinado a abrigar policiais durante 24 horas por
dia, com acesso externo tipo balcão para atendimento dos transeuntes, com capacidade para
prestação de primeiros socorros, contendo pequeno sanitário, além de espaço para detenção
provisória de, pelo menos, 1 (uma) pessoa.
§ 9º. Quiosques são equipamentos destinados à comercialização e prestação de serviços diversos, implantados em praças e logradouros públicos, em locais e quantidades a serem estipuladas pelo Poder Público Municipal, sem prejuízo do comércio local regularmente estabelecido e
do trânsito de pedestres.
§ 10. As bancas para a comercialização de jornais e revistas, instaladas em espaços públicos,
obedecerão a um cronograma de instalação, decorrente da aprovação do desenho do mobiliário
em relação ao desenho urbano e da aprovação de sua instalação naquele espaço específico.
§ 11. Bicicletário é o equipamento destinado a abrigar bicicletas do público em geral, adaptável a
estações de metrô, ônibus e trens, escolas e instituições.
§ 12. Grade de proteção de terra ao pé de árvores é aquela elaborada em forma de gradil, desti-
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nada à proteção das bases de árvores em calçadas, podendo servir de piso no mesmo nível do
pavimento das referidas calçadas.
§ 13. Protetores de árvore são aqueles elaborados em forma de gradil protetor da muda ou arbusto, instalados em vias, logradouros ou outros espaços públicos, tais como praças, jardins e
parques, de acordo com projetos paisagísticos elaborados pelo Poder Público Municipal ou pelo
concessionário, em material de qualidade não agressivo ao meio ambiente.
§ 14. As lixeiras, destinadas ao descarte de material inservível de pouco volume, serão instaladas nas calçadas, em pontos e intervalos estratégicos, sem prejuízo do tráfego de pedestres ou
de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
§ 15. Relógios/termômetros são equipamentos com iluminação interna, destinados à orientação
do público em geral quanto ao horário, temperatura e poluição do local, podendo ser instalados
nas vias públicas, nos canteiros centrais e nas ilhas de travessia de avenidas.
§ 16. Estrutura de suporte para terminal da Rede Pública de Informação e Comunicação são
estruturas destinadas a conter equipamentos de informática, compondo terminais integrados ao
"hardware" da Rede Pública Interativa de Informação e Comunicação, a serem instalados em
locais públicos abrigados, de intenso trânsito de pedestres.
§ 17. Suportes para afixação gratuita de pôsteres são elementos estruturados para receber a
aplicação de pequenos pôsteres do tipo "lambe-lambe", que promovem eventos culturais, sem
espaço para publicidade.
§ 18. Painéis de mensagens variáveis para uso exclusivo de informações de trânsito são equipamentos eletrônicos destinados a veicular mensagens de caráter exclusivamente informativo e
de utilidade no que se refere ao sistema viário e de trânsito da cidade.
§ 19. Colunas multiuso são aquelas destinadas à fixação de publicidade, cujo desenho deve ser
compatível com o seu entorno, podendo abrigar funções para suporte de equipamentos de serviços, tais como quiosques de informação e venda de ingressos.
§ 20. Estações de transferência são locais protegidos para passageiros de ônibus em operações
de transbordo.
§ 21. Abrigos para pontos de táxi são instalações de proteção contra as intempéries, destinadas
à proteção dos usuários do sistema regular de táxis, devendo, em sua concepção, definir os
locais para veiculação de publicidade e painéis informativos referentes ao sistema de transporte
e sua integração com o metropolitano.
Art. 23. Os elementos do mobiliário urbano não poderão:
I - ocupar ou estar projetado sobre o leito carroçável das vias;
II - obstruir a circulação de pedestres ou configurar perigo ou impedimento à locomoção de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida;
III - obstruir o acesso a faixas de travessias de pedestres, escadas rolantes ou entradas e saídas
de público, sobretudo as de emergência ou para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida;
IV - estar localizado em ilhas de travessia, exceto pontos de ônibus e relógios/termômetros digitais;
V - estar localizado em esquinas, viadutos, pontes e belvederes, salvo os equipamentos de informação básica ao pedestre ou de denominação de logradouro público.
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Parágrafo único. A instalação do mobiliário urbano nos passeios públicos deverá necessariamente observar uma faixa de circulação de, no mínimo, metade de sua largura, nunca inferior a
1,50m (um metro e cinqüenta centímetros); nos calçadões, a faixa de circulação terá 4,50m (quatro metros e cinqüenta centímetros) de largura.
CAPÍTULO IV
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
Seção I
Do Licenciamento e do Cadastro de Anúncios - CADAN
Art. 24. Os anúncios indicativos somente poderão ser instalados após a devida emissão da licença que implicará seu registro imediato no Cadastro de Anúncios - CADAN.
Art. 25. O licenciamento do anúncio indicativo será promovido por meio eletrônico, conforme
regulamentação específica, não sendo necessária a sua renovação, desde que não haja alteração em suas características.
Parágrafo único. Qualquer alteração na característica, dimensão ou estrutura de sustentação do
anúncio implica a exigência de imediata solicitação de nova licença.
Art. 26. A colocação de anúncio de finalidade cultural ficará sujeita à autorização da Secretaria
Municipal de Cultura - SMC, dispensando-se seu licenciamento.
Art. 27. Ficam dispensados de licenciamento os anúncios instalados em mobiliários e equipamentos urbanos, inclusive quanto ao seu cadastramento no órgão competente estabelecido no
respectivo contrato.
Art. 28. O despacho de indeferimento de pedido da licença de anúncio indicativo será devidamente fundamentado.
Parágrafo único. O indeferimento do pedido não dá ao requerente o direito à devolução de eventuais taxas ou emolumentos pagos.
Art. 29. O prazo para pedido de reconsideração de despacho ou de recurso é de 30 (trinta) dias
corridos, contados a partir da data da publicação do despacho no Diário Oficial da Cidade.
Parágrafo único. Os pedidos de reconsideração de despacho ou de recurso não terão efeito
suspensivo.
Seção II
Do cancelamento da licença do anúncio
Art. 30. A licença do anúncio será automaticamente extinta nos seguintes casos:
I - por solicitação do interessado, mediante requerimento padronizado;
II - se forem alteradas as características do anúncio;
III - quando ocorrer mudança de local de instalação de anúncio;
IV - se forem modificadas as características do imóvel;
V - quando ocorrer alteração no Cadastro de Contribuintes Mobiliários - CCM;
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VI - por infringência a qualquer das disposições desta lei ou de seu decreto regulamentar, caso
não sejam sanadas as irregularidades dentro dos prazos previstos;
VII - pelo não-atendimento a eventuais exigências dos órgãos competentes;
VIII - pela ocorrência da hipótese prevista no parágrafo único no art. 25 desta lei.
Art. 31. Os responsáveis pelo anúncio, nos termos do art. 32 desta lei, deverão manter o número
da licença de anúncio indicativo ou CADAN de forma visível e legível do logradouro público, sob
pena de aplicação das sanções estabelecidas nos arts. 40 e seguintes.
Parágrafo único. Os responsáveis pelo anúncio deverão manter, no imóvel onde está instalado, à
disposição da fiscalização, toda a documentação comprobatória da regularidade junto ao Cadastro de Anúncio - CADAN, da inscrição no Cadastro de Contribuintes Mobiliários - CCM e dos
pagamentos da Taxa de Fiscalização de Anúncio - T.F.A.
Seção III
Dos responsáveis pelo anúncio
Art. 32. Para efeitos desta lei, são solidariamente responsáveis pelo anúncio o proprietário e o
possuidor do imóvel onde o anúncio estiver instalado.
§ 1º. A empresa instaladora é também solidariamente responsável pelos aspectos técnicos e de
segurança de instalação do anúncio, bem como de sua remoção.
§ 2º. Quanto à segurança e aos aspectos técnicos referentes à parte estrutural e elétrica, também são solidariamente responsáveis os respectivos profissionais.
§ 3º. Quanto à segurança e aos aspectos técnicos referentes à manutenção, também é solidariamente responsável a empresa de manutenção.
§ 4º. Os responsáveis pelo anúncio responderão administrativa, civil e criminalmente pela veracidade das informações prestadas.
Seção IV
Das Instâncias Administrativas e Competências
Art. 33. Para a apreciação e decisão da matéria tratada nesta lei, serão observadas as seguintes
instâncias administrativas, no âmbito da competência das Subprefeituras:
I - Supervisor de Uso e Ocupação do Solo;
II - Chefe de Gabinete;
III - Subprefeito;
IV - Prefeito.
Art. 34. Compete à Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras - SMSP:
I - supervisionar e articular a atuação das Subprefeituras em matéria de paisagem urbana;
II - expedir atos normativos e definir procedimentos administrativos para fiel execução desta lei e
de seu regulamento;
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* 119
III - gerenciar o cadastro único dos anúncios da cidade - CADAN, bem como a veiculação eletrônica no "site" da Prefeitura para o conhecimento e acompanhamento de todos os cidadãos.
Art. 35. Compete à Comissão de Proteção à Paisagem Urbana - CPPU:
I - apreciar e emitir parecer sobre casos de aplicação da legislação de anúncios, mobiliário urbano e inserção de elementos na paisagem urbana;
II - dirimir dúvidas na interpretação de dispositivos desta lei ou em face de casos omissos;
III - elaborar e apreciar projetos de normas modificativas ou inovadoras da legislação vigente,
referentes a anúncios, mobiliário urbano e paisagem urbana, com as justificações necessárias
visando sua constante atualização, diante de novas exigências técnicas e peculiares locais;
IV - propor à Comissão Municipal de Política Urbana diretrizes relativas à política municipal de
proteção e promoção da boa qualidade da paisagem urbana;
V - propor e expedir atos normativos administrativos sobre a ordenação dos anúncios, paisagem
e meio ambiente;
VI - expedir atos normativos para fiel execução desta lei e de seu regulamento, apreciando e
decidindo a matéria pertinente.
Art. 36. Compete às Subprefeituras:
I - licenciar e cadastrar os anúncios indicativos, inclusive os que já foram protocolados anteriormente à data da publicação desta lei;
II - fiscalizar o cumprimento desta lei e punir os infratores e responsáveis, aplicando as penalidades cabíveis.
Art. 37. Compete à Secretaria Municipal de Cultura - SMC:
I - expedir atos normativos quanto à classificação dos anúncios de finalidade cultural e quanto às
características e parâmetros para anúncios em bens de valor cultural, conforme definido no inciso VI do art. 6° desta lei;
II - emitir parecer, no âmbito de suas atribuições, quanto ao enquadramento das situações não
previstas ou passíveis de dúvidas;
III - autorizar e fixar condições para a instalação dos anúncios indicativos nos bens de valor cultural, conjuntamente com a Secretaria Municipal de Planejamento - SEMPLA, conforme o art.
125 da Lei nº 13.885, de 25 de agosto de 2004.
Art. 38. Compete à Empresa Municipal de Urbanização - EMURB, quanto aos elementos da paisagem urbana:
I - propor normas e programas específicos para os distintos setores da cidade;
II - disciplinar os elementos presentes nas áreas públicas, considerando as normas de ocupação
das áreas privadas e a volumetria das edificações;
III - a criação de novos padrões, mais restritivos, de comunicação institucional, informativa ou
indicativa;
IV - elaborar parâmetros de dimensões, posicionamento, quantidade e interferência mais ade-
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* 120
quados à sinalização de trânsito, aos elementos construídos e à vegetação, considerando a capacidade de suporte da região;
V - propor normas e diretrizes para implantação dos elementos componentes da paisagem urbana para a veiculação da publicidade;
VI - propor mecanismos eficazes de fiscalização sobre as diversas intervenções na paisagem
urbana.
CAPÍTULO V
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
Art. 39. Para os fins desta lei, consideram-se infrações:
I - exibir anúncio:
a) sem a necessária licença de anúncio indicativo ou a autorização do anúncio especial, quando
for o caso;
b) com dimensões diferentes das aprovadas;
c) fora do prazo constante da licença de anúncio indicativo ou da autorização do anúncio especial;
d) sem constar de forma legível e visível do logradouro público, o número da licença de anúncio
indicativo ou CADAN;
II - manter o anúncio em mau estado de conservação;
III - não atender a intimação do órgão competente para a regularização ou a remoção do anúncio;
IV - veicular qualquer tipo de anúncio em desacordo com o disposto nesta lei e nas demais leis
municipais, estaduais e federais pertinentes;
V - praticar qualquer outra violação às normas previstas nesta lei ou em seu decreto regulamentar.
Parágrafo único. Para todos os efeitos desta lei, respondem solidariamente pela infração praticada os responsáveis pelo anúncio nos termos do art. 32.
Art. 40. A inobservância das disposições desta lei sujeitará os infratores, nos termos de seu art.
32, às seguintes penalidades:
I - multa;
II - cancelamento imediato da licença do anúncio indicativo ou da autorização do anúncio especial;
III - remoção do anúncio.
Art. 41. Na aplicação da primeira multa, sem prejuízo das demais penalidades cabíveis, os responsáveis serão intimados a regularizar o anúncio ou a removê-lo, quando for o caso, observados os seguintes prazos:
I - 5 (cinco) dias, no caso de anúncio indicativo ou especial;
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* 121
II - 24 (vinte e quatro) horas, no caso de anúncio que apresente risco iminente.
Art. 42. Na hipótese do infrator não proceder à regularização ou remoção do anúncio instalado
irregularmente, a Municipalidade adotará as medidas para sua retirada, ainda que esteja instalado em imóvel privado, cobrando os respectivos custos de seus responsáveis, independentemente da aplicação das multas e demais sanções cabíveis.
Parágrafo único. O Poder Público Municipal poderá ainda interditar e providenciar a remoção
imediata do anúncio, ainda que esteja instalado em imóvel privado, em caso de risco iminente de
segurança ou da reincidência na prática de infração, cobrando os custos de seus responsáveis,
não respondendo por quaisquer danos causados ao anúncio quando de sua remoção.
Art. 43. As multas serão aplicadas da seguinte forma:
I - primeira multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) por anúncio irregular;
II - acréscimo de R$ 1.000,00 (mil reais) para cada metro quadrado que exceder os 4,00m² (quatro metros quadrados);
III - persistindo a infração após a aplicação da primeira multa e a intimação referidas no art. 41 e
nos incisos I e II deste artigo, sem que sejam respeitados os prazos ora estabelecidos, será aplicada multa correspondente ao dobro da primeira, reaplicada a cada 15 (quinze) dias a partir da
lavratura da anterior, até a efetiva regularização ou a remoção do anúncio, sem prejuízo do ressarcimento, pelos responsáveis, dos custos relativos à retirada do anúncio irregular pela Prefeitura.
§ 1º. No caso do anúncio apresentar risco iminente, a segunda multa, bem como as reaplicações
subseqüentes, ocorrerão a cada 24 (vinte e quatro) horas a partir da lavratura da multa anterior
até a efetiva remoção do anúncio.
§ 2º. Nos casos previstos nos arts. 9º e 10 desta lei, em que não é permitida a veiculação de
anúncios publicitários por meio de "banners", "lambe-lambe", faixas, pinturas e outros elementos
que promovam profissionais, serviços ou qualquer outra atividade nas vias e equipamentos públicos, as sanções estipuladas neste artigo serão também aplicadas aos respectivos responsáveis, que passarão a integrar cadastro municipal próprio, que será veiculado pela Internet no
"site" da Prefeitura, na condição de "cidadão não responsável pela cidade".
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 44. Todos os anúncios publicitários, inclusive suas estruturas de sustentação, instalados,
com ou sem licença expedida a qualquer tempo, dentro dos lotes urbanos de propriedade pública ou privada, deverão ser retirados pelos seus responsáveis até 31 de dezembro de 2006.
Parágrafo único. Em caso de descumprimento do disposto no "caput" deste artigo, serão impostas as penalidades previstas nos arts. 40 a 43 desta lei:
I - à empresa registrada no Cadastro de Empresas de Publicidade Exterior - CADEPEX que tenha requerido a licença do anúncio;
II - ao proprietário ou possuidor do imóvel onde o anúncio estiver instalado;
III - ao anunciante;
IV - à empresa instaladora;
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* 122
V - aos profissionais responsáveis técnicos;
VI - à empresa de manutenção.
