WILIAN CLAY
Jornal Laboratório elaborado pelo 3º ano do curso de Jornalismo da Univel - ano XIII - edição 65 - dezembro de 2014
Arte contemporânea:
selfie em outro ângulo
O pintor cascavelense e professor da Univel,
Lemes Machado, reproduz selfies em telas,
demonstrando o cotidiano atual das pessoas e a
história de cada indivíduo com toques de Vincent
Van Gogh, Paul Gauguin, Toulouse-Lautreco e
Edgar Degas. Confira as percepções do docente
do curso de Artes sobre suas obras.
p. 4 e 5
2
OPINIÃO
dezembro de 2014
Voluntariado,
Mira para 2015 e
Larissa Ludwig
Ricardo Oliveira
uma prática a ser exercida
Uma das atitudes mais nobres que o ser humano pode fazer:
o voluntariado. Este ato faz a vida de muitas pessoas mudarem.
Uma vida miserável que pode transformar-se e ser aceitável, com
o mínimo de dignidade possível. Uma vida de tristezas que pode
se tornar cheia de alegrias. Basta um pequeno gesto, que unido a
várias outras atitudes, de várias outras pessoas pode transformar
pessoas e vidas.
Um gesto simples, que diante da correria do dia a dia
parece se tornar impossível. A grande maioria das pessoas
está preocupada demais com a sua rotina, com as suas tarefas
pessoais, pensando apenas em si. É raro achar pessoas que se
importem com a vida de outras pessoas e principalmente quem
coloca a vida do outro acima da própria.
Por mais difícil e impossível, esta edição do Unifatos que você
está lendo neste instante encontrou pessoas que se dedicam de
corpo e alma a outras pessoas, que de alguma forma precisam da
ajuda de qualquer ser humano que esteja disposto a ajudar, aqui,
no município de Cascavel.
O maior exemplo são os voluntários da Uopeccan (União
Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer) de Cascavel.
Lá várias pessoas passam a suas tardes e suas manhãs levando
alegria aos pacientes que estão na luta contra o câncer, muitos sem
expectativa de cura, já desenganados pelos médicos especialistas.
Esse pequeno gesto, de ajudar quem realmente precisa faz
muita diferença. O voluntário leva alegria ao dia a dia de uma
criança que está sofrendo com as reações de uma quimioterapia.
Uma brincadeira, uma história, uma piada faz toda a diferença na
vida dessa criança, pois ela esquece a dura rotina de tratamento,
nem que seja por alguns instantes.
A reportagem da página seis conta histórias de pacientes
que receberam de alguma forma o amor e a dedicação de um
voluntário, assim como os motivos que levam pessoas a dedicar
seu tempo e carinho ao próximo.
Outra reportagem que promete mexer com o emocional
de qualquer pessoa que tiver a oportunidade de ler, será a
reportagem especial sobre a Apae (Associação de Pais e Amigos
dos Excepcionais). Por mais que a instituição não trabalhe com
voluntários, é uma entidade que por si só já faz um trabalho
espetacular, o de cuidar e ensinar adultos e crianças que tem
qualquer tipo de deficiência, tudo com muito amor e carinho.
Os profissionais que lá trabalham, de uma forma ou de outra podem
ser chamados de voluntários, porque trabalham sem medo de enfrentar
qualquer dificuldade e doam muito amor e respeito ao próximo.
“rema”!
Trin...Trin... Trin... (faz de conta que é um
despertador) Trin...Trin...Soneca...
-Mas já? Eu acabei de deitar! Ahh... não
quero levantar. Vou dormir mais um pouquinho....
Trin...Trin... Trin... Trin...Trin...
- Eu preciso ir. Ok! Eu vou! Preciso de férias!
Se você se identificou ou passou por isso
nas últimas 32 semanas, bem vindo ao time.
Podemos diagnosticar você com “Depressão de
fim de ano”, não que seja uma depressão de
fato, mas essa foi a forma que eu encontrei para
caracterizar esse cansaço de fim de bimestre.
Desde o dia 29 de janeiro, data de início do
novo ano acadêmico na Univel, você, acadêmico,
não foi mais o mesmo; eu não fui mais o mesmo.
As expectativas eram grandes em relação ao que
seria o ano de 2014.
O Brasil seria campeão da Copa do Mundo?
Quem será o próximo Presidente? Será que eu
vou pegar exame? As dúvidas pairavam sobre
a cabeça de todos os acadêmicos que firmes
e fortes aguentaram a chegada das férias;
merecidas por sinal.
Eis que as aulas retornam e recomeçam
provas, seminários, trabalhos, TCC (Trabalho
de Conclusão de Curso), para os veteranos, e
estágio curricular para outros. Para a equipe de
futuros jornalistas que produzem o Unifatos o
desejo de cobrir fatos como a Ebola que não era
Ebola, Tigre Hu, Rebelião, Eleições; mas calma
estamos quase lá, que ano!
Com tantos acontecimentos e pautas o
cansaço é algo inerente, mas chegamos ao fim
do ano. A equipe do Unifatos pariu oito “filhos”
em 2014. Foram dias árduos, de cansaço, mas
principalmente de aprendizado.
Deixo aqui os meus votos de sucesso a
todos os formandos, assim como à nova equipe
que assumirá o Unifatos em 2015. Que tenham
um ano cheio de pautas, furos, exclusivas e
criatividade, porque agora é a hora desta atual
equipe descansar para enfrentar o tão esperado
colosso: o TCC.
Expediente
Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP: 85.806080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretora: Viviane Silva.
Unifatos. Jornal laboratório elaborado na disciplina de Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Letícia Rosa.
Professora orientadora: Wânia Beloni. Acadêmicos (textos, fotos e diagramação): Douglas Trukane dos Santos, Flavia Daniela Duarte dos Santos, Gabriel
Ramos Pratti, Heloísa Iara Perardt Pinto, Janaina Teixeira, Jéssica de Araujo, Jhonathan de Souza D’witt, Kássia Paloma Beltrame Oliveira, Larissa Ludwig,
Maicon Roselio dos Santos Camargo, Makelen da Cas Rotta, Marcelo Gartner Machado, Maximiliane Veiga, Rebeca Branco dos Santos, Renan Paulo Bini,
Ricardo Pohl, Ricardo Silva de Oliveira, Silmara dos Santos, Thais Padilha Antunes, Walkiria Oliveira Zanatta e Wilian Clay Wachak. Projeto gráfico: Wânia
Beloni. Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: [email protected]
PERFIL
dezembro de 2014
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FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
“Seja o que você é
Joacir
Oliveira fala
sobre a
paixão pela
gastronomia
Flávia Duarte
Temperar a vida a sua maneira. É assim que o chef Joacir de Oliveira, hoje aos 53 anos, divide a
paixão pela cozinha com a profissão de funcionário público na Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do
Paraná) e ainda dedica-se a outras funções como de cerimonialista e organizador de eventos.
De Olga Bongiovani e programas televisivos do oeste do Paraná à Ana Maria Braga no Rio de Janeiro,
Joacir revela-se como um grande chef de cozinha e sabe por quê?! Ele cozinha por amor à gastronomia
e revela que começou muito cedo: “Desde meus oito anos de idade cozinhava sempre ao lado de minha
mamãe”, relata e lembra que sua mãe Ionice Carreira de Oliveira foi a grande inspiração para que ele
descobrisse a paixão pela arte de cozinhar. “Parte de tudo que sei foi o que aprendi com minha mamãe”,
recorda de forma nostálgica. Joacir conta que gosta de preparar pratos elaborados e que aos pratos
simples, sempre dá um toque sutil, sendo “a marca do chef”.
