XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" ANÁLISE DA TILAPICULTURA BRASILEIRA COM ÊNFASE NO COMÉRCIO INTERNACIONAL EDUARDO PROFETA PEREIRA; AUGUSTO HAUBER GAMEIRO. ESALQ, PIRACICABA, SP, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL SISTEMAS AGROALIMENTARES E CADEIAS AGROINDUSTRIAIS ANÁLISE DA TILAPICULTURA BRASILEIRA COM ÊNFASE NO COMÉRCIO INTERNACIONAL Grupo de Pesquisa: Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais Resumo O presente estudo tem a finalidade de analisar o mercado internacional e o potencial da Tilapicultura no Brasil. Em primeiro lugar, analisa-se a cadeia produtiva de tilápias e o desenvolvimento do setor dentro do agronegócio brasileiro. Em segundo lugar, apresentam-se dados comerciais e mercadológicos da atividade, esperando desta forma, que os resultados obtidos possam contribuir para o entendimento do funcionamento do setor e para definição de estratégias públicas e privadas para o seu desenvolvimento. Apesar das diversas características positivas em favor da tilapicultura e do potencial observado, ainda há fatores que limitam e restringem tal mercado, como falta de iniciativa e incentivos governamentais e informalidade no setor, além dos altos custos de produção e distribuição, devido principalmente ao sistema logístico deficitário no Brasil. Palavras-chave: sistema agroindustrial, tilapicultura, tilápia, piscicultura, comércio internacional. Abstract The following research has as objective the analysis of the international market and the potential future of the Tilapia Aquaculture in Brazil. In first place it was made a productive chain analysis and a research over the development of the sector inside the Brazilian agribusiness. In second place are shown commercial and market data, that way the acquire 1 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" results can contribute to the sector functioning understanding and to public and private strategies decisions. Despite the many favorable characteristics to the tilapia production and the potential for this market there are a lot of key points that restrict this market in Brazil, for example its deficiency of the government and the sector informality, not mention the high production costs caused by the deficient logistic system in Brazil. Keywords: Agribusiness, tilapiculture, tilapia, fish, international market. 1. INTRODUÇÃO Tradicionalmente o Brasil é um país de destaque na produção agrícola e agroindustrial, apresentando crescimento expressivo anualmente, com destaque para o intervalo entre os anos de 2003 e 2005. Apesar desse crescimento, os produtos negociados não possuem muita diversidade, sendo basicamente restritos ao setor sucroalcooleiro, gado de corte, café, soja, milho, e, mais atualmente, o frango. Partindo deste ponto, nota-se a necessidade de uma nova concepção para o país continuar ganhando o mercado internacional na comercialização de produtos agrícolas e agroindustriais. Observa-se expressivo potencial na piscicultura brasileira que, até o presente momento, não apresenta muito destaque em âmbito internacional. Segundo Madrid (1998), a aqüicultura brasileira apresentou, entre os anos de 1995 e 1996, por exemplo, o significativo crescimento de 30% em sua produção, sendo este desempenho consideravelmente superior ao desempenho da produção mundial, notando-se que as produções asiáticas (China e Tailândia, como maiores produtores) já estão em seu limite máximo de produção e já demonstrando sinais de deficiência em água e solo. Dentro do setor da piscicultura encontra-se o cultivo da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) e da tilápia vermelha (Oreochromis ssp), peixe com ótimo aproveitamento produtivo e de grande aceitação no mercado internacional. O maior produtor mundial de tilápia é, indiscutivelmente, a China. Atualmente o país é responsável por aproximadamente 60% de toda a produção mundial do peixe, porém praticamente toda a produção é consumida pelo mercado interno, sendo uma pequena porção exportada para outros países. Outro aspecto negativo da tilápia chinesa é a baixa qualidade dos filés produzidos. Dentre os maiores compradores internacionais estão os Estados Unidos (EUA). Observa-se, desta forma, que o Brasil possui potencial para se tornar um dos