Art. 45. Todos os anúncios especiais autorizados e indicativos já licenciados deverão se adequar
ao disposto nesta lei até 31 de dezembro de 2006.
§ 1º. O prazo previsto no "caput" deste artigo poderá ser prorrogado por mais 90 (noventa) dias,
caso os responsáveis pelo anúncio justifiquem a impossibilidade de seu atendimento, mediante
requerimento ao órgão competente do Executivo.
§ 2º. Em caso de não-atendimento aos prazos previstos neste artigo, serão impostas as penalidades previstas nos arts. 40 a 43 desta lei.
Art. 46. A critério do Executivo, o Cadastro de Empresas de Publicidade Exterior - CADEPEX
poderá ser extinto.
Art. 47. Novas tecnologias e meios de veiculação de anúncios, bem como projetos diferenciados
não previstos nesta lei, serão enquadrados e terão seus parâmetros estabelecidos pela Comissão de Proteção da Paisagem Urbana - CPPU.
Art. 48. O Poder Executivo promoverá as medidas necessárias para viabilizar a aplicação das
normas previstas nesta lei, em sistema computadorizado, estabelecendo, mediante portaria, a
padronização de requerimentos e demais documentos necessários ao seu cumprimento.
Art. 49. Os pedidos de licença de anúncios indicativos e de autorização de anúncios especiais
pendentes de apreciação na data da entrada em vigor desta lei deverão adequar-se às exigências e condições por ela instituídas.
Art. 50. O Poder Executivo poderá celebrar termo de cooperação com a iniciativa privada visando à execução e manutenção de melhorias urbanas, ambientais e paisagísticas, bem como à
conservação de áreas municipais, atendido o interesse público.
§ 1º. O Poder Executivo estabelecerá critérios para determinar a proporção entre o valor financeiro dos serviços e obras contratadas e as dimensões da placa indicativa do termo de cooperação, bem como a forma de inserção dessas placas na paisagem.
§ 2º. Os termos de cooperação terão prazo de validade de, no máximo, 3 (três) anos e deverão
ser publicados na íntegra no Diário Oficial da Cidade, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da data de sua assinatura, observadas as normas constantes desta lei e as disposições
estabelecidas em decreto.
Art. 51. A Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras e as Subprefeituras poderão
celebrar contratos com empresas privadas, visando à prestação de serviços de apoio operacional para a fiscalização, bem como de remoção de anúncios.
Art. 52. A Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras publicará, no Diário Oficial da
Cidade, no prazo de 30 (trinta) dias a partir da publicação desta lei, todas as licenças dos anúncios indicativos, com a respectiva data de emissão, número do Cadastro de Anúncios - CADAN,
nome da empresa responsável e data de validade de cada anúncio.
Parágrafo único. Caberá à Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras a veiculação, pela Internet, das publicações relativas às licenças emitidas por cada Subprefeitura.
Art. 53. A Secretaria Municipal de Habitação - SEHAB publicará, no Diário Oficial da Cidade, no
prazo de 30 (trinta) dias a partir da publicação desta lei, todas as licenças dos anúncios publicitá-
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* 123
rios, com a respectiva data de emissão, número do Cadastro de Anúncios - CADAN, nome da
empresa responsável e data de validade de cada anúncio.
Art. 54. O Poder Executivo regulamentará a presente lei no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data de sua publicação.
Art. 55. As despesas com a execução desta lei correrão por conta das dotações orçamentárias
próprias, suplementadas se necessário.
Art. 56. Ficam revogadas as Leis nº 10.571, de 8 de julho de 1988, nº 11.613, de 13 de julho de
1994, nº 12.849, de 20 de maio de 1999, nº 13.517, de 29 de janeiro de 2003, nº 13.525, de 28
de fevereiro de 2003, alterada pela Lei nº 13.687, de 19 de dezembro de 2003, e as Leis nº
14.017, de 28 de junho de 2005, e nº 14.066, de 17 de outubro de 2005.
Art. 57. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, aplicando-se também a todos os
pedidos de licenciamento de anúncios pendentes de apreciação.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 26 de setembro de 2006, 453º da fundação
de São Paulo.
GILBERTO KASSAB, PREFEITO
Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 26 de setembro de 2006.
ALOYSIO NUNES FERREIRA FILHO, Secretário do Governo Municipal
Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26
* 124
8.3. ESTUDO DO IMPACTO DA LEI “CIDADE LIMPA”
Com o intuito de sondar se houve alguma alteração financeira ou de movimento
de clientela em decorrência da adaptação à lei 14.223 foi aplicado um questionário a comerciantes da cidade de São Paulo. A pesquisa foi realizada por estudantes do curso de Design ESPM-SP como atividade acadêmica na disciplina
“Design de Sistemas Informacionais” que trata de sinalização ambiental.
Em uma primeira aproximação (2008/1) foram consultados gerentes ou funcionários responsáveis de 70 estabelecimentos comerciais ou de serviços – deixamos a critério dos estudantes a escolha dos locais, pois o que se queria verificar
era a clareza das questões e se procederia investir em uma investigação sistemática futura. No segundo semestre de 2008 a pesquisa de campo foi repetida
com outros 72 estabelecimentos e concluímos que os novos dados foram muito
semelhantes aos anteriores – corroborando os resultados da pesquisa piloto realizada no primeiro semestre. No segundo evento foi solicitado aos estudantes
que fizessem registros fotográficos dos locais para ilustrar as características do
estabelecimento.
Para uma avaliação inicial os estabelecimentos foram divididos em três grupos,
de acordo com o tempo de funcionamento no mesmo local – mais de 10 anos,
de 3 a 9 anos e até 2 anos. Os resultados prévios mostram que, mesmo das
empresas consideradas tradicionais, estabelecidas há mais de 10 anos no
mesmo endereço, 63% afirma ter havido prejuízo financeiro durante a adaptação
à lei. Índices muito próximos ocorrem com aqueles que estão instalados entre 3
e 9 anos (60% diz ter tido prejuízo). Neste déficit os respondentes incluem o investimento em novos letreiros e reforma de fachada. Como era de se esperar,
as mais recentes, que provavelmente já atendiam as especificações da lei em
suas fachadas quando iniciaram suas atividades, os índices se inverteram
(63.5% responde não ter sofrido prejuízo durante o período de implantação da
fiscalização tolerância zero).
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* 125
Também é relevante ressaltar que, do total de comerciantes entrevistados
18,06% teve alguma conversa com vizinhos e 81,94%, não conversou. Interessante notar que os estabelecimentos que se enquadram no primeiro grupo tiveram um aumento de movimento significativo sobre os do segundo grupo.
Não conversou com vizinhos
Conversou com vizinhos
33 56,90% não alterou movimento
5
38,46% não alterou movimento
9
5
38,46% aumentou movim.
3
23,08% diminuiu movim.
15,52% aumentou movim.
14 24,14% diminuiu movim.
Quanto à questão sobre uma eventual mudança no faturamento ou freqüência
de clientes APÓS as adaptações à lei, os quadros e gráficos a seguir ilustram as
respostas.
até 2 anos
mais de 10 anos
15 55,56%
não
3
60,00%
não
6
22,22%
diminuiu
1
20,00%
diminuiu
6
22,22%
aumentou
1
20,00%
aumentou
de 3 a 9 anos
20 54,05%
não
10 27,03%
diminuiu
7
Aumentou
18,92%
Tipos de reformas
19
26,76%
só letreiro
31
43,66%
estendeu à fachada
10
14,08%
calçada
7
9,86%
interior
16
22,54%
outros
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* 126
Houve algum prejuízo sensível (financeiro ou
clientela) DURANTE as adaptações à lei?
sim
47%
não
53%
Houve mudança sensível de movimento de
clientes e/ou financeiro APÓS a(s) reforma(s)?
20%
não
diminuiu
55%
25%
aumentou
Estes índices prévios estimulam uma aproximação mais acurada e sistêmica, no
entanto as informações foram consideradas periféricas ao escopo deste projeto.
Na próxima página anexamos o questionário aplicado aos comerciantes. A entrevista ocorreu com contato direto entre os estudantes e responsáveis pelo estabelecimento no momento da entrevista. Não houve respostas relevantes às
questões abertas.
Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26
* 127
Design de Sistemas Informacionais
Prof. Ágata Tinoco
ESTUDO DE IMPACTO DA LEI
2008/1
“CIDADE LIMPA” EM ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS
1. Ramo de atividade ………………………………………………………………………
2. Cargo do respondente
……………………………………………………………
3. Há quanto tempo a empresa está neste mesmo endereço? …………………
4. Houve algum prejuízo sensível (financeiro ou clientela) DURANTE as adaptações à lei “cidade limpa”? Sim ( )
Não ( )
5. Pode detalhar a resposta? ..........…………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
6. A mudança ficou somente no letreiro ou se estendeu (fachada, interior,
calçada, outros)? ………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………………
7. Pode informar o montante do investimento para adequar a fachada do estabelecimento à nova legislação? ……………………………………
8. Houve conversa com os vizinhos para decidirem as mudanças juntos?
Sim ( )
Não ( )
9. Houve mudança sensível de movimento de clientela e/ou financeiro APÓS
a(s) reforma(s)?
Sim (+) ou (-)
Não ( )
Bairro ……………………… Endereço ………………………………………………………………
Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26
* 128
8.4. 1º FÓRUM SOBRE COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE URBANO
Com a realização do 1° Fórum sobre Comunicação no Ambiente Urbano no dia
XX de XX de 2008, a ESPM estabeleceu uma relevante reunião de pontos de
vista de várias áreas de conhecimento sobre as questões envolvidas no uso do
espaço público pela comunicação. Pela primeira vez em Porto Alegre, um grupo
de representantes de iniciativas públicas e privadas colocaram em pauta suas
posições sobre as possíveis formas de organização dos interesses coletivos em
relação à ocupação visual da cidade.
Em especial, o Fórum propôs um foco diferenciado sobre a discussão ao buscar
no Design um ponto em comum para tecer as conexões entre Agências de Comunicação e seus profissionais de criação, empresas de Mídia Externa, representantes de Órgãos relacionados ao Meio Ambiente e Urbanismo e o conhecimento Acadêmico.
Surge como resultado inicial de uma pesquisa desenvolvida por uma equipe
multidisciplinar de professores da ESPM de Porto Alegre e São Paulo para o
Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing - CAEPM da instituição.
Com formações em Arquitetura, Sociologia, Propaganda, Arte e Design, o Núcleo de Estudo da Comunicação no Ambiente Urbano se estabeleceu como um
pólo de questionamento dos efeitos e resultados da ocupação da cidade pela
mídia pública, mas principalmente como espaço de busca de uma metodologia
completa e diferenciada de análise a avaliação deste fenômeno.
Considerando que o Design oferece todo o instrumental teórico, bastante amplo
e eclético, necessário a abranger tantos elementos e pontos de vista, foram convidados representantes de algumas das empresas e entidades diretamente envolvidas com o tema a expor suas experiência sob esta perspectiva.
Em duas mesas, tratando de Estética e Legislação, participaram respectivamente:
Dra. Regina Monteiro, arquiteta e urbanista que participou da elaboração do projeto da lei 14.223 em SP (projeto “Cidade Limpa) e Diretora de projetos Meio
Ambiente e Paisagem Urbana da Empresa Municipal de Urbanização Paulista;
Marcelo Pires, publicitário de criação da Agência Competence; Roberto Bastos,
Diretor de Contas do GAD Brand Design; com mediação dos Professores Me.
Fernando Bakos, com formação em Comunicação e Poéticas Visuais, e Dr. Eduardo Benzatti, antropólogo;
Celso Chitolina, da Associação Riograndense de Propaganda – ARP; Sr. Pedro
Sham, da Huly Luminosos; Dannie Dubin, diretor presidente da Ativa Mídia Exterior e da Central de outdoors Rio Grande do Sul; com mediação dos Professores
Me. Fabiano Scherer, arquiteto e designer, e Dr. Ágata Tinoco, designer.
Mais aparentes, as questões estéticas são em grande parte a referencia principal das discussões sobre a cidade ideal. O projeto de ordenação da ocupação
visual dos espaços públicos parece ser a zona de confluência dos diversos pontos de vista. O que os difere, no entanto, é justamente a maneira de implantar
suas estratégias e os sistemas de julgamento do que é aceitável ou não. Há
uma idealização modernista no modo de ainda hoje se pensar a cidade. A pure-
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* 129
za e a “ingenuidade” prevalecem no desenho quase saudosista de uma memória
nunca havida. Os grandes projetos de reurbanização constantemente passam
pela desapropriação dos espaços privados em nome de um plano iluminista de
eixos e grandes intervenções. Cidades sedes de Jogos Olímpicos demonstram
muitas vezes a “sanitarização” forjada que se sucede quando há um grande plano de estruturação de zonas urbanas. AO mesmo tempo, pequenas intervenções de arquitetura e mesmo de “arte de rua” e propaganda, demonstram ser
extremamente eficientes para fixar uma identidade particular e um laço de cumplicidade com a população.
A primeira discussão pode partir do conceito adotado por cada área de conhecimento do que é poluição visual. Pode ser o excesso, o ostensivo, a saturação
que geram desconforto. Mas este é um critério bastante individualizado e culturalizado que não pode ser homogeneamente aplicado. Modernista justamente é
a expectativa de haver um modelo correto, ou mais correto que outros, capaz de
suprir universalmente as necessidades humanas. Em tempos de “globalização”,
algo da discussão pós-moderna parece necessitar ser incluído. Seja a nomenclatura que se propuser, há claramente nos campos da estética um plano diferenciado de pensamento e ação que vai surgindo em confronto, contestação,
superação ou exacerbação da proposta modernista dos artistas, arquitetos, designers e forjadores de imagens a partir do meio do século vinte. O caos, o acaso, a confluência e convivência de opostos, a efemeridade, a demarcação de
território, a expressão da individualidade, a adoção de ícones, o questionamento
do belo, tudo isso monta o quebra-cabeças da cidade ocidental que permeia
nosso imaginário.
Assim, Regina Monteiro apresentou sua experiência em torno da polêmica intervenção oficial na cidade de São Paulo ocorrida a partir de 2006, quando foram
estabelecidas regras restritivas a tamanhos e formatos de uso do campo de visão público pelos estabelecimentos comerciais e meios de comunicação externos. Destacou a necessidade de dar visibilidade aos antagonismos para que a
discussão chegue a um lugar. O modelo adotado em São Paulo quis rever a identidade da cidade, de como já havia uma séria de estruturas de convivência
entre o as necessidades de circulação, projeto estilístico, sinalização e exploração da rua como mídia que chegaram a um momento à “desordem da paisagem”. Inserções de iniciativas autônomas, formatadas dentro e fora das diretrizes oficiais de uso das fachadas, que foram provocadas pela necessidade de
“falar mais alto” e ter mais visibilidade, acabaram entre si neutralizando-se em
um caos de formas, tamanhos e estilos.
Normatizada somente por decretos, a exploração do espaço público ganha em
São Paulo uma lei para o setor em 1993, que segundo Regina, impunha uma
série de regras, mas beneficiava uma parcela específica ao permitir exploração
de trinta metros quadrados por propaganda nos prédios. Várias empresas do
ramo surgiram com clientes interessados neste formato, encontrando terreno
fértil nos proprietários de edificações em pontos estratégicos de visibilidade que
passaram a perceber o valor comercial e receber bom lucro com a venda de parte de suas áreas. Esta relação de competitividade propiciou a gradual tentativa
de expansão dos territórios, burlando gradativamente mais e mais as regras ao
perceber brechas legais e falta de fiscalização adequada. Campo fértil à corrup-
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* 130
ção e a geração do “mau profissional”.
