Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 ISSN 1517-8595 261 ÁREA SUPERFICIAL E POROSIDADE DA FIBRA ALIMENTAR DO ALBEDO DE LARANJA Maristela de Fátima Simplício de Santana1, Marcel Eike Katekawa2, Kátia Tannous3, Anny Kelly Vasconcelos de Oliveira Lima4, Carlos Alberto Gasparetto5 RESUMO As fibras alimentares são obtidas de vários vegetais e consumidas na forma natural ou adicionadas na composição de alimentos industrializados, na forma de pó, com fins de alterar suas propriedades nutricionais e tecnológicas. Relevantes características físicas dos materiais particulados são: a área superficial e o tamanho e distribuição de poros. Essas características foram estudadas para fibra alimentar do albedo da laranja desidratada por liofilização e secador de leito fixo, estando separadas em três intervalos granulométricos de 0,420 a 0,150mm. As características da superfície das partículas foram investigadas usando-se adsorção de nitrogênio a baixa temperatura. A área superficial específica, o volume e o diâmetro médio de mesoporo foram determinados através do método BET (Brunauer, Emmett and Teller) a área superficial acumulativa, volume, diâmetro médio e distribuição de poros, usando-se o método BJH (Barret, Joyner and Halenda). Verificou-se que diferentes métodos de secagem e tamanho das partículas promoveram diferenças significativas nas propriedades físicas da fibra. Palavras-chave: Isotermas de adsorção, características superficiais, tecnologia de partículas SURFACE AREA AND POROSITY OF THE DIETARY FIBER OF ALBEDO FROM ORANGE USING ADSORPTION OF NITROGEN ABSTRACT Dietary fibers are obtained from several vegetables. They are consumed in their natural form or added, in the form of powder, to the composition of industrialized foods to alter the nutritional and technological properties of these foods. The relevant physical characteristics of these powders are the superficial area, size and pore distribution. These characteristics were studied for the albedo dietary fiber extracted from oranges. The oranges were dehydrated by freezerdryer and the fixed bed dryer separated along three particle size intervals from 0,420 to 0,150mm. The surface characteristics of the particles were investigated by using nitrogen adsorption at low temperature. The specific superficial area, volume and medium diameter of mesopore were obtained by using the BET method (Brunauer, Emmett and Teller); the accumulative superficial area, volume, medium diameter and distribution of pores, using the BJH method (Barret, Joyner and Halenda). Different drying methods and particle size promoted significant differences in the physical properties of the fiber. Keywords: adsorption isotherms, superficial characteristics, physical properties Protocolo 13-2011-50 de 23 de julho de 2012 1 Pesquisadora da área de Agroindústria – Doutora - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Instituto Nacional do Semiárido, Av. Francisco Lopes de Almeida, S/N - Bairro Serrotão - CEP: 58434-700 - Campina Grande, PB, Brasil – email : [email protected] 2 Doutor em Engenharia Química – UNICAMP – Campinas, SP, Brasil. 3 Professora – Doutora – Departamento de Engenharia Química, UNICAMP – Campinas, SP, Brasil - email : [email protected] 4 Bolsista CAPES/ INSA/ MCTI - Área de Agroindústria – Doutora - Av. Francisco Lopes de Almeida S/N - Bairro Serrotão - CEP: 58434-700 - Campina Grande, PB, Brasil – email : [email protected] 5 Professor do Departamento de Engenharia de Akimentos FEA – UNICAMP – Campinas, SP, Brasil. 262 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja INTRODUÇÃO Nos últimos anos tem havido grande interesse em consumir alimentos contendo fibras alimentares. O consumo de fibra é necessário para o funcionamento adequado do trato gastrointestinal, tendo sido associada à prevenção de doenças degenerativas e crônicas. As fibras alimentares podem exibir diferentes propriedades, de acordo com suas fontes e histórico de processamento (Guillon & Champ, 2000). Embora não se tenha uma definição precisa de fibras alimentares consideram-se, como tal, os carboidratos complexos de origem vegetal. Buckeridge e Tiné (2001) comentam que todas as células vegetais são envolvidas por uma matriz de polímeros de açúcares que exercem, na planta, diversas funções. Tais polímeros são ingeridos a partir de todos os alimentos naturais de origem vegetal e de alguns alimentos processados, aos quais polissacarídeos são adicionados com o fim específico de alterar as propriedades físico-químicas. Na alimentação humana esses polissacarídeos são geralmente chamados de fibras ou gomas, de acordo com a sua solubilidade. As fontes naturais de fibra são frutas, raízes, legumes, tubérculos, grãos e cereais podendo-se encontrar, no comércio, alimentos