ATIVIDADES NUCLEARES Newsletter - Ano 1 - n°7 - Novembro/2009 ANGRA 3 ENTREVISTA Construção de reator brasileiro é a melhor opção frente à crise, diz médico nuclear Anna Beatriz Thieme A construção do Reator Multipropósito Brasileiro é a melhor solução frente à crise mundial no fornecimento de radiofármacos, que atingiu de forma contundente os procedimentos de medicina nuclear no País. Quem garante é Celso Darío Ramos que, além diretor científico da Sociedade Brasileira da Medicina Nuclear, é médico da Medicina Nuclear & Diagnóstica (MN&D) e diretor do serviço de Medicina Nuclear da UNICAMP. A previsão é que fique pronto em 2016, ao custo estimado em US$ 500 milhões. Segundo o médico nuclear, a crise traz impactos diretos, principalmente aos pacientes. “Pacientes graves, muitas vezes portadores de tumores, de doenças cardíacas ou neurológicas, ficam sem poder fazer os exames. Além do prejuízo para o paciente, há o prejuízo para a especialidade como um todo, que tem crescimento limitado, já que os novos profissionais ficam desestimulados a ingressar na área”, aponta. Ainda de acordo com Darío, as alternativas que os médicos encontram para tentar reduzir ao mínimo a dependência da medicina nuclear são poucas. “Por ouvirem na imprensa a falta do material, o colega acaba indicando um outro método ao paciente que, embora não seja tão preciso, é pelo menos mais rá- FLASHES Participação privada A Índia deve permitir o investimento privado na geração nuclear em caráter de urgência, pediu um comunicado da Associated Chambers of Commerce and Industry. Atualmente, leis nacionais impedem esta participação, o que “deve mudar se o país quer evitar a escassez de energia adicional”, diz a Assocham. Usina nuclear Kudankulam, na Índia Pesquisas nucleares na Internet O projeto, fruto de uma parceria entre a Agência Internacional de Energia Atômica e o Departamento de Energia dos Estados Unidos, visa oferecer a pesquisadores, acadêmicos e ao público em geral o acesso a um grande volume de valiosa investigação para o uso seguro e pacífico da geração nuclear. Reator canadense NRU volta a operar no próximo ano pido. O paciente não pode ficar esperando”, afirma. Darío diz ainda que outras soluções são medidas alternativas, paliativas. “Em termos de desenvolvimento nacional, não só da medicina como da parte de física, um crescimento multiprofissional seria proporcionado por esse reator brasileiro. Não só ficaríamos autosuficientes em relação a esse material, como teríamos oportunidade de desenvolver projetos de pesquisa e tomar a ‘dianteira’ no mundo, criando novos caminhos”, frisou o médico nuclear. A crise internacional no fornecimento dos radiofármacos, elementos químicos radioativos usados em diagnósticos médicos, foi deflagrada em maio deste ano, com a paralisação na produção do Canadá, principal fornecedor mundial. A expectativa é de que o reator canadense (foto) volte a funcionar ano que vem, regularizando, assim, a distribuição do material no Brasil e no mundo. Usinas no Nordeste A segunda central nuclear brasileira será construída até 2019 em uma cidade litorânea entre Salvador (BA) e Recife (PE), revelou o diretor-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, durante uma audiência pública no Senado. Segundo Othon, a central nordestina deverá contar inicialmente com duas usinas, podendo expandir-se até o total de seis. Reativação nuclear Dezenove anos após seus reatores terem sido destruídos por aeronaves da Inglaterra e dos Estados Unidos, o Iraque pode voltar a colocar em prática seu programa nuclear, segundo o jornal britânico Guardian. O país estaria em negociação com a indústria nuclear francesa para que um dos reatores seja reconstruído e já foi buscar apoio da Agência Internacional de Energia Atômica. Nuclep e Eletronuclear: contratos até dezembro Matheus Gagliano A Nuclep e a Eletronuclear devem assinar até o começo de dezembro os contratos para o fornecimento de equipamentos para a usina de Angra 3, como os condensadores e os acumuladores. Carlos Frederico, assessor da Diretoria Comercial da Nuclep, informou que o valor destes contratos totaliza R$ 70 milhões. O executivo participou do evento Brazil Global Energy, realizado no Rio de Janeiro, e lembrou que os condensadores e acumuladores precisam ser instalados antes da concretagem da laje do prédio do reator. “Estes contratos estão em negociação há quase um ano com a Eletronuclear. Como o marco zero das obras está marcado para dezembro, o contrato deverá ser assinado nesta data”, afirmou. Local onde será erguida a usina nuclear Angra 3 ENERGIA NUCLEAR RJ e ES: vantagem para nova central nuclear do Sudeste Rio de Janeiro e Espírito Santo são vistos como locais que já levam certa vantagem para receber a próxima central nuclear do Sudeste. De acordo com o assessor da Presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, Minas Gerais e São Paulo têm limitações que podem interferir na escolha destes dois Estados. Mas o processo oficial de seleção ainda não começou. “Colocar uma forte geração de energia em ponta de linha é interessante”, declarou Leonam, citando o fato do Rio e Espírito Santo serem “ponta de linha” do sistema de distribuição de energia do País. O executivo participou do Brazil Global Energy, evento realizado no Rio de Janeiro. O assessor da Presidência da Eletronuclear acredita que a escolha deste local será mais fácil, tendo em vista que a região tem uma grande faixa de litoral a ser selecionada. “Como as usinas nucleares precisam ser instaladas próximas à faixas de água, Minas terá essa limitação”, analisa Leonam. Já o litoral de São Paulo “é densamente povoado e tem reservas ambientais”.M.G. ATIVIDADES NUCLEARES - Uma publicação da ABDAN (Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares). Produzido pela Migre Comunicação. Editor:Herval Faria (in memorian). Redação: Anna Beatriz Thieme, Beatriz Gredilha, Fabíola Amaral, Hugo Mirandela, Manoel Sampaio, Matheus Gagliano e Pedro Abreu. Programação Visual: Renato Faria. [email protected] / www.atividadesnucleares.com.br