MARIJKE VAN WARMERDAM DE PERTO À DISTÂNCIA 21 JUL — 14 0UT/OCT 2012 Face to face, 2011; fotograma, cortesia/video still, courtesy Studio Marijke van Warmerdam Português/English MARIJKE VAN WARMERDAM De perto à distância MARIJKE VAN WARMERDAM De perto à distância [Close by in the distance] Marijke van Warmerdam (n. Nieuwer-Amstel, Países Baixos, 1959) vive e trabalha em Amesterdão e Karlsruhe. Desde a década de 80, a artista vem explorando novas possibilidades de expressão formal e conceptual, cruzando o filme, o vídeo, a escultura, a fotografia e a linguagem. “De perto à distância / Close by in the distance” é a maior exposição retrospectiva dos seus trabalhos, organizada pelo Museu Boijmans van Beuningen (Roterdão). A obra de Van Warmerdam concentra a atenção do espectador na beleza simples do quotidiano, mostrando como há sempre algo de extraordinário no que usualmente consideramos trivial. Apresentada em Portugal pela primeira vez, a obra de Marijke van Warmerdam tem sido exibida em numerosas exposições internacionais como as Bienais de Veneza, Sidney, Berlim e Gwangju, assim como a Documenta X, em Kassel. A sua obra integra colecções internacionais como a do Centre Georges Pompidou em Paris, o Stedelijk Museum em Amesterdão, o Museu de Arte Moderna de Kanazawa, no Japão, e o Castello di Rivoli, em Turim. A exposição agora apresentada no Museu de Serralves é comissariada por Jan Debbaut, anterior Director das Colecções da Tate Modern. Os filmes de Marijke van Warmerdam apresentam desde os anos 90 as seguintes características: imobilidade da objectiva, desaceleração, prolongamento específico do tempo, recurso à repetição, assim como à abordagem escultórica e pictórica da imagem cinematográfica. As obras em 16 mm e os vídeos não contam histórias com princípio e fim, antes momentos, acontecimentos especiais. Em lugar de uma tensão narrativa, os filmes transmitem-nos a duração de uma determinada imagem e a experiência do tempo em que decorrem. Marijke van Warmerdam trabalha ainda em suportes como a fotografia, a instalação, a instalação de som, o objecto e, desde há alguns anos, também a pintura. Em Passage [Passagem], um dos primeiros filmes da artista, realizado em 1992, Marijke van Warmerdam assume a função de manifesto. Retro-projectado em pequeno formato num ecrã colocado ao lado do projector, o filme mostra uma alternância rítmica de quadrados negros contra um fundo branco e quadrados brancos contra um fundo negro que crescem até ocuparem totalmente o ecrã, sendo depois substituídos pelos seus duplos negativos. Passage destaca-se por uma extraordinária riqueza de referências à história e à teoria da arte. A sua essência criativa relaciona-se com o trabalho de Hans Richter. A concepção do filme enquanto arranjo de planos arquitectónicos tal como elaborada em Passage reaparecerá sob forma gráfica numa posterior instalação fílmica de Van Warmerdam, Empty House [Casa vazia] (1997). Em Chasing Colours [Caça às cores] (1996), a câmara acompanha dois camiões, que alternadamente seguem lado a lado ou se ultrapassam um Marijke van Warmerdam (b. Nieuwer-Amstel, the Netherlands, 1959) lives and works in Amsterdam and Karlsruhe. Since the 1980s, the Dutch artist has explored new possibilities of formal and conceptual expression that intertwine film, video, sculpture, photography and language. Organized by the Boijmans Van Beuningen Museum (Rotterdam) ‘Close by in the distance’ is the most extensive retrospective show of her works to date. Van Warmerdam’s oeuvre brings the attention of the viewer to bear upon the simple beauty of the quotidian by showing the presence of the extraordinary in what we usually consider trivial. Shown in Portugal for the first time, Marijke van Warmerdam work has been featured in numerous international shows, such as the Biennales of Venice, Sydney, Berlin and Gwangju, as well as in Documenta X, in Kassel. Her oeuvre is part of international collections, namely those of Centre Georges Pompidou, in Paris, of the Stedelijk Museum, in Amsterdam, of the Kanazawa Museum of Modern Art, in Japan, and of Castello di Rivoli, in Turin. The exhibition now featured at the Serralves Museum is curated