enriquecidos com este nutriente, que são obtidos de resíduos da indústria alimentícia. Este é o caso do processo industrial de extração de sucos, particularmente o de laranja, onde se obtém, como resíduo, a polpa cítrica, contendo casca, sementes e polpa geralmente destinadas à fabricação de ração animal (Abecitrus, 2004). Este material, rico em fibra alimentar, possui grande potencial para o aproveitamento como ingrediente na elaboração de produtos alimentícios passíveis de ser adicionados aos alimentos tradicionais para aumento das propriedades nutricionais e/ou tecnológicas, por ser considerada um produto de boa qualidade, em quantidade abundante, de baixo custo e que representa substancial melhora na rentabilidade para a indústria. A fibra alimentar compõe diferentes macromoléculas que exibem grande variedade de propriedades físico-químicas. É rara a literatura disponível sobre características físicas deste tipo de resíduo na forma de particulado, as quais irão influenciar fortemente nos parâmetros de processamento. Os particulados de origem vegetal podem ser caracterizados, numa escala microscópica, como geometria detalhada dos espaços vazios, a Santana et al. partir dos espaços intergranulares dos aglomerados até a distribuição do tamanho de poros no seu último nível de resolução. Outra maneira é através da geometria das partículas e sua superfície externa, até a forma dos poros e a fração de sua superfície interna acessível (IUPAC). Uma das principais características de pós finos é a área superficial dos sólidos, também conhecida como área superficial específica, definida como a superfície interna presente no material por unidade de massa, m2.g-1. A faixa de área superficial específica pode apresentar grandes variações em virtude da forma, tamanho da partícula e também de sua porosidade. Pode ser usada como medida da atividade da superfície de vários materiais sendo compreendida como a superfície externa ao gás ou líquido molecular. É limitada pela superfície externa do corpo sólido e da superfície interna produzida pela sua porosidade. A área superficial específica é inversamente proporcional ao diâmetro médio do poro. Isto é, uma grande superfície específica indica a presença de pequenos poros enquanto pequenos valores são característicos de materiais macroporosos de corpos não porosos (Svarovsky, 1987; Lowell & Shields, 1991). As técnicas de adsorção de gases utilizadas para determinação dessas estruturas, consistem na determinação da quantidade de adsorbato, necessária para formar uma camada monomolecular (monocamada) sobre a superfície a ser medida. Utilizam-se em geral, para este fim, isotermas desenvolvidas por BET (Brunauer, Emmett & Teller, 1938). A partir da equação desta isoterma o número necessário de moléculas para formar uma monocamada, pode ser avaliado e, como a área ocupada pela molécula é conhecida (ou estimada) pode-se então calcular a área específica do material. Este método também permite uma avaliação da porosidade do material. Por definição, poros são interstícios contínuos e interconectados ou cada um dos espaços abertos entre partículas. O tamanho limite de poro não é definido em função do método usado para analisar sua estrutura, forma e tipo de processo submetido (Juszczak et al., 2002). A porosidade de um material particulado se caracteriza pela quantidade de espaços vazios existentes no seu volume total, sendo a razão do volume de poro e o volume granular do material. A distribuição do volume de poros em função do diâmetro dos poros mostra que modo Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja o grupo de poros contribui para a porosidade total do sistema. A porosidade exerce grande efeito nas propriedades mecânicas do material, tais como: resistência à tensão, dureza e deformação; nas propriedades físico-químicas, influência nas características de dissolução e na capacidade de retenção de água; nas propriedades de transporte, atua na condutividade térmica, difusão de aromas e em componentes de baixo peso molecular. A classificação aplicada para diâmetro de poro distingue: microporo como poros que são preenchidos com adsorbato durante o processo de adsorção e medem menos que 20 Å; mesoporos são superfícies nas quais ocorre adsorção monomolecular e polimolecular. A condensação capilar é possível onde esses microporos medem de 20 a 500 Å e os chamados macroporos incluem poros com mais de 500 Å, cuja substância adsorvida é transportada da superfície granular para o poro de diâmetro pequeno (Juszczak et al., 2002; Webb, 2001). As medidas de diâmetro e de volume de poros por adsorção de nitrogênio são feitas a partir das pressões relativas correspondentes que surgem nas curvas de adsorção ou dessorção para sólidos porosos e