maiores, senão o maior produtor e fornecedor mundial de peixes provenientes da aqüicultura e também, no setor específico de tilapicultura. Diversos fatores contribuem para tal fato como: i) condições climáticas, sendo cerca de 70% do território nacional é de clima tropical, totalmente favorável à criação das tilápias, pois permite o crescimento e desenvolvimento do peixe durante todo ano; ii) autonomia na produção de grãos, sendo grande exportador de milho e soja, neste caso utilizados como ração; iii) o país possui a maior quantidade de água doce do planeta, aproximadamente 12% do total, e a um baixo custo; iv) possui tecnologia e parque industrial trabalhando com alta ociosidade, o que permite um significativo crescimento a partir de uma maior utilização desses investimentos; v) um mercado consumidor doméstico com potencial crescimento, dependendo de fatores como o aumento de disponibilidade e redução de preço, para que 2 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" haja um crescimento na demanda; vi) além de profissionais, como zootecnistas e engenheiros, cada dia mais especializados e focados no desenvolvimento do animal para melhor aproveitamento da carne e maior produtividade (LOVSHIN, 1998). Apesar dos pontos positivos apresentados, ainda há muito para se fazer no que tange à estruturação logística e maior escala na industrialização da carne da tilápia para ganho de competitividade no mercado internacional. Deve-se considerar, também, que os piscicultores gostariam de dispor de canais de comercialização bem estabelecidos com os frigoríficos, pois, desta forma, poderiam entregar sua produção com baixa incerteza, reduzindo assim custos com mão-de-obra, transporte, alimentação, além de facilitar o manejo e ter um mercado garantido para seu produto (RISSATO, 1993). 2. METODOLOGIA A metodologia utilizada na análise foi estruturada de acordo com o método utilizado por Batalha & Silva (1999), o qual analisou a cadeia agroindustrial da carne bovina no Brasil, considerando o impacto de um conjunto de fatores críticos em relação a uma condição de desempenho competitivo da cadeia. Também se observa que o conhecimento de tais fatores, classificação quanto ao grau de “controlabilidade” e medição do impacto desses fatores sobre o desempenho de uma cadeia produtiva agroindustrial, é de suma importância para a definição de estratégias empresariais e políticas públicas com o objetivo de melhoria na competitividade (BATALHA & SILVA, 1999). Além dessa referência, serão considerados os enfoques de “Sistemas Agroindustriais” (SAGs), bem como a análise SWOT da atividade, como descritos a seguir. 2.1. Conceito e caracterização de Sistemas Agroindustriais (SAG) A partir de pesquisas realizadas por Davis e Goldberg (1957) e Zylbersztajn (1995) os estudos de coordenação dos SAGs passaram a ter caráter referencial para toda cadeia produtiva agrícola, conceituados por dois trabalhos, sendo o Commodity System Approach (de Davis e Goldberg) e os estudos desenvolvidos pela escola francesa, chamado de Filière, que significa “cadeias”. Tais conceitos passaram a considerar o “agronegócio” de forma sistêmica. Um SAG corresponde ao conjunto de atividades necessárias para se estruturar e produzir produtos agroindustriais. Todas essas atividades estão inter-relacionadas. Além disso, segundo Zylbersztajn (1995), as inter-relações entre as atividades do processo agroindustrial não pode ser entendida como um SAG de produção linear, apresentado por Galbraith (2001) e sim como uma rede, onde cada atividade possui contato direto com uma ou mais partes e, a partir do desenvolvimento e aperfeiçoamento de tais inter-relações, farão com que a estrutura do SAG tenha maior ou menor eficiência. 2.2. Análise SWOT Para se avaliar os desafios existentes a serem ultrapassados para que possa haver um desenvolvimento real da tilapicultura no Brasil, um dos métodos sugeridos, e que foi utilizado neste trabalho, é a elaboração da matriz de SWOT desenvolvida na década de 60, 3 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" pela Universidade de Harvard. SWOT significa Strenght (pontos fortes), Weakness (pontos fracos), Opportunities (oportunidades) and Threats (ameaças). (WRIGHT et al., 2000). Segundo WRIGHT et al. (2000), a matriz de SWOT analisa o ambiente externo comparativamente à posição competitiva de cada unidade do negócio. Desta forma, podem-se avaliar os pontos fortes e fracos do setor, consequentemente identificando as oportunidades e ameaças como forma de auxiliar na diretriz estratégica de um projeto. 