Somente em 2003 outra comissão encabeçada pelo Urbanista Jorge Wilheim
voltou a fazer uma revisão da situação, chegando a uma proposta considerada
pelos profissionais envolvidos como consistente e adequada. A iniciativa fracassou frente a aprovação de uma lei proposta por uma vereadora, aparentemente
com interesses diretamente ligados a um determinado segmento do mercado,
que ao ser votada teve 60 dos 90 artigos vetados na gestão da Prefeita Marta
Suplicy, inviabilizando completamente a sua aplicação.
Inúmeras lacunas foram largamente aproveitadas, como o recurso de instalação
de equipamentos externos em prédios particulares de comércio via protocolo.
Este deveria ser invalidado pela prefeitura em 90 dias ou prevalecia, assim “se
estabeleceu uma trama enrascada, São Paulo já estava cheia de vícios”. Características específicas de cada cidade.
Então para resolver os problemas se buscou uma fórmula que virou lei, a lei “cidade limpa” atualmente vigente. Segundo Regina, “nós dividimos em duas coisas, o espaço público e o privado, no espaço privado você não vai mais por mídia exterior, porque entendemos que, no tempo que aconteceu as duas coisas
você tinha uma sobreposição de fatos e de idéias que não estava dando muito
certo”.
Um componente da lei é especialmente polêmico, pois não considera a proporcionalidade, mas somente o tamanho total do espaço utilizado, numa forma radical de simplificar as regras e não permitir abertura de espaço para questionamento e principalmente casos de corrupção da fiscalização que efetivamente
eram um dos maiores problemas a serem enfrentados e corrigidos.
Outro fator a ser considerado como exemplo, é a forma de retorno financeiro
para a cidade em forma de impostos sobre a mídia exterior que inicialmente deixou de entrar nos cofres públicos na mesma medida que deixou de favorecer
proprietários de lotes urbanos que tinham sua renda nos últimos anos vinda diretamente do aluguel de espaço a empresas de exploração de propaganda. Quanto aos impostos, havia uma distorção também referente à fiscalização deficitária.
Os valores arrecadados eram estabelecidos em cima de dados de faturamento
das empresas, sem verificação documentada oficialmente, uma grave distorção.
De forma semelhante, os elementos de parceria público-privada na sinalização
da cidade, onde empresas exploravam espaços de placas de esquina, relógios e
pontos de ônibus, não era corretamente avaliado, remontando a licitações feitas
há mais de trinta anos. A proposta atual é se valer justamente do conhecimento
de Design para construir uma padronização de reconhecimento de todos usuários, sejam pedestres, motoristas, moradores ou viajantes, numa objetiva referencia a elementos estudados em Design Universal e Emocional. Tornar claro,
coerente, simples e favorável a sinalização de zonas, bairros, linhas de ônibus,
ruas, praças e marcos referenciais. Retomar a arquitetura como referencial do
cidadão e não somente os estabelecimentos comercias e anunciantes privilegiados com a compra de espaços para propaganda. Levando em consideração
questões de referência étnica como no bairro da Liberdade em São Paulo e
dando espaço a participação das manifestações populares de forma ordenada,
como o uso de grafiti e uso criativo do espaço interno de vitrine das lojas, colocação de toldos e outros complementos arquitetônicos úteis e favoráveis à apro-
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* 131
ximação com o público.
Marcelo Pires chamou atenção para que a arquitetura em si já trouxesse suas
inserções e com a remoção das camadas de comunicação sobrepostas a ela,
revela-se uma beleza e uma riqueza de elementos esquecidos que devem ser
retomados inclusive pelos novos projetos de arquitetura. Não se trata somente
de demonizar o mercado e dos interesses comerciais de anunciantes e empresas de mídia como se estivessem contra o consumidor, pelo contrário, o consenso em torno da má utilização histórica nas últimas décadas destes meios em
confronto com o interesse público revela a possibilidade e interesse efetivo de
investimento dos recursos de forma que restabeleça a comunicação perdida entre as partes. O mesmo dinheiro que move em direção à saturação e poluição,
em um momento de virada como o realizado em São Paulo, pode reverter o
quadro com grandes vantagens a todos. Passa por esta revisão a preocupação
com a sustentabilidade e novos fatores contemporâneos que interessam e afetam a coletividade. Não se trata da polarização entre partes, aparente com interesses contrários, onde as decisões públicas se transformam em proibições,
censura ou restrições à comunicação, mas de um investimento conjunto em
buscar outros formatos mais coerentes e consistentes com a realidade do século
vinte e um.
Um caminho indicado pelos exemplos de outros países, principalmente europeus, onde a consciência ecológica, de meio-ambiente e poluição já foram a
mais tempo adotadas e discutidas, é confluência entre profissionais que interferem nas cidades. Arquitetos, publicitários, designers, administradores e empresários usam em seu benefício as possíveis restrições, melhorando a qualidade
de vida a partir do cuidado com a limpeza, economia e beleza de seus projetos.
Da fábrica à programação visual, do sistema de iluminação à ponte, do viaduto
aos postes de luz, o exercício de diálogo e convivência se torna criativo e vantajoso para o cidadão. Não se trata de questões de gosto, mas de qualidade e
consistência dos projetos. Como publicitário, Marcelo distingue peças premiadas
em diversos países como exemplos de que quando se investe nesta variante
criativa que interaja com o consumidor sem agredi-lo, o espaço público só tem a
ganhar e assim todos envolvidos, inclusive alavancando lucro para anunciantes,
agências e prefeituras.
Mais uma vez os critérios particulares da prática de Design são necessários,
incorporando elementos multimídia na comunicação urbana, seja com cheiros,
sons, movimento, texturas e até mesmo gosto, se adequado à mensagem pretendida. Design Multisensorial aplicado ao espaço coletivo, de passagem. Desneutralizando a paisagem e criando identidade no lugar. Laços “lúdicos, inteligentes e charmosos” com a população que repercutem inclusive em maior preservação, segurança e até atração turística. Em suas palavras “Quanto mais
botarem isso na cidade, mais eu vou achar a cidade bonita.”
Intervenções artísticas são especialmente coerentes com esta linha de pensamento, intervenções midiáticas, de luz e projeções em vídeo efêmeras que acontecem, criam o impacto necessário e não deixam rastros nem resíduos. Tecnologias recentes que associam seus patrocinadores à vanguarda e à inovação
aliadas que é basicamente o que a maioria dos anunciantes deseja.
Na opinião de Roberto Bastos, lembrou que na Associação dos Profissionais de
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* 132
Design do Rio Grande do Sul, em várias ocasiões o tema da paisagem urbana
veio à tona entre os profissionais da área e “é muito importante sem dúvida nenhuma, que se chegue a um termo de equilíbrio”, palavra chave citada constantemente. Equilíbrio entre público e privado, entre feio e bonito, entre novo e velho, entre utilidade e estética. O consenso talvez não seja totalmente possível, e
a legislação provoca sempre alguma insatisfação, mas é necessário o diálogo.
Entre arquitetura e comunicação, entre poder público e atividades privadas, entre teorias, entre experiências, entre as pessoas. Identificar diferenças depende
também da manifestação dos afetados.
Há diversas formas divertidas e ainda inovadoras de trabalhar os símbolos gráficos de que a cidade se compõe e que nutrem a vivência cotidiana. Seja pelas
intervenções de propaganda mais criativa ou mesmo pelas proposições que demonstrem certa aposta na ousadia por parte dos administradores públicos. Em
uma era digital de circulação de informações impermanentes, o apego aos objetos familiares, mesmo que somente visuais nos fornece uma confiança e uma
resiliência à intempéries do caos urbano. Marcos referenciais sempre consistiram na intervenção do habitante na sua paisagem, igrejas, pontes, prédios públicos se destacam ainda como determinantes da identidade de um lugar e uma
coletividade. E também a peculiaridade individual constrói esta identidade, “o
prédio então se diferenciava, e precisava então um sapateiro ter o seu sinal na
porta, o ferreiro ter o seu sinal na porta, e assim então nasce a comunicação
visual na cidade”.
A arquitetura em si era comunicação, trazia suas inscrições, sei símbolos identificáveis, facilitadores de reconhecimento e comunicação. O ambiente público é
de cada um que o complementa, é de cada um e de todos e acontece recentemente um fenômeno de alienação destes personagens. O coletivo se torna abstração e o “de todos” passa a ser de ninguém, ninguém estabelece vínculo por
não considerar-se parte.
Em suas palavras, a cidade “ao mesmo tempo é um local que se transforma, é
um local que se desenvolve, é um local mutante, às vezes a gente não conhece
a própria cidade, é também a materialização da cultura de uma sociedade, a
nossa cidade, através da arquitetura, das artes, das esculturas, do grafiti, enfim,
das manifestações, ela é a construção da cultura material da sociedade, precisamos estar atento a isso”. “Mas os elementos do ambiente urbano são os edifícios, praças, parques, jardins, ruas, avenidas, viadutos, pontes, túneis, passarelas, calçadas. A arte está presente no ambiente urbano através dos monumentos, das esculturas, dos murais, dos grafitis, do mobiliário urbano, dos equipamentos que prestam serviços à população”.
Hoje Porto Alegre não tem mais padrão de sinalização urbana, há uma carência
muito grande de placas identificando ruas e lugares. Onde ainda há, não seguem uma padronização, confundindo e complicando os usuários de todos os
tipos. Levante-se a questão de que, por possuir muita vegetação, Porto Alegre
obteve uma liberdade de usar azul em suas placas onde o verde provocaria confusão, o que agrava a situação de múltiplos códigos simultâneos vigentes. O
mesmo se sucede na identificação dos elementos móveis, que não são do mobiliário, como veículos de transporte público. Os ônibus deixaram de aplicar uma
linguagem comum entre as linhas que já foi na cidade uma característica mar-
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* 133
cante e saudável. Com a privatização das linhas, cada empresa adotou uma
simbologia de formas e cores específica que para uma pessoa não acostumada
recorre em grave confusão no momento da necessidade de uso. A comunicação
visual da cidade deve estar acima de tudo a serviço do cidadão.
A paisagem é uma complexa e intrincada trama interdependente de fatores e
agentes. Prédios e mobiliário planejados têm de conviver com veículos, pessoas
e suas tradições em cores, vestimenta, condições econômicas e maneirismos.
Carroças são uma característica da capital gaúcha que tendem a ser eliminadas
por ações restritivas e conscientização efetivadas em ações oficiais graduais,
mas ainda determinam fatos peculiares da cidade. A convivência com o muro
junto à Avenida Mauá, no centro, isolando a percepção do Rio Guaíba é outro
ponto sensível que perpassa por qualquer pensamento de evolução urbana da
cidade no futuro. Talvez se esteja vivendo melhor a possibilidade da paisagem
do rio, o que pode vir a ser uma característica marcante da definição de lugar,
como é o Tâmisa em Londres ou o Sena em Paris.
Negar esta vocação é como “limpar” Times Square em Nova York ou desligar os
letreiros e mega telas de Tokio. “A arquitetura está cada vez mais pontual, quer
dizer, é um prédio, (o arquiteto) faz um prédio e não se percebe o que tem em
volta, o que tem no entorno. Paisagismo, design, desenho industrial, publicidade,
programação visual, tecnologia, veículos de comunicação de massa, tudo isso
faz parte da paisagem urbana que se transforma”. Há uma herança que não pode ser negada e uma vocação a ser percebida para conduzir o pensamento sobre cada cidade.
Na Itália, onde o patrimônio urbano gera divisas, se discute tudo isso pelo menos desde 1957, incluindo a questão rural ao lado da urbana. No Brasil, a Política Nacional do meio-Ambiente data de 1981. Joaquim Redig diz que “o mundo
humano se configura numa estrutura física, e essa estrutura num dado momento
é desenhada, criada, projetada, formalizada por alguém, o designer trabalha,
deve trabalhar, tem que trabalhar para que essa estrutura que é o resultado do
desenho faça sentido para quem nela vive”. O sentido se dá entre a funcionalidade e a beleza e a contribuição da comunicação é de propor diversidade, variedade, oportunidade às pessoas para elas mesmas darem seqüência ao processo delicado de preservação e renovação. “Quanto mais esteticamente agradável então o ambiente a nossa volta se torna, mais o feio se destaca, mais e
mais as pessoas estão demandando um mundo livre de poluição visual”. “Uma
cidade não é um ambiente de negócio, um simples mercado onde até a paisagem é objeto de interesses econômicos e lucrativos, mas é, sobretudo, um ambiente de vida humana no qual se projetam valores espirituais, experiências que
revelam as gerações por vindouras, na sua memória”, cita a Convenção Européia de Paisagem.
Vê-se que as discussões estéticas passam quase sempre por um paralelo com o
que é ou não possível e o que deve ou não ser institucionalizado. Para estabelecer uma legislação equilibrada e consistente toda a experiência na área de projeto de Design, seja de planejamento urbano, sinalização, mobiliário ou paisagismo deve ser obrigatoriamente considerado. Trata-se de um “know-how” único
e específico que muitas vezes é esquecido ao se consultar sobre os destinos da
cidade. Naturalmente se busca a avaliação de arquitetos, urbanistas, engenhei-
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* 134
ros, ambientalistas, representantes das comunidades, empresários e empreendedores locais, chegando a incluir especialistas em ergonomia e acessibilidade.
Profissionais de criação em propaganda, comunicação e design geralmente tangenciam o processo decisório, quando na verdade possuem instrumental extremamente especializado em questões que brotam nos espaços entre os campos
de conhecimento mais tradicionais.
A visão ambientalista é uma das gratas origens da recente preocupação com a
organização do espaço em que vivemos. Se antes se tratava de meio-ambiente
somente como a natureza em seu estado puro, o espaço de atuação humana
hoje é cada vez mais na concentração urbana de um ambiente cultural, construído e moldado a partir de interesses dos seus inúmeros habitantes. Por vezes o
perfil de um grupo é definido por um interesse ou intenção específica, mas em
uma sociedade de formato democrático, a consulta ampla e qualificada deve ser
a regra básica para fundamentar decisões sobre o grupo.
À beira de uma iminente alteração drástica do curso da exploração dos recursos
naturais pelo ser humano, todas as nações percebem a necessidade de rever
conceitos. Adaptar-se mais e forçar menos na imposição de uma vontade antropocêntrica é um reflexo da constatação da fragilidade das instituições estabelecidas historicamente. O modelo tradicional de mercado capitalista não dá conta
de responder indefinidamente à evolução e amplificação indefinida de necessidades humanas. Um novo mercado, que compatibiliza ecologia, humanismo,
ciência e poesia parece redescobrir os preceitos essenciais do nascimento da
civilização como conhecemos, na Grécia clássica, há alguns séculos sufocados
pela evolução técnica e tecnológica que nos trouxe até o século vinte e um.
Ex-secretário do meio ambiente, Beto Moesch afirma “Então as cidades têm que
se basear em exemplos, em paradigmas, mas jamais copiar pura e simplesmente, porque daí nós vamos estar perdendo a nossa característica. E Porto Alegre
é uma das cidades que mais, no mundo, mais tem uma característica própria por
causa da sua sociedade. Porto Alegre tem a cara de Porto Alegre como raras
metrópoles do mundo tem. Porto Alegre tem cara, Porto Alegre tem uma vocação paisagística que não os políticos, mas a sociedade muitas vezes não deixa
que algumas coisas se transformem, o que eu acho que é muito bom”. “Eu acho
isso muito bom porque a cidade é a gente que faz, não são os políticos que fazem a cidade, não são os prefeitos, é a própria sociedade”. “…quando os fatos
se dão, como uma resposta, a sociedade ter a sensibilidade de dizer ´que bom,
eu tinha uma idéia, mas essa idéia era minha, não reflete o interesse da sociedade´. Isso é democracia, que nós estamos ainda aprendendo a conviver e a
trabalhar com ela.”