correspondem, respectivamente, à condensação e evaporação de líquidos nos poros. Vários pesquisadores têm utilizado a adsorção de gases para determinar parâmetros físicos de superfície de materiais inorgânicos; entretanto, são raros os dados para materiais orgânicos, dentre os quais Helmam & Melvin (1950) encontraram, estudando quatro tipos de amido, uma área superficial entre 0,11 a 2,62 m2.g-1. Berlin et al. (1964) avaliaram o efeito de diferentes métodos de secagem nas propriedades físicas do leite em pó, dentre essas a área superficial por adsorção de nitrogênio. Karatanos & Saravacos (1993) compararam a área superficial de amido de mandioca (nativo do USA e rico em amilopectina) usando porosimetria de mercúrio a baixa pressão, encontrando valor abaixo daquele determinado por alta pressão de mercúrio e adsorção de nitrogênio. Referidos autores comentam que este último método permite a estimativa de poros muito pequenos e estreitos, que são responsáveis por altos valores de área superficial, e poros largos por alta porosidade total, mas computados apenas numa pequena área superficial específica. Padilla (2012) avaliou particulado de laranjas da variedade valência, submetidas à prensa e imersão em água, tendo as isotermas Santana et al. 263 comportamento característico de carboidratos estudados por Wlodarczyk-Stasiak & Jamroz (2009). Bezerra et al. (2013) usaram isotermas de adsorção para avaliar farinha de banana com e sem casca encontrando curvas do tipo II e III, respectivamente. Schoonman et al. (2001) analisaram imagens microscópicas e técnicas de caracterização física para obter informações da estrutura de diferentes composições de maltodextrina e caseinato sódio, entre elas a área superficial e porosidade, concluindo que a análise de imagem é uma técnica complementar em razão da riqueza de detalhes. Juszczak et al. (2002) determinaram área superficial e porosidade de vários amidos de cereais comerciais utilizando adsorção de nitrogênio a baixa temperatura e os métodos desenvolvidos por BET (Brunauer, Emmett e Teller) e BJH (Barret, Joyner e Hallenda, 1951) caracterezando o material como mesoporoso. A porosidade e a área superficial da parede celular de frações de trigo foram estudadas por Chesson et al. (1997); para avaliação da degradação da fibra, esses autores usaram porosimetria de mercúrio e adsorção de gás e concluíram que a área superficial é o fator, possivelmente mais importante na determinação da taxa máxima de degradação da parede celular no trato intestinal de animais. Este trabalho tem como objetivo mostrar diferenças na estrutura da fibra de laranja obtida do albedo, em diferentes tamanhos e submetidos a dois métodos de secagem, através de adsorção da fase gasosa a baixa temperatura. MATERIAL E MÉTODOS Processo de obtenção do particulado das fibras As etapas de obtenção da fibra alimentar de laranja em laboratório, foram: limpeza das frutas, seleção, retirada da casca, separação do albedo e lavagem em água corrente. Para a secagem foram utilizados dois métodos: liofilizador (L) e leito fixo (S) a temperatura de 80°C e velocidade do ar de 1,0 m.s-1, ambos até peso constante. A trituração foi realizada em moinho de faca, 22.500 rpm, 15 segundos, e o peneiramento (Padrão Tyler). Na Tabela 1 constam a identificação das amostras, o tipo de secagem, o tamanho de partícula e a malha utilizada para obtenção dos intervalos granulométricos utilizados neste trabalho. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 264 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja Santana et al. Tabela 1. Identificação das amostras de albedo de laranja submetidas a liofilização e secagem em leito fixo, separadas por tamanhos de partículas. Amostras Tipo de secagem Tamanho da partícula Malha usada (mm)* AL S 1 em leito fixo 0,425 a 0,300 -40 + 50 AL S 2 em leito fixo 0,300 a 0,210 -50 + 70 AL S 3 em leito fixo 0,210 a 0,149 -70 + 100 AL L 1 em liofilizador 0,425 a 0,300 -40 + 50 AL L 2 em liofilizador 0,300 a 0,210 -50 + 70 AL L 3 em liofilizador 0,210 a 0,149 -70 + 100 * Esses intervalos foram escolhidos conforme Larrauri (1999). Obtenção da isoterma Foram determinadas as medidas de área superficial específica, o volume de microporo e o diâmetro médio de poro usandose o equipamento Micromeritics Gemini 2375 V4.01. O método empregado foi o de adsorção de nitrogênio gasoso de alta pureza, utilizandose banho de nitrogênio líquido em condições criogênicas (T = -196°C). Determinação de parâmetros físicos do particulado Área superficial específica P 1 C 1 P Va .Po P Vm C Vm C Po (1) Sendo: Va o volume de gás adsorvido na pressão P; Po na pressão de vapor do gás, Vm o volume aparente da monocamada e C uma constante. De acordo com a equação 1 a curva de P/Va (Po-P) em função de P/Po resulta em uma