Universidade Camilo Castelo Branco Instituto de Engenharia Biomédica ANA LÚCIA BORGES DE SOUZA FARIA EFEITO DA FOTOTERAPIA NA CICATRIZAÇÃO DE UMBIGOS DE BEZERROS LEITEIROS NEONATOS THE EFFECTS OF THE PHOTOTHERAPY ON NAVEL HEALING OF NEONATAL DAIRY CALVES São José dos Campos, SP 2014 ii Ana Lúcia Borges de Souza Faria EFEITO DA FOTOTERAPIA NA CICATRIZAÇÃO DE UMBIGOS DE BEZERROS LEITEIROS NEONATOS Orientador: Prof. Dr. Egberto Munin Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia da Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Bioengenharia. São José dos Campos, SP 2014 iii FICHA CATALOGRÁFICA iv v Dedico este trabalho ao meu pai José Antônio de Souza, que foi meu exemplo de vida, na perseverança, na humildade e na simplicidade e ao meu marido Marinaldo Ferreira de Faria por todo apoio prestado para a realização deste trabalho, pessoa a quem tanto amo. vi AGRADECIMENTOS Agradeço: A Deus, pela vida que me deste. A minha mãe Ivone da Silva Borges Souza pelo incentivo durante a realização deste trabalho. Ao meu irmão Alisson e meus afilhados José Inácio e Izadora pela ajuda em segurar os bezerrinhos durante a realização deste experimento. Aos funcionários do sítio Alan e Maurício pela paciência e dedicação junto aos animais. Ao Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia da Universidade Camilo Castelo Branco, e a todos os professores que não mediram esforços para transmitir seus ensinamentos. Em especial quero agradecer ao professor Egberto, orientador deste trabalho, pela amizade, paciência, dedicação e gentileza, sempre disposto a atender quando precisei. Obrigada! Aos alunos de classe, pelo companheirismo. Aos meus amigos José Paulo, Marilisa, Marcelo e Ricardo pela amizade sincera. Aos professores amigos Luciana Mukai, Vanzela e Carolina Bonini pela ajuda durante a elaboração do trabalho. Ao Professor André Lema e a Professora Vanessa, pelos conselhos quando pensava em desanimar e por ter aceitado o convite de fazer parte da banca examinadora. Ao Conrado por fazer parte das reuniões onde discutíamos a metodologia do trabalho. Ao professor Adjaci pelos seus ensinamentos. vii “O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência”. Henry Ford viii EFEITO DA FOTOTERAPIA NA CICATRIZAÇÃO DE UMBIGOS DE BEZERROS LEITEIROS NEONATOS RESUMO As onfalopatias estão entre os principais problemas na criação de bezerros e provocam alterações nas estruturas do umbigo, originando quadros inflamatórios e/ou infecciosos graves, levando o animal a óbito. O presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da Fototerapia na cicatrização de umbigos de bezerros leiteiros neonatos. Foram utilizados 57 bezerros(as) recém-nascidos(as), divididos em dois tratamentos, todos tiveram o cordão umbilical seccionado a aproximadamente 5 cm de sua inserção com tesoura de aço inoxidável desinfetada com álcool 70%. No primeiro tratamento, os 29 animais tiveram os cotos umbilicais imersos numa solução de tintura de iodo 10% contida num frasco de boca larga por 60 segundos, repetido durante três dias consecutivos a cada 24 h. No segundo tratamento, os 28 animais receberam uma irradiação com luz LED de dose 18 J/cm2, potência de 300mW e comprimento de onda 640nm em quatro pontos opostos na região de inserção do coto umbilical por três dias consecutivos a cada 24 h, posteriormente, os cotos umbilicais foram imersos em tintura de iodo 10%. Após a queda do coto umbilical, a área da ferida foi avaliada nos dias correspondentes 10, 15, 20, 25 e 30. Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e teste t (Student) para comparação de médias referentes aos grupos irradiados e não irradiados, considerando um nível de significância de p<0,05. Os resultados mostraram que, a fototerapia antecipa a queda do coto umbilical, acelera a cicatrização do umbigo e reduz o índice de mortalidade em bezerros neonatos. Pode-se concluir que o presente trabalho introduz um tratamento adjuvante que se mostrou efetivo na redução da mortalidade de bezerros. Palavras-chave: bezerros, cicatrização, LED, onfalopatias. ix THE EFFECTS OF THE PHOTOTHERAPY ON NAVEL HEALING OF NEONATAL DAIRY CALVES ABSTRACT Navel ill represents a major problem in calf rearing and provokes changes in the navel structures, causing severe inflammatory and/or infectious conditions, ultimately leading the animal to death. The study aimed to evaluate the effects of phototherapy on navel healing of neonatal dairy calves. Fifty-seven neonatal calves were divided into two treatments; they all had the umbilical cord sectioned at approximately 5 cm from its insertion with stainless steel scissors disinfected with alcohol 70%. In the first treatment, the 29 animals had the umbilical stump immersed in a solution of tincture of iodine10% contained in a beaker for 60 seconds, repeated for three consecutive days every 24 hours. In the second treatment, the 28 animals received a dose of irradiation at 18 J/cm2, power of 300 MW and 640nm wavelength on four opposite points in the region of the umbilical stump insertion for three consecutive days every 24 hours; later the umbilical stumps were immersed in tincture of iodine 10%. After the umbilical stump has fallen off, the wound area was evaluated on corresponding days 10, 15, 20, 25 and 30. The results were submitted to analysis of variance (ANOVA) and Student’s t test to compare the mean values of two samples, the irradiated and non-irradiated groups, considering a significance level of p<0,05. The results showed that phototherapy hastens the umbilical stump falling off, accelerates the navel healing and reduces mortality in newborn calves. It can be concluded that the present work introduces an adjuvant treatment which proved to be effective in reducing calf mortality. Keywords: calves, healing, LED, navels. x LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fotografia de um feto (F) de bovino azebuado, com aproximadamente 3 meses de idade, unido à placenta (P) através do seu funículo umbilical (fu), mostrando suas porções justa-fetal (jf), intermediária (i), justa-placentária (jp) ............................................................................................ 18 Figura 2: Vias ascendentes e órgãos atingidos após infecções umbilicais........ 20 Figura 3: Espectro eletromagnético..................................................................... 29 Figura 4: Animais da espécie bovina, machos e fêmeas..................................... 31 Figura 5: Brincos para identificação dos animais................................................. 32 Figura 6: Seccionamento do cordão umbilical..................................................... 33 Figura 7: Imersão do coto umbilical na solução de tintura de iodo...................... 33 Figura 8: Irradiação na região de inserção do coto umbilical............................... 34 Figura 9: Esquema gráfico de inserção do coto umbilical com a demarcação dos pontos irradiados........................................................................................... 35 Figura 10: Coto umbilical após imersão............................................................... 35 Figura 11: Irradiação após a queda do coto umbilical.......................................... 36 Figura 12: Categoria A: cicatrização do umbigo.................................................. 37 Figura 13: Categoria B: situação intermediária.................................................... 37 Figura 14: Categoria C: inflamação da região umbilical....................................... 37 Figura 15: Quantificação da área total das feridas............................................... 38 Figura 16: Gráfico do percentual de animais não irradiados (controle) e irradiados (LED) classificados por categoria aos 30 dias de idade...................... 41 Figura 17: Gráfico do percentual de animais não irradiados (controle) e irradiados (LED) com coto umbilical caído em relação aos dias observados...... 42 Figura 18: Medida da área da ferida umbilical aos 20 dias de idade para animais não irradiados (controle) e irradiados (LED)........................................... 43 Figura 19: Comparação das médias da área da ferida umbilical dos diferentes grupos aos 10, 15, 20 e 25 dias de idade. Valores expressos em média ± desvio padrão....................................................................................................... 44 xi LISTA DE TABELAS Tabela 1: Parâmetros de irradiação..................................................................... 34 Tabela 2: Parâmetros de classificação do umbigo............................................... 38 Tabela 3: Distribuição do número e percentual das categorias “A” (umbigo cicatrizado), “B”(umbigo não cicatrizado) e “C” (onfalite) que representam a cicatrização umbilical segundo o grupo e a idade................................................ 