Considera que Porto Alegre é a primeira cidade que trabalhou a consciência sobre Poluição Visual no país. A Secretaria de Meio Ambiente foi criada em 1976
já com esta “feição” e desde 1977 não é permitido que se use áreas para propaganda sem prévia avaliação e autorização do município, uma grande ousadia
para a época. Na lei há regramentos específicos e trás diferenças de colocação
de propagandas em bairros na cidade. Próxima parques é avaliada de uma maneira, em áreas de interesse cultural é avaliada de outra maneira, demonstrando
já na origem certo planejamento de equilíbrio. O efeito desta cultura já estabelecida ao longo das últimas décadas se reconhece ao sair do município e perceber
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* 135
a diferença entre a presença de comunicação exterior na capital e nas cidades
da Grande Porto Alegre, ou mesmo em outras cidades turísticas do estado. E
complementa “Porto Alegre tem histórico de planejamento reconhecido pelo
mundo inteiro. Mas como o portoalegrense, ama a sua cidade mas nunca está
satisfeito com ela, e isso é muito bom, às vezes nós não nos damos conta que
tem muita coisa planejada e bem feita por aí.”
Em dezembro de 2007 houve a última alteração na legislação da cidade, isentando de licença ambiental as placas que não atingem alguns limites em proporção à fachada. Antes a regra era que somente o limite de trinta metros quadrados por “loja”, sujeito a liberação. Ao mesmo tempo houve intensificação na fiscalização e conseqüente retirada de placas e outras mídias irregulares. Somente
no ano de 2007 foram oitenta mil placas de propaganda retiradas na cidade,
numa seqüência que vem desde o ano de 2005 com a sistemática remoção de
outdoors, backlights, frontlights, faixas, banners e, principalmente, cavaletes de
rua. O trabalho contou em paralelo com o diálogo e conscientização tanto das
grandes empresas de mídia externa como dos comerciantes, casas de entretenimento e mesmo artistas que faziam proliferar em postes e calçadas suas propagandas. Como reflexo trabalha-se com um termo de compromisso e ajustamento e não houve necessidade de nenhuma demanda judicial até agora.
Como critério, foi estabelecido que poluição visual ocorre “quando há excesso
de elementos de comunicação visual que descaracteriza o ambiente, dificultado
ou impedindo sua compreensão”. Baseia-se então na verificação de um erro de
comunicação de publicidade, onde não se reconhece mais na peça ou no conjunto delas o produto ou atividade. “Então todos perdem, o comunicador perde, a
empresa perde e a cidade nem se fala, que é a confusão”. O trabalho começou
com os grandes painéis para depois chegar nos letreiros de fachada e outras
peças. Outro problema grave, específico de Porto Alegre, é a poda radical de
árvores para dar visibilidade aos painéis outdoors, que é considerado crime pela
Legislação Ambiental, cabendo ao responsável o ônus da prova contrária. Assim
se percebe que a construção de uma lei vai efetivamente a pontos mais profundos, além da limpeza da cidade como estratégia visual, envolve conhecimento e
envolvimento com outras áreas e órgãos públicos a fim se ser eficiente.
Atualmente Porto Alegre tem vinte fiscais para atender as demandas e denúncias de todos os tipos de poluição, não só visual. Mesmo assim, baseados na
legislação atual que define regras bem estabelecidas, como distanciamento de
oitenta metros entre um “frontlight” backlight” e outro, se consegue avaliar caso a
caso as formas mais adequadas de contemplar as necessidades criativas das
Agências de Comunicação com os interesses públicos e permanecer abertos a
experiências inovadores. Multas podem ser trocadas por serviços de interesse
público, com instalação de equipamentos de segurança e sinalização, efetivando
uma melhoria direta no uso do espaço. Com isso e o trabalho de educação envolvendo Clube dos Diretores Lojistas e Sindilojas, a partir de um manual distribuído aos lojistas com as regras e formas de aplicação da comunicação em fachadas, no projeto Porto Visual Alegre, os casos de necessidade de intervenção
legal são mínimos e se percebe a adesão do setor como um todo, independendo
do tamanho do negócio.
Celso Chitolina levantou como exemplo de sucesso uma experiência de parceria
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* 136
público-privada estabelecida entre a Associação Riograndense de Propaganda e
a prefeitura de Porto Alegre na Semana da Comunicação promovida pela entidade. “Nós tínhamos uma intenção de trazer os clientes e de chegar no público
alvo” …“A gente foi para a rua. Escolhemos o Parque Moinhos de Vento e a zona do Moinhos de Vento por ser uma zona bastante povoada por agências de
propaganda”. No contato direto com o prefeito, houve imediato interesse e integração com a Secretaria do Meio Ambiente, que juntos ajudaram a “desburocratizar” o processo e viabilizar a efetivação do projeto. Dentro do dialogo de necessidades, interesses e restrições, chegou-se a um formato que contemplava
satisfatoriamente a todos, usando temporariamente as vias públicas sem interromper a circulação e assim integrando, como planejado, o usuário do espaço
como público do evento. Trata-se de usar o poder de comunicação das agências
a favor do público, integrando-o como personagem ativo na construção do seu
entorno. Feita consistentemente esta ligação, automaticamente há a adesão das
partes que passam a colaborar, a incentivar e preservar as conquistas coletivas.
Eventos temporários, intervenções efêmeras, ações dinâmicas valorizam o lugar, de novo, criam identidade.
Esta nova postura criativa da comunicação parte dos novos profissionais e sua
formação. O contato mais íntimo com as empresas e técnicas de produção desenvolvem um pensamento instigado, que não se satisfaz com a reprodução
sistemática dos recursos tradicionais e se sucesso. Uma vez tendo consciência
não só o que deve ser dito, mas como pode ser dito, com que recursos, a sua
criação tende a evitar fórmulas e truques conhecidos. Assim são capazes de
constantemente renovar a linguagem e elaborar formas mais conscientes e eficientes de comunicação. Pedro Schan relatou sua satisfação com esta experiência em sua empresa, alunos interessados nos materiais e nas formas de produção de mídia outdoor, interessados na real capacidade de aplicação das idéias.
Ao mesmo tempo, identifica que a educação também deve ser trabalhada com o
cliente contratante, posicionando a existência de uma legislação que prevê restrições e que hoje já é possível apresentar na forma do Manual Porto Visual Alegre da Secretaria de Meio Ambiente. Este manual torna visível e palpável tanto
para a agência como para seus clientes, que se deve seguir um projeto que envolve tanto segurança na construção e montagem como respeito na escolha da
localização e os efeitos que pode causar no seu entorno. Uma educação que
passa inclusive pela consciência de que existem taxas a serem recolhidas aos
órgãos públicos, avaliações e autorizações a serem obtidas antes da realização
do projeto.
Há também uma questão importante na legalização da inclusão de material de
propaganda dentro do espaço de comunicação de uma empresa em sua fachada. Isso vai contra uma série de exemplos de franquias que podem ser de postos de gasolina a lojas de telefonia. A proporção correta é de setenta por cento
do espaço ocupado pelo nome da empresa e somente trinta por cento com a
marca do produto. Redes de lanchonetes entram neste exemplo, onde a marca
é o principal elemento comunicado e muitas vezes o nome da empresa sediada
naquele endereço, segundo o alvará da prefeitura, nem mesmo é mencionado.
Outro caso a ser considerado é o uso de marquises em fachadas como recurso
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* 137
de comunicação, há esta possibilidade, mas necessita de um laudo de resistência ao peso do letreiro a ser instalado. Para pequenos comerciantes, o custo
torna-se tão elevado que preferem arcar com uma eventual multa a legalizar o
processo. Isso reflete a situação precária da maioria, pequenas lojas e empresas
na margem da informalidade, que muitas vezes não tem nem licença da Secretaria de Indústria e Comércio ou liberação dos Bombeiros para funcionamento,
mas necessitam e colocam suas propagandas no espaço público.
Na perspectiva de um empresário que a mais de quarenta anos atua no setor de
mídia externa, detalhes como a quase total inexistência de casos de contratação
e seguros para painéis públicos instalados, demonstram que a comunicação no
espaço urbano carece muito de uma estruturação definitiva sobre aspectos básicos. Há uma “confusão legal” de sobreposição e lacunas de poder que levam ou
à inviabilidade deste tipo de mídia ou a tornarem-se cada vez mais distanciados
da legislação. Vê-se mais exceções do que fidelidade às normas.
Dannie Dubbin complementou a colocação com o exemplo da lei aplicada em
São Paulo, em que um momento determinou-se uma regra definitiva onde a
quase absoluta totalidade dos afetados estava fora das normas e tiveram que
ser removidos. É racional, razoável e equilibrado este tipo de radicalização em
nome do bem público? Não haveria uma forma alternativa de buscar na experiência vivida um formato que identificasse somente os excessos e mantivesse
uma parcela significativa de casos? Ele diz: “O que aconteceu em São Paulo
pode ter vários méritos, mas só não posso aceitar que seja uma coisa feita com
equilíbrio.” Se a justificativa era o caos instalado, certamente haveria propostas
de interferir nas causas do caos a não necessariamente desmanchar completamente toda a comunicação urbana de uma cidade.
A cidade enfim reflete inconvenientemente seus habitantes. Não é uma nave
que conduz passageiros, mas uma camada coletiva da pele, interface com o
mundo formada de pequenas partículas vivas e em transformação. Tecido que
respira e transpira, dobrando-se e criando marcas do tempo. A crise da cidade é
o reconhecimento desta situação e o confronto com a possibilidade de transformar, mudar o estabelecido. Seja em nome da utilidade, do conforto, da beleza,
do prazer ou da simples fé na evolução. O caos é a permissividade e a falta de
participação da população ao lado do poder público. Insatisfação que gera descrédito e ruptura nas ligações afetivas da sensação de pertencer e habitar, abrindo espaço para o uso indesejado do lugar de cada um. Territórios tomados
por interesses externos que também não sabem mais como comunicar-se adequadamente e não se esforçam em conquistar a cumplicidade dos indivíduos.
Texto de Encerramento proferido pela profa. Ana Lúcia Ribeiro Lupinacci Diretora nacional de graduação em Design | ESPM
Como professores, pesquisadores e profissionais ligados ao mercado, percebemos a comunicação e o design também como educação para a cidadania. A
comunicação é parte de um tempo, uma história, uma narrativa construída.
Nossa experiência em São Paulo, com o CIDADE LIMPA, mostrou-nos que é
possível mudar, mas nos fez pensar também que as mudanças podem ser regidas de formas muito diversas.
A aleatoriedade e o descaso com o espaço público levaram ao CIDADE LIMPA
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* 138
que teve, de acordo com Leão Serva: “a idéia do combate à poluição visual”;
entendida como a vinda da extrapolação da comunicação e da propaganda, refletida na desinformação.
Ocorre que, talvez paradoxalmente, também a comunicação foi fundamental para divulgar, difundir e comentar favoravelmente o projeto CIDADE LIMPA.
Disto, retiro dois pontos que gostaria de registrar e que acredito que Porto Alegre possa ter outra forma de conduzir e este fórum o de colaborar.
Ou seja, a comunicação em si não pode ser culpabilizada ou responsabilizada
unilateralmente pela entropia visual urbana.
Não basta retirar para resolver.
O segundo ponto reside na compreensão coletiva sobre o que seja POLUIÇÃO
VISUAL.
Torna-se relevante questionar sistematicamente - o que é poluição visual? Manistesta-se somente pela publicidade?
Comunicação é antes e, primordialmente, informação e pode também participar
na construção de significados de um locus.
Kevin Lynch em “A imagem da Cidade” coloca a comunicação visual e suas expressões, anúncios e outros, como marcos da cidade.
Do mesmo modo em que a entropia da CV e da publicidade trazem-nos desconforto que denota também um descaso com o espaço público, o descuido com
pisos, edificações, vias de acesso, fiação elétrica reforçam o descaso e trazemnos pensar se isto seria também uma forma de poluição visual.
Para encerrar, cumprimentamos todos que se dispuseram a contribuir nestas
complexas questões trazidas hoje e que exigem um enfrentamento multidirecional.
Certos de que este Fórum, sediado pela ESPM de Porto Alegre, uma cidade reconhecida pela força da participação de seus cidadões, em nome do NÚCLEO
DE ESTUDOS DA COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE URBANO DA ESPM, um
sonho timidamente iniciado em São Paulo no ano de 2005 e que, hoje, três anos, após, coloca-nos neste patamar tão elaborado como o demonstrado nas
considerações feitas aqui, hoje, neste encontro.
Cumprimento-os, agradeço a todos e encerro oficialmente este fórum.
Muito obrigada.
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* 139
8.5. ARTIGO NA MIDIA SOBRE O 1º FORUM
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* 140
8.6. LEVANTAMENTO VISUAL
PROCEDIMENTO DOS PERCEPTORES NO LOCUS
Os estudantes que visitaram o local de estudo em função de perceptores foram
instruídos previamente pelo professor para que o procedimento fosse o mais
semelhante possível ao experimento do Itaim Bibi. A seguir incluímos as etapas
do Levantamento Ambiental Perceptivo. Ele é composto de duas etapas: o registro no local e a posterior organização dos elementos registrados para tornar visível – sem deixar margem à dúvida – qual o foco do olhar.
Nas próximas páginas apresentamos o “briefing” acadêmico apresentado aos
alunos e, a seguir, com o intuito de ilustrar o modo como foram quantificação
dos elementos percebidos, a tabela com as categorias dos elementos percebidos.
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* 141
Design de Sistemas Informacionais
Prof. Fabiano de Vagas Scherer
2008/1
Percepção Visual Ambiental
I. Levantamento Ambiental Perceptivo
Conteúdo:
Levantamento perceptivo de área pré-selecionada da Avenida Bento Gonçalves em
Porto Alegre com vistas a identificar os principais elementos visuais do espaço urbano.
Divisão de áreas (limites):
Avenida Bento Gonçalves entre as ruas Luis de Camões e Machado de Assis.
Levantamento:
O levantamento consiste de duas etapas: uma em campo e outra em sala de aula, que
é a organização dos elementos percebidos utilizando diversas linguagens, gráficas e
verbais. Os estudantes fizeram o registro das percepções individualmente.
Levantamento em campo:
MATERIAL: prancheta, folhas A6 (¼ de um sulfite A4), três cores mais o preto,
máquina fotográfica, área de percurso fornecida.
TEMPO: uma hora se locomovendo a pé dentro dos limites fornecidos.
PERCURSO: livre.
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* 142
PROCEDIMENTO NO LOCAL: no mínimo 10 desenhos de 1 minuto de qualquer
coisa que chame a atenção (paisagem, pessoa, fachada ou detalhe de um edifício, sujeira na calçada, grafite ou objeto qualquer). Assim que terminar o desenho fazer uma fotografia da “coisa” desenhada. No verso do desenho expressar
verbalmente uma sensação ou sentimento que a situação percebida desencadeou.
Trabalho em sala de aula:
MATERIAL: os desenhos no A6, fotografias reveladas ou impressas em boa
qualidade, acetato e caneta permanente ponta fina preta ou azul, mesmas cores
do exercício em campo, papel sulfite comum, mapa fornecido pelo professor
com o percurso.
TEMPO: começo em aula e finalização em casa, se necessário.
PROCEDIMENTO: tendo em mãos somente os desenhos, no sulfite fazer um
mapa mental do percurso localizando os registros. Escolher 10 fotografias dos
registros mais significativos e sobre o acetato desenhar todos os detalhes da
imagem. Tirar uma cópia do acetato e sobre a cópia valorizar, com as mesmas
cores, o que foi registrado no desenho in loco. Por último, marcar no mapa fornecido pelo professor o local do objeto registrado. Em caso de paisagem é interessante que seja assinalado o ponto onde o estudante estava e a direção do
olhar.
Produto:
Trabalho individual a ser realizado nos dias e 19/05 (em campo) e 20/05 (em sala de
aula) e entregue no dia 26/05 sob forma de painel (tamanho A4), com os elementos
mencionados acima.
