Ano III- n 17 - 2013 o TECHNO INDÚSTRIA NAVAL & DEFESA MOBILIDADE URBANA PORTO MARAVILHA Linha 4 Sul Metrô - RJ Prosub-EBN NEWS Museu do Amanhã TECHNO News 2 Ano III - no 17- 2013 ÍNDICE TECHNO Ano III- no 17 - 2013 INDÚSTRIA NAVAL & DEFESA INDÚSTRIA NAVAL & DEFESA 4 PORTO MARAVILHA Obras do Prosub-EBN avançam em sincronia com os projetos dos submarinos 7 8 12 MOBILIDADE URBANA Linha 4 Sul Metrô - RJ Museu do Amanhã NEWS MOBILIDADE URBANA NEWS O programa de aquisições 20 A obra na área Sul do empreendimento 10 A montagem da câmara hiperbárica na UFEM 10 O monitoramento ambiental no Prosub-EBN Linha 4 Sul do Metrô-RJ Obra integrada de estações e túnel 21 22 Corte da 1a chapa do segundo submarino convencional INDÚSTRIA NAVAL 14 NEWS 26 ICN avança na fabricação do segundo submarino convencional Os túneis da Linha 4 Sul As estações da Linha 4 Sul 22 Estação Nossa Senhora da Paz 24 O papel da Comunicação A Promon Engenharia e a linha 4 do metrô carioca PORTO MARAVILHA PROSUB NACIONALIZAÇÃO 28 16 Stack Engenharia e CZM, juntas, nas soluções de fundações para o Prosub-EBN 18 O Consórcio SGP e o Planejamento do Projeto do Prosub-EBN Prosub-EBN Museu do Amanhã Os desafios da Arquitetura e da Engenharia em um só projeto EDITORIAL A capacidade humana de criar e construir é algo imensurável e para sair de sua condição de ser terrestre desenvolveu meios para se locomover no ar, na água e na terra, na superfície ou abaixo desta. Ao longo de séculos e séculos, o homem acumulou conhecimento sobre tudo o que está ao seu redor, vivo ou inerte, e com este saber, foi capaz de criar ferramentas para não só utilizar as forças da natureza em seu próprio proveito como também ultrapassar os seus limites de ser terrestre. Nesse processo, o conhecimento e o ‘saber fazer’ se tornou um bem precioso para o homem, impregnado de tal forma em sua vida, que é impossível viver sem este conhecimento e principalmente sem os frutos deste saber. O homem contemporâneo usufrui, a cada momento do seu dia, dos resultados do saber, porque tudo ao seu redor é derivado do conhecimento por ele adquirido e desenvolvido. Os resultados podem ser para todos, mas o ‘saber fazer’ não o é. Este ‘saber fazer’, o famoso ‘know-how’, tornou-se o diferencial entre as Nações, sendo a tecnologia, o determinante do potencial de desenvolvimento e crescimento de cada uma destas Nações. Hoje, a tecnologia é ponto fundamental e imprescindível para a autonomia dos países e, nestes, a posse deste ingrediente, quando utilizado de forma pacífica, representa a obtenção de maiores e melhores condições de vida para o seu povo. Diretor Geral Ubirajara Xavier da Silva Diretora Executiva Maria Angélica Fe. Teixeira TECHNO NEWS é uma publicação produzida pela Santiago Publicações, dirigida a profissionais e empresas dos setores Energia, Óleo & Gás, Petroquímica, Transportes, Aeronáutica, Indústrias Químicas, Telecomunicações, Agroindústria e Mineração e Metais. Rua das Gaivotas, 343 - Cidade Jardim CEP 38412-138 - Uberlândia - MG Tel. (21) 3512-9456 / (34) 3238-7673 Fotos principais capa: Tatuzão - Metrô do Rio de Janeiro; Estaleiro e Base Naval Prosub-EBN; Museu do Amanhã Créditos no interior da revista Informações: [email protected] Assinatura: [email protected] Sugestões e colaborações, enviar via correio ou [email protected] O conteúdo dos artigos assinados são de responsabilidade de seus respectivos autores e não refletem necessariamente a opinião da direção do periódico. www.technonews.com.br Esta é a corrida mundial e o Brasil também está neste páreo, ao lado de grandes, buscando o seu próprio ‘saber fazer’. E, este é um caminho muito longo, que tem começo e fim. O início deste trajeto está na Educação, não aquela de cumprir horários, grades curriculares ou aquisição de ‘canudos’, mas sim, aquela de cobrar resultados e responsabilidades, aquela que gera curiosos, estudiosos, cientistas, artistas, inventores, empreendedores. O final do trajeto estará no resultado deste investimento em Educação, com a formação de homens íntegros e capazes de contribuir de maneira mais plena possível com o desenvolvimento e o crescimento de seu igual, no presente e no futuro. No Brasil, temos um grande potencial e muitos destes homens em ação, haja vista que estamos no páreo com os grandes. A hora é de somar esforços para que o país consiga cada vez mais avançar em direção à sua autonomia com a qualidade de vida que o seu povo merece. 4 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 INDÚSTRIA NAVAL & DEFESA Obras do Prosub-EBN avançam em sincronia Divulgação Odebrecht com os projetos dos submarinos Divulgação Odebrecht O Brasil possui uma das maiores reservas de urânio do mundo e a busca pelo domínio da tecnologia nuclear no País, iniciada na década de 1970, obteve desde então, importantes resultados, entre estes, o domínio completo do ciclo do combustível nuclear, uma conquista alcançada pelo Programa Nuclear da Marinha. A capacidade de fabricar o próprio combustível nuclear para fins pacíficos coloca o Brasil em uma posição diferenciada no cenário internacional, diminuindo a dependência externa do País nesta atividade específica, assim como em diversas outras áreas de aplicação desta tecnologia. O reator nuclear desenvolvido pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) para o submarino com propulsão nuclear brasileiro reúne um know how que poderá ser utilizado pela sociedade nos campos da Energia, da Medicina, da Agricultura, da Indústria, entre outros. “O programa nuclear da Marinha traz consigo um arrasto de conhecimento tecnológico e de capacitação de pessoas que poderão, no futuro, contribuir para a evolução de diversos setores produtivos”, expõe o Contra-Almirante Newton de Almeida Costa Neto, Gerente do Empreendimento Modular da Construção do Estaleiro e da Base Naval. Desde a criação do Programa Nuclear da Marinha, o Brasil vem adquirindo uma considerável expertise para o desenvolvimento e a produção de componentes e equipamentos, frutos da inovação e de pesquisas inéditas conduzidas pela cooperação entre universidades, empresas e a própria Marinha. São produtos com alto valor agregado, derivados de uma tecnologia crítica e, muitas vezes, indisponíveis no mercado internacional. Almirante-de-Esquadra Julio Soares Moura Neto, Comandante da Marinha (2o à esquerda), em visita à UFEM e às obras do Prosub-EBN TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 Divulgação Odebrecht Contra-Almirante Newton de Almeida Costa Neto, Gerente do Empreendimento Modular da Construção do Estaleiro e da Base Naval constitui a primeira instalação naval nuclear empreendida no País, o que, inevitavelmente, encerra um alto grau de ineditismo com imensos desafios de projeto e de execução. Segundo o Almirante Newton, o desenvolvimento do projeto da área nuclear envolve inúmeras discussões com a participação de técnicos da Marinha, das empresas e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o que imprime maior confiabilidade para a evolução técnica dos trabalhos. “Pessoas de grande saber estão trabalhando neste projeto que é um desafio tanto para os profissionais, quanto para as empresas envolvidas, credenciando-os e, sobretudo o Brasil, a realizar outras obras com igual ou maior complexidade. No momento, o nosso maior desafio é o licenciamento e a construção da área nuclear, por se tratar de um assunto inédito e por requerer o máximo da expertise nacional para a obtenção de soluções inovadoras próprias para este projeto.” Com o objetivo de conferir maior celeridade e segurança ao desenvolvimento desta fase do programa, a Marinha criou uma nova gerência na estrutura organizacional existente, dedicada a área nuclear com a atribuição de coordenar a interface entre a Marinha e os diferentes interlocutores do projeto – a CNEN, a Odebrecht e o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) – e de responder pela análise e implementação dos requisitos necessários ao licenciamento da obra e à qualidade do projeto e da construção das instalações nucleares do empreendimento. Divulgação Odebrecht “É possível afiançar que ao final desse processo de construção das instalações, dos submarinos convencionais, já em andamento e, por fim, do submarino com propulsão nuclear, teremos criado uma grande capacidade tecnológica e produtiva para o País.” “Hoje temos uma base de conhecimento evolutiva que nos dá segurança para a condução do Prosub, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos, cujo objetivo precípuo é a obtenção do submarino com propulsão nuclear brasileiro. A estrutura física do Estaleiro e da Base Naval, ora em fase de execução em Itaguaí-RJ, serve a esse propósito. É possível afiançar que ao final desse processo de construção das instalações, dos submarinos convencionais, já em andamento e, por fim, do submarino com propulsão nuclear, teremos criado uma grande capacidade tecnológica e produtiva para o País”, assinala Almirante Newton. Atualmente, a construção do Estaleiro caminha em uníssono à fabricação dos dois primeiros submarinos convencionais previstos no Prosub. A inserção de áreas específicas para a manutenção e operação do submarino com propulsão nuclear, neste estágio da obra, torna o projeto mais complexo, refletindo desde já os desafios que estão por vir no desenvolvimento crescente do empreendimento. O projeto dessas áreas nucleares requer soluções construtivas próprias e inéditas para atendimento às necessidades do programa e, principalmente, aos rigorosos requisitos de segurança determinados pela legislação brasileira e internacional. Esta é uma obra ímpar para o Brasil e um grande desafio para a Marinha e empresas envolvidas, pois apesar da excepcional capacitação brasileira no campo da Engenharia e da experiência nacional na construção de usinas nucleares, este empreendimento 5 À esquerda e acima, vista aérea da Área Sul do Prosbu-EBN, onde estão sendo executadas as obras do Estaleiro 6 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 Paralelamente, a obra do Estaleiro de Construção avança com a conclusão das fundações e com o início da edificação da superestrutura para a entrega do main hall e das oficinas principais no final de 2014. O Almirante Newton explica que em se tratando de uma obra complexa, de grande porte, com diversas áreas distintas dentro de um mesmo ambiente – Estaleiros, Base Naval e Área Nuclear –, a metodologia de progresso da infraestrutura física é sincronizada com os demais projetos dos submarinos. “O estaleiro de construção deverá ser concluído no tempo previsto para receber as seções do primeiro submarino convencional que já está em fase de fabricação na Nuclebrás Equipamentos Pesados (NUCLEP) e na Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM). Temos um prazo ousado e estamos trabalhando para cumprir este desafio.” A aquisição dos equipamentos para os Estaleiros de Construção, Manutenção e da Área Nuclear é outro ponto crucial do projeto. Apesar da recente experiência da Marinha e da Odebrecht nas atividades de suprimento da UFEM, o volume de itens para as demais instalações é muito maior. E, tal como na UFEM, o propósito da Marinha é priorizar a indústria nacional na aquisição do máximo de itens possíveis, fomentando assim, a capacitação e a qualificação das empresas brasileiras para um fornecimento contínuo ao Prosub. “Buscamos empresas parceiras para a produção dos equipamentos, componentes e sistemas possíveis de serem feitos no Brasil. Este é um processo que demanda anos, pois não compramos os itens de uma só vez. Temos um programa gradativo de compra de acordo com o ritmo da obra e, neste período, devemos estar atentos à evolução tecnológica para que, no término do empreendimento, tenhamos efetivamente instalações modernas e produtivas”, observa Almirante Newton. “É importante que cada vez mais, empresas nacionais se capacitem para atender a esta demanda porque, no futuro, o Brasil será o único país da América Latina com capacitação e infraestrutura para exportar produtos e serviços de aplicação dual – militar e civil – e de alto valor agregado, assim como fazem os demais integrantes do seleto grupo de países detentores desta tecnologia nuclear naval.” Divulgação Odebrecht INDÚSTRIA NAVAL & DEFESA Vista aérea da Área Sul do ProsbuEBN, onde estão sendo executadas as obras do estaleiro; acima, detalhe da cravação das estacas Divulgação Odebrecht Almirante Newton de Almeida Costa Neto é Gerente do Empreendimento Modular de Construção do Estaleiro e da Base Naval do Prosub. Formado pela Escola Naval do Rio de Janeiro em 1984, atuou intensamente na parte operativa dos navios de esquadra da Marinha, especialmente das fragatas, tendo sido Comandante da Fragata Rademaker. Antes de assumir a gerência do Empreendimento Modular 18, foi Adido Naval e Aeronáutico do Brasil na Espanha e, mais recentemente, Comandante do Grupamento de Navios Hidroceanográficos. TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 7 O programa de aquisições Divulgação Odebrecht Comandante Victor Eduardo D. Antunes, Capitão-de-Mar-e-Guerra e Gerente de Apoio à Construção do EBN Divulgação Odebrecht Comandante Victor Eduardo D. Antunes é Capitão-de-Mare-Guerra da Marinha é formado em Engenharia Mecânica, e há 22 anos atua na Marinha, onde esteve à frente de diversos setores, entre estes, Encarregado de Docagem na Base Naval de Aratu em SalvadorBA; Superintendente de Estrutura do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro; e mais recentemente, Gerente de Apoio à Construção do Estaleiro e Base Naval do Prosub. Techno O procedimento para a aquisição de equipamentos para as etapas do estaleiro e da base naval é semelhante ao realizado pela Marinha e Odebrecht para a UFEM. Entretanto, com a evolução do projeto em porte e complexidade, a classificação, a seleção e a contratação dos fornecedores compõem um processo mais amplo e exigente, requerendo das indústrias, estágios maiores de capacitação e qualificação. Comandante Victor Eduardo D. Antunes, Capitão-de-Mar-e-Guerra