Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Ana Lúcia Sarmento Henrique e Leonor de Araujo Bezerra Oliveira Ações metodológicas e material didático em língua portuguesa com vistas à integração entre os conhecimentos materializados em disciplinas no Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos Monografia apresentada ao Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, da Diretoria de Ensino, vinculada ao Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte. Orientadora: Prof. Ms. Sandra Maria Borba Pereira Natal-RN 2007 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Ana Lúcia Sarmento Henrique e Leonor de Araujo Bezerra Oliveira AÇÕES METODOLÓGICAS E MATERIAL DIDÁTICO EM LÍNGUA PORTUGUESA COM VISTAS À INTEGRAÇÃO ENTRE OS CONHECIMENTOS MATERIALIZADOS EM DISCIPLINAS NO CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADO EM CONTROLE AMBIENTAL NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Monografia aprovada como requisito para obtenção do grau de especialista no curso de Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, pela seguinte banca examinadora: _________________________________________ Orientadora: Prof. Ms. Sandra Maria Borba Pereira _________________________________________ Primeiro Vocal: Prof. Dr. Francisco de Assis Pereira ______________________________________ Segundo Vocal: Ms. Maria das Graças Baracho Natal (RN), 26 de abril de 2007. ii Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Dedicamos este trabalho a todos os envolvidos no Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, colegas, professores e coordenação, assim como aos alunos do Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos por propiciarem a oportunidade de pensar cientificamente sobre nosso fazer pedagógico, o que nos deu amparo para rever caminhos e criar possibilidades de mudanças. iii Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. AGRADECIMENTOS Agradecemos à coordenação do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, nas pessoas de Maria das Graças Baracho e Amélia Cristina Reis e Silva, pela organização e desenvolvimento deste curso. Agradecemos também aos colegas e professores pelos momentos de discussão que tanto nos ajudaram a redimensionar nosso trabalho pedagógico. Agradecemos ainda aos alunos do Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos pela convivência e também por nos ensinar a ensinar. iv Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. “O importante e bonito no mundo é isso: que as pessoas não sempre estão iguais, ainda não foram terminadas, mas elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam”. (Guimarães Rosa) v Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. RESUMO O trabalho tem como foco as estratégias metodológicas utilizadas e o material didático produzido em Língua Portuguesa de forma a permitir a integração entre os conhecimentos materializados em disciplinas no Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade EJA, visando possibilitar a autonomia, o diálogo e a inter-relação entre os conhecimentos integrantes dos módulos, a contextualização e a problematização a partir de situações significativas do cotidiano dos jovens e adultos. Visa também refletir sobre as funções equalizadora, reparadora e qualificadora da Educação de Jovens e Adultos. Considerando que os alunos apresentam perfis muito diversificados, tanto no que se refere a conhecimentos específicos dos conteúdos, quanto ao domínio da própria língua, fez-se necessária uma caracterização objetiva e sistemática dos alunos do curso. O método de abordagem do objeto foi o hipotético-dedutivo, através de um estudo etnográfico, sob o enfoque da pesquisa-ação educativa. Entrevistas, questionários e observação participante foram as técnicas utilizadas na coleta de dados. A análise, portanto, insere-se no paradigma qualitativo pela relação indissociável entre a realidade analisada e os sujeitos envolvidos no processo, cuja relação dinâmica exige interpretação e atribuição de significados. Como objetivo final do trabalho, pretende-se propor estratégias metodológicas e material didático de língua portuguesa que permitam a integração entre os conhecimentos materializados em disciplinas propedêuticas do ensino médio e as específicas da educação profissional no Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação para Jovens e Adultos. Palavras-chave: educação de jovens e adultos, educação profissional, curso técnico de nível médio integrado, ensino de língua portuguesa, estratégias metodológicas. vi Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. RESUMEN El trabajo tiene como foco las estrategias metodológicas y lo material didáctico utilizados en Lengua Portuguesa de forma a permitir la integración entre los conocimientos materializados en asignaturas en el Curso Técnico de Nivel Mediano Integrado en Control Ambiental en la Modalidad EJA, visando posibilitar la autonomía, el diálogo y la interrelación entre los conocimientos integrantes de los módulos, la contextualización y la problematización a partir de situaciones significativas del cotidiano de los jóvenes y adultos. Visa también reflexionar sobre las funciones ecualizadora, reparadora y cualificadora de la Educación de Jóvenes y Adultos. Considerando que los alumnos presentan perfiles mucho diversificados, tanto en lo referente a conocimientos específicos de los contenidos, cuanto al dominio de la propia lengua, se hizo necesaria una caracterización objetiva y sistemática de los alumnos del curso. El método de investigación del objeto fue el hipotético-deductivo, a través de un estudio etnográfico, bajo el enfoque de la investigación-acción educativa. Entrevistas, cuestionarios y observación participante fueron las técnicas utilizadas en la colecta de dados. El análisis, por lo tanto, se inserta en el paradigma cualitativo por la relación indisociable entre la realidad analizada y los sujetos involucrados en el proceso, cuya relación dinámica exige interpretación y atribución de significados. Como objetivo final de la investigación, se intentará proponer estrategias metodológicas y material didáctico de lengua portuguesa que permitan la integración entre los conocimientos materializados en asignaturas propedéuticas de la enseñanza secundaria y las específicas de la educación profesional en el Curso Técnico de Nivel Medio Integrado en Control Ambiental en la Modalidad de Educación para Jóvenes y Adultos. Palabras Clave: educación de jóvenes y adultos, educación profesional, curso técnico de nivel medio integrado, enseñanza de lengua portuguesa, estrategias metodológicas. vii Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13 2 SITUANDO O PROBLEMA 15 2.1 O CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADO EM CONTROLE AMBIENTAL NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE 18 JOVENS E ADULTOS 2.2 DESCRIÇÃO DO GRUPO DE ALUNOS. 21 2.3 SEXO 21 2.4 IDADE 22 2.5 ESTADO CIVIL 23 2.6 ESCOLARIZAÇÃO 23 2.7 INSERÇÃO LABORAL 24 2.8 TECENDO ALGUNS COMENTÁRIOS ADICIONAIS 25 3 EXPLICITANDO TERMOS 27 3.1 EDUCAÇÃO 28 3.2 ENSINO MÉDIO 34 3.3 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 36 3.4 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 39 3.5 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADA AO ENSINO MÉDIO NA MODALIDADE EJA 41 3.6 CURRÍCULO 42 3.7 CURRÍCULO INTEGRADO 43 3.8 CONCEPÇÃO DE LÍNGUA 44 3.9 ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA 45 4 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 48 viii Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 5 OBJETIVOS 51 5.1 OBJETIVO GERAL 51 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 51 6 SITUANDO A EXPERIÊNCIA 53 6.1 O TEMPO COMUNIDADE 53 6.2 IDENTIFICANDO DIFICULDADES ... REDEFININDO ESTRATÉGIAS 55 6.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 55 6.3.1 Atividades relativas à escuta de textos 56 6.3.1.1 Ditado com música 56 6.3.1.2 Leitura individual e coletiva de textos 56 6.3.1.3 Debates orientados 57 6.3.2 Atividades relativa à escuta/produção de textos 58 6.3.2.1 Pé-de-orelha 58 6.3.2.2 Leitura em pequenos grupos 63 6.3.2.3 Leitura de textos não-verbais 64 6.3.2.4 Leitura comparativa 65 6.3.2.5 Apresentação e discussão de filmes 65 6.3.2.6 Passa-giz 66 6.3.2.7 Ciranda de livros 66 6.3.2.8 Escrevendo e aprendendo palavras novas a partir da visita ao Aquário da Redinha 67 6.3.2.9 Produção de relatórios 67 6.3.2.10 Simulação de situação real 68 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 73 REFERÊNCIAS 75 ix Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. APÊNDICES x Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1- Faixa etária dos alunos do curso de Controle Ambiental 22 Gráfico 2- Escolarização dos alunos de Controle Ambiental 23 Gráfico 3 - Inserção laboral dos alunos de Controle Ambiental 24 Ilustração 1 - Leitura de texto 57 Ilustração 2 - Debate orientado 57 Ilustração 3 - Atividade de pé-de-orelha 58 Ilustração 4 - Comentário 1 sobre as atividades desenvolvidas 59 Ilustração 5 - Comentário 2 sobre as atividades desenvolvidas Ilustração 6 - Comentário 3 sobre as atividades desenvolvidas 60 Ilustração 7- Comentário 4 sobre as atividades desenvolvidas 61 Ilustração 8- Texto argumentativo corrigido para reescritura 62 Ilustração 9 - Texto reescrito pelo aluno 63 Ilustração 10 - Charge discutida em sala 64 Ilustração 11 - Visita ao Aquário de Natal 67 Ilustração 12 - Atribuições dos jornalistas 68 Ilustração 13 - Trabalho dos partidos políticos 69 Ilustração 14 - Texto escrito produzido 69 Ilustração 15 - Tribunal Eleitoral em atividade 69 Ilustração 16 - Apuração do resultado 70 Ilustração 17 - Grupo de eleitores em discussão sobre argumentação 70 Ilustração 18 - Debate político 70 Ilustração 19 - Partidos políticos 71 xi 60 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. LISTA DE ABREVIATURAS EJA CEFET- RN - Educação de Jovens e Adultos - Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária MST - Movimento dos Trabalhadores sem Terra PRONERA - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária PROEJA - Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos CNE - Conselho Nacional de Educação CEB - Câmara de Educação Básica MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário TC - Tempo Comunidade TP - Tempo Presencial xii Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 13 1 INTRODUÇÃO A educação de jovens e adultos vem defendendo a reinserção no sistema educativo daqueles excluídos da escola regular, de modo a permitir a igualdade de oportunidades para todos os que tiveram sua trajetória pedagógica interrompida. Além disso, busca também a qualificação profissional (que não deve ser confundida com a pura instrumentalização para assunção de postos de trabalho), a fim de possibilitar uma educação em consonância com a concepção de formação integral do cidadão. Formação essa que deve combinar trabalho, ciência e cultura, na sua prática e nos seus fundamentos científico-tecnológicos e sociohistórico. Essas funções da EJA (reparadora, equalizadora e qualificadora) devem balizar todo o trabalho educativo dirigido a esse público específico. Trata-se, portanto, de pensar a educação geral como parte inseparável da educação profissional e da educação para o mundo do trabalho, buscando garantir ao adolescente, ao jovem e ao adulto trabalhador o direito a uma formação completa para a leitura do mundo e para sua atuação como cidadão integrado dignamente à sociedade. Trata-se também de assumir a condição humanizadora da educação, propiciando uma formação humana em seu sentido lato, com acesso aos saberes científicos e tecnológicos construídos sociohistoricamente pela humanidade aliada a uma formação profissional que permita ao jovem e adulto compreender o contexto social mais amplo, ao mesmo tempo em que lhe permita compreender-se no mundo, para nele atuar em prol da construção de uma sociedade justa. Uma educação nesses moldes necessita da integração dos conteúdos das disciplinas da educação propedêutica e da educação profissional, de modo a que se possa perceber a interrelação entre elas. Nessa perspectiva, este trabalho de monografia pretende contribuir para a reflexão sobre o tema e, conforme está expresso em seu título, propusemos ações metodológicas e material didático em língua portuguesa que permitiram a integração entre os conhecimentos materializados em disciplinas no curso Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 14 técnico de nível médio integrado em controle ambiental na modalidade de educação de jovens e adultos. Trata-se de uma pesquisa-ação, portanto de cunho etnográfico, em que nós elaboramos todo o material didático aqui apresentado, bem como criamos estratégias metodológicas que, mais acordes à idade dos alunos, pudessem ao mesmo tempo, revisar os conteúdos de língua portuguesa, fazê-los pensar sobre o contexto social e aplicar esses conhecimentos em seus trabalhos da área técnica. Para apresentar o trabalho de pesquisa, dividimos essa monografia em 7 capítulos. Além desta introdução, em que apresentamos sucintamente os motivos e a estrutura do trabalho, no capítulo 2, situamos o Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental como parte da política nacional para a educação em áreas de reforma agrária. Além disso, explicitamos quais são os objetivos do Curso e descrevemos o grupo de alunos participantes. No capítulo 3, explicitamos a fundamentação teórica que embasa a construção do material e a proposição das metodologias. Em seguida, apresentamos o percurso da pesquisa com a descrição da metodologia e dos procedimentos utilizados para, no capítulo 5, detalhar os objetivos que nortearam todo nosso trabalho. No capítulo 6, explicitamos o funcionamento do curso e, após mostrar as dificuldades que encontramos para o processo ensino-aprendizagem, detalhamos as atividades que desenvolvemos com os alunos ao longo dos dois módulos desenvolvidos no ano de 2006. Finalmente, nas considerações finais, mostramos a necessidade de se trabalhar com a maior variedade possível de gêneros textuais, centrando a atenção nos gêneros que serão mais utilizados pelo aluno quando estiver no mundo do trabalho atuando como técnico. Mostramos também que a produção textual é mais efetiva quando está vinculada a situações mais próximas da realidade. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 15 2 SITUANDO O PROBLEMA O Projeto de Formação Profissional de Nível Técnico para Jovens e Adultos de Áreas de Reforma Agrária no Estado do Rio Grande do Norte constitui-se numa parceria entre o Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (CEFET-RN), a Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Rio Grande do Norte (INCRA) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST/RN). Conta com o apoio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e tem como objetivo a formação de jovens e adultos numa proposta de educação que valorize os saberes dos sujeitos do campo, articulando-os com os saberes sistematizados historicamente pela humanidade. Para consecução desse objetivo, foi instituído, entre os parceiros, o Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. A integralização da turma foi feita através de indicação dos coordenadores dos assentamentos em parceria com o INCRA. Em que pese a larga experiência do CEFET-RN e seu reconhecimento como referência no Estado por sua oferta de educação pública, gratuita e de qualidade, para a Instituição, esse curso, iniciado no primeiro semestre deste ano, está sendo uma experiência inédita, uma vez que o Centro ainda não havia atuado na modalidade de educação de jovens e adultos (EJA). Dessa forma, os professores do Centro convidados a trabalhar no Curso também fariam sua estréia nessa modalidade de educação, com todas as incertezas e percalços que a incipiência traz. Especificamente em Língua Portuguesa, a nossa atuação em sala de aula, já nos primeiros dias do Curso, mostrou que o material didático utilizado nos cursos regulares do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (CEFET-RN) não atendia às necessidades dos alunos inscritos no Projeto. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 16 Em primeiro lugar, porque o material atendia apenas ao nível médio da educação, não considerando a necessidade de integração entre esse nível da educação básica e o técnico de nível médio da esfera da educação profissional. Além disso, o material também não levava em consideração as diversidades existentes no grupo. Ao lado da diferença de idade, tão comum em alunos da modalidade EJA, encontraram-se também diversos níveis de maturidade intelectual, de experiência de vida e de domínio no uso dos recursos lingüísticos. Pode-se acrescentar ainda que o material didático disponível no mercado e utilizado nos cursos técnicos de nível médio, em geral, tem talante instrumentalista, porque esses cursos se preocupam em formar para o mercado de trabalho, na visão mais estreita que se pode ter desse termo. Por isso, é comum encontrarem-se disciplinas e materiais intitulados Redação Oficial, em que se focalizam os formatos dos documentos para troca de correspondência internamente ou entre instituições, ou Português Instrumental, cujo cerne é quase sempre a leitura de textos técnicos. É conveniente esclarecer que um material didático que, em princípio, deveria ser utilizado em sala de aula com o grupo de alunos em questão foi produzido antecipadamente, tendo como base os conteúdos discriminados no projeto do curso, a representação social que tínhamos de alunos que terminam o Ensino Fundamental, nível exigido para a inscrição no Curso, o nível de conhecimento dos alunos que fazem esse mesmo curso na Instituição na modalidade presencial e a função social do CEFET-RN, expressa no seu Projeto Político Pedagógico: 1 [...] promover a educação científico-tecnológico-humanística , visando à formação integral do profissional-cidadão crítico-reflexivo, competente técnica e eticamente e comprometido efetivamente com as transformações sociais, políticas e culturais e em condições de atuar no mundo do trabalho na perspectiva da edificação de uma 1 Com o termo científico-tecnológico-humanística queremos destacar que a concepção de educação assumida pela Instituição incorpora, de forma indissociável e em igualdade de condições e importância a nível de conteúdo, tanto a formação que incorpora as ciências denominadas duras como as ciências sociais e humanas. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 17 sociedade mais justa e igualitária, [...] (CEFET-RN. Disponível em: <http://www.cefetrn.br/institucional/funcao_social>. Acesso em: 04 ago. 2006). Diante do fracasso na utilização da apostila preparada para o Curso, resolvemos descartar o que havia sido produzido e preparar material ad doc que pudesse atender tanto às necessidades do grupo de alunos como as necessidades individuais visualizadas a cada encontro. Uma pergunta, embora não de forma explícita, sempre guiava essa atividade de preparação de material e seleção de estratégias de atuação: que estratégias metodológicas e que material didático de língua portuguesa podem permitir a integração entre os conhecimentos materializados em disciplinas no Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade EJA? Ao mesmo tempo, havia a preocupação de atender às necessidades dos alunos, fazendo as adaptações curriculares necessárias, sem perder de vista o perfil profissional de conclusão, presente no Projeto do Curso. Ademais, guiava essa atividade a concepção de educação profissional expressa por Manfredi (2003), para quem a educação profissional tem uma dimensão social intrínseca que “extrapola a simples preparação para uma ocupação específica no mundo do trabalho e postula a vinculação entre a formação técnica e uma sólida base científica, numa perspectiva social e histórico-crítica, integrando a preparação para o trabalho à formação de nível médio” (MANFREDI, 2003, p.57 apud BRASIL, 2006, p.35). Antes de explicitar os objetivos deste projeto de trabalho, convém conhecer o o Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos e seus alunos. Esses temas serão objeto de discussão dos dois subitens seguintes. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 18 2.1 O Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos Como forma de ampliar a atuação dos CEFET’s, em 14 de junho de 2005 é assinada pelo Ministro da Educação a Portaria nº 2.080, que, 10 dias depois, transforma-se no Decreto de nº 5.478, de 24 de junho de 20052. Esse instrumento legal institui no âmbito dos Centros Federais de Educação Tecnológica, Escolas Técnicas Federais, Escolas Agrotécnicas Federais e Escolas Técnicas vinculadas as Universidades Federais, o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA. Com base nessa legislação, o INCRA e o CEFET-RN propõem a criação de um curso técnico de nível médio nessa modalidade de ensino, cujos objetivos, são, segundo o Projeto do Curso, Promover a formação de jovens e adultos de assentamentos de Reforma Agrária do Rio Grande do Norte em Nível Técnico Integrado, ao ensino médio na modalidade EJA, visando contribuir para a consolidação de políticas públicas para a educação no campo; Oportunizar aos agricultores (as) das áreas de Reforma Agrária e comunidade de pequenos agricultores, com acesso à educação, que proporcione uma formação integral, conjugando desenvolvimento humano, inserção na sua realidade, escolarização e profissionalização qualificada (CEFET-RN, 2005, p 10). Além desses objetivos, outros, que guiam o perfil de formação dos técnicos de nível médio em Controle Ambiental na modalidade EJA, podem ser citados Atuar ética e politicamente na busca de alternativas de prevenção e soluções de problemas ambientais, visando à melhoria e o equilíbrio 2 Revogado pelo Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006, que institui o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) com uma filosofia distinta do anterior. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 19 do meio ambiente e das condições objetivas de trabalhadores e trabalhadoras do campo; Adotar procedimentos para a implementação, gerenciamento e avaliação de projetos ambientais nas esferas pública, privada e terceiro setor; Dar assistência técnica no campo; Ser agente multiplicador de ações voltadas para a educação ambiental em consonância com a filosofia da gestão, da melhoria da qualidade de vida da população e preservação do meio ambiente (CEFET-RN, 2005, p 10-11). Esses objetivos citados anteriomente embasam o perfil de formação do profissional concluinte do Curso Técnico de nível Médio em Controle Ambiental, que deve estar habilitado a desempenhar atividades nos mais diferentes locais de trabalho, visando sempre ao controle da qualidade do meio ambiente. Espera-se, portanto, desse profissional a capacidade de Conhecer e utilizar as formas contemporâneas de linguagem, com vistas ao exercício da cidadania e à preparação para o trabalho, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; Compreender a sociedade, sua gênese e transformação e os múltiplos fatores que nela intervêm como produtos da ação humana e do seu papel como agente social; Ler, articular e interpretar símbolos e códigos em diferentes linguagens e representações, estabelecendo estratégias de solução e articulando os conhecimentos das várias ciências e outros campos do saber; Utilizar métodos de análises para identificação dos processos de degradação natural e dos parâmetros de qualidade ambiental do solo, da água e do ar; Analisar os aspectos sociais, econômicos, culturais e éticos envolvidos nas questões de exploração dos recursos naturais; Conhecer e aplicar a legislação ambiental; Aplicar as tecnologias de tratamento e controle de emissões para o solo, água e ar; Manusear com técnica os instrumentos e equipamentos específicos de laboratórios da área de meio ambiente; Desenvolver atividades voltadas para o uso racional da água, tratamentos simplificados de sistemas de tratamento de águas e efluentes e de limpeza urbana; Desenvolver campanhas educativas para conservação preservação do meio ambiente e qualidade de vida; e Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 20 Planejar ações preventivas e corretivas em vigilância ambiental e atuar em projetos de saúde ambiental; Demonstrar capacidade de trabalhar em equipe multidisciplinar de estudos ambientais, agindo com responsabilidade e criatividade; Cumprir normas de segurança do trabalho; Utilizar adequadamente a linguagem como instrumento de comunicação e interação social necessária ao desempenho da profissão. Ainda sobre o Projeto, é interessante destacar alguns dos princípios que regem o trabalho. A educação é entendida como um processo de formação humana que articula referências culturais e políticas, a fim de possibilitar a intervenção dos jovens e adultos na realidade em função de novas políticas para o campo. O trabalho é percebido como princípio educativo, pois permite a compreensão do significado econômico, social, histórico, político e cultural das ciências e das artes. Da mesma maneira, a pesquisa também é percebida como parte do processo educativo por desenvolver a autonomia do educando. A relação entre educação, cultura, trabalho, economia, ciência e tecnologia é base para o trabalho pedagógico, a fim de propiciar o desenvolvimento social e econômico igualitário. Para isso, outro princípio fundamental emerge: a necessidade de utilizarem-se metodologias que possibilitem autonomia, o diálogo, a inter-relação entre os conhecimentos integrantes dos módulos, a contextualização dos conhecimentos, a problematização a partir de situações significativas do cotidiano dos jovens e adultos. Outro príncipio fundante do processo ensino-aprendizagem é propiciar a busca da identidade de uma escola do campo em que haja a ruptura entre rural-urbano, considerando a identidade cultural dos jovens e adultos situados historicamente. Existe, no entanto, um princípio que transpassa todos os demais, e sem o qual o profissional é mero instrumento na sociedade: o desenvolvimento de valores humanos voltados para a solidariedade, o respeito mútuo, o compromisso com a democracia ampliada, o desenvolvimento e a sustentabilidade do país. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 21 2.2 Descrição do grupo de alunos. O público de EJA é reconhecidamente diferenciado, devido a sua condição histórica de exclusão econômica e social e pelo tratamento político dado ao tema da educação desse grupo ao longo da história. Para pensar a educação para todos, é preciso comprometer-se com a redução das desigualdades sociais existentes no país, as quais “manifestam-se claramente na distribuição de renda, de bens e serviços, na discriminação de gênero, de cor, de etnia, de acesso à justiça e aos direitos humanos” (BRASIL, 2004, p.19). Nesse sentido, não se pode pensar a EJA nas suas funções equalizadora, reparadora e qualificadora sem levar em consideração as condições objetivas constituintes desse público. Para responder positivamente às funções supracitadas da EJA, permitindo, portanto, que a educação funcione como fator de transformação social, é imprescindível que seja feita uma caracterização sistemática desse público. Para conhecer os alunos do Curso, foi realizada uma coleta de dados em sala de aula através do preenchimento de uma ficha cadastral (Apêndice 1) atendendo simultaneamente a dois objetivos: a informação sobre cada um dos alunos e a avaliação da capacidade individual para preencher adequadamente o gênero textual citado. A ficha era um texto de baixa complexidade e constava dos seguintes itens: sexo, idade, estado civil, escolarização e inserção laboral. Analisemos cada um deles. 