Além de ter formação em nível superior em Gestão Pública pelo IFPR (Instituto Federal do Paraná), Joacir
cursou Gastronomia, na Univel e busca se aperfeiçoar constatemente. “Faço cursos, assisto programas de
culinária e leio muito para conhecer um pouco de cada cozinha étnica. Gosto muito de ler livros, revistas e
pequenas receitas, pois assim conheço um pouco mais da culinária de outras regiões”, destaca.
Você sempre gostou de cozinhar?
Desde meus oito anos de idade cozinhava sempre
ao lado de minha mamãe. Ela me ajudou muito a
gostar de preparar pratos e parte de tudo que sei
hoje foi o que aprendi com minha mamãe. Com
o passar dos anos fui me aperfeiçoando até o
momento de fazer uma faculdade na área.
Multifuncional: Joacir
é funcionário público,
organizador de eventos,
cerimonialista e personal chef
O que a gastronomia proporcionou a você?
Com a gastronomia aprendi a cozinhar e me
alimentar de forma saudável, ou seja, melhorei a
qualidade de vida.
Você gosta de criar pratos diferentes?
Sempre. Adoro a cozinha Tailandesa, por exemplo. É
de um paladar invejável e bem colorido.
Como você começou a organizar eventos?
Os eventos surgiram naturalmente. Eu já os
desenvolvia na Unioeste desde 1988. Na área de
Gastronomia foi também acontecendo e acabei
gostando das atividades. Encontrei-me como um
bom gourmet.
Um sonho?
Ser feliz sempre.
Você pretende se dedicar apenas à
gastronomia?
É uma área que me identifico. Depois que eu me
aposentar eu pretendo correr o mundo, conhecer
lugares, costumes gastronômicos e culturais.
Uma mensagem para quem gosta de
gastronomia.
Faça com carinho todos os seus preparos. O
resultado final sempre será positivo e agradará
a todos. Viva da melhor forma possível, com um
sorriso no rosto. Nunca se esqueça: seja o que você
é e não o que querem que você seja.
Joacir mostrando alguns de
seus pratos na televisão
Com o atual corpo esbelto, não se pode
imaginar que um dia Joacir de Oliveira já foi rei
momo. Inspirado na mitologia grega, o rei momo
é uma das tradições mais antigas do Carnaval.
Além de serem bem humorados e brincalhões,
normalmente os reis momos são pessoas acima
do peso. “Fui rei momo por 20 anos. Foi uma
experiência fantástica, onde fiz amigos que
ainda estão ao meu lado”, conta, lembrando
que há 12 anos fez a cirurgia bariátrica.
Rei Momo
e não o que querem que seja”
4
CULTURA
#A arte da selfie,
O pintor e professor
da Univel reproduz
autorretratos em telas e
demonstra que a arte pode
ser extraída do cotidiano
FOTOS: WILIAN CLAY
por Lemes Machado
dezembro de 2014
Wilian Clay
Braço esticado ou em frente ao corpo. Caras e bocas ou estilo moderninho.
Em um cenário deslumbrante ou sozinho em frente ao espelho. Esse é o
estilo selfie comumente postado nas redes sociais. O tipo de foto demonstra
o cotidiano das pessoas e, ao mesmo tempo, a história de cada indivíduo.
Pensando nisso é que o professor da Univel, Luiz Carlos Machado, que assina
suas telas como Lemes Machado, em sua mostra
cultural “Requadros”, realizada em outubro deste
ano, apresentou a reprodução das selfies em telas.
Ao observar fotografias é que Lemes se
inspirou, pois para ele, cada foto tem ângulo, cenário
e perspectivas diferentes. “Tudo isso começou a
fascinar. Cada foto tem uma configuração, um olhar,
uma história”, comenta o artista.
Inspirado nos quadrinhos e em alguns
artistas que faziam uso das cores amarelo e azul,
Lemes colocou a influência bizantina nas telas que
reproduzem selfies. “O fundo banhado de amarelo
demonstra o divino e sublime. O azul representa o
cotidiano, o ordinário”, explica o professor pintor,
lembrando que os artistas Vincent Van Gogh, Paul
Gauguin e Toulouse-Lautrec o inspiraram. “Gosto
de artistas que transitam entre o real e o gráfico, o
caricato. Valorizo muito o traço, a marca do artista.
Nesse caso, Edgar Degas é a primeira influência pelo
olhar que tinha sobre as cenas. Toulouse-Lautrec, Van Gogh, Paul Gauguin e Egon
Schiele tinham um traço muito forte beirando quase a um cartum”, afirmou Lemes,
lembrando de Wassily Kandinski, o qual dizia que azul e amarelo configuravam o
maior contraste cromático existente, pois o amarelo atrai e o azul repele.
Para o pintor cascavelense, outra influência é o artista pop Roy
Linchtenstein pelo uso das linhas e texturas das histórias em quadrinhos. Já o
ilustrador americano Norma Rockwel foi referência pela maneira que retratava
as pessoas com exagero. “Entre os artistas gráficos e visuais brasileiros que se
destacam estão: Juarez Machado e Glauco Rodriguez”, destalha.
Lemes conta sobre a tela preferida dele, que
é a pintura das irmãs gêmeas, por ter um conceito
artístico bem interessante. “O pintor francês Pierre
Auguste Renoir no quadro ‘Rosa e Azul’ retratou
duas irmãs representando uma paleta de cores.
Inspirei-me nessa ideia e pintei cada uma das
gêmeas com as cores que mais gosto, que são
azul e amarelo. Além da estética, há mensagens
nessa escolha, pois a irmã que veste azul, uma
cor fria, é mais quieta e retraída e a de amarelo,
cor quente, é mais extrovertida e agitada. Desta
forma, pude explorar as características da minha
paleta de cores, casando com as características
das modelos”, explica o professor pintor, lembrando
que para produzir uma tela ele pode levar quatro
horas, um dia ou sete dias, por exemplo. “Depende
o estado de espírito”, observa.
Para o artista, a frase de Kandinski no livro
“Do espiritual na arte” define a pesquisa e a mostra
“Requadros”: “Toda obra de arte é filha de seu tempo e, muitas vezes, mãe dos
nossos sentimentos. Cada época de uma civilização cria uma arte que lhe é
própria e que jamais se verá renascer. Tentar revivificar os princípios artísticos
de séculos passados só pode levar à produção de obras natimortas”.
“Selecionei pessoas
que conhecida e que
compartilhavam fotos em
redes sociais. Fiz contanto
com elas por meio da web.
Mesmo assim, precisei
conhecê-las pessoalmente,
pois a ideia era contrastar o
que tinha projetado na foto e
o que eu conhecia sobre os
personagens”
#Criaram a self: 1893
dezembro de 2014
CULTURA
A selfie disparou pelas redes sociais nos últimos anos, mas muito antes alguém já havia
criado esta ideia, o autorretrato. A primeira selfie da história foi feita pelo químico Robert
Cornelius, em 1893, por meio de um daguerreótipo, um sistema que cria imagens como
pinturas, antecessor da fotografia. Era necessário posar para a “foto” cerca de 20 minutos!
Na forma para testar câmeras em desenvolvimento, surgiu antes do que a própria
fotografia e devido ao medo da “fumacinha” ao disparar, poucos queriam ser modelos, então o
próprio desenvolvedor, Cornelius, se autofotografava.