2.3. Obtenção de Dados e Informações O procedimento empregado para obtenção dos dados e informações contidos nesta disse respeito ao levantamento de informações disponíveis em centros de pesquisas e entidades relacionadas ao setor de aqüicultura e à cadeia agroindustrial da tilápia no Brasil. Juntamente aos dados obtidos nos centros de pesquisa e entidades do setor, buscaram-se dados por meio de contatos com agentes do setor, sejam eles públicos, privados, produtores industriais e da pesquisa do setor. Artigos e publicações em revistas técnicas e sites informativos também foram pesquisados. 3. RESULTADOS: Caracterização do SAG da Tilápia no Brasil Diversas espécies de peixes vêm sendo cultivadas ao longo do mundo, dentre tais culturas uma das mais utilizadas e de melhor produtividade é a tilápia1. Originária da África, a tilápia passou a ser utilizada como uma cultura para produção com destino a industrialização e comercialização há apenas 50 anos passando a conquistar cada vez mais os principais mercados mundiais: EUA e Europa (VANNUCCINI, 1998). Segundo dados obtidos junto ao Ministério da Agricultura (2001) a produção da tilápia no Brasil em 1998 alcançava o patamar de aproximadamente 35 mil toneladas/ano, sendo apenas 1,27 toneladas exportadas para os EUA, principal consumidor. De acordo com informações disponibilizadas pela Secretaria Executiva do Departamento de Pesca e Aqüicultura (1996), entidade subordinada ao Ministério da Agricultura e Abastecimento, o SAG (Sistema Agroindustrial de Produção) para a tilápia apresenta a seguinte estruturação de seus elos de produção: segmento de insumos, produção/criação, indústria de transformação ou industrialização do produto, distribuição/comercialização e consumo final. Na Figura 1 é apresentado um esboço do Sistema Agroindustrial da Tilápia no Brasil. 1 A tilápia é oriunda da África Continental (excluindo Madagascar) e da Palestina (Vale do Rio Jordão e rios costeiros). Existem cerca de 70 espécies, sendo que as de importância comercial pertencem a três gêneros: Oreochromis niloticus, Oreochromis spp e Sarotherodon spp. Tilápias são peixes termofílicos e sua distribuição nos continentes está condicionada às baixas temperaturas. Apesar de serem peixes de água doce, são extremamente tolerantes a água salobra (TILÁPIAS, 1995). 4 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Figura 1. Representação esquemática do Sistema Agroindustrial (SAG) da Tilápia (adaptado de SONODA, 2002). 3.1. Insumos São produtos e recursos necessários para que seja desenvolvida a atividade produtiva. Dentre eles encontra-se máquinas e equipamentos, infra-estrutura, transporte, mão-de-obra, ração, medicamento, tanques-rede e diversos outros recursos. Os principais insumos utilizados na tilapicultura são os tanques-rede, infra-estrutura e ração. A criação de peixes em tanques-rede é uma alternativa que vem crescendo constantemente e apresenta vantagens técnicas (fácil manuseio), ecológica (não há necessidade de construção de diques ou açudes ou tanques de terra visto que o cultivo pode ser feito em rios), econômico (custos bem inferiores ao sistema extrativista) e possui fácil adaptação regional (SCHIMITTOU, 1993; KUBITZA, 2000). Segundo Rotta & Queiroz (2003), o cultivo em tanques-redes apresenta um custo técnico relativamente menor do que a cultura tradicional de criação em viveiros de terra ou açudes, devido aos elevados custos para construção dos viveiros. A ração é o insumo fundamental na produção e, segundo estudos de Jolly & Clonts (1993) e Kubitza & Ono (2003), representa o principal custo na produção, variando entre 50% e 70% do total da produção. A nutrição animal adequada exerce fundamental influencia no crescimento e qualidade da carne do animal e é o pré-requisito básico para o sucesso da criação (HAYASHI et al., 2001). 