e Gerente de Apoio à Construção do EBN, observa que as empresas participantes deste projeto são levadas a se desenvolver nas esferas tecnológica e produtiva, a adquirir conhecimentos e, muitas vezes, a ampliar suas unidades fabris e mão de obra. “Entendemos que o alto nível de qualidade e de expertise alcançado pelas indústrias para o fornecimento ao Prosub é um diferencial importante para estas empresas no mercado interno e externo. Hoje participam do estaleiro, amanhã continuarão fornecendo para a Marinha e no futuro, terão uma boa repercussão internacional e condições de exportar os seus produtos. O Prosub é um reflexo claro da capacitação nacional em diversos segmentos e as empresas que aqui estão poderão se beneficiar dos resultados deste empreendimento único.” A aquisição dos equipamentos para as instalações é uma atividade que antecede a obra e ocorre em paralelo com o desenvolvimento do projeto. Antes do término da UFEM, tanto a Engenharia da Marinha quanto a Engenharia da Odebrecht já trabalhavam nas definições de lay out e de equipamentos para o estaleiro na área Sul do empreendimento. A Odebrecht, contratada pela Marinha para a construção e aquisição dos equipamentos, elabora o projeto básico de cada área a partir dos requisitos determinados pela DCNS, empresa responsável pelo fornecimento de informações técnicas para a infraestrutura necessária à construção dos submarinos convencionais e nuclear. O projeto é enviado à Marinha para análise e após aprovação, é devolvido à Odebrecht para a aquisição dos itens no mercado. No estágio atual da obra do estaleiro, o principal equipamento em pauta é o shiplift, adquirido no exterior, por meio de uma licitação internacional, cujas especificações de projeto estão diretamente relacionadas ao término das obras marítimas de cais e início da parte civil. O estaleiro de construção do Prosub irá requerer uma série de equipamentos com especificações diferentes daqueles disponíveis no mercado nacional, porém possíveis de serem fabricados por indústrias brasileiras. Comandante Victor Eduardo Antunes ressalta que a experiência com a UFEM, proporcionou à Marinha e à Odebrecht, um conhecimento mais amplo das empresas com capacidade para atender o atual cronograma do estaleiro e que muitas destas, que já tem ciência dos requisitos estabelecidos no edital, já estão se organizando para tal participação. “O programa de aquisições para o estaleiro de construção é significativamente maior do que aquele da UFEM e, em face do sucesso obtido nesta fase do empreendimento, acreditamos que além das empresas fornecedoras desta Unidade, teremos muitas outras indústrias nacionais interessadas em participar do Prosub.” 8 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 Techno INDÚSTRIA NAVAL & DEFESA Alexandre Chiavegatto, Diretor de Contrato da Odebrecht Infraestrutura Alexandre Dias P. Chiavegatto é Engenheiro Civil, formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e, depois de atuar em várias obras e grandes projetos no Brasil, foi enviado pela Odebrecht à Portugal. Lá permaneceu por 18 anos, trabalhando em obras de infraestrutura de grande porte e complexidade construtiva, como a Gare do Oriente em Lisboa, onde atuou como Diretor de Contrato. De volta ao Brasil, participou da construção do estádio em Salvador, a Arena Fonte Nova, e após a inauguração da obra, assumiu a Diretoria de Contratos para as obras civis do Prosub-EBN. Divulgação Odebrecht A sincronia entre o projeto e as diferentes fases da obra constitui um dos principais pontos para o cumprimento do cronograma. Em um empreendimento de grande porte e com longa duração, como o Prosub-EBN, o planejamento é dinâmico e a cada prioridade estabelecida, uma nova estratégia é delineada para o alcance dos objetivos a médio e longo prazo. Este é o caso, por exemplo, da meta de inauguração do estaleiro de construção, com a entrega de suas instalações em condições de receber as seções ora preparadas na UFEM para a continuidade do processo de fabricação do primeiro submarino convencional. Alexandre Chiavegatto, Diretor de Contrato da Odebrecht Infraestrutura, que acumula considerável experiência no planejamento e inauguração de obras complexas e de grande porte no Brasil e no exterior, considera estas datas um fator de estímulo para o desenvolvimento e término dos trabalhos nos empreendimentos. “Tais metas criam maior motivação das equipes para solucionar as pendências com mais agilidade, gerando uma sinergia positiva em torno de um objetivo prioritário comum.” Entretanto, ao mesmo tempo em que os esforços de todos se voltam para a obra e a conclusão do estaleiro de construção, é preciso avançar com os projetos do estaleiro de manutenção, da base naval sul e do complexo radiológico, para garantia do desenvolvimento contínuo do empreendimento. “O desenvolvimento dos projetos, antecedendo as diversas etapas da obra, nos permite o estudo de soluções mais adequadas, a obtenção de alternativas mais econômicas, a elaboração de um plano de ação mais eficiente, e, inclusive, um controle maior de qualidade da obra. Portanto, apesar de atentos ao nosso objetivo atual do estaleiro de construção, não podemos postergar as definições necessárias para a conclusão dos projetos das etapas subseqüentes”, expõe Alexandre Chiavegatto. Na área Sul do empreendimento, onde serão implantadas as principais instalações do Prosub-EBN - estaleiros, Base Naval Sul e complexo radiológico - algumas etapas das obras marítimas já foram cumpridas e várias frentes de trabalho estão em andamento, possibilitando o término dos cais e das Acima e abaixo, detalhes da obra do estaleiro na Área Sul do Prosub-EBN Divulgação Odebrecht A obra na área Sul do empreendimento TECHNO News Techno docas secas e o início da construção dos edifícios. Nesta fase, destacam-se: a cravação de estacas metálicas no mar, com 1 metro de diâmetro e comprimento médio de 42 metros, para os cais; a execução de paredes diafragma, com espessuras entre 80 centímetros e 1 metro, em profundidades de até 60 metros, que permitirão a escavação da área para a futura construção das docas; e, a cravação de aproximadamente 1.000 estacas metálicas, com perfis que variam entre 250 mm e 600 mm, destinadas aos edifícios dos estaleiros de construção. Na área Sul, o canteiro de obras está sendo preparado para atender, em breve, em torno de 40 frentes de trabalho com a construção simultânea de todas as edificações, desde pequenas portarias e vestiários até o prédio principal do estaleiro, o main hall. Segundo Paulo Camargo de Almeida, Gerente de Engenharia da Odebrecht Infraestrutura, o porte do empreendimento e a simultaneidade de serviços contribuem para a complexidade da obra. “Atualmente, os cais convencionais, que constituem a primeira etapa das obras marítimas, estão em fase final de execução e as obras civis do estaleiro já foram iniciadas. Estamos ainda, executando a parede provisória das docas, que requer equipamentos e tecnologia diferenciados e um trabalho de engenharia bastante sofisticado para vencer os desafios de escavação e construção da ensecadeira que atinge uma profundidade de 35 metros abaixo do nível do mar.” Em face da dimensão do programa e das instalações que compõem o Prosub-EBN, a área de Engenharia da Odebrecht conta com duas gerências: uma voltada para o desenvolvimento do projeto e a outra, para a execução da obra. Paulo de Almeida, o Gerente responsável pelas questões construtivas, explica que apesar desta divisão de escopo da Engenharia, a interface entre ambas é constante. “A nossa função é dar construtibilidade ao projeto e, ao longo desse processo, a metodologia e as interferências executivas da obra, muitas vezes, implicam em alterações no projeto, de forma que a troca de informações entre ambas as gerências é diária para o bom desempenho de nossas atividades.” Divulgação Odebrecht Ano III - no 17 - 2013 Paulo Camargo de Almeida é Engenheiro Civil, formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Com uma extensa atuação na área de Engenharia e Custos, e há 20 anos na Odebrecht, participou de diversas obras industriais no Brasil e no exterior, especialmente na área de infraestrutura, em Angola e nos Emirados Árabes. De volta ao Brasil, manteve a sua atuação em obras de infraestrutura e, atualmente, ocupa a Gerência de Engenharia de Obras da Odebrecht Infraestrutura no Prosub-EBN. Techno Divulgação Odebrecht Acima e à esquerda, detalhes da obra do estaleiro na Área Sul do Prosub-EBN Paulo Camargo de Almeida, Gerente de Engenharia da Odebrecht Infraestrutura 9 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 INDÚSTRIA NAVAL & DEFESA 1 5 9 6 10 2 3 7 Fotos: Divulgação Odebrecht 10 4 8 11 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 11 A montagem da câmara hiberbárica na UFEM Techno O monitoramento ambiental no Prosub-EBN Techno Pablo Lemos Martinez, Diretor de Contrato da Montagem Eletromecânica da Odebrecht Na página ao lado, sequência da operação de içamento e introdução da câmara pela cobertura do prédio; acima, câmara hiperbárica instalada em local definitivo Techno Em setembro último, a instalação da câmara hiperbárica na UFEM marcou o término uma etapa importante nas atividades da área de Montagem Eletromecânica da Odebrecht no Prosub-EBN. Fabricado na França, este equipamento, que simula o ambiente de operação de um submarino em grandes profundidades, é destinado a realização de testes de vazamento e pressões de redes, conexões e cabos do submarino. A chegada da câmara hiperbárica no término da obra da UFEM foi um fato previsto pela Odebrecht desde o início do projeto da Unidade, quando diversas alternativas de montagem do equipamento foram levantadas e avaliadas pela equipe responsável. O objetivo destes estudos foi garantir a montagem da câmara hiperbárica de forma segura, sem interferências no ritmo das obras da UFEM e, tampouco, no cronograma de entrega da Unidade. Instalado no prédio principal da UFEM, em uma área específica da Oficina de Trânsito e Tubulação, o plano de montagem estabeleceu que a câmara hiperbárica fosse içada e que entraria no edifício pela cobertura, o que resultou, já no projeto arquitetônico da Unidade, a previsão de uma seção do telhado parcialmente removível. “Nossa equipe acompanhou todo o processo relativo à câmara hiperbárica: a fabricação na França; as adequações no edifício principal da UFEM; os testes finais em fábrica, a chegada e o desembaraço no porto; o recebimento do equipamento na UFEM; o seu içamento e colocação no interior do prédio; a montagem e o comissionamento final”, expõe Pablo Lemos Martinez, Diretor de Contrato da Montagem Eletromecânica da Odebrecht. A operação de içamento, de introdução do equipamento pela cobertura do prédio e de deslocamento para o local exato de instalação requereu um minucioso plano de rigging, desafiador em face do peso total de 80 toneladas, da altura do prédio, e das condições físicas do entorno. “A elaboração do plano de rigging levou em consideração inúmeros fatores, entre estes, as características da câmara hiperbárica, o local e o guindaste – posicionamento, dimensionamento, comprimento de lança, inclinação, Leonardo Werneck, Gerente de Produção Eletromecânica da Odebrecht Infraestrutura entre outros. Como não teríamos muita elasticidade e flexibilidade para a execução da manobra de içamento e posicionamento da câmara no interior do prédio, o plano definiu a utilização de dois guindastes, um de 250 toneladas para a verticalização do equipamento, e outro, de 500 toneladas para a montagem da câmara”, explica Leonardo Werneck, Gerente de Produção Eletromecânica da Odebrecht Infraestrutura. O plano de rigging estabeleceu, também, a montagem da câmara em duas etapas: uma, da parte principal, que constitui o corpo da câmara hiperbárica, com cerca de 50 toneladas; a outra, dos acessórios, colocados na sequência. Leonardo Werneck observa que toda a movimentação do equipamento foi realizada pelo lado externo da oficina, o que garantiu a operação normal das atividades da UFEM. “Nossa equipe de montagem avaliou previamente todas as possibilidades com a área de Engenharia e a solução adotada nos possibilitou a redução de custos e da mão de obra necessária à operação e, consequentemente, a melhoria do índice de segurança.” Toda a operação prevista no plano de rigging foi executada sem qualquer imprevisto. “Realizamos um planejamento abrangente, desde a busca de soluções para a entrada do equipamento no espaço físico até o detalhamento de toda a operação de movimentação e montagem da câmara. A rapidez e a precisão dos trabalhos vêm demonstrar a importância deste planejamento e, os resultados do trabalho de uma equipe integrada e comprometida”, assinala Pablo Martinez. No âmbito do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil, a construção do Estaleiro e Base Naval (EBN) na Ilha da Madeira, em Itaguaí - RJ, reveste-se de uma diversidade de obras industriais, marítimas, de infraestrutura e nucleares, desenvolvidas em ambientes terrestres e marítimos. Além disso, as obras de construção do EBN apresentam um contexto distinto dos demais empreendimentos em execução hoje no país, haja vista as peculiaridades marcantes presentes nas diversas fases do empreendimento, desde o desenvolvimento do projeto, realização das obras civis da construção, montagem de equipamentos de última geração, comissionamento das instalações e de seus equipamentos, até chegar-se à fase de operação. Na área de Meio Ambiente, o Plano Básico Ambiental (PBA) do EBN, elaborado com referência no extenso e detalhado Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do empreendimento, apresenta-se complexo e dinâmico, e prevê uma série de ações visando minimizar os impactos socioambientais do empreendimento. Neste Plano, elaborado pela empresa de consultoria MRS Estudos Ambientais Ltda. (MRS) em parceria com a Construtora Norberto Odebrecht (CNO), por ocasião do processo de licenciamento ambiental do EBN, dentre