Segundo registros históricos, no século XIX a nobreza já fazia selfies para registrar
momentos familiares e até íntimos, a qual refletia um estado de espírito do momento.
Atualmente, o que é captado não é diferente, pois a privacidade é compartilhada nas redes
sociais, assim como antigamente.
O termo selfie é um neologismo que tem como base a palavra self-portrait, que significa
autorretrato. Esse tipo de foto normalmente é tirado pela própria pessoa, por meio de um
celular ou smartphone, por exemplo. No entanto, ela também pode ser feita com outros
equipamentos, como a webcam e a própria máquina fotográfica, seja digital ou não. A
particularidade da selfie é que ela é tirada justamente para ser postada em redes sociais.
DIVULGAÇÃO
“Eu precisei da autorização de todas
as pessoas retratadas nas fotos que
utilizei. As selfies não são exclusividade
das mulheres, mas apenas uma pessoa
do sexo masculino autorizou o uso da
imagem para pintura” (Lemes Machado)
“O fundo
banhado
de amarelo
demonstra o
divino e sublime.
O azul representa
o cotidiano,
o ordinário”,
explica o
professor pintor
Ideologia e psicologia da selfie
5
Para o professor da Univel, Cezar Roberto Versa, as pessoas
querem mostrar o seu eu com esse tipo de foto. “A selfie não deixa de
ser alguém simulando o que é, não sendo o que é, mas buscando ser
o que é. Por isso é um simulacro”, explica o docente, lembrando que
os internautas expõem fotografias da forma em que elas entendem e
imaginam como os outros a enxergam. “A pessoa quer ser algo que os
outros esperam que ela seja”, analisa.
Para a psicóloga Maria Viliane Wachak, algumas pessoas entendem
a selfie como uma forma de testar a própria popularidade. “Conforme o
número de curtidas e comentários, a pessoa pode elevar a autoestima ou
até mesmo se deprimir pelo fato de a foto não ter gerado a repercussão
esperada. Em excesso, selfies podem até fazer mal”, alerta Viliane.
6
CIDADANIA
dezembro de 2014
Ato nobre do voluntariado
MAYARA ALINE
HELOÍSA PERARDT
“As pessoas que por
ali passam estão
carentes e não só de
saúde física. Precisam
de alguma palavra de
esperança e de fé”,
(Teresa Dziewa)
Segundo as Nações Unidas, “o voluntário é o
jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e
ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem
remuneração alguma, a diversas formas de atividades,
organizadas ou não, de bem estar social, ou outros
campos”. Já para a LFCC (Legião Feminina de Combate
ao Câncer), da Uopeccan (União Oeste Paranaense de
Estudos e Combate ao Câncer), o trabalho voluntário
é muito mais que isso. “É uma missão”, “uma doação
permanente”, “uma realização”.
A Legião nasceu junto com a Uopeccan, há
mais de 20 anos, pois desde a criação do hospital
entendia-se a necessidade de se formar um grupo
de voluntários que atuassem de forma direta ou
indireta, auxiliando as atividades realizadas pelo
hospital e pela Casa de Apoio ao Paciente de
Câncer. O objetivo era realizar um trabalho voltado
à organização de projetos para arrecadar fundos e
realizar campanhas de prevenção ao câncer.
Esse tipo de ação é tão bem sucedida que 17
legionárias coordenam os trabalhos de mais de 150
voluntários cadastrados. Além de planejar essas
campanhas e ações de arrecadação de fundos para
o hospital, o voluntário tem uma tarefa fundamental
na relação com o paciente e com o familiar. Os
voluntários da Legião atuam na farmácia, no
atendimento, na recepção, na cozinha, na casa de
apoio, na radioterapia, na quimioterapia, no núcleo
solidário, na lavanderia e em todos os demais
setores. Os voluntários também podem realizar
atividades culturais e artísticas no Hospital, basta
para isso entrar em contato com a LFCC ou com a
Capelania do Hospital.
Muitos motivos levam as pessoas a se
tornarem voluntárias. A aposentadoria, o sentimento
de solidão, a perda de um ente querido, mas
principalmente o desejo de fazer mais pelo próximo.
No entanto, somente quando realizam as atividades
voluntárias é que percebem que fazem bem a si
mesmas. É isso o que Jurema Carnieletto percebeu.
Ela é voluntária há mais de dez anos e aqui em
Cascavel encontrou na atividade uma forma de fazer
novas amizades, após vir do Rio Grande do Sul, em
2004. Porém, mais do que isso, Jurema conta que se
tornou uma pessoa melhor. “Eu nunca trabalhei tão
ligada a um hospital com uma doença tão terminal, e
isso está mudando a minha maneira de pensar e agir.
Estou levando isso para a minha família e ela está
percebendo que estou diferente”, expõe.
O voluntariado ajudou a presidente da Legião
Integrantes da Legião Feminina de Combate ao Câncer atuando na Uopeccan
Feminina de Combate ao Câncer, Iria Maria Garmatz,
a superar o momento tão difícil e delicado: a morte
da filha. “A presidente da Legião na época me
convidou para fazer parte da Legião porque eu
estava com dificuldade de superar esse momento.
Eu aceitei e isto se tornou o meu coração. Vindo
para cá a gente não sai mais, é muito difícil
conseguir se desvincular dessa entidade”, relata.
Teresa Dziewa, 57 anos, é voluntária desde
que cursava Psicologia, em 2004. Desde então,
o trabalho voluntário se tornou parte da vida de
Teresa. Voluntária na Uopeccan há 6 anos, foi pega
de surpresa ao descobrir um câncer de mama
por meio do autoexame. “Uma semana antes eu
falei para as enfermeiras da quimioterapia (ala em
que Teresa é voluntária), ‘sou muito feliz por estar
deste lado, mas se tiver que passar pelo outro lado,
espero que Deus me dê forças para lutar’”. E assim
aconteceu. Teresa fez seis sessões de quimioterapia
e 32 sessões de radioterapia e hoje está curada.
A psicóloga pôde sentir na pele a importância do
trabalho voluntário para um paciente. “As pessoas que
por ali passam estão carentes e não só de saúde física.
Precisam de alguma palavra de esperança e de fé”.
Agora, tendo passado pela experiência da enfermidade,
Teresa está convencida da importância do trabalho
como voluntária. “Hoje, quando converso com alguma
pessoa que está doente, posso dar meu testemunho.
Sempre digo: ‘já estive no seu lugar e também tive
medo, e isso não é pecado, mas tenha fé, acredite e
você pode vencer assim como eu venci’. Algumas vezes
as pessoas precisam apenas de alguém que as ouçam”.
O papel do voluntário é tão importante que em
1985 criou-se a lei que institui o dia 28 de agosto
como o Dia Nacional do Voluntariado. Em Cascavel,
diversas entidades, como igrejas, instituições de
caridade, asilos, creches, orfanatos, dentre outros,
recebem a ajuda de pessoas que doam tempo
e disposição. O CVC (Centro de Voluntários de
Cascavel), fundado em 2001, prepara pessoas que
queiram atuar nessas entidades e já treinou mais de
seis mil voluntários em 150 áreas diferentes.
Quem quiser ser voluntário na Uopeccan,
instituição que atende diariamente cerca de 500
pessoas, basta entrar em contato com a Legião
Feminina, pelo telefone (45) 2101 7002, preencher
um cadastro e fazer o treinamento. As atividades são
divididas de acordo com a necessidade de cada setor.
No entanto, caso o voluntário não se adapte àquela
atividade, será transferido para uma de maior afinidade.
Como toda instituição, a Uopeccan precisa também de doações.
