8 Bases Biológicas e aquisição de linguagem ronice muller de quadros aline lemos pizzio 5 Prefácio UNIDADE 1: Bases biológicas da linguagem 7 1. Objectivos da Unidade 1 7 1.1. Bases biológicas da linguagem: O cérebro e o processo de aquisição e desenvolvimento da língua gestual 11 1.1.1. A questão do movimento nas línguas gestuais 12 1.1.2. As expressões faciais nas línguas gestuais 14 1.1.3. Considerações finais sobre o cérebro e o processo de aquisição e desenvolvimento da língua gestual 15 1.2. Concepção de linguagem 11 1.3. Aquisição da linguagem 28 1.4. Período crítico UNIDADE 2: Aquisição e desenvolvimento da língua gestual 31 2. Objectivos da Unidade 2 31 2.1. Aquisição da língua gestual 32 2.2. Fases da aquisição e do desenvolvimento da língua gestual 34 2.2.1. Período pré-linguístico 35 2.2.2. Estádio de um gesto 36 2.2.3. Estádio das primeiras combinações 37 2.2.4. Estádio de múltiplas combinações 41 2.3. Aquisição da sintaxe nas línguas gestuais 42 2.3.1. A aquisição da morfologia verbal nas línguas gestuais brasileira e americana 54 2.3.2. Aquisição da ordem da frase: implicações nas categorias funcionais 64 2.4. Factores que contribuem para a aquisição e desenvolvimento da linguagem (baseado em Quadros, 2004) Bases Biológicas e Aquisição de Linguagem UNIDADE 3: A língua gestual e desenvolvimento cognitivo 69 3. Objectivos da Unidade 3 69 3.1. O desenvolvimento linguístico, cognitivo e a construção cultural dos surdos 74 3.2. A língua gestual como língua de ensino e instrução 77 3.3. O português como segunda língua 83 Referências Bibliográficas R on ice Q u adro s 4 Prefácio A especificidade da comunicação humana, seja ela oral ou gestual, tem sido alvo de grande interesse, especulação e investigação. Os factores biológicos e sociais sobre os quais assenta a aptidão linguística humana podem levar-nos a tentar compreender porque é que adquirimos a linguagem, quando é que o fazemos e se partilhamos essa competência com outras espécies. O facto de não se conhecer nenhum grupo de seres humanos sem linguagem somado ao facto de haver padrões de desenvolvimento linguístico regulares nas línguas leva-nos a pensar na “universalidade” desta faculdade humana, no sentido em que Chomsky a preconizou e Pinker a defende. Na verdade, o ser humano apresenta características biológicas que se revelam funcionalmente operativas para a produção da linguagem assim como para a sua percepção e compreensão. Essas características ancoram-se no sistema nervoso dos humanos tanto a nível do sistema nervoso central (SNC) – responsável pelo processamento central da informação, como pelo sistema nervoso periférico (SNP) por sua vez, responsável não só, pela produção e execução (motora) da informação oferecida pelo sistema nervoso central como também pela transmissão para o SNC dos estímulos verbais recebidos na periferia. Trabalhos como o de Pettito e Marentette (1991) foram conclusivos no que concerne as etapas de aquisição e desenvolvimento da linguagem nas duas modalidades. As crianças Surdas expostas a uma língua ges- 5 Bases Biológicas e Aquisição de Linguagem tual desde a nascença adquirem a linguagem nos mesmos tempos de maturação do que as crianças ouvintes em ambiente linguístico oral. As etapas de aquisição nas duas modalidades são, em tudo, semelhantes. Assim, as crianças Surdas e ouvintes passam pelas mesmas fases que vão do balbucio (babbling) monossilábico1 e mais tarde com introdução de jargão, passando pela fase holofrástica, onde as crianças associam uma só palavra ou gesto a um enunciado que pode ser simples ou complexo (valor de frase), pela fase das combinações ou dos gestos concatenados com valor frásico, seguindo para a fase telegráfica onde são omitidas algumas partículas funcionais da linguagem atingindo, a partir dos 22 meses uma língua natural com desenvolvimento gramatical substancial. O trabalho de Ronice Muller de Quadros e Aline Lemos Pizzio nesta obra intitulada Bases Biológicas e Aquisição da Linguagem demonstra-nos de uma forma rigorosa e sustentada que as etapas e o desenvolvimento da linguagem de crianças Surdas, expostas desde a nascença à LIBRAS são em tudo paralelas e semelhantes com as etapas conhecidas na aquisição da linguagem de crianças ouvintes expostas à língua portuguesa. Partindo de um trabalho pioneiro no Brasil sobre aquisição da linguagem por crianças Surdas (Karnopp, 1994, Quadros,1995, 1997, 2005 Quadros e Pizzio, 2005) as autoras percorrem todas as etapas de aquisição da linguagem por crianças Surdas, detendo-se numa análise pormenorizada sobre cada uma. Esta obra insere-se, assim, num conjunto restrito de obras fundamentais e de leitura obrigatória para quem quiser conhecer melhor o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem humana e, em particular, a aquisição da linguagem por crianças Surdas. Professora Auxiliar de Carreira do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Pettito e Marentette (1991) identificaram um claro paralelo entre a organização silábica e segmentada das línguas orais no balbucio pré-linguístico e uma actividade igualmente segmentada, ou seja uma espécie de “organização silábica” nos gestos das crianças com aquisição precoce de ASL. 1 R on ice Q u adro s 6