os seus 46 (quarenta e seis) Projetos, Subprojetos e Ações, foram estabelecidos programas de monitoramento ambiental, medidas de controle, ações compensatórias e/ou mitigadoras dos impactos do empreendimento, bem como a periodicidade de emissão dos relatórios pertinentes ao órgão ambiental licenciador do EBN. Em se tratando de um empreendimento da Marinha do Brasil, o processo de licenciamento ambiental do EBN está sob a competência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), por meio da sua Coordenação de Portos, Aeroportos e Hidrovias – COPAH, em Brasília. Nesse sentido, o IBAMA expediu a Licença Inicial (LI) nº 711/2010 (RETIFICAÇÃO) do EBN, em SET/2010, possibilitando o início das obras do empreendimento. Cada programa de monitoramento do PBA tem uma periodicidade que varia de acordo com o meio analisado – qualidade da água, biota aquática, ruídos antrópicos submarinos, correntes marítimas, emissão de efluentes, controle de ruídos e da qualidade do ar. Os documentos e relatórios decorrentes desses monitoramentos são elaborados pela MRS e pela Odebrecht e encaminhados à Marinha, para análise e posterior encaminhamento ao IBAMA e/ ou demais órgãos ambientais competentes, quando for o caso. Segundo Iva Paixão e Silva, Gerente de Meio Ambiente da Odebrecht para o Prosub-EBN, esses relatórios são frutos de todo um trabalho desenvolvido pela equipe de Meio Ambiente da CNO e de empresas subcontratadas especializadas. Não só traduzem rotinas e resultados 12 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 INDÚSTRIA NAVAL & DEFESA Divulgação Odebrecht Baía de Sepetiba. Na inexistência destes, o monitoramento da biota aquática terá como parâmetro comparativo apenas as amostragens realizadas pelo próprio EBN, demandando dessa forma um período maior de avaliações para resultados conclusivos. O foco central do acompanhamento é a possível alteração na composição e na quantidade das espécies eleitas, além das análises das concentrações de metais pesados. Até o momento o que se pode constatar é uma redução gradativa de metais pesados, porém por se tratarem de organismos bioacumuladores, os mesmos ainda apresentam valores acima dos recomendados pela Resolução ANVISA nº 685/98, que regulamenta a matéria No âmbito dos programas de acompanhamento da biota aquática, foi incluído o monitoramento de ruídos antrópicos submarinos. Este trabalho monitora os ruídos antrópicos e seus reflexos na população e nas concentrações de botos cinza Sotalia guianensis (CETACEA, DELPHINIDAE), nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento, até 12 km distante da Ilha da Madeira. Em se tratando da maior concentração de botos cinza, dentre as poucas concentrações dessa espécie no Brasil, o monitoramento acompanha a movimentação do grupo com o objetivo de detectar quaisquer alterações prejudiciais para esta comunidade. No que se refere ao programa de gerenciamento de riscos, de acordo com Iva Paixão, “os investimentos feitos pela Marinha para as ações preventivas e para o eventual atendimento a emergências de derramamento de óleo no mar foram substanciais. Entre estas, podemos destacar a adoção de cercos preventivos com barreira de contenção de óleo (oil boom), durante a atividade de abastecimento das embarcações e de equipamentos motorizados embarcados. Tal procedimento prevê a realização de cercos preventivos com barreira de contenção circundando as embarcações, a qualquer hora do dia ou da noite, correspondendo a uma ação mais conservadora do que a prevista na legislação pertinente." “O maior retorno de nossas ações ambientais está no fato de que ao longo dos 30 meses de implantação e de construção do Prosub-EBN, nunca tivemos qualquer penalidade, notificação ou paralisação da obra por uma inadequação ambiental”, assinala Iva Paixão. “Este é um grande indicador de que estamos no caminho certo.”g Divulgação Odebrecht obtidos em cada monitoramento, como também as ações empreendidas em cada frente de serviço. “Mensalmente, geramos um relatório consistente com detalhamento das atividades realizadas no período, com amparo na sua respectiva base legal. São documentos autônomos, cuja compreensão independe da leitura do relatório anterior. Razão pela qual podem parecer recorrentes”. No entanto, para a consolidação efetiva de resultados, alguns dos monitoramentos precisam ser acompanhados por períodos extensos, podendo demandar anos para a análise da evolução e a devida comparação com dados pretéritos, coletados antes do início das obras e devidamente registrados no extenso EIA/RIMA do empreendimento. Os resultados dos monitoramentos ambientais, coletados até o presente momento pelo PROSUB, demonstram tendências e não devem ser considerados pontualmente, ou como diagnóstico definitivo. No caso da Baia de Sepetiba, local de implantação do EBN, quatro (4) tipos de monitoramento das águas, no entorno do empreendimento, são promovidos, regularmente, pela equipe de Meio Ambiente: da Qualidade da Água, das Correntes Marítimas, da Biota Aquática e dos Ruídos Antrópicos Submarinos, sendo este último realizado devido à presença de botos cinza na região, em determinadas áreas de concentração. Em relação à qualidade da água, por exemplo, os relatórios demonstram uma significativa redução de alguns metais pesados, se comparados aos valores encontrados no período anterior ao primeiro trimestre de 2011, que apresentavam concentrações acima dos limites recomendados pela legislação para descarte. Tal redução pode ter tido a contribuição da atividade de dragagem de material contaminado, que promoveu a remoção de aproximadamente 180.182.930 m3 de material contaminado do fundo da Baía, tendo como destinação final o armazenamento em GEOTUBES, devidamente posicionados em terra, correspondendo à técnica de última geração para a destinação de material dragado contaminado. Atualmente, as concentrações dos metais Cádmio, Zinco, Chumbo, Cobre e Níquel, verificadas na área de influência direta do empreendimento, encontram-se dentro dos parâmetros estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/2005, que regulamenta a matéria. Por sua vez, o monitoramento da qualidade da água, referente à atividade de dragagem de material “não contaminado”, executado antes, durante e após a dragagem, demonstrou que não houve comprometimento da qualidade da água e não apresentou alterações significativas. O monitoramento de correntes marítimas tem como objetivo verificar possíveis alterações do padrão de circulação das águas no interior da Baía de Sepetiba. Para tanto, a direção e a intensidade das correntes estão sendo amostradas em quatro pontos estratégicos de monitoramento, considerando ainda dados de altura e período das ondas. De modo geral, frente aos padrões observados em estudos anteriores publicados sobre a Baía de Sepetiba, os resultados atuais demonstram que não houve alteração do padrão de circulação das águas no interior da Baía de Sepetiba, desde o início do monitoramento. Diferente dos programas de qualidade da água e de correntes marítimas, não foram identificados sensos/estudos sobre a fauna marinha da O licenciamento das linhas de transmissão de energia elétrica do EBN O sistema de transmissão de energia elétrica para o Prosub-EBN contempla duas linhas, uma redundância que, em face do componente nuclear inserido no programa, irá assegurar o fornecimento contínuo de energia para o empreendimento. O Plano Básico Ambiental do EBN previu a necessidade de duplicidade da linha de transmissão de energia elétrica, para as quais foram identificados alguns dados básicos iniciais, porém sem um detalhamento maior e sem definição dos seus traçados, por se tratar, na época de elaboração do PBA, de uma fase ainda incipiente do projeto. Entretanto, na fase atual de desenvolvimento da obra de construção do EBN, as duas alternativas para o traçado das linhas de transmissão foram perfeitamente definidas pela Marinha e apresentadas ao IBAMA, em reunião realizada em Brasília, em AGO/2013, com a participação de representantes da Marinha, da Odebrecht, da empresa de consultoria BENCO e da equipe da Coordenação de Portos, Aeroportos e Hidrovias – COPAH/IBAMA. Nessa apresentação foram levantados, entre outros, os seguintes aspectos: regulamentação pertinente; segurança orgânica inerente às instalações militares; caracterização fundiária dos trechos envolvidos; menor extensão, implicando na redução do número de torres, de acessos e de supressão vegetal; priorização do emprego de acessos préexistentes e de áreas já antropizadas; atendimento aos critérios técnicos pertinentes; e conciliação com demais projetos da Companhia Docas o Rio de Janeiro (CDRJ), instalados e futuros, nos trechos dos traçados considerados. Posteriormente a essa reunião, em atenção à orientação do IBAMA, visando obter uma anuência formal daquele órgão ambiental, foi encaminhado um Memorial Descritivo atualizado à COPAH/IBAMA, detalhando o projeto das 02 (duas) Linhas de Transmissão de energia elétrica do EBN, bem como os impactos ambientais gerados e ações mitigadoras, com o propósito de atualização PBA do EBN. Tão logo o IBAMA conceda esta sua anuência, tal fato propiciará ao Prosub-EBN dar início às obras da primeira linha de transmissão de energia elétrica, voltada a atender prioritariamente ao Estaleiro Naval, cujas obras encontram-se em ritmo acelerado. TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 13 INDÚSTRIA NAVAL & DEFESA Corte da 1ª Chapa do Segundo Submarino Convencional A Fotos: Divulgação Odebrecht ICN realizou a Cerimônia de Corte da 1ª Chapa do Segundo Submarino Convencional (SBR-2) nas instalações da NUCLEP, em Itaguaí (RJ), no dia 4 de setembro. O submarino se chamará Humaitá e faz parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB). A solenidade foi presidida pelo Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto, que acionou a máquina de corte hidrojato iniciando o corte do primeiro elemento da estrutura do casco. Além do Comandante da Marinha, o evento contou com a presença de mais de 100 pessoas, com destaque para o Diretor-Geral do Material da Marinha, Almirante-de-Esquadra Luiz Guilherme Sá de Gusmão; o Coordenador-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear, Almirante-de-Esquadra Gilberto Max Roffé Hirschfeld e outras autoridades. Representando a ICN estava o Diretor Industrial, Antonio Luiz Costa, que entregou uma placa comemorativa do evento ao Comandante da Marinha. Também participaram da solenidade funcionários da ICN e da NUCLEP. Após o evento, o Comandante da Marinha visitou as instalações da Marinha na Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), a Base Naval e o Estaleiro. g Cerimônia de Corte da 1ª Chapa do Segundo Submarino Convencional (SBR-2 ): acima, Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto; demais fotos, autoridades da Marinha e da Odebrecht presentes na cerimônia e na visita à obra do Prosub-EBN 14 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 INDÚSTRIA NAVAL ICN avança na fabricação do segundo submarino convencional do Prosub Divulgação Techno D e pois da inauguração da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) em março deste ano, que representou o cumprimento da primeira etapa do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), outro importante evento, ocorrido em setembro último – o corte da primeira chapa do segundo submarino convencional do programa - marcou o início da fabricação do submarino SBR-2, que será integralmente executado no Brasil. A construção dos cinco submarinos do Prosub – quatro convencionais e um com propulsão nuclear – está sob a responsabilidade da Itaguaí Construções Navais (ICN) que, com a entrega da UFEM, passou a operar efetivamente em Itaguaí. “O início de nosso trabalho no Prosub é bem anterior a estes dois marcos do Prosub, pois a fabricação de um submarino é precedida por um extenso processo de qualificação e homologação das empresas envolvidas, a ICN e a NUCLEP”, expõe Antonio Luiz Costa, Diretor Industrial da ICN. “Em um primeiro momento, avançamos com a qualificação da Nuclep, a subcontratada pela ICN para a fabricação dos cascos resistentes dos submarinos e, na sequência, submetemos a ICN a este mesmo processo, visando à fabricação do segundo submarino.” O processo de qualificação das empresas incluiu o treinamento de profissionais durante os três anos de fabricação das seções de vante 3 e 4 do primeiro submarino convencional, o SBR-1, na França e a transferência de tecnologia e de conhecimento para a continuidade deste processo no Brasil. Neste período, a NUCLEP iniciou a construção das demais subseções e seções do SBR-1 em suas instalações fabris que concluídas, serão levadas para a UFEM, onde receberão a montagem dos componentes internos, ali fabricados pela ICN. Com a chegada das seções 3 e 4 em Junho último e com o término dos ajustes finais de equipamentos para a produção, a UFEM entrará nos próximos meses, em plena capacidade de operação, o que permitirá avanços significativos na construção do SBR-1. Basicamente, as seções do submarino são compostas pelas chapas do casco, que reforçadas pelas cavernas (estas constituídas de almas e flanges), dão origem às subseções e, na sequencia, às seções. Com o objetivo de imprimir maior velocidade à execução das cavernas, a ICN implementou uma segunda linha de fabricação destes anéis de reforço do submarino que constituem uma parte crítica no prazo de execução do casco resistente destas embarcações. Além disso, ampliou a capacidade produtiva da linha industrial Antonio Luiz Costa, Diretor Industrial da ICN A ICN existente com a aquisição de componentes de montagem adicionais. Ambos os procedimentos criaram condições para não só acelerar o processo industrial como também iniciar a construção do casco resistente do segundo submarino convencional, o SBR-2 em paralelo ao SBR1. “Terminadas estas etapas iniciais dos submarinos, independente se realizadas pela ICN ou pela NUCLEP, estas seções serão trazidas para a UFEM