Desde alimentos não perecíveis até móveis, para auxiliar
aquelas famílias que vêm morar em Cascavel para acompanhar
o tratamento do familiar enfermo. Atualmente, a LFCC está com
uma campanha de arrecadação de produtos higiênicos, roupas
e calçados, inclusive roupas íntimas. Para o natal, a Uopeccan
está aceitando doações de produtos natalinos, como panetones
e afins, assim como brinquedos para as crianças.
Doe também!
Voluntários ajudam
ao próximo e
quebram suas
próprias barreiras
Heloísa Perardt
CIDADANIA
dezembro de 2014
7
Apae: coração de mãe
FOTOS: REBECA BRANCO
Conheça as
faces pouco
percebidas
sobre a
Associação
de Pais e
Amigos dos
Excepcionais
de Cascavel
Rebeca Branco
O sorriso de Maria Cristina Oliveira me encantou. A senhora
de 55 anos que afirmou não saber a idade foi contagiante ao
findar a caça por uma fonte de informação sobre o mundo
das maravilhas pouco conhecido. Um tanto quanto tímida, o
sorriso dizia mais do que as palavras que saíam dificilmente
devido a deficiência mental da senhora que há anos frequenta
o local como uma criança em um playground. “Aqui é muito
bom, gosto muito da prof Bernadete, ela me ensina desenhar”,
conta Cristina com carinho transmitido pelos olhos verdes. Ela
está entre os mais de 500 alunos que já passaram pela Apae
(Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Cascavel.
Na Apae, as paredes parecem abraçar carinhosamente
quem chega. Os bancos da recepção recordam o sofá de
casa de vó convidando todos a sentar para uma prosa, e os
colaboradores que trabalham de maneira tão gentil fazem com
que cada um se sinta mais especial do que imaginava. A faixada
um tanto discreta esconde a grandiosa estrutura do local. Nessa
imensidão, as coloridas paredes das salas de aula disputam
com o brilho do olhar dos professores ao lecionar. O habilidoso
corpo docente divide-se para atender os alunos que vão de zero
a quantos anos for preciso, pois na Apae não há limite de idade
para aprender. E para ensinar Maria Correia, professora há 14
anos, conta o que é preciso: “Amor é essencial, não basta ser
capacitado intelectualmente. Aqui o sentimento é o que nos
faz permanecer. É muito gratificante trabalhar aqui. Nós é que
aprendemos com eles. A Apae é uma lição de vida para todos,
por isso somos uma família”.
Uma família muito bem organizada, concluo eu mesma.
A Apae conta com mais de 170 funcionários, em um ambiente
planejado de acordo com as necessidades de cada aluno.
As aulas se dividem entre os turnos da manhã e tarde e de
acordo com as idades adaptam-se os ensinamentos que vão
da alfabetização ao ensino profissionalizante. Para manter essa
grande casa, recursos são recebidos da prefeitura da cidade e
projetos promovidos para arrecadação de dinheiro, entre eles o
serviço de telemarketing que com 13 profissionais busca adquirir
dinheiro para manter os benefícios aos alunos. “Qualquer valor é
válido. Qualquer objeto ajuda. Tudo o que a pessoa quiser doar,
estamos dispostos a receber com gratidão”, informa a secretária
executiva Francieli Silva enquanto nos mostra cordialmente os
detalhes da estrutura. No local há ainda a Loja Apae que vende os
produtos feitos pelos alunos em aulas de artesanato, por exemplo.
Vale ressaltar que alguns pais de alunos também participam das
oficinas oferecidas na Apae aumentando assim as opções de
produtos na loja. Outra prática comum é a promoção de eventos,
que têm revertido todo o lucro à instituição.
É neste ambiente que “cresceu” Valquíria Hudema. A
aluna, com pele marcada pelo tempo e sorriso marcado pela
sinceridade e alegria, conta um pouco sobre o que lhe interessa.
“Eu tenho 12 anos, fiz aniversário agora em agosto. Aqui eu
sou muito feliz, ajudo a cuidar das crianças e de todo mundo
que precisa”, diz a atenciosa Valquíria, que iniciou como aluna
da Apae, mas devido o progresso nos tratamentos hoje ajuda
nas atividades da Associação que comumente contrata alunos
para auxiliar nas atividades diárias. Mesmo que desconhecido,
o progresso no tratamento dos alunos merece ser frisado. A
equipe de pediatras, fonoaudiólogos, psicólogos, fisioterapeutas,
dentistas, assistentes sociais, nutricionistas entre tantos outros
profissionais ajuda no progresso de cada um, como exalta a
fonoaudióloga Angela Mayer: “Quando vejo alunos começando
a dar um tchau com as mãos, por exemplo, fico muito feliz, pois
essa e tantas outras evoluções são extremamente gratificantes”.
Cuidar da saúde dos alunos é um trabalho sério que
necessita de ações especiais para cada idade. “São crianças
de quatro meses até idosos de várias idades que atendemos
na Apae. Com crianças, por exemplo, oferecemos diferentes
estímulos favorecendo a cada um no desenvolvimento
neuropsicomotor. Já com os idosos trabalhamos o equilíbrio,
coordenação motora global, ganho de força e alongamentos
para que eles tenham uma qualidade de vida sempre melhor”,
explica uma das fisioterapeutas da Apae, Priscila Corrêa.
Exemplo desse desenvolvimento é a trajetória de Marlene
Lopes que tem uma filha de 13 anos que estudou na Apae por
um bom tempo. A adolescente não estuda mais no local porque
com as atividades desenvolvidas na Associação, foi possível
reverter o quadro de deficiência comportamental permitindo
assim que ela fosse para uma escola com ensino comum. No
entanto, para ela, a Apae não foi somente um local de estudo. “A
Apae mudou a vida da minha filha. Ela tinha muitos problemas
e neste local foi possível compreender o que ela tinha e assim
cuidar certinho dela. Antes eu batia nela porque achava que
era teimosia de criança, mas com o tratamento descobri que
minha filha tinha um desvio comportamental. O pai dela nunca
aceitou que ela tivesse uma deficiência, mas ainda assim eu
aceitei a condição da minha filha e hoje ela já estuda em uma
escola comum graças ao tempo que ela ficou aqui”. Marlene
ainda faz questão de ressaltar uma problemática infelizmente
rotineira, que é a luta contra o preconceito. “Essas crianças são
normais. A sociedade precisa conhecer o trabalho da Apae, ter
a consciência de como são realmente as coisas e perceber que
nossos filhos são iguais a quaisquer outros”, conclui a mãe que
afirmou perceber que a filha é vítima de preconceito, mesmo
após o tratamento, inclusive por parte dos próprios familiares.
É hora de dar tchau. Os alunos parecem não saber se
ficam ansiosos pela chegada dos pais ou se ficam tristes pelo
“até mais” aos professores. Cada um parece contar com os
olhos o que a fala limitada de alguns não permite. Em cada
gesto, os alunos, que pouco a pouco esvaziam as salas e
também o coração dos professores, se despedem confessando
que sentirão saudade. Eles ocupam a recepção que começa
ter como fundo musical as mais ingênuas risadas que já ouvi.
Um tanto inexperiente, aprendi que o olhar de uma criança
com deficiência múltipla fala muito mais do que palavras com
estilística perfeita. Notei que o sorriso do menino que pouco
faz devido a paralisia total que o prende a uma cadeira de
rodas, preenche a sala de entusiasmo relembrando que a
maior dificuldade é não conseguir ser feliz. A despedida, devido
o fim do horário da aula, mais parece um encontro em família
em que a maior limitação não é qualquer deficiência e sim o
horário apertado que não os permite brincar até entardecer
com os funcionários da Apae. Das crianças aos privilegiados
pela terceira idade, uma característica é comum na Associação
de Pais e Amigos, os alunos são normais, sendo os anormais
aqueles que pensam o contrário.
FOTOS: SILMARA SANTOS
8
VARIEDADES
O cascavelense
Daniel Toledo
conta um pouco
sobre o hábito
de colecionar
automóveis
antigos
dezembro de 2014
Pare tudo que me
envenenado está p
Silmara Santos
A porta se abre e ao lado direito está a cozinha.
O chão é preto e branco e uma geladeira vermelha
ao fundo revela o visual vintage do apartamento.
Seguindo pela sala, à esquerda está uma Lambretta,
uma paixão que compõe o visual da casa. Daniel
Toledo, neto de um dos fundadores do Veteran Car
Clube do Paraná, criado em 1977 em Curitiba com o
objetivo de preservar e beneficiar o antigo mobilismo,
abre as portas de sua residência, localizada na área
central de Cascavel, para contar um pouco mais
sobre esse hobby e o contato desde criança com esse
esporte.
Daniel coleciona carros antigos há 20 anos e
conta que muitos componentes de sua família também
o fazem. “Em verdade minha história com o antigo
mobilismo vem desde antes do meu nascimento, por
parte do meu avô materno”, relata, lembrando que
possui nove veículos em sua coleção.
O primeiro carro que Daniel teve e no qual
aprendeu a dirigir, aos 19 anos, foi um Passat 1983,
o qual o padrasto comprou 0 km. O veículo está hoje
com 87 mil km de rodagem e está armazenado em um
barracão junto com outros carros. “Não faço questão
nenhuma de andar, porque justamente a intenção é
preservar, deixar longe de perigos externos”, declara.
O colecionador diz que quando uma coleção é
iniciada, raramente há disponibilidade de espaço para
armazenar esses veículos e é aí que entra o papel
dos parentes e amigos que ajudam com as garagens.
“Meu avô também sofria do mesmo problema que
sofrem vários colecionadores, pois guardar um carro
não é fácil”, lamenta.
No processo de restauro de um veículo, cada
peça do veículo tem uma história. Um bom exemplo
é a Caravan 1976 de Daniel, que estava sem o
retrovisor ao lado do passageiro e que foi muito
difícil encontrá-lo. “Um amigo que passou por uma
borracharia no bairro Floresta viu o retrovisor em
uma Kombi, me levou até lá para confirmar se a
peça era original e ofereceu ao proprietário cerca de
R$30,00 e um retrovisor novo. O proprietário sabendo
do item valioso, disse que não venderia por menos
de R$150,00, mas na pressa de vender ou não o
borracheiro acabou cedendo a oferta e vendeu o
retrovisor”, relata.
Como cada peça tem valor sentimental, o valor
de mercado é elevado, tanto pela raridade quanto
dificuldade de se encontrar. Pode ser encontrado no
mercado paralelo ao de fábrica, com valores menores
e peças sobre encomenda, mas para colecionadores
dezembro de 2014
eu carrão
passando!
que prezam pela originalidade, esse tipo de peça é
usado somente em últimos casos.
O proprietário de um veículo antigo tem uma
série de cuidados a tomar. Daniel conta que seu avô
tinha um Impala ano 1959, americano com cauda,
que comprou de uma viúva. Ele levou o automóvel para
casa guinchado, pois apesar de na ocasião ter corrente
elétrica e a bomba de combustível estar em perfeito
estado, o carro não ligava. “Meu avô viu um espírito no
banco do motorista logo que chegou ao local. Nessa
ocasião sentou no banco do ‘caroneiro’ conversou
com aquela pessoa que ali estava, acreditando ser
o falecido dono do veículo e orou por ele. Pediu para
que seguisse o caminho e se desprendesse das coisas
materiais, após isso ele voltou para o quarto dormir. Na
manhã seguinte foi até a garagem e novamente tentou
ligar o veículo, que funcionou sem nenhum problema.
Pode-se concluir que todo carro tem uma trajetória a
ser respeitada”, afirma Daniel.
Pensando mais na parte material, no entanto,
uma pessoa disposta a assumir um automóvel
antigo precisa levar em consideração os problemas
de mecânica e entender principalmente que as
preservações da história do país e de um veículo
antigo andam lado a lado.
VARIEDADES
A Lambretta
A Lambretta surgiu no barrio de Lambrate, na cidade de Milão, na
Itália, no ano de 1947. Idealizada pelo italiano Ferdinando Innocenti,
que logo após a II Guerra Mundial percebeu a necessidade de
produção de um veículo para o desenvolvimento do país.
No Brasil, a Lambretta inicia sua história com uma filial que foi
instalada no ano de 1955. A produção entre os anos de 1958 e 1960
atingiu a 50 mil unidades por ano. Foram lançadas várias versões
que variavam de 125cc até 175cc. No ano de 1979, foi lançada
como última tentativa de salvar a marca, Lambretta Br Tork nas
versões 125P, 125T e de 150cc. A fábrica faliu em 1982 devido a alta
concorrência com as fábricas Honda e Yamaha.
9
JHON DWITT
10
ESPECIAL
Deus X Diabo:
em quem você acredita?
dezembro de 2014
O exorcismo é um
processo que deve
ser feito com todo o
cuidado. Não é tão
simples expulsar o
demônio como mostra
a maioria dos filmes
ESPECIAL
dezembro de 2014
11
Jhon Dwitt
“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Eu lhe absolvo de todos
os pecados que tenha cometido agora e no passado, amém!”. É assim, que na
maioria das vezes, um exorcismo é iniciado.
Exorcismo consiste no ato de expulsar entidades demoníacas que tenham
possuído uma pessoa, objeto ou infestado algum local. A origem do termo vem
do grego exorkimós que ao pé da letra significa “ato de fazer jurar”. Segundo
o padre, de Cascavel, Marcos Farias, estudante apaixonado por exorcismos, o
demônio conhece todos os nossos pecados, nossas fraquezas
e por isso é tão fácil para ele nos possuir. “O diabo é como
um ladrão que quer roubar as nossas almas. Como todos os
ladrões ele prefere que não seja notada a sua presença em
nós, mas ele está presente, em todos nós, agindo mediante
os nossos pecados e erros”, afirma ele com semblante
preocupado. Marcos acrescenta que cada vez mais aparecem
casos de possessão. Segundo ele, o principal motivo é a falta
de crença na figura do salvador Jesus Cristo e o crescente
envolvimento das pessoas com o ocultismo e satanismo.
“Acreditar que o diabo não existe não vai te proteger dele”, conclui.
O exorcismo é um processo que deve ser feito com todo o cuidado, pois
o demônio não se manifesta até começarem as orações e não é tão simples
expulsá-lo como mostra a maioria dos filmes. “Muitas vezes as vítimas são
frágeis e temos que respeitar principalmente a saúde física e mental da
pessoa”, explica o padre franciscano, também de Cascavel, Lucas Ramos.
Alguns registros históricos dizem que o exorcismo surgiu no judaísmo no
século II, no entanto essa forma de ação espiritual sempre acompanhou as
diversas religiões ao longo da história. Mesmo assim, o tema é polêmico e tem
dividido grupos e filosofias espirituais. Porém, só mudam os termos, as formas de
manifestação e a forma de realizar os ritos.
Entre os egípcios, babilônicos e judeus, por exemplo, desgraças e doenças
costumavam ser explicadas como consequências de ações de seres demoníacos.
Assim, esses povos optavam muitas vezes pelo exorcismo.
A pastora Elisabete Steinbach, com mais de 20 anos de ministra do
Senhor, na Igreja do Evangelho Quadrangular, explica que o ato de expulsar
demônios do corpo das pessoas não é conhecido como exorcismo na sua
igreja, mas como processo de libertação. “A grande diferença daqui para os
católicos é que nós não provocamos o demônio para depois expulsá-lo, mas se
ele manifestar nós temos autoridade bíblica para expulsar ‘em nome de Jesus’.
Não temos o hábito de entrevistar demônios. Na casa de Deus ele não tem
autoridade para falar”, analisa a pastora.
Elisabete acrescenta que a entidade não tem opção de não
sair do corpo do possuído, pois segundo o evangelho de Marcos
capítulo 15 e versículo 16 da bíblia o “Senhor” nos da autorização
para expulsá-lo e ele deve sair. “Em 49 anos de evangelho eu
nunca vi ninguém morrer pelas mãos do demônio na minha
presença”, explica.
A pastora ainda critica o preconceito com as igrejas
evangélicas na internet e até mesmo pessoalmente quando se
fala em expulsão de entidades maléficas. Ela explica que se a
pessoa está possuída é por que houve uma brecha, ou seja,
alguém está com algum problema e precisa ser libertada. “Uma legião dessas
entidades pode ter até 6 mil demônios e isso significa que deve ter um vínculo
bem próximo a Deus e evitar a todo custo o pecado para que o demônio não
nos possua”, esclarece.
Há vários filmes que falam sobre exorcismos. Todos têm erros e acertos, mas
a principal falha deles é abusar dos efeitos especiais e da imaginação dos criadores.
“O principal objetivo nos cinema é lucrar com as vendas quando devia na verdade
mostrar o que acontece na vida Real”, enfatiza a pastora.
Ciência X religião - segundo o presidente da Associação Brasileira de
Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, que deu explicações ao programa
televisivo Fantástico em setembro deste ano, na visão da ciência as
pessoas não são possuídas pelo demônio e esses eventos são chamados
de transtornos dissociativos, seja quando manifestado individualmente ou
em grupo. Para ele, o possível possuído reage de acordo com os estímulos
do exorcista.
“Acreditar que
o diabo não
existe não vai te
proteger dele”
Para o exorcismo
Um homem de fé
É difícil prever um passo a passo para
fazer um exorcismo, pois para cada pessoa
deve haver um tratamento diferente. Porém,
o que não deve faltar são materiais sacros
como crucifixos, imagens da virgem Maria,
água-benta e o livro “Ritual de Exorcismo e
outras súplicas”, elaborado pelo vaticano.
Algumas ações também são fundamentais,
tais como espargir água benta sobre
o dominado, ler trechos do livro citado
anteriormente e rezar o Pai Nosso e a Ave
Maria. Lembrando que é necessária uma
autorização prévia dos bispos nomeados pelo
papa para que então seja feito o ritual da
igreja católica. “Acreditar que existe um Deus
e um Diabo é essencial, pois muitos rituais
não são bem sucedidos na primeira vez e
terão que ser feitos novamente”, acrescenta.
Existem cinco formas para
identificar se uma pessoa está realmente
possuída, que é feito durante o ritual
de exorcismo. São elas: domínio de
línguas desconhecidas pela pessoa;
conhecimento de assuntos incógnitos,
como por exemplo, a vida do exorcista
ou de alguém presente; força fora do
normal; resistência a objetos sacros e
aversão a orações.
Em entrevista ao Unifatos o jovem de 26 anos, Henrique Passos (pseudônimo),
conta que passou por diversas dificuldades em sua vida. A primeira foi a saída do
pai de casa quando ele tinha apenas quatro anos de idade. “Fiquei sem comer por
alguns dias. Minha mãe desde cedo me ensinou a juntar latinhas e lixo reciclável
para comprar comida”.
Aos 13 anos, Henrique perdeu a mãe e se distanciou da igreja. Aos 14 se envolveu
com drogas e aos 20 praticava ocultismo e satanismo com a
esperança de que o Diabo lhe devolvesse o que Deus tirou: a
vida da mãe. “Fiquei um ano no satanismo, quando comecei
a ficar doente”, relata. Algum tempo depois foi levado até uma
psicóloga para diagnosticar problemas mentais. “O demônio
falava comigo e eu o ouvia... Foi quando percebi que não estava
me fazendo bem. A minha vida era do trabalho (trabalhava como
servente de pedreiro) para a orgia, da orgia para as drogas e
quando sobrava tempo eu ia para casa dormir”, confessa.
A sua loucura o fez procurar novamente a igreja. Ao iniciar o
ritual de exorcismo o jovem modesto já sabia que o resultado
seria positivo. “Não lembro exatamente o que aconteceu
naquele dia. Lembro-me de sentar em uma cadeira com o padre fazendo orações e
a minha visão ficou embaçada, depois disso eu só me lembro de acordar deitado no
chão do meu quarto com o padre me olhando um pouco assustado”.
A cena se repetiu por seis longos meses, duas vezes por semana ou então
quando o demônio se manifestava. “Fiquei muito frágil e quase morri, mas em
uma quarta-feira o padre conseguiu me libertar. Hoje estou estudando de noite e
estou trabalhando como pedreiro ainda, mas dignamente, sem me envolver com
essas porcarias do mal. Eu sei que Deus me salvou e que ele me ama tanto quanto
eu o amo”, descreve Henrique, chorando. “Não ignore Deus nem o Diabo. Os dois
existem, só cabe a nós escolhermos com quem queremos ficar ao lado”, finaliza.
“Eu sei que
Deus me
salvou e que
ele me ama
tanto quanto
eu o amo”
ESPORTE
O recorde de público
já foi alcançado, agora
o sonho é mais alto,
chegar à fase final da
competição...
Serpente
na Superliga
dezembro de 2014
Maicon Roselio
Na arquibancada: os gritos. Em quadra: o único som
que se houve é o barulho do impacto da bola batendo no
punho das atletas. No instante em que a “redonda” está
no ar, a concentração toma conta das duas quadras, mas
após um bom show de disputa ser realizado, uma equipe
comemora aos gritos e abraços.
Pode ser jogado em casa, usando a grade do portão
como rede. Na rua, atrapalhando os carros e amarrando
as cordas nos postes e no muro das casas, ou até mesmo
em um ginásio lotado de espectadores que pagaram para
ver um espetáculo. É isso que se espera de um jogo de
vôlei. Considerado o segundo esporte mais praticado no
Brasil essa modalidade é muito valorizada em Cascavel, ou
pelo menos, deveria.
Tanto fizeram que mereceram. O Cascavel chegou
esse ano à Superliga série B e no ano que vem entra de
novo na disputa. Não entendeu? Eu também não entendia
muito bem o que significava isso, até porque sou um leigo
no esporte, mas para se ter uma ideia, comparado ao
futebol, é mais ou menos como se um time de Cascavel
fosse competir para a Série B do Brasileirão. Não é
muito? Eu acho que é, ainda mais pelos imprevistos e
dificuldades que existem para chegar até esse nível de
habilidade. “Para 2015 conseguimos o apoio da Prefeitura
de Cascavel, mesmo ela não sendo obrigada, temos um
patrocinador e estamos negociando com mais alguns, e
acho que vai dar tudo certo”, deseja Ladir Salvi, supervisor
da equipe e responsável por toda a parte burocrática.