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* 143
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16 12 13
0
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0
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x
1,52%
x
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x
1,52%
x
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det
det
det
det
det
det
fr
det
det
det
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0
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0
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0
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grupo
001
001
001
001
001
001
001
001
001
001
x
vegetação
totem public./luminoso
telef. público
tampo equip.subterrâneos
sinaliz.(h / v) p/veíc.
sinaliz.(h / v) p/ ped.
sinal luminoso
relogio/contr.qual.ar
publicidade
poste com publicidade
poste
ponto taxi
ponto ônibus ou abrigo
placa de rua
out-door
lixo
lixeira de prédio
lixeira p/ pedestre
jardineira/floreira/canteiro
ilum. pública
guia
graffiti / pichação
grade / gradil
gola de árvore
fiação aérea
escultura
elem.arquitetônico
defensas contra veíc.
calçada
caçamba
banca (jornal, outros)
árvore/arborização
ambulante
tipo de olhar
desenho nº
0001
0002
0003
0004
0005
0006
0007
0008
0009
0010
x
x
x
x
diversos
x
guarda chuva
cachorro bravo
cx. p/ cartas domic.
nº de casa
garrafas vazias
carro
x
hidrante
medidor de luz
Tabela 3 :: Exemplo de quantificação dos elementos registrados no Levantamento Visual Ambiental
Relatorio_NEsCAU_2_2009_05_26
*
8.7. DADOS UTILIZADOS PARA A ANÁLISE DA FORMA URBANA
A técnica consiste na análise seqüencial, que parte do registro de cenas contidas
nos diversos cones visuais componentes do percurso do observador, e atinge a representação visual da estrutura do espaço percebido (pautas de eventos seqüenciais). A análise seqüencial realiza essa passagem através da descrição de eventos
(estações, intervalos métricos e temporais, campos visuais e efeitos visuais, subdivididos em uma série de outros), que serão processados, para a obtenção das características estruturais de cada seqüência.
Dentro das técnicas analíticas de percepção, os principais eventos seqüenciais que
aplicaremos podem ser sumariamente definidos como:
ƒ estações: correspondem aos momentos em que o observador registra percep-
tualmente a forma do lugar por onde se desloca, significando que houve consciência
dos estímulos sensoriais recebidos, e uma seleção de pontos de observação.
ƒ intervalos: expressam as distâncias entre as estações, e o tempo gasto no
percurso entre as mesmas, podendo ou não serem iguais e constantes.
ƒ campos visuais: são, na verdade, cones, e ocupam a porção de espaço co-
berta pela vista do observador, em cada estação, apresentando-se em número e
posição variados ao longo da seqüência mas, geralmente, localizados sobre três
lados daquele (frontal, lateral direito e lateral esquerdo).
ƒ efeitos visuais: constituem o produto percepcionado dos sinais recebidos pelo
observador, construindo, assim, a estrutura topológica e perspectiva dos campos
visuais, mas também a caracterizando sob outros aspectos, como intensidade dos
efeitos, predominância de efeitos visuais de campo amplo ou restrito, etc.
Efeitos Topológicos que podem ser encontrados são:
ƒ Estreitamento
ƒ Alargamento
ƒ Envolvimento
ƒ Enclausuramento
ƒ Amplidão
ƒ Estreitamento/Alargamento Parcial
Além dos efeitos de preparação (P) para estreitamento, alargamento, envolvimento,
enclausuramento, amplidão e estreitamento/alargamento parcial.
Efeitos Perspectivos que podem ser encontrados são:
ƒ Direcionamento
ƒ Impedimento
ƒ Visual Fechada
ƒ Emolduramento
ƒ Realce
ƒ Conexão
ƒ Mirante
ƒ Efeito em Y
Ainda podem-se classificar os efeitos segundo o grau de percepção.
Assim:
ƒ FF – Fortíssimo
ƒ F – Forte
ƒ M – Médio
ƒ P – Fraco
ƒ PP – Fraquíssimo
A seguir incluímos as imagens das 19 estações utilizadas para a análise da Forma
Urbana.
Estações
01 F
Campo
visual:
Frontal
Intervalo: 10 passos
02 FLD
Campo
visual:
Frontal /
Lateral
(direita)
Intervalo: 20 passos
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
Estações
03 LD
Campo
visual:
Lateral
(direita)
Intervalo: 03 LE
Campo
visual:
Lateral
(esquerda)
Intervalo: 30 passos
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
Estações
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
04 FLD
Campo
visual:
Frontal /
Lateral
(direita)
(na segunda
imagem com a
construção do
prédio)
Intervalo: 20 passos
05 F
Campo
visual:
Frontal
(na segunda
imagem com a
construção do
prédio)
Intervalo: 20 passos
(na segunda
imagem com a
construção do
prédio)
Estações
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
06 FLD
Campo
visual:
Frontal /
Lateral
(direita)
(na primeira
imagem com o
pavilhão demolido e na segunda imagem
com a construção do prédio)
(na segunda
imagem com a
construção do
prédio)
Intervalo: 20 passos
07 F
Campo
visual:
Frontal
(preparação
para)
(parcial, do
semáforo e do
posteamento)
Intervalo: -
Estações
07 LE
Campo
visual:
Lateral
(esquerda)
Intervalo: 100 passos
08 LE
Campo
visual:
Lateral
(esquerda)
Intervalo: -
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
Estações
Efeitos
Topológicos
08 FP
Campo
visual:
Frontal
(posterior)
Intervalo: 20 passos
09 LE
Campo
visual:
Lateral
(esquerda)
Intervalo: -
(preparação
para - fraco)
Efeitos
Perspectivos
Estações
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
09 FPE
Campo
visual:
Frontal /
Lateral
(posterior /
esquerda)
Intervalo: 20 passos
10 LE
Campo
visual:
Lateral
(esquerda)
Intervalo: -
(na segunda
imagem com a
construção do
prédio)
Estações
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
(na segunda
imagem com a
colocação da
grade)
(na segunda
imagem com a
colocação da
grade)
10 FPE
Campo
visual:
Frontal /
Lateral
(posterior /
esquerda)
(na segunda
imagem com a
construção do
prédio)
Intervalo: 20 passos
11 F
Campo
visual:
Frontal
Intervalo: 50 passos
Estações
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
12 LD
Campo
visual:
Lateral
(direito)
Intervalo: 10 passos
13 FLD
Campo
visual:
Frontal /
Lateral
(direito)
Intervalo: 100 passos
(muito forte)
Estações
Efeitos
Topológicos
14 LE
Campo
visual:
Lateral
(esquerdo)
Intervalo: 40 passos
15 F
Campo
visual:
Frontal
Intervalo: -
(preparação
para)
Efeitos
Perspectivos
Estações
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
15 LE
Campo
visual:
Lateral
(esquerdo)
Intervalo: 60 passos
16 FLE
Campo
visual:
Frontal /
Lateral
(esquerdo)
Intervalo: -
(fraco)
(parcial, do
semáforo e do
posteamento)
Estações
16 FLD
Campo
visual:
Frontal /
Lateral
(direito)
Intervalo: 20 passos
17 LE
Campo
visual:
Lateral
(esquerdo)
Intervalo: 5 passos
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
Estações
18 LE
Campo
visual:
Lateral
(esquerdo)
Intervalo: 10 passos
19 FPD
Campo
visual:
Frontal /
Lateral
(posterior /
direita)
Efeitos
Topológicos
Efeitos
Perspectivos
8.8. QUESTIONÁRIO DESIGN UNIVERSAL
Nas próximas páginas apresentamos o questionário com foco em Comunicação aplicado pelos estudantes do curso de Design matriculados na disciplina Comunicação Multisensorial. Aproveitamos o momento desta aproximação com os usuários do
local para perguntar sobre três assuntos de interesse antropológico.
O material coletado pelos estudantes está compilado em um documento de aproximadamente 100 páginas portanto não acho interessante inserir no anexo.
Comunicação Multisensorial
Prof. Carolina Bustos
2008/1
1) CARACTERIZAÇÃO do USUÁRIO:
Idade
Sexo
PPD’s?
Sim ( )
Mora no
bairro?
Sim ( )
Trabalha Passante?
na bento?
Sim ( )
Sim ( )
( ) até 30
( )F
( ) 31 a 50 ( ) M
Não ( )
Não ( )
Não ( )
Não ( )
( ) acima
de 50
Não ( )
Não ( )
Não ( )
Não ( )
( )M
2) PERGUNTAS ANTROPOLOGIA URBANA
a) O que você sabe sobre Bento Gonçalves?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
b) Dentro da paisagem do seu caminho diário o que é importante para você.? Por
quê? (pesquisador favor frisar que é em nosso trecho)
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
c) Havia elementos significativos (pesquisador favor frisar que é em nosso trecho)
que já foram importantes para você, mas desapareceram? Porque eram importantes?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
3) PERGUNTAS DESIGN UNIVERSAL - FOCO COMUNICAÇÃO
a) Simples e intuitivo
Para você, qual é este estabelecimento?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
b) Uso Eqüitativo
Você acha que este espaço pode ser utilizado por todos?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
c) Flexibilidade no uso
Você acha que este estabelecimento é identificável facilmente a qualquer momento?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
d) Informação Perceptível
Qual elemento chama mais a atenção?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
Entende-se que isso é uma loja de calçados (ou outra)?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
Com relação à cor utilizada, ela lembra o quê?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
e) Tolerância ao erro
Você já entrou em alguma loja ou estabelecimento equivocadamente, na Bento?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
f) Baixo esforço físico
Está difícil identificar qual é esta loja?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
g) Tamanho e espaço para uso e finalidade
Enxerga-se perfeitamente todas as informações quando caminhando na calçada?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________
8.9. QUESTIONÁRIO CENAS URBANAS
Data
Grupo
Arquiteto
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Nº Questionário
Considerando as figuras da Cena 1, por favor, responda as seguintes perguntas:
1.
A aparência da cena é:
( ) muito bonita
( ) bonita
( ) nem bonita, nem feia
( ) feia
( ) muito feia
Marque a principal razão que explica a sua resposta anterior:
( ) a aparência dos prédios e dos anúncios comerciais
( ) a aparência exclusiva dos anúncios comerciais
( ) a aparência exclusiva dos prédios
( ) outro_____________________________________
Indique as características físicas dos anúncios comerciais que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena:
( ) o número de anúncios
( ) a proporção dos anúncios (horizontais e verticais)
( ) o formato dos anúncios
( ) a cor dos anúncios
( ) o tamanho dos anúncios
( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos
anúncios
( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo
dos anúncios
( ) os tipos de letras dos anúncios
( ) as imagens dos anúncios
( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios
( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo
dos anúncios
( ) o tipo de fixação (pendurado ou pintado no
prédio) dos anúncios
( ) nenhuma característica dos anúncios
( ) a disposição (paralelo ou perpendicular ao
prédio) dos anúncios
( ) outra
______________________________________
( ) a localização dos anúncios nos prédios
Indique as características físicas dos prédios que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena:
( ) o contorno superior de cada prédio
( ) a altura dos prédios
( ) o tamanho dos prédios (pequenos, médio ou
grandes)
( ) a largura dos prédios
( ) as saliências e as reentrâncias dos prédios
( ) a proporção dos prédios (horizontais ou verticais)
( ) os ornamentos decorativos dos prédios
( ) as cores dos prédios
( ) os materiais dos prédios (tijolo a vista, reboco
pintado, etc.)
( ) o estilo dos prédios
( ) a quantidade de portas e janelas
( ) o formato das portas e janelas
( ) a proporção das portas e janelas (horizontais e
verticais)
( ) nenhuma característica dos prédios
( ) outra _________________________________
2.
A aparência da cena é:
( ) muito ordenada
( ) ordenada
( ) nem ordenada, nem desordenada
( ) desordenada
( ) muito desordenada
3. Imagine que você está na rua em frente a esses anúncios comerciais e responda: a leitura das mensagens desses anúncios é:
( ) muito fácil
( ) fácil
( ) nem fácil, nem difícil
( ) difícil
( ) muito difícil
3.1. Considerando as características físicas dos anúncios comerciais, marque os itens que explicam a
sua resposta na questão 3:
( ) os tipos de letras
( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos anúncios
( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo dos anúncios
( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios
( ) a quantidade dos anúncios
( ) a proporção dos anúncios
( ) o tamanho dos anúncios
( ) outra__________________________________________
3.2. Identifique as principais características físicas da cena que explicam a sua resposta na questão 3:
( ) o número de anúncios comerciais
( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios comerciais
( ) a variação entre as características físicas dos anúncios comerciais
( ) a variação entre as características física dos prédios
( ) outra__________________________________________
4.
O número de anúncios comerciais é:
( ) muito grande
5.
( ) moderado
( ) pequeno
( ) muito pequeno
A área coberta dos prédios por anúncios comerciais é:
( ) muito grande
6.
( ) grande
( ) grande
( ) moderado
( ) pequeno
( ) muito pequeno
A aparência de algum prédio é prejudicada pelos anúncios comerciais:
( ) sim
( ) não
6.1. Caso afirmativo, a quantidade de prédios, cuja aparência é prejudicada pelos anúncios comerciais é:
( ) muito grande
7.
( ) grande
( ) moderada
( ) pequena
( ) muito pequena
A variação entre as características físicas dos anúncios comerciais é:
( ) muito grande
( ) grande
( ) moderada
( ) pequena
( ) muito pequena
7.1. Indique as principais características físicas dos anúncios comerciais que explicam a sua resposta na
questão 7:
( ) o número de anúncios
( ) a localização dos anúncios nos prédios
( ) a proporção dos anúncios (horizontais e verticais)
( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos
anúncios
( ) o formato dos anúncios
( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo
dos anúncios
( ) a cor dos anúncios
( ) os tipos de letras dos anúncios
( ) o tamanho dos anúncios
( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios
( ) o tipo de fixação (pendurado ou pintado no
prédio) dos anúncios
( ) a disposição (paralelo ou perpendicular ao
prédio) dos anúncios
Data
Grupo
( ) as imagens dos anúncios
( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo
dos anúncios
( ) nenhuma característica dos anúncios
( ) outra _________________________________
Arquiteto
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Nº Questionário
Considerando as figuras da Cena 2, por favor, responda as seguintes perguntas:
8.
A aparência da cena é:
( ) muito bonita
( ) bonita
( ) nem bonita, nem feia
( ) feia
( ) muito feia
Marque a principal razão que explica a sua resposta anterior:
( ) a aparência dos prédios e dos anúncios comerciais
( ) a aparência exclusiva dos anúncios comerciais
( ) a aparência exclusiva dos prédios
( ) outro_____________________________________
Indique as características físicas dos anúncios comerciais que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena:
( ) o número de anúncios
( ) a proporção dos anúncios (horizontais e verticais)
( ) o formato dos anúncios
( ) a cor dos anúncios
( ) o tamanho dos anúncios
( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos
anúncios
( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo
dos anúncios
( ) os tipos de letras dos anúncios
( ) as imagens dos anúncios
( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios
( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo
dos anúncios
( ) o tipo de fixação (pendurado ou pintado no
prédio) dos anúncios
( ) nenhuma característica dos anúncios
( ) a disposição (paralelo ou perpendicular ao
prédio) dos anúncios
( ) outra
______________________________________
( ) a localização dos anúncios nos prédios
Indique as características físicas dos prédios que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena:
( ) o contorno superior de cada prédio
( ) os ornamentos decorativos dos prédios
( ) o tamanho dos prédios (pequenos, médio ou
grandes)
( ) os materiais dos prédios (tijolo a vista, reboco
pintado, etc.)
( ) as saliências e as reentrâncias dos prédios
( ) a quantidade de portas e janelas
( ) o formato das portas e janelas
( ) as cores dos prédios
( ) a proporção das portas e janelas (horizontais e
verticais)
( ) o estilo dos prédios
( ) nenhuma característica dos prédios
( ) a altura dos prédios
( ) outra _________________________________
( ) a largura dos prédios
( ) a proporção dos prédios (horizontais ou verticais)
9.