5 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" 3.2. Produção Este representado pela aqüicultura propriamente dita, definida como “o cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios e plantas aquáticas” (BARDACH et al., 1972). Corresponde ao processo de criação dos organismos aquáticos, neste caso a tilápia, em ambientes naturais (rios, lagos, etc.) e em ambientes artificiais (como açudes, tanques-rede, viveiros e represas). O sistema tradicional brasileiro utilizado tanques escavados em terra, na forma de açudes, também conhecidos como viveiros tradicionais, onde o produtor é responsável pela aquisição de alevinos e de ração (SONODA, 2006b). Sendo a ração responsável pela maior parte do custo de produção, variando entre 50% e 60% do custo total (SCORVO et al., 1998). Segundo Sonoda (2000), o custo com a ração no sistema tradicional tende a ser menor, devido à tilápia ser um peixe filtrador, aproveitando o plâncton do tanque na alimentação, dessa forma pode-se aplicar uma ração de qualidade inferior, pois o suplemento vitamínico será retirado dos plânctons pela tilápia. Porém tal sistema impede o controle de mortandade, homogeneidade, sabor (off flavor) e dificuldade na despesca. Tais fatores impedem uma aceitação e aprovação do peixe em mercados mais rígidos e exigentes como Estados Unidos, Europa e Japão. Outro sistema que vêm sendo implantado no Brasil é o sistema intensivo, onde os peixes são criados em tanques-rede, porém devido a alta concentração de indivíduos dentro do tanque rede expõem a necessidade de uma constante circulação de água (COLT & MONTGOMERY, 1991), neste caso podendo ser criados em rios. Outro aspecto negativo neste sistema é a necessidade de utilização de uma ração com melhor qualidade do que aplicada no sistema tradicional e como conseqüência, sendo essa mais cara (CARNEIRO et al., 1999). Tais características permitem um resultado oposto ao obtido no sistema tradicional, sendo os peixes provenientes dessa cultura os destinados ao exterior. Segundo CAMARGO & POUEY (2005), a aqüicultura brasileira possui um desenvolvimento muito modesto comparado aos demais produtores mundiais, isso se deve, principalmente, à falta de política setorial em favor de uma dinamização do apoio governamental à produção e da falta de definição de alternativas que gerem maior impacto econômico visando o aproveitamento das potencialidades naturais de cada região. De acordo com últimos dados da FAO (2007), a produção brasileira de tilápias estava em torno de 69.078 toneladas em 2004, apresentando um crescimento de 10,4% comparado com a produção de 62.558, em 2003. O valor acumulado, nos últimos 10 anos (de 1995 a 2004), atinge um crescimento de 474,9% (Tabela 1). Sendo os anos de 2002, 2003 e 2004 os mais expressivos, com a ressalva da pequena queda apresentada em 2005 (redução em 2% na produção), que foi reflexo da crise da agricultura devido, principalmente a seca. Tal fato mostra o potencial de crescimento que o Brasil apresenta, apesar das dificuldades políticas internas, como a falta de apoio governamental; e comerciais como barreiras técnicas e dificuldades na redução dos custos de produção. 6 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Tabela 1. Evolução da produção brasileira de tilápias Ano Quantidade (em t) Valor (em U$ 1.000) 1995 12.014 42.049,0 1996 15.700 54.950,0 57.273,0 1997 16.845 1998 24.062 79.404,6 1999 27.104 89.443,2 2000 32.459 107.114,7 114.656,0 2001 35.830 2002 42.003 134.409,6 2003 62.558 200.185,6 2004 69.078 221.049,6 217.123,2 2005 67.851 Fonte: FAO (2007) Crescimento 31% 4% 39% 13% 20% 7% 17% 49% 10% -2% 3.3. Indústria de Transformação ou Industrialização A industrialização ou transformação da criação dá-se através do processamento do animal, primeiramente sendo abatido, posteriormente eviscerado, descamado, retirada a espinha, filetada a carne, e empacotamento e/ou congelamento do produto, ou simplesmente resfriamento para comercialização do filé fresco, destinando-se para o próximo segmento da SAG, a distribuição. Ressalva-se ainda a possibilidade de não-abate, ou seja, venda do animal vivo, que será tratada no próximo segmento. Segundo Oetterer (1999), como forma de gerar subsídios para agilização da transferência de tecnologia da universidade ao setor produtivo, foram apresentadas possibilidades para processamento do pescado cultivado, nas formas de congelado, resfriado e defumado/refrigerado, mencionando também seus respectivos custos fixos e variáveis, e a estrutura de produção para implementação de frigoríficos (SOCCOL, 2003). 