linha reta, vista na Figura 1, cuja inclinação é obtida pela equação: s Ressalta-se que a área superficial específica multiponto foi calculada a partir da isoterma de adsorção pela teoria de BET (Brunauer, et al., 1938) descrita segundo Webb e Orr (1997) adotando a relação linearizada apresentada na equação: C 1 Vm C (2) e intersecção conforme a equação i 1 Vm C (3) s 1 Va (P o /P) -1 i P/Po Figura 1. Representação característica do método BET Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja O volume da monocamada de gás adsorvido Vm e a constante C de BET, são calculados pela inclinação e o da intersecção no intervalo de pressão relativa de 0,05 a 0,35: C ( 1 si 4) s 1 i 5) Vm ( S BET VmN A mVo sendo: σ é a área efetiva ocupada por uma molécula de adsorbato (1,6 x 10-20 m² para o nitrogênio); NA é o número de Avogadro (mol-1); m a massa de adsorbato (g) e Vo é o volume molar do gás a STP (cm³. mol-1). Volume e diâmetro de mesoporo O volume total de poro ou volume cumulativo (cm3.g-1) e o diâmetro médio do poro (Å) foram determinados a uma pressão relativa de 0,99. Distribuição de tamanho de poro Obteve-se a distribuição de tamanho de poro aplicando-se o método BJH (Barrett et al., 1951). Este método é baseado no modelo de condensação capilar desenvolvido por Cohan (1938), o qual oferece a existência de uma camada adsorvida na parede do poro preenchido com o adsorbato condensado e esvaziado. De acordo com Cohan, a espessura ΔVx ´ o volume de mesoporos vazios dado pela variação de pressão no estágio de dessorção, ΔVi o volume do líquido adsorvido, Ri o coeficiente adimensional expressando a transição do volume de líquido de adsorbato que evaporou dos poros (esvaziados) em certo estágio, para o volume de poro em que ocorreu a dessorção, Bi é o termo de correção que expressa a redução da camada de adsorção do líquido ainda presente no poro esvaziado durante o estágio anterior de dessorção. Os cálculos são feitos com base na isoterma de adsorção usando-se os seguintes dados: pressão relativa e volume de adsorbato correspondente e a espessura da camada adsorvida. De acordo com os autores do método, durante o primeiro estágio de dessorção a camada de adsorção é reduzida por ΔTi no poro vazio deste e de estágios anteriores. Esta consideração é justificada por ser o uso do coeficiente Ri e o termo de correção Bi. A fórmula pode, finalmente, ser descrita como: Vi Vi t i (rTi t i ) 2 x ri 2 sendo: ri o raio médio efetivo do poro esvaziado durante o i e j estágios de dessorção e adsorção, respectivamente; rTi a média Kelvin, no centro do raio do poro esvaziado durante o estágio i; Δti e txj a espessura da camada de adsorção que restou no poro; (7) Sendo; ( 6) da camada é dada pela temperatura em função da pressão relativa, não dependendo do raio do poro. Em todos os métodos baseados na condensação capilar o volume do poro esvaziado na mudança de pressão em certo estágio do processo de adsorção, é função da quantidade de adsorbato adsorvido naquele estágio e calculado como volume líquido, conforme a equação: V x Ri (vi Bi ) A área superficial específica, SBET (m².g¹), da amostra, é calculada por 261 Santana et al. j i 1 j 1 rj t j rj S x j (8) e Sx é a área superficial do poro esvaziado de adsorbato durante o processo de dessorção. No método BJH a superfície da camada adsorvida nos poros esvaziados durante estágios subsequentes de dessorção é o produto da área superficial do poro e da proporção da média de Kelvin (que relaciona a curvatura do menisco Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 266 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja em um poro cilíndrico em pressão relativa na qual a condensação ocorre) no centro do raio do poro esvaziado no estágio i. A superfície acumulativa, o volume e o diâmetro médio do poro são obtidos com base na isoterma de adsorção de 17 a 300Å. Microscopia eletrônica de varredura As microfotografias foram adquiridas pelo JSM 5900 LV, do Laboratório Nacional de Luz Sincrotron, Brasil, com voltagem de 15 kV, magnitude de 750x, diâmetro do feixe de 25mm e detector de imagem de elétron secundários. RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliação da isoterma Na Figura 1 se encontra a isoterma típica de adsorção de nitrogênio para as fibras de albedo de laranja. Curvas similares foram obtidas para outros materiais biológicos. A forma obtida para as curvas é característica de uma isoterma tipo II, de acordo com a classificação da IUPAC (Sing et al., 1985). Obtidas experimentalmente, isotermas do tipo II mostram, muitas vezes, uma porção linear. O ponto onde esta região começa foi chamado por BET como o ponto B e a extrapolação deste valor na ordenada fornece a capacidade da monocamada, isto é, este ponto indica o término da formação