2.3 Sexo Dos 50 alunos que responderam à ficha, 39 são do sexo masculino e 11, do sexo feminino, o que, em termos percentuais, significa 78% de homens e 22% de mulheres. Considerando a necessidade de afastamento do núcleo familiar para participar do Curso, essa distorção de gênero reflete claramente que as mulheres, por sua condição de mulher, que muitas vezes assumem Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 22 encargos familiares ligados a trabalhos domésticos, a cuidados com a saúde de parentes e educação de irmãos menores, ficam impossibilitadas de aproveitar oportunidades de crescimento intelectual e profissional. Dois exemplos de abandono do Curso ratificam essa afirmativa. Uma das educandas interrompeu o curso para cuidar da avó doente e outra, porque engravidou. 2.4 Idade Idade Em relação à faixa 2% 4% 2% 4% 16 10% 17 6% etária, o gráfico a seguir é bastante diversidade ilustrativo existente 18 8% 10% da 20 21 no 22 6% 23 grupo. 18% 10% Percebe-se primeira logo hoje 27 20% análise no Brasil: a 24 25 na uma Gráfico 1 - Faixa etária dos alunos do curso de Controle Ambiental característica marcante da EJA 19 29 Fonte: CEFET-RN/Pronera, 2006 presença considerável de jovens. Segundo o Documento Base do Proeja, isso seria explicado “em grande parte devido a problemas de não-permanência e insucesso no ensino fundamental ‘regular’” (BRASIL, 2005, p. 6). O gráfico mostra que 50% dos alunos situam-se na faixa etária entre 17 e 20 anos, dado que, se fosse analisado por si só, tornaria esse público muito pouco diferente do público normal de ensino médio. Esses jovens buscam na EJA uma tábua de salvação para suprirem deficiências acumuladas ao longo de sua trajetória escolar, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio, conforme veremos quando fizermos uma análise comparativa entre a faixa etária e o nível de escolarização. É curioso, também, o fato de haver 2% de alunos com a idade de 16 anos, o que, segundo a Resolução CNE/CEB nº 1, de 05 de julho de 2000, que em seu parágrafo segundo do artigo 8º, estabelece que os cursos de Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 23 educação de jovens e adultos de nível médio devem ser dirigidos especificamente para alunos de faixa etária superior à própria para a conclusão desse nível de ensino, ou seja, deve voltar-se para jovens a partir de 17 anos completos. 2.5 Estado Civil No grupo de alunos, vimos que apenas um deles (do sexo masculino) é casado, o que corresponde, em termos percentuais, a 98% de alunos solteiros. O dado referente ao sexo do aluno casado é interessante, pois confirma, de certa forma, a facilidade própria do gênero masculino em ter acesso a oportunidades de crescimento intelectual, que possam demandar regime de internato por vários meses em um ambiente coletivo. A ausência de mulheres casadas pode significar um impedimento causado por uma situação socialmente inerente ao gênero feminino, cuja liberdade é ainda bastante tolhida em nossa sociedade. 2.6 Escolarização Os dados obtidos nesse 2% tópico são bastante curiosos, Escolarização como bem demonstra o gráfico 16% Ensino Fudamental Incompleto 2. Ensino Fudamental Completo 48% Ensino Médio Incompleto Se considerarmos que o propósito de um curso dessa Ensino Médio Completo 34% natureza deveria, conforme recomenda o Documento Base, Gráfico 2 - Escolarização dos alunos de Controle Ambiental Fonte: CEFET-RN/Pronera, 2006 ter como meta a elevação da escolaridade, que 82% das constataremos vagas, cujo Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 24 preenchimento ficou a cargo da coordenação do MST, foram ocupadas por pessoas que já têm o ensino médio completo ou ainda estão cursando esse nível de escolaridade. Esse dado pode ser visto como uma distorção em relação à recomendação do Proeja. Percebe-se, portanto, que apenas 16% dos alunos possuem somente ensino fundamental completo e seriam, a nosso ver, o público correto para ser atendido pelo curso; 34% possuem o ensino médio incompleto e, por isso, também poderiam estar fazendo o curso, apesar de alguns terem declarado informalmente estarem cursando concomitantemente o ensino médio normal em sua comunidade e o curso técnico de nível médio integrado oferecido pelo CEFET-RN. Essa situação, além de ferir o caráter ético-financeiro, pelo fato de o aluno estar ocupando, simultaneamente, duas vagas na rede pública de ensino, mereceria um olhar mais cuidadoso, a fim de se buscarem as causas e as possíveis alternativas, para que não continue havendo duplo investimento de recursos em apenas um sujeito. Continuando nossa análise, percebemos que 48% dos alunos possuem o ensino médio completo e, nesse caso, não deveriam estar inscritos no curso de nível médio técnico integrado, mas, oportunamente, em um outro curso técnico subseqüente (BRASIL, 2006), o qual teria menor duração e ofereceria apenas disciplinas técnicas; os demais 2% não possuem o ensino fundamental completo e, portanto, legalmente não poderiam estar inscritos no curso. 2.7 Inserção laboral Trabalha 4% 16% O gráfico 3 mostra que 80% dos alunos não Sim Não trabalham; 16%, trabalham; Branco e 4% não responderam à questão. Essa 80% informação diferencia claramente esse Gráfico 3 - Inserção laboral dos alunos de Controle Ambiental Fonte: CEFET-RN/Pronera, 2006 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 25 grupo do público normal de EJA. Isso poderia ser explicado, tanto pela pouca idade dos alunos, como também pelo fato de o curso ser realizado em regime de internato, em módulos, com duração de cerca de 2 meses cada um. 2.8 Tecendo alguns comentários adicionais Se passarmos agora a pensar qualitativamente sobre os dados, confrontando as informações referentes à idade, à escolaridade e à inserção dos alunos no mundo do trabalho, percebemos que o nível de escolaridade desse grupo está acima do previsto legalmente para o público de EJA, embora essa certificação não corresponda de fato ao nível de conhecimento demonstrado no percurso pedagógico; a idade, que também difere do historicamente encontrado nessa modalidade de ensino no Brasil, é um dado confirmador do processo de juvenilização da EJA. Além disso, o fato de a grande maioria dos alunos não estar ainda inserida no mundo do trabalho torna esse público atípico dentro do contexto da EJA. Vale a pena registrar ainda algumas observações resultantes da nossa prática pedagógica. Levando em conta o fato de já termos tido oportunidade de interagir com o grupo durante dois módulos consecutivos, verificamos que o grau de escolaridade declarado não corresponde necessariamente ao equivalente grau de conhecimento. Essa disparidade gera uma enorme dificuldade durante o desenrolar de todo o processo pedagógico, especialmente no nosso caso, como professoras de Língua Portuguesa. Os alunos apresentam perfis muito diversificados, tanto no que se refere a conhecimentos específicos dos conteúdos, quanto ao domínio da própria língua. Assim, alguns encontram-se ainda na fase pré-silábica, confundindo a pronúncia de letras e de sílabas e soletrando cada sílaba para só então pronunciar as palavras; outros já conseguem ler frases inteiras, mas não parecem compreender o que estão lendo; outros ainda lêem e compreendem pequenos trechos, mas apenas num nível muito superficial; outros, porém, conseguem ler, compreender e interpretar textos curtos de vocabulário simples; outros, finalmente, lêem, compreendem, interpretam, fazem analogia Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 26 e discutem com segurança idéias e textos de um maior grau de complexidade. No que se refere à escrita, esse quadro se repete e os níveis variam dos que ainda desenham as palavras até os que já têm uma autonomia relativa para produzir textos, a partir das situações propostas. Essa descrição detalhada é apenas para demonstrar o total descompasso entre o grau de escolaridade exigido para o ingresso no curso e o domínio do conhecimento que os alunos têm de fato. Esse público possui, portanto, um perfil que difere do normalmente encontrado nessa modalidade. Isso ocorre, possivelmente, por se tratar de um curso resultante de um convênio específico entre MDA/INCRA/MST e o CEFET-RN. Esse dado deve ser considerado na construção de todo o processo de ensino-aprendizagem. Feita a descrição do grupo de alunos, necessário se faz definir alguns termos utilizados ou alguns conceitos que estão implícitos na proposta deste trabalho. Esse é o foco do item a seguir. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 27 3 EXPLICITANDO TERMOS Quando se escuta falar em curso técnico de nível médio integrado, algumas perguntas emergem: O que significa integrar? O que é educação? E educação média? Que concepção de educação profissional deve embasar um currículo integrado? O que significa currículo integrado? O que é integrar? Nesse item, tentaremos responder a essas questões, começando com a definição do vocábulo integração, da explicitação de nossa concepção de educação, de ensino médio, de educação profissional, de currículo e de currículo integrado. Em seguida, exporemos nossa concepção de língua, de ensino de língua portuguesa e de educação profissional técnica de nível médio. A palavra integrar, etmologicamente, significa completar, tornar inteiro. Pensar, então, a integração entre a educação básica de nível médio com o ensino profissional na modalidade EJA, significa muito mais que unir os conteúdos do ensino médio com os conhecimentos necessários ao desempenho de uma determinada profissão, destinando a ação pedagógica a um público específico historicamente excluído dos processos formais de educação. É preciso pensar que concepção de educação, de educação profissional e que concepção de educação de jovens e adultos deve guiar todo o trabalho de escolha de conteúdos e métodos. Só dessa forma, poderemos realmente pensar em um trabalho de integração. Com base nisso, este item pretende trazer à discussão as concepções de educação em seu sentido amplo, de ensino médio, de educação profissional, de educação na modalidade de jovens e adultos para se pensar a educação profissional técnica de nível médio integrada ao Ensino Médio na modalidade EJA que possibilite uma educação científico-tecnológico-humanística, em que estejam incorporados, de forma equânime, em nível de importância e de conteúdo, os conhecimentos das ciências denominadas duras como as ciências sociais e humanas, visando a uma formação integral do profissionalcidadão crítico-reflexivo. Essa denominação implica competência técnica e Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 28 ética, que se revela em comprometimento com as transformações sociais, políticas e culturais e numa atuação profissional pautada na edificação de uma sociedade mais justa e igualitária. Para isso, discutimos, em primeiro lugar, uma concepção de educação que permita uma formação humanística em que o educando possa chegar a ser um sujeito crítico e reflexivo. Em segundo lugar, tratamos a questão do ensino médio propedêutico para, em seguida, discutirmos uma concepção de educação profissional que possibilite a formação de um profissional que seja ao mesmo tempo um cidadão consciente de sua responsabilidade social. Em um quarto bloco, tratamos da concepção de educação para jovens e adultos que possa tanto reparar a exclusão de foi vítima esse grupo como reintegrá-lo social e profissionalmente. Finalmente, no último subitem, defendemos a integração entre o ensino médio e ensino profissional como forma de promover uma formação para o exercício pleno da cidadania, por meio do desenvolvimento do pensamento crítico e autônomo, da participação social, da consciência dos direitos e deveres, da compreensão de sua inserção no mundo da vida e no mundo do trabalho. 3.1 Educação Segundo Meirieu (2001), a educação é uma operação que consiste em adaptar indivíduos a um certo ambiente, em prepará-los para o exercício de papéis sociais cujos conteúdos estão sempre mais ou menos determinados. Mas, além disso, educar também é emancipar: é fazer possível o surgimento do outro, já que a finalidade última é, na realidade, a emergência de um sujeito livre, de uma vontade capaz de escolher seus próprios fins, de efetuar suas escolhas da forma mais lúcida possível, de decidir com independência seus própios valores (MEIRIEU, 2001, p. 66-67). O autor acrescenta que a educação é homogeneizadora na sua dimensão instrumental e que, na sua função de emancipação, é diferenciadora e afirma que a articulação entre diferenciação e homogeneização evidentemente é uma Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 29 tarefa difícil e arriscada. Arriscada para o autor significa dizer que a educação é empresa cujo resultado individual para o educando foge ao controle do educador. Pulpillo Ruiz (1984) aponta como fins para a educação a) desenvolvimento de atitudes e capacidades; b) aquisição de conhecimentos, habilidades e destrezas; e c) adoção de critérios ou atitudes para orientar a conduta de forma moral, ante as diversas situações em que a vida se apresenta (PULPILLO RUIZ, 1984, p. 233). Para Freire, educar é ajudar o educando a ser cada vez mais sujeito, é ajudar a ad-mirar e desvelar a realidade. É fazer com que o sujeito chegue à conscientização e, em conseqüência, à desmitificação. Por conscientização, entende o educador brasileiro que é o olhar mais crítico possível da realidade, que a des-vela para conhecê-la e para conhecer os mitos que enganam e que ajudam a manter a realidade da estrutura dominante (FREIRE, 2001, p.29). A conscientização é a percepção objetivada crítica da realidade. Utilizando os termos do próprio Freire (2000), estar imerso na realidade é percebê-la ingenuamente, enquanto insertar-se na realidade é percebê-la criticamente, é situar-se para atuar, porque, quando o sujeito se situa, a realidade se lhe desvela. Tracemos um paralelo entre a inserção na realidade e o ato de nadar embaixo d’água. A água nos envolve, como nos envolve a própria realidade. Assim, estar imerso na realidade é submergir e nadar em águas escuras, através das quais não podemos ver mais que a nós mesmos, enquanto que a inserção na realidade permite que nademos em águas claras e, por isso, podemos ver o que nos rodeia. Assim, “a inserção é um estado mais sagaz que a imersão e resulta da conscientização da situação. É a própria consciência histórica” (FREIRE, 2000, p. 135). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 30 A conscientização vai muito além do reconhecimento da situação, ela prepara os homens para atuarem efetivamente na luta contra os obstáculos a sua humanização. Para se chegar à conscientização, é necessário perceber a relação que se estabelece entre opressor e oprimido e reconhecer-se nela. Esta categoria freireana tem uma amplitude que vai muito além da simples referência à luta de classes entre pobres e ricos, entre colonizador e colonizado. Pode ser pensada para toda situação em que alguém ou algo sobrepõe sua voz à de outro, fazendo-o calar-se. Assim, por exemplo, o domínio da razão tecnológica é opressor, a educação de talante utilitarista e instrumentalista é opressora, a homogeneização é opressora, o totalitarismo é opressor. Aprofundando um pouco mais, o conceito de oprimido é sinônimo de desumanização, da negação ao homem de sua condição ontológica natural de ser inconcluso: de ser sempre mais. É sinônimo da tentativa de transformar o sujeito em um objeto, negando-lhe o direito a ter e a emitir sua própria palavra. Nesse sentido, pensar, por exemplo, a tecnologia como senhora, sua mitificação como a panacéia que vai resolver todos os problemas econômicos, de saúde ou de educação em todo o mundo, globalizando-nos, homogeneizando-nos, é pensar em opressores e oprimidos. São oprimidos os analfabetos informáticos (e existem em todas as classes sociais e em todas as idades em todo o mundo); são oprimidos os que querem falar, discutir, ter voz crítica nesta sociedade tecnologizada que nos transforma em objetos e cujos ideais estão entranhados e guiam todo o tecido social (e existem em todas as classes sociais e em todas as idades em todo o mundo), são oprimidos os que querem refletir e levantar reflexões sobre este processo de desumanização no qual estamos imersos (e existem em todas as classes sociais e em todas as idades em todo o mundo). Muitos outros exemplos poderiam ser acrescentados, mas esses elencados já são suficientes para mostrar como a nossa sociedade é estruturalmente opressora em si mesma, é excludente e geradora da cultura do silêncio. Prosseguindo com a categoria opressor/oprimido, podemos perguntar: que características encontramos no oprimido dentro da obra de Freire? Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 31 Em primeiro lugar, é a subordinação à consciência do amo. Na maioria das vezes, é uma subordinação inconsciente, ou seja, o oprimido sequer percebe-se como oprimido e, sobretudo, desconhece seus opressores. Sem a conscientização de sua situação, o indivíduo sente-se livre e, assim, ajuda a manter a realidade. Pensemos, para colocar um exemplo, na tecnologia, seu poder e sua capacidade de gerar novas necessidades que nos põem numa espiral crescente de compra, uso, descarte, compra, uso, descarte. Um exemplo muito elucidativo e próximo de todos é o telefone celular, que de simples telefone, portátil e sem fios agora já é receptor/reprodutor de MP3, secretária eletrônica, despertador, agenda, câmara digital, filmadora, se conecta à Internet e muito mais . A cada novo modelo, mais leve, mais compacto, jogamos fora o modelo velho e antiquado e compramos outro, fabricado em conformidade com as últimas novidades das novas tecnologias e não conforme as nossas necessidades e o fazemos orgulhosos de poder movermo-nos neste novo espaço social de terceiro entorno. Por isso, Echeverría (1999) alerta que somos os vassalos dos “senhores do ar”. Outra característica da categoria dos oprimidos é o desprezo em relação a si mesmo, conseqüência da internalização da opinião do opressor sobre ele3. Essa adesão ou assimilação leva à aceitação dos valores do dominador e à paralela e conseqüente negação dos próprios valores, o que faz com que o oprimido maximize sua ignorância, minimizando seu poder, ao mesmo tempo em que maximiza o saber e o poder do outro. Essa postura coloca-os em pólos opostos. Assim, o dominado, na sua busca para ser mais, aspira a ascender ao pólo superior do dominador, e, não só aprende a cultura do outro, como também internaliza a opinião do outro sobre si mesmo. Freire resume essa discussão, ao afirmar que 3 O escritor João Ubaldo Ribeiro, em seu livro Viva o Povo Brasileiro, narra a saga de brasileiros desde o ponto de vista dos que aqui viviam: índios, negros escravos, brancos europeus - portugueses, holandeses e espanhóis - ou mestiços. Cada momento histórico narrado está marcado pelo desajuste entre a embobada dependência das classes altas com respeito à Europa e aos Estados Unidos e a diversidade religiosa, étnica e lingüística das classes baixas. Com a ironia fina que lhe é peculiar, em muitas ocasiões, o autor dá testemunho dessa internalização, expressada pelo colonizado, da opinião do colonizador sobre o próprio colonizado. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 32 Compreender que a aparente imitação dos modelos dos dominadores é o resultado da interiorização desses modelos; sobretudo dos mitos de superioridade das classes dominantes, que fazem com que os dominados se sintam inferiores (FREIRE, 2001, p. 88). Sobre essa assimilação e inculcação de responsabilidades, é exemplar a resposta que uma senhora californiana deu a Freire quando ele lhe perguntou se ela era norte-americana. A senhora respondeu que não era norteamericana, que era pobre. Como se pobreza fosse nacionalidade. Tal postura é a assunção ingênua da responsabilidade por seu próprio fracasso. Era sua incompetência que a mantinha pobre e não lhe permitia compartilhar, com os norte-americanos, o sonho americano. Com isso, ela exime a estrutura econômica e política da sociedade da responsabilidade pelo seu estado de pobreza. Sem a percepção crítica, a senhora era uma mais a reforçar o poder do sistema. Com essa pequena discussão, buscamos argumentar, repitamos, que não se pode relacionar os conceitos de oprimido e opressor tão somente ao de luta de classes. Sua concepção é muito mais ampla. A questão é perceber o silenciamento que uns impõem aos outros e de atuar para que se faça possível resgatar a voz dos silenciados. Dessa forma, pode-se instaurar o diálogo, elemento fundamental para a pedagogia freireana. Para Freire, o diálogo é estruturante da educação, que é mediação, é o (re)conhecimento da realidade que se dá pelo diálogo de duas consciências, que saem transformadas desse encontro. Muitas outros autores se poderiam acrescentar, mas cremos que Meirieu, Pulpillo Ruiz educação. De e Freire, tratam os pontos fundamentais sobre o tema da um lado, a função instrumental de transmissão de conhecimentos e habilidades e, de outro, a função constitutiva mesma da tarefa de educar, a formação do sujeito mediante a assunção de valores e de tecnologias de reflexão sobre si mesmo e sobre a realidade que o rodeia. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 33 Podemos, pois, afirmar que da relação educativa se espera uma melhora, um aperfeiçoamento. Isto é, só são consideradas ações educativas aquelas que supõem uma mudança de estado, uma melhoria dos agentes envolvidos. A educação tem, portanto, um carácter perfectivo que não se lhe pode negar, é ação intencionada, é ação sobre o outro, é também reflexão e ação do homem sobre o mundo para transformá-lo e sobre si para transformar-se. Ao mesmo tempo, essas definições trazem, em seu centro, a relação entre educando e educador. Essa ação se consegue mediante uma relação pedagógica, mediante a experiência de um encontro singular, que conjuga os esforços de seus agentes em uma tarefa comum. Portanto, podemos afirmar que qualquer projeto educativo baseia-se na intencionalidade e na educabilidade. A intencionalidade da educação, afirma Jover (1991), implica o teleológico, aponta para o futuro, para um fim que se pretende alcançar; e a educabilidade baseia-se no fato de que somos possibilidade. Possibilidade de ser o que somos, de ser de outro modo e de sermos melhores do que somos. Além disso, somos seres criadores de novas possibilidades e, porque somos seres sociohistóricos, construímos nosso futuro. De qualquer instância que se olhe a educação (governo, instituição, professor ou pais), ela é uma ação intencionada: alguém quer atuar sobre um sujeito e crê na viabilidade dessa ação, aposta, portanto, na possibilidade que tem o outro de ser sempre mais. Por isso, a educação não tem um carácter meramente mediador, mas principalmente tem, em sua essência, um caráter constitutivo. Não se pode perceber a relação pedagógica como simples doação de conhecimento, porque ela é, ao mesmo tempo – e talvez fundamentalmente –, uma relação de constitução de sujeitos. Nesse sentido, os sujeitos da educação, mediados pelo diálogo, se constituem como sujeitos com uns conhecimentos e umas tecnologias de reflexão sobre a realidade e sobre si mesmos. Também presente nas definições está o fato de que a educação deve levar o educando à autonomia, ou seja, o processo educativo aponta para uma questão ética fundamental: o direito que têm os educandos a ter (e emitir!) sua Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 34 própria palavra. Essa constatação leva-nos a recordar o que Savater (2001) denomina a condição suicida do educador. Essa condição expressa que somos imprescindíveis no começo e, no entanto, nosso objetivo é formar indivíduos capazes de prescindir de nosso auxílio e de caminhar por si e pensar por si. Jover (1991) concorda com esse posicionamento e alega que o educador deve animar o educando a que exercite a autonomia de que já é capaz, para que ela vá paulatinamente substituindo a necessária dependência inicial, até que chegue a desaparecer por completo e o educando tenha condições de seguir sozinho. Em outras palavras, os docentes sabemos que nosso destino é sermos esquecidos, porque iniciamos os alunos em uns conhecimentos técnicos e formativos que julgamos valiosos, e paulatinamente eles se liberam de nossa tutela para caminhar com seus próprios pés. Meirieu (2001) parece concordar com Savater (2001) quando afirma que o trabalho pedagógico, enquanto tem como objeto a emancipação de um sujeito através da apropriação de objetos culturais, é constitutivamente trabalho de elucidação de problemas, de busca daquilo que os especifica, daquilo que permite resolvê-los em outro contexto e sem ajuda. O trabalho pedagógico é de maneira indissolúvel aprendizagem e metacognição (MEIRIEU, 2001, p.151). Feitas essas observações sobre o termo educação, tentemos pensar sobre o significado do Ensino Médio no Brasil. 3.2 Ensino Médio O processo de construção da autonomia do sujeito-aluno através da prática educativa é uma questão bastante pertinente quando se pensa sobre o que tem sido considerado como educação básica no Brasil. Sabemos que antes da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases, a educação básica restringia-se ao ensino fundamental e que a referida lei veio atender à inegável “necessidade de expansão da oferta de Ensino Médio até que se atinja a sua universalização, uma vez que não é possível a participação social, política e Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 35 produtiva sem pelo menos 11 anos de escolaridade” (KUENZER, 2000, p. 4). Assim, o Ensino Médio, apesar de passar a ser considerado a última etapa da educação básica, não deixou de ser uma mera transição entre o ensino fundamental e o superior. A questão histórica da dualidade entre ensino médio e ensino profissional tem sido a pedra do sapato da educação brasileira. Enquanto o ensino profissionalizante historicamente sempre teve o objetivo de atender às demandas do mercado de trabalho, com a qualificação dos excluídos para se transformassem em mão-de-obra para aumentar a produção das empresas, o Ensino Médio terminava por “referendar a inclusão dos incluídos, justificada pelos resultados escolares” (KUENZER, 2000, p.15). Essa concepção tem mudado: cada vez mais se exige da escola uma formação básica de nível médio com uma educação geral sólida, que dê aos alunos condições de utilizarem-se dos conhecimentos teóricos socialmente acumulados para pensar a realidade para transformar informações científicas em conhecimentos aplicáveis no seu cotidiano; que estabeleçam relações entre os conhecimentos adquiridos (interdisciplinaridade); e compreendam o sentido de cada novo conhecimento para sua própria vida e a dos demais seres humanos. Uma escola que pense o passado para construir o presente e o futuro e que tenha o ser humano como agente de sua própria história, consciente de seu papel na sua escola, no seu bairro, na sua cidade, no seu país e no seu planeta. Nesse sentido, concordamos com Kuenzer (2000) quando afirma que o Ensino Médio deveria elaborar a nova síntese entre o geral e o particular, entre o lógico e o histórico, entre a teoria e a prática, entre o conhecimento e o trabalho, entre estes e a cultura e teria como finalidades precípuas o compromisso de educar o jovem para participar política e produtivamente do mundo das relações sociais concretas, pelo desenvolvimento da autonomia intelectual e da autonomia éticopolítica (KUENZER, 2000, p. 22). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 36 Em resumo, o Ensino Médio no Brasil, que enfrenta a tensão entre a educação geral e a educação específica, não tem terminalidade; é passagem para o ensino superior, quando, na verdade deveria estabelecer a relação entre o conhecimento e a prática do trabalho ou nas palavras de Kuenzer, o Ensino Médio deveria “ser geral sem ser genérico, incorporando o trabalho sem ser profissionalizante, no sentido estreito” (KUENZER, 2000, p. 16). Pensemos agora no sentido da educação profissional no Brasil. 