A aparência da cena é:
( ) muito ordenada
( ) ordenada
( ) nem ordenada, nem desordenada
( ) desordenada
( ) muito desordenada
10. Imagine que você está na rua em frente a esses anúncios comerciais e responda: a leitura das mensagens desses anúncios é:
( ) muito fácil
( ) fácil
( ) nem fácil, nem difícil
( ) difícil
( ) muito difícil
10.1. Considerando as características físicas dos anúncios comerciais, marque os itens que explicam a
sua resposta na questão 3:
( ) os tipos de letras
( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos anúncios
( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo dos anúncios
( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo dos anúncios
( ) a quantidade dos anúncios
( ) a proporção dos anúncios
( ) o tamanho dos anúncios
( ) outra__________________________________________
10.2. Identifique as principais características físicas da cena que explicam a sua resposta na questão 3:
( ) o número de anúncios comerciais
( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios comerciais
( ) a variação entre as características físicas dos anúncios comerciais
( ) a variação entre as características física dos prédios
( ) outra__________________________________________
11. O número de anúncios comerciais é:
( ) muito grande
( ) grande
( ) moderado
( ) pequeno
( ) muito pequeno
12. A área coberta dos prédios por anúncios comerciais é:
( ) muito grande
( ) grande
( ) moderado
( ) pequeno
( ) muito pequeno
13. A aparência de algum prédio é prejudicada pelos anúncios comerciais:
( ) sim
( ) não
13.1. Caso afirmativo, a quantidade de prédios, cuja aparência é prejudicada pelos anúncios comerciais
é:
( ) muito grande
( ) grande
( ) moderada
( ) pequena
( ) muito pequena
14. A variação entre as características físicas dos anúncios comerciais é:
( ) muito grande
( ) grande
( ) moderada
( ) pequena
( ) muito pequena
14.1. Indique as principais características físicas dos anúncios comerciais que explicam a sua resposta
na questão 14:
( ) o número de anúncios
( ) a localização dos anúncios nos prédios
( ) a proporção dos anúncios (horizontais e verticais)
( ) o tamanho das letras em relação ao fundo dos
anúncios
( ) o formato dos anúncios
( ) o tamanho das imagens em relação ao fundo
dos anúncios
( ) a cor dos anúncios
( ) o tamanho dos anúncios
( ) a área coberta dos prédios pelos anúncios
( ) o tipo de fixação (pendurado ou pintado no
prédio) dos anúncios
( ) a disposição (paralelo ou perpendicular ao
prédio) dos anúncios
( ) os tipos de letras dos anúncios
( ) as imagens dos anúncios
( ) o contraste cromático entre as letras e o fundo
dos anúncios
( ) nenhuma característica dos anúncios
( ) outra _________________________________
8.10. TABULAÇÃO DOS DADOS DO MÉTODO CENAS URBANAS
Resultados Cena 1
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito bonita
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Bonita
0 (0%)
0 (0%)
3 (30%)
0 (0%)
3 (7,5%)
Nem bonita, nem feia
0 (0%)
2 (20%)
5 (50%)
3 (30%)
10 (20%)
Feia
5 (50%)
5 (50%)
1 (10%)
5 (50%)
16 (40%)
Muito feia
5 (50%)
3 (30%)
1 (10%)
2 (20%)
11 (22,5%)
Tabela 4 - Respostas a pergunta: Considerando a Cena 1, a aparência da cena é?
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
A aparência dos prédios e dos
anúncios comerciais
5 (50%)
4 (40%)
4 (40%)
4 (40%)
17 (42,5%)
A aparência exclusiva dos
anúncios comerciais
0 (00%)
3 (30%)
1 (10%)
1 (10%)
5 (12,5%)
A aparência exclusiva dos
prédios
3 (30%)
3 (30%)
4 (40%)
3 (30%)
13 (32,5%)
Outro
2 (20%)
0 (0%)
1 (10%)
2 (20%)
5 (12,5%)
Tabela 5 - Respostas a pergunta 1: Considerando a Cena 1, marque a principal razão que
explica sua resposta anterior.
169
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
O número de anúncios
5 (50%)
3 (30%)
0 (0%)
2 (20%)
10 (25%)
A proporção dos anúncios
1 (10%)
1 (10%)
0 (0%)
1 10(%)
3 (7,5%)
O formato dos anúncios
1 (10%)
1 (10%)
1 (10%)
0 (0%)
3 (7,5%)
A cor dos anúncios
3 (30%)
1 10(%)
1 (10%)
2 (20%)
7 (17,5%)
O tamanho dos anúncios
6 (60%)
5 (50%)
2 (20%)
4 (40%)
17 (42,5%)
A área coberta dos prédios
pelos anúncios
1 (10%)
1 (10%)
1 10(%)
2 (20%)
5 (12,5%)
1 (10%)
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
2 (5%)
1 (10%)
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
2 (5%)
2 (20%)
3 (30%)
2 (20%)
2(20%)
9 (22,5%)
1 (10%)
2 (20%)
0 (0%)
1 (10%)
4 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Os tipos de letras dos anúncios
0 (0%)
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (2,5%)
As imagens dos anúncios
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
O contraste cromático entre
as letras e o fundo dos
anúncios
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0(0%)
Nenhuma característica dos
anúncios
5 (50%)
1 (10%)
5 (50%)
2 (20%)
13 (32,5%)
Outra
5 (50%)
2 (20%)
0 (0%)
1 (10%)
8 (%)
O tipo de fixação (pendurado ou pintado no prédio) dos
anúncios
A disposição (paralelo ou
perpendicular ao prédio) dos
anúncios
A localização dos anúncios
nos prédios
O tamanho das letras em
relação ao fundo dos anúncios
O tamanho das imagens em
relação ao fundo dos anúncios
Tabela 6 - Respostas a pergunta 1: Considerando a Cena 1, indique as características físicas dos anúncios comerciais que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena. As
porcentagens dos grupos de usuários referem-se a um total de 10 respondentes (100%).
170
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
O contorno superior de cada
prédio
3 (30%)
4 (40%)
4 (40%)
4 (40%)
15 (37,5%)
O tamanho dos prédios
(pequenos, médios ou grandes)
2 (20%)
1 (10%)
0 (0%)
2 (20%)
5 (20%)
As saliências e as reentrâncias dos prédios
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
1 (2,5%)
Os ornamentos decorativos
dos prédios
0 (0%)
2 (20%)
2 (20%)
3 (30%)
7 (17,5%)
Os materiais dos prédios
(tijolo a vista, reboco pintado, etc.)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
A quantidade de portas e
janelas
1 (10%)
2 (20%)
0 (0%)
0 (0%)
3 (7,5%)
O formato das portas e
janelas
2 (20%)
2 (20%)
1 (10%)
2 (20%)
7 (17,5%)
A proporção das portas e
janelas (horizontais e verticais)
2 (20%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
2 (5%)
A altura dos prédios
2 (20%)
2 (20%)
0 (0%)
1 (10%)
5 (12,5%)
A largura dos prédios
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
A proporção dos prédios
(horizontais ou verticais)
4 (40%)
3 (30%)
0 (0%)
1 (10%)
8 (20%)
As cores dos prédios
8 (80%)
8 (80%)
7 (70%)
7 (70%)
30 (75%)
O estilo dos prédios
6 (60%)
8 (80%)
7 (70%)
8 (80%)
29 (72,5%)
Nenhuma característica dos
prédios
0 (0%)
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (2,5%)
Outra
3 (30%)
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
4 (10%)
Tabela 7 - Respostas a pergunta 1: Considerando a Cena 1, indique as características físicas dos prédios que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena. As porcentagens dos grupos de usuários referem-se a um total de 10 respondentes (100%).
171
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito ordenada
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Ordenada
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Nem ordenada, nem desordenada
0 (0%)
0 (0%)
2 (20%)
1 (10%)
3 (7,5%)
Desordenada
2 (20%)
3 (30%)
5 (50%)
1 (10%)
11 (27,5%)
Muito Desordenada
8 (80%)
7 (70%)
3 (30%)
8 (80%)
26 (65%)
Tabela 8 - Respostas a pergunta 2: Considerando a Cena 1, a aparência da cena é?
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito Fácil
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
0 (0%)
1 (2,5%)
Fácil
0 (0%)
0 (0%)
2 (20%)
1 (10%)
3 (7,5%)
Nem fácil, nem difícil
3 (30%)
5 (50%)
6 (60%)
7 (70%)
21 (52,5%)
Difícil
6 (60%)
5 (50%)
1 (10%)
2 (20%)
14 (35%)
Muito Difícil
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (2,5%)
Tabela 9 - Respostas a pergunta 3: Considerando a Cena 1, Imagine que você está na rua
em frente a esses anúncios comerciais e responda: a leitura das mensagens desses anúncios é?
172
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
O número de anúncios
1 (10%)
2 (20%)
3 (30%)
2 (20%)
8 (20%)
A área coberta dos prédios
pelos anúncios comerciais
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
1 (10%)
2 (5%)
A variação entre as características físicas dos anúncios
comerciais
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
A variação entre as características físicas dos prédios
4 (40%)
4 (40%)
5 (50%)
5 (50%)
18 (45%)
Outra
5 (50%)
4 (40%)
1 (10%)
2 (20%)
12 (30%)
Tabela 10 - Respostas a pergunta 3: Considerando a Cena 1, identifique as principais características físicas da cena que explicam sua resposta na questão 3.
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito Grande
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Grande
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Moderado
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
1 (2,5%)
Pequeno
1 (10%)
1 (10%)
2 (20%)
4 (40%)
9 (22,5%)
Muito pequeno
9 (90%)
9 (90%)
8 (80%)
5 (50%)
30 (75%)
Tabela 11 - Respostas a pergunta 4: Considerando a Cena 1, O número de anúncios comerciais é?
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito Grande
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Grande
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Moderado
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Pequeno
1 (10%)
2 (20%)
0 (0%)
5 (50%)
8 (20%)
Muito Pequeno
9 (90%)
8 (80%)
10 (100%)
5 (50%)
32 (80%)
Tabela 12 - Respostas a pergunta 5: Considerando a Cena 1, a área coberta dos prédios
por anúncios comerciais é?
173
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Sim
2 (20%)
1 (10%)
0 (%)
3 (30%)
6 (15%)
Não
8 (80%)
9 (90%)
10 (100%)
7 (70%)
34 (85%)
Tabela 13 - Respostas a pergunta 6: Considerando a Cena 1, a aparência de algum prédio
é prejudicada pelos anúncios comerciais?
Resultados Cena 2
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito bonita
0 (0%)
0 (0%)
2 (20%)
0 (0%)
2 (5%)
Bonita
1 (10%)
1 (10%)
4 (40%)
1 (10%)
6 (15%)
Nem bonita, nem feia
2 (20%)
3 (30%)
4 (40%)
2 (20%)
12 (30%)
Feia
5 (50%)
6 (60%)
1 (10%)
6 (60%)
18 (45%)
Muito feia
2 (20%)
0 (0 %)
0 (0%)
1 (10%)
3 (7,5%)
Tabela 14 -Respostas a pergunta 8: Considerando a Cena 2, a aparência da cena é?
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
A aparência dos prédios e
dos anúncios comerciais
7 (70%)
8 (80%)
6 (60%)
6 (60%)
27 (67,5%)
A aparência exclusiva dos
anúncios comerciais
0 (00%)
1 (10%)
0 (0%)
3 (30%)
4 (10%)
A aparência exclusiva dos
prédios
1 (10%)
0 (0%)
4 (40%)
1 (10%)
6 (15%)
Outro
2 (20%)
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
3 (7,5%)
Tabela 15 - Respostas a pergunta 8: Considerando a Cena 2, marque a principal razão que
explica sua resposta anterior.
174
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
O número de anúncios
6 (60%)
4 (40%)
2 (20%)
3 (30%)
15 (37,5%)
A proporção dos anúncios
1 (10%)
1 (10%)
1 (10%)
1 10(%)
4 (10%)
O formato dos anúncios
1 (10%)
2 (20%)
4 (10%)
1 (10%)
8 (20%)
A cor dos anúncios
8 (80%)
6 (60%)
4 (40%)
5 (50%)
23 (57,5%)
O tamanho dos anúncios
8 (80%)
5 (50%)
4 (40%)
6 (60%)
23 (57,5%)
A área coberta dos prédios
pelos anúncios
8 (80%)
5 (50%)
1 10(%)
4 (40%)
18 (45%)
2 (20%)
2 (20%)
2 (20%)
0 (0%)
6 (15%)
1 (10%)
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
2 (5%)
6 (60%)
5 (50%)
4 (40%)
6 (60%)
22 (55%)
4 (40%)
2 (20%)
1 (10%)
1 (10%)
8 (20%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Os tipos de letras dos anúncios
3 (3%)
4 (40%)
0 (0%)
1 (10%)
8 (20%)
As imagens dos anúncios
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
O contraste cromático entre
as letras e o fundo dos
anúncios
6 (60%)
7 (70%)
0 (0%)
0 (0%)
13 (32,5%)
Nenhuma característica dos
anúncios
0 (00%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Outra
2 (20%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
3 (7,5%)
O tipo de fixação (pendurado ou pintado no prédio) dos
anúncios
A disposição (paralelo ou
perpendicular ao prédio) dos
anúncios
A localização dos anúncios
nos prédios
O tamanho das letras em
relação ao fundo dos anúncios
O tamanho das imagens em
relação ao fundo dos anúncios
Tabela 16 - Respostas a pergunta 8: Considerando a Cena 2, indique as características
físicas dos anúncios comerciais que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena.
As porcentagens dos grupos de usuários referem-se a um total de 10 respondentes
(100%).
175
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
O contorno superior de cada
prédio
8 (80%)
6 (60%)
3 (30%)
2 (20%)
19 (47,5%)
O tamanho dos prédios
(pequenos, médios ou grandes)
5 (50%)
3 (30%)
1 (10%)
2 (20%)
11 (27,5%)
As saliências e as reentrâncias dos prédios
2 (20%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
3 (7,5%)
Os ornamentos decorativos
dos prédios
0 (0%)
1 (10%)
1 (10%)
1 (10%)
3 (7,5%)
Os materiais dos prédios
(tijolo a vista, reboco pintado, etc.)
8 (80%)
3 (30%)
1 (10%)
2 (20%)
14 (35%)
A quantidade de portas e
janelas
2 (20%)
2 (20%)
0 (0%)
2 (0%)
6 (15%)
O formato das portas e
janelas
3 (30%)
3 (30%)
1 (10%)
3 (30%)
10 (25%)
A proporção das portas e
janelas (horizontais e verticais)
2 (20%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
2 (5%)
A altura dos prédios
0 (0%)
2 (20%)
0 (0%)
1 (10%)
3 (7,5%)
A largura dos prédios
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
A proporção dos prédios
(horizontais ou verticais)
6 (60%)
3 (30%)
0 (0%)
1 (10%)
10 (25%)
As cores dos prédios
9 (90%)
8 (80%)
5 (50%)
8 (80%)
32 (80%)
O estilo dos prédios
8 (80%)
8 (80%)
5 (50%)
7 (70%)
28 (70%)
Nenhuma característica dos
prédios
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Outra
2 (20%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
2 (5%)
Tabela 17 - Respostas a pergunta 8: Considerando a Cena 2, indique as características
físicas dos prédios que influenciam sua resposta sobre a aparência da cena. As porcentagens dos grupos de usuários referem-se a um total de 10 respondentes (100%).
176
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito ordenada
0 (0%)
0 (0%)
2 (20%)
0 (0%)
2 (5%)
Ordenada
0 (0%)
1 (10%)
5 (50%)
3 (30%)
9 (12,5%)
Nem ordenada, nem desordenada
2 (20%)
6 (60%)
3 (30%)
5 (50%)
16 (40%)
Desordenada
5 (50%)
3 (30%)
0 (0%)
2 (20%)
10 (25%)
Muito Desordenada
3 (30%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
3 (7,5%)
Tabela 18 - Respostas a pergunta 9: Considerando a Cena 2, a aparência da cena é?
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito Fácil
0 (00%)
2 (20%)
4 (40%)
3 (30%)
9 (22,5%)
Fácil
1 (10%)
2 (20%)
5 (50%)
3 (30%)
11 (27,5%)
Nem fácil, nem difícil
4 (40%)
3 (30%)
1 (10%)
3 (30%)
11 (27,5%)
Difícil
4 (430%)
3 (20%)
0 (0%)
1 (10%)
8 (20%)
Muito Difícil
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (2,5%)
Tabela 19 - Respostas a pergunta 10: Considerando a Cena 2, Imagine que você está na
rua em frente a esses anúncios comerciais e responda: a leitura das mensagens desses
anúncios é?