3.4. Distribuição / Comercialização Pode-se dividir a distribuição e comercialização da tilápia em dois sub-segmentos: comercialização de peixes vivos e comercialização da carne do peixe. Primeiramente, o mercado de peixes vivos é dominado pelos pesque-pagues, sendo fornecidos por intermediadores e transportadores. Desta maneira os pesque-pagues, direcionam o peixe diretamente ao consumidor final. Em segundo lugar, existe o mercado de carnes, onde a indústria realiza todos os procedimentos produtivos de transformação, conforme descrito no segmento anterior, para venda ao consumo humano. Sendo essa forma similar a utilizada no setor extrativo. 7 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" 3.5. Consumo O consumidor final é o responsável pelo encerramento da SAG da tilápia. Conforme descrito pela Lei 8.078/90, prevaleceu o critério objetivo, asseverando no seu art. 2º, caput: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. 3.6. Mercado internacional Segundo JORY et al. (2000), a tilápia é, atualmente, a segunda espécie de peixe mais cultivada mundialmente, tornando-se um dos principais produtos do mercado da aqüicultura nos EUA, tanto em volume de produtos como de variedade, sendo comercializada fresca e eviscerada; congelada; inteira e em filé. Os EUA, em 2000, importaram aproximadamente 40 mil toneladas de carne de tilápia (em forma de peixe inteiro congelado, filé congelado e filé fresco, considerando que o maior volume foi o de peixe inteiro congelado) (CASTILHO CAMPO, 2001). Este autor também menciona que o consumo interno norte-americano da tilápia está em torno de 90 mil toneladas em 2000, resultando num crescimento de aproximadamente 78%, em se comparando com o ano de 1998. Dentro do comércio internacional de produtos relacionados à tilápia, encontra-se a Tailândia, Taiwan e Indonésia, como sendo os três principais exportadores mundiais de filés congelados e peixe inteiro. Por outro lado, no mercado de filés frescos os países dominantes são provenientes da América Latina, como Costa Rica, Equador e Honduras (JORY et al., 2000), sendo o Equador um dos principais em crescimento no volume de importação, com um aumento na produção de aproximadamente 10% ao ano (REDMAYNE, 2000). Analisando a participação brasileira na produção mundial de carne de tilápia, notase uma humilde presença em 1995, quando aparece apenas na trigésima terceira posição (HILSDORF & PEREIRA, 1999). Nota-se que, de uma forma geral, os volumes das exportações diminuíram quando se analisa em volume e em valor, porém pode-se observar que houve um notável crescimento na industrialização, como observado no campo de Filé fresco/resfriado/congelado, chegando esse crescimento a 527% em um ano. Tal fato é explicado devido a uma mudança na estratégia dos principais produtores brasileiros de tilápia, segundo o Ministério da Agricultura (2006). Na Tabela 2 são apresentadas as estatísticas de exportação de tilápia pelo Brasil. 8 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Tabela 2. Estatísticas de exportação de tilápia pelo Brasil Período US$ FOB Filés de tilápia congelada 2006 259.891 2005 41.469 2004 54.990 Tilápias inteiras frescas 2006 11.645 2005 9.469 2004 22.308 Tilápias inteiras congeladas 2006 223.412 2005 482.101 2004 382.807 Fonte: Aliceweb (2007). Peso Líquido (kg) 53.757 25.173 9.892 3.331 4.644 17.932 108.282 284.994 242.286 3.7. Análise SWOT do SAG da tilápia 3.7.1. Vantagens comparativas do Brasil Destacam-se como vantagens comparativas da produção de tilápias no Brasil, as técnicas de reversão sexual2, as tecnologias de alto nível para SAGs com estruturas frigoríficas com ociosidade, o clima altamente favorável, o tamanho do mercado consumidor, dentre outros. Assim, nota-se que o Brasil possui um sistema de transformação industrial com alta tecnologia, sendo utilizado de forma direta pela indústria pesqueira (SCORVO, 1998). Ao mesmo tempo tal infra-estrutura apresenta alto grau de ociosidade (LOVSHIN, 1998), desta forma, os produtores de tilápia, proveniente da aqüicultura poderiam usufruir dessa estrutura desde que tenham volume, qualidade e preço compatível