onde receberão as estruturas internas, os equipamentos e os componentes. Da UFEM, as seções serão transferidas para o estaleiro de construção para os serviços finais de execução do submarino, ou seja, a união das seções e a montagem e integração dos equipamentos e sistemas”, conclui Antonio Luiz Costa. A Itaguaí Construções Navais (ICN) é uma joint venture formada por duas organizações: a Direction des Constructions Navales et Services (DCNS), um grupo francês detentor de engenharia e tecnologia no setor de defesa marítima, com larga tradição no mercado internacional de construção naval, e, a Odebrecht Defesa e Tecnologia, uma organização brasileira presente em diversos setores produtivos, com capacitação internacionalmente reconhecida na execução de empreendimentos de grande porte e complexidade tecnológica. A estrutura organizacional da ICN é formada pela presidência e três diretorias, cujas atribuições estão divididas entre representantes da DCNS e da Odebrecht: o Diretor-Presidente Pascal Le Roy, com vasta experiência em empreendimentos navais na DCNS francesa, esteve, entre várias funções na DCNS, à frente da diretoria industrial do centro DCNS de Toulon, especializado na manutenção da condição operacional dos navios da Marinha francesa; o Diretor Operacional Carlos Freire Moreira, que atuou por várias décadas na Marinha do Brasil, inclusive nos projetos e construção dos submarinos executados no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro e, após a sua saída da MB, foi convidado pela DCNS a integrar a equipe da empresa no Brasil; o Diretor Financeiro e Administrativo, Carlos Augusto Campos dos Reis, com experiência na implantação e administração de diversos projetos da Odebrecht no Brasil e no exterior, e representante da empresa desde as primeiras negociações do processo de formação da ICN; e o Diretor Industrial, Antonio Luiz Costa, com larga atuação na Engenharia Industrial de empreendimentos executados pela Odebrecht no Brasil e, principalmente, em países da Europa e das Américas. Diretor Industrial da ICN, Antonio Luiz Costa, com autoridades da Marinha e da Odebrecht na cerimônia de ‘Corte da 1a chapa do SBR-2’ TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 A ICN qualifica jovens e adultos para o mercado de trabalho com o Programa de Qualificação Profissional Continuada Acreditar. O programa, lançado em 2012, pertencente à Odebrecht (acionista da ICN), conta com a parceria do SENAI e já alcançou resultados positivos. A prova disso é que recebeu mais de 5.000 inscrições e obteve um índice baixo de desistências: dos 191 jovens que iniciaram a formação, menos de 6% deixaram o treinamento, mesmo em cursos cuja carga horária é de quase 700 horas, como é o caso das turmas de Soldador de Estruturas e de Soldador de Tubulações. Já concluíram o programa 147 jovens nos cursos de Traçagem e Corte de Estruturas Metálicas, Interpretação de Desenho de Tubulação, Assistente de Logística, Instalação e Montagem de Tubulação Industrial, Instalação e Manutenção de Sistemas Elétricos, Instrumentação & Controle e Soldador de Estruturas. Com a inauguração da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas – UFEM, o ritmo de contratação de novos funcionários acelerou, dobrando a força de trabalho da empresa e configurando-se como um cenário de oportunidades para estes jovens. Até agora, 18 alunos foram contratados e 35 estão participando de processos seletivos. O Engenheiro Arnaldo Gomes, Gerente de Implantação e Manutenção da ICN, uma das áreas que mais contratou participantes do programa até agora, afirma que sua intenção é continuar oferecendo vagas. “Está sendo muito gratificante perceber que nosso setor pode dar oportunidades de realização pessoal e profissional aos participantes do Acreditar. Eles foram bem avaliados no processo de seleção e têm conquistado nossa confiança no dia-a-dia do trabalho”, declarou Arnaldo. Como foi o caso de Vanessa Rosa Alves da Silva, ex-aluna do Curso de Logística de Almoxarifado. Após se destacar na qualificação, ela participou do processo seletivo da ICN e se tornou Auxiliar de Segurança do Trabalho. Atualmente, Vanessa está trabalhando no Almoxarifado de EPI e percebe o quanto a prática complementa a formação teórica que recebeu. “Estou aprendendo muito e gostando do meu trabalho. Os cursos nos apresentam a teoria, mas não refletem tudo que a gente aprende com a prática. Já estou até pensando em continuar meus estudos e fazer a faculdade de Engenharia de Produção”, contou Vanessa. O Soldador Marcelo Miranda de Souza, ex-aluno do programa, estava desempregado há cinco meses e foi através do curso de Soldagem que voltou ao mercado de trabalho. “A capacitação foi excelente, eu percebi que me atualizando eu seria mais profissional na área que atuo”. Marcelo foi contratado antes mesmo de concluir o curso. Para o Assistente de Logística, Fábio Felinto dos Santos, o programa realizou seu Techno ICN proporciona qualificação profissional aos jovens de Itaguaí 15 Carlos Augusto Campos dos Reis, Diretor Financeiro e Administrativo da ICN desejo de atuar na área. “Estou muito feliz de trabalhar na Logística da ICN”. Fábio conta que seu ambiente de trabalho é agradável e o que aprendeu na capacitação está sendo aplicado no dia-a-dia. Seu plano para 2014 é iniciar a faculdade de Logística. Outra ex-aluna que também se tornou Integrante antes do final do curso foi Emanuela Dos Santos. Seu desejo era trabalhar na área de Qualidade e o realizou após se matricular na turma de soldagem. “O curso abriu ainda mais minha visão sobre Qualidade, pois para analisar uma solda nada melhor do que saber soldar”. A ICN pretende dar continuidade ao Programa nos próximos anos, com a abertura de novas turmas de Soldador de Tubulação, Manutenção Elétrica e Mecânico Naval. O objetivo é oferecer qualificação e geração de emprego aos moradores de Itaguaí. g Divulgação ICN Divulgação ICN Divulgação ICN À esquerda, acima, soldador de Estruturas em qualificação na ICN e abaixo, alunos do Programa Acreditar; abaixo, ex-alunos do Programa Acreditar que foram contratados pela ICN 16 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 PROSUB NACIONALIZAÇÃO STACK Engenharia e CZM, juntas, nas soluções de fundação para o Prosub-EBN Techno O Estaleiro da Marinha localizado no Município de Itaguaí-RJ, destinado à construção dos quatro submarinos convencionais e um com propulsão nuclear previstos no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), é um empreendimento inédito no País, cujas características técnicas e construtivas desafiadoras reúnem o ‘Estado da Arte’ da Engenharia nacional. Ao lado da Odebrecht Infraestrutura, a responsável pela execução das instalações do Prosub-EBN, as empresas fornecedoras de bens e serviços aqui presentes e contratadas pela Construtora detêm um extenso conhecimento técnico e uma larga capacitação em suas respectivas áreas de atuação. Este é o caso das empresas STACK Engenharia e CZM, 100% brasileiras, que, juntas, atuam na cravação de estacas metálicas para as fundações do Estaleiro. A STACK Engenharia, especializada em fundações profundas, é uma das mais tradicionais empresas deste segmento no Brasil. Com sede na cidade de Nova Odessa, a 140 km da cidade de São Paulo, a STACK incorpora em seu portfólio a experiência de 40 anos de atuação em obras de grande porte e complexidade em diversos segmentos produtivos. A CZM, com sede em Contagem – MG, é líder nacional na fabricação de equipamentos para fundação. Com 40 anos de atuação no Brasil, a CZM também exporta máquinas para diversos países no mundo, por meio de outra unidade fabril instalada em Savannah, no estado da Georgia – Estados Unidos. No Prosub-EBN, a STACK Engenharia é responsável pela cravação de 1.300 estacas metálicas, totalizando 55.000 metros de perfis com comprimentos que variam de 30m a 68m de profundidade. No escopo dos serviços da empresa, as soldas e as inspeções relativas à atividade principal da cravação também compõem a totalidade do contrato. Este é justamente, um dos principais pontos diferenciais da STACK no mercado: a oferta de um pacote completo de serviços especializados em fundações profundas e complexas, executados por meio de modernos equipamentos de grande capacidade e por um corpo técnico altamente treinado e comprometido com os desafios de cada cliente. Até o final de outubro, a STACK terá executado em torno de 76% dos serviços no Prosub-EBN, perfazendo 42.000m cravados. Ao longo de todo este processo até a conclusão dos trabalhos, a STACK mantém uma equipe técnica permanente no canteiro para acompanhar a execução dos serviços e, principalmente, atender as solicitações do cliente de maneira rápida e eficaz, sejam estas de ordem projetual, técnica ou executiva. A cravação das estacas é realizada em dois turnos e os equipamentos têm a marca da CZM: martelos hidráulicos Atividades da Stack Engenharia e CZM na obra do Prosub-EBN em Itaguaí-RJ TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 STACK Engenharia Techno Engenheiro Carlo Enrico Garzon Falci, responsável pela STACK Engenharia e Fundações nas obras do Prosub-EBN Presente no segmento da construção civil brasileira desde 1974, a STACK é uma empresa de Engenharia, 100% nacional, especializada em soluções técnicas para fundações, incluindo o apoio técnico ao projeto, o fornecimento de equipamentos, a execução dos serviços de escavação e cravação de estacas, inspeções e verificações, especialmente em obras de grande porte e complexidade. Entre as principais obras da STACK Engenharia estão: na Arena Corinthians – SP, o estádio de abertura da Copa do Mundo 2014, a cravação de 25.000 metros de estacas cravadas; 45.000 metros para a empresa italiana Saipem – Guarujá-SP; 30.000 metros para a Bunge em Orindiúva-SP; e, 55.000 metros no Prosub-EBN, em Itaguaí-RJ. Techno com capacidade de 5T, 7T e 8T, de alta confiabilidade e performance, com um índice de disponibilidade no Prosub-EBN superior a 95%. Este percentual reflete não só o potencial dos equipamentos, como também, a qualidade do maquinário fabricado pela CZM: uma extensa gama de modelos para as mais diversas aplicações – estacas escavadas, estacas a hélice contínua, estacas cravadas com martelos hidráulicos, estacas secantes, micro estacas, tirantes, entre outros. A excelência da CZM pode também ser mensurada pela posição de maior fabricante mundial de perfuratrizes hidráulicas para hélice contínua resultante do revolucionário mecanismo de torque “Bottom Drive CFA”, uma patente CZM reconhecida internacionalmente. A performance dos equipamentos aliada à expertise da STACK resultaram o alcance de um nível de qualidade inédito na cravação de estacas no Prosub-EBN. Em uma obra deste porte com características nucleares, diversos procedimentos foram adotados pela STACK para assegurar o padrão de qualidade exigido no empreendimento: o uso da topografia no acompanhamento de toda cravação; a inspeção de 100% das soldas realizada por profissionais habilitados; a rastreabilidade completa dos consumíveis e demais produtos utilizados, por meio de certificados de qualidade; a elaboração de relatórios individuais para cada estaca e emendas realizadas; e, a requalificação de todos os soldadores para o procedimento de soldas específicas do trabalho. No término dos serviços da STACK Engenharia no Prosub-EBN, estes procedimentos irão compor o Data Book, que será entregue à Odebrecht e à Marinha, e constitui o documento final no qual estarão registradas todas as atividades da STACK Engenharia na obra: os procedimentos e soluções adotados pela empresa em cada uma das estacas cravadas; os resultados dos levantamentos, verificações e inspeções realizados antes, durante e após a execução dos serviços; as especificações dos equipamentos; os laudos e certificados técnicos dos serviços e maquinário; entre outras informações. O Data Book representa, portanto, o atestado, da empresa ao cliente, de cumprimento do escopo de seu contrato na obra. No Prosub-EBN, em especial, este Data Book da STACK Engenharia será o reflexo de dois pontos fundamentais: um, na esfera do empreendimento, ao demonstrar o alto nível de exigência em qualidade, requerido pela Odebrecht, para a obtenção do nível máximo de segurança na execução das instalações; e outro, referente à STACK Engenharia, ao comprovar a sua capacitação técnica e executiva bem como a flexibilidade de adequação da empresa para o cumprimento de requisitos únicos e prazos desafiadores, e ainda, o potencial tecnológico dos equipamentos CZM, a principal parceira da STACK no Prosub-EBN. g 17 Líder no mercado brasileiro na fabricação de equipamentos para fundação, a CZM é uma empresa tradicionalmente conhecida por projetar, desenvolver e fabricar modelos inovadores com qualidade. Há 40 anos no Brasil, a CZM oferece várias opções de equipamentos para as mais diversas aplicações em fundações, alinhadas às necessidades dos clientes e do mercado. Com 2 unidades industriais – uma no Brasil, em Contagem – MG e outra, nos Estados Unidos, em Savannah, no estado da Georgia, a CZM é também exportadora os equipamentos para mais de 25 países em todo o mundo, sendo o maior fabricante mundial de perfuratrizes hidráulicas para hélice contínua, com o mecanismo de torque “Botton Drive CFA”, uma patente CZM reconhecida internacionalmente. Divulgação CZM CZM Unidade fabril da CZM em Contagem-MG 18 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 PROSUB NACIONALIZAÇÃO O Consórcio SGP e o Planejamento do Projeto do Prosub-EBN A áreas e atividades do empreendimento - engenharia, suprimentos, produção e montagem, sendo este cronograma estabelecido pela Odebrecht em atendimento às necessidades e solicitações da Marinha. “O organograma de Planejamento de Projetos do SGP, segue o método iterativo do PDCA (planejar, executar, verificar e ajustar, do inglês ‘plan-docheck-act’), e para seguir tal metodologia é organizado em 3 níveis: no primeiro, a Gerência/Coordenação, responsável pelo planejamento