177
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
4 (40%)
6 (60%)
4 (40%)
5 (50%)
18 (45%)
6 (60%)
6 (60%)
3 (30%)
5 (50%)
20 (50%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
1 (2,5%)
7 (70%)
8 (80%)
4 (40%)
5 (50%)
24 (60%)
A quantidade de anúncios
4 (40%)
6 (60%)
4 (40%)
4 (40%)
18 (45%)
A proporção dos anúncios
2 (20%)
1 (10%)
3 (30%)
2 (20%)
8 (20%)
O tamanho dos anúncios
4 (40%)
3 (30%)
5 (50%)
6 (60%)
18 (45%)
Outra
0 (0%)
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (2,5%)
Os tipos de letras
O tamanho das letras em
relação ao fundo dos anúncios
O tamanho das imagens em
relação ao fundo dos anúncios
O contraste cromático entre
as letras e o fundo dos
anúncios
Tabela 20 - Respostas a pergunta 10: Considerando a Cena 2, identifique as principais
características físicas da cena que explicam sua resposta na questão 6.
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
O número de anúncios
5 (50%)
7 (70%)
3 (30%)
5 (50%)
20 (50%)
A área coberta dos prédios
pelos anúncios comerciais
5 (50%)
3 (30%)
1 (10%)
3 (30%)
12 (30%)
A variação entre as características físicas dos anúncios
comerciais
2 (20%)
3 (30%)
1 (10%)
2 (20%)
8 (20%)
A variação entre as características físicas dos prédios
2 (20%)
1 (10%)
0 (00%)
1 (10%)
4 (10%)
Outra
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Tabela 21 - Respostas a pergunta 10: Considerando a Cena 2, identifique as principais
características físicas da cena que explicam sua resposta na questão 6.
178
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito Grande
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
1 (2,5%)
Grande
3 (30%)
4 (40%)
0 (0%)
3 (30%)
10 (25%)
Moderado
7 (70%)
6 (60%)
6 (60%)
5 (50%)
24 (60%)
Pequeno
0 (0%)
0 (0%)
3 (30%)
1 (10%)
4 (10%)
Muito pequeno
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
0 (0%)
1 (10%)
Tabela 22 - Respostas a pergunta 11: Considerando a Cena 2, O número de anúncios comerciais é?
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito Grande
0 (0%)
1 (10%)
0 (0%)
1 (10%)
2 (5%)
Grande
5 (50%)
5 (50%)
1 (10%)
2 (20%)
13 (32,5%)
Moderado
5 (50%)
4 (40%)
4 (40%)
6 (60%)
19 (47,5%)
Pequeno
0 (0%)
0 (0%)
4 (40%)
1 (10%)
5 (12,5%)
Muito Pequeno
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
0 (0%)
1 (2,5%)
Tabela 23 - Respostas a pergunta 12: Considerando a Cena 2, a área coberta dos prédios
por anúncios comerciais é?
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Sim
10 (100%)
10 (100%)
2 (20%)
8 (80%)
30 (75%)
Não
0 (0%)
0 (0%)
8 (80%)
2 (20%)
10 (25%)
Tabela 24 - Respostas a pergunta 13: Considerando a Cena 2, a aparência de algum prédio
é prejudicada pelos anúncios comerciais?
179
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito Grande
0 (0%)
1 (10%)
0 (0%)
1 (10%)
2 (50%)
Grande
4 (40%)
4 (40%)
0 (0%)
2 (20%)
10 (25%)
Moderado
5 (50%)
4 (40%)
4 (40%)
5 (50%)
18 (45%)
Pequeno
1 (10%)
1 (10%)
4 (40%)
2 (20%)
8 (20%)
Muito Pequeno
0 (0%)
0 (0%)
2 (20%)
0 (0%)
2 (5%)
Tabela 25 - Respostas a pergunta 13: Considerando a Cena 2, a quantidade de prédios,
cuja aparência é prejudicada pelos anúncios comerciais é?
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
Muito Grande
0 (0%)
1 (10%)
0 (0%)
1 (10%)
2 (5%)
Grande
7 (70%)
3 (30%)
2 (20%)
3 (30%)
15 (37,5%)
Moderado
1 (10%)
6 (60%)
8 (80%)
3 (30%)
18 (45%)
Pequeno
2 (20%)
0 (0%)
0 (0%)
2 (20%)
4 (10%)
Muito Pequeno
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
1 (2,5%)
Tabela 26 - Respostas a pergunta 14: Considerando a Cena 2, a variação entre as características físicas dos anúncios comerciais é?
180
Arquitetos e
urbanistas
Publicitários
Comerciantes
Consumidores
Total
O número de anúncios
6 (60%)
3 (30%)
2 (20%)
4 (40%)
15 (37,5%)
A proporção dos anúncios
4 (40%)
3 (30%)
3 (30%)
3 (30%)
13 (32,5%)
O formato dos anúncios
4 (40%)
4 (40%)
2 (20%)
2 (20%)
12 (30%)
A cor dos anúncios
8 (80%)
8 (80%)
6 (60%)
7 (70%)
29 (72,5%)
O tamanho dos anúncios
6 (60%)
7 (70%)
4 (40%)
5 (50%)
22 (55%)
A área coberta dos prédios
pelos anúncios
4 (40%)
5 (50%)
2 (20%)
3 (30%)
14 (35%)
4 (40%)
4 (40%)
1 (10%)
1 (10%)
10 (25%)
2 (20%)
3 (30%)
0 (0%)
0 (0%)
5 (12,5%)
4 (40%)
4 (40%)
1 (10%)
2 (20%)
11 (27,5%)
0 (0%)
2 (20%)
1 (10%)
0 (0%)
3 (7,5%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Os tipos de letras dos anúncios
2 (20%)
4 (40%)
1 (10%)
2 (20%)
9 (22,5%)
As imagens dos anúncios
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (10%)
1 (2,5%)
O contraste cromático entre
as letras e o fundo dos
anúncios
5 (50%)
4 (40%)
4 (40%)
5 (50%)
18 (45%)
Nenhuma característica dos
anúncios
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Outra
0 (0%)
1 (10%)
0 (0%)
0 (0%)
1 (2,5%)
O tipo de fixação (pendurado ou pintado no prédio) dos
anúncios
A disposição (paralelo ou
perpendicular ao prédio) dos
anúncios
A localização dos anúncios
nos prédios
O tamanho das letras em
relação ao fundo dos anúncios
O tamanho das imagens em
relação ao fundo dos anúncios
Tabela 24: Respostas a pergunta 14: Considerando a Cena 2, indique as principais características físicas dos anúncios comerciais que influenciam sua resposta na questão anterior.
181
8.11. ARTIGO APRESENTADO NO CONGRESSO P&D/2008
Ágata: substituir pela versão oficial em PDF
“Comunicação Visual Urbana
Um Estudo de Caso – Avenida Bento Gonçalves”
Urban Visual Comunication
The Case Study – Bento Gonçalves Avenue
Resumo
Este trabalho trata do estudo da comunicação visual urbana, através do viés da poluição visual e de diferentes métodos de definição e registro da mesma. O conteúdo apresentado é a parte inicial de uma pesquisa em andamento que investiga dentro de
um campo multidisciplinar a relação entre o espaço urbano e a inserção de elementos
de comunicação, através da análise da percepção visual ambiental, do design emocional e do design universal. E que procura assim, dentro do campo do design, trazer à
tona as relações entre espaço e comunicação.
Palavras Chave: Comunicação Visual, Poluição Visual, Percepção Ambiental
Abstract
This paper is about the study of the urban visual communication, the visual pollution and different definitions and registers of methods. The presented content is
the initial part of a in progress research that it inside investigates of a field to multidiscipline the relation between the urban space and the insertion of communication elements, through the analysis of the ambient visual perception, of emotional
and universal. It is treated thus, inside of the field of design, to bring the relations
between space and communication.
Keywords: visual communication, visual pollution, ambient visual perception.
182
Comunicação Visual Urbana
Introdução
Existe atualmente uma problemática perceptível na construção visual urbana.
Em grandes cidades, como, por exemplo, São Paulo, isto é potencializado pela
concentração única de população. Ela é um exemplo de cidade construída a partir de um modelo que extrapolou, em um certo momento, qualquer planejamento
inicial. Contrapondo com o exemplo de Porto Alegre, nota-se que não é possível
criar uma leitura definitiva do que é poluição visual. São Paulo, vivendo esta experiência de forma intensa, tornou este termo corriqueiro, sem se dar conta de
que nele reside a discussão: o que é poluição visual?
Atendo-se aos conceitos, para começar a estruturar um pensamento mais elaborado, qual a definição específica de poluição visual? Em que área estamos lidando com esta palavra, e a partir de quais categorias? Existe uma definição
específica de poluição visual?
Antes de pensar numa solução é necessário verificar que métodos serão aplicados para entender o problema (nesse e em outros contextos) e como os resultados poderão ser empregados em futuras proposições. Esses métodos devem vir
de uma confluência de áreas afins e pensamentos conectados, como, por exemplo, design visual, arquitetura e urbanismo, publicidade, psicologia social e
antropologia.
Considerando o contexto local de Porto Alegre, buscou-se um espaço que apresentasse aspectos da problemática relativa ao tema. Assim, dentre outras alternativas, escolheu-se a Avenida Bento Gonçalves, bairro Partenon, importante
via da cidade, tanto no que se refere a sua história, quanto a sua importância
viária, pois liga, desde sempre, o centro da cidade à toda sua área leste e ao
município de Viamão. Possui um conjunto de estabelecimentos comerciais, diferentes perfis populacionais e seus fluxos e várias camadas históricas detectáveis
- fatores que aumentam a complexidade das relações da comunicação urbana
dessa área.
Visando compreender o ambiente urbano sob a ótica da comunicação visual
formulamos algumas questões que nortearão a pesquisa. Há nesse trecho da
Avenida Bento Gonçalves aspectos que se configuram como poluição visual? Se
há, quais os mecanismos (métodos) que podem explicitá-los? Caso esses aspectos sejam diagnosticados, quais possíveis mudanças podem ser propostas
por parte dos agentes envolvidos (sociedade civil e poder público)? Como encaminhar as propostas, após debate com entidades representativas da sociedade, aos órgãos competentes? É possível aplicar o experimento deste lócus em
outras situações?
Percepção Visual Ambiental
Sternberg (2000, apud Bustos, 2004) define a percepção como “um conjunto de
processos psicológicos pelos quais as pessoas reconhecem, organizam, sintetizam e fornecem significação (no cérebro) às sensações recebidas dos estímulos
ambientais (nos órgãos dos sentidos)”.
183
Conforme Fresteiro (2002), as informações ambientais são captadas pelos sistemas sensoriais de uma pessoa quando esta se movimenta em um espaço.
Presume-se que a movimentação desta pessoa no espaço esteja diretamente
ligada à quantidade e à qualidade de informações perceptivas. Estas informações possibilitam que a pessoa, ao usar o espaço, possa encontrar pontos referenciais ligados às suas experiências passadas. É através desta representação
que se pode identificar o mesmo espaço ou outro parecido.
Ainda Fresteiro (2002) enfatiza que 85% da informação que recebemos do espaço é visual. A independência em relação à mobilidade e orientação no espaço
por pessoas com deficiência visual está diretamente vinculada à capacidade de
perceber, interpretar e organizar as informações sensoriais corretamente.
As imagens dos espaços são geradas pelos sentidos, formando, assim, a consciência do mundo. O sentido da visão é responsável pelo primeiro impacto criador de significados do ambiente. A imagem produzida pelos sentidos é extremamente importante, pois o desenvolvimento dos aspectos estruturais da percepção do espaço está diretamente ligado ao sentido da visão (Lynch, 1980).
Percepção Ambiental Urbana
Diversos autores da corrente que estuda a percepção ambiental referenciam
teoricamente a pesquisa proposta para a avenida Bento Gonçalves. Por ora nos
contentaremos em entender a percepção como uma atividade mental, desencadeada por sensações e motivações. Centrou-se na linha que analisa a percepção visual da forma, sem desconsiderar outros valores do ambiente; …ver un
objeto es siempre hacer una abstracción, pues ver consiste en la captación de
los rasgos estructurales más que en el registro indiscriminado de los detalles.
Que rasgos se capten dependerá del observador, pero también de la situación
estimulante total (Arnheim, 1971, p. 65).
Os treze ensaios compilados por Vicente Del Rio e Lívia de Oliveira em Percepção Ambiental – a experiência brasileira, contribuíram com seus métodos de
pesquisa, e deram suporte ao procedimento sugerido para a realização do levantamento perceptivo do entorno da avenida Bento Gonçalves por parte de pedestres.
Pode ser banal iniciar com a afirmação que os objetos estão onipresentes no
espaço. O sociólogo francês Michel Maffesoli em seu livro No fundo das aparências exalta o quanto uma análise do espaço visível contribui para formar imagem
de uma sociedade.
A Avenida Bento Gonçalves, em Porto Alegre, objeto de estudo deste projeto,
teve seu inicio na criação de um caminho que ligava a área central da cidade
aos arrabaldes de então e à cidade de Viamão, importante povoação da época.
A evolução da avenida foi lenta e o bonde que a percorria era um importante
meio de transporte que contribuiu para o desenvolvimento dos atuais bairros da
Azenha, Partenon, Santo Antônio e Agronomia, entre outros que são cortados
por ela. Atualmente a avenida apresenta uma diversidade de usos – industrial,
comercial e, principalmente, residencial, dos mais diferentes períodos. Estas
camadas de história e ocupação são perceptíveis em uma rápida observação
visual da área.
184
Ser pedestre é uma condição humana. De alguma forma, por algum percurso
deslocamo-nos diariamente dependentes apenas dos nossos próprios meios
motores. Por uma simplificação de expressão, neste trabalho será considerado
pedestre todo aquele indivíduo que não se locomove motorizado por sua livre
vontade. Portanto estão incluídos nesta categoria os portadores de alguma deficiência motora necessitados de auxilio para seu deslocamento. Assim a velocidade do deslocamento é uma variante importante na percepção do espaço. A
outra é o motivo do deslocamento (ou não deslocamento). A freqüência, hábito,
cultura, idade, desembaraço físico e social, entre muitos outros fatores afetam
nossa percepção do espaço e os objetos que ele contém. No modo de ver de
James Hillman em Cidade & Alma as cidades são ruas, avenidas de troca e comércio, o aglomerado físico de pessoas, uma multidão caminhando, nas calçadas movidas por curiosidade, surpresa, pela possibilidade do encontro, a vida
humana não acima da confusão mas no meio dela. A vitalidade das cidades depende do caminhar. Para quem se desloca em algum veículo, a velocidade provoca um achatamento da paisagem como se fosse um filme, no qual não temos
nenhum papel, somos meros espectadores. É a proximidade com os detalhes
que nos faz atores, cúmplices, parceiros do espetáculo que é a cidade.
Métodos de pesquisa a serem implementados no estudo de caso:
I - Percepção Visual Ambiental
a) Analise da Forma Urbana
Através de uma metodologia especifica para analise do espaço urbano, desenvolvida por Maria Elaine Kohlsdorf (2000) no seu estudo da percepção do espaço urbano e arquitetônico, busca-se a apreensão dos elementos que conformam
este espaço e as sensações provocadas por estes elementos, em termos visuais
(efeitos semânticos, fenômenos de configuração e leis de composição plástica),
de acordo com uma metodologia de análise da forma. Esta proposta estaria dividida em três partes:
ƒ Análise das mídias e do seu ambiente urbano imediato;
ƒ Avaliação das mídias segundo sua legibilidade;
ƒ Formulação de diretrizes técnicas para projetos de sinalização externa, a
partir das conclusões da fase anterior.
O método utilizado compõe-se de uma série de técnicas, que se organizam em
dois conjuntos: um sistema analítico, que tem por finalidade revelar as características essenciais das morfologias publicitárias de exterior no seu contexto; e
um sistema avaliativo, aplicável às estruturas plásticas provenientes das análises que objetiva inferir seus desempenhos informativos.