de uma monocamada completa de adsorbato sobre o adsorvente (I). As fases seguintes são de formação da multicamada (II) e condensação capilar (III). A isoterma tipo II tem, como característica, 2 pontos de inflexão, em que o primeiro é côncavo para o eixo P/Po, corresponde à adsorção em monocamada, isto é, revela que a monocamada foi preenchida. O volume adsorvido até o ponto B (ponto da primeira inflexão, mostrado na Figura 2) expressa uma estimativa da quantidade de adsorbato requerido para a cobertura da unidade de massa da superfície sólida com uma monocamada completa, o que representa a capacidade da monocamada. Com o aumento da pressão relativa mais camadas se vão depositando até a saturação, quando então o Santana et al. número de camadas pode ser considerado infinito. Se a curvatura no ponto B é brusca (raio de curvatura muito pequeno) vai aparecer, a seguir, uma região com tendência à linearidade, considerada a região de formação da multicamada. Após esta fase quase linear, surge o segundo joelho, convexo para o eixo P/Po, que indica a formação de uma camada adsorvida em que a espessura aumenta progressivamente, igual à pressão de vapor de saturação. Quando a camada adsorvida se torna um volume líquido ou sólido (condensação capilar) é provável haver um escoamento por condensação nos poros preenchidos com adsorbato líquido; isto ocorreu quando formou o capilar foi formado. Esse tipo de isoterma é obtido em materiais mesoporosos e macroporosos que permitem adsorção irrestrita de monocamada para acontecer a alta pressão relativa (Rouqueirol et al., 1999; Juszczak et al., 2002). O calor de adsorção desta camada, junto ao calor de condensação e as propriedades do adsorbato, são próximos àqueles do líquido. A condensação da substância adsorvida ocorre com pressões inferiores à pressão de saturação acima da superfície plana. Nos ensaios realizados para o albedo de laranja (Figura 2) submetido à secagem em leito fixo, as fases de formação da monocamada correspondem a 30% do volume total adsorvido e para a fibra liofilizada, aproximadamente 25% do total. Nas curvas obtidas para amidos, por Juszczak, Fortuna & Wodnicka (2000) este percentual foi de 14%; para a isoterma de fibra de laranja verifica-se que até o ponto B o volume adsorvido foi alto (aproximadamente 0,6 cm³.g-¹) quando comparado com os amidos, que foi de 0,1 cm³.g-¹, indicando que existem mais microporos na fibra alimentar de laranja do que no amido. O volume total adsorvido pela amostra liofilizada foi de 1,934, 1,961 e 1,445 cm³.g-¹ para os tamanhos 1, 2 e 3, respectivamente e os valores obtidos para amostras secadas em leito fixo de 0,690, 1,961 e 0,895 cm³.g-¹ também respectivos aos tamanhos. Cadden (1988) estudou isotermas de água em fibras alimentares e relata que elas são mais influenciadas pelo tipo de fibra do que mesmo pelo tamanho de partícula. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja Santana et al. 267 2,0 I III II volume adsorvido (cm³/g) 1,6 1,2 0,8 B ALS1 ALS2 ALS3 ALL1 ALL2 ALL3 0,4 0,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 pressão relativa Figura 2. Isotermas de adsorção de nitrogênio para fibra alimentar de laranja Pode-se observar que a fibra alimentar de laranja submetida à desidratação por liofilização, obteve maior adsorção de nitrogênio do que as fibras desidratadas em secadores em leito fixo devido às características do processo de desidratação que promove pouco dano à estrutura celular do material. Sing et al. (1985) afirmam que se o sólido não contém macroporos a isoterma permanece próxima à horizontal através da mudança de P/Po e o volume total de poro é bem definido. Na presença de macroporos a curva da isoterma sobe rapidamente, próximo de P/Po=1 e, se os macroporos são muito extensos, pode exibir uma subida essencialmente vertical. Área superficial específica (método BET), volume e diâmetro de mesoporos Os resultados de área superficial específica, volume de mesoporos e seu diâmetro médio obtido com base na porção linear da isoterma de adsorção, método BET, estão na Tabela 2. O volume de mesoporos é atribuído aos poros em cuja condensação capilar ocorreu P/Po abaixo de 0,30. Esses poros têm diâmetro geralmente menores que 1000 Å (Juszczak et al., 2001). Quanto aos intervalos granulométricos, os resultados mostraram que a superfície específica é inversamente proporcional a esse tamanho, o que assegura grande diferença na adsorção de diversas substâncias como água, óleo, etc. e nas reações, caso se adicionem partículas de fibra em alimentos. O conhecimento deste comportamento é indispensável nos cálculos e definições dos processos de engenharia. Tabela 2. Propriedades físicas dos poros da fibra alimentar do albedo de laranja submetida a liofilização e secagem em