UMinho|2014 aluno no papel do professor – uma prática pedagógica Fátima de Lurdes Andrade Santos O na aprendizagem da folha de cálculo avançada Universidade do Minho Instituto de Educação Fátima de Lurdes Andrade Santos O aluno no papel do professor – uma prática pedagógica na aprendizagem da folha de cálculo avançada outubro de 2014 Universidade do Minho Instituto de Educação Fátima de Lurdes Andrade Santos O aluno no papel do professor – uma prática pedagógica na aprendizagem da folha de cálculo avançada Relatório de Estágio Mestrado em Ensino de Informática Trabalho realizado sob supervisão do Professor Doutor António Luís Valente outubro de 2014 Agradecimentos: Sem desprimor por ninguém queria agradecer a três pessoas e a um grupo de pessoas que me ajudaram na realização do meu estágio profissional. Assim sendo, queria agradecer ao meu supervisor, pela paciência, pelo constante questionamento, pela terrível “mania” de me colocar na incessante interrogação em cada reunião que tínhamos. Ao meu professor cooperante por tudo o que me ajudou, desde a elaboração do meu Plano de Intervenção Pedagógica (PIP) até ao último momento da minha intervenção que sempre me deu força, ajudou-me na resolução de algumas dúvidas que foram surgindo e acima de tudo, pela abertura que desde o primeiro dia manifestou para comigo, dando-me total liberdade para agir em sala de aula e aceitou sempre as minhas sugestões e propostas de atividades quer em sala de aula quer fora da sala de aula. Ao meu namorado pela paciência, pelo meu mau humor, pelas minhas frustrações que mais ninguém me aturaria senão alguém que tem um profundo sentimento por mim. E finalmente, e não menos importante, aos meus alunos, apesar de difíceis mas sempre se manifestaram abertos às mudanças, às alterações que ia colocando, aula após aula, com o intuito de os cativar e motivar na sua aprendizagem. A todos o muito bem hajam e que Deus os proteja e abençoe. iii iv Resumo: O aluno no papel do professor – uma prática pedagógica no ensino da folha de cálculo avançada Partindo de opiniões veiculadas por autores consagrados no campo da educação como Rousseau, Piaget, Vygotsky e Wallon e após a consulta aos próprios alunos por intermédio de uma sessão usando a técnica de Focus Group colocámos o aluno no papel do professor. Neste trabalho foi muito importante a fase da observação das aulas do professor cooperante. Foi um momento de aprendizagem precioso, na medida em que, me envolvi desde o início quer no planeamento das aulas, na construção dos recursos pedagógicos necessários assim como nos respetivos materiais de apoio. Isso foi muito útil porque me ajudou a conhecer a dinâmica da turma, a experimentação de diferentes estratégias pedagógicas que por sua vez me ajudaram a pensar no meu projeto de intervenção. Para a sua elaboração foi muito importante o contributo inestimável dos alunos. Numa primeira fase, na revisão da literatura, abordo os conceitos associados à filosofia construtivista, às técnicas e métodos de ensino como o Focus Group e o Flipped Classroom respetivamente, ao ensino cooperativo e colaborativo, à autonomia na aprendizagem e à análise SWOT. Numa segunda fase defini o contexto da intervenção pedagógica e o plano geral dessa intervenção. De seguida apresenta-se o desenvolvimento e avaliação da intervenção e, no final, os resultados obtidos. Na opinião dos alunos, especialmente, de acordo com os resultados da última sessão de Focus Group, tratou-se de uma experiência enriquecedora uma vez que gostaram da forma como a aula lhes foi apresentada e também porque lhes permitiu estreitar a relação e interação com o professor, embora referissem não estarem ainda preparados para estratégias deste tipo, em que o aluno foi colocado no papel do professor, pelo grau de responsabilidade que acarreta, pela falta de maturidade e de hábito deste tipo de intervenção. v vi Resumé: L'étudiant dans le rôle de l'enseignant - une pratique pédagogique dans l'enseignement de la feuille de calcul avancée Selon l’avis des auteurs de renom dans le domaine de l'éducation comme Rousseau, Piaget, Vygotsky et Wallon et après consultation aux étudiants via une session en utilisant la technique de Focus Group nous mettons les étudiants dans le rôle de l'enseignant. Pour la réalisation de ce travail, la phase d'observation des classes de l'enseignant coopérant ont été très importantes. Cela a été un moment précieux de l'apprentissage, dans la mesure où je me suis impliquée depuis le début dans la planification des leçons, dans la construction de ressources éducatives ainsi que dans les documents à l'appui respectifs. Cela a été très utile car il m'a aidé à comprendre la dynamique de la classe, à expérimenter avec différentes stratégies pédagogiques qui à son tour m'ont aidé à penser à mon projet d'intervention. Pour sa préparation cela a été très important la contribution inestimable des étudiants. Initialement, dans la révision de la littérature je vais aborder des concepts associés à la philosophie constructiviste, les techniques et les méthodes d'enseignement, tels que le Focus Group et la Flipped Classroom respectivement, l'apprentissage coopératif et collaboratif, l'autonomie dans l'apprentissage et l'analyse SWOT. Dans une deuxième phase j’ai défini le contexte de l'intervention éducative et le plan général de cette intervention. Ensuite, nous présentons le développement et l'évaluation de cette intervention. À la fin, je vous présente les résultats. Selon l'avis des étudiants, en particulier, et d’après les résultats de la dernière session de Focus Group, ce fut une expérience enrichissante vu qu’ils ont aimé la façon dont la leçon leur a été présentée et aussi parce qu'elle leur a permis de développer la relation et l'interaction avec l’ enseignant, bien qu’ils auraient préféré ne pas être encore préparés pour de telles stratégies, dans lesquelles l'étudiant a été placé dans le rôle de l'enseignant, le degré de responsabilité que cela entraîne, le manque de maturité et l'habitude de ce genre d'intervention. vii viii Índice Introdução .............................................................................................................................. 15 Contextualização da Intervenção ............................................................................................. 17 1.1 Abordagens Construtivistas da Educação ...................................................................... 17 1.1.1 A Aprendizagem Baseada em Projetos ................................................................... 19 1.1.2 A Aprendizagem Baseada em Problemas ............................................................... 20 1.2 Técnica de Focus Group ............................................................................................... 21 1.3 Flipped Classroom ........................................................................................................ 24 1.4 Ensino Colaborativo e Ensino Cooperativo ..................................................................... 25 1.5 Análise SWOT ............................................................................................................... 28 1.6 A autonomia na aprendizagem ...................................................................................... 28 1.7 O contexto de intervenção ............................................................................................. 29 1.7.1 A escola ................................................................................................................ 29 1.7.2 A turma ................................................................................................................. 30 1.7.3 O curso ................................................................................................................. 34 1.7.4 A disciplina ............................................................................................................ 35 1.8 O plano geral de intervenção......................................................................................... 37 Desenvolvimento e Avaliação da Intervenção ........................................................................... 43 2.1 Reflexão sobre ambientes de aprendizagem .................................................................. 43 2.2 Métodos e técnicas de recolha de dados ....................................................................... 44 2.3 Mapa concetual da intervenção ..................................................................................... 45 2.4 Os projetos desenvolvidos pelos alunos ao longo da intervenção .................................... 46 ix 2.5 Tecnologia educativa .................................................................................................... 49 2.5.1 Microsoft Power Point ............................................................................................ 49 2.5.2 Plataforma Moodle................................................................................................. 50 2.6 Atividades e estratégias realizadas no âmbito do projeto ................................................ 51 2.6.1 Aula 1 ................................................................................................................... 53 2.6.2 Análise, compreensão e avaliação da ação ............................................................. 53 2.6.3 Aula 2 ................................................................................................................... 56 2.6.4 Análise, compreensão e avaliação da ação ............................................................. 56 2.6.5 Aula 3 ................................................................................................................... 58 2.6.6 Análise, compreensão e avaliação da ação ............................................................. 58 2.6.7 Aula 4 ................................................................................................................... 59 2.6.8 Análise, compreensão e avaliação da ação ............................................................. 59 2.6.9 Aula 5 e 6.............................................................................................................. 60 2.6.10 Análise, compreensão e avaliação da ação ........................................................... 60 2.6.11 Aulas 7,8 e 9 ....................................................................................................... 62 2.6.12 Análise, compreensão e avaliação da ação ........................................................... 63 2.6.13 Aulas 10 e 11 ...................................................................................................... 63 2.6.14 Análise, compreensão e avaliação da ação ........................................................... 64 2.7 Avaliação do projeto de Intervenção .............................................................................. 65 2.7.1 Avaliação dos projetos desenvolvidos pelos alunos ................................................. 65 2.7.2 Avaliação do projeto de intervenção à luz dos objetivos ........................................... 68 2.8 Dificuldades encontradas .............................................................................................. 69 x Conclusões............................................................................................................................. 71 Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 75 Anexos ................................................................................................................................... 79 Anexo 1 - Grelha de Observação das aulas do professor cooperante .................................... 81 Anexo 2 - Exemplo de um exercício ..................................................................................... 83 Anexo 3 - Grelha de observação dos alunos ......................................................................... 85 Anexo 4 - Avaliação da Aula 1 ............................................................................................. 87 Anexo 5 - Avaliação da Aula 2 ............................................................................................. 87 Anexo 6 - Avaliação da Aula 3 ............................................................................................. 89 Anexo 7 - Avaliação da Aula 4 ............................................................................................. 89 Anexo 8 - Avaliação da Aula 5 ............................................................................................. 89 Anexo 9 - Avaliação da Aula 6 ............................................................................................. 91 Anexo 10 - Grelha de avaliação dos projetos dos alunos ...................................................... 93 xi Tabelas Tabela 1 - Vantagens e Desvantagens do Focus Group ...................................................................... 23 Tabela 2 - Distribuição dos alunos da turma X .................................................................................. 31 Tabela 3 - Codificação dos alunos da turma X ................................................................................... 31 Tabela 4 - Número de irmãos dos alunos ......................................................................................... 32 Tabela 5 - Módulos lecionados em 2013/2014 na disciplina de Aplicações Informáticas e Sistemas de Exploração ..................................................................................................................................... 35 Tabela 6 - Resultados do Teste de Avaliação do Módulo 1 .................................................................. 37 Tabela 7 – Conteúdos Curriculares do Módulo 3 ............................................................................... 46 Tabela 8 - Distribuição dos projetos e respetivos objetivos de aprendizagem pelos alunos..................... 47 Tabela 9 – Calendarização e distribuição das atividades .................................................................... 51 Tabela 10 – Avaliação final dos projetos ........................................................................................... 67 xii Figuras Figura 1 - Modelo reflexivo adaptado de Gibbs (1994)........................................................................ 44 Figura 2 - Mapa concetual acerca da ACP (adaptado de Lencastre & Monteiro, 2009) .......................... 45 Figura 3 - Tema do Microsoft Office usado no 1.º dia da intervenção .................................................. 49 Figura 4 – Organização da plataforma Moodle .................................................................................. 50 Gráficos Gráfico 1 - Habilitações Académicas dos Pais dos alunos da turma X.................................................. 32 Gráfico 2 – Disciplinas favoritas dos alunos da turma X ..................................................................... 33 Gráfico 3 – Ocupação dos tempos livres ........................................................................................... 34 Gráfico 4 – Pontos fortes da aula ..................................................................................................... 54 Gráfico 5 – Pontos fracos da aula .................................................................................................... 54 Gráfico 6 - A manter na aula ............................................................................................................ 55 Gráfico 7 – A melhorar na aula ........................................................................................................ 55 Gráfico 8 – Respostas dos alunos ao que mais gostaram na aula ....................................................... 57 Gráfico 9 – Respostas dos alunos ao que menos gostaram na aula .................................................... 57 Gráfico 10 – Respostas dos alunos ao Referendo .............................................................................. 58 Gráfico 11- Respostas dos alunos ao Fórum ..................................................................................... 59 Gráfico 12 – Respostas dos alunos ao Diário do Aluno ...................................................................... 61 Gráficos 13, 14 e 15 – Respostas dos alunos às questões colocadas ................................................. 62 Gráfico 16 – Síntese dos dados recolhidos relativamente ao Comportamento, Autonomia e Empenho ... 66 Gráfico 17 e 18 – Comportamento, Empenho e Autonomia do turno 1 e 2.......................................... 66 xiii 14 Introdução Este relatório é o resultado da intervenção pedagógica supervisionada, no âmbito da unidade curricular Estágio Profissional do 2.º ano do ciclo de estudos conducente ao grau de mestre em Ensino de Informática, do Instituto de Educação da Universidade do Minho e visa relatar detalhadamente a experiência da prática pedagógica ao longo do ano letivo 2013/2014. Sendo o público-alvo deste estudo alunos de um curso profissional, que deverão no final do curso estar capacitados para integrar o mercado de trabalho, teve-se como propósito a criação de hábitos de trabalho autónomo e responsável. Nesse sentido, utilizou-se o desenvolvimento de pequenos projetos em grupo, integrando-se, no final, num projeto global de turma. Este trabalho assentou numa adaptação do Flipped Classroom - sala de aula invertida no ensino da Folha de Cálculo Avançada, utilizando o Excel 2010 da Microsoft, como estratégia para intentar a autonomia e responsabilização dos alunos no seu processo de aprendizagem e também na utilização da metodologia baseada no paradigma construtivista, nomeadamente, aprendizagem baseada em projetos e o uso de analogias. A abordagem construtivista permite que os alunos construam as suas aprendizagens ancoradas em conhecimentos previamente adquiridos – alguns desses conhecimentos foram obtidos na disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) – utilizando analogias, desenvolvendo projetos e aplicando-os em exemplos concretos do mundo real. Este processo torna os alunos mais livres e criativos na construção do seu conhecimento. Este método opõe-se ao método de ensino tradicional, o tão conhecido método expositivo – o professor assume o protagonismo da aula, os conteúdos programáticos são “debitados” e os alunos terão que memorizar esses mesmos conteúdos. Este estudo de investigação-ação dividiu-se em três fases fundamentais: fase de observação, fase de intervenção pedagógica e a fase de análise dos resultados. A fase de observação consistiu na observação das aulas do professor cooperante, suas metodologias e estratégias de ensino utilizadas na, recolha e análise documental, nomeadamente ficha socio biográfica e caracterização da turma elaborada pela Diretora de Turma, a análise dos resultados do teste de avaliação de conhecimentos do módulo precedente e à auscultação dos alunos. Desta fase de observação tornou-se claro o caminho a seguir nas estratégias de ensinoaprendizagem indo também ao encontro das vontades manifestadas pelos alunos. 15 Na sequência da fase de observação surgiu a fase de intervenção pedagógica onde foram aplicadas as estratégias adequadas resultantes da análise obtida na fase de observação. Essas estratégias possibilitaram aos alunos o desenvolvimento de capacidades de autonomia, de responsabilidade, de oralidade, assim como, aprofundamento dos conhecimentos previamente adquiridos e consolidados. Alguns alunos conseguiram também adquirir hábitos de interajuda, não só com o colega de grupo como também, com os colegas de outros grupos de trabalho. Todas estas vivências levaram a que os alunos se empenhassem e participassem de uma forma ativa no seu autoconhecimento, tendo apenas o professor servido como o orientador e supervisor do trabalho produzido por estes. A última fase, a de análise de resultados consistiu no tratamento dos dados recolhidos ao longo da intervenção na escola e a posterior descrição detalhada em forma de relatório que aqui se apresenta. Nesse sentido, foram usadas variadas ferramentas produzidas para o efeito, a saber: Grelhas de Observação de Aulas dos Alunos – preenchidas por mim e validadas pelo professor cooperante; um fórum digital de recolha de opinião dos alunos; uma análise SWOT preenchida pelos alunos; um referendo digital e um Questionário de Opinião, participado pelos estudantes. Do ponto de vista organizacional, este relatório é composto por dois capítulos. O capítulo I inclui a revisão da literatura especialmente orientada para a contextualização teórica sobre o conceito de construtivismo, a aprendizagem baseada em projetos e em problemas Focus Group, Flipped Classroom, o ensino colaborativo e cooperativo, a análise SWOT, para além de conceitos teóricos sobre a autonomia. Ainda neste capítulo é contextualizada a escola, a turma, a disciplina e é apresentado o plano geral de intervenção: objetivos, estratégias, investigação e avaliação da ação. No capítulo II é relatado, de uma forma detalhada, todo o trabalho realizado ao longo do projeto de intervenção pedagógica. São objeto de relato neste capítulo os recursos educativos utilizados, resultados gerais e dificuldades encontradas. Apresentam-se as conclusões, aludindo a recomendações didáticas e de investigação que poderão advir desta experiência como forma de trabalhos futuros, assim como um balanço pessoal e profissional. 16 Contextualização da Intervenção Na primeira parte deste capítulo do relatório serão abordados alguns tópicos fazendo uso da revisão literária sobre os mesmos. Começamos por apresentar uma definição de construtivismo, e das abordagens usadas, consultando alguns autores que falam a esse respeito. Em seguida, falamos da técnica do Focus Group, apresentando algumas definições, assim como, as vantagens e desvantagens na utilização desta técnica de investigação qualitativa. Continuamos com a história de Flipped Classroom e sua definição, vantagens e desvantagens na utilização deste método em sala de aula. Depois com as definições do ensino colaborativo e cooperativo e as diferenças entre estas duas formas de ensino. A seguir damos uma definição da análise SWOT, vantagens e desvantagens da utilização deste tipo de análise. Para terminar a revisão da literatura, falamos sobre a autonomia. A segunda parte deste capítulo é mais direcionada para a apresentação do plano de intervenção, bem como, a apresentação do contexto da intervenção. 1.1 Abordagens Construtivistas da Educação A abordagem construtivista tornou-se mais evidente na década de 1980 e vem alterar o método dito tradicional de ensinar usado por muitos professores e que ainda nos dias de hoje se usa. O aluno, neste método, assume um papel passivo na sala de aula, o de um mero absorvedor de conteúdos, e o professor, assume o papel ativo pois é aquele que transmite os conteúdos que o aluno deve decorar para depois os aplicar em situações quotidianas, em que o aluno decora os conteúdos perdendo a flexibilidade cognitiva para adaptar os conhecimentos adquiridos a outras situações. Para Pádua (2009), citando Piaget, um dos pioneiros do construtivismo e renomado psicólogo e filósofo suíço, conhecido pelo seu trabalho no campo da inteligência infantil, o desenvolvimento e crescimento mental “são devidos à atividade do sujeito que se defronta com o seu meio e a inteligência, ou mais especificamente o desenvolvimento da inteligência é a condição para que os seres humanos construam conhecimento sobre o meio.” (Pádua, 2009, p. 23). 17 Para Becker (1994) o “Construtivismo é, portanto, uma idéia; melhor, uma teoria, um modo de ser do conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço das ciências e da Filosofia dos últimos séculos. Uma teoria que nos permite interpretar o mundo em que vivemos.” (Becker, 1994, p. 2). O mesmo autor arrisca a dar uma definição do construtivismo na educação dizendo o seguinte a esse respeito: “poderá ser a forma teórica ampla que reúna as várias tendências atuais do pensamento educacional.”(Becker, 1994, p. 3). Continuando na senda do construtivismo e citando o pensamento de Crahay, que muito se debruçou sobre essa problemática, o construtivismo é: antes de tudo é uma teoria do sujeito que, tentando otimizar a interação com o meio, se auto constrói integrando ao mesmo tempo os produtos e os mecanismos do conhecimento. Desta teoria do sujeito criador de conhecimentos deveria nascer um modelo pedagógico onde a aquisição do conhecimento é o fruto de um ato criativo, onde a criança, confrontada com problemas de adaptação com o ambiente, está envolvida num processo de elaboração ativa do seu conhecimento. (Crahay, 2010, p. 270) Nas palavras de Niemann e Brandoli (2012) citando Becker “o construtivismo não é uma prática nem um método, e sim uma teoria que permite conceber o conhecimento como algo que não é dado e sim construído e constituído pelo sujeito através de sua ação e da interação com o meio.” (Niemann & Brandoli, 2012, p. 4) Todas estas definições constituem ideias chaves dos respetivos autores sobre o construtivismo e baseiam-se nas capacidades inatas do sujeito, primeiramente, que de seguida e com ajuda do meio se vai modulando nascendo assim o conhecimento, sem esquecer, no entanto, que o individuo é o único responsável por essa aquisição do conhecimento. As definições ajudam-se a compreender os conceitos que as diferentes teorias encerram mas é a aplicação dessas ideias, consequências dessa temática, que a seguir iremos abordar, nomeadamente, a aprendizagem baseada em projetos e a aprendizagem baseada em problemas, também elas vistas do ponto de vista construtivista. 18 1.1.1 A Aprendizagem Baseada em Projetos A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) ou em inglês Project-Basead Learning, é a aprendizagem baseada nos pressupostos construtivistas e permite que o aluno assuma o papel principal na aquisição dos seus conhecimentos. Segundo palavras de Masson, Miranda, Munhoz e Castanheira (2012), trata-se de “uma abordagem sistêmica, que envolve os alunos na aquisição de conhecimentos e competências por meio de um processo de investigação de questões complexas, tarefas autênticas e produtos, cuidadosamente planejadas com vista a uma aprendizagem eficiente e eficaz.”(Masson, Miranda, Jr., & Castanheira, 2012, p. s/p) Além dos autores citados há muitos outros que abordam esta temática. Apresentamos a seguir citações de outros dois autores: Primeiro tentamos dar resposta à questão: O que é exatamente a aprendizagem baseada em projetos? Adderley et al. (1975, p. 1) deu a seguinte definição para a metodologia de projeto, que depois de um quarto de século ainda é uma boa definição: (1) [projetos] envolvem a solução do problema; muitas vezes, embora não necessariamente, definida pelo próprio aluno [ou aluna]; (2) envolvem a iniciativa do aluno ou grupo de alunos, e necessitam de uma variedade de atividades educativas; (3) normalmente, resultam num produto final (por exemplo: uma tese, um relatório, planos de projetos, programas de computador e modelos); (4) a realização do trabalho, muitas vezes, demora um período de tempo considerável; (5) os professores em vez de terem um papel autoritário, exercem um papel de consultor e estão envolvidos em qualquer ou em todas as etapas – introdução, desenvolvimento e conclusão. Os aspetos (1) e (3) podem ser considerados os aspetos cruciais para a aprendizagem baseada em projetos. Segundo Blumenfeld et al. (1991), a essência da aprendizagem baseada em projetos é uma questão ou problema que serve para organizar e orientar as atividades; e essas atividades culminam num produto final que aborda a questão. Embora estes princípios caraterizam os projetos dos estudantes de uma maneira geral, a aprendizagem baseada em projetos usando a prática pode assumir uma variedade de formas dependendo da pedagogia, da politica ou por razões éticas. (Helle, Tynjälä, & Olkinuora, 2006, p. 288) “é uma atividade que pode ser realizada ou em grupo ou individualmente, durante um determinado período de tempo, e no final há, ou um produto, ou 19 uma apresentação ou uma performance. Normalmente, está definida por etapas repartidas numa linha temporal, e tem em consideração uma avaliação formativa para assim se monitorizar a evolução dos projetos.” (Donnelly & Fitzmaurice, 2005, p. 88) Tal como se constata pelas citações atrás apresentadas, o projeto envolve o aluno (ou conjunto de alunos) na consecução de um produto final, acompanhado de um relatório de projeto também final, prolongando a sua realização no tempo e normalmente através de etapas intermédias, envolvendo também o professor na sua realização, podendo começar pela colocação de um problema e assumindo diferentes estratégias pedagógicas. 1.1.2 A Aprendizagem Baseada em Problemas A Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem Basead Learning) tal como na aprendizagem baseada em projetos, o aluno assume o papel principal na aprendizagem dos seus conhecimentos. Também esta abordagem se baseia em pressupostos construtivistas. Para Donnelly e Fitzmaurice (2005) a aprendizagem baseada em problemas “demand from the learner acquisition of critical knowledge, problem solving proficiency, self-directed learning strategies, and team participation skills” (Donnelly & Fitzmaurice, 2005, p. 88). Com as aprendizagens adquiridas os alunos conseguem transportar os conhecimentos e aplicá-los em situações do mundo real. Boud, na primeira versão do seu livro em 1985, dava a seguinte definição sobre a aprendizagem baseada em problemas “The principal idea behind problem based learning is… that the starting point for learning should be a problem, a query of a puzzle that the learner wishes to solve.” (Boud & Feletti, 1998, p. 1). Segundo palavras de Boud e Feletti (1998) “PBL is a way of constructing and teaching courses using problems as the stimulus and focus for student activity.” (Boud & Feletti, 1998, p. 2). Segundo palavras de Donnelly e Fitzmaurice (2005) estas duas abordagens são idênticas na forma de ensinar os alunos e envolve-los em tarefas de situações do mundo real, e assim melhoram as suas aprendizagens. Consideram, no entanto, que diferem no seguinte aspeto: quando temos algo para resolver em que é exigido um produto final, e que este passa por várias etapas: planeamento, produção e processo de avaliação, poder-se-á dizer que estamos perante uma aprendizagem baseada em projetos; se por outro lado, se o que 20 desejamos é a investigação e pesquisa (e não o produto final) no processo de aprendizagem, então poderemos dizer que estaremos perante um exemplo do que é aprendizagem baseada em problemas. Os autores Mills e Treagust (2003) vão mais longe ao dizerem que estas duas abordagens se diferenciam nos seguintes aspetos: As tarefas do projeto estão mais próximas da realidade profissional e, portanto, levam mais tempo a serem concretizadas do que os problemas na aprendizagem baseada em problemas (que pode durar apenas uma sessão, uma semana ou algumas semanas). O trabalho do projeto é mais direcionado para a aplicação do conhecimento, ao passo que aprendizagem baseada em problemas é mais direcionado para a aquisição de conhecimentos. A gestão do tempo e recursos por parte dos alunos, bem como de tarefas e a diferenciação de papéis é muito importante na aprendizagem baseada em projetos. A focalização é mais forte no trabalho por projetos, em relação à aprendizagem baseada em problemas, visto que, o processo de aprendizagem é menos dirigido pelo problema. (Mills & Treagust, 2003, pp. 8-9) Estes dois tipos de aprendizagem estão relacionados e a fronteira que os divide poderá ser apresentada através do realce dado ao produto final no caso dos projetos e do realce dado à procura de soluções e como tal à pesquisa, ao processo em si no caso dos problemas. 1.2 Técnica de Focus Group Em termos históricos, a técnica de investigação Focus Group, surgiu na década de 1950, quando Merton foi convidado por Paul Lazarsfeld para o ajudar na avaliação das respostas de uma audiência de rádio (Kind, 2003, p. 125). Merton verificou que era difícil para as pessoas manifestarem a sua opinião sobre filmes e programas em entrevistas individuais sendo mais fácil se o fizesse em grupo. Mais tarde, Merton utilizou esta técnica no exército para verificar o “treinamento”. Foi este último trabalho que resultou na publicação de um livro sobre a técnica – Focus Group - que sofreu os devidos ajustes devido aos backgrounds teóricos sobre grupos (Kind, 2003, p. 125). 21 Segundo palavras de Galego e Gomes a técnica do Focus Group tem como “finalidade principal […] extrair das atitudes e respostas dos participantes do grupo, sentimentos, opiniões e reacções que se constituiriam num novo conhecimento.” (Galego & Gomes, 2005, p. 173). O Focus Group apresenta, atualmente, quatro áreas distintas de atuação: pesquisas de mercado; investigação científica; investigação non-profit; e, investigação-ação participante (Galego & Gomes, 2005, p. 175). Durante um largo período de tempo, até aos anos 1980’s, esta técnica foi colocada em segundo plano pelos cientistas sociais e utilizada em marketing. (Galego & Gomes, 2005, p. 175). Segundo os mesmos autores, ela tem sido utilizada por um grande número de investigadores das ciências sociais, de muita tradição nas investigações qualitativas (Galego & Gomes, 2005, p. 175). Apresentamos a seguir a visão destes (citando David L. Morgan) e doutros autores acerca do Focus Group: “O Focus Group é uma técnica qualitativa que visa o controle da discussão de um grupo de pessoas, inspirada em entrevistas não directivas. Privilegia a observação e o registo de experiências e reacções dos indivíduos participantes do grupo, que não seriam possíveis de captar por outros métodos, como, por exemplo, a observação participante, as entrevistas individuais ou questionários.” (Galego & Gomes, 2005, p. 177) “… o grupo focal é uma metodologia importante quando feito corretamente. Um dos principais benefícios é que a dinâmica de grupo traz à tona temas que você pode nunca ter pensado em perguntar. Além disso, o grupo de discussão pode estimular novas ideias ou encorajar os participantes a falar sobre coisas que não falaria se estivesse a entrevistá-lo individualmente.” (Courage & Baxter, 2005, p. 515) Para Oliveira e Freitas (1998) o “Focus Group é um tipo de entrevista em profundidade realizada em grupo, cujas reuniões apresentam características definidas quanto a proposta, tamanho, composição e procedimentos de condução.”(Oliveira & Freitas, 1998, p. 83). Segundo os mesmos autores: 22 Focus Group é recomendado para orientar e dar referencial à investigação ou à ação em novos campos, gerar hipóteses baseadas na percepção dos informantes, avaliar diferentes situações de pesquisa ou populações de estudo, desenvolver planos de entrevistas e questionários, fornecer interpretações dos resultados dos participantes a partir de estudos iniciais, e gerar informações adicionais a um estudo em larga escala. (Oliveira & Freitas, 1998, p. 83) Tal como qualquer outra técnica de investigação, o Focus Group, apresenta vantagens e desvantagens na sua aplicação, consultar Tabela 1. Os autores Oliveira e Freitas citando Krueger e Morgan apontam as seguintes: Tabela 1 - Vantagens e Desvantagens do Focus Group Vantagens Desvantagens Comparativamente, é fácil de conduzir. Não é baseado em um ambiente natural. Habilidade em explorar tópicos e gerar hipóteses. Pesquisador tem menor controle sobre os dados Oportunidade de coletar dados a partir da interação do gerados (no caso de existir um grupo de questões grupo, o qual se concentra no tópico de interesse do predefinidas ou uma forte necessidade de manter pesquisador. comparação entre as entrevistas). Alta qualidade dos dados (face validity), ou seja, além Não é possível saber se a interação em grupo reflete de o procedimento medir efetivamente o que se ou não o comportamento individual. deseja, tem-se plena legitimidade e convicção ou Os dados são mais difíceis de analisar. A interação do crença nos dados coletados. grupo forma um ambiente social e os comentários Baixo custo em relação a outros métodos. devem ser interpretados dentro desse contexto. Rapidez no fornecimento dos resultados (em termos de Exige entrevistadores treinados cuidadosamente. evidência da reunião do grupo). Os grupos dão difíceis de reunir. Permite ao pesquisador aumentar o tamanho da A discussão deve ser conduzida em ambiente que amostra dos estudos qualitativos. propicie o diálogo. Fonte: Oliveira e Freitas (Oliveira & Freitas, 1998, p. 84) Por outro lado, a finalidade na utilização dos grupos focais segundo Kind citando Nery são as que constam na lista seguinte: 1) Exploração inicial com pequenas amostragens da população; 2) Investigação profunda de motivações, desejos, estilos de vida dos grupos; 3) Compreensão da linguagem e das perspectivas do grupo; 4) Teste de conceitos e questões para futuras investigações quantitativas; 5) Acompanhamento de pesquisa qualitativa; 23 6) Obtenção de informações sobre um contexto específico; 7) Obtenção de informações sobre novos produtos, conceitos, fenômenos, etc. (Kind, 2003, p. 127) Como remate final diremos que a técnica do “Focus Group” parte da exposição e confrontação de ideias no seio do grupo, realizada através de entrevistas e segundo essas regras de condução e abordagem que privilegia a observação e o registo de experiências e reações dos indivíduos participantes do grupo que de outro modo, isoladamente, não seria possível obter. 1.3 Flipped Classroom Em 2008 no Colorado, nos Estados Unidos da América, dois professores Jonathan Bergmann e Aaron Sams tiveram uma ideia inovadora. Eles tinham pouco tempo disponível para dar aulas de recuperação para os alunos que faltavam. Então, resolveram aproveitar as tecnologias e começaram a gravar as aulas e a colocá-las online para esses alunos. Os alunos que faltavam às aulas ficaram contentes, porque assim, tinham a oportunidade de ver o que tinha sido ensinado e manter-se-iam a par do que era lecionado em sala de aula. Mas, surpreendentemente, não só os alunos que não assistiram às aulas aproveitaram esses materiais disponibilizados online, como todos os outros alunos que tinham assistido às aulas consultaram esses materiais. Estes aproveitavam para rever e aprofundar as matérias lecionadas em sala de aula. Cedo, perceberam, Bergmann e Sams, que tinham a oportunidade de repensar radicalmente o modo de aproveitar o tempo em sala de aula (Tucker, 2012, p. 82). Estes professores apelidaram-no este tipo de ensino de “flipped classroom” em português – sala de aula invertida. Embora não seja um modelo, a ideia é inverter a forma de dar uma aula: os professores criam vídeos e aulas interativas, os recursos a serem usados em sala de aula serão previamente visualizados em casa. As aulas servem para resolver problemas, falar de conceitos e aprender de forma colaborativa (Tucker, 2012, p. 82). Para Trevelin, Pereira e Neto (2013), citando Barseghian, uma definição mais ampla de flipped classrom “enfatiza o uso das tecnologias para o aprimoramento do aprendizado, de modo que o professor possa utilizar melhor o seu tempo em sala de aula em atividades interativas com seus alunos ao invés de gastá-lo apenas apresentando conteúdo em aulas 24 expositivas tradicionais” (Trevelin, Pereira, & Neto, 2013, p. 5). Os mesmos autores citando Techsmith dão uma visão mais prática à definição: pode-se defini-la como um modelo de ensino onde a apresentação do conteúdo da disciplina é realizada através de vídeos gravados pelo professor e que ficam disponíveis aos alunos, normalmente utilizando-se de ferramentas da Internet para seu armazenamento. Desta forma, as atividades complementares propostas pelo professor, ou seja, as “tarefas”, são realizadas em sala de aula, em equipes, com o suporte deste. Assim, os estudantes têm a oportunidade de solucionar suas dúvidas no momento em que elas ocorrem, com a ajuda de seus pares e do professor, o que promove um ambiente colaborativo de aprendizagem. (Trevelin et al., 2013, p. 5) Segundo as palavras de Bergmann, Overmyer e Wilie (2013), a Flipped Classroom vai muito além da simples gravação de vídeos das aulas por parte do professor. Para eles, as principais vantagens deste modelo são as seguintes: Melhorar a interação entre professor e alunos; Promover um ambiente de aprendizagem em que os alunos são os responsáveis pelo seu autoconhecimento; Promover a aprendizagem construtivista; Contribuir para que os conteúdos estejam permanentemente disponíveis, de forma, que os alunos possam consultá-los as vezes que quiserem. (Bergmann, Overmyer, & Wilie, 2013) No entanto, segundo a opinião destes autores, esta abordagem não pode ser visto como uma substituição do professor por vídeos, nem mesmo como um modelo que faz com que os alunos se isolem e passem horas em frente do computador, porque isto é apenas parte do processo (Bergmann et al., 2013, p. s/p). 1.4 Ensino Colaborativo e Ensino Cooperativo Estes conceitos de cooperação e colaboração, porque têm aspetos comuns, tornam-se por vezes alvo de alguma confusão na sua abordagem. Segundo palavras de Boavida e Ponte (2002) “laborare (trabalhar) e operare (operar) que, juntamente com o prefixo co, entram na constituição das palavras colaborar e cooperar.” (Boavida & Ponte, 2002, p. 4). Há uma distinção no significado de trabalhar ou operar. Segundo os mesmos autores “Operar é realizar 25 uma operação, em muitos casos relativamente simples e bem definida; é produzir determinado efeito; funcionar ou fazer funcionar de acordo com um plano ou sistema” (Boavida & Ponte, 2002, p. 4) e trabalhar é “desenvolver actividade para atingir determinados fins; é pensar, preparar, reflectir, formar, empenhar-se” (Boavida & Ponte, 2002, p. 4). No mesmo artigo os autores rematam dizendo o seguinte: “a realização de um trabalho em conjunto, a co-laboração, requer uma maior dose de partilha e interacção do que a simples realização conjunta de diversas operações, a cooperação.” (Boavida & Ponte, 2002, p. 4) Outros autores referem as principais diferenças entre colaboração e cooperação. De salientar Panitz (1999) que define colaboração como: “is a philosophy of interaction and personal lifestyle where individuals are responsible for their actions, including learning and respect the abilities and contributions of their peers” (Panitz, 1999, p. 3). O mesmo autor dá a seguinte definição para cooperação “is a structure of interaction designed to facilitate the accomplishment of a specific end product or goal through people working together in groups.” (Panitz, 1999, p. 3) Para o mesmo autor o ensino colaborativo assenta em cinco princípios que, estão enumerados em seguida: 1. Working together results in a greater understanding than would likely have occurred if one had worked independently; 2. Spoken and written interactions contribute to this increased understanding; 3. Opportunity exists to become aware, through classroom experiences, of relationships between social interactions and increased understanding; 4. Some elements of this increased understanding are idiosyncratic and unpredictable; 5. Participation is voluntary and must be freely entered into (Panitz, 1999, p. 12). O mesmo autor refere também que o ensino cooperativo é muito similar ao ensino colaborativo o que os distingue, e segundo palavras de Panitz (1999) é: “except that it introduces a more structured setting with the teacher in total control of the learning environment” (Panitz, 1999, p. 12). O pensamento de Meirinhos (2009) sobre essa questão tendo por base estudos realizados por Henri e Lundgren - Cayol. Ele faz uma completa distinção entre cooperação e 26 colaboração através do controlo e a autonomia, o objetivo a atingir, a tarefa e a interdependência. O primeiro aspeto diferenciador relaciona-se com o grau de autonomia dos formandos ou aprendentes e o nível de controlo do formador ou professor. Podemos dizer que na cooperação existe um maior controlo por parte do formador e uma menor autonomia por parte do formando. […] Uma outra característica que distingue os dois conceitos é o objectivo a atingir. A cooperação baseia-se na distribuição de tarefas e responsabilidades pelos elementos do grupo, para atingir determinado objetivo. Na colaboração negoceia-se e orienta-se a interação visando um objetivo comum, através do consenso. […] Em relação à realização da tarefa, a cooperação, contrariamente à colaboração, pressupõe uma tarefa distribuída entre os vários elementos do grupo de trabalho. Na cooperação a ênfase recai na realização da tarefa pelo grupo, baseada em subtarefas de cada formando. […] A interdependência é um atributo dos dois conceitos. Na cooperação, a interdependência tem de existir, uma vez que a contribuição de uns só está completa com a contribuição dos outros. Existe assim, uma interdependência recíproca necessária à complementaridade da tarefa. Na colaboração, a interdependência requer outro envolvimento relacional, necessário a um apoio mútuo e à criação de uma identidade comum. (Meirinhos, 2009, p. 3,4) Outros autores, Curtis e Lawson (2001) citando Dillenbourg e Scneider fazem a seguinte distinção entre ensino cooperativo e ensino colaborativo. O ensino cooperativo é “a protocol in which the task is in advance split into subtasks that the partners solve independently” e ensino colaborativo descreve situações em que “in which two or more subjects build synchronously and interactively a joint solution to some problem”. (Curtis & Lawson, 2001, p. 22) Muitos outros autores poderiam ser referenciados com as suas ideias de descrever uma ou outra abordagem, cooperativo e colaborativo, não é o propósito deste relatório fazer exaustivamente essa distinção, mas apenas que fique bem claro que existe uma diferença entre as duas abordagens, apesar de serem palavras sinónimas. De facto, e como resumo final, a cooperação envolve a concretização de um projeto final através da sua realização por um conjunto de indivíduos ou grupos. A colaboração realça mais os aspetos de partilha e uma maior independência na escolha e obtenção dos objetivos finais. 27 1.5 Análise SWOT A análise SWOT surgiu na década de 1960 (Dyson, 2004, p. 633). As siglas SWOT, acrónimo resultante das palavras inglesas Strengths, Weaknesses, Opportunities, e Threats, que em português significa: Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças tem sido uma ferramenta usada na indústria para auxiliar na formulação de estratégias de negócio (Balamuralikrishna & Dugger, 1995; Dyson, 2004). Para Balamuralikrishna e Dugger (1995) a análise SWOT “It is a relatively simple way of communicating ideas, policies, and concerns to others” (Balamuralikrishna & Dugger, 1995). Para que este método produza os efeitos desejados na investigação, é necessário proceder a uma pesquisa interna dos pontos fortes e fracos e a uma avaliação externa das ameaças e oportunidades Apesar do seu uso não se reportar apenas à indústria, também tem sido usado em instituições educacionais (Balamuralikrishna & Dugger, 1995). O que se deve reter quando se utiliza o método SWOT é que, seja qual for o plano de ação, a decisão deve ter cada um dos seguintes elementos: baseado nos pontos fortes, minimizar os pontos fracos, aproveitar as oportunidades e combater as ameaças (Balamuralikrishna & Dugger, 1995). 1.6 A autonomia na aprendizagem Sendo a autonomia importante no processo da aprendizagem em qualquer domínio, deve-se enquanto educador – professor, incentivar a capacidade dos alunos serem capazes de tomarem as suas próprias decisões. Segundo a definição de Benson (2006) “autonomy is about people taking more control over their lives - individually and collectively” (Benson, 2013, p. 1). Adaptando esta definição à autonomia de aprendizagem, o autor refere-se-lhe, como “Autonomy in learning is about people taking more control over their learning in classrooms and outside them” (Benson, 2013, p. 1). A autonomia pode ser assumida como a capacidade de um indivíduo assumir a responsabilidade, ou o controlo sobre a sua própria aprendizagem. Este autor refere que “autonomy involves abilities and attitudes that people possess, and can develop to various degrees” (Benson, 2013, p. 1). Alarcão (1996), por seu lado, dá um significado de liberdade à palavra autonomia não esquecendo, porém, que liberdade acarreta responsabilidade e a capacidade de se tomar as decisões certas no momento certo (Alarcão, 1996, p. 6). Para esta autora e citando Holec, a autonomia na aprendizagem “é a capacidade para gerir a própria aprendizagem, o que implica 28 ser capaz de definir objetivos pessoais, organizar e gerir tempos e espaços, auto – avaliar e avaliar processos, controlar ritmos, conteúdos e tarefas na sua relação com os objetivos a seguir, procurar meios e estratégias relevantes.” (Alarcão, 1996, p. 6). Esta mesma autora considera que “Educar para a autonomia implica fazer um ensino reflexivo que, por vezes, se baseia numa postura reflexiva do próprio professor.” (Alarcão, 1996, p. 15). Já Crahay tem uma visão muito própria sobre este assunto que, segundo o qual a criança deve ser educada com a liberdade de poder fazer o que quiser “volontairement et avec plaisir”.(Crahay, 2010, p. 29). 1.7 O contexto de intervenção Nos pontos até aqui tratados fez-se a revisão da literatura, os pontos seguintes servem para contextualizar a intervenção em termos de dar a conhecer a escola, apresentar a turma, o curso que a turma está a frequentar, e finalizar pela apresentação da disciplina. 1.7.1 A escola A escola de acolhimento do estágio profissional foi a Escola Secundária Carlos Amarante (ESCA), que desde 2012 passou a designar-se por Agrupamento de Escolas Carlos Amarante (AECA). A escola remonta ao século XIX e tem as suas raízes na Escola de Desenho Industrial. Tendo sofrido ao longo dos anos várias mudanças de local, atualmente, encontra-se na Rua da Restauração, na freguesia de S. Vitor, Braga. A escola tem como missão: prestar um serviço público de educação assente no desenvolvimento do conhecimento, na integração social do indivíduo e na crença de que, pela educação, este contribui para a vida económica, social e cultural do pais. (PE, 2014, p. 17) Ao nível da população escolar, em 2009-2010, no regime diurno foram 1468 alunos, distribuídos por 67 turmas, 79,2% nos cursos científico-humanísticos (48 turmas), 16,2% nos cursos profissionais (16 turmas) e 4,6% nos cursos tecnológico (3 turmas). No regime noturno foram 314 alunos, distribuídos por oito turmas do ensino secundário recorrente e dez turmas dos cursos de educação e formação de adultos. No Centro Novas Oportunidades, em funcionamento desde Fevereiro de 2008, já se inscreveram 1209 adultos, tendo sido entregues 87 certificados.(IGE, 2010, p. 3) 29 No ensino profissional e tecnológico há uma maior percentagem de alunos masculinos (atingem os 100% em algumas turmas), no entanto nos cursos científicos-humanísticos é frequentado pela maioria de alunos do sexo feminino. A escola é considerada de referência para alunos com necessidades educativas especiais a nível da cegueira e surdez. No que respeita às profissões dos pais e encarregados de educação são conhecidas 82,5% e, destes, 30,3% são Operários, artífices e trabalhadores da indústria, 28,5% são quadros superiores, dirigentes e profissões intelectuais, 19,1% trabalham nos serviços e comércio, 13,4% são técnicos e profissões de nível intermédio, 7,5% são trabalhadores não qualificados e 1,2% trabalham na agricultura e trabalho qualificado da agricultura e pescas. Os alunos são oriundos de extratos sociais variados. O corpo docente é composto por cerca de 236 professores e formadores. Sendo que, 70% pertencem aos quadros da escola e 30% são docentes contratados. Na avaliação externa de 2010 a escola obteve nos 5 domínios dessa avaliação o seguinte: 1.º Domínio – Resultados dos alunos – Muito Bom 2.º Domínio – Prestação do serviço educativo – Muito Bom 3.º Domínio – Organização e Gestão Escolar – Muito Bom 4.º Domínio – Liderança - Muito Bom 5.º Domínio – Capacidade de autorregulação e melhoria da escola – Bom Pela avaliação externa de 2010 a escola é considerada como muito boa em 4 domínios e bom num único domínio.(IGE, 2010, pp. 3-5) 1.7.2 A turma A turma objeto da intervenção é uma turma do 10.º ano de um curso profissional. É composta por 24 elementos, sendo 20 elementos do sexo masculino e 4 elementos do sexo feminino. Estando os alunos da turma a frequentar um curso profissional, e sendo a disciplina uma disciplina da componente técnica do curso, foi dividida em 2 turnos, tal como a Tabela 2 o demonstra. 30 Tabela 2 - Distribuição dos alunos da turma X Turno 1 Turno 2 Masculino Feminino Idade FA FR (%) 15 3 33,33 16 4 44,44 17 1 11,11 1 11,11 FA 3 Masculino FR (%) 100 Feminino FA FR (%) 5 45,45 6 54,54 FA FR (%) 1 100 18 19 Total 9 3 Média de idades 11 1 16,08 15,58 Legenda: FA – Frequência Absoluta; FR – Frequência Relativa Para facilitar futura referência aos alunos de cada turno foram-lhes atribuídos códigos identificadores, salvaguardando assim o seu anonimato neste relatório. A Tabela 3 ajuda-nos a ter uma ideia mais concreta dos alunos que formam cada turno. Tabela 3 - Codificação dos alunos da turma X Composição do Turno 1 Composição do Turno 2 N.º aluno Género Idade Codificação N.º aluno Idade Género Codificação 1 M 16 1T1 1 15 M 1T1 2 M 16 2T1 2 15 M 2T2 3 M 16 3T1 3 16 M 3T2 4 F 16 4T1 4 15 M 4T2 5 M 15 5T1 5 16 M 5T2 6 M 15 6T1 6 16 M 6T2 7 F 16 7T1 7 16 M 7T2 8 F 16 8T1 8 15 F 8T2 9 M 16 9T1 9 16 M 9T2 10 M 17 10T1 10 16 M 10T2 11 M 15 11T1 11 15 M 11T2 12 M 19 12 T1 12 16 M 12T2 Durante o período que antecedeu a intervenção, foi observada a discrepância que existia entre os dois turnos da turma. O turno 1 menos trabalhador, mais barulhento, mais ávido a distrações, a se evadir das tarefas propostas na sala de aula e ao não cumprimento de prazos. Em contrapartida, o turno 2, mais trabalhador, mais responsável, mais inquisidor e mais 31 empenhado na elaboração das suas tarefas. O professor cooperante reitera esta minha observação em relação aos alunos dos dois turnos. Ambos os turnos são formados por 12 elementos, dos quais 3 são do género feminino no turno 1, variando as idades entre os 15 e os 19 anos. No turno 2 apenas 1 elemento é feminino e as idades oscilam entre os 15 e os 16 anos. Relativamente ao agregado familiar a grande maioria dos alunos da turma têm entre 1 a 2 irmãos. Como se pode constatar na Tabela 4 em baixo: Tabela 4 - Número de irmãos dos alunos Número de irmãos Freq. Abs. Freq. Rel. (%) 0 6 25 1 13 54 2 5 21 A maioria dos alunos moram com os pais, cerca de 20, e 4 deles, moram apenas com a mãe. Ao nível das habilitações académicas dos pais dos alunos constata-se que são habilitações baixas. O Gráfico 1 elucida essa realidade. Gráfico 1 - Habilitações Académicas dos Pais dos alunos da turma X O encarregado de educação dos alunos para a grande maioria é a mãe, 16 alunos. O pai é o encarregado de educação de 7 alunos e 1 aluno é ele mesmo o próprio encarregado de 32 educação, visto ser de maior de idade. É uma turma que não tem hábitos de estudo, porque apenas 6 alunos de 24 alunos no total, disseram estudar diariamente. A disciplina preferida é Educação Física, o que vem ao encontro da atividade extraescolar de alguns dos alunos. O Gráfico 2 demonstra as preferências das disciplinas assinaladas pelos alunos. Gráfico 2 – Disciplinas favoritas dos alunos da turma X Os alunos responderam que as disciplinas em que sentiam mais dificuldades eram: a matemática (15 alunos) e português (6 alunos). O autocarro é o meio de transporte utilizado para a deslocação casa-escola e escolacasa, por 18 alunos, 2 alunos vêm de carro e 4 alunos a pé. O tempo médio gasto na deslocação varia entre 15 e 30 minutos para 20 alunos, para 3 alunos varia entre 5 e 15 minutos e apenas 1 aluno gasta menos de 5 minutos. A ocupação dos tempos livres destes alunos são os que constam no Gráfico 3 que se apresenta em seguida: 33 Gráfico 3 – Ocupação dos tempos livres Ao nível das profissões ambicionadas pelos alunos da turma X podemos recolher os seguintes dados: Jogador de futebol (4); Polícia (2); Técnico de informática (6); Programador (4) e Engenheiro informático (8). Trata-se portanto de uma turma heterogénea. 1.7.3 O curso Muitas são as escolas secundárias, que possuem como oferta formativa, os cursos profissionais, sendo as suas principais características de ensino “a ligação entre a educação, formação e o mundo profissionalizante”(ANQEP, 2013, p. 5), isto é, os alunos que optam por este percurso escolar, no final da sua formação académica, estarão capacitados para ingressarem no mundo laboral. Desse modo, entende-se toda esta oferta formativa esteja estritamente ligada com o tecido empresarial local. São cursos alternativos aos cursos científico-humanísticos. Este tipo de formação já existe há muitos anos sendo que o seu currículo foi adequadamente adaptado aos nossos dias. Segundo Martins, Pardal e Dias: O Ensino Técnico e Profissional de nível intermédio iniciou-se, em Portugal, na segunda metade do século XVIII com o Marquês de Pombal (Alvará de 19 de Maio de 1759) e incrementou-se durante toda a segunda metade do século XIX a partir de Fontes Pereira de Melo (DG. 300 de 29-12 – 52, para o ensino agrícola) e (DG. 1 e 2 de 02-01 – 1853, para o ensino industrial). (Martins, Pardal, & Dias, 2005, p. 80). 34 No entanto, a sua disseminação e massificação ocorreu a partir dos anos 50 do séc. XX. Os cursos profissionais a nível curricular abrangem três componentes, a sociocultural, a cientifica e a técnica. Dentro da componente técnica insere-se a formação em contexto de trabalho (FCT), e que é complementada pela formação de um período de estágio numa empresa. No final da formação académica os alunos têm de realizar uma prova de aptidão profissional (PAP) em que põem em prática o que aprenderam ao longo dos três anos de formação. O curso profissional onde decorreu a intervenção denomina-se Informática de Gestão. Este curso foi criado em 2005 pela Portaria n.º 913/2005 de 26 de Setembro, no anexo 2 que veio alterar o Decreto –Lei n.º 74/2004, de 26 de março e a Portaria n.º 550-C/2004, de 21 de maio, tem a duração de três anos letivos e confere uma dupla certificação: “…diploma de conclusão do nível secundário de educação e um certificado de qualificação profissional de nível 3 de acordo com o previsto nos n.os 1 e 2 do artigo 15.º do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, e no n.º 1 do artigo 33.º da Portaria n.º 550-C/2004, de 21 de Maio. …”. ("Portaria n.º 913," 2005). 1.7.4 A disciplina A disciplina onde ocorreu a intervenção pertence à componente técnica deste curso profissional, e denomina-se Aplicações Informáticas e Sistemas de Exploração, vulgarmente designada por AISE. É composta por sete módulos, sendo que, nesta Escola, no 10.º ano são lecionados cinco módulos, como representado na Tabela 5. Tabela 5 - Módulos lecionados em 2013/2014 na disciplina de Aplicações Informáticas e Sistemas de Exploração Número 1 2 3 4 5 Designação Componentes Informáticos Processador de texto avançado Folha de cálculo avançada Tecnologias de rede Utilização de um SO cliente/servidor Duração de Referência (Horas) 30 18 18 36 27 De acordo com o programa desta disciplina, espera-se que os alunos adquiram conhecimentos e competências para compreender, utilizar, explora e manter sistemas operativos em rede. 35 Esta disciplina está organizada em duas vertentes. Por um lado, pretende-se que os alunos adquiram conhecimentos e instrumentos que permitam compreender e utilizar sistemas informáticos quer ao nível do seu funcionamento, quer ao nível da exploração de programas que permitem aprofundar e sistematizar o conhecimento dos alunos em níveis avançados dos softwares de utilização comum (processamento de texto, folha de cálculo). Na outra vertente permitir que os alunos adquiram conhecimentos e competências na área de exploração e manutenção de sistemas operativos e seu funcionamento em rede. (ANQ, 2009, p. 2) O programa define ainda as competências a desenvolver pelo aluno na respetiva disciplina, e que se apresentam a seguir, a quando da conclusão do curso: Reconhecer os conceitos básicos inerentes às Tecnologias da Informação e Comunicação, bem como a sua terminologia específica; Compreender a evolução dos conceitos associados, bem como as razões dessa evolução, identificando e comparando os elementos constitutivos; Analisar problemas de informação na qualidade e características da mesma; Compreender os processos fundamentais da informação digital; Conhecer capacidades e características dos equipamentos informáticos; Dominar metodologias de análise de sistemas informáticos; Conhecer com profundidade soluções de tratamento de texto e de cálculo; Revelar capacidade de análise da especificidade dos modelos informáticos; Utilizar corretamente diferentes sistemas operativos; Selecionar equipamentos adequados; Coordenar a instalação de sistemas informáticos; Reconhecer e administrar os componentes de uma Rede de Computadores; Conhecer normas de segurança de informação, assegurando a manutenção e segurança do sistema informático; 36 Adaptar-se às novas tecnologias que irão surgir no decorrer da sua vida ativa. (ANQ, 2009, p. 2) O módulo onde a intervenção ocorreu foi o módulo três – Folha de Cálculo Avançada, que teve a duração de 18 horas que em termos de tempos letivos foram 24 tempos letivos. O projeto de intervenção teve lugar na turma, ou seja, nos dois turnos. 1.8 O plano geral de intervenção No início do estágio profissional na Escola, em novembro de 2013, e após conhecer o professor cooperante, iniciou-se a primeira fase do projeto de intervenção, a fase de observação. Nesta fase, os alunos foram observados, nos seus comportamentos, atitudes e desempenho em sala de aula através de uma ficha de observação elaborada para o efeito (cf. Anexo 1) e foram registadas as opiniões dos alunos através da técnica de Focus Group. Foi com base nesses registos que se iniciou a elaboração do plano geral de intervenção e que serviu de base ao estágio profissional e subsequentemente a este relatório. Quando teve início o estágio nesta turma, o professor cooperante já tinha finalizado o 1.º módulo da disciplina, “Componentes Informáticos”, e tinha iniciado o módulo 2 “Processador de Texto Avançado”. As notas do teste de avaliação obtidas pelos alunos no módulo 1 apresentamse na Tabela 6. Tabela 6 - Resultados do Teste de Avaliação do Módulo 1 Notas do Teste de Avaliação do Módulo 1 Turno 1 3 Positivas % Turno 2 27,27 7 % 53,85 Turno 1 8 Negativas % Turno 2 72,73 6 % 46,15 Decorrente da observação direta em sala de aula verificou-se existirem alguns alunos que tinham comportamentos que não eram indicados em sala de aula – consulta de salas de conversação, conversas paralelas à sala de aula, jogos, entre outros. Uma das premissas que deram lugar ao tema do estágio foi ter observado diretamente em sala de aula e ter registado através da utilização da técnica Focus Group, que os alunos mostravam insatisfação na forma como os conteúdos programáticos eram lecionados referindo não estar a escola a dar-lhes o que eles queriam. Face às evidências observadas, designadamente, o mau resultado no teste de avaliação e a observação sistemática de comportamentos menos indicados em sala de aula, colocou-se a 37 hipótese de as aulas não estarem a corresponder às expectativas e necessidades dos alunos. Colhendo a opinião de Valente e Osório (2009) de que “the answers they seek are not being provided by the school they attend” (Valente & Osório, 2009, p. 82), seguindo as recomendações de Becker (1994) em que a escola tem uma forma particular de transmitir os conhecimentos, que “…consiste em fazer repetir, recitar, aprender, ensinar o que já está pronto, em vez de fazer agir, operar, criar, construir a partir da realidade vivida por alunos e professores…” (Becker, 1994, p. 3) e após revisão da literatura, decidimos assumir como tema central do estágio “O aluno no papel do professor”. Como estratégia de desenvolvimento, fizemos uma aproximação ao conceito de Flipped Classroom, apenas no sentido em que o aluno, e não o professor, assumiu a responsabilidade de elaborar os materiais necessários à lecionação dos conteúdos disponibilizando-os aos outros colegas. Em função disso, definimos os nossos objetivos e estabelecemos as nossas estratégias de ação de modo a superar as dificuldades observadas. O objetivo geral da intervenção foi: Promover a autoaprendizagem dos alunos com base em projetos. Subjacente a este objetivo geral foram definidos outros objetivos secundários: a) Diversificar as estratégias de ensino e aprendizagem; b) Proporcionar a aprendizagem em situações práticas; c) Promover a autonomia dos alunos; d) Propor atividades de trabalho colaborativo entre alunos; e) Desenvolver projetos de aprendizagem com interesse na comunidade. Partindo destes objetivos foram traçadas as estratégias de concretização dos mesmos. De acordo com o objetivo de intervenção “Diversificar as estratégias de ensino e aprendizagem”, pretendeu-se incentivar o uso de várias ferramentas de representação dos conceitos aprendidos através da utilização de estratégias específicas de intervenção. Inserem-se nessas estratégias a Criação de pequenos Filmes em Adobe Flash e/ou Movie Maker; utilização dos programas de apresentações eletrónicas PowerPoint e Prezi e a folha de cálculo Excel. Associado ao objetivo “Proporcionar a aprendizagem em situações práticas” – a estratégia de intervenção baseia-se na opinião dos alunos recolhida, através da sua participação no Focus Group, sobre o modo de funcionamento das aulas teóricas. De forma consensual os alunos mostraram que não gostam de aulas teóricas, embora concordem que não há prática sem teoria e vice-versa, mas gostariam de ter mais aulas práticas. Quando lhes perguntei como 38 gostariam de ter uma aula, por exemplo, a aluna 8T1 respondeu que “o facto de ser um aluno a investigar, e a dar uma aula com a ajuda do professor, acho que resulta sempre e também quando são aulas teóricas, acho que não deviam ser os 90 minutos, neste caso da aula teórica mas por exemplo dar um bocado de teoria e no fim aplicar sempre um bocado de prática para por em prática o que aprendemos na teoria”. A aluna 4T1 referiu que o professor deveria “interagir mais com alunos, por exemplo, dar um tema, perguntar se alguém tem dúvidas, fazer alguma coisa, por exemplo fazer exercícios alguns e é isso, basicamente é o que a colega disse.“, o aluno 10T1 sugeriu o seguinte: “Eu acho que as aulas devem ser efetuadas em formato digital mas depois ao fim da matéria ser explicada, fazer perguntas aos alunos para ver se eles perceberam e se não perceberam voltar a explicar e tirar as dúvidas aos alunos.” e foram continuando, manifestando as suas opiniões. O aluno 9T1 referiu o seguinte: “…ao fim de perguntar ou ver se nós fazemos ou dar exercícios, vir a cada um e ver se nós estamos mesmo realmente a perceber ou se estamos a dizer que estamos a perceber para não ter que estar a tirar dúvidas ou assim, porque às vezes podemos estar a dizer que percebemos mas não estamos a perceber nada e o stôr se viesse aos cadernos fizermos ou assim, eu acho que é melhor, isto é a minha opinião”. O aluno 1T2 disse: “eu acho que as aulas podiam ser um bocado mais participativas com os alunos, por exemplo o professor podia dar um problema, ou um exercício e faziam-se grupos e assim participávamos todos porque estávamos todos a resolver o mesmo problema e queremos todos saber, portanto estávamos a falar uns para os outros para tentarmos descobrir o problema, informática é isso, basicamente.” Mediante a análise de todas estas opiniões é legítimo concluir que os alunos querem mais prática em detrimento das aulas teóricas. Associado ao objetivo “Promover a autonomia dos alunos” – a estratégia de intervenção baseou-se na opinião de Rousseau que considera importante que o aluno adquira competências de responsabilização na construção do seu próprio conhecimento. Na sua obra, Émile ou de l'Éducation, um dos mais conhecidos clássicos da educação, Rousseau (1999) destacava que “… mon objet n’est pas de lui donner la science, mais de la lui faire connaître, de lui apprendre à en acquérir au besoin, enfin de la lui faire estimer exactement ce qu’elle vaut, et de lui faire aimer la vérité par-dessus toutes choses“ (Rousseau, 1999, p. 621). Nas ideias de Rousseau, o papel do professor deve ser o de orientador em todo o processo, disponibilizando, o apoio necessário para que o aluno participe ativamente na construção do seu conhecimento. 39 Associado ao objetivo “Propor atividades de trabalho colaborativo entre alunos” – pretendo incentivar o trabalho colaborativo na linha das ideias defendidas por Roberts (2004) “[c]ollaborative is an adjective that implies working in a group of two or more to achieve a common goal, while respecting each individual’s contribution to the whole.” (Roberts, 2004, p. 205) Neste sentido, como no módulo que me cabe lecionar os conteúdos se interligam, será desejável que os alunos aprendam a partilhar materiais entre si. Finalmente, para satisfazer o objetivo “Desenvolver projetos de aprendizagem com interesse na comunidade” – e segundo as palavras de Onrubia, a tentativa de formular verbalmente a própria representação para comunicála aos demais obriga a reconsiderar e reanalisar aquilo que se pretende transmitir; ajuda a detetar incongruências e incorreções; força a ser mais explícitos e precisos; obriga a buscar formulações alternativas para uma mesma idéia; ajuda, em suma, a rever e enriquecer próprio ponto de vista. (Onrubia, 2001, p. 146) Neste sentido promovi a partilha dos conhecimentos adquiridos pelos alunos com os pais e encarregados de educação, assim como com os colegas desta turma. Estou convicta que esta estratégia levou os alunos a ter maior empenho e motivação na elaboração dos projetos porque foram apresentados a pais, colegas e professores e por eles avaliados. Tendo traçado os objetivos e posteriormente as estratégias no plano de intervenção, estabelecemos para o efeito formas de propiciar a aprendizagem significativa dos alunos. Para o efeito, foi elaborado um exercício de diagnóstico para aferir os conhecimentos prévios dos alunos, visto alguns dos conceitos terem sido lecionados noutra disciplina do curso. Segundo o paradigma construtivista o professor deve estimular os alunos a aprender partindo dos conhecimentos previamente adquiridos relacionando-os com novas situações, para com maior facilidade, darem lugar a novas aprendizagens. Segundo Miras (2001) “… a atualização e a disponibilidade dos conhecimentos prévios dos alunos são uma condição necessária para poderem realizar uma aprendizagem o mais significativa possível…” (Miras, 2001, p. 69). Todas as atividades foram centradas mediante os interesses e realidades dos alunos de forma a cativar a sua atenção, obterem aproveitamento e adquiram competências técnicas, científicas e socioculturais, de modo a serem utilizadas nas suas vidas pessoais e profissionais. 40 Com o intuito de centrar as aprendizagens nos alunos, foi criado um ambiente propício ao desenvolvimento da autonomia e a aquisição de conhecimentos em AISE, estabeleceram-se para este projeto metodologias apoiadas na aprendizagem baseada em projetos. Os conteúdos programáticos do módulo 3 foram agrupados em seis grandes projetos e distribuídos por cada um dos turnos aos grupos de trabalho, em que cada grupo era constituído por dois elementos, promovendo assim, o trabalho colaborativo entre pares. Em relação à carga horária da disciplina, esta contemplava 5 tempos letivos semanais, para cada um dos turnos, o que perfazia um total de 10 tempos semanais, sendo distribuído da seguinte forma: 6 tempos à quarta-feira e 4 tempos à sexta-feira. De forma a promover a autonomia nos alunos, em todas as aulas, os alunos trabalhavam em cada um dos seus projetos tomando o professor o papel de os orientar. Tal como refere Cardoso quando se refere orientar os alunos para a construção dos seus conhecimentos, é mesmo orientar. Não se espera que os alunos construam, ou descubram sozinhos, o que já foi inventado, a ideia é contextualizar os tópicos a estudar, para promover a reflexão nos alunos para que fiquem com cabeças bem feitas e não apenas cabeças cheias. (Cardoso, 2013, pp. 92,93) Relativamente à avaliação dos alunos e à forma como estes devem ser avaliados de forma a refletir uma nota final ao módulo, “discutimos” com os alunos os parâmetros a ser avaliados nos projetos finais. Para isso servimo-nos dos ensinamentos de Hadji (1994) que define avaliação como “uma atividade que deve ser exercida em proveito daqueles sobre os quais ela se exerce (por exemplo: os alunos), ou daqueles que dizem respeito ao objeto sobre o qual ela se debruça (neste caso, por exemplo, um método pedagógico)” (Hadji, 1994, p. 88). Para além disso, e de forma a apreciar se os conteúdos estavam a ser apreendidos, no decorrer do projeto dos alunos, foi elaborada uma pequena ficha de trabalho (cf. Anexo 2) usando para tal a ferramenta Question Writer HTML5, versão demonstração para 30 dias e a Moodle, onde os alunos resolveram com alguma facilidade a mesma. Com o objetivo de avaliar este projeto de intervenção e o cumprimento dos seus objetivos, foram utilizados os seguintes documentos: observação direta (cf. Anexo 1 ), de forma a verificar o comportamento e o envolvimento dos alunos em sala de aula; grelhas de avaliação do comportamento em situação de aula (cf. Anexo 3). No que concerne ao levantamento da opinião dos alunos, em cada aula, foram chamados a preencherem vários instrumentos, criados para o 41 efeito (cf. Anexo 4 a Anexo 9), de forma a ir obtendo a perceção deles em relação ao meu desempenho, para assim, se necessário fosse, alterar as estratégias e/ou objetivos. 42 Desenvolvimento e Avaliação da Intervenção Neste capítulo serão relatadas e discutidas algumas das opções tomadas neste projeto, métodos e técnicas de recolha de dados, tal como a tecnologia usada. No seguimento do capítulo serão apresentados, de uma forma reflexiva, as atividades realizadas ao longo das aulas, e a sua avaliação. Segue-se a avaliação do projeto de intervenção nos pontos: à luz dos objetivos traçados e dos projetos desenvolvidos pelos alunos. Termina com uma síntese das principais dificuldades encontradas. 2.1 Reflexão sobre ambientes de aprendizagem Durante a concretização deste projeto de investigação-ação tentei, dentro do possível, satisfazer as vontades dos alunos expressa aquando da realização da primeira sessão do Focus Group, tendo sempre em conta os conteúdos programáticos da disciplina e os tempos letivos disponíveis para a sua lecionação. Por outro lado, procurou-se contribuir para o sucesso académico dos alunos de modo que os conteúdos fossem apreendidos de forma significativa. Para que estes pontos referenciados fossem concretizáveis, acompanhei de perto cada um dos grupos de trabalho, para poder ter uma ideia das dificuldades que estavam a ser manifestadas e agir em conformidade ajudando na superação das suas dúvidas, medos, receios e por vezes mesmo, uma certa falta de confiança nas suas próprias capacidades o que implica uma constante motivação durante o processo de aprendizagem. Com efeito, considera-se que a motivação mantém vivo o interesse e o gosto na aprendizagem. O professor deve: “…incentivando a autoestima e a motivação para continuar aprendendo” (Solé, 2001, p. 53) muito mais tratando-se de alunos com as especificidades destes. Nesse sentido, procurei no final de cada aula, refletir com o professor cooperante esse e outros aspetos e, sempre que necessário, proceder aos ajustes necessários. Esta reflexão abrangia também questões importantes como as que o modelo reflexivo (Gibbs, 1994) apresenta: 43 Figura 1 - Modelo reflexivo adaptado de Gibbs (1994) Este modelo de Gibbs e a sua aplicação assim como os aspetos motivacionais foram uma constante nessas reflexões surgidas ao longo de toda a minha intervenção, porque permitia organizar, analisar e clarificar ideias e ações a tomar de forma a colmatar desvios, insucessos e fazer futuras correções e adaptações aos planos e estratégias traçados. 2.2 Métodos e técnicas de recolha de dados Os métodos usados na recolha de dados foram a observação e o inquérito, porque “observar, perguntar e ler são as três ações fundamentais que estão na base das técnicas de recolha de dados” (C. Moreira, 2007, p. 153). Para Tuckman a investigação por inquérito “é um tipo específico de investigação que aparece frequentemente no campo da educação” (Tuckman, 2000, p. 15) e envolve questionários e entrevistas. Uns e outros são utilizados para interrogar as pessoas: “os investigadores usam os questionários e as entrevistas para transformar em dados a informação diretamente comunicada por uma pessoa (ou sujeito) ” (Tuckman, 2000, p. 397). Desse modo, “os questionários e as entrevistas são processos para adquirir dados acerca das 44 pessoas, sobretudo interrogando-as e não observando-as, ou recolhendo amostras do seu comportamento” (Tuckman, 2000, p. 308). As técnicas de recolha de dados que utilizei em sala de aula foram a observação direta, os questionários e o Focus Group. A técnica do Focus Group ajusta-se a “uma investigação qualitativa, que não se traduz em resultados percentuais, testes estatísticos, ou tabelas. Ao contrário esta metodologia é menos estruturada que os questionários ou qualquer outra investigação qualitativa” (Edmunds, 2000, p. 2) permitindo uma análise descritiva e exploratória dos resultados. 2.3 Mapa concetual da intervenção Os mapas concetuais, de uma forma simplista, são mapas em que são inseridos os conceitos e estes são unidos por frases de ligação. Segundo Moreira (1982) citando outros autores estes mapas: “são diagramas conceituais hierárquicos destacando conceitos de um certo campo conceitual e relações (proposições) entre eles. São muito úteis na diferenciação progressiva e na reconciliação integrativa de conceitos e na própria conceitualização” (M. A. Moreira, 1982, p. 25). Apresenta-se a seguir o mapa concetual que serviu de base à intervenção pedagógica baseada na Atividade Colaborativa por Projeto (ACP). Figura 2 - Mapa concetual acerca da ACP (adaptado de Lencastre & Monteiro, 2009) Neste processo, procurei exercer o papel de orientador/ impulsionador do processo ensino-aprendizagem. O aluno foi sempre o autor principal, pesquisou os conceitos, estudou-os, 45 preparou as apresentações eletrónicas, transmitiu-os aos seus pares, verificou in loco se todos estavam a acompanhar o que eles estavam a transmitir, criou exercícios exemplo de aplicação de conteúdos e assim, assumiu o “Papel do Professor”. Toda esta dinâmica criada em sala de aula foi motivadora para o empenho dos alunos. Os alunos sem se aperceberem e de uma forma simples estavam a construir o seu conhecimento. 2.4 Os projetos desenvolvidos pelos alunos ao longo da intervenção Partindo dos conteúdos curriculares do módulo 3, estes, foram agrupados por temas e divididos em 6 projetos. Tal como mostra a Tabela 7. Tabela 7 – Conteúdos Curriculares do Módulo 3 Projeto Conteúdos 1. Personalização do ambiente de trabalho 1.1 Personalizar o ambiente de trabalho 1.2 Criar uma barra de ferramentas personalizada 1.3 Definir a aparência do ecrã, de cálculos, da edição e outras 2. Proteção de documentos 3. Comentários 4. Tipos de referências 5. Criação de nomes para células 6. Formatação numérica personalizada 7. Séries de dados 8. Construção de listas de dados 9. Gestão de dados 9.1 Filtros automáticos 9.2 Filtros avançados 10. Mapas de dados Projeto 3 11. Formatação de gráficos Projeto 4 12. Partilha de informação entre aplicações Projeto 5 13. Impressão de dados Projeto 6 14. Macros Projeto 1 Projeto 2 Estes 6 projetos, associados aos objetivos de aprendizagem para o módulo (mediante o programa da disciplina AISE) foram distribuídos pelos alunos da turma mediante o meu conhecimento da turma e da opinião do professor cooperante. A Tabela 8 dá-nos conta dessa distribuição: 46 Tabela 8 - Distribuição dos projetos e respetivos objetivos de aprendizagem pelos alunos Projeto Projeto 1 Alunos Objetivos de aprendizagem 1. Modificar a apresentação da área de trabalho 2. Configurar e proteger um documento T1 Grupo T2 Grupo 6T1 + 11T1 G1 2T2 + 13T2 G7 Projeto 2 3. Trabalhar com um conjunto de dados 2T1 + 5T1 G2 8T2 + 11T2 G8 Projeto 3 4. Criar e formatar gráfico 4T1 + 9T1 G3 6T2 + 10T2 G9 Projeto 4 5. Interligar diversas aplicações 7T1 + 1T2 G4 3T2 + 4T2 G10 Projeto 5 6. Dominar as técnicas de impressão 1T1 + 10T1 G5 7T2 + 9T2 G11 Projeto 6 7. Automatizar tarefas repetitivas utilizando macros 3T1 + 8T1 G6 12T2 + 5T2 G12 Os grupos de trabalho foram criados por mim e pelo professor cooperante, mediante a opinião que retirei aquando da primeira fase da intervenção, a fase de observação. Foi pretensão nessa distribuição colocar um aluno com bom desempenho com um aluno com desempenho menos bom, para assim, permitir que ambos se apoiem e o sucesso mútuo fosse uma realidade. A este propósito Joaniquet citado por Ribeiro (2006) diz que os alunos com capacidades médias e altas estão favorecidos, porque assim podem pôr à prova os seus conhecimentos e as suas habilidades para os explicarem aos seus pares e assim reforçam o seu processo de aprendizagem. Por outro lado, para os alunos com menor rendimento escolar é a possibilidade de pedir ajuda e recebê-la de uma forma mais próxima e imediata (Ribeiro, 2006, p. 47). Finda a distribuição dos projetos de trabalho pelos seus respetivos grupos procedeu-se à apresentação dos conteúdos curriculares do módulo 3. Para o efeito foi criada uma apresentação digital de suporte, usando o Microsoft Power Point 2007, e apresentada aos alunos. Por fim, e para uma melhor compreensão deste projeto de intervenção foi elaborado um esquema, onde constam as metodologias, estratégias e tecnologias utilizadas ao longo das aulas. 47 Síntese da Intervenção Aula1 Aula 3 Aula 8 Aula 10 Diálogo ativo Diálogo ativo Seminário para os colegas Workshop sobre Folha de Cálculo Avançado Imagens/Esquemas/Áudio Imagens/Esquemas/Áudio Sessão de Focus Group Tecnologia: Power Point e Moodle Project-based Learning Tecnologia: Excel e Gravador Aprendizagem através do uso de analogias … Tecnologia: DVD, Moodle e Excel Preenchimento da avaliação da intervenção pedagógica do professor Tecnologia: Word Avaliação dos Projetos Preenchimento da avaliação da intervenção Preenchimento da Auto e Heteroavaliação Tecnologia: Moodle e Word pedagógica do professor Guardar o projeto desenvolvido na Moodle Tecnologia: Word e Moodle Aula 2 Preenchimento do questionário de análise dos conhecimentos prévios Diálogo ativo Aula 4 Aula 9 Aula 11 Diálogo ativo Seminário para os colegas Workshop sobre Folha de Cálculo Avançado Project-based Learning Sessão de Focus Group Tecnologia: Excel Tecnologia: Excel e Gravador Apresentação digital Tecnologia: Power Point, Excel, Moodle e … Word Preenchimento da avaliação da intervenção pedagógica do professor Guardar o projeto desenvolvido na Moodle Tecnologia: Moodle e Word Preenchimento da avaliação da intervenção Avaliação dos Projetos Preenchimento da Auto e Heteroavaliação Tecnologia: Moodle e Word pedagógica do professor Guardar o projeto desenvolvido na Moodle Tecnologia: Moodle e Word 48 2.5 Tecnologia educativa A sala de aula onde a intervenção teve lugar estava bem equipada. Possuía um projetor fixo direcionado para o quadro e 14 computadores com acesso à Internet e com software que nos permitiu a utilização das ferramentas tecnológicas que a seguir se apresentam facilitando o promover da autonomia e motivação dos alunos e permitindo que cada grupo tivesse um computador ao longo de todo o desenvolvimento do projeto. 2.5.1 Microsoft Power Point Segundo informações obtidas no próprio sitio da página da Microsoft (Microsoft, 2014), o Microsoft PowerPoint ou simplesmente PowerPoint é um software desenvolvido pela Microsoft e pertence ao pacote do Office. É usado para criar apresentações digitais que podem ser apresentadas utilizando um projetor. Através do PowerPoint é possível criar ecrãs que incorporem texto e fotografias coloridas, ilustrações, desenhos, tabelas, gráficos e filmes, e alternar entre um e o outro como se de diapositivos se tratasse. O texto pode ser animado e as ilustrações no ecrã, utilizando para tal, a função de animação, bem como colocar efeitos de som e narração. Também é possível imprimir os materiais e distribui-los antes da apresentação. Existem disponíveis vários temas do Ms Office que podem ser utilizados, quer online, quer off-line. Apresento a seguir o tema que utilizei. Figura 3 - Tema do Microsoft Office usado no 1.º dia da intervenção 49 2.5.2 Plataforma Moodle A plataforma Moodle foi utilizada ao longo de toda a intervenção não só para disponibilizar os materiais aos alunos, para que pudessem guardar os projetos ao longo das aulas, para assim, ser possível monitorizar o andamento destes, mas sobretudo para facilitar a elaboração e realização das atividades que os alunos realizaram em sala de aula, fazerem a sua auto e heteroavaliação, avaliarem o desempenho do professor e a realização de outras atividades decorrentes das diversas funcionalidades que a Moodle permite tal como se pode ver na Figura 4. Por outro lado, e porque quase todos os alunos tinham internet em casa, a Moodle permitiu expandir a sala de aula para casa, não só através da realização de trabalhos como a consulta de todos os materiais disponibilizados. Figura 4 – Organização da plataforma Moodle 50 2.6 Atividades e estratégias realizadas no âmbito do projeto Apresenta-se a seguir uma tabela onde se pode verificar todas as atividades desenvolvidas assim como as estratégias a elas associadas, distribuídas ao longo do tempo de duração do projeto. Tabela 9 – Calendarização e distribuição das atividades Calendarização e enumeração das principais atividades e estratégias realizadas no projeto de intervenção Aula Duração Data Conteúdos Atividades/Estratégias Colocação no placard da sala os conteúdos curriculares, cronograma dos projetos, tema dos projetos e respetivos grupos de trabalho; 1 45’ 26-02-2014 Apresentação dos conteúdos curriculares Distribuição dos alunos pelos grupos de trabalho e temas de projetos; Apresentação dos conteúdos curriculares do módulo 3; Auscultação do áudio da 1.ª sessão do Focus Group; Preenchimento da avaliação de desempenho do professor. Preenchimento da ficha de avaliação de 2 90’ 28-02-2014 conhecimentos; Pesquisas sobre os temas dos projetos. Preencher uma ficha de avaliação de conhecimentos sobre folha de cálculo; Orientar os alunos para os temas de cada projeto; Clarificação de dúvidas; Orientar os alunos na pesquisa dos materiais; Preenchimento da avaliação de desempenho do professor. Esclarecimento de dúvidas; 3 90’ 07-03-2014 Realização dos projetos Exemplificar recorrendo a analogias; Visualização de vídeos de demonstração; Preenchimento da avaliação de desempenho do professor. 51 Calendarização e enumeração das principais atividades e estratégias realizadas no projeto de intervenção Aula Duração Data Conteúdos Atividades/Estratégias Esclarecer dúvidas; 4 135’ 12-03-2014 Realização dos projetos Exemplificar recorrendo a analogias; Preenchimento da avaliação de desempenho do professor. Esclarecer dúvidas; 5 90’ 14-03-2014 Realização dos projetos Exemplificar recorrendo a analogias; Preenchimento da avaliação de desempenho do professor. Apresentar aos alunos o URL que irão necessitar:- Realização de uma atividade para aferir do 6 135’ 19-03-2014 progresso dos alunos nas http://www2.nonio.uminho.pt/escamarante/course/view.php?id=79 – módulo 3 suas Informar os alunos do tempo que têm para a realização da atividade; aprendizagens; Conclusão dos projetos de grupo. Alertar os alunos para enviarem o relatório antes de terminar a atividade; Informar os alunos da diferença entre respostas de escolha múltipla e resposta múltipla Preenchimento da avaliação de desempenho do professor. 7 90’ 21-03-2014 Apresentação dos projetos 1 e 2. Seminário sobre os temas dos projetos 1 e 2 8 135’ 26-03-2014 Apresentação dos projetos 3 e 4. Seminário sobre os temas dos projetos 3 e 4 9 90’ 28-03-2014 Apresentação dos projetos 5 e 6. Seminário sobre os temas dos projetos 5 e 6 10 135’ 02-04-2014 WorkShop “Folha de Cálculo Avançado”; WorkShop com os Pais; Realização da 2.ª Sessão do Focus Group. 2.ª Sessão do Focus Group; Preenchimento da auto e heteroavaliação. 11 90’ 04-04-2014 WorkShop “Folha de Cálculo Avançado”; WorkShop com os Pais; Realização da 2.ª Sessão do Focus Group. 2.ª Sessão do Focus Group. 52 ; Na sequência da apresentação da tabela anterior, aborda-se a seguir mais em pormenor das 11 aulas apresentadas que ocorreram ao longo da intervenção. Em simultâneo decorreu uma avaliação feita pelos alunos ao desempenho do professor em sala de aula. 2.6.1 Aula 1 Nesta primeira aula comecei por atribuir aos alunos, o seu posto de trabalho na sala de aula, o seu colega de grupo e o respetivo tema de projeto. Porém, antes dos alunos entrarem na sala de aula, coloquei em todos os postos de trabalho que queria que eles ocupassem um Post-it de cores diferentes. Quando os alunos começaram a entrar na sala fui-lhes distribuindo o Post-it da cor que lhes correspondia e pedia-lhes que procurassem os devidos postos de trabalho com a mesma cor, ou seja, havia dois alunos com a mesma cor de Post-it e um computador com a mesma cor. Depois, comecei por apresentar os conteúdos curriculares, de uma forma genérica, e coloquei o áudio retirado na 1.ª sessão do Focus Group, contendo as suas intervenções, e dialogamos sobre os vários pontos abordados no mesmo. No final os alunos preencheram uma ficha de observação adaptada de uma análise SWOT que falarei a seguir, o que os surpreendeu porque, segundo eles “nunca ninguém lhes tinha pedido nada idêntico”. Por outro lado eu preenchi, tal como fiz em todas as aulas, uma ficha de Observação dos Alunos (cf. Anexo 3). 2.6.2 Análise, compreensão e avaliação da ação Pela análise da Ficha de Observação dos Alunos (cf. Anexo 3) pude constatar que a aula teve uma dinâmica bastante participativa por parte dos alunos. Nesta aula e devido ao tempo da mesma, não foi possível dar início aos projetos de investigação. Tal como referi atrás, no final da aula pedi aos alunos que preenchessem a avaliação de desempenho do professor e para o efeito servi-me de uma grelha adaptada de uma Análise SWOT. Segundo Tonini, Spínola, e Laurindo “A utilização da análise SWOT cria um caminho prático para apreciação dos resultados efetivos.” (Tonini, Spínola, & Laurindo, 2007, p. 9). Os mesmos autores referem também o seguinte: “a análise SWOT tem sido o instrumento mais praticado graças à sua simplicidade e objetividade”. (Tonini et al., 2007, p. 9). Utilizando esta análise pretendi auscultar a opinião dos alunos em relação à aula. Para tal, tinham que indicar quais os pontos fortes, pontos fracos, a manter e a melhorar que se apresentam no Gráfico 4. 53 Gráfico 4 – Pontos fortes da aula Pela análise deste gráfico constato que o que os alunos mais apreciaram na aula foi a forma como abordei a apresentação dos conteúdos curriculares, o facto de os ter confrontado com o que tinham dito na 1.ª sessão do Focus Group, ter colocado no placard os objetivos, conteúdos e cronograma dos projetos dos alunos, assim como, a constituição dos elementos de cada grupo distribuídos pelos projetos. Em relação aos pontos fracos da aula são os que se apresentam no Gráfico 5. Gráfico 5 – Pontos fracos da aula Com os resultados do Gráfico 5 verificamos que metade da turma não apontou nada como ponto fraco, o que pode significar que gostaram da aula. Nota-se que 2 alunos não gostaram de não terem sido eles a escolher o elemento do grupo, porque, provavelmente escolheriam alguém com 54 quem tivessem mais afinidades. De salientar também que outros 2 alunos apontaram como ponto fraco, a interação com os alunos. Este foi um parâmetro que tentei melhorar ao longo da intervenção. Em relação à opinião dos alunos sobre o que se devia manter nas aulas os resultados são os que constam no Gráfico 6. Gráfico 6 - A manter na aula Analisando o Gráfico 6 constate-se que 9 alunos, preferem as aulas à semelhança da dinâmica criada na 1.ª aula, ou seja, com apresentação de diapositivos, com diálogo entre alunos e professor. No entanto, eu também quis saber a opinião dos alunos em relação às suas propostas para melhorar as aulas. Os resultados são os que constam no Gráfico 7. Gráfico 7 – A melhorar na aula Analisando os 4 gráficos da opinião dos alunos desta primeira aula, leva-nos a pensar que a maioria dos alunos gostou da aula o que representou um bom presságio para que as aulas, seguindo esta estratégia, corressem bem. 55 2.6.3 Aula 2 A segunda aula iniciou-se com a resposta a um questionário sobre Análise de Conhecimentos para que dessa forma pudesse ter uma visão geral dos conhecimentos prévios dos alunos. As dúvidas começaram a surgir e os alunos foram questionando e pedindo sugestões de trabalho para a resolução dos seus projetos. Eles foram sendo ajudados, sem que lhes fosse dada a resposta às suas questões. Tal como alguns autores defendem não se deve dar a solução aos alunos mas ajudá-los a descobrirem-na. No final desta aula fiquei com a sensação que alguns grupos ainda apresentavam dúvidas sobre o que era pretendido no seu projeto, ou seja, o que era esperado que eles apresentassem como produto final. De forma a superar estas dificuldades levei para a aula seguinte (aula 3) um vídeo, (Vídeo – DVD professor – Tecnologias de Informação e Comunicação 9.º|10.º) em que estava contemplada a matéria em relação à qual alguns alunos manifestavam dúvidas. No final da visualização do vídeo já sabiam como abordar o tema. 2.6.4 Análise, compreensão e avaliação da ação Esta aula decorreu dentro do que era esperado e todas as dúvidas foram esclarecidas, especialmente sobre os dados a serem pesquisados e tratados para o projeto de cada um dos grupos. Os alunos foram orientados para não se dispersarem por caminhos desviantes do seu tema de projeto. No final da aula, pedi aos alunos para preencherem um questionário de duas perguntas de resposta livre. Os alunos tinham que analisar o que mais tinham gostado na aula e o que menos tinham gostado. As respostas a estas duas questões são as que se apresentam no Gráfico 8 e Gráfico 9. 56 Gráfico 8 – Respostas dos alunos ao que mais gostaram na aula Como se pode verificar pelo Gráfico 8 as respostas dos alunos divergem muito, sendo de realçar as quatro respostas mais focadas: Fazer a ficha em Excel; O PowerPoint que utilizei na aula para ajudá-los a clarificar os seus temas de projeto; trabalhar em grupo, 3 dos alunos num total de 21, acharam importante trabalhar em grupo e finalmente, 3 alunos consideraram a minha explicação importante, devido ao facto, de os alunos estarem com algumas dúvidas em relação ao tema do seu projeto. Em relação ao que os alunos menos gostaram da aula, as respostas foram as que se encontram no Gráfico 9. Gráfico 9 – Respostas dos alunos ao que menos gostaram na aula Pela análise do Gráfico 9 a maioria dos alunos que responderam ao questionário, 15 alunos num total de 20, não apontaram nada que não tivessem gostado na aula. Devido ao facto de 2 57 alunos terem faltado à aula, 2 outros alunos tiveram que trabalhar sozinhos e os alunos não gostaram desse facto, daí terem apontando isso como o ponto negativo da aula. 2.6.5 Aula 3 Nesta 3.ª aula e após ter avaliado a aula anterior com o professor cooperante, e ambos estarmos em acordo sobre as dificuldades que os alunos estavam a manifestar para “agarrarem” no seu tema de projeto apresentei um vídeo, (Vídeo – DVD professor – Tecnologias de Informação e Comunicação 9.º|10.º) em que estava contemplada a matéria em relação à qual alguns alunos manifestavam dúvidas. Apresentei também 5 fichas de trabalho, cada uma delas focando-se no tema de cada projeto, para assim os ajudar a clarificar as ideias sobre o que era esperado eles desenvolverem. Cada grupo de trabalho empenhou-se a resolver a sua ficha de trabalho e sempre que dúvidas surgiram, solicitaram ajuda dos professores da sala. 2.6.6 Análise, compreensão e avaliação da ação No final desta aula, pelas reações dos alunos, pude constatar que as dúvidas que estavam presentes se tinham dissipado. Assim estariam prontos e esclarecidos para darem continuidade ao desenvolvimento do projeto de trabalho. No final da aula e após reflexão sobre a mesma, veio-me à memória a célebre frase de Lenine “É preciso dar um passo atrás para depois dar dois à frente”. E foi precisamente isso o que fiz, tinha regressado aos hábitos anteriores de dar uma ficha de trabalho e ajudar os alunos a resolvê-la, o que surtiu efeitos. Nesta aula, para diversificar os questionários que até então tinha feito em papel, resolvi fazer um referendo na Moodle, em que eles tinham apenas que responder a uma questão que era: como correu a aula de hoje?. As respostas apresentam-se no gráfico seguinte. Gráfico 10 – Respostas dos alunos ao Referendo Vê-se por este gráfico que os alunos continuavam a gostar das aulas e a responderem de uma forma positiva ao que lhes tinha sido pedido. 58 2.6.7 Aula 4 No dia 12 de março de 2014 decorreu uma atividade na turma com a diretora de turma. Os alunos foram ao Theatro Circo ver uma peça sobre sexualidade. Como consequência os alunos do turno 2 compareceram à aula apenas por um período de 45 minutos. Os alunos do turno 1 apenas compareceram por um período de 90 minutos. De referir que cada turno deveria assistir a 135 minutos de aula (ou seja 270 minutos para os dois turnos). No entanto quis saber a opinião dos alunos sobre a aula, no tempo que estiveram em sala. Criei na Moodle um Fórum sobre o tema “Como decorreu a aula de hoje”. As respostas são as que se apresentam no Gráfico 11 e serão analisadas a seguir. 2.6.8 Análise, compreensão e avaliação da ação Esta aula foi uma aula atípica pois não consegui ter a turma a trabalhar os 270’ devido à atividade promovida pela diretora de turma. Alguns dos alunos também aproveitaram esse facto para não comparecerem à aula. Este tempo que não estiveram a trabalhar, em alguns grupos de trabalho, manifestou-se necessário, porque no final, ou seja, na 6.ª aula, apresentaram isso como motivo de o trabalho não estar melhor. No Gráfico 11 estão representadas as respostas dadas pelos alunos ao Fórum. Gráfico 11- Respostas dos alunos ao Fórum Mais uma vez os alunos que estiveram presentes na aula gostaram da aula. Apesar de ter sido uma aula diferente, pois, os alunos não tiveram a aula de 135’, tal como consta no horário deles, mas dentro do período que permaneceram em sala de aula a trabalhar, gostaram da aula. 59 2.6.9 Aula 5 e 6 Estas duas aulas foram as últimas aulas que os alunos tiveram para a concretização do seu projeto de trabalho. Pela agitação da aula, em alguns alunos, era notório a preocupação em terminarem o seu projeto. Os medos e receios eram muitos, situação que não me preocupou, pois é expectável que quando os alunos estão a criar o seu próprio conhecimento, errem, testem diferentes soluções, reestruturem a sua solução, peçam a opinião do professor, pois só assim, com todo este envolvimento, participação ativa, tentativa/erro e restruturação se criam aprendizagens significativas. Tal como defende Zilli (2004) citando Zacharias (2003) o erro“ oferece oportunidades para que o aluno entenda porque errou e busque uma nova solução para o problema, investigando, explorando, descobrindo por si próprio, ou seja, a aprendizagem dá-se pela descoberta” (Zilli, 2004, p. 50). No inicio da aula 6, os alunos, começaram por resolver a Ficha de Trabalho (cf. Anexo 2) para que se pudesse aferir se estavam a acompanhar os conteúdos programáticos, tal como se veio a verifcar pelos resulados obtidos. 2.6.10 Análise, compreensão e avaliação da ação Nestas duas aulas a agitação foi maior, devido ao facto de, o prazo estipulado para a concretização dos projetos estar a chegar ao fim. Os alunos tentaram negociar uma prorrogação de prazo, ao qual não anuí. Os alunos desde a primeira aula que sabiam que os prazos de concretização do projeto eram aqueles, que não havia muito tempo para eles se poderem expandir noutras atividades extra aulas. O que ocorreu, nos grupos de trabalho que pediram esse adiamento de entrega, é que não trabalharam quando deviam e depois faltou-lhes o tempo. Para além desta razão apresentada, o mais importante foi que, sendo estes alunos de um curso profissional em que no decorrer da formação académica e/ou no final da mesma, irão enveredar pelo mundo do trabalho e aqui, há prazos a cumprir, sob o risco de colocar o seu posto de trabalho em causa. Quis assim responsabilizá-los para essa realidade. Pelo que pude observar, a resistência ao não cumprimento de prazos já se vinha arrastando no decorrer dos módulos precedentes, então negociei com o professor cooperante esta estratégia de ir descontando 1 valor na nota final por cada dia de atraso. No final destas duas aulas e como já era habitual, solicitei aos alunos que avaliassem o meu desempenho em sala de aula. Nesta aula (aula 5) criei na Moodle um Diário do Aluno com 60 apenas uma frase que os alunos tinham de completar mediante a sua opinião. A frase iniciava com “A aula de hoje foi…”. Esses registos apresentam-se compilados no Gráfico 12. Gráfico 12 – Respostas dos alunos ao Diário do Aluno Como se pode verificar pela análise do Gráfico 12 apenas 15 alunos responderam ao que lhes tinha pedido. Isto poderia dever-se ao facto de estarem a trabalhar mais árduamente e assim, não terem tempo suficiente para responderem. A opinião dos alunos continuava a ser positiva em relação ao meu desempenho na sala de aula. Continuavam a trabalhar e a participar nas tarefas que lhe foram propostas. A última aula em que eu pedi aos alunos que avaliassem a mesma foi no dia 19 de março de 2014. Nesta aula foi o dia em que eles tiveram de entregar os seus projetos, pois, na aula seguinte já começavam as apresentações das soluções encontradas pelos alunos. Esta avaliação foi feita através do preenchimento de um questionário com 3 questões, sendo 2 de escolha múltipla e 1 de resposta livre. As questões eram as seguintes: A aula de hoje foi interessante? Sim__ Não__ Talvez_____ O que aprendi hoje é relevante para o meu projeto? Sim_ Não_ Talvez____ O que me falta aprender para a concretização do meu projeto?. Analisemos as respostas dadas pelos alunos nos gráficos que se seguem: 61 A aula de hoje foi interessante? O que aprendi hoje é relevante O que me falta aprender para a para o meu projeto? concretização do meu projeto. Gráficos 13, 14 e 15 – Respostas dos alunos às questões colocadas Podemos verificar que a maioria dos alunos consideraram a última aula que tinham para trabalhar nos seus projetos interessante, apenas 1 aluno respondeu talvez. Verificando as respostas concluí que o que aprenderam nessa aula foi importante para o projeto, projeto este que já se encontrava no final da sua execução. Ainda pela análise dos três gráficos concluo que os alunos acharam a aula interessante, os conteúdos apreendidos foram relevantes para a concretização do projeto e finalmente, a maioria dos alunos, 13 alunos, já não lhes faltava aprender nada para a finalização do projeto, 5 dos alunos os últimos pontos finais e 2 dos alunos apenas lhes faltava aprender “como apagar uma macro”. 2.6.11 Aulas 7,8 e 9 Estas três aulas foram inteiramente dedicadas à apresentação dos trabalhos de projeto desenvolvidos pelos alunos. Mais do que uma apresentação foi o facto de serem os alunos responsáveis por cada um dos temas, terem preparado os materiais necessários para darem uma aula em que o aluno assumiu o papel do professor. Cada um dos grupos de trabalho tinham cerca de 45’ para executarem as tarefas de uma aula. As tarefas são as descritas em seguida: Iniciaram a aula com uma apresentação dos conceitos teóricos; Perguntavam aos alunos se estavam com alguma dúvida, se a resposta fosse positiva, esclareciam essas dúvidas, se fosse negativa, continuavam com a apresentação; Elaboraram um exercício-exemplo para resolverem em conjunto com os alunos; Percorriam os lugares dos alunos para verificarem duas situações: 1.ª se os alunos estavam a acompanhar o exercício; e a 2.ª verificarem se os alunos estavam a ter 62 dificuldades na resolução do exercício. Se assim acontecesse, estes, prestavam os esclarecimentos devidos. A aula só foi finalizada quando todos os alunos finalizaram o exercício de aplicação de conhecimentos que lhes era pedido. No final da aula 9 todos os alunos, preencheram na Moodle, a auto e heteroavaliação para assim, ter uma ideia da sua própria avaliação assim como a dos seus colegas de grupo de trabalho. 2.6.12 Análise, compreensão e avaliação da ação Nestas 3 aulas houve uma grande dinâmica em sala de aula, os alunos desempenharam com sucesso o que era esperado. Alguns alunos gostaram de terem desempenhado este papel, como se poderá verificar mais adiante pelas respostas dadas por estes na 2.ª sessão do Focus Group, no entanto, a grande maioria consideram que ainda são imaturos, que ensinar é uma grande responsabilidade e que eles ainda não queriam assumir essa responsabilidade, pois, e segundo palavras deles, “é mais fácil ser-se aluno que professor”. Foi estratégia minha coloca-los em situações reais de uma aula, daí ter reservado 45’ para cada um dos grupos de trabalho. No início pensei que os alunos iriam sentir-se intimidados com esta situação, mas não foi o que podemos observar. Ao longo da aula os alunos tornavam-se mais confiantes e isso era notório pela desenvoltura em sala de aula. 2.6.13 Aulas 10 e 11 Estas duas aulas foram reservadas para duas atividades distintas. No dia 2 de abril o turno 1 iria ter o workshop “Folha de Cálculo Avançado” para os seus pais. O turno 2 teve a 2.ª Sessão do Focus Group e foram comunicadas a avaliação do projeto. No dia 4 de abril seriam as atividades trocadas pelos turnos, ou seja, o turno 2 teria o workshop com os pais e o turno 1 a 2.ª sessão do Focus Group assim como, a comunicação da avaliação do projeto. O workshop teria a duração de cerca de 60’. Foram escolhidos horários pós-laborais e em concordância com os pais para assim, haver uma maior participação por parte destes, pois que, segundo Polonia e Dessen (2005): a aprendizagem do aluno só é evidenciada quando este é cercado de atenção da família e da comunidade. Neste caso, a família e a comunidade devem ser orientadas quanto às novas abordagens utilizadas no ensino, visando acompanhar o progresso e as necessidades do aluno. (Polonia & Dessen, 2005, p. 305) 63 2.6.14 Análise, compreensão e avaliação da ação Relativamente ao workshop promovido pelos alunos aos pais, estes valorizaram muito esta atividade, o que vem ao encontro do pensamento de Polonia e Dessen. Um dos encarregados de educação disse na reunião de avaliação do 2.º período: “foi importante o tempo de convívio entre os pais e os alunos e também ver o que os nossos filhos aprendem em sala de aula”. E acrescentou “iniciativas como esta devia haver mais”. Verificou-se inclusive o facto de os pais ficarem mais tempo do que inicialmente se tinha previsto adiando compromissos pessoais. No entanto, nem todos os pais puderam comparecer porque alguns deles não vivem na cidade de Braga e não tinham meio de transporte. Relativamente à 2.ª sessão do Focus Group foi realizada nestas duas últimas aulas, pois, era minha pretensão auscultar a opinião dos alunos. Entre várias questões que coloquei ao grupo que realizou a sessão coloquei duas que considerei mais relevantes: 1.ª Gostaram de desempenhar o papel de professor? Porquê? 2.ª É uma experiência que gostariam de repetir? Porquê? As respostas a estas duas questões foram as seguintes: para a 1.ª questão obtive as seguintes respostas: A aluna 8T2 respondeu que: “Gostei, porque interagi com os meus colegas, fiz com que eles aprendessem coisas, o papel de aluno é mais simples, porque é uma grande responsabilidade estar como professor, porque temos que dar formações ou certas matérias aos nossos alunos que dependem muito de nós.” O aluno 11T1 disse o seguinte: “Eu não gostei porque achei muito complicado dar uma aula.” O aluno 8T1 respondeu que: “Eu gostei porque interagi com os meus colegas, fui eu a tirar as dúvidas, fui eu no papel do professor. Gostei do papel de professor, gosto de os ensinar.” O aluno 7T2 disse que: “Eu gostei porque vi como os professores sofrem. Gosto mais do papel de aluno.” As respostas foram quase todas neste sentido, que gostaram de desempenhar o papel do professor apesar de alguns terem referido que não estavam com maturidade suficiente para o desempenhar. Tal como refere o aluno 3T1 “Gostei de estar no papel de professor mas sinto que nós nesta idade não temos maturidade suficiente para desempenhar o cargo, mas gostei, no final foi uma boa experiência. Gosto mais de ser aluno porque nesta idade não tenho maturidade suficiente para este cargo de tanta importância que é formar os alunos para o seu futuro e dá menos trabalho ser-se aluno.” Relativamente à 2.ª questão as respostas também variaram um pouco. Vejamos o que os alunos responderam: o aluno 3T1 disse “Sim, porque foi uma experiência nova.”; a aluna 8T2 respondeu “Sim porque gostei muito como este módulo foi dado.”; o aluno 11T1 respondeu: “Sim 64 porque gostei desta experiência.”; o aluno 5T2 disse: “Sim gostei da experiência e gostaria de repetir no módulo futuro.”; o aluno 7T2 foi o único que respondeu da seguinte forma: ”Não, porque ser professor desempenha responsabilidades e nesta altura ainda não estamos preparados para isso.”, mas o aluno 2T2 disse: “Sim gostei muito e espero repetir esta experiência, pois foi uma aula bastante apelativa aos conhecimentos dos alunos e ficamos com os nossos conhecimentos mais alargados acerca do Excel avançado.” Apesar de se sentir que os alunos gostaram da experiência e que gostariam de repeti-la, mesmo assim, ainda houve um que não gostou da experiência porque referenciou que não tem maturidade suficiente para desempenhar o papel de professor. 2.7 Avaliação do projeto de Intervenção Finda a implementação das diversas atividades, estratégias e metodologias já abordadas, para o desenvolvimento da autonomia, motivação e de um grande leque de aprendizagens, eis que chegou o momento de aferir sobre a evolução ocorrida ao longo do tempo da intervenção. Assim sendo, nesta seção, irei falar sobre a avaliação dos projetos desenvolvidos pelos alunos e sobre a avaliação dos projetos à luz dos objetivos. 2.7.1 Avaliação dos projetos desenvolvidos pelos alunos Em relação aos projetos desenvolvidos pelos alunos pode-se dizer que a qualidade deles variou mediante o empenho e dedicação que cada um dos grupos de trabalho incutiu nesses projetos. Esta situação já era expectável devido à heterogeneidade dos alunos. Ao longo das aulas foi visível a autonomia que os alunos iam adquirindo, pois, cada vez menos solicitavam a minha ajuda. A nível do comportamento e empenho era variável. Tinha alunos muito bem comportados e trabalhadores, assim como tinha outros que eram o oposto destes. Esta realidade é representada no Gráfico 16 a seguir: 65 Gráfico 16 – Síntese dos dados recolhidos relativamente ao Comportamento, Autonomia e Empenho Pela análise do gráfico podemos verificar que a autonomia foi crescendo ao longo das aulas, assim como o comportamento e empenho, o seu crescimento foi mais lento. Ao nível do desempenho de cada um dos turnos (1 e 2) também há discrepâncias. Esta realidade é comprovada com os gráficos a seguir. Turno 1 Turno 2 Gráfico 17 e 18 – Comportamento, Empenho e Autonomia do turno 1 e 2 Comparando os dois turnos concluímos o seguinte: A autonomia vai aumentando ao longo do tempo em ambos os turnos, no turno 1 mais lentamente que no outro turno. 66 O comportamento de ambos os turnos vai oscilando ao longo do tempo em ambos os turnos, sendo que o turno 1 tem um comportamento ligeiramente pior que o turno 2. A nível do empenho também se verifica que é bastante oscilante e de salientar que o turno 1 na última aula teve um bom empenho enquanto que o turno 2 foi mais constante ao longo do tempo. As notas atribuídas aos projetos refletem o bom aproveitamento obtido e apesar de ser um trabalho de grupo a nota foi atribuída individualmente. Essas notas são as que constam na Tabela que apresento em seguida. Elas resultaram do preenchimento da grelha de avaliação dos trabalhos de grupo (cf. Anexo 10). As notas apresentadas na Tabela 10 contemplam as notas atribuídas ao projeto dos alunos. Tabela 10 – Avaliação final dos projetos Turno 1 Turno 2 Aluno Avaliação do projeto Aluno Avaliação do projeto 1T1 12 1T2 17 2T1 15 2T2 13 3T1 6 3T2 8 4T1 16 4T2 10 5T1 11 5T2 17 6T1 13 6T2 17 7T1 8 7T2 13 8T1 8 8T2 17 9T1 17 9T2 16 10T1 12 10T2 11 11T1 10 11T2 15 12T1 17 12T2 17 Média 12,08 Média 14,25 Pela análise da Tabela 10 verificamos a diferença que, em média, existe entre as notas de ambos os turnos, essa diferença é superior a 2 valores de um turno para o outro, isto resulta pelo facto dos alunos do turno 2 serem alunos mais empenhados, melhor comportados e até mais motivados. 67 2.7.2 Avaliação do projeto de intervenção à luz dos objetivos Vamos aqui apresentar da concretização dos objetivos definidos no início do projeto de investigação. a) Diversificar as estratégias de ensino e aprendizagem; Os alunos usaram o Excel 2010, PowerPoint 2010 e Camtasia, ferramentas distintas para a apresentação dos seus conhecimentos. Os alunos puderam, assim, usar outras ferramentas que não conheciam, nomeadamente, o Camtasia. Na minha opinião esta foi a ferramenta que mais curiosidade despertou porque usaram imagem, som e os seus próprios relatos, o que foi uma maisvalia para os colegas. b) Proporcionar a aprendizagem em situações práticas; Os alunos foram confrontados com realidades associadas a situações com que lidam no seu dia-a-dia. Foram exemplo disso: a criação de uma base de dados a partir dos seus contactos da lista telefónica e o tratamento da informação decorrente dos resultados da liga portuguesa de futebol. Estas analogias permitiram que o aluno construísse ativamente o conhecimento fazendo aproximações entre algo familiar (que ele domina) e o que tinham de ser apreendido e compreendido. (Harrison & Treagust, 2006) c) Promover a autonomia dos alunos; Os alunos da 1.ª sessão do Focus Group disseram que uma das estratégias que resulta sempre no ensino dos conteúdos era serem os próprios a investigarem, a tratarem e transmitirem os conhecimentos que adquirirem, sempre com a orientação do professor. Foi essa linha de atuação que segui. No início, e como era de esperar, solicitavam a minha ajuda e a minha opinião, mas com o avançar do trabalho tornaram-se mais autónomos. d) Propor atividades de trabalho colaborativo entre alunos; Ao propor trabalhos de grupo já estava a incentivar diretamente o trabalho colaborativo entre os colegas de grupo. Os alunos desenvolveram capacidades de entreajuda e de partilha de informação e conhecimentos ao longo dos seus projetos, quer no seu grupo quer mesmo com os outros colegas. Foram exemplos disso: a utilização dos mesmos exemplos em projetos diferentes; a partilha de conhecimentos de software para a elaboração das apresentações e a proposta de exercícios práticos realizados feita para os restantes colegas resolverem. 68 e) Desenvolver projetos de aprendizagem com interesse na comunidade. Foi minha pretensão incentivar o convívio direto em sala de aula entre os alunos e os seus pais. Alguns autores da área da sociologia defendem que este convívio deve ser incentivado, pois segundo palavras de Polonia e Dessen (2005) citando (Leite & Tassoni, 2002) “pais e professores devem ser estimulados a discutirem e buscarem estratégias conjuntas e específicas ao seu papel, que resultem em novas opções e condições de ajuda mútua”(Polonia & Dessen, 2005, p. 304). Tal como já foi referido, os pais manifestaram a sua concordância a este tipo de iniciativas e incentivaram à sua repetição. Por tudo o que foi relatado anteriormente, considero que todos os objetivos propostos no meu plano de intervenção pedagógico foram atingidos na íntegra. 2.8 Dificuldades encontradas A principal dificuldade encontrada ao longo da intervenção pedagógica prendeu-se com a especificidade da turma. Era uma turma com bastantes problemas de comportamento, com poucos hábitos de trabalho e um certo alheamento de regras em sala de aula. Estes problemas eram mais acentuados no turno 1 em alguns elementos. Estes fatores repercutiram-se na avaliação do projeto final. Uma outra dificuldade encontrada, que nada tem a ver com os alunos, prendeu-se com o tempo limitado do módulo. Para um projeto como este deveria ter tido continuidade no tempo. Para terminar, e não menos importante, considerei que os conteúdos curriculares não se adequavam aos temas contidos na designação do módulo. Apesar de todas estas dificuldades considero que o meu projeto de intervenção irá marcarme enquanto profissional e, por outro lado, não deixará de ficar na memória dos alunos por terem tido um papel com tanto destaque na sala de aula. 69 70 Conclusões Este trabalho teve como objetivo apostar em metodologias e estratégias que permitissem aos alunos de um curso profissional adquirir competências e mais-valias para o seu futuro profissional. Foi meu objetivo, e indo ao encontro do que os alunos me tinham transmitido, de os orientar na aquisição do seu conhecimento, sem, no entanto, usar apenas o velho método expositivo. Não poderei afirmar com toda a convicção que estas estratégias tenham resultado na totalidade, mas acredito que na maioria das situações foram positivas. Os conteúdos curriculares foram propícios à abordagem da Aprendizagem Baseada em Projetos. Esta linha de ação, parte de pressupostos construtivistas e, segundo esses princípios, permitiu uma maior destreza e envolvimento por parte dos alunos, dotando-os de competências úteis a longo prazo. Estas competências são tão ou mais importantes que ensinar os conteúdos curriculares. Devemos preparar os alunos não para o que temos na atualidade, mas dotá-los de ferramentas para o que ainda poderão vir a encontrar no futuro, sobretudo na área da informática em que a evolução ocorre a uma velocidade impressionante. Um outro ponto importante, na minha opinião, que diferencia as abordagens do ensino tradicional em relação às abordagens baseadas em pressupostos construtivistas, prende-se com o facto de o aluno ao longo do processo de ensino-aprendizagem se dar conta do que realmente está a aprender, pois manteve uma atitude ativa sendo o principal construtor do seu conhecimento. Por outro lado, no ensino tradicional, o aluno ouve, vê e repete o que lhe foi ensinado não sabendo o professor, muitas vezes, se a aprendizagem se deu efetivamente ou não. Neste caso, e como o aluno teve de transmitir o que aprendeu aos seus colegas, professores e pais, poderemos dizer que aprendizagem se deu o que também se revelou nas avaliações finais obtidas nos projetos. Um outro ponto que diferencia estas duas abordagens prende-se com o ritmo de aprendizagem dos alunos. Enquanto no método tradicional, o professor ensina ao mesmo ritmo para todos, independentemente dos níveis de destreza de cada um, na abordagem construtivista, cada aluno aprende ao seu ritmo, aqueles com maior destreza aprendem mais depressa, os com menor destreza aprendem mais devagar. O que permite que os alunos não desmotivem. O que acontece no método tradicional é que é o professor que impõe o ritmo e muitas vezes, ou é muito rápido e pode desmotivar os alunos com mais dificuldades de aprendizagem, ou assume um ritmo mais lento, e desmotiva os alunos com maiores capacidades de aprendizagem. Como se descreveu ao longo deste relatório, sempre que sentia que os alunos estavam com dificuldades generalizadas, criei ferramentas que os ajudasse a colmatar tais dificuldades. Exemplo disso foi quando foram criadas as fichas de trabalho sobre cada tema dos projetos, para que os 71 alunos ficassem com uma ideia do que era desejado eles fazerem nos seus projetos. Dessa forma contribui para que eles não só percebessem os conteúdos como os ajudou a preparar os exercíciosexemplo para quando eles estiveram a desempenhar o papel de professor. O facto de terem apresentado oralmente os resultado dos trabalhos aos seus colegas, obrigou-os a terem cuidados acrescidos, nomeadamente a nível de: postura, linguagem, e até mesmo de dição. Cuidados estes que lhes servirão no seu futuro próximo quando tiverem que apresentar a PAP. Considero estas apresentações orais muito importantes para estes alunos, porque são alunos que, por vezes, têm problemas de oralidade, de timidez, entre outros, e assim, num ambiente mais amigável vão-se acostumando a esses métodos de trabalho. Um ponto que considero importante na minha intervenção foi de ter acompanhado os alunos de perto em todas as aulas. Isto leva a que o professor esteja sempre a par do que está a ocorrer e se necessário for, incentivar o aluno com os reforços positivos que pode transmitir. Alguns exemplos de reforços positivos foram dados aos alunos e são os que se seguem: “muito bem, não tinha pensado nessa solução, mas parece-me mais fácil” ou até mesmo, “estou sempre a aprender com vocês novas maneiras de fazer”. Os alunos não só se sentem mais motivados como até se sentem diferentes porque conseguiram apresentar uma solução diferente da do professor. Neste ponto, aumenta a autoestima do aluno. A tarefa do professor também é ajudar o aluno a saber valorizar-se. Ao usar estas estratégias ao longo da intervenção corri alguns “riscos” na medida em que era imprevisível como os alunos se iriam comportar ao longo das aulas, como seria na apresentação oral dos projetos, como seria no workshop com os pais. No entanto, penso ter ganho esta aposta com a maioria dos alunos, prova disso são os resultados obtidos, a esse propósito, na avaliação dada aos projetos, mas outros e menos visíveis são aqueles que irão ser usados num futuro próximo. Como exemplo disso, é o cuidado na linguagem que usam quando estão a apresentar um trabalho. São conhecimentos extrínsecos aos conteúdos curriculares. O presente estudo foi realizado num contexto específico a esta turma em particular, o que não quer dizer que não possa ser adequado a outros contextos e a outras turmas, com os devidos ajustes. Em termos de estudos futuros deixo uma sugestão que passa por aplicar estas metodologias e estratégias, a outro tipo de alunos, por exemplo: alunos do 12.º ano dos cursos cientifico-humanísticos, para que desta forma, se possa fazer uma avaliação em termos de maturidade para assumirem tarefas normalmente reservadas ao professor. Visto ser este o ponto que alguns alunos apontaram como o que menos lhes tinha agradado. 72 Em termos pessoais, este projeto contribuiu muito para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das minhas práticas profissionais recorrendo às várias investigações já realizadas nestes domínios, mobilizando a análise pessoal e a reflexão crítica. Sinto que estas mais-valias adquiridas na investigação podem ajudar no meu futuro profissional, preparando-me para ajustar comportamentos, estratégias e até mesmo na atualização constante de novos métodos de ensinoaprendizagem. Este projeto serviu-me também para melhorar a minha confiança, a minha aprendizagem, melhorando o modo como encaro uma turma e as suas especificidades. Dotou-me também de outras ferramentas para desenvolver e proporcionar momentos onde os alunos serão os protagonistas do seu autoconhecimento, e onde será possível dialogar, colaborar, participar e partilhar recursos e aprendizagens. O estágio não se resumiu apenas a um exercício prático em contexto escolar. Na verdade, procurei e julgo ter conseguido, que ele fosse um momento de mobilização integral e de articulação operativa dos diversos conhecimentos adquiridos ao longo deste curso de mestrado. Conhecimentos esses, aprendidos nas várias disciplinas de uma forma teórica e que, agora, puderam ser postos em prática nesta experiência em contexto real de trabalho. Sem esses conhecimentos, e fazendo uma retrospetiva do meu desempenho profissional anterior, seria mais um professor a utilizar apenas o método tradicional de dar uma aula. Futuramente pretendo apostar no aperfeiçoamento destas metodologias e estratégias, para que me seja possível aferir de que forma poderá ser melhor aplicada em diferentes faixas etárias e/ou disciplinas e cursos. 73 74 Referências Bibliográficas Alarcão, Isabel. (1996). Ser professor reflexivo. 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