às necessidades das empresas processadoras (SHIROTA, 2000). Utilizando-se a matriz SWOT proposta por WRIGHT et al. (2000), identificam-se os seguintes pontos fortes da tilapicultura no Brasil (FNP, 2006): - Possui pacotes tecnológicos definidos, como a técnica de reversão sexual e tecnologia no processamento da carne; - Apresenta alta produtividade na relação quilogramas de carne por hectare por ano; - Adequada eficiência alimentar; - Curto ciclo produtivo; e - Disponibilidade de recursos naturais. Com estes aspectos consegue-se uma identificação das oportunidades que favorecem ao produtor brasileiro. A abundância de recursos hídricos e represamento, assim como o clima favorável são alguns dos recursos relativos à capacidade natural do Brasil. Os centros de pesquisa básica e aplicada, especialmente os desenvolvidos em 2 A reversão sexual da tilápia consiste em aplicação de hormônios, dentre eles o 17α-metiltestosterona, para aumento da produtividade, sobrevivência e controle da produção (LOVSHIN et al., 1990). 9 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" universidades permitem uma disposição maior de informações que auxiliam ao produtor brasileiro nas escolhas estratégicas, assim como o fortalecimento nos últimos anos em pesquisa na piscicultura, realizado pela Embrapa. Quanto aos insumos pode-se destacar que o Brasil possui capacidade para o suprimento de alevinos com qualidade genética comprovada da Tilápia (ZIMMERMANN, 2000). Vale lembrar da grande capacidade do Brasil na produção de grãos o que permite o suprimento e distribuição de rações, considerando as inúmeras indústrias de ração já instaladas no país. No aspecto comercial, as oportunidades são: a ociosidade da infra-estrutura já instalada para resfriamento, processamento e transporte aplicados na pesca extrativa; a estabilidade do segmento de pesca extrativa; e, não menos importante, o desenvolvimento tecnológico para o abate, corte, aproveitamento de resídos e subprodutos (CONTRERASGUZMÁN, 1994). Segundo dados da CEAGESP (2006), o Brasil apresentou um considerável aumento na oferta de pescados cultivados em hipermercados e centros de distribuição, o que reflete um aumento do consumo per capita de peixe no Brasil, com a tendência ao consumo de carnes brancas. Outro aspecto importante a se observar, são as últimas crises decorrentes no setor de avícola (Gripe aviária em 2005 e 2006 na Ásia) e no setor de criação bovina (surtos de aftosa no Paraná e Mato Grosso do Sul em 2006). 3.7.2. Desafios existentes para o desenvolvimento da tilapicultura no Brasil Apesar de todas as vantagens apresentadas por diversos estudiosos do setor, a Tilapicultura ainda está muito aquém do que pode produzir, observadas as vantagens do Brasil. Desta forma, quanto aos pontos fracos deste setor vê-se: - Dificuldade no monitoramento e no controle dos peixes devido a problemas com furtos e por ação de predadores; - Falta de corporativismo e cooperação mútua, pois há uma elevada concorrência entre os produtores; - Problemas com o controle na aquisição e investimento em alevinos; - Alta informalidade do setor aqüícola brasileiro; - Falta de apoio governamental e políticas de incentivo para o desenvolvimento do setor. Tais pontos fracos resultam em ameaças e tornam a produção de tilápias um desafio. Apesar da fundação do SEAP (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca) em 2003 por meio da Medida Provisória n° 103, no artigo 1°, § 3, inciso IV, com o objetivo de auxiliar e conceder parâmetros e subsídios para os tilapicultores, os produtores ainda encontram dificuldades em incrementar sua produção e seus lucros. Os custos relativos a produção ainda são muito altos frente ao mercado internacional, principalmente pelos problemas logísticos no transporte do produto até os portos e aeroportos de exportação, visto que a produção, de uma forma geral, está concentrada mais no interior do Brasil, ficando longe das estruturas desenvolvidas para exportação. Os diversos problemas como estradas defeituosas, longe dos grandes centros, e as altas taxas de pedágio, este já próximo aos centros exportadores, acabam por encarecer o transporte e, conseqüentemente, o valor do produto na venda. 