leito fixo separado por tamanhos de partículas. Amostra AL S 1 AL S 2 AL S 3 AL L 1 AL L 2 AL L 3 Área superficial específica S BET (m².g-1) 0,824 1,033 1,198 2,244 2,301 2,100 Volume de mesoporos (cm3.g-1) x10 ³ 0,9 1,1 1,4 3,0 3,0 2,2 Diâmetro médio de mesoporos (Å) 46,723 42,120 48,231 61,218 50,274 53,124 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 268 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja Comparando os métodos de secagem verifica-se que a fibra de laranja liofilizada apresentou maior área superficial específica. Este resultado está de acordo com a literatura sobre materiais liofilizados que garantem a preservação das propriedades originais do produto. Com exceção para a amostra AL L 3 que apresentou área superficial menor, sugerindo empacotamento de partículas, onde partículas menores podem ter se arranjado nos espaços vazios promovido fendas com dimensões dentro do limite de leitura do equipamento. É necessário ressaltar que a fibra alimentar de laranja é um material orgânico, sem forma geométrica definida. Segundo Svarovsky (1987) a forma da partícula afeta a interação entre sólido poroso e o gas, partículas como pós, flocos e materiais fibrosos apresentam certa obstrução do fluxo devido ao arranjamento de partículas que promovem maior área de contato entre partículas diminuindo, assim, a área superficial obtida com métodos de interação, como a adsorção de gás. É necessário considerar que o segundo e o terceiro estágios do processo de adsorção (formação da multicamada e condensação capilar) têm evidente dependência do tamanho da partícula e do nível de empacotamento. Segundo Rouqueirol et al. (1999) alguns estudos teóricos e experimentais têm sido desenvolvidos por pesquisadores nos últimos anos, visto que promovem diferentes níveis de empacotamento para esferas não-porosas com a finalidade de compreender as características físicas promovidas no leito. Avaliando o intervalo de menor tamanho de partícula (amostra AL L 3) cujo tamanho é de 0,210 a 0,149 mm, é uma faixa pequena com partículas de formas mais regulares promovendo arranjos complexos, o que proporciona maior área de contato entre partículas, resultando em uma baixa área superficial. Quanto a amostra desidratada em secador de leito fixo (AL S 3) não apresentou este comportamento devido à irregularidade na superfície provocada pelo encolhimento no processo de secagem. A área superficial da fibra alimentar de laranja submetida à secagem em leito fixo, apresenta valores próximos (0,82 a 1,19 cm².g¹) aos amidos estudados por Juszczak et al. (2002) que foram de 0,38 a 1,267 cm².g-1, enquanto a área superficial específica (SBET) da fibra liofilizada apresenta valores maiores de 2,24 a 1,65 cm².g-¹. Santana et al. Berlin et al. (1964) determinaram a área superficial de leite em pó obtido em diferentes métodos de secagem, pela teoria BET em isoterma de nitrogênio, encontrando valores de 0,10 a 0,64 cm³.g-¹; verifica-se que os valores encontrados para a fibra do albedo de laranja desidratada em leito fixo estão bem próximos e para a fibra liofilizada se encontram acima. A área superficial total da palha e de frações do grão de trigo para uso como fibra alimentar foi determinada por Chesson et al. (1997) que, usando o método de adsorção de gás encontraram, para internódio 3,3 cm².g-¹, totalidade do grão 0,7 cm².g-¹, grão moído 1,0 cm².g-¹, fração do farelo 1,1 cm².g-¹, fração aleurone 1,5 cm².g-¹ e, para a fração do endosperma, 1,6 cm².g-¹. Comparando esses valores, verifica-se que a fibra de laranja tem maior área superficial do que este cereal, com exceção do internódio do trigo. Comparando a SBET da mistura de maltodextrina com caseína sódio determinada por Schoonman et al. (2001) que encontraram um intervalo de 0,01 a 1,52 cm².g-¹, sendo este material de forma mais definida e constituída de menores partículas e de concordância com a literatura que estabelece que menores partículas possuem maior área superficial concluiu-se, enfim, que a fibra de albedo de laranja possui uma superfície maior devido às suas características de ‘folhedos’ e suas ondulações, como se visualiza nas microfotografias das Figuras 5 e 6. Comparando a mesma granulometria e diferentes métodos de secagem, verifica-se que a amostra liofilizada obteve mais que o dobro da área superficial da fibra secada em leito fixo. A determinação da área superficial da amostra com tamanho 3 (AL L 3) foi menor que a apresentada na literatura, onde a área superficial é considerada inversamente proporcional ao tamanho da partícula. Esses dados sugerem que as partículas podem estar na forma empacotada. Para a fibra alimentar do albedo de laranja submetida ao processo de secagem em leito fixo, a superfície específica apresentou-se diretamente proporcional ao volume de mesoporos, isto é, aumentou quando a área superficial também aumentou e se apresentou inversamente proporcional ao tamanho da partícula. O volume de mesoporos para fibra desidratada em liofilizador obteve relação inversamente proporcional à diminuição do tamanho de partícula sendo quase 3 vezes maior que os valores obtidos para amostra secada em leito fixo. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja Os valores obtidos para diâmetro médio de mesoporos revelaram ser menores que os amidos estudados por Juszczak et al. (2002) que encontraram 7,07 nm (70,7Å) para triticale. Ressalta-se que os pesquisadores não relatam o método de secagem ao qual foi submetido e que muito irá influenciar no diâmetro de poro. Área superficial (método BJH) volume e diâmetro de poro Os resultados de área superficial acumulativa, volume acumulativo de poros e diâmetro médio de poros de 17 a 300 Å, obtidos Santana et al. 269 pelo método BJH, são apresentados na Tabela 3. Devido às limitações na estrutura do poro da parede celular, a área superficial avaliada por gás nitrogênio é muito baixa. Em contraste, materiais altamente porosos, tais como catalisadores, têm área superficial no mínimo 2 ordens de magnitude maior que a parede celular vegetal. Nitrogênio tem uma molécula muito pequena que atravessa diretamente a parede celular intacta, formando a monocamada em toda a superfície e sua alta quantidade, o que promove uma boa medida de área superficial total (Chesson et al. 1997). Tabela 3. Características de poro pelo método BJH para fibra do albedo de laranja submetida à liofilização e secagem em leito fixo, separado por tamanho de partículas. Amostras AL S 1 AL S 2 AL S 3 AL L 1 AL L 2 AL L 3 Área superficial acumulativo de poros (m²/g) 0,506 0,603 0,681 1,235 1,605 1,120 Pelos dados de diâmetro de poros obtidos para fibra alimentar, não se verifica correlação com a área superficial não estando de acordo, com Lowell e Shields (1991). Também não foi possível estabelecer relação com o tamanho das partículas. Diâmetro de poros não tem relação com o granulometria; é um fator inerente ao material e influenciado pelo processamento, Isto pode ser melhor compreendido quando se visualizam as dimensões da partícula que estão na ordem de milímetros e os poros na ordem de angstrons. Os maiores valores de área superficial cumulativa, calculados pelo método BJH (Tabela 3) foram encontrados para fibra de albedo de laranja liofilizada mas ainda abaixo dos valores calculados pelo método BET (Tabela 2) embora para volume os poros se mantenham bem próximos. Pelo método BHJ (Tabela 3) observa-se que os valores da área superficial obtidos para fibra desidratada por liofilização se apresentam quase o dobro dos calculados para fibra secada em leito fixo. Considerações têm sido feitas sobre estrutura de poro quando se calculam resultados das medidas de isotermas. Todos os poros são considerados cilíndricos ou como uma série de Volume acumulativo de poros (cm³/g) x 10 ³ 0,689 0,759 1,026 1,812 2,422 1,322 Diâmetro médio de poros (Å) 69,04 51,07 67,43 87,37 66,97 67,71 cilindros com grande raio exposto para a superfície da parede celular. Como exemplo, poros que possuem um estrangulamento tipo gargalo, como garrafas, terão seu volume subestimado. Desde que a área superficial específica é relatada por tamanho de poro, se o poro for preenchido com pressão menor, a mudança de volume será assumida para relatar um tamanho diferente de poro enquanto a área superficial calculada será incorreta. Chesson et al. (1997) ressaltam que em materiais biológicos a forma do poro será sempre desviada da ideal. As curvas de volume acumulativo de poro versus diâmetro de poro para fibra alimentar de laranja, são mostradas na Figura 3. Essas curvas indicam que o maior número de poros com diâmetro abaixo de 125Å foi encontrado para fibra liofilizada com granulometria 2 e 3 (AL L 2 e 3) e os menores números de poros para fibra secada em leito fixo, com granulometria 1 e 2 (AL S 1 e 2). Para essas fibras encontrou-se uma área superficial menor significando que quanto menor o número de poros menor também será a área superficial. As diferenças entre os métodos de desidratação se apresentam grandes. As Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 270 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja amostras desidratadas em secadores de leito fixo obtiveram volume acumulativo entre 0,689 a 1,026 cm³.g-1 e as amostras liofilizadas, de 1,73 a 2,42 cm³.g-1. O volume de mesoporos para fibra alimentar de laranja se encontra entre 54 e 83%. Valores próximos foram verificados para fibra com tamanho de partícula menor (intervalos de 0,42 a 0,25mm) nos dois métodos de secagem; isto é justificado devido, possivelmente, ao arranjo