Na metodologia proposta a forma é definida como os limites exteriores da matéria de que é construído um corpo. E confere, dentre outros, os seguintes desempenhos morfológicos:
ƒ Dimensão funcional;
ƒ Quantidade de espaço disponível;
ƒ Configuração dos espaços disponíveis;
185
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
Relações locacionais entre unidades funcionais;
Dimensão expressiva;
Qualidades semânticas;
Fenômenos de configuração;
Leis de composição plástica;
Dimensão simbólica (inerente a qualquer processo de percepção, pois,
mesmo inconscientemente, o indivíduo estabelece associações entre as
formas percebidas e os significados a que essas lhe remetem);
ƒ Dimensão Topoceptiva;
ƒ Orientabilidade;
ƒ Identificabilidade;
ƒ Dimensão copresencial;
ƒ Padrões espaciais;
Para este estudo da comunicação, mais precisamente da comunicação visual no
ambiente urbano, as dimensões funcional, expressiva e topoceptiva são as mais
destacadas, sendo a última a mais preponderante.
b) Formulação de Cenas Urbanas
Outr0 método que se vai lançar mão consiste na formulação de cenas urbanas
(realizadas em levantamento fotográfico da realidade e/ou simulações), baseadas em estudos da área do ambiente e comportamento (avaliação do ambiente
construído ou avaliação pós-ocupação), e analisadas, por exemplo, segundo
critérios preestabelecidos, por um público segmentado de arquitetos e urbanistas, publicitários (considerados técnicos), e comerciantes e consumidores (considerados leigos).
Neste contexto entra também a questão da legibilidade. Segundo Adriana Portella (2003), interferem no grau de legibilidade:
ƒ O repertório de signos (tanto da mídia como do usuário): para que haja a
comunicação é necessário pelo menos alguns pontos em comum entre os
repertórios.
ƒ As características físicas da mídia: forma, altura, cor, volume, textura, imagens, tipos de letras, contrastes, etc., ou mais especificamente, formato, tamanho, cor, tipo de fixação (justaposto ou pintado nas edificações,
etc.), a disposição (paralelo, perpendicular ou em ângulo em relação a via), a localização (no corpo ou no coroamento das edificações, etc.), o
número de imagens, a tipografia utilizada, o tamanho das letras em relação à área livre do fundo dos anúncios e o contraste cromático.
ƒ O ordenamento do ambiente onde a mídia está exposta: relações estabelecidas por alguns princípios da Gestalt (complexidade e contraste, principalmente, e proximidade). Destacam-se aqui duas variáveis que na maioria das vezes promovem a desordem: a incompatibilidade formal entre a
forma física da mídia e seu entorno imediato urbano e a sobrecarga visual.
A avaliação da qualidade visual do ambiente é influenciada basicamente por duas variáveis:
ƒ aspectos formais, relacionados aos conceitos de ordem;
186
ƒ aspectos simbólicos.
Para identificação de quais ambientes são ordenados e quais não são, leva-se
em consideração as relações que se estabelecem entre os atributos formais do
espaço. Esses atributos centram-se nas características formais do ambiente, tais
como forma, altura, cor, volume, textura das construções assim como dos elementos midiáticos. Os aspectos simbólicos referem-se aos significados conotativos que determinadas características físicas do ambiente podem ter para o indivíduo, em função de valores atribuídos por ele a essas.
Ambas as categorias são consideradas nos processos de análise já que a imagem final que o indivíduo tem do ambiente caracteriza-se por ser uma resultante
da combinação dessas durante etapas perceptivas e cognitivas de apreensão da
forma.
Os métodos de coleta de dados a serem aplicados fazem parte dos utilizados na
área de pesquisa relativa ao Ambiente e Comportamento, os quais visam analisar a aparência de ambientes urbanos frente à percepção e à avaliação do usuário. Tanto os métodos quanto as técnicas adotadas abordam a realidade sobre
dois aspectos: de forma abstrata – considerando as imagens que estão armazenadas na memória do indivíduo, e de forma concreta – através de representações de cenas urbanas.
Divide-se em etapas;
ƒ levantamento de arquivo;
ƒ levantamento de campo;
ƒ observação das características físicas;
ƒ levantamentos físicos;
ƒ representação do ambiente urbano (simulação);
ƒ questionário (estudo piloto para elaboração do questionário final).
Posteriormente parte-se para:
ƒ seleção de cenas (caracterização física das cenas delimitadas à análise);
ƒ seleção de respondentes (30 de cada grupo: arquitetos e urbanistas; publicitários (ambos considerados técnicos) e comerciantes e consumidores
(considerados leigos)).
Tendo em vista as variáveis nominais e ordinais consideradas nesta investigação, bem como a necessidade de verificar se há relações e/ou correlações significativas entre essas, são adotados testes não-paramétricos à análise dos dados.
Nos resultados podem-se aferir as questões sobre a qualidade visual das cenas
e da legibilidade dos anúncios comercias, no caso específico dessa pesquisa, o
trecho referido como locus.
c) Levantamento Visual Ambiental
Os estudiosos da percepção são uníssonos em afirmar que a maioria das informações é recebida visualmente. Olhar não é apenas dirigir os olhos para perceber a realidade, é de certa forma ser um guardião daquele objeto na imagem
que fizemos dele, e o que se quis ver buscando informações e significados. Uma
das opções de pesquisa pode ser um cuidadoso levantamento dos elementos
visuais dos espaços públicos usados por pedestres, mas os resultados não evi-
187
denciariam o que é visualmente significativo para eles.
Um lugar de uso cotidiano, um espaço criado para o exercício da cidadania é o
grande desafio dos estudiosos da percepção ambiental. Jane Jacobs (2000) em
seu livro Morte e vida de grandes cidades faz sugestões para o uso dos espaços
públicos sempre envolvendo a participação ativa da comunidade local, mas sublinha o questionamento do urbanista Reginald Isaacs sobre o conceito ‘bairro’
nas modernas metrópoles.
O que estudiosos de fenômenos urbanos estadunidenses escreveram sobre suas cidades nas décadas de 1960 e 70 aplica-se com fidelidade à realidade urbana brasileira contemporânea. Ao analisar a Cidade como Meio Ambiente, Kevin
Linch escreveu em 1965 que a qualidade de vida, nas grandes metrópoles, pode
ser melhorada tornando os lugares mais humanizados. Aponta quatro deficiências físicas que fazem algumas partes das cidades serem lugares desagradáveis
para se viver: desconforto, falta de diversidade, ilegibilidade e rigidez.
Na evolução da linguagem, a representação gráfica precede a escrita e se configura instrumento técnico eficiente no registro da realidade observada. O desenho pode ser executado rapidamente sem a censura de ser uma “boa” ou “má”
representação do que foi visto. Mapas, plantas, perspectivas permitem abstrair
objetos de seu entorno recriando as situações como elas foram percebidas no
local. Manfredo Massironi (1982) afirma que a eficácia do desenho linear pode
dizer-nos algo sobre os modos como percebemos e codificamos o próprio mundo.
Kevin Linch (1997) recomenda como uma das técnicas de pesquisa da percepção ambiental o desenho rápido de um mapa da área em questão mostrando
suas características mais importantes e interessantes. No entanto, o desenho
como expressão da percepção visual procedimento implica em certa familiaridade com a linguagem do desenho, caso contrário o verbo ainda é um meio de
expressão mais eficiente.
Sobre o método de levantamento perceptivo dos elementos visualmente significativos no entorno do pedestre em um ambiente urbano as perguntas que se
querem responder são:
ƒ quais elementos da paisagem urbana são visualmente significativos para
um pedestre?
ƒ a quantidade de tais elementos influencia na qualidade da paisagem?
Segundo Claire Selltiz (1974), qualquer que seja o objetivo do estudo, o pesquisador enfrenta quatro questões amplas: (1) O que deve ser observado? (2) Como registrar as observações? (3) Que processos devem ser usados para tentar
garantir a exatidão da observação? (4) Que relação deve existir entre o observador e o observado, e como é possível estabelecer tal relação.
1. Intuindo uma capacidade de recortar características do entorno que se ajustem às preferências pessoais ou entrem em conflito causando imagens positivas
ou negativas, podemos iniciar com as percepções ambientais de uma amostragem de indivíduos culturalmente homogêneos e quantificamos os elementos
detectados do entorno.
2. Mediante fotografias, desenhos rápidos e um comentário verbal.
3. O estudo do caso da avenida Bento Gonçalves deve considerar representantes das diversas camadas sociais e culturais selecionados entre a população
188
residente e flutuante, assim como usuários habituais e esporádicos e não apenas restringir-se à análise das percepções de um grupo de indivíduos homogêneos.
4. A estratégia desenvolvida para compreender a situação da avenida Bento
Gonçalves21 levará em conta os olhares de um grupo de pessoas que não freqüentam esse “pedaço” porto-alegrense. Indivíduos residentes habituados com a
paisagem e com os percursos possuem visões distintas de visitantes daquele
lugar. Ambos percebem a situação através de filtros culturais, temporais, pessoais e lhes conferem atributos próprios mas, a conduta em relação à situação
percebida, é regida pelo grau de afetividade com o local.
Segundo Amos Rapoport (1978), o ambiente urbano deve ajustar-se aos critérios de qualidade ambiental idealizados por seus possíveis usuários. Cada grupo
tem uma imagem particular do que é um entorno de qualidade e o afeto é um
fator determinante da conduta, a pesar das variáveis ou constantes culturais.
Podemos considerar com cultura constante um grupo de pessoas que compartilham um conjunto de valores, crenças e possuem regras e costumes que não
são conflitantes.
Acreditamos que o procedimento do “mapa mental” utilizado por Linch em suas
pesquisas somente pode ser aplicado ao caso de Porto Alegre se os “perceptores” tiverem familiaridade com o espaço estudado. O emprego dos dois métodos
pode vir a confirmar a relevância dos elementos visuais percebidos em um deles
ou no outro.
II – Design Universal
O termo de Design Universal (Universal Design) é um termo que primeiramente
foi utilizado nos Estados Unidos por Ron Mace em 1985, mas os conceitos foram também expressos em outros países. O Desenho Universal (Universal Design) e o Desenho Inclusivo (Inclusive Design) são termos utilizados freqüentemente nos Estados Unidos, de modo intercambiável; para designar uma concepção de desenho que implica equidade e justiça social. Apesar de haver outros termos que são freqüentemente usados; tais como Life span Design (que
dura uma vida) e Transgenerational Design (que passa de geração em geração),
Mullick e Steinfeld (1997 apud Preiser e Ostroff, 2001) explicam que o que separa o desenho universal destes termos é o foco do desenho universal na inclusão
social. Isto está relacionado ao precedente “separate is not equal” (da concepção de igualdade de oportunidades).
Os quatro pilares básicos:
ƒ acomodar uma grande gama antropométrica;
ƒ redução da quantidade de energia necessária para a utilização dos produtos ou meio ambiente;
ƒ tornar o ambiente e os produtos mais abrangentes;
189
ƒ
desenho de sistemas - pensar em produtos e ambientes como sistemas peças intercambiáveis, características adicionais para as pessoas que tenham necessidades especiais.
Os sete princípios:
ƒ uso eqüitativo: o produto pode ser utilizado por usuários com habilidades
diversas;
ƒ flexibilidade de uso: acomoda uma ampla gama antropométricas e PPDs;
ƒ simples e intuitivo, fácil de entender: independentemente da experiência
do usuário;
ƒ informação perceptível: informações necessárias para o uso efetivo;
ƒ tolerância ao erro: minimizar os riscos e constrangimentos físicos, sensoriais;
ƒ baixo esforço físico;
ƒ tamanho e espaço para uso e finalidade: tamanho e espaço apropriados
para uma ampla gama antropométrica independente de limitações físicas,
motoras, sensoriais, cognitivas.
Nesta pesquisa serão analisados os sete princípios do Design Universal e suas
aplicações com o objeto em estudo através de uma análise qualitativa, contemplando as formas de comunicação e todas as características pertinentes a interface homem e o espaço urbano e a inserção de elementos de comunicação.
III – Design Emocional
Os aspectos emocionais estão vinculados às sensações provocadas pelos produtos, como por exemplo, a excitação, alegria, interesse e resultam de características como odor, beleza, maciez no contato físico (tato ativo ou passivo).
As emoções despertam comportamentos e decisões, como por exemplo, um
produto pode além de ser funcional e efetivo pode proporcionar prazer visual
pelas suas formas e cores, tato agradável durante o manuseio.
A primeira percepção que se tem de um produto são as características que despertam uma emoção, apenas com uma exploração visual, olfativa, háptica ou
auditiva, durante trinta segundos.
Jordan (1997) afirma a importância de um projeto com apelo emocional. “(...) se
uma pessoa decidir que não gosta de um produto, em seu primeiro contato emocional, dificilmente essa opinião será modificada posteriormente, pelos benefícios funcionais.”
Características que são importantes na análise:
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
Visibilidade (quanto mais visíveis forem as funções, mais os usuários saberão como proceder). Prestar atenção quando as funções estão fora do
alcance;
Feedback está relacionado ao conceito de visibilidade;
Restrições “determinação das formas de delimitar o tipo de interação que
pode ocorrer em um determinado momento”:
Físicas - formas restringem o movimento das coisas;
190
ƒ
ƒ
ƒ
Lógicas - dependem do senso comum dos indivíduos a respeito das ações e suas conseqüências;
Culturais - devem ser aprendidas (o uso do vermelho para pare e amarelo
alerta);
Affordance - atributo de um objeto que permite às pessoas saber como utilizá-lo.
Algumas características são importantes para análise:
ƒ
Visceral Design aparência (bom ou ruim, seguro ou perigoso) manda a
mensagem para os músculos e alerta o resto do cérebro;
ƒ Behavioral Design prazer e uso efetivo (não é consciente, ex. dirigir o carro);
ƒ Reflective Design - Imagem pessoal, satisfação pessoal, memórias (consciente).
É importante salientar que estas características relativas ao Design Emocional
serão analisadas pela técnica desenvolvida por Jordan (1997) chamada de Atribuição de Personalidade ao Produto – APP. Será uma aplicação experimental,
pois esta técnica não foi ainda aplicada em análises da comunicação do ambiente urbano. Mas é pertinente o prosseguimento desta análise face a interface homem-produto e as sensações decorrentes da interação em análise.
Conclusões
Tratando-se de uma pesquisa que está em andamento, afirma-se a importância
de pensar quais métodos serão aplicados. Estes métodos devem vir de uma
confluência de áreas afins e pensamentos conectados, como, por exemplo, arquitetura e urbanismo, publicidade, psicologia e antropologia, e devem ser claros. Com isso em mente, a ESPM já possui um núcleo de estudos multidisciplinar que vem buscando antes de uma solução, a estruturação de uma metodologia para analisar a situação. Encontramos no design o campo mais adequado de
pensamento que agrega conhecimentos das disciplinas citadas. Não é possível
pensar o mundo hoje sem o conceito de design como projeto, como construção
mais do que resultado final.
Partindo da decisão adotada em São Paulo como base para discussão, se trouxe para o espaço da capital gaúcha, uma observação da situação e das diretrizes locais para se propor caminhos possíveis. Não só para serem aplicados aqui, mas como uma forma de construção de uma estratégia de investigação a
ser aplicada em diversas situações.
A proposta do Núcleo de Estudos da Comunicação no Ambiente Urbano é de
buscar entre diversos métodos atuais de estudo e análise do design um conjunto
que leve em consideração o maior número possível de fatores. Dentre eles: a
ocupação formal e informal do espaço, os marcos culturais e referenciais, os
meios de comunicação externos e interação dos usuários e seus pontos de vistas específicos com estes elementos. Neste momento, após o levantamento inicial de dados o que podemos estabelecer é grau extremo de complexidade dos
fatos envolvidos, pois segundo FLUSSER (2007) “(...) a comunicação influencia
191
nossa vida com mais intensidade do que tendemos habitualmente aceitar”.
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