Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro Características teóricas do padrão-ouro: – – Definição da unidade de conta em ouro Moeda principal com poder liberatório ilimitado. Em termos de análise apresentam-se três problemas: (1) Composição dos meios de pagamento (2) Composição das reservas (3) Os limites à emissão Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro (1) Composição dos meios de pagamento Ouro, notas convertíveis em ouro, moeda escritural Da circulação metálica a M0 e M1 Forma de ultrapassar problemas de liquidez = relacionar com bimetalismo e com as questões actuais da liquidez internacional = Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro (2) Composição das reservas - Ouro => Padrão-ouro directo (convertibilidade directa) - Principalmente divisas estrangeiras convertíveis (limites à convertibilidade) - Apenas divisas estrangeiras convertíveis => padrão-divisas ouro (convertibilidade indirecta) Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro Reservas Países (alguns exemplos) Ouro GB, Alemanha, França, EUA, Bélgica, Suíça Principalmente divisas estrangeiras convertíveis Rússia, Austrália, Japão Apenas divisas estrangeiras convertíveis Índia, Países da América Latina Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro (3) Os limites à emissão Leis nacionais diferiam quanto à quantidade de reservas mínimas que os bancos centrais eram obrigados a possuir. 2 tipos de sistemas: Sistemas fiduciários (GB; Noruega; Finlândia; Rússia; Japão) – banco central podia emitir uma quantidade limitada de moeda (emissão fiduciária) não garantida por reservas de ouro. Sistemas proporcionais – ouro e reservas em divisas estrangeiras representavam cerca de 35-40% da moeda em circulação. Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro Questão: Como é que os países sustentaram o funcionamento do padrão-ouro? 3 aproximações teóricas: (1) Perspectiva da eficiência e do automatismo do mecanismo de ajustamento (2) Perspectiva da disciplina financeira (3) A síntese moderna: o padrão-ouro como regra contingente Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro (1) Perspectiva da eficiência e do automatismo do mecanismo de ajustamento O ponto de partida para qualquer discussão / modelo de David Hume (1752) - o mecanismo de ajustamento da balança de pagamentos; - pressupostos do modelo – apenas circulação de moeda de ouro e papel dos bancos negligenciável; - país com comércio deficitário => saída de ouro =>↓ preços - país com comércio excedentário => entrada de ouro =>↑ preços; Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro - mudança de preços relativos a => comportamento em tesoura das Exp e Imp e eliminação do desequilíbrio da BC. Extensão deste modelo - Movimentos de capitais / mecanismos de arbitragem nos mercados financeiros a implicar a igualização das taxas de juro. Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro (2) Perspectiva da disciplina financeira A manipulação da taxa de desconto pelo Banco Central, a permitir o restabelecimento do equilíbrio da BP sem serem necessários grandes fluxos de ouro: aumentos da taxa de juro a contribuir para refrear perdas de ouro //// ‘Jogar segundo as regras do jogo’ (Keynes) Mas ocorreram violações das ‘regras do jogo’ – porquê? - ↑ i => ↓ I e ↑custos do serviço da dívida - em vez de ↓a liquidez do mercado quando as suas reservas ↓ (e ↑ quando as reservas aumentavam), fizeram frequentemente o oposto. Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro Nessa medida coloca-se a questão: Se as ‘regras do jogo’ não foram sempre cumpridas, como é que se conseguiu o ajustamento da BP na ausência de significativos fluxos de ouro? É a resposta a estas questão que nos conduz à 3ª aproximação teórica sobre o padrão-ouro: Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro (3) A síntese moderna - o padrão-ouro como regra contingente - Segundo a regra a convertibilidade das espécies podia ser suspensa na ocorrência de uma emergência produzida exogenamente tal como uma guerra, na condição de, após tal emergência ter passado, a convertibilidade ser restaurada à paridade original. Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro A difusão internacional de um regime monetário Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro • Conclusões Mapa 1 (1868) - apenas dois países europeus, Inglaterra e Portugal, usavam o padrão-ouro, no sentido em que as suas moedas eram incondicional e exclusivamente convertíveis em ouro. - regime monetário função do padrão monetário do país ou região estrangeira à qual se encontravam ligadas as transacções comerciais e financeiras (Área Britânica – padrão-ouro; Área Francesa – bimetálica; Área Alemã e Ásia – padrão-prata) Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro Mapa 2 (1908) - Europa no padrão-ouro (excepções: Grécia que estava formalmente no ouro, mas que teve um período de inconvertibilidade até 1910; Espanha que se manteve no padrão-papel inconvertível; Portugal que passou à inconvertibilidade em 1891) - Mundo não europeu tinha também aderido ao ouro (excepções: China ainda na prata; zonas da América Latina em padrões-prata e bimetálicos) Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro • Questão: Porquê a difusão internacional do regime monetário do padrão-ouro? = próxima aula = Convertibilidade e estabilidade cambial: o padrão-ouro • Da bibliografia recomendada ver: Bordo, Michael; Schwartz, Anna in Convertibilidade Cambial (1994, capítulo 1); Eichengreen, Barry; Flandreau, Marc (1994, capítulo 3); Eichengreen, Barry (1996 ou 1999, capítulo 1); Bibliografia complementar: Eichengreen, Barry; Flandreau, Marc (1997), The Gold Standard in Theory and History, Routlledge, London and New York. Hume, David (2002), Ensaios Morais, Políticos e Literários, INCM, Lisboa (edição original inglesa data de 1752).