estratégico, que estabelece as prioridades das atividades, ajustando-as conforme a evolução da produção e necessidades da Odebrecht; no segundo, o Planejamento Operacional, composto por uma equipe de planejamento, com a atribuição de passar as diretrizes para as Disciplinas e controlar a evolução das atividades com a coordenação; e, o terceiro nível, que compreende as equipes de produção de documentos”, expõe Paulo Sérgio Thomaz de Freitas, Gerente de Contrato do Consórcio SGP. Também são de responsabilidade da equipe de planejamento, o acompanhamento da evolução físicofinanceira do contrato e a elaboração das medições, conjuntamente com a Gerência do SGP. “É importante que a equipe de planejamento atue no controle da programação físico-financeira, tanto para a programação dos recursos necessários para o cumprimento das atividades, quanto para a previsão dos resultados financeiros do consórcio”, comenta Paulo Sérgio. A execução das diferentes etapas da obra, com diferentes períodos de preparação e picos de desenvolvimento, resulta oscilações no volume de trabalho, e consequentemente, na composição das equipes do projeto. Nesse contexto, a função do Planejamento é justamente buscar alternativas para atendimento a todas as áreas, o que implica a manutenção de um número de integrantes fixos e eventuais contratações, evitandose nesta relação, o inchamento ou a ociosidade das equipes. “A mobilização ou desmobilização de uma determinada equipe é decorrente da necessidade do projeto e da obra. Por esta razão, procuramos manter um grupo coeso, com atribuições diversas, de modo que a cada etapa, tenhamos condições de avançar com o desenvolvimento do projeto sem prejuízo para as demais áreas do cronograma integrado, ou seja, do planejamento estratégico do empreendimento”, expõe Mauricio Ubeda, Supervisor de Planejamento do Consorcio SGP. O Consórcio SGP O Consórcio SGP é composto por uma equipe de profissionais com diversas especialidades e totaliza, atualmente, de cerca de 200 colaboradores. Atua no gerenciamento, planejamento e controle das atividades de projeto inerentes ao empreendimento PROSUBEBN, o qual deverá gerar cerca de 33.000 documentos, dos quais 18.000 já foram emitidos. Techno s características do programa arquitetônico e construtivo do Estaleiro e Base Naval do Prosub - uma unidade industrial dentro de uma infraestrutura marítima –, que compreende diversas áreas de conhecimento, especialmente da Engenharia, resulta um projeto único de grande complexidade. Partindo deste pressuposto, a Odebrecht Infraestrutura optou por contratar um consórcio, formado por três empresas especializadas em Consultoria e Projetos de Engenharia de grandes obras – a Sondotécnica, a Genpro Engenharia e a Planave, para o desenvolvimento do projeto básico e executivo do empreendimento. Com exceção do Complexo Radiológico, que está sob a responsabilidade do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), este escopo de projetos inclui: a UFEM, já concluída, os Estaleiros de Construção e de Manutenção; as Bases Norte e Sul; e, a infraestrutura de acessos e obras marítimas. De acordo com o organograma do empreendimento, as atividades do Consórcio SGP no Prosub-EBN estão sob a gerência da área de Engenharia da Odebrecht Infraestrutura. As atividades do Consórcio SGP são programadas em acordo com o cronograma integrado da Odebrecht, o qual incorpora todas as Equipe de Planejamento do Consórcio SGP, da esquerda para direita: Pedro Rodrigues, Técnico de Planejamento; Mariana Alegria, Engenheira de Planejamento; Marcelino Machado, Técnico de Planejamento; Mauricio Moraes, Supervisor de Planejamento; Luiz Fernandes, Técnico de Planejamento; Paulo Sérgio Thomaz de Freitas, Gerente de Projeto; Renato Uchoa, Engenheiro de Planejamento; Bruno Pires, Engenheiro de Planejamento TECHNO News Divulgação Odebrecht - Foto Daniel Contarini de Oliveira Ano III - no 17 - 2013 Acima, Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM); abaixo, início das obras do Estaleiro e Base Naval do Prosub-EBN A equipe de Planejamento é composta por 7 integrantes: o Coordenador Maurício Ubeda, responsável pela coordenação da equipe e interface do cronograma integrado da Odebrecht com o Consórcio; Pedro Rodrigues que apóia a Coordenação na estruturação do Planejamento; e, Marcelino Machado, Renato Uchoa e Luis Fernandes, responsáveis pela parte operacional do planejamento, que atuam conjuntamente com as disciplinas; Bruno Pires e Mariana Alegria, no acompanhamento da parte de Controle e Medições e novas modificações de projeto. Segundo Maurício Ubeda, a grande responsabilidade desta equipe é assegurar o desenvolvimento dos projetos em cada disciplina, de modo que a elaboração e a entrega dos documentos possam ser realizadas no prazo previsto pelo cliente. “O cumprimento do cronograma de projeto é fundamental para que as áreas do Suprimento e de Produção da obra possam preparar as suas respectivas atividades com a antecedência necessária para a execução da obra e, principalmente, com a otimização de custos, de prazos e de qualidade.” O Estaleiro de Construção, que reúne um conjunto de prédios, de diferentes portes e finalidades, construídos simultaneamente, é a atual prioridade do cronograma integrado. No atual estágio desta área, o projeto da infraestrutura predial está desenvolvido, 60% do projeto da área industrial, incluindo elétrica, instrumentação e demais disciplinas. O projeto executivo do prédio principal do Estaleiro e das oficinas está em fase adiantada de desenvolvimento e a definição de algumas áreas, especialmente aquelas que irão abrigar os equipamentos para a fabricação dos submarinos, depende de informações e dados fornecidos pela área de Suprimento da Odebrecht, responsável pela aquisição dos itens. “A conclusão desta fase de projeto é possível quando temos, em mãos, as especificações e os desenhos do fabricante”, explica Maurício Ubeda. “Este é um processo extenso porque todos os projetos do empreendimento são elaborados em atendimento às necessidades da Odebrecht e da Marinha, que recebem da DCNS os requisitos e referências básicas para a construção das instalações, assim como para os principais equipamentos do Prosub-EBN.” g Empresas integrantes do Consórcio SGP Sondotécnica Fundada em 1954, é uma empresa de Consultoria de Engenharia líder no Brasil, com foco inicial para o segmento de Investigações Geotécnicas, especializou-se em estudos para barragens, tendo sido também pioneira nas áreas de hidrologia, oceanografia e transporte de sedimentos. Nas últimas décadas, a empresa se desenvolveu e dirigiu suas atividades para a área de consultoria de engenharia, que é atualmente seu principal segmento de operação, abrangendo estudos, projetos, gerenciamento e supervisão de obras. Atua nos mais variados setores, entre estes: Irrigação, Infraestrutura, Hidroenergia, Transportes, Saneamento, Petróleo e Gás, Complexos Industriais e Meio Ambiente. Sua atuação na consultoria nacional e internacional permitiu acumular um considerável acervo de experiência e know-how pluridisciplinar, nos mais diversos ramos da engenharia consultiva. A Sondotécnica conta atualmente com cerca de 800 colaboradores voltados para atividades de consultoria. Planave Fundada em 1969, é uma empresa de Consultoria de Engenharia, especialmente do segmento de Infraestrutura, com atuação nos setores Portuário e de Petróleo e Gás. No setor de Portos e Terminais, a área de origem da empresa, a Planave realiza uma ampla gama de estudos de viabilidade técnica, ambiental e econômico-financeira, além de projetos conceituais, básicos e executivos de instalações portuárias e obras marítimas. No setor de Petróleo e Gás, atua nas áreas downstream e upstream, em projetos e fiscalizações de unidades industriais e de instalações offshore, tais como jaquetas e manifolds, entre outras. A Planave conta com uma equipe multidisciplinar com cerca de 600 colaboradores e tem como clientes algumas das mais conceituadas empresas públicas e privadas do país, com contratos em diversos países da América do Sul e África. Divulgação Odebrecht Genpro Engenharia Fundada em 1995, é uma empresa de Consultoria de Engenharia, especializada em empreendimentos industriais, com atuação em segmentos de Petróleo e Gás, Estaleiros, Petroquímica, Química, Nuclear, Mineração, Siderurgia, Farmacêutica, Alimentícia e outros. Entre os serviços executados pela Genpro estão: Projeto Básico e de Detalhamento; Consultoria e Estudos Técnicos; Suprimentos e Orçamentos; Gerenciamento de Construção e Montagem; Assistência à Partida e Operação e Implantação de EPC. A Empresa conta com uma equipe multidisciplinar com cerca de 900 profissionais e com os mais modernos programas de cálculo, desenhos e modelagem digital 3D, para a elaboração dos projetos de engenharia. 19 20 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 MOBILIDADE URBANA Linha 4 Sul do Metrô-RJ Estação Gávea, no bairro da Gávea – e, outras duas, na Zona Oeste – Estação São Conrado, em São Conrado; e Estação Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca. A construção da Linha 4 teve início em 2010, pelo trecho da Zona Oeste, sob a responsabilidade do Consórcio Construtor Rio Barra. Já o trecho Sul, a cargo do Consórcio Linha 4 Sul, começou a ser implantado em meados de 2011, em face de alterações no traçado da linha, decorrentes de estudos desenvolvidos pela Fundação Getúlio Vargas, a pedido do Governo do Estado do Rio do Rio de Janeiro. O novo traçado da linha incluiu uma série de condicionantes para a elaboração do projeto, entre estas, a trajeto das linhas sob as vias urbanas, evitando-se o subsolo das edificações; e a implantação das estações em espaços públicos, tais como praças e terrenos do Estado, com vista a reduzir a necessidade de desapropriação. Além destes fatores, a diretriz de não haver rebaixamento do lençol freático na obra consistiu uma premissa importante para a definição do projeto, e, principalmente, da metodologia e técnica construtiva dos túneis e estações. Marcos Vidigal, Diretor de Contrato da Odebrecht no Consórcio Linha 4 Sul Techno O bras de infraestrutura urbana são, inevitavelmente, obras complexas em face da amplitude de interferências ao longo do projeto e da execução; da gama de atores envolvidos direta e indiretamente neste processo; e, da necessidade de integração de atividades e de equipes de trabalho em torno do objetivo comum: o cumprimento de Prazo com o melhor índice de Qualidade e Segurança. O uso de soluções técnicas que permitam o alcance destes objetivos e a geração do menor impacto social e ambiental na região de implantação são fatores determinantes para o sucesso do empreendimento. São condicionantes que caminham juntas ao longo de toda a definição e execução do projeto, especialmente, em obras metroviárias realizadas em áreas de grande concentração urbana, como é o caso da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro. Neste trecho do Metrô-RJ, que ligará a Zona Sul à Zona Oeste da cidade, os trens irão percorrer um trajeto de 16 km, com paradas em seis estações: quatro localizadas na Zona Sul - Estação Nossa Senhora da Paz em Ipanema; Estação Antero de Quental e Estação Jardim de Alah, no Leblon; Divulgação Obra integrada de estações e túnel Maquete interativa da LInha 4 Sul do Metrô-RJ, aberta ao público na Estação Interativa TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 21 Divulgação Divulgação Os túneis da Linha 4 Sul Divulgação Acima, Fábrica de Aduelas em operação; abaixo, estocagem de anéis no pátio da fábrica formados por sete aduelas e uma cunha de fechamento, com 1,80m de largura cada, que além de estruturais, constituem o revestimento do túnel. Em novembro, quando o TBM iniciar a escavação do túnel, é necessário que um percentual dos anéis esteja pronto para aplicação, pois a velocidade de escavação é maior do que a de produção das peças. Para suprir esta demanda em tempo hábil, o Consórcio Linha 4 Sul adquiriu também a Fábrica de Aduelas, fornecida pelo mesmo fabricante do TBM. O processo de fabricação dos anéis é realizado em um modelo tipo carrossel, no qual a fôrma gira, percorrendo estações nas quais são realizados os ciclos da produção: limpeza da fôrma; colocação da armadura; fechamento da fôrma e lançamento do concreto; vibração e cura térmica do concreto; acabamento da peça; e, retirada do molde para um novo ciclo de produção. Instalada na área da Leopoldina, a Fábrica de Aduelas já está em operação, com uma produção diária de 10 anéis, o que representa o nível de produtividade programado para o ritmo de execução da obra. Aluisio Coutinho explica que até o início de operação do Tatuzão, determinadas etapas da construção das estações devem estar concluídas, pois o equipamento escavará um trecho do túnel, passará por dentro da primeira estação, a Nossa Senhora da Paz, onde ficará por um breve período para os serviços de manutenção; sairá desta caverna autoimpulsionado, utilizando uma estrutura de arranque com o apoio de seus próprios macacos, para a execução de um novo trecho do túnel, repetindo-se, assim, a mesma sequência nas estações seguintes. Toda a operação do TBM será realizada por profissionais experientes, brasileiros e alemães, que já participaram de projetos complexos, envolvendo o uso deste tipo de equipamento. Os profissionais brasileiros são contratados pelo Consórcio Linha 4 Sul e alguns destes, inclusive, passaram por treinamentos na unidade fabril na Alemanha e lá, também participaram da prémontagem do equipamento. Os alemães são oriundos da empresa fabricante e acompanharão a montagem do TBM no Brasil. Com a partida do equipamento, todos os serviços de escavação e de execução do túnel realizados pelo TBM, assim como, o comportamento do subsolo e da superfície, serão monitorados por meio de sensores instalados no próprio maquinário, cujos dados serão enviados online para a equipe responsável pela obra. Estas informações serão referenciais para eventuais adequações ou distorções