3.3 Educação Profissional A educação profissional no Brasil teve historicamente um talante instrumentalista, voltada para a empregabilidade do sujeito trabalhador. Centrada em uma mentalidade reducionista, era pensada como treinamento ou adestramento: a formação de um sujeito-objeto conhecedor de uma técnica necessária a uma atividade específica, trata-se, portanto, como afirma Bastos (1997), de preparar adequadamente recursos humanos para preencher quadros e aplicar técnicas. Esse tipo de educação era destinado às classes menos favorecidas, aqueles que desempenhariam funções intermediárias no processo produtivo e que necessitavam de alguma formação escolar. Como lembra Kuenzer (1997), para estes e para os órfãos e desvalidos da sorte havia, desde 1909, as escolas de artes e artífices. Nesse cenário, os planos de ensino tendem a reforçar os conhecimentos científicos ou técnicos para os quais se supõe uma utilidade prática imediata, isto é, uma direta aplicação no mercado de trabalho, relegando as Humanidades a um nível inferior para mentes inferiores. Essa dualidade histórica marcou profundamente o ensino profissional no Brasil bem como “a trajetória educacional dos que iriam desempenhar funções Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 37 intelectuais ou instrumentais, em uma sociedade cujo desenvolvimento das forças produtivas delimitava claramente a divisão social e técnica do trabalho” (KUENZER, 1997, p.13). Isso se revela na existência de dois projetos pedagógicos distintos para cidadãos de primeira ou de segunda categoria. Em outras palavras, o dualismo se expressa na educação propedêutica para as elites dirigentes e a preparação para trabalho para os filhos das classes trabalhadoras. No entanto, as constantes transformações por que passa a sociedade moderna criam novas exigências de formação, principalmente, no que se refere à educação profissional e tecnológica. A sociedade contemporânea funda-se no uso da tecnologia e o ensino profissional deve propiciar uma formação para mundo do trabalho, “com o domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho moderno” (SAVIANI, 2003, p. 40). É necessário, então, romper a dicotomia entre a educação básica e o ensino técnico historicamente presente na educação e pensar um ensino profissional que resgate a formação humana em sua totalidade, integrando ciência e cultura humanística, tecnologia e arte. Afinal, como afirma Morin o homem da racionalidade é ao mesmo tempo o da afetividade, do mito e do delírio (demens). O homem do trabalho é também o do jogo (ludens). O homem do empírico é ao mesmo tempo o homem do imaginário (imaginarius). O homem da economia é também o do consumismo (consumans). O homem prosaico é ao mesmo tempo o da poesia, isto é, do fervor, da participação, do amor, do êxtase (MORIN, 2000, p.58). Esse homem, pensado em sua complexidade, precisa de uma educação que atenda às suas necessidades de sujeito inserto em um determinado momento histórico, que atua social e profissionalmente e, nesse atuar, constrói a sociedade em que vive ao mesmo tempo em que é construído por ela. A transformação social só será viável na medida em que seja desfeita a esquizofrenia educativa que, ao longo da história, pautou o processo pedagógico brasileiro. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 38 Dessa forma, deve-se pensar em uma educação profissional que integre a formação propedêutica propiciada pelo ensino médio e a formação técnica propiciada pelo ensino técnico, visando à formação integral do profissionalcidadão, conjugando a inter-relação entre os conhecimentos científicos, técnicos e tecnológicos. Deve-se, pois, pensar a educação profissional com um caráter científico-tecnológico-humanística em que o conhecimento das ciências denominadas duras como as sociais assumam o mesmo grau de importância na formação do sujeito-trabalhador. Uma educação assim permite a formação integral do profissional-cidadão, crítico-reflexivo, competente, técnica e eticamente e comprometido efetivamente com as transformações sociais, políticas e culturais e em condições de atuar no mundo do trabalho na perspectiva da edificação de uma sociedade mais justa e igualitária, [...] (CEFET-RN, 2005, p.85). Em resumo, deve-se pautar a educação profissional em uma concepção como a que expressa Manfredi (2003), para quem a educação profissional tem uma dimensão social intrínseca que extrapola a simples preparação para uma ocupação específica no mundo do trabalho e postula a vinculação entre a formação técnica e uma sólida base científica, numa perspectiva social e histórico-crítica, integrando a preparação para o trabalho à formação de nível médio (MANFREDI, 2003, p.57 apud BRASIL, 2006, p.35). Passemos agora a discutir sobre a educação de jovens e adultos no Brasil. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 39 3.4 Educação de Jovens e Adultos Os estudiosos da educação de jovens e adultos são unânimes em afirmar que, nos níveis fundamental e médio, no Brasil, a EJA é marcada pela descontinuidade e por efêmeras políticas públicas (BRASIL, 2000; BRASIL, 2006; PAIVA, 2006: MOURA, 2006). A atenção do Estado a esse contingente, em geral, circunscreve-se ao nível de alfabetização. No entanto, é necessário pensar em políticas permanentes para esse contingente de excluídos da escola regular, de forma que se possa reparar a negação ao direito de estudar de que foi vítima esse público quando se encontrava na correlação adequada entre idade e ano em seu itinerário educacional, bem como propiciar a reinserção no sistema educativo, de modo a permitir a igualdade de oportunidades para todos os que tiveram sua trajetória pedagógica interrompida. Além disso, trata-se também de permitir a qualificação profissional (que não deve ser confundida com a pura instrumentalização para assunção de postos de trabalho), a fim de possibilitar uma educação em consonância com a concepção de formação integral do cidadão. Formação essa que combine trabalho, ciência e cultura, na sua prática e nos seus fundamentos científico-tecnológicos e sociohistórico. Estamos falando das funções reparadora, equalizadora e qualificadora da EJA (BRASIL, 2000). Trata-se, em definitivo, de pensar a educação geral como parte inseparável da educação profissional e da educação para o mundo do trabalho, buscando garantir ao adolescente, ao jovem e ao adulto trabalhador o direito a uma formação completa para a leitura do mundo e para sua atuação como cidadão integrado dignamente à sociedade. Trata-se também de assumir a condição humanizadora da educação, propiciando uma formação humana, no seu sentido lato, com acesso ao universo de saberes e conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos historicamente pela humanidade, integrada a uma formação profissional que permita compreender o mundo, compreender-se no mundo e nele atuar na busca de melhoria das próprias condições de vida e da construção de uma sociedade socialmente justa. A perspectiva precisa ser, portanto, de formação na vida e para a vida e não Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 40 apenas de qualificação do mercado ou para ele (BRASIL, 2006, p.7). Embora o acesso à educação fundamental seja uma realidade no país, a permanência na escola está longe de acontecer para todos. Segundo Moura (2006), a sociedade brasileira não conseguiu reduzir as desigualdades socioeconômicas e as famílias são obrigadas a buscar no trabalho das crianças uma alternativa para a composição de renda mínima, roubando o tempo da infância e o tempo da escola (MOURA, 2006. p.6). Aliado ao fator econômico, a trajetória pedagógica desse contingente é muitas vezes interrompida pela falta de preparo da escola para tratar com grupos marginais camponeses, ao sistema, como ribeirinhos, negros, quilombolas, indígenas, pescadores, idosos, subempregados, desempregados ou trabalhadores informais. Esses fatores geram um contingente de excluídos, alijados do sistema educacional regular, gerando uma defasagem entre idade e série. No entanto, a ação educativa para esse grupo não se deve restringir ao nível básico. É necessária a elevação do nível de escolaridade integrada à profissionalização, a fim de contribuir para a integração sociolaboral desses jovens e adultos historicamente discriminados e com trajetória educativa descontínua. Portanto, cabe discutir a necessidade da oferta da educação profissional técnica de nível médio integrada ao Ensino Médio na modalidade EJA, o que seráfeito no subitem seguinte. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 41 3.5 Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio na Modalidade EJA Os itens anteriores já delinearam, de certa forma, o que aqui será discutido. Partindo da concepção de educação como humanizadora, de educação profissional como formação integral do sujeito para atuação consciente, crítica e ética no mundo do trabalho e da necessidade de reparar o erro histórico, que gera contingentes de alijados do processo educativo formal, a educação profissional técnica de nível médio integrada ao Ensino Médio na modalidade EJA deve proporcionar educação humanística e científica, em vínculo estreito com a formação profissional, ou seja, deve propiciar a formação integral do educando, de modo a contribuir para a integração social desse coletivo. Além disso, essa oferta compreende o mundo do trabalho sem resumir-se a ele, assim como compreende a continuidade de estudos. Em síntese, ela se faz orientada a proporcionar a formação de cidadãos-profissionais capazes de compreender a realidade social, econômica, política, cultural e do mundo do trabalho, para nela inserir-se e atuar de forma ética e competente, técnica e politicamente, visando à transformação da sociedade em função dos interesses sociais e coletivos, especialmente os da classe trabalhadora (MOURA, 2006, p.12). Nesse sentido, estar-se-ia assumindo uma política de inserção aliada a uma política de integração. Por política de inserção, Frigotto (2005) denomina aquelas ações que devem ser imediatas, como forma de reparar uma dívida histórica do Estado brasileiro com parte da sociedade. Já a política de integração refere-se às ações que se projetam para médio e longo prazo, instituindo a incorporação do direito para as gerações futuras. É necessário romper a dualidade estrutural entre cultura geral e cultura técnica e, ao mesmo tempo, romper o pensamento instrumentalista que regeu historicamente a educação profissional no país. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 42 Uma formação assim pensada não garante emprego aos sujeitos e tampouco garante a melhoria das condições objetivas de vida. No entanto, abre possibilidades de se alcançar esses objetivos, além de permitir o crescimento pessoal a partir de outras referências culturais e sociais. Não se pode deixar de acrescentar que ela também permitiria ao sujeito a leitura de mundo, no sentido freireano, “estando no mundo e o compreendendo de forma diferente da anterior ao processo formativo” (BRASIL, 2006, p.26). Ademais, só pensando a educação nesses moldes estar-se-ia promovendo as funções reparadora e equalizadora da educação na modalidade EJA, que, conforme o Parecer 11/2000, é fazer cumprir o dever do Estado para assegurar o direito à educação para todos, reduzindo a desigualdade entre os que tiveram acesso a ela em idade regular e os que tiveram seu acesso interdito pelas mais variadas razões. Da mesma forma, essa concepção de educação profissional técnica de nível médio integrada ao Ensino Médio na modalidade EJA permite que a terceira função dessa modalidade – a função qualificadora – emerja, concretizando seu sentido fundamental de formação para o exercício pleno da cidadania, por meio do desenvolvimento do pensamento crítico e autônomo, da participação social, da consciência dos direitos e deveres, da compreensão de sua inserção no mundo da vida e no mundo do trabalho. Para que uma educação assim seja implementada, é necessário que esteja amparada por uma concepção de currículo que permita a integração. Tentaremos discutir esse tema nos dois itens subseqüentes. 3.6 Currículo O Currículo deve ser entendido como um desenho pedagógico e sua correspondente organização institucional, a qual articula dinamicamente experiências, trabalho, valores, ensino, prática, teoria, comunidade, concepções e saberes, observando as características históricas, econômicas e Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 43 socioculturais do meio em que o processo de desenvolve (BRASIL, 2006, p.36.) Além disso, deve-se ter em mente que um currículo deve orientar-se pelo diálogo constante com a realidade, numa busca de adequar-se e/ou adaptarse. 3.7 Currículo Integrado Na perspectiva do que propõe o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, currículo integrado pressupõe uma ruptura paradigmática, significa inovar pedagogicamente na concepção de ensino médio que considera o mundo do trabalho e que leva em conta os mais diversos saberes produzidos em diversos espaços sociais, assumindo a formação integral do sujeito, preparando-o para compreender e compreender-se no mundo, como sujeito-trabalhador. Portanto, o currículo integrado visa a uma integração epistemológica, de conteúdos, de metodologias e de práticas educativas. Conforme Brasil (2006), “refere-se a uma integração teoria-prática entre o saber e o saber-fazer” (BRASIL, 2006, p.30). Ciavatta (2005) recorda que o currículo integrado deve perceber o trabalho como princípio educativo, a fim de possibilitar a superação da dicotomia trabalho manual/trabalho intelectual, incorporando a dimensão intelectual ao trabalho produtivo e de formar trabalhadores capazes de atuar como dirigentes e cidadãos. Finalmente, o currículo integrado deve estar orientado para a formação humana, no seu sentido lato, com acesso ao universo de saberes e conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos pela humanidade, integrada a uma formação profissional que permita compreender o mundo, compreender-se no mundo e nele atuar na busca de melhoria das próprias condições de vida e da construção de uma sociedade socialmente justa (BRASIL, 2006, p.07). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 44 Trata-se de pensar a educação geral como parte inseparável da educação profissional e da educação para o trabalho, buscando garantir ao adolescente, ao jovem e ao adulto trabalhador o direito a uma formação completa para a leitura do mundo e para sua atuação como cidadão integrado dignamente à sociedade. Formação que pressupõe, segundo Ciavatta (2005) compreensão das relações sociais subjacentes a todos os fenômenos. Especificamente, em língua portuguesa, significa pensar um currículo em que o ato de ler não seja mera decodicação da palavra escrita, mas no qual a linguagem seja percebida em sua estreita relação com a sociedade e com o sujeito que produz linguagem e que por ela é produzido. Deve desenvolver a leitura como uma forma de percepção das relações entre texto e contexto, das relações de poder expressas na concretude do discurso. Trata-se de pensar a leitura em sua estreita relação com o mundo, no que Paulo Freire (1987) denomina de leitura do mundo em sua intersecção com a leitura da palavra, que se re-significa, escreve e re-escreve a realidade no ato significativo da leitura. Aprofundemos um pouco mais essa concepção de língua que pode permitir o trabalho integrado. 3.8 Concepção de língua Para se tentar trabalhar a língua portuguesa em um currículo integrado, a concepção de língua que se assume é fundamental. Por isso, é importante esclarecer que concepção de língua deve orientar as nossas propostas de ação. Assumimos com a Análise do Discurso de linha francesa que a língua é produto do trabalho social e histórico de uma comunidade (GERALDI, 2003) e está sendo sempre retomada pelos falantes, que ao fazê-lo, retomam o estabilizado e podem desestabilizá-lo na concretude do discurso, nos processos interativos de uso. É um movimento dinâmico de ação com a Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 45 linguagem, pela linguagem e sobre a linguagem. Dessa maneira, a língua é uma sistematização sempre em aberto. Dizer que se trata de uma sistematização sempre em aberto, não significa esquecer que a língua também é um sistema formal e, como tal, apresenta regularidades, formas estabilizadas, porém não imutáveis. Por isso, pode-se falar de uma gramática de uma língua. Não se pode deixar de colocar aqui, ainda que de maneira breve, a relação entre língua e sociedade. O uso da língua é um processo que demanda alteridade, um sujeito sapiens/demens em interação com outro sujeito sapiens/demens (MORIN, 2000), e essas alteridades são “individualidades ou subjetividades que se constroem no processo mesmo de uso da linguagem, no contexto de uma organização social e seus modos de reações, também elas historicamente mutáveis” (GERALDI, 2003, p. 78). Portanto, pode-se afirmar que, sem o uso da língua e de um sujeito que use essa língua na sua relação com o outro não existe sociedade. Esse uso, concretizado no discurso, estabelece relações de poder que devem ser tema de reflexão no ensino de língua portuguesa. 3.9 Ensino de língua portuguesa Outra concepção que merece ser explicitada, decorrente da concepção de língua tratada no item anterior, é a concepção de ensino da língua portuguesa. Em virtude de sua relação estreita com a sociedade, o ensino de língua portuguesa deve orientar a seleção de seus conteúdos às necessidade reais da comunicação, deve levar em consideração não só as formas estabilizadas, mas a sistematização aberta, que é um processo criativo de criação, de ação do sujeito sobre a língua. Como a língua se realiza no discurso, este deve ser o objeto primeiro de reflexão. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 46 O ensino de língua, nessa perspectiva, deve ser produtivo (TRAVAGLIA, 1996), ou seja, deve ensinar novas habilidades lingüísticas, aumentar os recursos lingüísticos que o aluno possui, de modo que ele tenha a seu dispor, para uso adequado, a maior escala possível de potencialidades para uso nas diversas situações com as quais se depara ao longo de sua existência. Esse tipo de ensino permite desenvolver a competência comunicativa, isto é, desenvolve os conhecimentos que permitem ao sujeito atuar conforme os diversos contextos de uso. A competência comunicativa é composta de subcompetências: a) competência lingüística ou gramatical, diz respeito à capacidade para falar uma língua e ao conhecimento de sua gramática4; b) competência sociolingüística, que se refere ao conhecimento das normas socioculturais comportamento que lingüístico regulamentam e nos âmbitos diversos condicionam o do uso comunicativo da língua; c) competência discursiva ou textual, relativa aos conhecimentos e habilidades necessários para compreender e produzir gêneros textuais adequados às diversas práticas sociais; e d) competência estratégica ou pragmática, que se refere ao conjunto de recursos que podemos utilizar para evitar ou reparar os possíveis problemas que, em geral, ocorrem no intercâmbio lingüístico. Lomas (1999) acrescenta mais duas competências: e) competência literária, que inclui os conhecimentos, as habilidades e os hábitos que tornam possível o uso e gozo dos textos literarios5; e 4 O Termo gramática aqui refere-se não só ao conhecimento da metalinguagem, mas sobretudo ao conhecimento das regras de uso da linguagem, o que muitas vezes não inclue a metalinguagem que se aprende na escola. 5 Ainda que essa competência possa ser incluída na competencia textual, devido às especificidades do texto literário e sua relação simbólica com a realidade, é melhor tratá-la de forma separada. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 47 f) competência semiológica, que se refere aos conhecimentos e habilidades que favorecem uma interpretação crítica dos usos e formas dos meios de comunicação e de propaganda. Todas essas concepções e sua relação com o trabalho que nos estamos propondo a realizar devem subsidiar a seleção de quais são as competências lingüísticas necessárias ao desempenho da profissão do Técnico de Nível Médio em Controle Ambiental, para definir que conteúdos lingüísticogramaticais são pertinentes e quais gêneros textuais lhe serão mais exigidos. Antes porém, devemos explicitar a metodologia utilizada neste trabalho. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 48 4 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS O método de abordagem do objeto será o hipotético-dedutivo, através de um estudo etnográfico, sob o enfoque da pesquisa-ação educativa. Entrevistas, questionários e observação participante serão as técnicas utilizadas para a coleta de dados. A análise dos dados insere-se no paradigma qualitativo (BISQUERRA, 1989; COHEN e MANION, 1990; COOK e REICHARDT, 1986; GIBBONS,1995; GOETZ e LECOMPTE, 1988; SERRANO, 1994;) pela relação indissociável entre a realidade analisada e os sujeitos envolvidos no processo, cuja relação dinâmica exige interpretação e atribuição de significados. O paradigma qualitativo requer um método qualitativo de pesquisa. Entre eles, escolhemos, devido ao próprio objeto de análise, fazer uma pesquisa de desenho etnográfico. No entanto, não se pode deixar de explicitar aqui que, além da descrição, característica da investigação de cunho etnográfico, este estudo pretende propor estratégias de intervenção, conforme está explicitado no item que trata dos objetivos. Portanto, o desenho etnográfico será um meio de compreender a realidade para tentar intervir, o que de certa forma, limita esse estudo também com o paradigma crítico (YUNI e URBANO, 2005) ou enfoque sociocrítico (SERRANO, 1994), para quem esse enfoque busca propiciar uma mudança. O investigador está, pois, comprometido com a transformação da realidade. A etnografia educativa pode ser definida como o estudo e análise das instituiçoes escolares e dos processos educativos que utilizam o método etnográfico ou, nas palavras de Yuni e Urbano, é “a descrição e interpretação da cultura de uma instituição educativa” (YUNI e URBANO, 2005, p.112). Segundo Yuni e Urbano, “o enfoque da pesquisa-ação se sustenta no paradigma crítico” (YUNI e URBANO, 2005, p. 133), por isso, tem como uma de suas principais características o compromisso com as mudanças sociais, Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 49 com a melhoria da realidade concreta. É, portanto, um processo político, uma vez que implica mudanças que afetam todos os envolvidos. A investigação-ação possibilita a produção de conhecimento científico a partir da reflexão dos próprios sujeitos da pesquisa, os quais são, ao mesmo tempo, sujeito e objeto no processo da pesquisa. Portanto, cria comunidades de pessoas críticas as quais participam de todas as fases do processo. Além disso, considera a contribuição do grupo investigado em um processo de construção coletiva de um saber acerca de sua própria realidade. Promove a teorização sobre a prática, na medida em que todos os envolvidos buscam respostas para compreender as relações entre as circunstâncias, as ações e as conseqüências dessas ações em suas próprias vidas. Dessa forma, a produção dos conhecimentos científicos vem atender aos interesses e demandas considerados relevantes pelos próprios sujeitos da investigação. Finalmente, ela integra a produção de conhecimentos, a participação e a educação dos membros do grupo em um mesmo processo, beneficiando tanto os atores da pesquisa quanto as instituições envolvidas. Nas palavras de Yuni e Urbano, a pesquisa-ação é um processo dinâmico no qual as quatro fases não devem ser entendidas como estáticas ou completas por si mesmas, mas flexíveis e adaptáveis. Se integram em uma espiral auto-reflexiva, de caráter retro-alimentador, que consiste em refletir, planejar, agir, observar e voltar a refletir. Cada um dos ciclos em espiral abre novas dimensões, novas perspectivas de mudança e de melhora, à medida que as pessoas envolvidas aprendem com sua própria experiência (YUNI e URBANO, 2005, p. 146. Tradução das autoras). Existe, nesse método, uma contribuição simultânea às mudanças sociais e à ciência, na medida em que teoria e prática são questionadas de forma dialética e formam um contínuo teoria-prática, que se transforma também em um contínuo prática-teoria, em um movimento dinâmico de ação reflexiva ou de reflexão atuante. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 50 Essa dinamicidade exige que o sujeito investigador assuma a postura da complexidade, na qual podem conjugar-se harmonicamente a investigação e a ação, o pensar e o fazer. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizadas entrevistas com os alunos do Curso. Também elaboramos questionários que foram respondidos pelos alunos. Além disso, também foram integrantes do corpus todas as produções e exercícios respondidos pelos alunos. Como forma de manter uma observação continuada ao longo do período de pesquisa, lançamos mão da observação participante tanto por nossa parte como por parte das monitoras. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 51 5 OBJETIVOS 5.1 Objetivo Geral Diante do exposto nos capítulos precedentes, pretendemos, como objetivo final do trabalho de conclusão de curso: • propor estratégias metodológicas e material didático de língua portuguesa que permitam a integração entre os conhecimentos materializados em disciplinas propedêuticas do ensino médio e as específicas da educação profissional no Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação para Jovens e Adultos. 5.2 Objetivos específicos Para atingir esse objetivo proposto, faz-se necessário: • analisar o Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação para Jovens e Adultos, a partir de seu Projeto Pedagógico, considerando tanto os atores (alunos, professores, monitores e pedagogos) envolvidos como as condições didático-pedagógicas oferecidas; • analisar os conteúdos das diversas disciplinas ministradas no Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação para Jovens e Adultos, a fim de definir os conhecimentos pertinentes de língua portuguesa que contribuam para a construção do perfil profissional definido no Projeto Pedagógico para o futuro egresso; Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 52 • sugerir e/ou elaborar estratégias metodológicas para o trabalho com língua portuguesa que permitam a integração entre duas ou mais disciplinas do Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação para Jovens e Adultos; • sugerir e/ou elaborar estratégias metodológicas específicas para o ensino-aprendizagem de língua portuguesa, a partir das necessidades individuais identificadas durante a interação na sala de aula; e • criar material didático de língua portuguesa que permita a integração entre duas ou mais disciplinas do Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação para Jovens e Adultos. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 53 6 SITUANDO A EXPERIÊNCIA É importante lembrar que o Curso Técnico de Nível Médio Integrado em Controle Ambiental na Modalidade de Educação para Jovens e Adultos começou no primeiro semestre de 2006, com previsão para finalizar em 2008. Até o momento deste trabalho ministramos dois módulos, o que corresponde a 200 horas-aula, sendo 180 de aulas presenciais e 20 destinadas ao Tempo Comunidade (TC), que será explicitadono item 6.1. Um terceiro módulo foi iniciado em março de 2007 e constará de 80 h/a presenciais e mais 10h/a relativas ao TC, porém as atividades desenvolvidas ou pensadas para essa terceira etapa não foram consideradas neste trabalho. É necessário lembrar também que os alunos estudam em regime de internato durante cada módulo, que é ministrado no Centro de Formação Patativa do Assaré, em Ceará-Mirim. Como os professores são do CEFET-RN, todos morando em Natal, a coordenação do curso optou por ocupar um dia inteiro com uma mesma disciplina, totalizando 10 horas-aula de atividades diárias. Ainda uma informação mecere ser apresentada. Dois fatores guiaram a escolha dos temas para discusão: o fato de os alunos serem ligados ao Movimento dos Sem-Terra, cuja prática cotidiana no próprio Centro de Formação inclui a discussão política; e o fato de se tratar de uma turma de Controle Ambiental. 6.1 O Tempo Comunidade É interessante descrever o que se está chamando de Tempo Comunidade. O TC é desenvolvido após cada módulo, com acompanhamento dos professores e monitores e avaliados através de um encontro presencial de dois dias correspondentes a 20 horas relógio, totalizando 100 horas de Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 54 encontros ao final dos cinco módulos. Essas atividades são intermediárias entre as etapas presenciais e constam de estudos e atividades em que se pode desenvolver a transdisciplinaridade. É um momento também em que o conteúdo teórico discutido em sala ganha corpo na prática da pesquisa em cada comunidade de origem. Portanto, o curso é modular com o regime de internato no Tempo Presencial (TP), em que os alunos assistem às aulas da base nacional comum e da base de formação profissional. Após esse período, eles voltam a suas comunidades para vivenciarem o Tempo Comunidade (TC). Após o TC, eles voltam à escola para apresentarem o que realizaram ou elaboraram. Além da apresentação oral, os alunos entregam um relatório dessas atividades. Para sua consecução, os professores envolvidos entregam roteiros de pesquisa que orientam as tarefas e a escritura do relatório. No primeiro módulo, as disciplinas de Geografia, Biologia, Geologia e Língua Portuguesa se uniram para propor o trabalho do TC. Seguindo o roteiro distribuído por cada professor, os alunos fizeram um reconhecimento histórico, geográfico, geológico e biológico de suas comunidades e tiveram que apresentar os resultados em forma de relatório, no que foram orientados pelas professoras de português. No segundo módulo, os alunos observaram questões relativas à saúde e segurança no trabalho, legislação ambiental e, para a escritura do relatório foram orientados por nós, professoras de Língua Portuguesa. As atividades do TC estão em consonância com a assunção da pesquisa como princípio educativo, que permite a construção da autonomia do educando ao mesmo tempo em que permite a construção de conhecimento e não a mera reprodução ou aplicação de conteúdos adquiridos em sala de aula. É ainda o principal momento em que a transdisciplinaridade pode se concretizar. Além disso, é uma forma de olhar a sua localidade desde uma pespectiva científica, o que permitirá uma intervenção consciente. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 55 6.2 Identificando dificuldades ... redefinindo estratégias Como foi explicitado no item que trata da descrição dos alunos do curso, há uma heterogeneidade flagrante entre eles no que se refere à competência e ao conhecimento lingüísticos. Essa heterogeneidade trouxe como conseqüência uma série de dificuldades para o desenvolvimento do conteúdo selecionado. Conforme solicitação da coordenação do curso, elaboramos previamente uma apostila em que estavam definidos conteúdos e estratégias de trabalho. No entanto, logo no primeiro encontro com os alunos, ficou evidente a ineficiência do material didático elaborado, uma vez que partia do pressuposto de uma turma mais homogênea em relação aos conhecimentos adquiridos com a escolarização formal. Optou-se, então, por descartar a apostila já impressa e elaborar materiais e estratégias de ensino específicos para cada dificuldade encontrada no percurso. Na prática, houve a necessidade de revisar conteúdos basilares da educação fundamental no que se refere ao desenvolvimento ds quatro habilidades: ouvir, falar, ler e escrever. Além disso, tornou-se patente a necessidade de se contar com o apoio e a participação de outras disciplinas, já que as deficiências encontradas dificultariam também a apreensão dos conteúdos das demais disciplinas. 6.3 Atividades desenvolvidas Em conformidade com a concepção de língua e, mais especificamente, a de ensino de língua portuguesa anteriormente explicitados, e diante da realidade singular (já descrita e explicitada ao longo desta monografia) em que nos insertamos, buscamos intervir nas diversas situações de aprendizagem através de estratégias metodológicas que pudessem atender às diferentes necessidades dos alunos à medida que as íamos identificando. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 56 Para facilitar a compreensão, optamos por descrever algumas das metodologias aplicadas, enfocando-as a partir das quatro habilidades com as quais buscamos trabalhar ao longo dos dois primeiros módulos: ouvir, falar, ler e escrever. 6.3.1 Atividades relativas à escuta de textos Houve a necessidade de se trabalhar essa habilidade porque percebemos que grande parte dos alunos tinham problemas de concentração e, como conseqüência, tinham dificuldades em escutar o outro e compreender o que ouviam. 6.3.1.1 Ditado com música Essa atividade teve como objetivo trabalhar a atenção e a concentração individuais do aluno, visando à compreensão global do texto, de forma lúdica, ao mesmo tempo em que requeria atenção específica para a apreensão de algumas palavras propositalmente omitidas, as quais deveriam ser corretamente escritas no espaço destinado a isso. Dessa forma, trabalhava-se, além da concentração e atenção, a ortografia, possibilitando a que o aluno passasse naturalmente à reflexão sobre a não-correspondência entre fonema e grafema (Apêndice 2). 6.3.1.2 Leitura individual e coletiva de textos Essa atividade era realizada em etapas. Primeiro, uma de nós fazia a leitura expressiva de um texto narrativo (Ilustração 1). Em seguida, alguns alunos liam oralmente trechos do texto e eram observados e (re)orientados quanto à entonação, pronúncia, ritmo etc. A atividade teve também como Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 57 objetivo despertar os alunos para a importância da leitura expressiva adequada para a compreensão do texto. Como se tratava de um texto narrativo, mostrou-se ainda a importância de se marcar na oralidade as falas do narrador personagens, e dos imprimindo- lhes a necessária coerência com o fato narrado. Ilustração 1 – Leitura de textos 6.3.1.3 Debates orientados A partir de temas sugeridos pelas leituras realizadas em sala, por solicitação dos alunos em conversas informais ou ainda por notícias veiculadas pela mídia, foram feitas leituras para reflexão individual e posterior discussão em grupo. O objetivo dos debates extrapolava a motivação para a troca salutar de idéias ou a expressão de diferentes pontos de vista. Era também um espaço vivo de escuta e produção de um gênero da oralidade tão comum em nossa Ilustração 2 - Debate orientado vida cotidiana (Ilustração 2). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 58 6.3.2 Atividades relativa à escuta/produção de textos 6.3.2.1 Pé-de-orelha O momento pedagógico assim denominado foi um importantes para o dos mais crescimento individual de cada um dos alunos, segundo afirmação deles. Começou a partir da constatação da heterogeneidade da turma, ou seja, havia dificuldades muito específicas individuais difíceis de serem tratadas no grande grupo. Nós já vínhamos Ilustração 3 - Atividade de pé-de-orelha coletando as produções escritas de cada aluno em pastas individuais, as quais nos ajudariam a observar o desenvolvimento de cada aluno ao longo dos módulo e ao longo do curso. No entanto, esse instrumento revelou-se muito útil para diagnosticar as dificuldades/facilidades particulares. Essa pasta passou a ser o principal instrumento utilizado no momento do pé-de-orelha, aliada a uma ficha de avaliação individual da expressão e leitura orais. A cada encontro em sala de aula, separávamos dez pastas que orientariam a atividade, ou seja, dez alunos deveriam passar pelo pé-deorelha. Enquanto a turma realizava uma atividade individual ou em grupo orientados pelo monitor ou monitora e por uma de nós, a outra isolava-se do grande grupo e chamava individualmente cada um dos alunos escolhidos(Ilustração 3). Sentados, lado a lado, líamos juntos o texto escolhido para análise e íamos explicando cada um dos problemas identificados no material, esclarecendo e orientando cada dúvida. Nesse momento, aproveitava-se também para mostrar os pontos fortes e características marcantes da produção, que deveriam ser cultuadas e, para tal, sugeriamos Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 59 fontes de consulta, bibliografia complementar. Se necessário, orientávamos sobre uma metodologia adequada de estudo. Após essa orientação, o aluno deveria isolar-se para reescrever o texto, seguindo as recomendações. Concluída a reescritura, o aluno deveria entregar o novo texto junto como anterior para que fossem novamente arquivados na pasta e retomados, se necessário, em um próximo pé-de-orelha. Algumas vezes, era possível a leitura do texto refeito ainda no mesmo dia, mas isso dependia da dinâmica da turma em cada encontro. É interessante assinalar que inicialmente os alunos sentiam-se constrangidos com essa atividade. No entanto, à medida que passavam por ela, percebiam sua importância para seu aprendizado e passaram a exigir que os chamássemos novamente. Em ficha de avaliação das atividades e do material, foi considerado por eles como um dos momentos mais proveitosos e interessantes do curso, conforme pode ser comprovado pelos comentários expressos nas ilustrações 4, 5, 6 e 7. Ilustração 4 - Comentário 1 sobre as atividades desenvolvidas Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 60 Ilustração 5 – Comentário 2 sobre as atividades desenvolvidas. Ilustração 6 - Comentário 3 sobre as atividades desenvolvidas Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 61 Ilustração 7 - Comentário 4 sobre as atividades desenvolvidas Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 62 Ilustração 8 -Texto argumentativo corrigido para reescritura. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 63 Ilustração 9 - Texto reescrito pelo aluno As ilustrações 8 e 9 mostram um atividade de reescritura de texto após a orientação no pé-de-orelha 6.3.2.2 Leitura em pequenos grupos Para incentivar a troca de idéias e a integração entre os alunos, fizemos também leituras de textos mais longos em pequenos grupos, sempre visando a uma socialização posterior no grande grupo. Para facilitar a atividade, aproveitávamos a divisão existente no próprio texto e cada pequeno grupo se responsabilizava por apresentar ao grande grupo um ou mais dos tópicos desse texto. Orientávamos para que, Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 64 inicialmente, o texto fosse lido integralmente e, a partir dessa visão global, cada grupo passasse a tratar e discutir seu item específico. Essa atividade, além de pressupor e exercitar a capacidade de compreender as idéias expostas nas modalidades oral e escrita, permitia o trabalho oral com a paráfrase e o resumo. 6.3.2.3 Leitura de textos não-verbais Partindo da concepção de que existem textos orais e escritos, sejam verbais ou nãoverbais, levamos para discussão, em transparência ou em papel, textos em que o nãoverbal era fator determinante na compreensão. Nesses discutia-se importância fatores a semióticos textos, como de cor predominante, tamanho de letra, seleção vocabular, seleção e Ilustração 10 - Charge discutida em sala disposição ainda a das imagens importância ou de conhecimentos enciclopédicos e do contexto situacional gerador do texto para uma compreensão leitora adequada. Para essa atividade, discutimos principalmente o gênero charge. Como era época de eleições, esse foi um tema recorrente em nossas discussões e várias charges foram apresentadas. Nesse exemplo que apresentamos na ilustração 10, mostramos que a presença da urna aliada ao enunciado O eleito é... indicam o tema tratado, discutimos a importância da cor para identificar o partido que enuncia a frase eu também. O fato de o “partido vermelho” responder eu também, mostra sua subordinação ao “partido Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 65 amarelo”. Discutimos também o significado de haver um ringue em cima da urna e, dentro dele, um dossiê e uma televisão que sangra. Ainda discutimos o significado da existência de rachaduras na urna. 6.3.2.4 Leitura comparativa As atividades de leitura comparativa tinham como objetivo levar a grupo a identificar idéias principais em um dado texto e compará-las com idéias (semelhantes ou divergentes) presentes em outro texto. Essa foi uma atividade que ocorreu durante mais de um encontro em que foram discutidos textos de vários gêneros ao longo do módulo. O tema escolhido para o segundo módulo, por exemplo, foi liberdade e os textos trabalhados foram Os Dois Amigos e A Cotovia e os Sapos (Apêndices 3 e 4). Merece destacar que a leitura de contos considerados infantis parte do pressuposto de que um bom texto, seja ele escrito em princípio para um público de menos idade, tem diferentes níveis de leitura. Pode-se ficar no nível superficial, e aí estar-se-ía, fazendo uma leitura infantil(izada), ou pode-se fazer uma leitura mais profunda. 6.3.2.5 Apresentação e discussão de filmes Sempre a partir de um tema discutido/sugerido em sala de aula, propúnhamos a leitura coletiva de um filme, através de um debate orientado no grande grupo. Antes de levar os alunos a verem o filme, alguns tópicos eram destacados, para observação e análise. O filme era passado, discutíamos as impressões gerais e a compreensão global do filme, para, em seguida, passarmos algumas partes específicas, sendo cada uma delas discutida e comentada, a partir da nossa orientação inicial ou de pontos que fossem abordados pelos alunos e que não haviam sido contemplados nas orientações Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 66 primeiras. Finalmente, cada aluno poderia inscrever-se para questionar, sugerir ou avaliar a atividade, a partir das discussões anteriores. 6.3.2.6 Passa-giz A partir da escolha de alguns trechos de produções escritas dos alunos, que iam sendo expostos (sem a identificação do autor) no retroprojetor, um aluno era chamado ao quadro para reescrever o trecho, corrigindo-o. Nós observávamos e comentávamos cada erro específico (no que também éramos ajudadas pelos alunos), comentando-o para o grande grupo. O aluno era, então, convidado a passar o giz para que outro colega pudesse ter a oportunidade dar sua contribuição e de esclarecer suas dúvidas. 6.3.2.7 Ciranda de livros Com o objetivo de incentivar a leitura de textos mais longos, com o devido cuidado de escolher obras literárias tanto da literatura universal quanto da literatura brasileira, com linguagem acessível, trouxemos e doamos à turma 30 volumes, os quais foram listados e distribuídos entre os alunos. Cada aluno que ia recebendo um exemplar ficava responsável por ele e deveria, no prazo de cerca de 10 dias, repassá-lo a um colega, tendo o cuidado de anotar o nome do novo responsável na ficha de controle que estava colada na contracapa de cada livro. Durante cada encontro, os alunos eram convidados a falarem espontanemante sobre suas leituras, de forma a despertar o interesse dos demais colegas. O objetivo dessa atividade seria fazer com que o repertório de leitura dos alunos pudesse ser ampliado em um curto espaço de tempo, através do acesso, da socialização das leituras e da fruição do texto literário. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 67 6.3.2.8 Escrevendo e aprendendo palavras novas a partir da visita ao Aquário da Redinha Essa atividade funcionou como uma espécie de ditado da vida real. Para isso, aproveitávamos as atividades desenvolvidas em outras disciplinas, como, por exemplo, a visita realizada ao Aquário da Redinha, sob a orientação da disciplina de Biologia. Nessa visita (Ilustração 11), os alunos foram orientados a anotar cada novo animal observado em uma caderneta de campo e, à medida que iam anotando, surgiam dúvidas sobre a grafia, o que obrigava, posteriormente a uma consulta ao dicionário, e causava polêmicas entre eles sobre as normas ortográficas e sobre a divergência entre a oralidade e a escrita. Na sala esclarecemos de as aula, dúvidas restantes ao mesmo tempo em que Ilustração 11 - Visita ao Aquário de Natal orientamos a consulta sistemática ao dicionário. 6.3.2.9 Produção de relatórios O processo de produção de relatórios iniciava-se em sala de aula e prosseguia, como vimos no tópico anterior, no decorrer da atividade que o ensejaria, no caso, a visita técnica ou o Tempo Comunidade. Cada aluno teria que anotar os dados em sua caderneta de campo de forma clara e objetiva, de maneira que pudesse aproveitar esses dados no relatório. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 68 A interdisciplinaridade, concretizada na visita citada, permitiu uma visão mais ampla da realidade estudada e concretizava-se claramente através do gênero textual utilizado: o relatório. Os alunos teriam que sistematizar o conteúdo aprendido através de um texto escrito, com linguagem adequada, em estrutura pré-determinada e tinham consciência de que seriam avaliados tanto no aspecto conteudístico específico da disciplina de Biologia, quanto no uso adequado da linguagem e da estruturação do gênero relatório em Língua Portuguesa. Como já dissemos, havia também, ao final de cada módulo, a produção de um relatório mais complexo, porque envolvia o resultado do trabalho desenvolvido em três ou mais disciplinas técnicas, além de Língua Portuguesa. Trata-se do relatório do Tempo Comunidade, que, conforme já expusemos, é um momento em que os alunos podem e devem colocar em prática, em suas comunidades de origem, os conhecimentos das mais diversas disciplinas adquiridos ao longo do módulo. A sistematização/avaliação desse aprendizado é feita através da redação do relatório. Após lidos e comentados, simultaneamente, pelos professores da área técnica e de Língua Portuguesa, os alunos foram chamados a refazer o relatório, adequando-o às solicitações/orientações dos professores. Após essa reescritura, os relatórios foram novamente corrigidos, a fim de se verificar a qualidade mínima esperada. 6.3.2.10 Simulação de situação real Outra atividade desenvolvida foi a simulação de uma situação real. Para essa estratégia pedagógica seguimos a sugestão de um grupo de alunos e decidimo-nos pelo tema eleição. Essa atividade tinha como objetivos: a) a produção Ilustração 12 - Atribuições dos jornalistas Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 69 de vários gêneros presentes em uma eleição; b) a reflexão sobre a adequação lingüística ao gênero produzido; e c) a reflexão sobre o processo mesmo de eleição. Começamos por dividir a turma em grupos, cada um representando um segmento da sociedade envolvido em uma eleição. Dessa forma, tivemos três partidos que disputavam as eleições, um grupo que atuou como Tribunal Eleitoral, outro que representaria o segmento dos eleitores Ilustração 13 - Trabalho dos partidos políticos e ainda um grupo que trabalharia como jornalista. Solicitamos a cada partido político que escolhesse um nome e um símbolo que o representasse, escolhesse também quem seriam o presidente e o vice, quais seriam seus fiscais (Ilustração 14), para, então, elaborar um programa de trabalho em que constassem suas idéias sobre educação, saúde, meio ambiente, desenvolvimento desemprego sustentável. e Ilustração 14 - Texto escrito produzido Além disso, teriam que produzir material de propaganda política. Os alunos do Tribunal Eleitoral teriam que organizar as eleições: produzir títulos de eleitor, registrar os partidos, confeccionar as cédulas eleitorais, elaborar as regras para os comícios políticos e garantir que eles Ilustração 15 -Tribunal Eleitoral em atividade acontecessem na hora e no tempo Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 70 previstos (ilustração 15). Também eles conduziriam as escolhendo os eleições, locais para votação e identificando-os, assim como seriam responsáveis pela apuração Ilustração 16), divulgação do resultado final e posse do presidente eleito. Os Ilustração 16 - Apuração do resultado alunos que atuariam como jornalistas teriam que cobrir as atividades dos políticos e do Tribunal, gravar um jornal com essa cobertura e montar a estratégia do debate político que ocorreria. Para essa tarefa contamos com a ajuda de um servidor do CEFET-RN, Edson Lima, câmera do setor de multimídia (Ilustração 12). Os alunos que representariam os eleitores participaram de uma discussão sobre argumentação Ilustração 17 - Grupo de eleitores em discussão e sobre a argumentação. teriam que apontar falhas na argumentação dos candidatos (Ilustração 17). Elencadas as atribuições de cada segmento, os grupos se dispersaram para planejar suas atividades e estratégias. Tiveram cerca de três horas pela Ilustração 18 - Debate político manhã planejamento. para esse Durante essa Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 71 etapa, os jornalistas começaram a gravar as atividades de cada partido e as do Tribunal Eleitoral, fazendo e gravando entrevistas. No período da tarde, foram marcados os “comícios- relâmpago” (Ilustração 19). Cada partido faria, em um local diferente do Centro comício de Formação, de 10 minutos, horários um em sucessivos, cronometrados pelo presidente do Tribunal Eleitoral. Essa atividade também foi gravada e acompanhada pelos jornalistas e o grupo de eleitores. É interessante assinalar que, como essa atividade ocorreu no pátio interno da escola, onde vários outros grupos estavam em atividade, houve uma participação intensa dos alunos de outros cursos, que assistiram aos comícios, escolheram partido e foram votar, inclusive, levando sua carteira de identidade. Imediatamente após os comícios, todos foram reunidos numa sala de aula para assistir ao jornal televisivo, apresentado pelo grupo de jornalistas e que mostrava as atividades da manhã. Ilustração 19 - Partidos políticos Em seguida, procedeu-se ao debate político (Ilustração 18 e Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 72 finalmente à votação, que contou com a participação de todos os que estavam em atividade no Centro de Formação Patativa do Assaré, fossem ou não alunos do Curso de Controle Ambiental. Essa participação fez com que tivéssemos 161 votantes. Essa atividade obrigou a que os alunos produzissem vários gêneros textuais orais (debate, entrevista, discurso, jornal televisivo) e escritos (faixas, cartazes, cédulas de votação, súmulas de apuração, programa político) além de outros que indiretamente estavam ligadas ao processo de sua organização. No entanto, houve um ponto negativo no processo eleitoral, que foi discutido no encontro seguinte: os partidos políticos reproduziram o comportamento pouco ético de alguns políticos brasileiros. Esperávamos que, por se tratar de um grupo que tem discussões políticas como parte das atividades cotidianas e que luta por mudanças sociais, tivessem um comportamento distinto. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 73 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A descrição do grupo de alunos feita no capítulo 2 revelou a diversidade existente entre eles. Além disso, a convivência com os discentes revelou diversos níveis de maturidade intelectual, de experiência de vida e de domínio no uso dos recursos lingüísticos. Essa realidade aliada às concepções de educação, de educação profissional, de língua portuguesa e de ensino de língua materna, discutidas no capítulo 3, levaram-nos a repensar nossa prática pedagógica, a buscar novas metodologias e a elaborar materiais didáticos mais acordes à situação, porque, como foi explicitado no início deste trabalho, o material didático disponível no mercado e utilizado, em geral, nos cursos técnicos de nível médio têm talante instrumentalista, já que esses cursos se preocupam em formar para o mercado de trabalho, na visão mais estreita que se pode ter desse termo. O caminho percorrido até aqui indica algumas certezas e leva-nos, ao mesmo tempo, a alguns questionamentos. A primeira e talvez a maior certeza é a de que propor estratégias metodológicas e material didático de língua portuguesa, buscando a integração entre os conhecimentos materializados em disciplinas propedêuticas do ensino médio e as específicas da educação profissional no Curso Técnico de Nível Médio integrado em Controle Ambiental na Modalidade Eja é como embrenhar-se em mata virgem, sem mapa e sem bússola. Não obstante, esse é um desafio deveras instigante a qualquer pesquisador que tenha consciência de que a linguagem é um mediador do conhecimento e de que o domínio da língua materna, no caso, a língua portuguesa, é um obstáculo que precisa ser vencido pelos alunos em foco para que possam integrar-se na vida e na profissão. Como fruto da experiência vivida, confirmamos a importância de trabalharmos em sala de aula com a maior variedade possível de gêneros textuais, principalmente os relativos à atuação profissional e os de uso cotidiano. Dessa forma, os alunos percebem a funcionalidade dos diferentes gêneros e aprendem a utilizá-los adequadamente em cada situação Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 74 comunicativa. Vale também referendar o trabalho com a simulação de situações (como fizemos com a eleição para presidente), de forma que haja real identificação entre os educandos e as situações propostas, de tal maneira que a simulação pareça até real, fazendo com que os diferentes gêneros “surjam” da própria dinâmica da “realidade”. Da mesma forma, o trabalho sistemático com a oralidade (pronúncia, entonação, escuta de textos etc.) torna-se imprescindível para que o educando sinta-se sujeito no processo de interação e consiga utilizar adequadamente tanto a modalidade oral quanto a escrita, nas mais diversas situações do cotidiano ou da sua futura profissão. Nesse sentido, também se mostraram bastante produtivas as atividades de escritura-reescritura de textos, sob a orientação das professoras, assim como o chamado “pé-de-orelha”, em que os alunos tiveram oportunidade de constatar e, o melhor, de superar as suas dificuldades individuais, sistematicamente acompanhadas através da pasta, ou da ficha de leitura individual. Além disso, a produção de relatórios, de caráter inter ou transdisciplinar, como forma de relatar a visita técnica ou trabalho desenvolvido por cada grupo no chamado Tempo Comunidade, constituiu-se oportunidades singulares de rever, fundamentar e sistematizar os conhecimentos até então apreendidos. Durante o processo de reescritura desse documento e, a partir de nossas observações e das orientações dos professores das áreas técnica, cada educando teve a oportunidade de refletir sobre as suas dificuldades e porcurar superá-las, uns a contento, outros nem tanto. Assim sendo, embora ainda haja muitos caminhos a trilhar nessa floresta tão densa, concluímos esse trabalho com a sensação de estarmos já com a bússola na mão e com um primeiro perfil do mapa pré-delineado. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 75 REFERÊNCIAS BRASIL. MEC/SETEC. Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA. Documento Base, 2006. ____. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB nº. 11/2001 e Resolução CNE/CEB nº. 1/2000. Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília: MEC, maio 2000. ____. Educação profissional como estratégia de inclusão social: roteiro para debate das conferências estaduais preparatórias à Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/conferencia_doc_base.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2006. ____. 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Carteira de Identidade 3. Certidão de Casamento 4. Cadastro de Pessoa Física (CPF) 5. Carteira de Trabalho e Previdência Social 6. Inscrição nO Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) 7. 8.