10 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Relativo às técnicas aplicadas ao monitoramento e controle dos peixes, ainda há muito que se desenvolver. Tais técnicas estão sendo implantadas no Brasil apenas nos últimos anos, graças a estudos acadêmicos e pesquisas em centros tecnológicos. Outro fato que desafia o crescimento do setor é a falta de profissionalismo, sendo ainda este muito informal, apesar do surgimento de empresas com foco no corporativismo como a Tilápia do Brasil. Tal informalidade acaba por gerar problemas também na produção, como a falta de critério e melhor seleção dos alevinos o que pode acarretar com inferior qualidade e menor taxa de crescimento, gerando despesas desnecessárias. 4. CONCLUSÕES Apesar do notável potencial do Brasil no que tange a oportunidades e recursos naturais, o setor de tilapicultura no Brasil ainda está muito aquém do mercado mundial e de suas exigências. O futuro do Brasil é muito promissor no setor de aqüicultura, mais precisamente na tilapicultura e há condições, mesmo que ainda ocultas aos produtores brasileiros, para que haja um crescimento da participação de sua produção no mercado mundial. Infra-estrutura, frigoríficos, recursos naturais (rios, lagos, etc.), condições climáticas, suprimento de insumos básicos (rações) não faltam no Brasil, basta apenas uma estruturação administrativa, vontade política e mobilização dos produtores para conseguir incentivos e melhorias na infra-estrutura pública, que atualmente são os principais problemas na hora da comercialização do produto final. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA ALICEWEB (2007). Disponível em: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br. Acesso em 21 de março de 2007. BARDACH, J.E. et al. Aquaculture - the farming and husbandry of freshwater and marine organisms. New York: John Wiley & Sons, 1972. 868p. BATALHA, M. O. & SILVA, C. A. B. da. Competitividade em Sistemas Agroindustriais: Metodologia e Estudo de Caso. II Workshop Brasileiro de Gestão de Sistemas Agroalimentares – PENSA/FEA/USP. Ribeirão Preto. 1999. 12 p. CAMARGO, S.G.O; POUEY, J.L.O.F. Aqüicultura – Um mercado em expansão. Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Pelotas p.2-3, 2005. CARNEIRO, P.C.F.; MARTINS, M.I.E.G.; CYPRINO, J.E.P. Estudo de caso de criação comercial de tilápia vermelha em tanques-redes; avaliação econômica. Informações Econômicas, v.29, n.8, p.52-61, 1999. CASTILLO CAMPO, L.F. Situación del comercio de tilapia em el año 2000. Panorama Acuícola, v.6, n.3, p.24-27, 2001. CEAGESP (2006). Disponível em: http://200.198.202.145/seap/2conferencia/ Conferencia.pdf . Com acesso em 26 de março de 2007. 11 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" COLT, J.; MONTGOMERY, J.M. Aquaculture production systems. Journal of Animal Science, v.69, p.4183, 1991. CONTRERAS-GUZMÁN, E. S. Bioquímica de pescados e derivados. Jaboticabal: FUNEP, 1994. 409 p. DAVIS, J.H. & GOLDBERG, R.A. A concept of agribusiness. Boston, Division of Research / Graduate School of Business Administration / Harvard University, 1957. FAO. Food And Agriculture Organization of the United Nations. Fishstat. http://www.fao.org/figis/servlet/SQServlet?file=/usr/local/tomcat/FI/5.5.9/fia5/webapps/fig is/temp/hqp_141713.xml&outtype=html. Fevereiro de 2007. FNP (2006). Anualpec 2006. “Mercado é favorável, mas há riscos consideráveis”. Suínos e Outros, p. 280-283. 2006 GALBRAITH, J.R. Planejamento estratégico de organização. In: MINTZBERG, H; QUINN, J.B. O processo da estratégia. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. p. 133-140 HAYASHI, C.; BOSCOLO, W.R; MEURER, F. et al. Desempenho de larvas de carpa cabeça grande (Aristichthys nobilis), alimentadas com plâncton, ração micropeletizada, farelada e pastosa. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais. Piracicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2001. p.1419. HILSDORF, A.; PEREIRA, J.L. Perfil de consumo de pescado em restaurantes industriais da região do Vale do Paraíba. Panorama da Aqüicultura, v.9, n.53, p.31-35, 1999. JOLLY, C.M.; CLONTS, H.A; Economics of aquaculture. Binghamton: The Haworth Press. 319 p. 1993. JORY, D.E.; ALCESTE, C.; CABRERA, T.R. Mercado y comercialización de tilapia en los Estados Unidos de Norteamérica. Panorama Acuícola, v.5, n.5, p.50-53, 2000. KUBITZA F. Qualidade de água, sistemas, planejamento da produção, manejo nutricional e alimentar e sanidade. Panorama da Aqüicultura, v.10, n.59, p. 44-53, 2000. KUBITZA, F.; ONO, E.A. Projetos aquícolas: planejamento e avaliação econômica. 1. ed. Jundiaí: F. Kubitza. 88 p. 2003. LOVSHIN, L. L. Status of commercial fresh water fish culture in Brazil. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO E NUTRIÇÃO DE PEIXES,2., 1998, Piracicaba. Anais. Piracicaba,1998. p.1-20. 12 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" LOVSHIN, L.L. Growth and yeld of mixed-Sex, young-of-the-year Oreochromis niloticus raised at two densities in earthen ponds in Alabama, U.S.A.. Aquaculture, Amsterdam, v.89, p.21-26, 1990. MADRID, R.M. Análise de viabilidade econômica e financeira de projetos de aqüicultura. Panorama da Aqüicultura, v.8, n.49, p. 20-23. set./out., 1998. OETTERER, M. Aproveitamento do resíduo sólido de peixe, camarão e bivalves como ingrediente de ração para aqüicultura. Tese (Saneamento Ambiental) - Universidade Presbiteriana Mackenzie. 1999 REDMAYNE, P. Como el camarón y el salmon de cultivo la tilapia se está conviertiendo rápidamente em un proveedor de filetes frescos y congelados de alta calidad. Virtualmente todos los filetes de tilapia vendidos em los Estados Unidos son importados. Panorama Acuícola, v.5, n.3, p.8-9, 2000. RISSATO, D. Diagnóstico econômico da atividade piscícola ao nível de produtor associado à Associação de Aqüicultores do Oeste do Paraná (AQUIOPAR) p. 146-153. ROTTA, M.A. e J.F. QUEIROZ. Boas práticas de manejo (BPMs) para produção de peixes em tanques-redes. Corumbá: Embrapa. Pantanal. 27 p (Documentos, n. 47), 2003. SCHIMITTOU, H.R. High density fish culture in low volume cages. Singapore: American Soybean Association, p. 78, 1993. SHIROTA, R.; OBA, L.C.; SONODA, D.Y.; Estudo dos aspectos econômicos das processadoras de peixes provenientes da piscicultura. III Simpósio sobre recursos naturais e sócio-econômicos do Pantanal. Os Desafios do Novo Milênio. Corumbá, MT. p.1-5, 2000. SCORVO, J. D.F. Aspectos econômicos da piscicultura de água doce com ênfase na cadeia produtiva. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO E NUTRIÇÃO DE PEIXES, 2., 1998, Piracicaba. Anais... Piracicaba: CBNA, 1998. p. 21-34. SCORVO, J.D.F.; MARTIN, N.B.; AYROSA, L.M.S. Piscicultura em São Paulo: custos e retornos de diferentes sistemas de produção na safra 1996/1997. Informações Econômicas, v.28, n.3, p.41-60, 1998. SECRETARIA EXECUTIVA DO DEPARTAMENTO DE PESCA E AQÜICULTURA (1996). Disponível em: http://www.mercadodapesca.com.br/cadeias_tilapia.php? pag=vantagens_competitivas. Com acesso em 10 de março de 2007. SOCCOL, M.C.H. Otimização da vida útil da tilápia do nilo (Oreochromis niloticus) cultivada, minimamente processada e armazenada sob refrigeração. Tese (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz, ESALQ, 2003. 13 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" SONODA, D.Y. Análise econômica do sistema de produção de tilápias em tanques rede para diferentes mercados. 2002. p 6. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002. TILÁPIAS. Panorama da Aqüicultura, v. 5, n. 27, p. 8-13, jan./fev. 1995. VANNUCCINI, S. Western world – the focus of new tilapia market. INFOFISH Internacional, Malásia, n. 4, p. 20-24, jul./ago. 1998. WRIGHT, P.; KROLL, M.J.; PARNER, J. Administração estratégica. São Paulo, Atlas, p.157-159. 2000. ZIMMERMANN, S. Observações sobre o crescimento de tilápias nilóticas (Oreochromis niloticus) da linhagem chitralada em dois sistemas de cultivo e três temperaturas. In: The 21st : Proceedings From The Fifth International Symposium On Tilápia Aquaculture, 1, Rio de Janeiro. Anais … Rio de Janeiro: p.323-327. 2000. ZYLBERSZTAJN, D. Conceitos gerais, evolução e apresentação do sistema agroindustrial. In: ZYLBERSZTAJN, D; NEVES, M. F. (Org.) Economia e gestão dos negócios agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000. p. 1 – 21. ZYLBERSZTAJN, D. Estruturas de governança e coordenação do Agribusiness: uma aplicação da Nova Economia das Instituições. Tese de livre docência apresentada no Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. São Paulo: 1995. 238 p. 14 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural