ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Expeça - se REQUERIMENTO X PERGUNTA Número Número / ( .ª) 29 / XII ( 4 .ª) Publique - se 2014-09-18 Mesa da Assinatura O Secretário da Mesa Jorge Fão (Assinatur a) Digitally signed by Jorge Fão (Assinatura) Date: 2014.09.18 16:15:04 +01:00 Reason: Location: Assunto: 'Atualizações' decididas pelo IHRU ao valor das rendas no Bairro Amarelo do Monte da Caparica (Concelho de Almada, Distrito de Setúbal) Destinatário: Min. do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia Ex. ma Sr.ª Presidente da Assembleia da República Os Moradores do Bairro Amarelo do Monte de Caparica, no Concelho de Almada, têm vindo a ser confrontados com os aumentos de rendas por parte do IHRU, havendo problemas sociais muito graves que estão a ser colocados com esta situação. Sabemos que com a publicação do Decreto-Lei nº166/93 de 7 de Maio, procedeu-se à uniformização dos regimes de rendas dos imóveis que estavam sujeitos ao regime social, passando para regime de renda apoiada. Mas na verdade, mesmo antes desse famigerado decreto-lei, o PCP já vem defendendo e propondo na Assembleia da República iniciativas legislativas no sentido da aprovação de um regime legal da Renda Apoiada que de uma forma justa e adequada cumpra a Constituição da República designadamente o seu Artigo 65.ª no que diz respeito ao direito à Habitação e à responsabilidade do Estado neste âmbito. O regime da Renda Apoiada continua sem alteração, apesar das sucessivas promessas do Governo e das sucessivas recomendações aprovadas pela Assembleia da República ao longo dos anos (a última das quais este ano – Resolução da AR n.º 10/2014). Entretanto, o Governo e o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana/IHRU continuam a impor aumentos brutais de rendas, ignorando a realidade atual do país e penalizando profundamente as populações. Os moradores referem mesmo aumentos na ordem dos 1000% e 3000%. Estes aumentos exorbitantes surgem quando a administração central nunca fez nenhum melhoramento nos interiores destes fogos, sendo os próprios moradores a salvaguardar esse mesmo patrimonio e a protegê-lo. Os moradores reclamam da falta de condições no exterior dos edifícios, bem como da falta de campainhas, antenas do prédio, e da falta de segurança nos equipamentos, como o gáz e luz, pondo em risco a segurança dos moradores. Relembram ainda estes cidadãos que um dos maiores factores de injustiça é a forma de cálculo da renda, a dimensão do agregado familiar, assim como o valor de referência para o mesmo ser o rendimento bruto e não o rendimento liquido. Os moradores penalizados com esta situação têm vindo a organizar-se e a mobilizar-se para a luta contra esta injustiça, tendo já sido lançada a petição “Por uma revisão das rendas apoiadas mais justa” – e da qual se justifica reproduzir o seguinte excerto: «Vivemos num bairro social e não num condomino fechado. (…) Lutaremos por uma lei justa e não cega, lutaremos pela equidade social, pelos idosos, pelas crianças, pelos desempregados, pelos que já estão em exclusão social, devido a estas políticas sociais.» Assim, ao abrigo do disposto na alínea d) do Artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa e em aplicação da alínea d), do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, perguntamos ao Governo, através do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, o seguinte: 1. Vai ou não o Governo dar orientações urgentes ao IHRU para que seja suspensa de imediato a aplicação destes gravosos aumentos das rendas, quer os que se aplicaram ao Bairro Amarelo quer os que já foram aplicados antes? 2. Quais os processos de avaliação e de que forma considerou o IHRU a beneficiação das habitações pelos próprios inquilinos no valor das rendas e nos preços para aquisição pelos inquilinos, caso tenham sido fixados? 3. Para quando está afinal previsto pelo Governo uma revisão deste regime que corresponda de forma adequada à capacidade económica das famílias e dos habitantes de edifícios sob tutela do IHRU? 4. Considera ou não o Governo ter em conta as propostas que o PCP tem vindo a apresentar para um regime mais justo na Renda Apoiada, na defesa das condições de vida dos moradores e das populações? 5. O Governo garante que o novo regime de Renda Apoiada, que esteja em preparação, não servirá para tornar definitiva esta política de aumentos de rendas que tem vindo a ser seguida? Palácio de São Bento, quarta-feira, 17 de Setembro de 2014 Deputado(a)s BRUNO DIAS(PCP) FRANCISCO LOPES(PCP) PAULA SANTOS(PCP) MIGUEL TIAGO(PCP) ____________________________________________________________________________________________________________________________ Nos termos do Despacho nº 2/XII, de 1 de Julho de 2011, da Presidente da Assembleia da República, publicado no DAR, II S-E, nº 2, de 6 de Julho de 2011, a competência para dar seguimento aos requerimentos e perguntas dos Deputados, ao abrigo do artigo 4.º do RAR, está delegada nos Vice-Presidentes da Assembleia da República.