by curator and professor Jan Debbaut, former Director of the Tate Modern Collections. Since the 1990s, Marijke van Warmerdam’s films are marked by the following characteristics: immobility of the lens, de-acceleration, specific lengthening of time, repetition, as well as a sculptural and pictorial approach to cinematographic image. The 16 mm works and the videos do not tell a story with a beginning and an end, but rather tell of special moments and events. Instead of a narrative tension, the films convey the duration of a given image and the experience of the time in which they unfold. Marijke van Warmerdam also works with supports such photography, installation, sound installation, objects and, since a few years, she has been working with painting as well. In Passage, one of the artist’s first films, produced in 1992, Marijke van Warmerdam assumes the function of the manifesto. Using an overhead projector the film is shown in small format on a screen placed next to the projector – This work depicts rhythmically alternating black squares against a white background; the squares grow until they fill the entire screen and then are replaced with their negative doubles. Passage stands out by its extraordinary richness of references to the history and theory of art. Its creative essence is related to the work of Hans Richter. The conception of the film as an arrangement of architectural planes, as it is laid out in Passage, reappears under a graphic guise in a later film installation by Van Warmerdam, Empty House (1997). In Chasing Colours (1996), the camera follows two trucks that alternate between driving side by side and overtaking each other. The film ao outro. O filme oscila entre o laranja luminoso e o verde forte da parte de trás dos camiões, e a câmara aproxima-se tanto que todo o campo visual da imagem fica completamente ocupado por uma das superfícies monocromáticas. A partir da década de 90, Van Warmerdam centrase em objectos reais, que surgem em instalações e trabalhos de cariz performativo. Falamos de objectos quotidianos, acções que nada têm de espectacular e objectos familiares para os quais Van Warmerdam atrai o olhar. Poder-se-ia dizer que estamos perante uma arte da trivialidade, muito próxima da vida mas contudo diferente. Diversos textos de Van Warmerdam, por exemplo, Don’t walk, walk [Não atravesse, atravesse], Very good, very bad [Muito bom, muito mau] ou Heen en weer [De um lado para o outro] (todos de 1997), situam-se no mesmo campo de padrões abertamente binários e reúnem em si princípios de pólos opostos e no entanto estreitamente relacionados. É nesse contexto que se insere a obra Eiskugel [Bola de gelo] (1998), que agora se apresenta em Serralves. A esfera vai derretendo lentamente no espaço da exposição, fundindo-se numa poça de água. A sua arte, que sempre regressa àquilo que é simples, é uma resposta à obscuridade e complexidade da vida. Em Light [Luz], filme realizado em 2010, o motivo da superfície branca monocromática é encenado de forma notável. Linhas claras e escuras correm horizontalmente sobre a superfície da imagem, revelando-se lâminas de uma persiana. Uma mão entra no campo visual e desliza, brincando, pelas lâminas, de tal forma que o padrão de rectas é repetidamente interrompido e inundado pela luz cintilante do dia. A sequência final é particularmente significativa para a nossa procura de áreas brancas nos trabalhos de Van Warmerdam: nela a persiana é levantada, a luz resplandecente entra e o filme termina com a imagem de um vazio total, até que o loop retoma o padrão de riscas. Em conjunto com Rodney Graham, Stan Douglas e Douglas Gordon, Van Warmerdam contribuiu decisivamente para tornar o loop um género artístico. A exposição termina com Couple [Casal] (2010), um dos seus mais recentes trabalhos em filme. Nesta obra é a própria câmara que executa um sofisticado loop. O filme mostra-nos um casal idoso, sentado numa paisagem idílica nas margens de um pequeno lago, de quem a câmara se aproxima lentamente. O zoom passa por baixo do banco, através da relva, eleva-se a uma certa distância e sobe, flutuando, até ao zénite da sua trajectória circular, virando-se então muito