das partículas (empacotamento) que Santana et al. formam poros maiores, isto é, área externa da partícula com menor volume total). A Figura 4 apresenta a curva de freqüência de poro ou distribuição de tamanho de poro para ( dV p / drp versus d p ). Observase que o grupo de poro entre 17 e 20 Å prevalece. O maior volume é observado para fibra do albedo da laranja liofilizada com tamanhos 2 e 3 (AL L 2 e 3) que se sobrepõem. volume acumulativo de poro (cm³/g) 3,0 ALS1 ALS2 ALS3 ALL1 ALL2 ALL3 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0 50 100 150 200 250 diâmetro de poro (Å) Figura 3. Distribuição de tamanho de poro para fibra alimentar de laranja. Comparando as curvas entre os métodos de secagem verifica-se que a AL S obteve menores valores de volume de poro do que AL L. O máximo valor alcançado foi de 1,93 cm³.g-1 para a amostra secada em leito fixo e 4,36 cm³/g para amostra liofilizada. volume de poro (cm³/g) 5 ALS1 ALS2 ALS3 ALL1 ALL2 ALL3 4 3 2 1 0 10 100 diâmetro de poro (Å) Figura 4. Distribuição de tamanho de poro para fibra alimentar de laranja Para a fibra secada em leito fixo (AL S 1 e 2) é possível verificar outro grupo de poro com volume considerável, que fica entre 20 e 30 Å de diâmetro. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja Para a fibra desidratada em liofilizador (AL L 2 e 3) o grupo que prevalece com aumento considerável de volume com relação ao método de secagem em leito fixo, é o de poros entre 17 e 20 Å. Pode-se concluir que o método de secagem promoveu modificações nos poros da fibra secada em leito fixo resultando em 2 grupos significativos de diâmetro de poros porém com/em número de volume menor. O volume adsorvido por AL L foi maior em diâmetro de poros menores. Analisando as imagens de microscopia eletrônica de varredura, Figuras 4 e 5, observase que a estrutura da fibra se caracteriza por poros irregulares com forma relativamente complexa. Na comparação entre as duas Santana et al. 271 amostras verifica-se que a fibra desidratada pelo método convencional em leito fixo apresenta muitos fragmentos e maior ondulação confirmando os dados obtidos na adsorção de nitrogênio. Quanto às amostras de fibras submetidas ao processo de secagem em liofilizador verifica-se que o aspecto é mais folheado e menos áspero e enrugado, facilitando a permeação do gás e levando a uma quantidade adsorvida maior. A ocorrência de perfurações ficou pouco evidenciada sinalizando que a deposição de gás ocorre nos poros os quais, por sua vez, se apresentam mais na forma de fendas do que cilíndrica. Figura 5. Microfotografia de fibra alimentar de albedo de laranja desidratada pelo método convencional com intervalo granulométrico de 0,425 a 0,300mm Figura 6. Microfotografia de fibra alimentar de albedo de laranja desidratada pelo método convencional com intervalo granulométrico de 0,300 a 0,210 mm CONCLUSÕES Os métodos de secagem e intervalos granulométricos da fibra promoveram diferenças consideráveis nos parâmetros estudados. Obtiveram-se, para a fibra secada em leito fixo, dois grupos de poro de volume substancial (17 a 20 Å e de 20 a 30 Å). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p.261-273, 2012 272 Área superficial e porosidade da fibra alimentar do albedo de laranja Para a fibra liofilizada apenas 1 grupo de poro (17 a 20 Å) mas com volume considerável adsorvido em relação à fibra secada pelo método convencional em leito fixo. Com base na primeira fase da isoterma de adsorção e se considerando o volume adsorvido, pode-se afirmar que existem microporos na fibra. A área superficial específica foi maior para fibras liofilizadas e, em geral, foi inversamente proporcional ao tamanho da partícula. Os valores de S (obtidos pelo método BET) foram maiores que os obtidos pelo método BJH. A análise de imagem revelou um material folheado, ondulado e perfurado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abecitrus. Associação Brasileira de Produtores de Citrus. A laranja www.abecitrus.com. br/subprobr.html. Consultado em 15/01/2004. Barret, E.P.; Joyner, L.G.; Halenda, P.P. The determination of pore volume and area distribuitions in porous substances. I. Computations from nitrogen isothermas. Journal of the American Chemical Society, 73: 373-379, 1951. Berlin, E.; Howard, N.M.; Pallansch, M.J. Surface surface areas of milk powders produced by different drying methods. 1964. Bezerra, C.V.; Amante, E.R.; Oliveira, D.C.; Rodrigues, A.M.C.; Silva, L. H.M. Green banana (Musa cavendishii) flour obtained in spouted bed – Effect of drying on physicochemical, functional and morphological characteristics of the starch. Industrial Crops & Products, 2013, v.41, p.241-249. Brunauer, S.; Emmett, P.H.; Taylor, E. 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