40 Tabela 4: ANOVA, teste F, coeficiente de variação (CV%) e diferença mínima significante DMS (5%) na população de animais de acordo com os tratamentos........................................................................................................... 41 2 Tabela 5: Valores médios de medida da área da ferida umbilical em (cm ) para os tratamentos estudados na população de animais na cidade de IndiaporãSP, no período de agosto de 2012 a março de 2013........................................... 44 xii LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS AIQ - Amplitude Interquartil ANOVA - Análise de Variância Simples ATP - Adenosina Trifosfato CV - Coeficiente de Variação DMS - Diferença Mínima Significante DNA - Ácido Desoxirribonucleico KI - Iodeto de Potássio LASER - Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation LED - Light Emitting Diode NO - Óxido nitrico 1 - Oxigênio singlete CuA - Centro citocromo A CuB - Centro citocromo B pH - Potencial Hidrogeniônico Q1 - Primeiro Quartil Q2 - Segundo Quartil Q3 - Terceiro Quartil RNA - Ácido Ribonucleico SISVAR - Programa de Análises Estatísticas e Planejamento de Experimentos O2 xiii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................14 2. OBJETIVOS........................................................................................................16 3. 2.1. Objetivo geral ........................................................................................................ 16 2.2. Objetivos específicos............................................................................................. 16 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................17 3.1. Anatomia umbilical................................................................................................. 17 3.2. Cuidados com os bezerros após o nascimento...................................................... 19 3.3. Desinfecção umbilical com tintura de iodo ............................................................. 20 3.4. Patologias onfalógenas ......................................................................................... 21 3.4.1. Onfalite ........................................................................................................... 23 3.4.2. Onfaloflebite ................................................................................................... 24 3.4.3. Uraquite.......................................................................................................... 24 3.4.4. Onfaloarterioflebite ......................................................................................... 24 3.4.5. Onfalouracoflebite .......................................................................................... 25 3.4.6. Onfalouracoarterite ......................................................................................... 25 3.4.7. Panvasculite umbilical .................................................................................... 25 3.5. Tratamento e controle das patologias onfalógenas................................................ 26 3.6. Processo de cicatrização ....................................................................................... 27 3.7. LED (light emitting diode)....................................................................................... 28 4. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................31 5. RESULTADOS ...................................................................................................40 6. DISCUSSÃO.......................................................................................................45 7. CONCLUSÕES...................................................................................................48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................49 APÊNDICE A: Medida da área da ferida umbilical nos dias observados ..................54 ANEXO A: Parecer da CEUA ....................................................................................57 14 1. INTRODUÇÃO Atualmente no Brasil, dos 193,4 milhões de bovinos, 53 milhões são bezerros (ANUALPEC, 2013). A criação de bezerros é provavelmente a fase mais crítica e determinante da exploração leiteira, sendo que os bezerros ocupam posição especial na cadeia de produção, devendo-se ressaltar que o manejo neonatal a que forem submetidos terá reflexos sobre sua vida produtiva e reprodutiva, influenciando significativamente no seu futuro desempenho como produtores de carne ou leite. Segundo Coelho (2005), estima-se que 75% das perdas até um ano de idade ocorram durante o período neonatal (até 28 dias de idade). Desta forma a saúde e o crescimento dos bezerros são dependentes de fatores que ocorrem antes, durante e imediatamente após o parto. As onfalopatias representam um dos principais problemas de bezerros nos rebanhos brasileiros, tendo como principais causas, fatores ambientais, higiênicos, traumáticos, bacterianos e congênitos, que isolados ou em associação provocam processos inflamatórios e/ou infecciosos nas estruturas do umbigo (DONOVAN et al., 1998; LEANDER et al., 1984; RADOSTITS et al., 2002). Essas infecções que ocorrem devido a bactérias que ascendem a partir dos vasos umbilicais ou do úraco podem resultar em septicemia aguda ou crônica com patologia articular, meningites, uveítes, abscessos hepáticos e endocardites (REBRUN, 2000; RIET-CORREA et al., 2001). Em animais pecuários recém-nascidos, em particular nos bezerros é comum a infecção do umbigo e das estruturas associadas, estando diretamente associada com o nível de contaminação do ambiente em que o bezerro nasce e vive durante os primeiros dias de vida, a falha na transferência de imunidade passiva (DIAS, 2002; DONOVAN et al., 1998; SMITH, 2006) e o tratamento tardio do umbigo (MIESSA et al., 2002). Se ocorrer contaminação do umbigo logo após o nascimento, poderá resultar em onfalite, onfaloflebite, onfaloarterite ou infecção do úraco, com possibilidade de disseminação para a vesícula urinária, ocasionando cistite (RADOSTITS et al., 2002). 15 O controle da infecção umbilical depende, em princípio, de medidas sanitárias e higiênicas apropriadas durante o nascimento (RADOSTITS et al., 2002). Tais práticas são iniciativas de baixo custo que evitam altos gastos. Sabe-se que as patologias umbilicais causam grandes perdas econômicas, visto que diminuem o ganho de peso, geram custos com medicamentos e assistências veterinárias, retardam o crescimento do bezerro, promovem depreciação da carcaça, e podem inclusive levá-los a morte; sendo assim há necessidade de prevení-las. Radostists et al. (2002) afirmam que a inflamação do umbigo é uma das mais importantes doenças dos bezerros, dentro das causas de mortalidade dos animais jovens, que chegam a 10% em animais de até 8 meses. A modulação de processos biológicos através da aplicação de luz é amplamente descrita na literatura (KARU, 1987). Diversos comprimentos de ondas, tanto na faixa espectral visível como na infravermelha próxima vem sendo utilizados como método terapêutico para tratamento de patologias inflamatórias, redução de edemas, controle de quadros álgicos, prevenção de infecções e otimização do processo de reparação tecidual (DALL AGNOL et. al., 2009; SOUZA et al., 2005). Uma opção de fototerapia bastante promissora, mas de pouca utilização na prática clínica veterinária, é o LED (light emitting diode) que são diodos semicondutores. O LED emite luz e é utilizado com o comprimento de onda que varia de 405 nm (azul) a 940 nm (infravermelho). A fotoestimulação decorrente desta luz atua sobre a célula na permeabilidade, sobre as mitocôndrias estimuladoras, na síntese de ATP e nas proteínas como colágeno e a elastina. A luz emitida pelos dispositivos LED também age como antimicrobiano e antiinflamatório, dependendo do comprimento de onda, razão pela qual os LEDs são indicados para as mais variadas afecções inflamatórias (ABRAMOVITIS, ARROZALAP, 2005; FAILACHE, GEIDO, 2006). Apesar da existência de vários estudos sobre o efeito da fototerapia no processo cicatricial, não existe na literatura científica pesquisada, em especial na Medicina Veterinária, um método utilizando a fototerapia que seja eficiente, capaz de antecipar a queda do coto umbilical e acelerar o processo de cicatrização; reduzindo o risco de infecções umbilicais em bezerros neonatos. 16 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral O presente estudo tem como objetivo geral avaliar o efeito da fototerapia na cicatrização de umbigos de bezerros leiteiros neonatos. 2.2. Objetivos específicos • Avaliar o efeito da fototerapia na região de inserção do cordão e coto umbilical associado à desinfecção com tintura de iodo a 10% na cicatrização. • Comparar o processo convencional de desinfecção do coto umbilical com tintura de iodo a 10% e a aplicação da luz no processo de cicatrização umbilical. 17 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Anatomia umbilical O cordão umbilical é constituído por uma membrana amniótica, veias e artérias umbilicais, além do úraco, conhecido como ducto alantóide. Mede aproximadamente 40 a 45 cm de comprimento na espécie bovina. A extremidade fetal do cordão umbilical forma uma estrutura saliente e a extremidade corial, ligeiramente envasada, marca a expansão dos vasos e o infundíbulo inicial do alantóide. As duas artérias umbilicais provêm das artérias ilíacas internas do embrião. A membrana amniótica retrai durante o nascimento, e gradualmente as veias umbilicais e o úraco fecham-se e permanecem temporariamente do lado externo do umbigo. As artérias umbilicais retraem-se até a região superior da bexiga e, normalmente, o cordão umbilical ou funículo umbilical desidrata-se dentro de uma semana após o nascimento (RADOSTITS et al., 2002). O umbigo representa a ligação da mãe com o feto durante a gestação. É por meio deste que o feto recebe todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento. O funículo umbilical liga a placenta a estruturas internas do feto por meio de quatro vasos, sendo, duas artérias, duas veias umbilicais e um ducto alantóide, entremeados pela gelatina de Wharton (figura 1) e rodeados pelo epitélio amniótico (RIBEIRO, MIGLINO, DIDIO, 1997). As artérias estão conectadas à circulação sanguínea geral do bezerro, às veias ao fígado e o ducto alantóide à bexiga. No momento do parto o funículo umbilical se rompe, os vasos sanguíneos e o ducto alantóide retraem e ficam posicionados próximo à parede abdominal. A pele que envolvia estas estruturas não retrai e forma o coto umbilical. O coto umbilical representa a porta de entrada mais importante de microorganismos causadores de doenças do recém-nascido (COELHO et al., 2012). Vogt (1923) e Fischer (1932) apud Donovan et al. (1998) descreveram as seguintes medidas para o cordão umbilical de bezerros: de 34 a 36 cm de comprimento para uns e 20 a 40 cm para outros, e este encontra-se envolvido por uma bainha de âmnion onde a gelatina de Wharton envolve as artérias, veias e úraco. Estes vasos passam da cavidade intra a extra-abdominal, através de um anel que atravessa o músculo abdominal e pele. Em partos normais, o cordão umbilical 18 deve exteriorizar-se aproximadamente 10 cm para fora da parede abdominal. Não existe nos bovinos um ponto extra-abdominal exato de ruptura do cordão, o que faz variar o tamanho do umbigo que fica exposto. As raças podem exercer grande importância, não só no tamanho do cordão, como também nos segmentos expostos (FIGUEIREDO, 1999). Figura 1: Fotografia de um feto (F) de bovino azebuado, com aproximadamente 3 meses de idade, unido à placenta (P) através do seu funículo umbilical (fu), mostrando suas porções justa-fetal (jf), intermediária (i), justa-placentária (jp). Fonte: RIBEIRO et al. (1997) No parto normal, a ruptura umbilical acontece no comprimento aproximado do anel abdominal, com retrações dentro dos limites anatômicos e condições ambientais higiênicas. Ocorrerá um secamento da bainha amniótica após o parto, com queda séptica e mumificação do umbigo, dentro de até 10 dias (MARQUES, 2006). No momento do parto, ocorrem transformações anátomo-fisiológicas, a partir da ruptura do cordão umbilical e retração das artérias e da veia (PRATES, 2008). Neste momento, com falta das trocas gasosas placentárias, a tensão de CO2 aumenta e o centro respiratório do feto é excitado, iniciando a respiração autônoma, aumentado, assim, o alargamento torácico e consequentemente, a irrigação pulmonar (MARQUES, 2006). 19 3.2. Cuidados com os bezerros após o nascimento O parto deve ser observado e quando preciso auxiliado por pessoas treinadas, que devem sempre adotar os cuidados com a higiene. Logo após o nascimento deve-se observar o bezerro e, se necessário, fazer a remoção das membranas fetais, muco do nariz e boca (COELHO et al., 2012). De acordo com o autor acima a cura do umbigo e a colostragem, são fundamentais após o nascimento, e devem ser feitas o mais rápido possível. Toda essa atenção deve ser dada aos bezerros para aumentar as taxas de sobrevivência, diminuir a incidência de doenças e otimizar seu desenvolvimento, proporcionando um bom ambiente e condições adequadas no nascimento. De acordo com Paranhos da Costa, Schmidek e Toledo (2013) antes de realizar a assepsia do umbigo deve-se verificar o comprimento do cordão umbilical, cortando-o quando for muito grande. Deve-se cortar deixando cerca de 5 cm (aproximadamente três dedos) com tesoura limpa e afiada, em seguida aplicar solução de iodo ou produto específico para este fim. O local do nascimento e de criação dos bezerros nos primeiros dias de vida é muito importante para o controle das infecções umbilicais. Este local deve ser limpo e seco para que o umbigo não esteja exposto às contaminações do ambiente. Além disso, a presença de matéria orgânica no umbigo diminui a ação do iodo, reduzindo a eficiência da cura de umbigo, aumentando o risco de infecções (COELHO et al., 2012). A falta de higiene, negligência nos primeiros cuidados, soluções antissépticas contaminadas, produtos inadequados e ou mal aplicados após o nascimento, também são fatores predisponentes às infecções umbilicais (RADOSTITS et al., 2002). Segundo Paranhos da Costa, Schmidek e Toledo (2013) o risco de miíases (bicheira) no umbigo é alto, podendo levar o bezerro à morte. As miíases em bovinos ocorrem em praticamente toda a região tropical e subtropical. Os ovos da mosca Cochliomya hominivorax são depositados na periferia seca de qualquer ferimento. Destes ovos eclodem larvas 11 h após a postura. Elas penetram ativamente através da lesão, alimentam-se das secreções e tecidos vivos, crescem ocupando grande espaço subcutâneo e tornam-se adultas em quatro a sete dias (PRATES, 2008). Para evitar tal problema é recomendado aplicação de antiparasitários com ação larvicida (PARANHOS DA COSTA; SCHMIDEK; TOLEDO, 2013). 20 Segundo Coelho et al. (2012) a não realização da desinfecção do umbigo, ou este procedimento mal realizado, leva frequentemente às infecções umbilicais. Estas infecções podem se restringir ao umbigo ou causar infecções graves em diversos órgãos, como demonstrado na figura 2, levando a quadros septicêmicos, e, ocasionando a morte do animal. Os bezerros com umbigo inflamado ingerem menos alimento, ganham menos peso, desta forma, comprometem seu desempenho e ficam susceptíveis à ocorrência de infecções secundárias que podem agravar seu quadro. Figura 2: Vias ascendentes e órgãos atingidos após infecções umbilicais. Fonte: COELHO et al. (2012) 3.3. Desinfecção umbilical com tintura de iodo A desinfecção por meio químico é a prática mais usual e efetiva em saúde animal. Existe um grande número de produtos químicos a disposição no comércio para a prática da desinfecção. Um desinfetante apresenta como características desejáveis ser germicida, de baixo custo e de aplicação econômica, atóxico para o homem e animais, não irritando a pele e mucosas, estável frente à matéria orgânica, pH e luz, solúvel em água, ter poder residual, de fácil aplicação, apresentar bom poder de penetração e rapidez de ação, não ser corrosivo, e ser biodegradável (HOFFMANN; GARCIA-CRUZ; VINTURIM, 1995). Embora as marcas comerciais sejam das mais variadas, os princípios ativos são restritos a compostos fenólicos, halogênios, álcoois e aldeídos, agentes 21 tensoativos como os detergentes, agentes oxidantes, derivados de metais pesados, corantes, álcalis, ácidos e ainda os compostos orgânicos naturais (HUBER, 1983). O iodo é um elemento químico não metal, do grupo dos halogênios, sendo um agente germicida, com alto poder de penetração. É solúvel no álcool, que possui ação desidratante e proporciona atividade bacteriostática devido à inibição da produção de metabólitos essenciais na divisão celular (McDONNELL e RUSSELL,1999). A tintura de iodo é uma solução de iodo e iodeto de potássio (KI) em álcool, em água ou numa mistura de ambos que tem propriedades antissépticas. É utilizada principalmente na desinfecção do umbigo de animais récem nascidos (SESTI; SOBESTIANSKY; BARCELLOS, 1998). O principal uso do iodo é como antisséptico em preparações para procedimentos cirúrgicos e em tecidos. Possui ação bactericida, fungicida, algo viricida e esporocida em exposição maior do que 15 minutos. Causa desnaturação e precipitação das proteínas e impede o metabolismo do oxigênio por oxidação de enzimas essenciais; altera a estabilidade da membrana, por interação com ácidos graxos insaturados (ANDRADE, 2008). Após o nascimento do bezerro este deverá ter seu cordão umbilical rapidamente desinfetado. Para este fim deverá ser utilizado tintura de iodo numa concentração de 5 a 10%, por imersão em um frasco de boca larga, a cada 12 h, por 2 dias ou até que haja completa involução do mesmo (NUSSIO, 2004). Já Para Coelho et al. (2012), pode-se utilizar tintura de iodo 5 a 7% logo após o nascimento, imergindo o coto umbilical no mínimo uma vez ao dia, durante 3 a 5 dias, ou até que o coto umbilical caia. Não são recomendadas outras soluções para cura do umbigo, por não desidratar efetivamente o coto umbilical. A correta cura do umbigo promove a desidratação do coto umbilical com o colabamento dos vasos sanguíneos e do úraco (NUSSIO, 2004). 3.4. Patologias onfalógenas As onfalopatias infecciosas dos bezerros são todos os processos infecciosos da região umbilical, podendo comprometer um ou vários segmentos umbilicais da região extra ou intra-abdominal (PRATES, 2008). As extra-abdominais recebem o nome de onfalites e as intra-abdominais, de acordo com o seguimento alterado, têm o nome de onfaloflebite, uraquite, onfaloarterioflebite, onfalouracoarterite e panvasculite umbilical (FIGUEIREDO, 1999). 22 Abscessos umbilicais ou infecção de qualquer dos três componentes do umbigo podem produzir infecção local, ou podem ser fonte de septicemia (SMITH, 2006). Entre as causas bacterianas das onfalites encontra-se, geralmente, uma flora polibacteriana, incluindo Staphylococcus spp., Streptococcus spp., Actinomyces pyogenes, Escherichia coli e Proteus spp. Além das causas bacterianas, as infecções podem ser causadas por miíases devido a Cochliomya hominivorax (RIETCORREA et al., 2001). Os estafilococos são cocos Gram-positivos, com aproximadamente 1µm de diâmetro e que tendem a formar agrupamentos em arranjos semelhantes a cachos de uva. O nome deriva das palavras gregas “staphyle” e “kokkos” para designar cachos de uva e grão, respectivamente. No mínimo 30 espécies de Staphylococcus ocorrem como comensais da pele de animais e seres humanos e membranas mucosas; algumas podem atuar como patógenos oportunistas, causando infecções piogênicas. Também são encontradas em membranas mucosas do trato respiratório superior e urogenital inferior e como transitórios no trato digestivo (QUINN et al., 2005). Os estreptococos formam um grupo de bactérias que podem infectar muitas espécies animais, causando infecções supurativas como mastite, metrite, poliartrite e meningite. Esses microrganismos são cocos Gram-positivos, com aproximadamente 1,0 µm de diâmetro, que formam cadeias de diferentes comprimentos. Os estreptococos têm distribuição mundial. Muitas espécies vivem como comensais na mucosa do trato respiratório superior e urogenital inferior (QUINN et al., 2005). Segundo o autor acima os actinomicetos formam um grupo filogeneticamente diverso de bactérias Gram-positivas, tendendo a crescer lentamente e a produzir filamentos ramificados. Os actinomicetos que causam doenças em animais domésticos pertencem aos gêneros Actinomyces, Arcanobacterium, Actinobaculum, Nocardia e Dermatophilus. As bactérias pertencentes à família Enterobacteriaceae são bacilos Gramnegativos de até 3 µm de comprimento que fermentam a glicose e ampla variedade de outros açúcares. As mesmas têm distribuição mundial, habitam o trato intestinal de animais e de humanos e contaminam a vegetação, o solo e a água (QUINN et al., 2005). 23 São causas predisponentes dos processos infecciosos umbilicais: condições do parto, tamanho do cordão umbilical exposto, ambiente contaminado, bezerros prematuros, retardo da limpeza lingual por parte da mãe, tratamentos inadequados com soluções sujas ou contaminadas, manuseio do umbigo por pessoas leigas, puxadas ou lambidas bruscas, traumas em quinas ou cantos dos bezerreiros (PRATES, 2008). A infecção na região umbilical pode levar a muitas lesões intra-abdominais, bem como a celulite ou abscedação externa à parede corporal. As infecções neonatais da região umbilical resultam em inchaço doloroso e aumento de volume palpável dos vasos umbilicais (REBHUN, 2000). Quando o umbigo está dilatado e drenando material purulento, a infecção é facilmente notada. Em outros casos, o umbigo pode estar seco mais dilatado, porém maior do que o diâmetro esperado. Além disso, os neonatos podem ter uma aparência completamente normal, com umbigo externo seco e estar gravemente doentes a partir de infecção do úraco, das artérias ou da veia umbilicais (SMITH, 2006). 3.4.1. Onfalite Onfalite é a inflamação do umbigo, sendo comum em bezerros com dois a cinco dias de idade e representa cerca de 10% dos problemas umbilicais desses animais (PRATES, 2008; RADOSTITS et al., 2002). O umbigo aumenta de volume, torna-se doloroso à palpação e pode estar obstruindo ou drenar material purulento através de uma pequena fístula. O umbigo acometido pode tornar-se muito grande e causar toxemia subaguda. O bezerro apresenta-se um pouco deprimido, não mama e normalmente está febril (RADOSTITS et al., 2002). Enquanto as infecções subcutâneas geralmente permanecem circunscritas, levando a formação de abscessos ou fístulas, os agentes, as toxinas ou os produtos metabólicos localizados nos vasos sanguíneos podem alcançar outros órgãos e desencadear poliartrites, endocardites, pneumonias, nefrites, acompanhadas de emagrecimento e desenvolvimento retardado do bezerro (PRATES, 2008). 24 3.4.2. Onfaloflebite Onfaloflebite é a inflamação das veias umbilicais, que pode acometer apenas as partes distais ou estender-se do umbigo para o fígado (RADOSTITS et al., 2002). As onfaloflebites representam, aproximadamente, 30% das infecções umbilicais (MARQUES, 2006). Podem surgir grandes abscessos ao longo do trajeto da veia umbilical que se disseminam para o fígado, com desenvolvimento de grandes abscessos hepáticos, capazes de ocupar até metade do órgão. Em geral os bezerros são acometidos com um a três meses de idade e não se desenvolvem devido à toxemia crônica. O umbigo costuma estar dilatado e conter secreção purulenta (RADOSTITS et al., 2002). Pode ser considerada a causa mais frequente de artrite séptica em bezerros, mas não deve ser avaliada como a única rota de infecção das artrites hematogênicas (PRATES, 2008). 3.4.3. Uraquite Pode ocorrer infecção do úraco em qualquer lugar ao longo do mesmo, desde o umbigo até a vesícula urinária. Em geral o umbigo está intumescido e drenando secreção purulenta, mas também pode ter aspecto normal. A disseminação da infecção para a vesícula urinária pode resultar em cistite e piúria (RADOSTITS et al., 2002). Acredita-se que o maior percentual de ocorrência nas onfalopatias (40,4%) é representado pelas uraquites (PRATES, 2008). 3.4.4. Onfaloarterioflebite É um processo infeccioso de uma ou duas artérias, conjuntamente com as veias umbilicais, ascendente à região abdominal (PRATES, 2008). As arterioflebites são de menor ocorrência na classificação das onfalopatias. Contudo, quando ocorrem, podem estar associadas a problemas respiratórios, broncopneumonias, lesão hepática, abscessos, poliartrites e problemas intestinais com enterite. As complicações, nesses casos, levam o animal a um estado clínico patológico, já considerado nas outras infecções, onfaloflebite e onfaloarterite, 25 finalizando com um prognóstico desfavorável; ou seja, situação que não é favorável a resolução do problema (MARQUES, 2006). 3.4.5. Onfalouracoflebite Esta patologia é um processo infeccioso do úraco e veias umbilicais com ascendência intra-abdominal ao fígado e à vesícula urinária e ocorre em 9% dos casos das patologias umbilicais (PRATES, 2008). Os segmentos alterados podem estar até 8 cm infeccionados e os seus espaçamentos até de 2 dedos visivelmente aumentados. Nesses casos, também são encontrados broncopneumonias, abscessos hepáticos, artrites e enterite concomitantemente à leucocitose. O prognóstico, nesses casos, pode ser reservado ou desfavorável (MARQUES, 2006). 3.4.6. Onfalouracoarterite É um processo infeccioso do úraco e das artérias umbilicais, com ascendência intraabdominal à vesícula urinária e às artérias ilíacas. Pode ocorrer em 17% das infecções umbilicais e há, concomitantemente, broncopneumonia, lesão hepática, inflamação da vesícula urinária, artrite e raramente enterite (PRATES, 2008). Em mais de 50% dessas patologias, encontra-se peritonite associada. O exame clínico precisa ser bem detalhado e auxiliado com instrumentos (sonda) para bom diagnóstico final, necessitando, às vezes, da exploração cirúrgica para a conclusão do diagnóstico. O prognostico é reservado ou desfavorável (MARQUES, 2006). 3.4.7. Panvasculite umbilical Processo infeccioso de todo o complexo umbilical, comprometendo as veias, as artérias e o úraco. Acredita-se que pode ocorrer em 9% das onfalopatias e o quadro clinico varia de acordo com a patologia intra-abdominal e sua relação com os órgãos ascendentes (PRATES, 2008). Nas panvasculites, os vasos intra-abdominais alterados variam de 1 a 2 dedos de espessura. Encontram-se as lesões hepáticas, pulmonares, vesicais e cardíacas. O prognóstico é reservado ou desfavorável. O quadro clínico varia de 26 acordo com a patologia intra-abdominal e sua relação com os órgãos ascendentes. As ligações anatomopatológicas com o fígado, aorta e vesícula urinária, condicionam a complicação do caso, levando o bezerro a um quadro clínico multifatorial, com prognóstico reservado, ou seja, as chances dele sobreviver são muito pequenas, próximas de zero (MARQUES, 2006). 3.5. Tratamento e controle das patologias onfalógenas As infecções das estruturas do umbigo são comuns em animais com falha na imunidade passiva, podendo resultar em bacteremia, septicemia e morte em neonatos. Microrganismos usuais de onfalite são frequentemente isolados em animais com bacteremia e septicemia, comprovando que as estruturas umbilicais são importantes portas de entrada para agentes causadores destas enfermidades (OGILVIE, 2000; RADOSTITS et al., 2002; RENGIFO et al., 2006). O diagnóstico pode ser realizado pelos dados epidemiológicos, sinais clínicos, lesões observadas na necropsia e exames laboratoriais. O controle e profilaxia são fundamentais para evitar as infecções e miíases umbilicais. Radostits et al. (2002) e Riet-Correa et al. (2001) recomendam a desinfecção do umbigo dos recém-nascidos com solução de iodo a 10% ou álcool iodado, sendo esta aplicada dentro do cordão umbilical com o auxílio de uma seringa estéril e banhado completamente por fora com a mesma solução, repetindo esta operação por cerca de duas vezes ao dia, até a completa desidratação e queda do cordão. O tratamento de septicemias requer o uso de antibióticos, que devem ser aplicados por via intravenosa. Os antibióticos apropriados incluem amoxicilina, ampicilina, oxitetraciclinas, sulfonamidas ou sulfonamidas potencializadas. Em casos menos graves, pode-se administrar outros antibióticos, como a penicilina e estreptomicina, por via parenteral. A duração do tratamento deve ser de pelo menos 5 dias. Em alguns casos onde o animal apresenta desidratação, faz se necessário administrar solução eletrolítica de uso parenteral ou oral (ANDREWS, et al., 2008). De acordo com Figueiredo (1999) o tratamento das afecções umbilicais pode ser conduzido de modo conservativo, com a utilização de antissépticos e antimicrobianos, porém de difícil resolução, enquanto que a cirurgia, objetivando a extirpação completa das estruturas acometidas é o método de eleição para o tratamento dessas enfermidades. 27 3.6. Processo de cicatrização Quando a integridade da pele é alterada, inicia-se a cicatrização, que é um processo complexo, envolvendo a interação entre células estromais e circulatórias que são ativadas por um conjunto de mediadores químicos, fragmentos de células e matriz celular, microrganismos e alterações físico-químicas do microambiente da lesão e áreas circunjacentes (BALBINO, PEREIRA e CURI, 2005). A cicatrização é o processo pelo qual um tecido lesado é substituído por tecido conjuntivo vascularizado, seja a lesão traumática ou necrótica (PANOBIANCO et al., 2010). O processo de reparação tecidual é dividido em fases, sendo elas: hemostasia; fase inflamatória; formação do tecido de granulação, com deposição de matriz extracelular (colágeno, elastina e fibras reticulares); e remodelação (BRANSKI et al., 2005; SHIMIZU, 2005; MENDONÇA et al., 2006; ROCHA JÚNIOR et al., 2006). A fase de hemostasia inicia-se após um dano tecidual, as alterações das células endoteliais, a ruptura de vasos sanguíneos e o extravasamento de seus constituintes provocam o surgimento de substâncias vasoativas que promovem uma vasoconstrição imediata, visando diminuir a perda sanguínea para o espaço extravascular (KUMAR et al., 2010). A fase seguinte, a inflamatória, é caracterizada basicamente pela presença de células inflamatórias no tecido cicatricial, sendo estas os leucócitos polimorfonucleares, macrófagos e linfócitos (NETO, 2003). A formação do tecido de granulação consiste primariamente em vasos sanguíneos invasores, fibroblastos e seus produtos como o colágeno fibrilar, elastina, fibronectina, glicosaminoglicanas sulfatadas e não sulfatadas e proteases; sendo este tecido produzido três a quatro dias após a indução da lesão (BERRY; SULLINS, 2003). A fase final do processo cicatricial consiste na remodelação, e o período no qual os elementos reparativos da cicatrização são transformados para tecido maduro de características bem diferenciadas; dura meses e é responsável pelo aumento da força de tensão e pela diminuição do tamanho da cicatriz e do eritema (NETO, 2003). Diversos fatores locais e sistêmicos podem atrasar ou impedir a cicatrização, tais como, suporte nutricional inadequado, déficit na oxigenação tecidual, infecção, necrose, ambiente seco, tamanho da ferida, idade do paciente e imunossupressão (HESS, 2002 apud ANDRADE, LIMA; ALBUQUERQUE, 2010). Aparentemente o 28 efeito da temperatura na cicatrização de lesões está relacionado ao seu efeito no tônus vasomotor periférico; diminuições na temperatura ambiental exercem uma vasoconstrição reflexa autonômica, que reduz a microcirculação local, através da diminuição da oxigenação e nutrição tecidual (NETO, 2003). De acordo com Linhares (2000) a cicatrização do coto umbilical do recémnascido passa por duas fases no processo de cicatrização. A primeira fase está restrita às horas iniciais da vida, em que apresenta aspecto gelatinoso, de coloração branca azulado, úmido e brilhante. Na segunda fase ocorre desidratação do coto logo após o nascimento, adquirindo a partir do segundo dia de vida, uma coloração escura e processo de mumificação. 3.7. LED (light emitting diode) Há milênios, os benefícios da terapia luminosa são usados para o tratamento de diversas patologias da pele, sendo considerada uma das mais antigas modalidades terapêuticas (BAROLET, 2008). Portanto, existe uma tendência, em usar agentes terapêuticos que atuem positivamente na reparação de feridas, e uma das terapias recomendadas é o uso de fonte luminosa, como tem sido usado desde os tempos antigos. Contudo, a utilização de diferentes fontes luminosas e protocolos têm indicado a necessidade de avaliação da eficácia (PINHEIRO, 2009). Os diodos emissores de luz (LEDs) são semicondutores complexos que convertem corrente elétrica em um espectro luminoso estreito não coerente. A luz emitida vai do comprimento de onda do ultravioleta ao visível (figura 3) e ao infravermelho. As cores mais usadas são: azul, verde, amarelo, vermelho e infravermelho. 29 Figura 3: Espectro eletromagnético. Fonte: http://www.vision.ime.usp.br/ As fontes de luz tipo laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation), que significa amplificação da luz por emissão estimulada da radiação, produzem outro tipo de luz bastante utilizada em fototerapia. Essa luz é utilizada para fins terapêuticos em uma porção do espectro eletromagnético que compreende os comprimentos de onda do visível ao infravermelho próximo e potências geralmente menores que 500 mW (BOSSINI, 2007; CORAZZA, 2005; POSTEN et al., 2005). Ambas as fontes de luz produzem uma banda espectral relativamente estreita, sendo o espectro do LED mais largo. A diferença fundamental destas fontes está no fato de que a luz emergente do LED não é colimada e nem coerente, já no caso do laser, a luz emergente é colimada e coerente (DELAND et al., 2007; DALLAGNOL, 2009). A penetração da luz no tecido vivo está relacionada com o comprimento de onda. Assim, a aplicação de determinado comprimento de onda irá depender exclusivamente da aplicação que se deseja realizar a fim de atingir o segmento tecidual desejado (BAXTER, 1994). De acordo com Vinck et al. (2005) uma das principais utilizações do LED como tratamento terapêutico é seu auxílio na cicatrização pela aplicação local de luz com determinadas doses e comprimentos de onda. A aplicação deste em tecidos vivos não causa desconforto ao paciente, é indolor, não é traumático, apresenta uma boa resposta, pois realiza estimulação natural em nível celular. Quanto à segurança, 30 é seguro, não térmico, não invasivo, e não há relatos na literatura de efeitos colaterais (BAROLET, 2008). Os mecanismos de ação da luz após a absorção se caracterizam em primários e secundários. Os mecanismos primários ainda não foram bem estabelecidos com uma série de hipóteses associadas à geração de oxigênio singlete (1O2) (KARU, 1989), alteração das propriedades do estado excitado redox dos centros citocromo (CuA) e (CuB) ou heme a e heme a3 (KARU,1988), presença de óxido nítrico (NO) (BROWN, 1999), aquecimento local transiente (KARU et al., 1991) ou aumento da produção de ânions superóxidos (KARU; ANDREICHUK; RUABYKH, 1993). De acordo com Karu (2003) os diferentes mecanismos podem levar a resultados similares estimulando o estado redox da mitocôndria na direção de maior oxidação. Discute-se ainda, entretanto, quais mecanismos são decisivos em uma dada situação, pois fatores como a dose de luz e a intensidade usada podem favorecer a predominância de um ou outro (KARU, 2003). Os mecanismos secundários são os responsáveis pela conexão entre a resposta à ação da luz pelos fotoreceptores localizados na mitocôndria e os mecanismos de síntese de DNA e RNA localizados no núcleo ou outros fenômenos em outros componentes da célula, como por exemplo, a adesão da membrana (KARU, 2003). A terapia com LED promove o aumento da taxa de síntese de RNA e DNA, síntese de ATP, aumento da taxa de proliferação de células, aumento da taxa de proliferação de fibroblastos e da síntese de colágeno, e aumento da vascularização (KARU; KOLYAKOV, 2005; SOUZA et al., 2005). 31 4. MATERIAL E MÉTODOS Para o desenvolvimento desta pesquisa foram utilizados 57 bezerros bovinos recémnascidos, machos e fêmeas (figura 4). A mesma foi desenvolvida em uma propriedade particular situada no município de Indiaporã-SP, latitude 19º58'48" sul e longitude 50º17'23" oeste, estando a uma altitude de 440 m na região noroeste paulista, no período de agosto de 2012 a março de 2013. A composição genética dos animais experimentais foi variada, não possuindo raça definida, porém todos eram de linhagem leiteira. O sistema de criação adotado era o semi-intensivo, no qual os bezerros permaneciam junto de suas mães durante 6 h por dia, visando ingerir o colostro (leite secretado pós-parto). Em seguida eram apartados de suas mães e colocados em piquetes onde passavam o restante do dia; os piquetes eram de gramíneas, dispunham de água à vontade e cochos com silagem de milho, no local também existiam outras espécies de animais, como eqüinos. Esta pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais - CEUA/UNICASTELO, com número do processo 1-00032/2012 (Anexo A). Figura 4: Animais da espécie bovina, machos e fêmeas. Os bezerros (as) foram divididos em 2 tratamentos, sendo o T1 constituído por 29 animais, machos e fêmeas, e o T2 por 28 animais machos e fêmeas. Os 2 lotes foram constituídos ao mesmo tempo, conforme os animais nasciam um era destinado para o T1 e outro para T2, e assim sucessivamente. 32 Como preconizado por Lucci (1989) todos (as) os (as) bezerros (as) receberam o colostro durante 2 a 3 dias de vida e após este período foi fornecido o aleitamento controlado onde os bezerros (as) permaneciam com as vacas por 6 h para mamar o leite residual das tetas ordenhadas, além do leite sintetizado neste período. Logo após o nascimento, todos os animais eram identificados com brincos (figura 5) contendo números sequenciais, os quais foram utilizados para promover uma identificação individual dos mesmos, para que não houvesse possibilidade de erros durante o experimento. Figura 5: brincos para identificação dos animais. Outro procedimento realizado logo após o nascimento do animal foi o seccionamento do cordão umbilical (figura 6), a aproximadamente 5 cm de sua inserção com tesoura cirúrgica de aço inoxidável, desinfetada com álcool 70%. Em seguida, foi realizado o corte dos pêlos ao redor da região de inserção do coto umbilical com objetivo de remover os pêlos para facilitar a penetração da luz no tecido alvo. O corte dos pelos foi feito em todos os 57 animais para propiciar condições homogêneas para ambos os grupos. 33 Figura 6: Seccionamento do cordão umbilical. No T1 todos os cotos umbilicais foram imersos numa solução de tintura de iodo 10% contida num frasco de boca larga (figura 7), por 60 segundos. Este procedimento foi repetido durante 3 dias consecutivos a cada 24 h. A solução de tintura de iodo 10% adquirida era pronta para uso, não sendo necessário prepará-la, e a cada imersão de um coto umbilical a solução era trocada. Figura 7: Imersão do coto umbilical na solução de tintura de iodo. No T2 todos os animais receberam uma irradiação com LED por três dias consecutivos a cada 24 h, na região de inserção do coto umbilical (figura 8), sendo esta irradiação realizada perpendicularmente à inserção do coto umbilical do animal, 34 em contato e localizada em quatro pontos opostos, observado na figura 9. Na tabela 1 são apresentados os parâmetros de irradiação utilizados no experimento. Imediatamente após a cada aplicação fototerápica foi realizado o mesmo procedimento de imersão do coto umbilical (figura 10) na solução de iodo descrito para o T1. Tabela 1: Parâmetros de irradiação. Parâmetros do LED Tipo do LED vermelho Densidade de energia (total) 18 J/cm2 Potência 300 mW Comprimento de onda 640 nm Tempo 60 s Número de pontos total 4 Densidade de energia por ponto 4,68 J/cm2 Área da ponteira 0,385 cm2 Figura 8: Irradiação na região de inserção do coto umbilical. 35 Região de aplicação do LED Figura 9: Esquema gráfico de inserção do coto umbilical com a demarcação dos pontos irradiados. Figura 10: Coto umbilical após imersão. Todos os animais do T2 após a queda do coto umbilical receberam uma dose de radiação luminosa por 60 s sobre a área da ferida a ser cicatrizada, conforme figura 11. Todos os animais que apresentaram onfalites, independentemente dos grupos receberam tratamento adequado com oxitetraciclina 20 mg/kg de peso corporal associado a 1,0 mg de diclofenaco sódico/kg de peso corporal durante um período de 5 dias, administrados a cada 24 h por via intramuscular. 36 Figura 11: Irradiação após a queda do coto umbilical. Durante os dias de observação das estruturas do umbigo foram realizados exames, através da inspeção e palpação como estabelecido por Dirksen, Grunder e Stober (2005). Foi avaliado o tempo de involução do coto umbilical até a sua queda e a cicatriz do umbigo. Conforme estabelecido por Silva et al. (2010), para avaliar a cicatrização umbilical foi utilizada uma escala categórica ordinária de A a C com os seguintes critérios definidos: umbigo fechado ou semifechado, presença ou ausência do coto umbilical, umbigo inflamado ou não inflamado, observado durante o exame clínico as características da região umbilical dos (as) bezerros (as) realizado no 3o, 5o, 10o, 15o, 20o, 25o e 30o dias de idade. A categoria A indica cicatrização do umbigo (figura 12) e os critérios estabelecidos foram: umbigo fechado, ausência do coto umbilical, e umbigo não inflamado. Para a categoria B representa uma situação intermediária (figura 13) que pode evoluir para categoria A ou C, com os seguintes critérios: umbigo semifechado, presença ou ausência do coto umbilical e umbigo não inflamado. Para a categoria C (figura 14), a qual representa inflamação da região umbilical os critérios foram: umbigo semifechado, presença ou ausência do coto umbilical e umbigo inflamado, podendo ou não apresentar secreção purulenta. Na tabela 2 são apresentados os parâmetros de classificação do umbigo. 37 Figura 12: Categoria A: cicatrização do umbigo. Figura 13: Categoria B: situação intermediária. Figura 14: Categoria C: inflamação da região umbilical. 38 Tabela 2: Parâmetros de classificação do umbigo. A B C Cicatrização umbigo Situação intermediária Inflamação umbilical CRITÉRIOS CRITÉRIOS CRITÉRIOS Umbigo fechado Umbigo semifechado Umbigo semifechado Ausência do coto Presença ou não coto Presença ou não coto Umbigo não inflamado Umbigo não inflamado Umbigo inflamado Após a queda do coto umbilical a área da ferida foi fotodocumentada nos dias correspondentes (10º, 15º, 20º, 25º e 30º) por câmera digital marca Sony® modelo DSC-W570 com uma máscara circular de polietileno com área calculada de 3,93 cm2 sobre a ferida. A máscara foi utilizada como dispositivo padrão de área conhecida, no processo de determinação da área acometida da ferida. Pelo software Image J® foi quantificada a área total das feridas em cm2 pela delimitação das bordas (figura 15) e conversão dos pixels. Figura 15: Quantificação da área total das feridas. 39 Para análise estatística foram consideradas as variáveis A, B e C; para comparar os resultados da cicatrização umbilical obtidos aos 3, 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias de idade com os diferentes tipos de tratamentos. As variáveis obtidas neste estudo foram analisadas com o auxílio do programa OriginPro® versão 8.5. Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e teste t (Student) para comparação de médias referentes aos grupos irradiados e não irradiados, considerando um nível de significância de 5% (p < 0,05) e a comparação entre médias pelo erro padrão da média. As análises estatísticas foram efetuadas empregando-se o programa SISVAR. 40 5. RESULTADOS Na Tabela 3, são apresentados resultados referentes à avaliação do umbigo aos 15 dias e aos 25 dias de idade, observou-se que, aos 15 dias de idade, os animais do grupo LED (tratamento 2) e os animais do grupo controle (tratamento 1) não apresentaram percentual de umbigo cicatrizado (categoria “A”). A categoria “B” foi predominante nos grupos LED e controle, com percentuais entre (89,3%) e (89,6%). A presença de onfalite (categoria “C”) encontrada foi semelhante tanto para o grupo do LED (10,7%) e do controle (10,4%). Tabela 3: Distribuição do número e percentual das categorias “A” (umbigo cicatrizado), “B”(umbigo não cicatrizado) e “C” (onfalite) que representam a cicatrização umbilical segundo o grupo e a idade. GRUPOS 15 DIAS DE IDADE A B C n(%) n (%) n (%) 25 DIAS DE IDADE A B C n (%) n (%) n (%) LED (n=28) - 25 (89,3) 3 (10,7) 12 (42,8) 15 (53,6) 1(3,6) CONTROLE (n=29) - 26 (89,6) 3 (10,4) 7 (24,1) 16(55,2) 6 (20,7) Aos 25 dias de idade, os animais do grupo LED apresentaram umbigo cicatrizado (categoria “A”) (42,8%) e os do controle (24,1%) mostrando que o percentual de umbigos cicatrizados foi maior para o grupo LED. A predominância da categoria “B” foi semelhante no grupo LED (53,6%) e controle (55,2%). A presença de onfalite ocorreu em apenas um animal (3,6%) no grupo LED e em (20,7%) do controle. Em relação à categoria “C” houve uma queda na porcentagem do grupo dos LED e um aumento no grupo do controle. Dos 6 casos de onfalite encontrados no grupo controle, 4 destes animais vieram à óbito por possíveis complicações causadas após infecção das estruturas do umbigo. Em todos os animais a queda do coto umbilical ocorreu após o 7o dia, sendo que na maioria após 10o dia, motivo pelo qual não houve comparações anteriores. Na tabela 4, são apresentados valores de ANOVA, teste F, CV e DMS de acordo com os tratamentos utilizados nos animais. Os resultados individuais encontrados para cada animal do experimento estão citados no apêndice A. 41 Tabela 4: ANOVA, teste F, coeficiente de variação (CV%) e diferença mínima significante DMS (5%) na população de animais de acordo com os tratamentos. ANOVA Teste F CV DMS Tratamentos 2,044 58,99 0,0618 Idade 50,100 58,99 0,0963 Tratamento X Idade 0,229 58,99 0,1362 Comparando-se os dois tratamentos utilizados, controle e LED (tabela 4), notou-se que não houve diferença estatisticamente significativa entre eles, mas quando comparamos a idade notamos que houve diferença. De acordo com a Figura 16 aos 30 dias de idade foram verificadas diferenças entre os tratamentos. Para a categoria “A” a porcentagem de animais no grupo controle foi de 68,97%, aumentando para 96,42% nos animais do grupo LED. Já para a categoria “B” 20,68% dos animais controle apresentaram umbigo não cicatrizado e nenhum dos animais LED apresentaram esta condição. Para a categoria “C” 10,35% dos animais do grupo controle apresentaram onfalite e para os animais do grupo LED o percentual diminuiu para 3,58%. Figura 16: Gráfico do percentual de animais não irradiados (controle) e irradiados (LED) classificados por categoria aos 30 dias de idade. 42 Quando comparados os animais em relação à queda do coto umbilical (figura 17) observou-se que no grupo de animais controle 34,48% apresentaram a queda do coto no intervalo de 7 a 15 dias e 65,52% dos animais no intervalo de 15 a 25 dias. Já no grupo de animais LED constatou-se que em 67,86% da queda do coto ocorreram no intervalo de 7 a 15 dias e em 32,14% dos animais ocorreram no intervalo de 15 a 25 dias. Com isto, observou-se que nos animais do grupo LED a queda do coto umbilical ocorreu mais cedo; sendo que 25% destes animais apresentaram queda do coto aos 10 dias de idade. Figura 17: Gráfico do percentual de animais não irradiados (controle) e irradiados (LED) com coto umbilical caído em relação aos dias observados. Em relação à medida da área da ferida umbilical observada aos 20 dias (figura 18), para o grupo controle verificou-se que o valor mínimo encontrado foi de 0,1 cm2; sendo que aproximadamente 25% dos animais obtiveram medida da área da ferida umbilical menores que o primeiro quartil; já outros aproximadamente 50% dos animais obtiveram medida da circunferência umbilical menores que o segundo quartil e os outros 75% dos animais obtiveram medida da circunferência umbilical menores que o terceiro quartil. O valor máximo observado foi de 0,52 cm2. Aproximadamente 8 animais observados situaram-se entre o terceiro quartil e o valor máximo encontrado. Constatou-se que 7 animais apresentaram medidas próximo ao valor da mediana (0,27 cm2). Para identificação dos valores atípicos (outliers) adotou-se o cálculo da amplitude interquartil (AIQ) definida como a distância entre o 43 primeiro e o terceiro quartil. Assim, calculou-se os valores adjacentes que se encontram entre Q1 – 1,5xAIQ e Q3 + 1,5xAIQ. Portanto os valores menores do que 0,0275 cm2 ou maiores do que 0,5125 cm2 foram considerados atípicos. Figura 18: Medida da área da ferida umbilical aos 20 dias de idade para animais não irradiados (controle) e irradiados (LED). Em relação à medida da área da ferida umbilical observada no grupo LED (figura 18) notou-se que o valor mínimo encontrado foi de 0,006 cm2; sendo que 25% dos animais obtiveram medida da circunferência umbilical menores que o primeiro quartil; outros 50% dos animais obtiveram medida da área da ferida umbilical menores que o segundo quartil e 75% dos animais obtiveram medida da área da ferida umbilical menores que o terceiro quartil. O valor máximo observado foi de 0,42 cm2. Sete animais apresentaram-se entre o terceiro quartil e o valor máximo encontrado e outros 7 apresentaram medidas próximo ao valor da mediana (0,22 cm2). Os valores menores do que 0,18 cm2 ou maiores do que 0,8 cm2 são considerados atípicos. De acordo com a tabela 5 comparando-se os dias com o uso de LED e controle não houve diferença estatística entre eles para os dias 10, 15, 20 e 25 dias; já para o grupo LED aos 25 dias foi melhor do que o grupo controle, pois a diferença encontrada da medida da área da ferida umbilical foi de 0,05 cm2 entre eles. Para o grupo controle e o grupo LED a idade foi significativo. 44 2 Tabela 5: Valores médios de medida da área da ferida umbilical em (cm ) para os tratamentos estudados na população de animais na cidade de Indiaporã-SP, no período de agosto de 2012 a março de 2013. Tratamento 10 dias 15 dias 20 dias 25 dias LED 0,753 a A 0,416 b A 0,215 c A 0,121 c A Controle 0,750 a A 0,496 b A 0,244 c A 0,171 c A Teste t (Student) 5 % de probabilidade. Médias seguidas de letras iguais na linha: não significativo para idade (letras minúsculas). Letras iguais na coluna: não significativo para tratamento (letras maiúsculas). Na figura 19, são observados valores de comparação das médias da área da ferida umbilical dos diferentes tratamentos aos 10,15, 20 e 25 dias de idade. Figura 19: Comparação das médias da área da ferida umbilical dos diferentes tratamentos aos 10,15, 20 e 25 dias de idade. Valores expressos em média ± desvio padrão. No gráfico da figura 19 podemos observar a comparação das médias da área da ferida umbilical entre os grupos experimentais após a queda do coto umbilical. As linhas contínuas são curvas de tendência e as barras representam o erro padrão da média. Na verificação da área da ferida umbilical aos 10 dias, observou-se igual área para o grupo controle e o grupo LED. Aos 15 e 20 dias, o grupo controle apresentou área da circunferência umbilical superior ao grupo LED. Não foram observadas diferenças significativas na área da ferida umbilical entre o grupo controle e LED aos 25 dias de idade. 45 6. DISCUSSÃO De acordo com a tabela 3, aos 25 dias de idade quando comparado o grupo controle com o LED notou-se que a ocorrência de onfalites foi maior para os animais que não receberam radiação luminosa. Provavelmente a dose de radiação recebida logo após a queda do umbigo no local da ferida para este grupo de animais possa ter aumentado a quantidade de células de defesa decorrente de um maior fluxo sanguíneo local, reduzindo a quantidade de microrganismos presentes. Após o tratamento estabelecido, ainda assim, quatro animais vieram a óbito por possíveis complicações após infecção das estruturas do umbigo no grupo dos animais controle; ficando evidente o constante uso do mesmo princípio ativo pelo proprietário em casos semelhantes; sendo este um fato bastante comum que ocorre em propriedades. Já no grupo LED não aconteceram óbitos. Reis et al. (2009) avaliando a ocorrência de onfalopatias em rebanhos leiteiros no Nordeste do Estado do Pará observaram 41,05% dos animais apresentaram onfalite, 23,16% onfaloflebite, 10,53% miíase umbilical, 7,36% inflamação das artérias e/ou úraco, 14,74% hérnia umbilical e 3,16% apresentaram pan-vasculite. Ainda em sua observação, detectou que na maioria das propriedades estudadas era escassa a realização de medidas preventivas como corte do umbigo, uso de soluções desinfetantes no coto umbilical e ingestão adequada de colostro. Observou-se também que os animais permaneciam aglomerados em currais muito sujos durante a maior parte do dia, fato este que não ocorreu com os animais deste experimento, e comparando as porcentagens de onfalites, neste experimento foi encontrada porcentagem inferior 20,7% ao estabelecido por Reis et al. (2009) no rebanho leiteiro estudado. Fatores climáticos, como aumento do índice pluviométrico, faz com que a contaminação ambiental se eleve ficando o bezerro mais propenso à contaminação do coto umbilical, o que foi observado nos meses de agosto e setembro de 2012. A ocorrência de miíase umbilical foi observada em um animal do grupo controle, o qual após esta observação aplicou-se sobre o local uma dose de radiação luminosa, a fim de avaliar se a luz exercia algum efeito sobre as larvas. Após 24 h foi observado que houve um aumento do tamanho das larvas e uma piora do quadro, provavelmente isto ocorreu pelo aumento do fluxo sanguíneo local 46 trazendo maior oxigenação e nutrientes para o desenvolvimento das larvas. Este animal foi descartado do experimento. No trabalho apresentado por Silva et al. (2013) utilizando tintura de iodo 10%, tintura de aroeira e aplicação tópica de extrato de babosa na cura do coto umbilical de caprinos da raça Saanen avaliando as médias do tempo de cicatrização e queda do coto umbilical observaram que o tempo gasto foi de 31, 40 e 32 dias, respectivamente, segundo as soluções acima. Ainda em seu trabalho utilizando métodos diferentes do convencional não obteve resultados satisfatórios, somente no grupo controle em que o uso da tintura de iodo 10% promoveu a cicatrização e queda do coto umbilical num prazo de 7 a 15 dias, o que foi observado para o grupo de animais irradiados (figura 17) sendo que a maior porcentagem de animais apresentou queda do coto no mesmo intervalo; já para o grupo controle os resultados foram diferentes do encontrado por Silva et al. (2013); provavelmente as diferenças encontradas são devidos às espécies animais que diferem. Foi possível observar neste experimento que a aplicação da luz no coto umbilical e na ferida umbilical antecipou a queda do coto umbilical da maioria dos animais do grupo LED. Segundo o trabalho realizado por Silva et al. (2010) dentre as soluções antisépticas utilizadas para desinfecção das estruturas umbilicais de avestruzes, a solução de clorexidina alcoólica 2,0% foi a que promoveu maior índice de cicatrização sem nenhum caso de onfalite. Ainda em seu trabalho Silva et al. (2010) estabeleceu uma associação direta entre a presença do coto umbilical e o processo de cicatrização, onde a ausência do coto, acelerou o processo de cicatrização, fato este também observado no presente trabalho. Meyer et al. (2010) avaliando o efeito do LED na cicatrização de feridas cutâneas em ratos Wistar relataram efeitos anti-inflamatórios utilizando LED verde (515 – 525nm) e vermelho (620 – 630nm), e obtiveram uma epitelização nas margens da ferida e a formação de cicatrizes com melhor qualidade quando utilizado o LED vermelho, devido a maior deposição de colágeno neste grupo. Achados semelhantes foram encontrados no presente trabalho, visto que os bezerros irradiados apresentaram maior epitelização nas margens da ferida e cicatrizes com melhor qualidade. De acordo com o gráfico de boxplot (figura 18) quando comparamos a posição relativa das caixas, nota-se que a caixa do grupo controle está um pouco acima da caixa do grupo LED, uma vez que a área da ferida umbilical apresenta-se 47 relativamente maior do que a área da ferida umbilical do grupo LED. A caixa do grupo controle também é mais larga, assim como sua linha do limite superior indicando maior dispersão. Os possíveis valores atípicos são representados por algum caráter especial, sendo assim, poderíamos considerar o peso do bezerro ao nascer que provavelmente irá interferir no tamanho e diâmetro do cordão umbilical; a cor da pelagem que poderá apresentar diferentes quantidades de melanina, interferindo no processo cicatricial; e fatores climáticos como aumento do índice pluviométrico, aumentando a contaminação ambiental. Todos estes fatores podem estar associados com a ocorrência dos outliers, tanto para o grupo controle como para o grupo LED. Não foram encontrados relatos de estudos semelhantes para uma comparação com outras análises na literatura nacional e internacional. 48 7. CONCLUSÕES Nas condições em que foi realizado o presente estudo conclui-se que: • A maior parte da queda do coto umbilical dos bezerros recém-nascidos ocorre entre 20 e 25 dias de idade, interferindo no processo de cicatrização. • O uso do LED na região de inserção do coto umbilical quando comparado ao tratamento convencional antecipa sua queda, reduzindo o tempo de abertura da ferida umbilical impedindo a entrada de agentes infecciosos. • O processo de cicatrização umbilical dos animais irradiados com LED de parâmetros estabelecidos neste trabalho acontece mais cedo, proporcionando redução das onfalites. • O presente trabalho inovador na medicina veterinária introduz um tratamento adjuvante que se mostrou efetivo na redução da mortalidade de bezerros neonatos. 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVITIS, W.; ARROZALAP, G. Light-emitting diode-based therapy. Dermclin 12(3): 163-167; 2005. ANDRADE, A.G.; LIMA, C.F.; ALBUQUERQUE, A.K.B. 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Sci. 20(1): 3540, 2005. 54 APÊNDICE A Medida da área da ferida umbilical nos dias observados LED bezerro macho 2 macho 3 macho 5 femea 6 femea 8 macho 9 femea 10 macho 11 femea 12 femea 13 macho 15 macho 16 macho 17 femea 18 macho 19 macho 20 macho 21 femea 22 macho 23 macho 24 femea 27 femea 28 macho 29 femea 31 macho 32 femea femea 33 34 5 dias não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não 7 dias 2,04 10 dias não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu 12 dias não caiu não caiu 13 dias 14 dias 20 dias não caiu 25 dias 30 dias 0 cicatriz 0,34 0,18 0 cicatriz 0,71 0,67 0,12 0,05 cicatriz 0,76 não caiu não caiu não caiu 0,49 não caiu não caiu não caiu 0,35 0,23 cicatriz 0,18 0 cicatriz 0,36 não caiu 0 cicatriz 0,15 cicatriz 0,47 0,14 0,05 cicatriz 1,1 0,97 0,47 não-inf 0,3 0,24 0,15 cicatriz 0,4 0,18 0,1 cicatriz 0,4 0,16 0,02 0,007 cicatriz 0,68 0,39 0,15 0,01 cicatriz 0,33 0,29 0,1 cicatriz 0,63 não caiu 0,15 0 cicatriz 0,13 0 cicatriz 0,65 não caiu 0,26 não caiu 0,1 0 cicatriz 0,42 0,21 cicatriz 0,52 0,26 0 0 cicatriz 0,74 não caiu não caiu não caiu 0,29 0,04 0 cicatriz 0,34 0,03 0 cicatriz 0,44 0,1 0,039 cicatriz 0,13 0,006 0 cicatriz 1,27 não caiu 0,54 não caiu 0,08 0,04 cicatriz 0,35 0,03 cicatriz 0,43 não 0,35 não 0 0,18 0 0,11 cicatriz cicatriz 1,26 não caiu 0,77 não caiu não caiu 0,39 não caiu não caiu 0,79 15 dias não caiu 17 dias 0,44 55 femea 53 CNTR bezerro femea 14 macho 25 femea 26 femea 35 femea 37 femea 38 macho 39 macho 40 macho 41 femea 42 macho 43 femea 45 femea 46 femea 47 femea 49 femea 50 macho 51 macho 52 macho 54 femea 55 macho 56 femea 58 macho 60 macho 61 femea 62 femea 63 caiu não caiu 5 dias não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu caiu não caiu 7 dias 10 dias caiu não caiu 12 dias 13 dias 14 dias 15 dias 0,41 17 dias 0,21 cicatriz 0,0698 57 20 dias 25 dias 0,64 não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu 0,42 0,13 0,12 30 dias não inf 0,77 não caiu não caiu 0,17 0,12 cicatriz 0,12 não caiu 0 cicatriz 0,29 cicatriz 0,51 não caiu não caiu 0,23 não caiu 0 cicatriz 0,39 cicatriz 0,24 0,03 cicatriz 0,53 0,3 0,07 0,5 não caiu não caiu não caiu 0,34 não caiu 0,15 0,21 cicatriz não ctz não ctz 0,12 0 cicatriz 0,19 0,09 cicatriz 0,7 0,26 0,14 0 1,28 não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu 0,53 não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu 0,27 não caiu 0,53 cicatriz nãoctz 0,13 cicatriz 0,08 não-inf 0,16 cicatriz 0,38 não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu 0,34 não caiu 0,19 não caiu 0 cicatriz 0,08 0,52 0,19 0,36 0,1 0,05 0,83 não caiu não caiu não caiu não caiu 0,55 0,2 0,36 não caiu 0,19 0,24 cicatriz não ctz não ctz não ctz cicatriz ou não ctz 0,07 cicatriz 0,09 cicatriz 0,15 não caiu 56 femea 64 macho 65 femea 66 não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu não caiu 0,25 não caiu 0,5 0,27 não-inf 0,03 0 cicatriz 0,15 0 cicatriz 0,1293 1 57 ANEXO A Parecer da CEUA