Para destacar a capacidade dessas atletas, nada
melhor que o técnico das meninas. Fernando Bonatto
assumiu a equipe em 2012 e só neste ano, na disputa da
Superliga B, o saldo foi esse: em nove jogos, conquistou
quatro vitórias e cinco derrotas, concluindo a competição
na quarta colocação. “Trabalhamos muito e vamos ter que
trabalhar ainda mais, porque a equipe sempre está se
renovando, as meninas ainda estão se conhecendo, mas a
confiança é grande”, avalia o técnico.
Meninas jovens, umas de 18 outras de 20 anos,
competindo com times do Brasil todo, e formadas
recentemente. Amanda Brock não teve a oportunidade
de disputar esse ano a competição por conta de uma
lesão, mas 2015 será um novo ano. “Me machuquei no
fim do ano passado e ainda dói o meu joelho, mas aos
poucos estou me recuperando e quero jogar o ano que
vem”, almeja a atleta.
O sonho é grande. Participar da Superliga A é sem
dúvida o desejo de qualquer garota desse time. Mesmo
tendo qualidade técnica garantida, alguns degraus ainda
não foram alcançados. “O desejo agora é chegar até a fase
final dessa competição, mas disputar a Superliga A ainda
não é o nosso propósito, porque envolve muito dinheiro e
não temos condições de bancar isso”, encerra o supervisor.
Retrospectiva
LUCIANO NEVES
12
A Superliga Feminina B estreou neste ano, tendo
como primeiro campeão o time de São José do
Campos, sofrendo apenas uma derrota de 3 a 2.
A final do jogo foi disputada contra o Bauru. Tendo
vencido todos os jogos, e consequentemente ganhado
a competição São José dos Campos teve o direito de
disputar a segunda edição da Superliga Feminina que
é a principal competição do voleibol nacional.
SAÚDE
dezembro de 2014
Comida saudável?
Sim, por favor!
Douglas Trukane
Os meios de comunicação nos bombardeiam incessantemente
com propagandas que dizem o que vestir, o que comprar e até o que
comer. Assim, não é difícil ouvir por aí mães reclamando que não
conseguem fazer seus filhos se alimentarem corretamente. Talvez
por isso tenhamos atualmente 2,1 bilhões de pessoas obesas ou
com sobrepeso, o que representa quase 30% da população mundial
segundo o IHME (Instituto de Métrica e Avaliação para a Saúde), da
Universidade de Washington. No Brasil, o número de pessoas obesas
chega a 10 milhões. Mas os números não param por aí, pois eles
continuam aumentando na mesma proporção que um cheeseburger
é vendido na esquina. Então, o que fazer para mudar esse
quadro? Segundo o professor e instrutor de academia Yamil Refay,
para aqueles que querem atingir a boa forma além de uma boa
alimentação, é preciso vontade em primeiro lugar: “Determinação!
Deve-se acabar com as infinitas desculpas para não começar. E
claro: disciplina e paciência”.
No entanto, falar é bem mais simples quando não nos
deparamos com aquela lasanha e um copo de refrigerante
estupidamente gelado. Essa não é uma tentação só dos mais
“cheinhos”, acredite! Comer é um dos melhores prazeres que o
ser humano conhece, no entanto, o desafio é comer bem, mas de
forma saudável e que agrade os olhos e o paladar. “Unindo tanto
visual quanto o sabor em si. Nós pegamos uma grande variedade
de alimentos preparados de uma forma diferente da convencional.
Hoje em dia dificilmente você vai encontrar um restaurante que
prepare uma carne que seja feita no óleo, ou alimento que seja
livre da industrialização... A nossa proposta é nenhum alimento
industrializado, para proporcionar uma qualidade de vida melhor
para a pessoa”, salienta Felipe Gomes Stradinski, 21, acadêmico de
Nutrição e que há seis meses teve a ideia de criar o Bistrô Fit, um
restaurante que suprisse a necessidade gastronômica de quem já
está nesse caminho fitness e também de quem quer simplesmente se
alimentar de forma saudável.
Para Felipe o que falta hoje é a autoconsciência de que a saúde
está em primeiro lugar e que não importa o preço quando falamos da
nossa própria vida: “Quando pensamos no custo-benefício de uma
alimentação saudável é claro que se gasta mais, porém isso em longo
prazo trará muitos benefícios, por exemplo, evitando diabetes e outras
doenças crônicas, obesidade e doenças cardiovasculares”, defende.
Recomendações
Dica 1: Comece mudando sua rotina. Se você é daquele tipo que até
para levar seu cachorro para passear vai de carro, assuma, você é
sedentário! Pratique algum exercício físico.
Dica 2: Mude sua alimentação. A vida é cheia de coisas absurdamente
gostosas e gordurosas que fazem mal para sua saúde. Comer um
pedaço de pizza nos finais de semana ok, comer todos os pedaços
achando que “tudo bem amanhã é segunda-feira, começo outra
dieta”, errado.
Dica 3: Experimente substituir o refrigerante. Acredite, existem
bebidas chamadas SUCOS NATURAIS que fazem um bem danado.
Dica 4: Comece hoje. Não deixe para segunda-feira o que você pode
fazer hoje. A vida saudável te espera e não somente nas segundas,
mas em todos os dias da sua vida. Lembre uma vida saudável além de
trazer mudanças estéticas traz felicidade e longevidade. Pense nisso!
13
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Alimentação correta
traz inúmeros
benefícios físicos
além de evitar
doenças
Número de
pessoas
obesas no
Brasil chega
a 10 milhões
Conciliar exercícios
físicos com uma
alimentação
balanceada é a receita
que todos sabem para
cuidar da saúde. O
difícil é fazer!
14
CARTÃO POSTAL
dezembro de 2014
A terra da Rainha
História, realeza, riquezas e palácios
maravilhosos! A elegância e a
multiculturalidade londrina encantam e a
titulam como destino do mundo
Ela é majestosa! Parques verdes, ícones
vermelhos, punks, pubs, uma cidade moderna e
ao mesmo tempo cheia de palácios e construções
majestosas dignas da realeza. Londres é a capital, a
maior e mais importante cidade da Inglaterra e do Reino
Unido. Agito, multiculturalidade e desenvolvimento
compõem o cenário de viagens inesquecíveis.
Por muitos anos, milhares de brasileiros
chegaram à Europa em busca de uma vida melhor. Com
o advento da economia brasileira e a crise europeia,
muitos desses brasileiros regressaram ao país de
origem. No entanto, segundo a BBC (British Broadcasting
Corporation), o país ainda não foi capaz de estimular
uma debandada dos imigrantes brasileiros que vivem na
Grã-Bretanha, ao contrário, a crise apenas estimulou o
deslocamento de brasileiros de outras partes da Europa à
Inglaterra.
Esse é o caso da família de Matheus Souza, que
durante a crise, mudou-se da Itália para a Inglaterra, na
esperança de ter uma vida melhor. O garoto de 20 anos
mora com os pais e a irmã num bairro de Londres que se
chama Kingsbury. “Saímos da Itália por causa da crise
econômica. As vagas de emprego estavam indo por água
a baixo. Resolvemos então tentar a sorte em Londres.
Meu pai é carpinteiro e esse trabalho aqui é muito
valorizado, então foi uma boa escolha ter vindo para cá”,
relata.
Além da oportunidade de uma vida melhor por meio
da valorização do trabalho, a capital britânica oferece uma
ótima oportunidade de estudo ao rapaz: “No momento
estudo Engenharia Civil na University of Southampton, e
se tudo der certo, em setembro de 2017 estarei formado”,
argumenta.
Kingsbury é o segundo bairro de Londres que a
família de Matheus mora. “No primeiro bairro havia muitos
brasileiros e como tínhamos acabado de chegar da Itália
isso foi ótimo para mim, pois era muito difícil encontrar
brasileiros na Itália no local onde a gente morava. Entrei
no colégio após oito meses na cidade sem falar muita
coisa em inglês e como o colégio estava situado no
mesmo bairro, não foi difícil de me adaptar”, relata.
O novo endereço da família é mais afastado dos
brasileiros, por outro lado, fica pertinho do estádio de
Wembley: “Consigo até ver o arco da janela do meu
quarto”. Muita gente pensa que por Londres estar
situada na Inglaterra, a população da capital britânica
será majoritariamente inglesa, no entanto, é o contrário!
Londres é uma cidade multicultural e a maioria das
pessoas que lá vivem são estrangeiras. “A cada 100
pessoas que você vê na rua, apenas três são realmente
inglesas de descendência inglesa”, afirma Matheus.
Renan Bini e Kassia Beltrame
Londres x Brasil
Tendo a oportunidade de ter residido em ambas as nações, o
brasileiro e agora também cidadão britânico, declara que a nação
brasileira, em relação à Inglaterra, ainda deixa a desejar na saúde
e no transporte: “O transporte, por mais que seja caro, é ótimo. Na
cidade de Londres existem aproximadamente 1.500 ônibus e mais
de 6 milhões de pessoas os usam todos os dias. A rede de metrôs
subterrânea também é excelente e cobre quase todos os bairros
da cidade. O atendimento de saúde aqui é nota 10! Eu mesmo, no
ano passado, passei mais tempo no hospital do que em casa devido
alguns problemas de saúde que tive, tudo de graça!”, finaliza.
Turismo
Nessa grande cidade, há comida do mundo todo. Então não
há uma gastronomia fixa e sim uma bem variada com vários pratos
internacionais. “Uma dica para quem vem para cá passear, deixando
de lado os pontos turísticos clássicos (de beleza indiscutível), como
Big Ben, a London Eye, aconselho as baladas! A noite aqui em
Londres são regadas à bebida e à festa, mas claro, isso para quem
gosta mesmo de uma bagunça”, aconselha Matheus.
Stuart Hall
Stuart Hall, famoso e importantíssimo teórico cultural e
sociólogo jamaicano, é exemplo da multiculturalidade londrina.
Mudou-se para Londres aos 19 anos ao ingressar à Universidade
de Oxford e lá permaneceu até seu falecimento em 10 de fevereiro
deste ano. Destino do mundo, Londres propiciou a Hall, material
riquíssimo a seus estudos culturais. O pesquisador destacou-se por
ser um dos primeiros a teorizar identidade cultural e usando Londres
como exemplo, teorizou o hibridismo.
“A tendência em direção a uma maior interdependência global
está levando ao colapso de todas as identidades culturais fortes e
está produzindo aquela fragmentação de códigos culturais fortes,
aquela multiplicidade de estilos, aquela ênfase no efêmero, no
flutuante, no impermanente e na diferença e no pluralismo cultural”.
(HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de
Janeiro, DP&A, 2006, p. 74).
Fiquei surpresa em Londres com a organização
e a limpeza, tanto nos parques quanto nas ruas,
apesar do elevado número de turistas, além
de banheiros públicos em bom estado nos
principais pontos turísticos
Daiane Souza, funcionária pública
inDICA
dezembro de 2014
O Show deve Continuar
retrata vida de Bob Fosse
15
O filme é um turbilhão
de gratas surpresas e
figura entre os melhores
musicais da história
DIVULGAÇÃO
Nicholas Winton
O memorável xerife de Tubarão, Roy Scheider, interpreta
o coreógrafo e diretor Joe Gideon. Consagrado na profissão e
frustrado no matrimônio, seu casamento com Audrey (Leland
Palmer) mãe de sua filha Michelle (Erzsebet Foldi) acabou
depois das traições do cineasta - fidelidade é uma virtude que
Joe passa longe.
As mulheres são as principais figuras na vida de Gideon.
Roy contracena com várias, entre as mais importantes: a
filha Michelle, uma pré-adolescente;
a namorada Kate (Ann Reinking) que
também sofre com a infidelidade; a
magoada ex-mulher Audrey e, por último
e mais interessante, Angelique uma
entidade angelical da morte.
Angelique, vivida por Jessica Lange,
surge como resposta aos vícios de Joe,
que fuma, toma anfetaminas, fornica e,
em razão do perfeccionismo, trabalha
em excesso. Seu diálogo com Joe, recém-infartado, é uma
contemplação da desregrada existência do diretor, que está
entre a vida e a morte.
Os cortes do filme são cadenciados num nível que fica
difícil encontrar comparação. Take a take se dá a composição
do cotidiano autodestrutivo de Joe, combinados com a
experiência musical, que marca como a mais bela forma de
dramatização que já tive prazer de saborear, com água na
boca dos olhos, tamanho primor empregado no musical.
A não linearidade é realizada com as retrospectivas dos
fatos marcantes na vida de Joe Gideon, considerado um alter
ego, visto que o longa é uma quase autobiografia da vida do
próprio diretor, Bob Fosse.
Joe Gideon é multi-talentoso e, no entanto, canastrão
na área das relações com o sexo oposto. Nenhuma
oportunidade é perdida pelo coreógrafo. Numa das primeiras
cenas do filme, já flerta com uma dançarina que passou pelo
seu crivo. Joe tem problemas com sexo... ele não consegue
parar de fazê-lo - o que vira motivo de piada
para sua filha.
O cigarro não deixa de estar na boca do
artista nem na cama do hospital. A angústia
passa a acompanhar o fumo no mesmo ritmo
incontrolável.
O perfeccionismo acomete todos os
colegas de Joe. O último filme, The StandUp, deixa todos seus colegas loucos pela
minúcia empenhada na edição, que atrasa
em meses o lançamento.
Em The Stand-Up testemunhamos no texto do
comediante Davis Newman uma analogia: o humorista
vivido por Cliff Gorman dedica-se a comentar sobre estágios
emocionais que todos sentem ao ver a vida “por um fio”.
As observações de Davis são martelados repetidas vezes
durante a película: “Genial!”.
O Show deve Continuar é um filme sobre alguém
que dedicou a vida à arte e que fez da morte seu maior
espetáculo.
O longa é uma
quase autobiografia
da vida do próprio
diretor, Bob Fosse
16
CLICK
dezembro de 2014
Em clima de selfie
FOTOS: LARISSA LUDWIG
As alunas do 1º ano de Contábeis,
Karin Daiane de Lima, Josielli Bueno e
Letícia Adriana Cordeiro
As alunas do 2º ano de Jornalismo,
Evelyn Rafaelly e Pammela Santos
Os alunos do 4º
ano de Jornalismo,
Mariana Dantas,
Isabella Liba, Luiz
Sanches e Kimberllyn
Abreu
O aluno do 3º ano de Direito, Ricardo Dominiak
A professora Wânia Beloni com a equipe do
Unifatos de 2014, a qual despede-se com esta
edição e deseja uma ótima produção para a
turma do 3º ano de Jornalismo de 2015
O 4º ano de Direito também marcou presença nesta edição,
com os alunos Valério Laufer e João Marcos Hartmann
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Arte contemporânea: