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Os efeitos da corrente galvânica no tratamento das estrias atróficas
Willyanne Nataly Rodrigues1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Dermato Funcional– Faculdade Ávila
Resumo
A estria é uma atrofia da pele, adquirida devido ao rompimento das fibras elásticas presentes
na segunda camada da pele, chamada derme. Estas rupturas formam lesões paralelas,
podendo afetar pessoas de ambos os sexos, porém, a maior incidência ocorre nas pessoas do
sexo feminino, sendo uma das principais queixas das mulheres. A corrente galvânica pode
ser utilizada como terapia no combate das estrias, viabilizando uma regeneração do mesmo.
Este artigo teve por objetivo avaliar a eficiência da utilização da corrente galvânica no
tratamento das estrias atróficas e por objetivos específicos: estudar a anatomia e fisiologia
da pele; identificar os fatores desencadeantes das estrias; verificar as alterações promovidas
com o uso da corrente galvânica; revisar sistematicamente os estudos realizados sobre o uso
da corrente galvânica no tratamento das estrias atróficas. Os estudos presentes na literatura
apontam que a utilização da corrente galvânica é um recurso terapêutico no combate as
estrias. Todavia deve ser aliado a outras técnicas de tratamento.
Palavras-chave: Fisioterapia;Estrias;Corrente galvânica.
1.Introdução
O presente artigo que tem como foco discutira importância da corrente galvânica no
tratamento das estrias atróficas.É notável a evolução que o ramo da fisioterapia obteve ao
longo dos anos, ampliando de forma significativa sua área de atuação. Uma destas áreas que
merece destaque, ocupada anteriormente apenas por dermatologistas e esteticistas é
a Dermatofuncional que tem como alicerce a prevenção e recuperação dos distúrbios
metabólicos, dermatológicos e músculo esquelético. O fisioterapeuta é um profissional
gabaritado para utilizar diversos recursos terapêuticos a fim de corrigir problemas estéticos,
tão valorizados nos dias atuais.
Um dos problemas estéticos mais comuns observados na maior parte das mulheres são as
estrias, que segundo Filho (2000) se caracterizam por uma atrofia da pele, provocadas pelo ao
rompimento das fibras elásticas presentes na derme. Estas rupturas da pele ocorrem
comumente nas coxas, nádegas, abdômen, mamas e dorso do tronco. Trata-se de uma atrofia
cutânea adquirida, pois apresenta diminuição de volume e número das células de uma ou mais
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Pós-graduando em Dermato funcional
2. Orientadora: Fisioterapeuta Especialista em Metodologia do Ensino Superior Mestranda em
Bioética e Direito em saúde.
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camadas de epiderme, e toda a parte da derme e anexos. Na ótica de Mondo e Rosa(2004)
apud Bravim &Kimura(2007) esse rompimento é denominado atrofia tegumentar adquirida
De acordo com Guiro & Guirro (2002) estas costumam ocorrer na fase do crescimento,
durante as alterações hormonais, efeito sanfona (engordar ou emagrecer muito) e na gestação.
Neste aspecto Kede e Sabatovich (2004) concordam com o proposto pelos autores acima e
acrescentam também que ocorre com frequência também na fase da puberdade.
Ventura (2003) explica que a cor das estrias varia de acordo com o período de instauração e
destaca que quando elas se apresentam avermelhadas é por que são recentes, quando se
tornam antigas ficam esbranquiçadas.
Maio (2004) define as estrias como um processo degenerativo cutâneo, benigno, caracterizado
por lesões atróficas ocorrendo em trajeto linear onde variam de cor, dependendo da sua fase
evolutiva.
Neste aspecto, Guirro e Guirro (2002) enfocam que na primeira etapa as estrias são
denominadas striae rubrae (rubras). Quando estão instaladas na pele são denominadas de
striae albae (Alba ) no momento em que as lesões tornam-se esbranquiçadas, quase nacaradas.
Estas são classificadas de acordo com sua coloração, as rosadas apresentam aspecto
inflamatório, e as atróficas apresentam aspecto cicatricial.
A discussão sobre a possibilidade de retirar as estrias, bem como escondê-las é bem antigo,
pois existia uma teoria de que o tecido elástico não se regenera devido a perda da elastância,
todavia, os recentes estudos mostram resultados significativos com os novos tratamentos
aplicados e dentre eles destacamos o uso de ácido, dermoabrasão e a corrente galvânica.
O uso da corrente galvânica no combate das estrias tem por objetivo provocar um processo
inflamatório agudo no tecido acometido pela estria, para que haja uma regeneração do
mesmo.
O trauma aumenta a atividade metabólica local, que leva a formação de tecido
colágeno, preenchendo a área degenerada, com retorno de sensibilidade fina. A inflamação
provocada pela corrente não tem nenhum efeito sistêmico e será absorvido em um período
de tempo de uma semana.
Este trabalho teve como objetivo geral: estudar os efeitos da corrente galvânica sobre as
estrias e por objetivos específicos: estudar a anatomia e fisiologia da pele; identificar os
fatores desencadeantes das estrias; verificar as alterações promovidas com o uso da corrente
galvânica; revisar sistematicamente os estudos realizados sobre o uso da corrente galvânica no
tratamento das estrias atróficas.
2.Materiais e Métodos
Este estudo caracteriza-se por uma revisão sistemática da literatura e foi realizado com a
finalidade de aprimorar os conhecimentos sobre o tema. O método de abordagem foi o
dialético, e o tema está inserido na área de Fisioterapia Dermato funcional.
O estudo teve como corte metodológico artigos científicos nacionais e internacionais
indexados nos anos de 2000 a 2010, utilizando as seguintes bases eletrônicas, ScieLo,
PubMed, Lilacs utilizando como unitermos: Fisioterapia; estrias, corrente galvânica, estética.
Foram encontrados poucos artigos, mais todos foram analisados a partir dos referenciais
teóricos apresentados, dados estatísticos e conclusões.
Além disso, foram também aproveitados livros considerados referências na área pesquisada,
no que diz respeito a estrias sendo os quais não foram utilizados o mesmo critério de
delimitação do período utilizado para os artigos.
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Nas bibliografias foram pesquisados assuntos enfocando a corrente galvânica no tratamento
das estrias, com o objetivo de avaliar a eficácia desse tipo de recurso terapêutico na referida
patologia.A pesquisa obedeceu as seguintes etapas: seleção de fontes de coleta bibliográfica;
seleção do material bibliográfico, leitura e fichamento.
Não fizeram parte do estudo, artigos que não correspondem aos objetivos do trabalho, e
incluídos os que abordam sobre a pele, reparação tecidual, dentre outros.
3.Referencial teórico
3.1 Anatomia e Fisiologia da pele humana.
Conforme Gardner et. al (1998) a pele é o maior órgão do organismo humano, tendo em
média, no adulto, uma área total de 2m, pesa aproximadamente 2,7kg, recebe 1/3 do volume
de sangue circulante, é ativada, sendo suas funções vitais para a manutenção dos mecanismos
de defesa contra doenças.
A pele é o maior órgão do corpo, representado 15% de seu peso. Trata-se do manto
de revestimento do organismo, que isola os componentes orgânicos do ambiente
externo. Sua complexa estrutura de tecidos, de várias naturezas, está adaptada a
exercer diferentes funções, tais como proteção termo-regulação e percepção entre
outras (SILVA, 2007,p.67).
Neste mesmo sentido, Robert (1998) confirma que a pele é considerada o maior órgão do
corpo humano, constituindo a sua estrutura de revestimento, cuja principal função é a
proteção contra vários fatores nocivos ao organismo, sendo que sua perda, mesmo que parcial,
pode colocar a vida em risco.
Para Gardner et. al (1998) a pele é o revestimento do corpo, formando uma barreira protetora
contra o meio externo, ao mesmo tempo em que mantêm à homeostase. Secreta e excreta,
água e produtos metabolizados, participam da regulação da temperatura corporal, contém
terminações nervosas sensitivas, participando do feedback sensorial para o equilíbrio,
proteção contra ferimentos, defesa contra microorganismos patogênicos, sendo, portanto,
indispensável à vida humana.
Fig.1 –Pele– Fonte adaptado de Wen -2008
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Robert (1998) a pele representa a primeira linha de defesa do organismo e, se sua manutenção
for saudável e íntegra, constituirá uma das barreiras contra as lesões.
Segundo Rod (1998) a pele, juntamente com as estruturas anexas, formam o chamado
SistemaTegumentar que reveste todo o organismo.
Carneiro e Junqueira, (2004), na grande maioria dos organismos multicelulares, como é o
caso do homem, as células se apresentam com diferenciação e se arrumam de tal forma que
constituem os tecidos. Segundo estes autores os tecidos epiteliais, ou simplesmente epitélios,
são tecidos formados por células cúbicas, achatadas (placóides), cilíndricas, prismáticas,
sempre bem justapostas, sem guardar espaços livres entre si, mostrando ausência ou quase
ausência de substância intersticial.
Para Dângelo e Fattini (2000) o SistemaTegumentaré considerado o mais importante para
pessoas, pois assume a função de cartão de visita, já que é um dos principais responsáveis
pela aparência. Daí que, para além de todas as razões de ordem fisiológica, também a estética
dita que tenhamos de tratar deste sistema com muita atenção, tendo em vista que a pele
reveste praticamente toda a superfície do corpo.
Neste contexto, pode-se então compreender a importância vital da pele para manutenção das
diferentes funções biológicas do corpo humano. De tal forma, que o próprio organismo possui
um mecanismo fisiológico que, em condições normais, garante a manutenção da integridade
cutânea através de uma renovação celular constante e controlada.
Na concepção de Silva (2004) apele é composta por duas camadas de tecido chamadas de
epiderme e Derme. A epiderme é uma camada de tecido epitelial que se situa sobre a derme.
Segundo O Sullivan e Schmitz (1993, p.588), a epiderme (fig.2)é a camada externa, composta
de duas outras camadas o estrato córneo (impermeável à água e protege contra infecções) e o
estrato granuloso (responsável pela retenção hídrica, regulação térmica, tem queratina e
melánocitos).
A superfície da epiderme contém cristais interpapilares que servem para aumentar a área entre
a epiderme e a derme, a ausência desses cristais na ferida por queimadura resultará na abrasão
e na fraca aderência do novo tecido epidêmico.
Figura 02- Epiderme-Fonte adaptado do Wen,
Conforme Spence (1998) sua gênese pode ser rastreada até o folheto único da
superfície ectodérmica do embrião. No momento do nascimento, a epiderme é
constituída por várias camadas de células pavimentosas estruturando um epitélio
estratificado. Com seu espessamento posteriormente, várias camadas superpostas
podem ser observadas: a germinativa, a granulosa, a transparente e a córnea. Nas áreas
onde a epiderme é mais delgada, não está presente a camada transparente.
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De acordo com o referido autor a epiderme vem do grego: epi que significa acima; e derma
que significa pele, o qual apresenta-se pluriestratificada (várias camadas) e as células
superficiais vão acumulando uma proteína impermeável e insolúvel, a queratina. Tais células
morrem e vão constituindo a camada córnea, ou de queratina, formada de células mortas mais
queratina.
De acordo com Sodré e Azulay (2004) a epiderme encontra-se em constante queratinização,
ou seja, as células vivas da camada basal são transformadas em células de descamação mortas
do estrato córneo.
As células queratinizadas são repletas de queratina e possuem um invólucro proteico, que em
conjunto concorrem para a força estrutural. Os espaços intercelulares são preenchidos por
lipídios que contribuem para a impermeabilidade da pele em relação à água.
As células superficiais mortas vão descamando e sendo substituídas por células mais
profundas. Na base da epiderme existem células, os melanócitos, que são responsáveis pela
produção e acúmulo de melanina, o pigmento que dá a cor da pele e nos protege contra a ação
lesiva dos raios ultravioletas.
Na epiderme chegam terminações nervosas minúsculas para a dor, porém aqui não existem
nervos nem vasos sanguíneos. Os nutrientes e oxigênio chegam à epiderme por difusão a
partir de vasos sanguíneos da derme.
Para os autores citados anteriormente, a camada basal é a mais profunda da epiderme, sendo
constituída por uma única fileira de células cúbicas ou cilíndricas e na medida que vão sendo
empurradas para a superfície as células vão se tornando mais achatadas.
A camada basal e a espinhosa são por vezes chamadas de estrato germinativo, pois só nesta
seque o corre divisão celular.
A Derme é uma camada de tecido conjuntivo denso que se encontra sobre a Hipoderme. A
Hipoderme, que não faz parte da pele, é designada por alguns autores por tecido celular
subcutâneo.
Segundo Williams et.al. (1998) a derme é a parte profunda da pele. É um tecido conjuntivo
denso irregular com fibroblastos, algumas células adiposas e macrófagos. O colágeno
constitui a principal fibra, mas encontram-se também fibras de elastina e de reticulina.
A derme (fig 03.) é responsável pela maior parte da força estrutural da pele. Consideram-se
aqui mais duas camadas: a dermereticular e a dermepapilar.
A derme reticular é a mais profunda, sendo contígua à hipoderme. É a principal camada
fibrosa e é constituída majoritariamente por colágeno. A derme papilar é assim designada
devido aos prolongamentos que possui em direção à epiderme. Possui mais células e menos
fibras relativamente à derme reticular.
No entanto, continua a ter uma boa vascularização, removendo os produtos de excreção da
pele e regulando a temperatura corporal.
Fig.03- Derme - Fonte- adaptado do Wen 2008
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Spence (1998) afirma que a partir da mesoderme embrionária, como os músculos e
esqueleto, a derme contém fibras elásticas, reticulares, e colágeno, sendo irrigada por
vasos sanguíneos e linfáticos. Também contém vários nervos, além de glândulas
especializadas e órgãos dos sentidos. Sua espessura é variável, sendo, em média, de 2
mm.
Na derme distinguem-se duas camadas. A papilar é a parte mais externa, interligada ao estrato
basal da camada germinativa, caracterizada pelas várias papilas projetando-se na região
epidérmica. As papilas são dotadas de alças capilares, mas outras contêm receptores
sensoriais especializados capazes de reagir a estímulos externos, como por exemplo,
alterações de temperatura ou pressão.
Segundo O Sullivan e Schmitz (1993, p.588) a derme é a segunda camada e possui uma rede
de leitos vasculares, vasos sanguíneos, linfáticos, glândulas sudoríparas, terminações nervosas
e células de regeneração epidérmica.
A derme esta conectada a uma terceira camada o tecido subcutâneo com uma rede entrelaçada
de tecido conjuntivo fibroso nas camadas fásciais musculares.
Para Silva (2004) o tecido subcutâneo ou Hipoderme, situada sob a derme, é um tecido
conjuntivo laxo, com fibras de colágeno e de elastina. Os principais tipos de células na
hipoderme são os fibroblastos,as células adiposas e os macrófagos. A hipoderme é o tecido
que faz a ligação entre a pele e as estruturas subjacentes.
Para Spence (1998) abaixo da pele humana existe a hipoderme que do grego significa hipoabaixo e derma - pele, camada de tecido adiposo (células que armazenam gordura na região
subcutânea, que atua como reserva energética, protetora contra choques mecânicos e isolante
térmico).
Conforme a citada autora, na hipoderme é armazenada cerca de metade da gordura corporal,
constituindo uma importante reserva de energia. Fornece proteção contra traumas mecânicos
organismo, amortecendo os impactos.
Spence (1998) a hipoderme, embora não integre a pele, tem importante função , pois
fixa a pele nas estruturas adjacentes. Constitui assim um complemento das estruturas
celulares epiteliais, formando uma rede em que estão presentes, além de tecido
conjuntivo frouxo, células adiposas que se depositam entre as fibras.
Para Silva (2004) apesar de haver uma certa homogeneidade na organização estrutural da
pele, observam-se algumas diferenças significativas entre os indivíduos, nomeadamente no
que diz respeito a sua cor. Na verdade, a cor da pele é determinada pela presença de
pigmentos, pela circulação de sangue e pela espessura da camada córnea.
De acordo com Williams, et. al.(1998) assim, os melanócitos, situados entre a camada basal e
espinhosa produzem o pigmento protetor ou melanina dentro dos melanossomas que depois é
transferida para os queratinócitos.
A produção de melanina é determinada por fatores genéticos, mas pode ser influenciada
hormonalmente e através da exposição às radiações ultravioletas. O tamanho e a distribuição
dos melanossomas determinam a cor da pele.
O aumento do fluxo sanguíneo produz uma cor vermelha na pele e a sua diminuição provoca
palidez. Também a composição do sangue tem influência na cor da pele, uma vez que se
houver diminuição de oxigênio no mesmo a pele assume uma cor azulada (cianose).
As estruturas anexas ou acessórias da pele são aquelas que assumem um papel ativo ao
coadjuvar a pele no desempenho das suas funções. Uma característica comum a todas elas é
que cobrem o exterior do organismo, de onde facilmente se depreende que terão uma
importante função protetora do mesmo.
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Conforme Rod (1998) em condições normais basta simples gestos para que a manutenção de
uma pele, cabelos e unhas bonitos, saudáveis e brilhantes seja uma realidade. A alimentação
assume aqui um importante papel.
Dessa forma, torna-se indispensável fornecer ao organismo as quantidades necessárias de
vitaminas, minerais e aminoácidos. Para, além disso, é fundamental adotar hábitos de higiene
saudáveis: Tomar banho frequentemente, lavar e escovar os cabelos, manter as unhas bem
cortadas.
Na constituição da pele encontram-se os órgãos anexos, como as glândulas sudoríparas,
localizadas na derme e epiderme, sendo uma unidade secretora com a função de regulação
térmica, os pelos, com a haste localizada acima da pele e a raiz alojada no folículo piloso com
a função de proteção e regulação da temperatura corporal, as glândulas sebáceas, localizadas
na derme, sendo secretora de sebo com a função lubrificante da pele e do pelo, e as unhas
estão dispostas na superfície dorsal das falanges distais, tendo função protetora.
3.2 Fisiologia da Pele
Segundo Silva (2004), aspecto do sistema tegumentar constitui uma primeira impressão
acerca do estado de saúde geral do indivíduo. Diante do exposto, pode prever-se que a
proteção dos órgãos internos constitui uma das principais funções do sistema tegumentar.
Contudo, e devido à complexidade do mesmo, existem outras funções também muito
importantes:
- Função Barreira: A pele evita a entrada de micro-organismos, atua como
barreira de permeabilidade e protege contra a abrasão e a radiação
ultravioleta;
- b) Defesa Imunológica: existem células presentes em nossa pele, os
macrófagos, que protegem o nosso corpo contra agentes externos.
- c) Regulação da Temperatura: através da dilatação e contração dos vasos
sanguíneos, há um controlo da perda de calor do corpo pela superfície.
Para Gardner (1998) o tegumento comum constitui o manto contínuo que envolve todo o
organismo, protegendo-o e adaptando-o ao meio ambiente.
De acordo com Carneiro e Junqueira (2004) as glândulas sebáceas estão, normalmente,
relacionadas aos pêlos. Sua secreção, uma mistura gordurosa, tem como função proteger a
epiderme contra o atrito e contra a excessiva descamação da camada córnea e lubrificar os
pêlos, evitando que eles se quebrem com facilidade.
De acordo com Silva (2004) a pele tem funções sensoriais, impermeabilização,
proteção,aderência, articulação e regulação da temperatura corporal.Neste contexto, explica o
autor: A primeira e mais lembrada função da pele é a sua capacidade de receber estímulos,
isto é possível porque a pele é ricamente inervada.
A pele possui diferentes receptores especializados para percepções separadas: dor,
temperatura, pressão e tato propriamente dito. A impermeabilização e proteção dependem da
estrutura da pele, já que funciona como uma importante barreira contra os microrganismos.
De acordo com Kitchen(2003) as lesões no tecido epitelial ocorrem devido a perda de
comunicação entre células adjacentes sendo liberadas no local da lesão substancias
quimiotáticas que viabilizam a migração das células originarias no tecido vascular e
conjuntivo.
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De acordo com Silva (2004) a pele tem funções sensoriais, impermeabilização, proteção,
aderência, articulação e regulação da temperatura corporal. Neste contexto, explica o autor:
- A primeira e mais lembrada função da pele é a sua capacidade de receber estímulos. Isto é
possível porque a pele é ricamente inervada. Globalmente conhecido como sentido do "tato",
na verdade a pele tem diferentes receptores especializados para percepções separadas: dor,
temperatura, pressão e tato propriamente dito. A pele possui os seguintes receptores com as
funções: a impermebialização e proteção depende da estrutura, pois a pele é uma estrutura
elástica e muito resistente. Além de nos proteger de agentes físicos e químicos e da
desidratação, a pele é uma importante barreira contra os microorganismos. O sebo, oriundo
das glândulas sebáceas, é constituído através de várias substâncias que atuam como
lubrificantes naturais do pêlo, evitando que fiquem frágeis. Este torna a pele oleosa,
diminuindo a evaporação de água a partir da camada córnea e protege a pele contra o excesso
de água na superfície, além de evitar crescimento de bactérias e fungos.
Na aderência e articulação as cristas e dobras da pele nas articulações, facilitam as tarefas que
precisam de movimentação e manipulação do ambiente. A regulação da temperatura corporal
também depende dos anexos da pele, principalmente das glândulas sudoríparas, dos pêlos e
dos vasos sangüíneos (SILVA, 2004)..
A epiderme é um epitélio multiestratificado, formado por várias camadas (estratos) de células
achatadas (epitélio pavimentoso) justapostas. A camada de células mais interna, denominada
epitélio germinativo, é constituída por células que se multiplicam continuamente; dessa
maneira, as novas células geradas empurram as mais velhas para cima, em direção à
superfície do corpo. À medida que envelhecem, as células epidérmicas tornam-se achatadas, e
passam a fabricar e a acumular dentro de si uma proteína resistente e impermeável, a
queratina. As células mais superficiais, ao se tornarem repletas de queratina, morrem e
passam a constituir um revestimento resistente ao atrito e altamente impermeável à água,
denominado camada queratinizada ou córnea.
Toda a superfície cutânea está provida de terminações nervosas capazes de captar estímulos
térmicos, mecânicos ou dolorosos.(fig.4) Essas terminações nervosas ou receptores cutâneos
são especializados na recepção de estímulos específicos. Não obstante, alguns podem captar
estímulos de natureza distinta. Porém na epiderme não existem vasos sangüíneos. Os
nutrientes e oxigênio chegam à epiderme por difusão a partir de vasos sangüíneos da derme.
Fig 04 – Terminações nervosas
Fonte www.afh.bio.br/tegumentar/img/Tegume1.jpg
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Nas regiões da pele providas de pêlo, existem terminações nervosas específicas nos folículos
capilares e outras chamadas terminais ou receptores de Ruffini. As primeiras, formadas por
axônios que envolvem o folículo piloso, captam as forças mecânicas aplicadas contra o pêlo.
Os terminais de Ruffini, com sua forma ramificada, são receptores térmicos de calor.
Na pele desprovida de pêlo e também na que está coberta por ele, encontram-se ainda três
tipos de receptores comuns:
1) Corpúsculos de Paccini: captam especialmente estímulos vibráteis e táteis.São formados
por uma fibra nervosa cuja porção terminal, amielínica, é envolta por várias camadas que
correspondem a diversas células de sustentação. A camada terminal é capaz de captar a
aplicação de pressão, que é transmitida para as outras camadas e enviada aos centros nervosos
correspondentes.
2) Discos de Merkel: de sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra aferente costuma estar
ramificada com vários discos terminais destas ramificações nervosas. Estes discos estão
englobados em uma célula especializada, cuja superfície distal se fixa às células epidérmicas
por um prolongamento de seu protoplasma. Assim, os movimentos de pressão e tração sobre
epiderme desencadeiam o estímulo.
3) Terminações nervosas livres: sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e especialmente
aos dolorosos. São formadas por um axônio ramificado envolto por células de Schwann
sendo, por sua vez, ambos envolvidos por uma membrana basal.
Na pele sem pêlo encontram-se, ainda, outros receptores específicos:
4) Corpúsculos de Meissner: táteis. Estão nas saliências da pele sem pêlos (como nas partes
mais altas das impressões digitais). São formados por um axônio mielínico, cujas
ramificações terminais se entrelaçam com células acessórias.
5) Bulbos terminais de Krause: receptores térmicos de frio. São formados por uma fibra
nervosa cuja terminação possui forma de clava.Situam-se nas regiões limítrofes da pele com
as membranas mucosas (por exemplo: ao redor dos lábios e dos genitais).
RECEPTORES DE SUPERFÍCIE
SENSAÇÃO PERCEBIDA
Receptores de Krause
Frio
Receptores de Ruffini
Calor
Discos de Merkel
Tato e pressão
Receptores de Vater-Pacini
Pressão
Receptores de Meissner
Tato
Terminações nervosas livres
Principalmente dor
Quadro I: Receptores da pele- Fonte: SILVA (2004)
De acordo com Silva (2004) nas camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, células
que produzem melanina, pigmento que determina a coloração da pele.
As glândulas anexas – sudoríparas e sebáceas – encontram-se mergulhadas na derme, embora
tenham origem epidérmica. O suor (composto de água, sais e um pouco de uréia) é drenado
pelo duto das glândulas sudoríparas, enquanto a secreção sebácea (secreção gordurosa que
lubrifica a epiderme e os pêlos) sai pelos poros de onde emergem os pêlos.
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A transpiração ou sudorese tem por função refrescar o corpo quando há elevação da
temperatura ambiental ou quando a temperatura interna do corpo sobe, devido, por exemplo,
ao aumento da atividade física.
De acordo com Hes (2002) a camada mais externa da pele é fina e avascular, quando
lesionada a epiderme costuma regenera-se em 4 a 6 semanas. Suas funções básicas consiste
em manter a integridade da pele e barreira física, ou seja, proteção. Na epiderme estão os
vasos sanguíneos, folículos pilosos, vasos linfáticos, glândulas sebáceas e glândulas
sudoríparas e composta de fibroblastos, colágeno e fibras elásticas. No qual o fibroblasto é
responsável pela formação do colágeno que dá resistência à pele e proteínas de elastina.
Assim a referida autora sintetiza as seis funções da pele: proteção, sensibilidade (barreira
física), termorregulação (dor, pressão, calor e frio) , excressão (excreta resíduos, água e
eletrólitos) , metabolismo (estimulo da vitamina D) e imagem corporal (nossa aparência).
3.3 Corrente galvânica
De acordo com Machado(2002) a corrente galvânica é uma corrente elétrica de
baixa frequência, polar, com fluxo constante de elétrons em uma só direção. Não ocorre
interrupção nem variação de intensidade durante o fluxo da corrente na unidade de tempo.
Podendo ser chamada de corrente constante, corrente contínua-CC, corrente direta,
unidirecional ou ainda corrente galvânica- CG.
A corrente galvânica não deve ser utilizada em cardiopatas, gestantes, pessoas que sofrem de
epilepsia, neoplasias e qualquer patologia que tenha contra indicação de eletricidade( LIMA
& PRESSE, 2005, apud BRAVIM & KIMURA,2007).
4. Resultados e discussão
No entender de Guiro& Guirro(2002) a eficácia do tratamento utilizando a corrente galvânica
no combate as estrias, desde que controlada as variáveis, diferindo o número de sessões de
acordo com a cor da pele, idade, tamanho das estrias.
O resultado pode variar em diferentes indivíduos, como em qualquer outro tratamento de
diversas afecções. Este fato está centrado na capacidade reacional de cada indivíduo.
Porém são necessárias várias aplicações de corrente galvânica na mesma estria e
uma associação de outros recursos (ácidos, cremes, peelings), para se obter um
resultado significativo no tratamento das estrias.
A intensidade mais utilizada é a de 100 microamperes, que é a indicada no manual, porém já
existem trabalhos publicados com resultados mais eficazes utilizando uma intensidade maior.