acima do velho casal e voltando a descer. É como se na imagem do velho casal e na rotação contínua da câmara a forma coincidisse com o motivo da ascensão e do declínio. Dir-se-ia que Couple e a obra de Van Warmerdam se confundem, ambas surgindo como declarações de amor à vida e às coisas que nos rodeiam. João Fernandes oscillates between the bright orange and deep green of the trucks’ backs and the camera comes into such close proximity that the visual field of the image is completely filled by one of the monochrome surfaces. From the 1990s onwards, Van Warmerdam focused on real objects that appear in performative installations and works. Van Warmerdam draws the gaze towards everyday, familiar objects, and to actions that are completely unspectacular. It could be said that this is an art of triviality, very close to life but nevertheless different from it. Several of Van Warmerdam’s texts, such as Don’t walk, walk, Very good, very bad or Heen en weer [Back and forth] (all from 1997), inhabit the same field of openly binary patterns and encompass polar opposites that are nevertheless closely related. This is the context to which belongs the work The Ice Ball (1998), which is now featured at Serralves. The sphere slowly melts down in the exhibition space, morphing into a puddle of water. Her art, which always returns to what is simple, is a response to life’s obscurity and complexity. In Light, produced in 2010, the motif of the monochrome white surface is staged in the most remarkable way. Light and dark lines run horizontally over the image’s surface, to be revealed as the blades of a blind. A hand comes into the visual field and glides playfully down the blades so that the pattern of straight lines is repeatedly interrupted and flooded with bright daylight. A final sequence is of special relevance to our quest for white areas in the works of Van Warmerdam: in it the blind is pulled up, the glaring light comes in and the film ends with the image of a total void, before the loop returns to the stripe pattern. Together with Rodney Graham, Stan Douglas and Douglas Gordon, Van Warmerdam contributed decisively to turning the loop into an artistic genre. The exhibition now featured at Serralves ends with Couple (2010), one of her latest film works. In it, the camera executes a sophisticated loop. The film shows an elderly couple sitting in an idyllic landscape by the shore of a pond as the camera closes in slowly. The zoom travels underneath the bench, across the grass, rises at a certain distance and climbs, floating up to the zenith of its circular trajectory to turn high above the couple and come back down. It is as if, in the image of the elderly couple and the continuous rotation of the camera, form coincided with the theme of ascension and decline. It could be said that Couple and the oeuvre of Van Warmerdam blend into one another, both emerging as love declarations to life and the things that surround us. João Fernandes Comissário/Curator: Jan Debbaut Exposição organizada pelo/Exhibition organized by Museum Boijmans Van Beuningen, Rotterdam Co-produção/Co-production: Fundação de Serralves, Porto e/and Museum Boijmans Van Beuningen, Rotterdam Visitas guiadas/Guided Tours: 27 SET/SEP (Qui/Thu), 18h30, por/by João Fernandes 11 OUT/OCT (Qui/Thu), 18h30, por/by Ricardo Nicolau Aos Sábados das 17h00 às 18h00 e aos Domingos das 12h00 às 13h00, orientadas pela equipa do Serviço Educativo, em português./Saturdays from 4 p.m. to 5 p.m., guided tours by the Educational Service, in English. Catálogo/Catalogue Marijke van Warmerdam: Close by in the distance, Colónia: Walther König, 2011. Edição com suplemento em português Por perto à distância, Porto: Fundação de Serralves, 2012. Apoio institucional Institutional support Apoio Support Apoio à produção Support to the production Mecenas Exclusivo do Museu Exclusive Corporate Sponsor of the Museum Seguradora Oficial: Fidelidade — Companhia de Seguros, S.A. Apoio Catering: Sugestões & Opções — Catering de Eventos Fundação de Serralves / Rua D. João de Castro, 210 / 4150-417 Porto / www.serralves.pt / [email protected] / Informações: +351 808 200 543 / Geral: +351 226 156 500