no decorrer dos trabalhos. Aluisio de Abreu Coutinho Junior é Engenheiro Civil, graduado pela Universidade de Campinas – SP. Iniciou sua atividade profissional em obras de infraestrutura, especialmente rodoviávia, nas quais adquiriu larga experiência em Geotecnia e execução de túneis. Atuou em diversas obras da Odebrecht Infraestrutura nas regiões Sul e Sudeste do Brasil e atualmente é Gerente de Produção do Consórcio Linha 4 Sul na obra do Metrô do Rio de Janeiro. Techno Divulgação Abaixo, montagem do ‘Tatuzão” para o início de operação Inicialmente, a investigação geotécnica detalhada realizada pelo Consórcio Linha 4 Sul, com o apoio de consultores especializados, determinou a composição do subsolo no traçado dos túneis – trechos com a presença de rocha muito dura e outros, de areia e de sedimentos. “Partindo das condicionantes do projeto e do reconhecimento da geologia local, chegamos à especificação do maquinário ideal para a execução dos túneis: uma tuneladora TBM-EPB (Tunnel Boring Machine - Earth Pressure Balanced) que nos possibilitaria a escavação sob as vias públicas, sem a necessidade de rebaixamento do lençol freático, e ainda a redução do nível de impactos da obra na superfície e no cotidiano da população”, expõe Aluisio de Abreu Coutinho Jr., Gerente de Produção do Consórcio Linha 4 Sul. Adquirido na Alemanha, pelo Consórcio Linha 4 Sul, o TBM-EPB reúne duas tecnologias - de perfuração (TBM) e de balanceamento de pressão (EPB) - com conversão e adaptação do equipamento, dentro do próprio túnel, para o avanço das escavações em rocha ou em areia. As características da obra e do terreno foram determinantes para a concepção do maquinário, dos implementos e dos periféricos, constituindose, portanto, um equipamento tailor-made, dotado de avançada tecnologia e fabricado para operar sob condições específicas da obra da Linha 4 Sul do Metrô-RJ. O TBM, também denominado ‘Tatuzão’, chegou ao Brasil em março deste ano, e do Porto do Rio, seguiu para o terreno da Estação Ferroviária Leopoldina, onde funciona a Fábrica de Aduelas. Nesta área, partes do TBM foram pré-montadas e transportadas em carretas até a caverna no subsolo da Estação General Osório, para a montagem final, de onde o equipamento partirá em novembro próximo, para as escavações do túnel em direção à Gávea. A dimensão total do equipamento, com 11,51m de diâmetro e 120m de comprimento, é decorrente do somatório do gabarito dos trens que irão transitar na Linha 4, e que já operam na Linha 1 do Metrô, e da necessidade de um terceiro trilho para a alimentação do trecho. “Ao invés de um túnel mais largo, comportando todos os trilhos, cogitamos a possibilidade de adquirir dois equipamentos com diâmetros menores para a execução de túneis distintos para cada direção. Esta solução não foi acatada porque posicionaria os túneis muito perto das edificações ou sob as mesmas, colocando em risco, a segurança estrutural dos prédios adjacentes”, explica Aluisio Coutinho. Entre tantos fatores diferenciais do TBM, outra grande vantagem do ‘Tatuzão’ é a instalação de anéis na sequência da escavação do túnel. São anéis de concreto armado, pré-fabricados, Aluisio de Abreu Coutinho Jr., Gerente de Produção do Consórcio Linha 4 Sul 22 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 MOBILIDADE URBANA de alimentação do TBM, as equipes responsáveis por cada especialidade iniciam os serviços de elétrica, iluminação, ventilação, comunicação, e conclusão das badejas metálicas para fiação sob as passarelas de emergência; em conjunto com a instalação da via permanente com dormentes e trilhos. Alberto Lima assinala que a convivência e a integração dos serviços de acabamento da obra civil e de implantação dos sistemas nas vias e estações exigem um planejamento detalhado das atividades e uma gestão bastante eficiente em torno de um mesmo propósito. “A interface entre as áreas com a concentração de instalações em pontos comuns gera, inevitavelmente, necessidade de convivência de serviços e eventuais divergências de prioridades entre eles. Entretanto, o fato de utilizarmos na Linha 4, o mesmo tipo de trem que já está em uso na Linha 1, nos dá um ganho significativo de conhecimento acerca do funcionamento destas máquinas e das instalações necessárias à sua operação. Tal fator gera uma segurança na redução de prazos e maior qualidade dos serviços.” A participação de empresas, com larga experiência em empreendimentos de infraestrutura com igual porte e complexidade, no projeto e na execução dos serviços, é um ponto importante para o cumprimento do cronograma, pois o somatório de diferentes experiências e capacidades resulta em soluções mais adequadas e na agilidade na tomada de decisões. E, com o objetivo de dar mais segurança à implantação do projeto e analisar as soluções adotadas, o Consórcio Linha 4 Sul contratou uma empresa especializada para verificar os cálculos e processos executivos nesta modalidade de obra. “Este é um procedimento usual em projetos de grande porte e constitui um controle de qualidade dos projetos, fator estes relacionado especialmente à segurança empresarial das empresas que compõem o Consórcio Linha 4 Sul”, observa Alberto Lima. Alberto Lima, Gerente de Engenharia do Consórcio Linha 4 Sul Estação Nossa Senhora da Paz No trecho Sul da Linha 4, os serviços de escavação do túnel terão início na Estação General Osório, onde o TBM está em fase de montagem para a operação em direção à Estação Nossa Senhora da Paz e demais estações previstas neste trajeto. Cada estação deste trecho tem particularidades no traçado, na concepção, na metodologia construtiva ou, até mesmo, no preparo da área e implantação do canteiro. As características de entorno e de configuração de cada estação foram determinantes para a elaboração do plano de ocupação da superfície e Alberto Lima é Engenheiro Civil graduado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Participou de diversas obras de infraestrutura, especialmente no segmento de obras de arte e nas áreas de projeto e planejamento de transporte urbano, e de implantação e construção de linhas metroviárias em São Paulo. Atualmente Alberto Lima trabalha na Carioca Christiani-Nielsen Engenharia e é Gerente de Engenharia do Consórcio Linha 4 Sul na obra do Metrô-RJ Divulgação De forma a evitar o rebaixamento do lençol freático que afetaria as edificações lindeiras, o método construtivo adotado pelo Consórcio Linha 4 Sul para a construção das estações do trecho Sul foi o somatório das propriedades do Jet grouting com as propriedades da parede diafragma. Tal combinação permite a escavação e a execução de uma grande ‘caixa’ com paredes e laje de fundo estanques, compondo o volume principal da estação. Inicialmente são realizadas as injeções de grout para tornar a camada sob o fundo da estação impermeável, na sequência são executadas as paredes diafragma do contorno da estação, para assim iniciar a escavação da caixa estanque até a cota do primeiro piso da estação. Executada esta laje do 1º piso, que também cumpre a função de travamento das paredes, o restante da escavação se desenvolve até a laje de fundo que servirá de berço de passagem para a máquina TBM-EPB, conhecida como Tatuzão, que concomitante escava o túnel. “Para a entrada e saída do TBM na estação, as paredes diafragmas transversais ao túnel são armadas com fibras de vidro, por serem mais apropriadas ao corte quando da perfuração controlada do concreto pelo equipamento”, explica Alberto Lima, Gerente de Engenharia do Consórcio Linha 4 Sul. “O ponto fundamental da construção desta linha de metrô no prazo será a sincronia entre a construção das três estações do trecho e a escavação do túnel com o TBM, porque quanto maior a sintonia entre estas duas atividades simultâneas da obra, maior será a nossa segurança de conclusão do empreendimento no tempo previsto.” Após a passagem do Tatuzão pelo corpo principal da estação, torna-se possível o término da laje do mezanino, das plataformas e a execução dos revestimentos internos, bem como a instalação dos sistemas nas salas técnicas da estação. Nos trechos de túnel liberados, após a retirada das ligações Techno As estações da Linha 4 Sul Traçado da LInha 4 Sul do Metrô-RJ, com as três estações - Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah e Antero de Quental FOTO: Obra Metrô Rio de Janeiro – Estação Jardim de Alah Rio de Janeiro, Brasil Características: Jet Grouting, Parede diafragma O Grupo Brasfond é reconhecido como líder na aplicação das mais modernas e inovadoras tecnologias para quaisquer tipos de obras de Engenharia Geotécnica. 11 3028.9800 [email protected] Desenvolvemos soluções que superam todos os desafios dos projetos que executamos, estabelecendo recordes de desempenho, dentro dos mais rigorosos padrões de qualidade, garantindo assim a total satisfação dos nossos clientes. www.brasfond.com.br Brasfond, tecnologia e inovação em engenharia geotécnica. 24 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 Julio Claudio Di Dio Pierri é Engenheiro Civil formado pela Escola de Engenharia Mauá – SP. Ao longo de 30 anos, sua atuação esteve concentrada em grandes projetos do transporte metroviário executadas pela Odebrecht no Brasil e no exterior, tendo participado de obras em diversas localidades São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa, Caracas, entre outras. Atualmente, Julio Pierri é Coordenador de Engenharia do Consórcio Linha 4 Sul na obra do Metrô-RJ. Vista aérea do canteiro de obras da Estação Nossa Senhora da Paz Divulgação O papel da Comunicação Obra da Estação Nossa Senhora da Paz Techno execução das obras. Este planejamento foi norteado por duas premissas comuns a todas as estações: a geração mínima de interferências na superfície e a devolução à população da área ocupada pela obra o mais rápido possível. A consequência foi que os projetos das estações tornaram-nas discretas e totalmente subterrâneas, asseguradas pela metodologia de escavação invertida. Na Estação Nossa Senhora da Paz, por ser o primeiro ponto de recebimento e passagem do Tatuzão, as lajes de acesso (primeiro piso da estação) e de teto já estão em execução e o ritmo das obras segue de acordo com o cronograma. “Assim que terminarmos esta etapa, teremos condições de devolver dois terços da praça à comunidade. A obra da estação continuará sob estas lajes iniciais, o que implicará uma redução significativa de impactos para a população do entorno”, expõe Julio Claudio Di Dio Pierri, Coordenador de Engenharia do Consórcio Linha 4 Sul. Além das lajes principais de teto, de acesso e de fundo, outras lajes como as de mezanino e de plataforma, compõem a totalidade da estrutura da estação. O Engenheiro Julio Pierri explica que, devido à passagem do TBM, com um diâmetro de 11,53m, e à necessidade de um vão livre compatível para tal operação, o projeto estrutural da estação prevê a implantação de todas as instalações e sistemas na cota da laje de acesso, a execução das lajes intermediárias em uma etapa ‘pós Tatuzão’ e um dimensionamento das paredes diafragma com resistência suficiente para suportar as cargas do vão livre. “Com as paredes diafragma sendo estruturais e definitivas e a reorganização das redes internas de serviços, conseguimos obter maior espaço interno na estação.” Outro ponto de destaque na concepção da estação Nossa Senhora da Paz é o somatório de duas características: de um lado, a construção de uma estação mais rasa, o que otimiza a operação e a manutenção, reduz as dimensões e quantidade de escadas físicas e rolantes, diminui o percurso e facilita o acesso dos usuários às plataformas. E, do outro lado, a execução do túnel em cota mais profunda do que a laje de fundo da estação, para assegurar maior cobertura do túnel na superfície. “Esta é uma combinação arrojada, que requer a implementação de alguns detalhes para a operação da máquina TBM, porém, interessante, pelos ganhos de energia para o trem do Metrô, de frenagem, na subida do túnel para a estação, e, na saída em declive, de energia cinética, para a retomada de velocidade”, observa Julio Pierri. Divulgação MOBILIDADE URBANA Julio Claudio Di Dio Pierri, Coordenador de Engenharia do Consórcio Linha 4 Sul A manutenção de um canal permanente de diálogo com a população é fundamental para a construção de todo e qualquer empreendimento, especialmente, aquele localizado em um espaço urbano que, ao longo de todo o período de obra, tem uma convivência diária com a comunidade de entorno e interfere diretamente no dia-a-dia da população. A obra da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro se desenvolve neste contexto, acrescido do fato de que o Trecho Sul do metropolitano carioca passará por bairros nobres da zona Sul da cidade, com imóveis altamente valorizados em face da proximidade com a orla marítima e onde reside e trabalha um grande percentual da população com maior nível econômico, educacional e cultural, ou seja, formadores de opinião com fácil acesso à imprensa e aos canais legais de reivindicação. Este é, portanto, o contexto de atuação da Comunicação do Consórcio Linha 4 Sul, responsável por toda a interface entre a obra e a comunidade, estabelecida por meio de inúmeros canais de comunicação, com diferentes formatos, amplitudes e objetivos e, também, por meio de programas e atividades interativas, de cunho informativo e/ou educacional. Todas estas ações abrangem a área de Comunicação da obra e foram elaboradas com base nos resultados de pesquisas quantitativa e qualitativa realizadas pelo Consórcio, antes do início das obras. Os dados e opiniões obtidos nas pesquisas refletiram as dúvidas, as preocupações, os anseios e as expectativas da população diretamente impactada pela obra. “Nossa atuação inclui ações e atividades de curto, médio e longo prazo, direcionadas para a comunidade do entorno, e tem o objetivo de estabelecer um canal diário e permanente de diálogo e entendimento com a população”, expõe Marcela Villas Bôas, Coordenadora de TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 Techno Comunicação do Consórcio Linha 4 Sul. “Esta comunicação ocorre antes, durante e após a execução dos serviços e fases da obra que, de alguma forma, possam interferir ou alterar o cotidiano das pessoas e, visa esclarecer dúvidas; informar sobre o desenvolvimento da obra; ouvir as reclamações e buscar soluções e atendimento às reivindicações; enfim, estabelecer uma relação positiva e respeitosa entre a obra e a comunidade.” A comunicação que antecede a obra é aquela realizada para elucidar e informar a população sobre as intervenções que estão por vir; o plano destas ações; as ocorrências por elas geradas; e as soluções para a mitigação de eventuais impactos. Esta interface entre obra e público ocorre em reuniões, das quais participam membros da comunidade, síndicos e representantes de associações, entre outros, além de técnicos e engenheiros da obra. “Nestas ocasiões buscamos, junto com os nossos engenheiros, traduzir o conteúdo técnico dos serviços para uma linguagem coloquial, de forma que as pessoas ali presentes possam efetivamente se informar e compreender a dinâmica da obra, as suas implicações e dificuldades e, inclusive, conhecer os nossos esforços em reduzir, dentro das possibilidades, os transtornos gerados”, explica Marcela Villas Bôas. A implantação de Centrais de Atendimento à Comunidade foi uma das alternativas adotadas pela Comunicação para captar todas as demandas da população, sejam estas, de reclamações, de informações ou elogios. Ao todo, são três centrais instaladas - uma em cada futura estação do Trecho Sul - que, ao longo de todo o período de obra, constituem o canal diário de comunicação do Consórcio com o público. Com o objetivo de colocar a população a par da evolução das obras do Trecho Sul da Linha 4, também é elaborado um informativo bimestral – o ‘Informe Linha 4’ – , distribuído em todas as edificações comerciais e residenciais de Ipanema e Leblon, contendo informações sobre o andamento das obras, sob diversos aspectos - executivos, técnicos, ambientais e sociais. “O nosso cotidiano é lidar com pessoas, o que significa lidar com a diversidade de perfis, de pensamentos, de propósitos, de posturas, de reações, entre tantos outros aspectos, e, consequentemente, lidar com imprevistos. Atualmente, com o mapeamento de toda a área de influência da obra, conhecemos muitos daqueles moradores e comerciantes mais impactados, o que contribui para estreitarmos o relacionamento”, observa Marcela. “Entendemos que, enquanto houver obra, haverá reclamações, e o nosso propósito é trazer a população para dentro da obra, de modo que as pessoas possam entender a obra e contribuir com sugestões para um convívio cada vez melhor.” A Estação Interativa Linha 4 Sul, inaugurada em agosto último, é uma resultante destas contribuições. Idealizada a partir de sugestões provenientes da comunidade, obtidas nas pesquisas iniciais e nas Centrais de Atendimento, a Estação Interativa consiste um espaço de 225 m2, localizado no Jardim de Alah, destinado à interação da comunidade com a obra, por meio de recursos tecnológicos de última geração os quais tornam a visita ao stand, um passeio lúdico e interativo ao passado, presente e futuro da obra. Em vários pontos da Estação Interativa, o público é convidado a ‘navegar’ no mundo da obra. Logo na entrada, telas interativas em touchscreen possibilitam o acesso a todas as informações e dados sobre a obra e vídeos institucionais reúnem imagens do desenvolvimento da obra, em relatos sobre as atividades executivas, sociais e ambientais. Em seguida, a atenção do visitante 25 se volta para a maquete física de 6 metros de comprimento, com a região de obra das 3 estações – Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah e Antero de Quental. Esta é uma maquete interativa, dotada de luz led, que possibilita a visualização exata dos acessos das estações e a compreensão do percurso dos túneis subterrâneos sob as vias da região. A outra maquete do stand é dedicada ao ‘Tatuzão’, o Tunnel Boring Machine (TBM), o personagem central das escavações e execução dos túneis. A maquete de 3 metros de comprimento utiliza o recurso da holografia para reproduzir em 3D, todas as fases de operação do TBM, desde a perfuração ao acabamento dos túneis. Na parada seguinte da Estação, as cabines de vídeo 3D possibilitam ao visitante ‘navegar’ por dentro das três estações do Trecho Sul da Linha 4 e conhecer o conceito, a arquitetura e a proposta de cada projeto. Por fim, a Estação oferece ao usuário, uma abordagem sobre o cronograma da obra, denominada ‘Linha do Tempo’, dividida em 4 temas - o Tatuzão e as três estações. Com informações mensalmente atualizadas, a ‘Linha do Tempo’ é estruturada com base nos marcos principais da obra, em diferentes fases de desenvolvimento. Mas o visitante não sairá da Estação Interativa sem levar consigo uma lembrança destes momentos lúdicos de informação e, porque não, também de entretenimento. Ele levará a sua foto tirada em frente a um painel de sua escolha, contendo imagens da obra e colocando-o, virtualmente, dentro da obra. “Apesar de inaugurada recentemente, a receptividade deste novo espaço é ótima. E, além dos moradores da região, a Estação Interativa tem recebido um volume considerável de visitantes, profissionais e universitários de diversas áreas, interessados em conhecer melhor o projeto e as propostas da Linha 4 Sul do Metrô”, assinala Marcela Villas Bôas. A Estação Interativa Linha 4 Sul está localizada na Avenida Epitácio Pessoa, em frente ao número 360, Portão 8, no Jardim de Alah, e funciona de 3ª a sábado, de 9.00h às 19.00h. A visita é gratuita e poderá ser agendada para grupos pelo telefone (21) 2134-3805. g Marcela Villas Bôas, Coordenadora de Comunicação do Consórcio Linha 4 Sul Interior da Estação Interativa Linha 4 Sul Techno Marcela Villas Bôas é graduada em Comunicação Social pela PUC-Rio com pós-graduação em Marketing pelo Ibmec-Rio. Sua atuação profissional sempre esteve direcionada para a Comunicação Corporativa de empresas de grande porte em diferentes setores, entre estas, L’Oréal, Coca-Cola e Odebrecht, onde foi convidada a participar da obra da Linha 4 do Metrô-RJ. No Consórcio Linha 4 Sul, Marcela Villas Bôas é Coordenadora de Comunicação, área que envolve Comunicação Externa e Interna, Assessoria de Imprensa, Marketing e Eventos. 26 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 MOBILIDADE URBANA A Promon Engenharia e a Linha 4 do metrô carioca de diminuir interferências na superfície para maximizar a preservação das árvores da Praça Nossa Senhora da Paz, que é um bem tombado pelo município. Em linhas gerais, a análise crítica resultou na otimização do projeto básico, com aproveitamento de todos os espaços da nova estação. As principais premissas consideradas foram: l Concepção de implantação que reduzisse o impacto na Praça Nossa Senhora da Paz tanto depois da implantação da estação (por meio da localização dos acessos e das saídas de ventilação), como também durante a fase de execução da obra, com redução do perímetro e da área de escavação necessária, minimizando a supressão ou remanejo de espécies vegetais existentes e viabilizando o propósito de restaurar a praça o mais próximo possível de seu paisagismo original: monumento, espelhos d’água, playground, etc. l Adotar um arranjo mais compacto na estação, com o menor volume escavado possível, possibilitando ganhos de prazo na execução das obras, sem comprometer requisitos básicos de funcionamento e considerando as normas e os padrões aplicáveis. Novas soluções utilizadas e implementadas O projeto básico da estação foi reestudado por todas as disciplinas e subdisciplinas de engenharia e arquitetura da Promon. Com o resultado desses estudos, optou-se pelo partido estrutural, que introduz uma laje intermediária, possibilitando melhor distribuição de cargas e maior agilidade na execução, sem a necessidade de estroncas provisórias. Além disso, essa solução possibilita: 1. Reduzir a área de escavação da estação, com o aproveitamento da nova área útil criada pelo pavimento dessa laje, viabilizando a realocação das salas técnicas nesse nível. 2. Eliminar a utilização de estroncas temporárias, metálicas ou de concreto cujo manuseio (carga, descarga, transporte e colocação) exige operações demoradas e de grande interferência nas demais atividades da obra, além dos transtornos causados pelo manuseio e transporte de vigas com grandes dimensões em zona urbana de tráfego intenso. Dessa forma também foi suprimida a dificuldade de ligação do elemento pré-moldado com a parede-diafragma. 3. Alterar a seção transversal das lamelas das paredes-diafragma, minimizando o volume de escavação e de concreto dessas paredes. Características do projeto a) Arranjo da estação O projeto executivo da Estação Nossa Senhora da Paz prevê cinco níveis de lajes: teto, intermediária ou acesso, mezanino, plataforma e fundo. A inclusão da laje intermediária permitiu a redução da dimensão e da profundidade de escavação nos acessos, que passaram a ter somente dois níveis de laje, teto e fundo, em vez dos quatro níveis previstos no projeto básico. Essa laje adicional permitiu que todos os postos de ventilação, escadas de acesso ao mezanino e às plataformas, bilhetagem e controle de acesso e salas técnicas fossem arranjados em um tramo único. No nível da laje intermediária estão locados os postos de ventilação, bilhetagem, bloqueios e reservatórios de água. No nível da laje mezanino estão as Divulgação D e sde outubro de 2012, a Promon Engenharia desenvolve para o Consórcio Linha 4 Sul (CL4S) os projetos executivos das estações Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah e Antero de Quental, o que inclui arquitetura, escavações, estruturas de contenção, estruturas permanentes, instalações e sistemas auxiliares. Além disso, a empresa realiza para a CBPO os projetos executivos de arquitetura e escavação e os projetos básicos de estruturas, instalações e sistemas auxiliares da nova Estação General Osório, que também irá atender à Linha 4. Esses trabalhos têm permitido à Promon Engenharia explorar suas competências e experiências para superar desafios e implantar soluções criativas e agregadoras de valor. As atividades desenvolvidas na Estação Nossa Senhora da Paz constituem um bom exemplo disso. A primeira iniciativa foi realizar uma análise crítica do projeto básico da estação elaborado pelo governo do Rio de Janeiro. O objetivo foi identificar soluções de engenharia que possibilitassem ganhos nos prazos de execução das obras, além Vista aérea do canteiro de obras da Estação Nossa Senhora da Paz TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 salas técnicas. No nível da laje plataforma estão, além das plataformas de embarque e desembarque, as subestações e gerador de emergência. O nível da laje de fundo se divide no nível do canal de cabos, que inclui os canais de cabos elétricos e galerias de exaustão, e o nível dos porões, onde estão o posto de insuflação dos túneis no sentido Estação Jardim de Alah, a galeria de exaustão do túnel no sentido Estação General Osório e os poços de drenagem. A via permanente (dormentes e trilhos) se assenta sobre uma laje entre os níveis das plataformas e do fundo. b) Geologia local A Estação Nossa Senhora da Paz está localizada em uma região de deposição de sedimentos marinhos (aluvião) antigos, resultando em camadas de areias espessas entre medianamente compactas e compactas muito permeáveis, e com nível do lençol freático elevado. c) Metodologia construtiva A metodologia construtiva é o cut and cover invertido, ou seja, em vez de escavar até o nível do fundo da estação e construir as estruturas internas de baixo para cima, são construídas algumas das lajes e escava-se por baixo delas. Para a Estação Nossa Senhora da Paz foi considerada a escavação direta até a laje intermediária, quando sua concretagem será efetuada. Após essa concretagem, abrem-se duas frentes de obra: a concretagem da laje de teto e a escavação sob a laje intermediária. A contenção da vala será feita com paredes-diafragma incorporadas à estrutura permanente da estação, ou seja, as paredes da estação são as próprias paredes-diafragma. Essa metodologia oferece algumas vantagens. Entre elas estão o menor tempo com a vala de escavação aberta, permitindo a reurbanização da superfície antes do fim da construção da estação; e o escoramento das estruturas de contenção com as lajes que já são parte da estrutura da estação e têm rigidez maior que os escoramentos metálicos provisórios e menor prazo de execução. Essa metodologia, porém, requer alguns cuidados adicionais, como a qualidade necessária para a execução das paredes de contenção, já que serão incorporadas à estrutura permanente, e a limitação de espaço para escavação abaixo das lajes. d) Lençol freático e jet grouting Em razão do elevado nível do lençol freático, é necessário seu rebaixamento para construção da estação. No entanto, o rebaixamento de lençol freático em um solo com as características encontradas na região (basicamente areia) implicaria um raio de influência grande o suficiente para induzir recalques em edificações lindeiras, mesmo que estejam mais afastadas na área da praça. Ainda que o rebaixamento fosse realizado por meio de poços no interior da vala de escavação, o nível do lençol freático seria igualmente afetado do lado externo. Como, porém, a espessura das camadas de areia no local não permite que as paredes-diafragma sejam prolongadas até uma camada impermeável, solução típica na metodologia cut and cover, optou-se pela solução técnica de instalar no fundo da vala uma camada de jet grouting, com a função de “rolha”, para permitir executar a escavação sem a necessidade de rebaixamento do lençol e sem o risco de ruptura do fundo da escavação. As tensões provocadas pela pressão no fundo da camada de jet grouting são transferidas pela formação de um efeito de arco nessa camada para as fichas das paredes-diafragma e por meio do atrito entre o solo reforçado com jet grouting e as paredes. A camada de jet grouting tem ainda a função de “estronca”, servindo como apoio das paredes na área/nível da ficha, garantindo sua estabilidade com comprimentos de fichas inferiores aos que seriam necessários sem essa camada de reforço. As lamelas transferem para a camada de jet grouting as pressões que o solo e a água exercem naquela camada. e) Flutuação e estanqueidade A segurança à flutuação é garantida com um peso da estação maior do que o empuxo hidrostático, considerando um nível do lençol freático 1,0 m acima do maior nível obtido nas campanhas de sondagens. Durante a fase construtiva, o peso considerado da estação inclui as lajes executadas (teto e intermediária), paredes-diafragma e a camada de jet grouting de fundo. Durante a fase operacional, o peso inclui as lajes de teto, intermediária, mezanino, plataforma e fundo, paredesdiafragma e reaterro de 50 cm sobre o teto da estação. Para garantir a estanqueidade da vala, é executada, por trás de cada junta das lamelas de parede-diafragma, uma coluna de jet grouting em toda a sua extensão. f)Contenção da vala A contenção do solo durante a escavação é feita por paredesdiafragma com 1,20 m de espessura e com comprimentos de até 33 m que se apoiam inicialmente em dois pontos: na laje intermediária e na camada de jet grouting. O projeto básico previa a instalação de paredes-diafragma com lamelas em formato “T”. Porém, com a inclusão da laje intermediária entre o nível do teto e do fundo da estação, o vão livre da parede foi reduzido, permitindo o uso de lamelas com seção retangular. O posicionamento (em elevação) da laje intermediária foi definido inicialmente em razão da profundidade do túnel e das dimensões do equipamento de escavação do túnel, o TBM (Tunnel Boring Machine), permitindo sua livre passagem por dentro da estação. 