Guirro & Guirro (2002), realizou um estudo com 102 pacientes de pele morena e brancas, e
observou que na pequena amostragem de pacientes com pele negra a regeneração foi mais
rápida e evidente do que naqueles com a pele clara.
Ventura (2003) em seus estudos concluiu que além a coloração das estrias interferiu nos
resultados, uma que as mais jovens, de coloração menos esbranquiçada, responderam melhor
que as mais antigas.
Em um trabalho realizado por Santos e Simões (2004), utilizou-se a corrente galvânica no
tratamento das estrias em três pacientes do sexo feminino, onde a frequência utilizada variou
de 100 a 150 microamperes, tendo uma resposta satisfatória nos três casos.
Bravim e Kimura(2007) fizerem um revisão sistemática sobre o uso da corrente galvânica e
afirmaram que após a aplicação da corrente elétrica observaram uma epiderme mais espessa,
uma maior quantidade de fibroblastos, melhora nas fibras elásticas e no colágeno dentre
outros.Estes “concluíram que a limitação do tratamento das estrias atróficas está no fato de
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não existem protocolos definidos em relação ao tempo de estímulo, frequência e intensidade
ideal, o tempo de permanência desse estimulo e a sequencia do tratamento” (p.20).
Estes ressaltam que poucos estudos enforcam sobre as contra indicações do uso da corrente
galvânica.
Lima e Presse (2005) apud Bravim e Kimura (2007) destacam que o uso da corrente galvânica
promove aumento do edema na área da estria.
Mondo & Rosas (2004) realizaram uma pesquisa experimental com seis pessoas do sexo
feminino na faixa etária de 20 a 23 anos no período de março a julho de 2004 na Clinica de
Fisioterapia na Universidade de Santa Catarina e concluíram que um tratamento utilizando
essa técnica, não pode estar com tempo estipulado, visto que é é necessário um numero
ilimitado de sessões para combater essas indexáveis estrias.
Santos e Simoes(2004) apud Consulin(2007) utilizaram um tratamento utilizando a corrente
galvânica com três pacientes utilizando uma frequência entre 100 e 150 amperes e
concluíram diante do apresentado uma resposta satisfatória nos três casos.
Consulin (2007) realizou um trabalho objetivando o efeito da eletroestimulação
microgalvanica invasiva na pele com estrias por meio de análises microscópicas. No estudo,
selecionou 12 voluntárias na faixa etária entre 18 e 22 anos, com estrias bilaterais em várias
regiões do corpo, realizando uma sessão semanal durante um mês e concluiu que houve uma
redução do número de áreas com estrias, porém sugerem que novos estudos sejam realizados,
utilizar novas técnicas para satisfazer de forma mais ampla as necessidades das pacientes.
4. Considerações finais
O presente estudo forneceu importantes contribuições no que cerne à compreensão do que
seja estrias, etiologia bem como sobre o tratamento com a utilização da eletroterapia através
da corrente galvânica.
As estrias além de serem, desagradáveis aos olhos, no ponto de vista estético, acarretam
alterações comportamentais e emocionais (GUIRRO; GUIRRO, 2002).
Os moldes de beleza exigido habitualmente na sociedade, tem tornado a Fisioterapia
DermatoFuncional um dos setores de conhecimentos mais requisitados para os profissionais
da Fisioterapia.
Diante dos resultados apresentados, entende-se a necessidade de efetuar novos estudos a fim
de que novos dados sejam divulgados e os profissionais tenham subsídios para oferecer um
serviço de qualidade a clientela que anseiam por eliminar as indesejáveis estrias.
Várias formulações têm sido utilizadas nos tratamentos de estrias atróficas, visto que os
resultados não são unânimes, e conclusivos.
A literatura é escassa, não existem muitos trabalhos publicados, porém com base nas
informações colhidas entende-se o uso da eletroterapia no tratamento das estrias, devem estar
associados a outras terapias.
Levando em consideração o estudo realizado, deve-se induzir a uma continuidade da
pesquisa, buscar novas experiências, novos métodos, que possam enriquecer os
conhecimentos.
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Efeitos da Corrente Galvânica no Tratamento das