27 g) Sequência de execução Visando obter ganhos de prazo, a sequência construtiva foi estabelecida da seguinte maneira: l Execução das paredes-diafragma de contenção; l Execução da camada de jet grouting no fundo da vala e das colunas de vedação atrás das juntas das lamelas; l Escavação até o nível da laje intermediária e a sua execução; l Escavação até o nível do fundo da vala que também é o topo da camada de jet grouting. Em paralelo, é executada a laje de teto, cujo cimbramento apoiase na laje intermediária. Essa sequência construtiva visa minimizar efeitos de prazo e os efeitos desse caminho crítico de cronograma; l Execução da laje de fundo; l Após passagem do TBM, são executadas as colunas entre vias, lajes dos níveis mezanino e plataforma. Interface com TBM A passagem do TBM por dentro da Estação Nossa Senhora da Paz requer a inclusão de alguns detalhes no projeto. As paredes frontais, por onde o TBM entrará e sairá da estação, não permite o uso de armadura convencional, já que o aço não é cortado pelas ferramentas da sua cabeça de perfuração. Desse modo, onde as lamelas afetadas pela passagem do TBM e somente na projeção de entrada do TBM, a parede é preenchida com argamassa sem armaduras. Como essa argamassa não é suficiente para suportar a pressão hidrostática e a pressão do solo, durante a construção da estação, optouse por reforçar o solo nessa região externa e adjacente à parede-diafragma com colunas de jet grouting. Esse solo reforçado, de forma análoga à camada de jet grouting do fundo da vala, por meio de efeito arco, transfere à paredediafragma as pressões atuantes. A laje de fundo tem um formato em “gaivota”, com a parte central mais profunda, de modo a servir como leito para o TBM deslizar até a extremidade oposta da estação. Na extremidade em direção à Estação Jardim de Alah, a laje de fundo é readequada para seção plana, visando permitir a instalação da estrutura de reação e permitir ao TBM reiniciar a escavação do túnel. Divulgação Experiência a serviço do desenvolvimento Escavação do acesso Joana Angélica, com 7m de profundidade Para a Promon Engenharia, a atuação no projeto da Estação Nossa Senhora da Paz e em outros da Linha 4 do metrô carioca tem um duplo significado. De um lado, são empreendimentos aos quais aporta uma experiência diferenciada, adquirida na elaboração de projetos de metrôs em São Paulo, Lisboa, Salvador, Caracas e Bagdá, além da experiência e vivência obtida no próprio metrô do Rio de Janeiro, com o desenvolvimento dos projetos básicos e executivos das Linhas 1 e 2. De outro lado, cada projeto traz características particulares que desafiam as equipes da Promon a aplicarem suas competências, buscar conhecimentos, inovar e formar equipes. São os novos aprendizados e a experiência de mais de 50 anos de atuação nacional e internacional em setores-chave da economia, sendo 46 anos no setor de transporte urbano, que reforçam a bagagem que a Promon Engenharia coloca a serviço do mercado e do desenvolvimento do país. g TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 PORTO MARAVILHA Museu do Amanhã Divulgação Santiago Calatrava - Ralph Appelbaum Associates Os desafios da Arquitetura e da Engenharia em um só projeto E m breve, a área central do Rio de Janeiro estará entre os principais pontos de atração da cidade. O projeto de reestruturação da zona portuária, denominado Porto Maravilha, prevê a reorganização e a criação de áreas comerciais, residenciais, culturais, turísticas e de lazer, integrando o patrimônio histórico existente à moderna concepção arquitetônica dos novos edifícios. O Museu do Amanhã, dedicado às Ciências, é o grande destaque da área cultural do Porto Maravilha sob dois aspectos: um, conceitual, ao propor uma abordagem diferente dos atuais museus de História Natural ou de Ciências e Tecnologia; e, outro, arquitetônico, resultante de um projeto arrojado e único na forma, nas soluções construtivas, na concepção da sustentabilidade e na integração com o entorno. A proposta do Museu do Amanhã instiga o visitante a pensar e repensar o Universo em diferentes esferas, do micro ao macrocosmo, assim como os mais diversos aspectos da vida humana e do planeta, com conteúdos e abordagens estruturados em três eixos: a polaridade entre as Ciências Cósmicas e as Ciências Terrestres; a Existência Terrestre; e por último, o Comportamento Humano e a Ética. O projeto arquitetônico de autoria do renomado arquiteto engenheiro Santiago Calatrava é uma proposta singular de arquitetura sustentável erguida em uma área de 30 mil m2 localizada no Píer Mauá. Além da edificação com 15 mil m2, projeto prevê a utilização e reutilização de recursos naturais aplicados, por exemplo, na climatização, na iluminação, na produção de energia elétrica, na irrigação dos jardins e em elementos do paisagismo. “Esta é uma obra especial e extremamente complexa porque a execução deste projeto, com linhas e estruturas arrojadas, demandou soluções construtivas igualmente distintas”, considera Edilson Costa, Engenheiro do Consórcio Porto Rio e Gerente da obra do Museu do Amanhã, assinalando, “esta é uma obra de um mestre da arquitetura que também reconhece o grau de dificuldade da execução deste projeto, especialmente pela geometria de suas formas.” Divulgação Santiago Calatrava - Ralph Appelbaum Associates 28 TECHNO News Divulgação Santiago Calatrava Ano III - no 17 - 2013 Divulgação Santiago Calatrava Proposta arquitetônica do arquiteto Santiago Calatrava. Acima, vista geral; abaixo, fachada com balanço. Na página ao lado, acima, interior do Museu do Amanhã; abaixo, visão do Museu para a Baia de Guanabara 29 30 TECHNO News Ano III - no 17 - 2013 PORTO MARAVILHA Techno O Museu do Amanhã é um volume de grande proporção, com uma forma semelhante a um navio invertido. No nível da superfície, o prédio se apóia em dois pontos estruturais principais e em paredes de concreto que têm função de vedação e também de apoio para as estruturas metálicas que darão forma ao volume do prédio. A complexidade da obra está refletida em diversos pontos do projeto, entre estes, a infraestrutura, as paredes estruturas, a estrutura metálica, a cobertura e as esquadrias. O Píer Mauá, datado de 1948, desativado há anos, tem uma fundação construída com estacas de concreto em forma circular, no meio de pedras. Edilson Costa explica que a fundação do Museu, que possui um subsolo 4 metros abaixo do nível do mar, é completamente isolada da fundação do píer e, sendo este cercado de pedras, as técnicas construtivas adotadas nesta fase da obra demandaram mais tempo do que previsto. “A cravação de estacas foi executada sem a utilização de lama betonítica para menor interferência ao meio ambiente e as paredes diafragmas, pelo método tradicional. Na cravação de algumas estacas, conseguíamos avançar poucos trechos na maré baixa, pois os serviços obedeciam a sua variação diária.” A fundação do Museu, executada pela Brasfond - empresa brasileira especializada em Engenharia de Fundações e Infraestrutura e contratada pelo Consórcio Porto Rio -, totalizou 2.600 estacas com 24 metros de comprimento em média, destas, 1.000 estacas raiz e 1.600 estacas metálicas. As paredes do Museu do Amanhã são de concreto, com formas curvilíneas que não se repetem. Este partido do projeto resultou grande complexidade nas fôrmas de concretagem, únicas e específicas para um determinado ponto da obra arquitetônica, fabricadas especialmente para o Museu. São fôrmas de madeira tridimensionais, que pela indisponibilidade de empresas com equipamento e experiência neste campo no Brasil, foram fabricadas na Alemanha e chegaram desmontadas ao Brasil. Na obra, a montagem das fôrmas está sob a responsabilidade da empresa Peri Brasil, a filial do próprio fabricante. As estruturas metálicas consistem outro ponto desafiador do projeto: 3.500 toneladas de estrutura apoiada sobre poucos pontos e com balanços consideráveis - 75 metros em direção ao mar e 45 metros em direção a terra. “A complexidade destas estruturas é enorme, porque além da forma Divulgação Santiago Calatrava - Ralph Appelbaum Associates Edilson Costa, Engenheiro do Consórcio Porto Rio e Gerente da obra do Museu do Amanhã Divulgação Santiago Calatrava - Ralph Appelbaum Associates Concepção arquitetônica do Museu do Amanhã. Nesta e na página ao lado: salões internos para exposições TECHNO News 31 Obra do Museu do Amanhã no Píer Mauá Techno Divulgação Concessionária Porto Novo - Foto Pawel Loj Ano III - no 17 - 2013 Divulgação Santiago Calatrava - Ralph Appelbaum Associates Divulgação Santiago Calatrava - Ralph Appelbaum Associates João Carlos Mariano de Albuquerque, Engenheiro do Consórcio Porto Rio e Coordenador de Estruturas Metálicas totalmente curva e dos balanços, o projeto prevê uma cobertura também metálica, com lamelas móveis na entrada e no fundo do Museu, que se abrem e se fecham de acordo com o movimento do Sol e que servirão de base para as placas de captação de energia solar”, expõe João Carlos Mariano de Albuquerque, Engenheiro do Consórcio Porto Rio e Coordenador de Estruturas Metálicas da obra do Museu do Amanhã. “O escritório do arquiteto Santiago Calatrava realizou todo o conceito e também os cálculos da estrutura baseados em normas européias. Para a execução das estruturas, estes cálculos foram revistos por uma empresa de Engenharia no Brasil, especializada em Estruturas Metálicas, para a adequação do projeto às normas brasileiras. Além disso, fizemos um estudo de túnel do vento no Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), para assegurar os parâmetros adotados porque para a execução de uma obra arquitetônica como esta, não havia referência em norma alguma no Brasil e, tampouco, no exterior.” A estrutura metálica do Museu do Amanhã foi encomendada à Martifer, empresa portuguesa que participou inclusive, de várias obras do arquiteto Calatrava em todo o mundo. 85% da estrutura é fabricada em Portugal, chega ao Brasil em containers e, na obra, as peças são separadas com indicações de letras e números que determinam os setores de aplicação. “A montagem das peças é feita por níveis de cota, em um trabalho que praticamente vai acompanhando a composição da forma curva de baixo para cima, porque em face das condições estruturais do prédio, não temos como montar um lado e depois o outro”, observa João Carlos de Albuquerque. A logística da obra é outro aspecto diferencial na construção do Museu do Amanhã porque no estreito espaço do píer, a movimentação dos veículos pesados, equipamentos e pessoas, requer uma verdadeira ‘ginástica’ na ocupação da área. Toda a estrutura do canteiro está localizada na lateral do Museu, inclusive a armazenagem das peças que resultarão os módulos da estrutura metálica; cada um destes terá em torno de 17m de altura ou largura, 50m de comprimento e um peso de 17 toneladas. “Esta é uma logística ímpar na qual cada locação, atividade ou serviço na obra exigiu um extenso e detalhado plano de movimentação e de ocupação”, assinala João Carlos de Albuquerque. g Divulgação Santiago Calatrava - Ralph Appelbaum Associates Sobre a Concessionária Porto Novo e o Consórcio Porto Rio A Concessionária Porto Novo, formada pelas empresas OAS, Odebrecht e Carioca Engenharia, compõe a Parceria Público-Privada (PPP) do projeto Porto Maravilha, com a atribuição de executar as obras de modernização da infraestrutura e reestruturação viária e realizar o conjunto de serviços necessários ao funcionamento e manutenção do novo espaço urbano do Rio de Janeiro. O Consórcio Porto Rio, por sua vez, tem a atribuição de executar as obras do projeto Porto Maravilha sob contratação da Concessionária Porto Novo. Dois grandes nomes da Engenharia brasileira, juntos, em um único desafio A STACK Engenharia, especializada em fundações profundas e complexas, e a CZM, líder nacional na fabricação de equipamentos para fundação, reúnem o melhor da expertise e da tecnologia brasileira em obras de grande porte e complexidade executiva. Soluções diferenciadas para obras únicas, como o Estaleiro e Base Naval da Marinha, o Prosub-EBN. www.stack.eng.br www.czm.com.br