FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DE CAMPOS GERAIS CURSO DE ENFERMAGEM BACHARELADO ROBERTA APARECIDA GOMES ROSILENE VITOR WÂNICA APARECIDA DA LUZ Sexualidade e DSTs na adolescência Campos Gerais 2010 ROBERTA APARECIDA GOMES ROSILENE VITOR WÂNICA APARECIDA DA LUZ Sexualidade e DSTs na adolescência Monografia (trabalho de conclusão de curso) apresentada à disciplina de Seminários e Pesquisas do Curso de Enfermagem Bacharelado da Faculdade de Ciências da Saúde de Campos Gerais como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª. Ms. Maria Flávia Helena Pereira Campos Gerais 2010 Ficha catalográfica Elaborada pela bibliotecária Ângela Cristina Pereira Caiafa CRB: 2422 G78 Gomes, Roberta Aparecida Sexualidade e DSTs na adolescência. Roberta Aparecida Gomes./Rosiline Vitor./Wânica Aparecida da Luz. Campos Gerais: FACICA, 2010 54f. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação)Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais, Curso de Enfermagem. Orientadora: Flávia Helena Pereira 1.Sexualidade 2.DST’s’.3.Adolescência CDD: 614 Sexualidade e DSTs na adolescência ROBERTA APARECIDA GOMES ROSILENE VITOR WÂNICA APARECIDA DA LUZ Orientadora: Profª Ms. Maria Flávia Helena Pereira Monografia (trabalho de conclusão de curso) apresentada à disciplina de Seminários e Pesquisas do Curso de Enfermagem Bacharelado da Faculdade de Ciências da Saúde de Campos Gerais como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Aprovada em: ___/___/_______. Banca Examinadora Profª. Ms. Maria Flávia Helena Pereira- Orientadora Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais - FACICA Profª. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais - FACICA Prof. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais - FACICA Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria possível e não estaríamos aqui reunidos, desfrutando, juntos, destes momentos que nos são tão importantes. Aos nossos pais; pelo esforço, dedicação e compreensão, em todos os momentos desta e de outras caminhadas. Aos nossos colegas de sala pelos momentos de aprendizagem constante e pela amizade solidificada, ao longo deste curso que, certamente se eternizará. Aos professores, pela contribuição, dentro de suas áreas e principalmente pela dedicação e empenho que demonstraram no decorrer de suas atividades para com o grupo. A nossa Orientadora pelo incentivo, simpatia e presteza no auxílio às atividades e discussões sobre o andamento e normatização desta Monografia de Conclusão de Curso. Durante este trabalho... As dificuldades não foram poucas... Os desafios foram muitos... Os obstáculos, muitas vezes, pareciam intransponíveis. Muitas vezes nos sentimos só, e, assim, o estivemos... O desânimo quis contagiar, porém, a garra e a tenacidade foram mais fortes, sobrepondo esse sentimento, fazendo-nos seguir a caminhada, apesar da sinuosidade do caminho. Agora, ao olharmos para trás, a sensação do dever cumprido se faz presente e podemos constatar que as noites de sono perdidas, as viagens e visitas realizadas; o cansaço dos encontros, os longos tempos de leitura, digitação, discussão; a ansiedade em querer fazer e a angústia de muitas vezes não o conseguir, por problemas estruturais; não foram em vão. Aqui estamos, como sobreviventes de uma longa batalha, porém, muito mais fortes e hábeis, com coragem suficiente para mudar a nossa postura, apesar de todos os percalços... Como dizia Antoine Saint Exupèry em sua obra prima “O Pequeno Príncipe”: “Foi o tempo que perdeste com a tua rosa, que fez a tua rosa tão importante.” Agradecimentos Agradeço a Deus, autor e senhor da minha vida. A minha mãe Maria de Lourdes por me proporcionar a oportunidade da realização do curso, pelo amor incondicional. A vocês meus pais que se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos, para que muitas vezes pudessem realizar os meus. A minha irmã e companheira de todas as horas, Elisângela, por toda determinação e apoio, me auxiliando em todas as necessidades, à Sofia, vitoriosa que antes de ter nascido contribuiu para que eu não desistisse da faculdade. Ao meu cunhado Wellington, que quando tudo parecia estar perdido, me resgatou e não deixou que o medo e as inseguranças fizessem com que eu desistisse da graduação. A todos os sobrinhos e em especial ao Lucas, Diego e Sofia que cresceram em meus braços e sentem falta do meu carinho, amor e presença. A minha madrinha Leonor e padrinho Pedro Vilani por me espiarem desde os meus primeiros anos de vida, à minha afilhada Carla Maria por ser uma das razões dessa conquista. Aos meus irmãos que mesmo de maneira indireta contribuiram para aumentar as minhas forças. A minha amiga Cleide de Fátima "in mémoria" pelos conselhos sábios As minhas amigas e companheiras Wânica e Rosilene pela preocupação, por partilhar noites mal dormidas em constante tensão, por dividirmos os medos e incertezas e a Katielly por sempre me receber bem em sua casa. Ao meu noivo e eterno amor, André, por ser minha segurança, pelo carinho, estímulo, apoio e dedicação, pela confiança e por compreender-me pelas inúmeras ausências. Aos funcionários do HSVP, supervisores e pacientes por confiar no meu dom de prestar cuidados. Aos professores Emanuel, Ligia e Noé pela motivação, apoio e sábios conselhos. Aos colegas de estágio e a nossa supervisora Flávia Helena por ser dona de vastos conhecimentos e estar sempre pronta para transmití-los. À todos vocês meu muito obrigado, a sua presença tornou mais amena a minha jornada! Roberta Aparecida Gomes Agradeço primeiramente a Deus pela vitória de alcançar meus objetivos e conquistar meus sonhos. A minha mãe Ana Maria Vitor e meu pai Jair Homero Vitor pelo apoio, dedicação, confiança e acolhida nessa trajetória da minha vida. A minha filha Katielly pela compreensão e entendimento, pela minha falta de carinho, que não dar durante a minha jornada. Aos meus irmãos Rosinei e Ronaldo pelo apoio e incentivo para a conclusão do curso. Rosilene Vitor Agradeço primeiramente a Deus por guiar meus passos e ser minha esperança nas horas mais difíceis durante a minha caminhada. A minha mãe Valquíria, meu pai João e minha irmã Weila que sempre sorriram comigo nas horas alegres e nas horas mais tristes abriram os braços e me a acolheram com amor e carinho, sempre dando certeza que um dia venceria e esse dia chegou. Obrigado família!!!!!!!! Ao meu namorado, amigo, companheiro de todas as horas, Paulo, que me deu toda força e incentivo para minha conquista. Paulo a DADA te ama!!!!!!! Aos meus avós que me apoiaram e que sempre me incentivou para conquistar meus sonhos. A minha avó Maria que está guiando meus passos de onde ela estiver. Aos meus tios, tias, primos e primas o meu muito obrigado por acreditarem e apoiarem o meu sonho que se tornou realidade. As minhas colegas de estagio, Selma, Krishana e Roberta por dividirem comigo seus saberes e pelo companheirismo. A minha amiga e companheira Roberta que durante essa jornada compartilhou comigo as alegrias e tristezas e que juntos venceram. Valeu amiga. Aos funcionários do HSVP e ao supervisor Gustavo Henrique, pelo apoio e confiança, dedicação e acolhida nessa trajetória de minha vida.Aos pacientes pela confiança, simplicidade, respeito e cooperação nas horas mais difíceis de suas vidas. Obrigado pela confiança. Wânica Aparecida da Luz “Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha”. Fernando Pessoa RESUMO GOMES, Roberta Aparecida; ROSILENE, Vitor; LUZ, Wânica Aparecida da. Sexualidade e DST’s na adolescência. Orientadora: Profa. Maria Flávia Helena Pereira. Campos Gerais: Faculdade de Enfermagem/FACICA, 2010. Monografia (Conclusão de Curso). 50 fls. Atualmente, tendo-se em vista a melhor aceitação do tema da sexualidade, atualmente, assim como da gravidez na adolescência, os tabus, as inibições e estigmas estão diminuindo. Há que se ter cuidado com o exercício da sexualidade na adolescência que pode vir a se tornar uma das vivências de risco, com possibilidade de ter como resultado a gravidez precoce, o aborto, as DSTs/AIDS, levando, frequentemente, à interrupção do projeto de vida ou até da própria vida. Tendo em vista a temática da sexualidade na adolescência o objetivo deste estudo foi conhecer aspectos da sexualidade na adolescência e qual a sua relação com as DSTs. Quanto aos fins, esta pesquisa é exploratória e descritiva. Exploratória porque, são muitos os estudos que abordam a questão sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis na adolescência. Descritiva, porque visa descrever percepções, expectativas e sugestões dos autores pesquisadores no tocante aos métodos de prevenção de DSTs na adolescência. Esta pesquisa tem caráter qualitativo na medida em que, trabalha somente com conceituações, características, concepções que outros autores têm a respeito da sexualidade na adolescência. Muitos são os fatores considerados como determinar para propiciar o aumento da vulnerabilidade dos adolescentes às DSTs, dentre eles podemos destacar os fatores biológicos, os fatores psíquicos e os fatores sociais. Torna-se evidente a necessidade da adoção de programas de prevenção de DSTs na adolescência no âmbito da atenção básica. Uma das propostas mais imediatas nas Equipes de Saúde da Família refere-se à realização de atividades de educação sexual, através de palestras, orientações individuais por toda equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF), discussões em grupo, procurando sanar as dúvidas do público alvo sobre as implicações das DSTs e interferências na manutenção da saúde sexual e reprodutiva das adolescentes. Palavras-chave: Sexualidade. Adolescência. Doenças Sexualmente Transmissíveis. Gravidez. ABSTRACT GOMES, Roberta Aparecida; ROSILENE, Vitor; LUZ, Wânica Aparecida da. Sexuality and STDs in teens. Advisor: Orientadora: Profa. Maria Flávia Helena Pereira. Campos Gerais: School of Nursing / FACICA, 2010. Monograph (Completion of course). 50 fls. Today, keeping in view the best theme of acceptance of sexuality today, as well as teenage pregnancy, taboos, inhibitions and stigmas are diminishing. We must be careful with the exercise of sexuality in adolescence that may become one of the experiences of risk with the possibility of having as a result teenage pregnancy, abortion, STDs / AIDS, leading often to the interruption of project of life or even life itself. Given the theme of sexuality in adolescence the aim of this study was to explore aspects of adolescent sexuality and what is its relationship with STDs. About the purposes, this research is exploratory and descriptive. Exploratory because there are many studies that discuss sexuality and sexually transmitted diseases in adolescence. Descriptive, because it aims to describe perceptions, expectations and suggestions of the authors research for methods of STD prevention in adolescence. This research is qualitative in that it works only with concepts, features, concepts that other authors have about sexuality in adolescence. Many factors are considered to be determined to provide the increased vulnerability of adolescents to STIs, among them we can highlight the biological, psychological factors and social factors. It becomes evident the need to adoption of programs for prevention STDs in adolescents within primary care. One of the more immediate proposals Teams for Family Health refers to the conduct of education activities sexual, through lectures, individual guidance to all personnel at the Family Health Strategy (FHS), group discussions, seeking to remedy the doubts of the audience on the implications of STDs and interference in the maintenance of sexual and reproductive health of adolescents. Key-words: Sexuality. Adolescence. Sexually Transmitted Diseases. Pregnancy. LISTA DE ABREVIATURAS AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida DIU – Dispositivo Intra Uterino DSTs – Doenças Sexualmente Transmissíveis HIV – Vírus da Imunodeficiência Adquirida HPV – Papilomavírus Humano OMS – Organização Mundial de Saúde SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 12 2 OBJETIVOS ............................................................................................................14 2.1 Objetivo Geral ........................................................................................ .............14 2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ ..14 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................. 15 3.1 Sexualidade na adolescência...............................................................................15 3.1.1 Idade média do início da atividade sexual entre jovens no Brasil.....................21 3.1.2 Impacto individual e coletivo do início precoce da atividade sexual e a relação com câncer de colo uterino ....................................................................................... 24 3.2 Características especiais da contracepção na adolescência................................27 3.3 Métodos anticoncepcionais na adolescência e a questão da Educação Sexual..32 4 PERCURSO METODOLÓGICO..............................................................................39 4.1 Caracterização do estudo.................................................................................... 39 4.2 Cenário local ....................................................................................................... 40 4.3 Delimitação do campo de coleta ......................................................................... 40 4.4 Critérios para seleção dos sujeitos/amostra........................................................ 41 4.4.1 Critérios de inclusão ......................................................................................... 41 4.4.2 Critérios de exclusão ........................................................................................ 41 4.5 Coleta de dados .................................................................................................. 41 4.5.1 Técnicas de pesquisa....................................................................................... 41 4.5.2 Instrumento de coleta ....................................................................................... 42 4.6 Análise dos dados ............................................................................................... 42 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................43 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 48 12 1 INTRODUÇÃO De acordo com os ensinamentos de Içami Tiba (1986), a adolescência é uma das etapas em que o ser humano sofre as maiores modificações no seu processo vital. Convencionou-se estipular uma idade cronológica para a adolescência um limite de12 a 21 anos para as meninas e de 13 a 22 anos para os meninos. Neste período a qualidade da sensação afetiva e sexual se modifica, ou seja, o corpo cresce, surgem novas funções e a mente se desenvolve. É nesta fase que o adolescente tem mais necessidade de se relacionar socialmente através da sua criatividade, promovendo encontros. É nesta fase em que a sexualidade se aflora. Atualmente, tendo-se em vista a melhor aceitação do tema da sexualidade, atualmente, assim como da gravidez na adolescência, os tabus, as inibições e estigmas estão diminuindo. De acordo com Saito, (2003) há que se ter cuidado com o exercício da sexualidade na adolescência que pode vir a se tornar uma das vivências de risco, com possibilidade de ter como resultado a gravidez precoce, o aborto, as DSTs/AIDS, levando, frequentemente, à interrupção do projeto de vida ou até da própria vida. De acordo com o estudo de Bié, Diógenes e Moura (2006), a atividade sexual nos últimos tempos, na adolescência, tem iniciado cada vez mais cedo; o tempo aproximado entre o início das relações sexuais de uma jovem e a busca por um serviço de saúde para orientação anticoncepcional é de cerca de 12 meses. E muitos vezes isto não acontece. Enfatiza-se que, geralmente, estas ações não são planejadas, resultando em agravos à saúde dos adolescentes e de seus conceitos. Isto justifica a necessidade de se preocupar com a dupla proteção, quando do exercício da atividade sexual e leva a diversos questionamentos, tais como: será que os adolescentes têm conhecimento limitado sobre as formas seguras de prevenir DSTs e gravidez, além de desconhecerem os aspectos importantes sobre as manifestações da sexualidade? Estariam os jovens desinteressados em buscar esclarecimento sobre tais assuntos? Acreditamos que a desinformação sobre os métodos anticoncepcionais entre os jovens pode contribuir para a aquisição de DSTs, como também para o aumento de gravidezes, acarretando muitas complicações, que recairão não somente sobre 13 os adolescentes, mas especialmente sobre a mulher, bem como sobre a criança, a família e a sociedade. É inegável que a sexualidade tem um papel fundamental na aquisição da auto-estima, na solidificação da personalidade e no respeito pelo próximo; bem como no crescimento e desenvolvimento do adolescente, sendo por isso a sua orientação uma medida não só necessária, como também, imperativa na obtenção de uma adolescência mais harmoniosa, responsável e segura. O exercício da sexualidade é um direito do ser humano, e os adolescentes, ao optarem por exercê-la, devem ser conscientizados das implicações de uma gravidez não planejada, pois a maternidade e a paternidade não envolvem somente a capacidade física para exercê-las, mas, sim, o momento de auto-avaliação, considerando o encaixe dessas funções dentro do projeto de vida de cada um. Todavia, é necessário que se ofereça espaço para que o jovem possa expor suas dúvidas. O diálogo aberto sobre sexualidade, seja no lar, na escola, nas instituições de saúde, pode contribuir significativamente para a diminuição da ansiedade dos jovens em relação à descoberta da sexualidade, adiando, muitas vezes, o início de suas atividades sexuais. Neste sentido, a compreensão da sexualidade na adolescência é imprescindível para o estudo e análise de alguns fenômenos, tais como: gravidez na adolescência, aborto, prostituição, transmissão de doenças infecto-contagiosas. Para abordar assuntos que muitas vezes são considerados polêmicos, são necessárias informações e orientações adequadas, livres de discriminação e preconceitos. A participação da comunidade, especialmente dos professores e pais, é relevante para evitar que os jovens recebam informações discordantes e conflitantes, especialmente mensagens de censura moral e social, provenientes de distintos segmentos da sociedade. O papel do profissional de saúde e/ou educador não é estimular a iniciação da atividade sexual, mas “(...) promover o conhecimento de medidas preventivas para o autocuidado e propiciar maior conscientização da importância da saúde sexual e reprodutiva” (COSTA et al., 2001). 14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral - Conhecer aspectos da sexualidade na adolescência e qual a sua relação com as DSTs. 2.2 Objetivos Específicos - Descrever as ações dos profissionais da enfermagem em relação aos fenômenos que ocorrem com mais freqüência na adolescência como: gravidez, aborto e doenças sexualmente transmissíveis. - Identificar as possíveis causas que levaram as adolescentes a engravidar; - Avaliar até que ponto a orientação/educação sexual na adolescência é promotora de valores e princípios que possam moldar as gerações futuras para uma postura mais confiante, positiva, segura, como também, mais ativa e participante. 15 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Sexualidade na adolescência A adolescência é uma fase de transição entre a infância e a idade adulta, fase que se inicia pela puberdade, ocasião em que as transformações fisiológicas e morfológicas começam a impor-se fortemente, afetando, sem dúvida alguma, o desenvolvimento da personalidade. É na fase da adolescência que o indivíduo procura a sua maturidade conquistando a sua própria e total autonomia (FREITAS, 2003). Segundo Halbe (2000), a adolescência como um período de vida humana com base no aparecimento inicial das características sexuais secundárias para a maturidade sexual, pelo desenvolvimento de processos psicológicos e padrões de identificação que envolve da fase infantil para adulta. A adolescência é a época da afirmação social da identidade e da consolidação da orientação sexual. A adolescência é marcada pelas lutas do indivíduo consigo mesmo, pelas contradições de atitudes, porque o indivíduo se acha como que procurando uma diretriz, uma definição em face da vida que tem pela frente; numa palavra, o adolescente se procura a si mesmo (FREITAS, 2003). A adolescência, por sua vez, é uma atitude cultural. Adolescência é uma atitude ou postura do ser humano durante uma fase de seu desenvolvimento, que deve refletir as expectativas da sociedade sobre as características deste grupo. A adolescência, portanto, é um papel social. E esse papel social de adolescente, parece sempre ter sido simultâneo à puberdade (BUENO, 2010). A concepção vigente na psicologia sobre adolescência está fortemente ligada a estereótipos e estigmas, desde que foi identificada como uma etapa marcada por tormentos e conturbações vinculadas à emergência da sexualidade. Essa concepção foi reforçada por algumas abordagens psicanalistas que a caracterizaram como uma etapa de confusões, estresse e luto também causados pelos impulsos sexuais que emergem nessa fase do desenvolvimento (SANTOS, 2006). 16 A adolescência implica num período de mudanças físicas e emocionais considerado, um momento conflitivo ou de crise. Não podemos descrever a adolescência como simples adaptação às transformações corporais, mas como um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o grupo (BUENO, 2010). No início da adolescência, a ambivalência do jovem deriva em parte da ambigüidade ligada a seu próprio corpo, como se ele não estivesse bem certo se deveria agir como criança ou como adulto. Por outro lado, esta dificuldade é reforçada pelos próprios pais, que também se mostram inseguros com relação à posição do adolescente dentro do próprio desenvolvimento (BRASIL, 2000). A puberdade inaugura biologicamente a adolescência. O desenvolvimento dos caracteres sexuais primários e secundários e o notável crescimento somático pressagiam o destino do corpo infantil em sua inevitável mudança. As mudanças físicas ocorrem devido ao aumento da produção hormonal neste período. Essas alterações hormonais e as eventuais incapacidades ou relutâncias em adaptar-se às alterações físicas contribuem também para alguns estados de depressão, característicos dos adolescentes. Alternadamente, se observam períodos de intensa energia física, entusiasmo e inquietação sem limites (SANTOS, 2006). Portanto, a puberdade é marcada por significativas mudanças biológicas e psicossociais. As mudanças biológicas, do ponto de vista cultural é a transformação do estado não reprodutivo ao reprodutivo (BUENO, 2010). Na mulher, observa-se alargamento dos quadris e maior deposição de gordura, aparecimento de pelos pubianos e axilares, desenvolvimento mamário, menarca e início dos ciclos ovulatórios, com conseqüente capacidade reprodutiva. Mas a puberdade, não proporciona apenas mudanças físicas, mas, sobretudo, psicológicas. As alterações hormonais despertam a sensibilidade sexual e, conseqüentemente, é neste período que muitos adolescentes começam esporadicamente a ter relações sexuais (BUENO, 2010). Com o início das relações sexuais, momentos de incerteza, ansiedade, insegurança, isolamento, transtornos de vínculos afetivos, consolidação da autoimagem e auto-estima, amadurecimento emocional e mental, questionamento sobre imposições, regras, valores, identidade, conflitos familiares, emocionais e sociais, com preocupação quanto à formação de grupos de amigos (LIRA; DIMENSTEIN, 2004). 17 A imagem corporal que os adolescentes projetam em seus desenhos da figura humana revela suas dificuldades em aceitar suas transformações, em conviver com uma sexualidade que ameaça sua integridade pessoal, além de mostrar os sentimentos conscientes e inconscientes em relação ao próprio corpo (GOMES, 2002). A idade média em que os adolescentes vêm entrando no processo de puberdade tem diminuído consideravelmente, atingindo seu limite inferior (BORUCHOVITCH, 2004). A puberdade feminina se inicia, em geral, entre 11 e 14 anos, variando esse período de pessoa para pessoa. Em geral, a puberdade tem inicio com a primeira menstruação (menarca), que coincide com o surgimento de uma série de transformações do corpo que já se vinham manifestando na fase conhecida como pré-puberal. Consensual que a idade em que uma mulher atinge a puberdade é bastante variável e influenciada por fatores pessoais e ambientais. Não é incomum a puberdade começar um pouco mais cedo ou um pouco mais tarde que a média e entre os muitos fatores de influência, se inclui a hereditariedade, o grupo étnico, o tipo do corpo, nutrição, estilo de vida, toxinas ambientais, etc. (BUENO, 2010). O entrar na puberdade, mais cedo, geralmente acarreta um amadurecimento biológico que não necessariamente coincide com o amadurecimento cognitivo e emocional, o que se constitui, portanto, fator de risco para uma iniciação sexual prematura e suas negativas conseqüências. Adolescentes do sexo feminino, que entram na puberdade mais cedo do que a média, apresentam tendência maior a ter experiências sexuais precoces (FIGUEIREDO, 2002). Atualmente temos visto, cada vez mais precocemente, crianças que assumem o papel social de adolescentes e estes, por sua vez, cada vez mais precocemente, assumem o papel social de adultos. E dando asas à imaginação, parece, salvo melhor juízo, que essa adolescência precoce tem arrastado consigo a puberdade precoce, principalmente a feminina, com meninas de 9-10 anos menstruando e desenvolvendo seios (HALBE, 2000). Os adolescentes que atingem a puberdade precocemente são mais vulneráveis ao engajamento prematuro, em atividades sexuais. A iniciação sexual precoce é geralmente associada a vários agravos a saúde da adolescente. (BORUCHOVITCH, 2004). 18 As modificações biológicas são importantes, mas o desenvolvimento psicológico dos adolescentes é mais determinado pelo ambiente sócio-cultural em que vivem. No Brasil, a adolescência possui diferentes configurações, pois depende da classe social em que está inserida, sendo que aproximadamente 70 milhões de adolescentes com menos de 18 anos pertencem às classes de renda mais baixa, e, portanto, enfrentam maiores dificuldades psicossociais nessa fase da vida (BUENO, 2006). O final da puberdade determina a prontidão para a capacidade reprodutiva, com o aparecimento da menarca, que marca o estágio do amadurecido uterino, mas não significa que a adolescente tenha atingido o grau máximo de função reprodutiva (FREITAS, 2003). Uma gravidez na adolescência provocaria mudanças maiores ainda na transformação que já vinha ocorrendo de forma natural. Neste caso, muitas vezes a adolescente precisaria de um importante apoio do mundo adulto para saber lidar com esta nova situação (HALBE, 2000). A vida sexual de todas as pessoas é constituída de etapas, marcadas por acontecimentos que indicam o início e o término de mudanças significativas. Para a mulher, essas etapas são especialmente assinaladas por transformações orgânicas. A menarca (primeira menstruação), a primeira relação sexual, a primeira gravidez e a ultima menstruação (pubarca) evidenciam mudanças significativas que podem ser fontes de conflitos,ansiedades e inseguranças (GOMES, 2002). Assim sendo, já não podemos explicar a adolescência apenas como sendo fruto da interferência do biológico humano (puberdade) no papel social da pessoa, mas, muito pelo contrário, vamos acabar tendo que explicar a puberdade precoce de nossas crianças como sendo a interferência do panorama social no biológico humano (SANTOS, 2006). Os adolescentes em geral enfocam o presente e não se preocupam em planejar seus atos, nem com as repercussões destes. Existe o pensamento mágico onde eles não se acham em risco para nada, se vêem invulneráveis para os perigos potenciais da atividade sexual, como a gravidez precoce e as doenças sexualmente transmissíveis (HALBE, 2000). Saito (2003) afirma que o exercício da sexualidade se apóia em três vertentes mais relevantes: a histórica, a cultural e a de cunho social. Em concordância com este autor, Bié, Diógenes, Moura (2006), diz que: 19 Dentro da proposta histórica, a visão da sexualidade no tempo ajuda a entendê-la, não como proposta individual, mas sim vinculada a relações de poder de ordem político-econômica, cultural, social, religiosa, moral, ética, subordinando o comportamento sexual do indivíduo a valores e instituições que envolvem, de forma dinâmica, cada época e que podem ser, sob múltiplos aspectos, transpostos para os dias de hoje (BIÉ; DIÓGENES; MOURA, 2006 p.36). De maneira geral, até hoje a inserção social influência os critérios, levando a julgamentos diferentes diante do mesmo fato. Exemplo claro dessa prática pode ser apreciado diante da ocorrência da gravidez em adolescentes de níveis sócioeconômicos diversos: o movimento é de espanto e revolta quando da ocorrência do evento nas classes mais favorecidas e de conformação e até de fatalidade nas menos favorecidas, com tantos modelos idênticos na mesma família ou agrupamento social. “A cultura engloba os aspectos cognitivos, crenças, mitos, tabus, rituais, símbolos e valores que vão produzir determinadas influências, convertendo determinado aspecto em algo aceitável ou não” (ROCHA, 2002, p.48). A sexualidade está presente na vida de todas as pessoas desde a fase intrauterina e não termina senão com a morte. As manifestações da sexualidade, porém, vão-se modificando ao longo da vida do indivíduo, acompanhando as etapas de seu desenvolvimento. Antes dos estudos realizados por Freud, pensava-se que a sexualidade só se manifestava na puberdade. Freud demonstrou que a criança é um ser sexuado, embora as manifestações da sexualidade infantil sejam diferentes das do adulto. Quando toca seus genitais, a criança não tem o mesmo tipo de sensação que o adulto, nem atribui a esse toque o mesmo significado. Ela se manipula para conhecer o corpo e pelo prazer que esse tocar lhe proporciona. Na adolescência e na idade adulta, a sexualidade genitaliza-se. É o apelo da natureza à função reprodutiva, forma de conservação da espécie. Na velhice, quando o indivíduo já foi liberado da atividade procriativa, a sexualidade volta a ser menos genitalizada, mais difusa, privilegiando a sexualidade e carícia (FREITAS, 2003). Na adolescência, com a maturação do sistema reprodutor, as manifestações da sexualidade ganham caráter genitalizada e os jovens começam a experimentar as respostas sexuais do indivíduo adulto. Do ponto de vista psíquico,os adolescentes revivem todos ao conflitos porque passaram desde a primeira infância 20 e têm oportunidade de reelaborar as identificações feitas nas fases anteriores (BUENO, 2010) O comportamento sexual do adolescente é um produto de fatores culturais presentes no ambiente que cada vez mais erotiza as relações sociais. Assim podese entender melhor o comportamento sexual do adolescente que muita das vezes comporta-se por imitação e não pela modelação, o que resulta em conseqüências reforçadoras como a gravidez na adolescência (LIRA; DIMENSTEIN, 2004). Os papéis sexuais estão mais na dependência de padrões culturais e são os conjuntos de comportamento e condutas esperadas do indivíduo, conforme seu gênero. Esses papéis modificam de acordo com a época, local, e grupo (HALBE, 2000). Assim, o comportamento sexual do adolescente pode ser visto como sendo mais um produto de contingências ambientais do que meramente um efeito derivado de mudanças hormonais, pois é no ambiente que se podem encontrar as condições que favoreçam a sua manifestação (BUENO, 2010). O comportamento sexual do adolescente é classificado de acordo com o grau de seriedade. Vai desde o "ficar" até o namorar. "Ficar" é um tipo de relacionamento íntimo sem compromisso de fidelidade entre os parceiros. Num ambiente social (festa, barzinho, boate) dois jovens sentem-se atraídos, dançam conversam e resolvem ficar juntos aquela noite. Nessa relação podem acontecer beijos, abraços, colar de corpos e até uma relação sexual completa, desde que ambos queiram. (BUENO, 2010). O adolescente, impulsionado pela força de seus instintos, juntamente com a necessidade de provar a si mesmo sua virilidade e sua independente determinação em conquistar outra pessoa do sexo oposto, contraria com facilidade as normas tradicionais da sociedade e os aconselhamentos familiares e começa, avidamente, o exercício de sua sexualidade (SANTOS, 2006). Apesar de todo desenvolvimento sociocultural e tecnológico ocorrido no século XX, informações relacionadas aos aspectos de crescimento e desenvolvimento biopsicossocial e sexual, tão necessárias à construção da identidade psicossocial, não têm alcançado de forma ampla e adequada a maior parte dos adolescentes, ocasionando entre estes altos índices de desinformação sobre diferentes aspectos (FIGUEIREDO, 2002). 21 3.1.1 Idade média do início da atividade sexual entre jovens no Brasil A atividade sexual, na adolescência, tem seu início em idade cada vez mais precoce; o tempo aproximado entre o início das relações sexuais de uma jovem e a busca por um serviço de saúde para orientação anticoncepcional é de cerca de 12 meses. Aproximadamente, metade das gestações na adolescência ocorre nos primeiros seis meses, após a adolescente tornar-se sexualmente ativa, e um quinto destas ocorrem no primeiro mês do contato sexual. “Ressalta-se que, geralmente, estas não são planejadas, resultando em agravos à saúde dos adolescentes e de seus conceitos” (BIÉ; DIÓGENES; MOURA, 2006, p.19) De acordo com estes autores, a família aparece como importante agente na construção do comportamento, pois é onde eclode inicialmente a cultura do “azul e do rosa”, determinando atitudes e papeis sociais que diferenciam meninos e meninas, homens e mulheres: “a mulher é frágil por natureza”, “o homem é dominador”, “a virgindade é sinal de pureza”, “meninos não choram”, “meninos não brincam com bonecas”... Taquete et al. (2001) salientaram que, do ponto de vista social a influência grupal, o nível econômico, a violência em seus vários contextos, estão relacionados à atividade sexual precoce, ao número de parceiros e ao nível de proteção às DSTs. A atividade sexual precoce não é um fenômeno isolado, ela freqüentemente ocorre no contexto em que há envolvimento com drogas ou álcool e às vezes comportamento delinqüente. Outros fatores que contribuem com a vulnerabilidade do adolescente às DSTs são a baixa escolaridade e a influência da mídia. No Brasil, apesar do crescimento econômico ocorrido nas últimas décadas, persistem elevados níveis de desigualdade social. Esta injustiça social reflete-se em profunda desigualdade de oportunidades de educação. As questões culturais, a vergonha e o preconceito acarretam dificuldades no diálogo entre pais e filhos sobre sexualidade, e os pais, diante desses aspectos, condensam suas orientações em recados dados de maneira indireta, dificultando, assim, a compreensão destes pelos filhos (SOUSA, 2005, p.15). A baixa auto-estima é citada por Taquete et al. (2001) como incentivadora da sexualidade precoce, que pode resultar em gravidez ou DSTs. Os autores mostram 22 que a auto-estima é importante para a manutenção da saúde mental, para o controle dos sentimentos, da capacidade de se relacionar com a família, professores e com os amigos. A falta de conhecimentos sobre a forma e a função do aparelho genital e reprodutor e aos preconceitos quanto aos métodos anticoncepcionais entre os jovens pode contribuir para a aquisição de DSTs, como também para o aumento de gravidezes, acarretando muitas complicações, que recairão não somente sobre os adolescentes, mas especialmente sobre a mulher, bem como sobre a criança, a família e a sociedade (COSTA et al. 2001. p.24). Bié, Diógenes e Moura (2006) afirma que a prática insegura da atividade sexual ocasiona o crescente número de casos de DSTs/AIDS, principalmente entre os adolescentes. Os adolescentes têm conhecimento limitado sobre as formas seguras de prevenir DSTs e gravidez, além de desconhecerem os aspectos importantes sobre as manifestações da sexualidade. Este fato, muitas vezes, é fruto do desinteresse por grande parte dos jovens em buscar esclarecimento sobre determinados assuntos, pois quando sentem necessidade de obter orientações, geralmente, não sabem a quem se dirigir. A transmissão das doenças sexualmente transmissíveis acontece por meio da relação sexual, do contato íntimo entre os genitais. São causadas por vários tipos de agentes (vírus, fungos, protozoários e bactérias) cuja transmissão se dá principalmente, por contato sexual sem o uso de preservativo masculino ou feminino, com uma pessoa que esteja infectada. Uma das principais preocupações relacionadas às DSTs, hoje, é o fato de facilitarem a transmissão sexual do HIV (BRASIL, 2007; FEBRASGO, 2000). Há séculos, a humanidade vem sofrendo com a ocorrência das DSTs. Em Levítico, no Antigo Testamento, são passadas orientações relacionadas a homens com fluxo, que sugere gonorréia. Lesões ósseas causadas pela sífilis foram encontradas em múmias egípcias de mais de 3000 anos. O problema é antigo e grave, a ponto de admitir-se que a gonorréia é a doença infecciosa que mais acomete a humanidade depois da gripe, por isso as DSTs são consideradas problemas de saúde pública (PASSOS et al., 2001). Há uma estimativa de aproximadamente trezentos e trinta milhões de casos de ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis curáveis. Dentre estas, encontra-se, vinte e oito milhões para Sífilis, vinte e três milhões para a Gonorréia, oitenta e cinco milhões para a Clamídia e cento e treze milhões para a 23 Tricomoníase. E as justificativas para a incidência dessas doenças continuarem alta são entre outras: ausência de um trabalho educativo permanente (educação para saúde sexual); automedicação; multiplicidade de parceiros; uso de anticoncepção sem orientação médica (que pode levar as pessoas a incrementarem sua atividade sexual sem pagar o preço de uma gravidez não desejada); dificuldade de investigar parceiros; aparecimento de germes resistentes aos antibióticos (principalmente o gonococo) e a facilidade de locomoção de um lugar para outro (com a globalização em menos de um mês, um indivíduo pode disseminar uma doença por todo o mundo) (PASSOS et al., 2001). A precariedade social, econômica e cultural, acrescentado da falta de informação sobre sexualidade, da falta de preparo dos profissionais de saúde e educação e das péssimas atuações dos serviços públicos, são fatores que se destacam para contribuir cada vez mais para o aumento dos índices de DSTs. Dentre eles, a desinformação influi decisivamente, o que pode ser constado pela frequência de casos de doenças sexualmente transmissíveis em indivíduos jovens de níveis socioeconômicos elevados. Na realização de um estudo envolvendo homens da zona rural da cidade da zona da mata de Pernambuco, foi observado, segundo Alves (2003), que mais da metade dos homens tiveram sua primeira relação sexual no cabaré, os demais, à exceção de um deles, virgem, viveram a primeira experiência sexual com alguma mulher ou “menina” da localidade ou das circunvizinhanças e que tinham entre 14 e 16 anos, na época. Todos os homens disseram conhecer o preservativo, identificado principalmente como método preventivo contra DSTs e AIDS, porém o uso nem sempre se estabelece. Foi relatado por um destes homens, que o uso do preservativo era exigido, pela dona do estabelecimento, no cabaré que ele freqüentava, no entanto, em particular as mulheres não mantinham a exigência. Cinco homens declararam nunca ter usado o preservativo. O que mostram falhas nas campanhas de prevenção, que parecem não ter impacto significativo sobre estes homens, talvez pela falta de conhecimento do universo cultural deles, ou por não utilizar uma linguagem que os coloque a par do que é a epidemia. Este trabalho também apresenta análise de diferentes grupos que pode trazer substanciais contribuições ao planejamento e implementação de programas de prevenção de DSTs/AIDS. 24 Além de enriquecer o trabalho da educação, que deve ser multidisciplinar, esta questão deve-se estruturar na rede de saúde e educação, com a finalidade de atender à demanda criada pela divulgação do tema: DSTs. Destacando o envolvimento de equipes de educação e saúde, além de toda comunidade, que deve ser chamada a participar, inclusive criando-se espaço para que a família discuta o problema. Em países como o nosso, onde os recursos financeiros são restritos, a solução não está na implementação de técnicas avançadas, mas, sim, na medicina preventiva, ou seja, educação em saúde (PASSOS et al., 2001). 3.1.2 Impacto individual e coletivo do início precoce da atividade sexual e a relação com câncer de colo uterino Início precoce da atividade sexual, primiparidade precoce, associada à multiparidade, e multiplicidade de parceiros, além da presença de DSTs, figuram entre os principais fatores de risco identificados por diversos estudos epidemiológicos. A maioria das mulheres com câncer do colo do útero tem o início da atividade sexual antes dos 18 anos. A idade precoce no primeiro coito, multiplicidade de parceiros sexuais, freqüência de coito e multiparidade aumentariam o risco para esta neoplasia (MURTA et al., 1999). A esses fatores de risco somamse, como agravantes, a precariedade de condições socioeconômicas e as dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Além desses fatores, estudos epidemiológicos sugerem outros, cujo papel ainda não é conclusivo, tais como tabagismo, alimentação pobre em alguns micronutrientes, principalmente vitamina C, beta caroteno e folato, e o uso de anticoncepcionais (GUANILO et. al. 2006). Os vários fatores que contribuem para o câncer de colo uterino são: atividade sexual, mais especificamente número de parceiros e idade da primeira relação sexual, grau de desenvolvimento econômico da população, oferta de serviços de saúde, uso de contraceptivos orais e fumo (MENDONÇA; NETTO, 2005); e estes também são predisponentes às DSTs. Tratando-se de um importante problema de saúde pública, há o surgimento do câncer de colo uterino que vêm crescendo em decorrência da grande exposição 25 a fatores de risco ambientais e da modificação de hábitos de vida da população. Ao contrário do que ocorre nos países mais desenvolvidos, a taxa de mortalidade por câncer de colo de útero continua elevada no Brasil e, do ponto de vista temporal, vêm aumentando: em 1979, a taxa era de 3,44/100.000, enquanto em 1999 era de 4,67/100.000. Sua alta incidência e mortalidade fazem a estimativa de número de novos casos para o ano de 2005 no Brasil ser de 20.690 casos (BRASIL, 2005). Mesmo sendo quase que sua totalidade passível de prevenção, o câncer de colo de útero continua a ser uma grande causa de morte como demonstrado no Brasil, bem como em outros países em desenvolvimento, sendo considerado o segundo tipo de câncer mais comum em mulheres no mundo (cerca de 471 mil casos novos), depois do câncer de mama e, até, o mais comum em países em desenvolvimento (MENDONÇA; NETTO, 2005). Em algumas regiões esta realidade não é diferente; é o que pode observar no Estado do Rio Grande do Norte e na região Nordeste. O número estimado de casos novos por câncer de colo de útero para o ano de 2005 no Rio Grande do Norte é de 270/100.000 casos, correspondendo à taxa bruta de 17,81 (BRASIL, 2005). Dentre todos os tipos de câncer, o câncer cérvico-uterino é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura, chegando perto de 100%, quando diagnosticado precocemente, podendo ser tratado em nível ambulatorial em cerca de 80% dos casos. Este tipo de câncer ainda é um problema de saúde pública em países em desenvolvimento, como o Brasil, pois alcança altas taxas de prevalência e mortalidade em mulheres de extratos sociais e econômicos mais baixos. Estudos revelam que existe a associação entre o câncer de colo uterino e o baixo nível socioeconômico em todas as regiões do mundo. Os grupos mais vulneráveis estão onde existem barreiras de acesso à rede de serviços de saúde, para detecção e tratamento da patologia e de suas lesões precursoras, advindas das dificuldades econômicas e geográficas, insuficiência de serviços e por questões culturais, como medo, desconsideração de sintomas importantes e preconceito (FEBRASGO, 2000). O principal agente apontado como causador do câncer cérvico-uterino é o Vírus do Papiloma Humano (HPV). O exame citopatológico (Papanicolau) permite que seja efetuada a detecção precoce em mulheres assintomáticas contribuindo para a detecção de lesões precursoras e da doença em estágios iniciais. O exame 26 preventivo também se caracteriza por ser um método de rastreamento seguro, sensível e de baixo custo. Apesar de esse método de rastreamento ter sido introduzido no Brasil desde a década de 1950, estima-se que cerca de 40% das mulheres brasileiras nunca tenham sido submetidas ao exame. O exame citopatológico foi preconizado como medida de prevenção deste tipo de câncer, devendo ser realizado por todas as mulheres a partir do início da vida sexual (BRASIL, 2007). A evolução do câncer do colo do útero, na maioria dos casos, se dá de forma lenta, passando por fases pré-clínicas detectáveis e curáveis. Dentre todos os tipos de câncer, é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura. Seu pico de incidência situa-se entre mulheres de 40 aos 49 anos de idade, e apenas uma pequena porcentagem, naquelas com menos de 30 anos, sendo que a faixa de idade para detecção precoce é dos 20 aos 29 anos, período que corresponde ao pico de incidências das lesões precursoras da doença e antecede ao pico de mortalidade pelo câncer. Segundo Taquete et al. (2001), o câncer de colo uterino e o câncer de mama representam, entre as neoplasias malignas, as principais causas de óbito na população feminina de 15 anos ou mais em nosso país. O início da atividade sexual em idade precoce, o maior número de parceiros sexuais e a multiparidade são considerados fatores de risco preponderantes para o câncer do colo uterino. A ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), particularmente de infecções pelo Papilomavírus Humano (HPV), representa um importante fator de risco adicional de carcinogênese cervical. Diversos estudos epidemiológicos têm confirmado que o HPV (especificamente os subtipos 16 e 18) determina uma importante progressão das lesões pré-clínicas para as formas invasivas, admitindose que a neoplasia intra-epitelial cervical II ou III possa ocorrer até 2 anos após a infecção primária por esse vírus (TAQUETE et al., 2001). A diminuição da incidência de câncer do colo uterino é proporcional à prevenção por meio do exame de Papanicolau, desde que existam programas efetivos e organizados. 27 3.2 Características especiais da contracepção na adolescência A atividade sexual da adolescente é, geralmente, eventual, justificando para muitas a falta de uso rotineiro de anticoncepcionais (BORUCHOVITCH, 2004). A grande maioria delas também não assume diante da família a sua sexualidade, nem a posse do anticoncepcional, que denuncia uma vida sexual ativa. Assim sendo, além da falta ou má utilização de meios anticoncepcionais, a gravidez e o risco de engravidar na adolescente podem estar associados a uma menor auto-estima, à um funcionamento familiar inadequado, à grande permissividade falsamente apregoada como desejável à uma família moderna ou à baixa qualidade de seu tempo livre (BUENO, 2010). A concepção de que a gravidez na adolescência é resultante da falta de informação sobre métodos contraceptivos ainda é bastante corrente, tanto na literatura quanto no senso comum. É também freqüente a temática sobre contracepção aparecer relacionada à da iniciação sexual. Argumenta-se que, quanto mais precoce a iniciação sexual, menores são as chances de uso de métodos contraceptivos e, conseqüentemente, maiores são as possibilidades de gravidez. De mesma forma, é estabelecida uma correlação entre escolaridade e contracepção: quanto maior o grau de escolaridade do jovem, maiores são as chances de utilização de algum método tanto na primeira relação sexual quanto nas subseqüentes (SANTOS, 2006). Quando um jovem chega a pensar na anticoncepção, é porque já assumiu internamente que as atividades sexuais fazem parte de sua vida. É comum, no início da vida sexual, a dificuldade de assumir as atividades como naturais e até planejadas. Quando as relações ocorrem de forma inesperada, porque “foi coisa de momento”, parecem menos carregadas de culpa (FREITAS, 2003). Em nosso país, pressões sociais e legais dificultam o aconselhamento dos jovens sobre contracepção. Adolescentes que iniciam a vida sexual precoce e insatisfatória, muitas das vezes provêm de famílias fragmentadas, que não lhes proporcionaram amparo e podem mesmo ser vítimas de abuso sexual. Por vezes, elas precisam ter relações sexuais para afirmar sua feminilidade, e por trás disso, geralmente existe um substrato de problemas sociais ou econômicos. Precisamos lhe oferecer ajuda, e não simplesmente proporcionar contracepção (GOMES, 2002). 28 A utilização de métodos contraceptivos não ocorre de modo eficaz na adolescência, e isso está vinculado inclusive aos fatores psicológicos inerentes ao período, pois a adolescente nega a possibilidade de engravidar e essa negação é tanto maior quanto menor a faixa etária; o encontro sexual é mantido de forma eventual, não justificando, conforme acreditam, o uso rotineiro da contracepção; não assumem perante a família a sua sexualidade e a posse do contraceptivo seria a prova formal de vida sexual ativa (BUENO, 2010). A preocupação com a contracepção e a responsabilidade tem reiteradamente caído sobre as mulheres. Os obstáculos existentes para o uso consistente dos métodos contraceptivos, especialmente para as adolescentes mais jovens, estão relacionados às pressões sociais e aos papéis de gênero (LIRA; DIMENSTEIN, 2004). Embora a expectativa de proteção esteja associada à mulher, esta deve parecer estar "despreparada" tanto ao iniciar sua vida sexual quanto a cada novo relacionamento. Estar usando algum método poderia significar o planejamento de um intercurso sexual, o que não corresponde ao imaginário da mulher ingênua e inexperiente. Paradoxalmente, espera-se que a adolescente tenha relações sexuais pré-maritais. Ressalta-se um argumento consensual entre os autores: as relações sexuais são mais imprevisíveis entre os jovens (POLIS, 2001 apud FREITAS, 2003). O desconhecimento dos métodos contraceptivos tem sido uma das principais causas da gravidez, principalmente na população mais carente, na qual há rapazes e moças completamente desinformados em relação ao funcionamento do corpo humano e aos meios contraceptivos (BUENO, 2010). Em alguns casos, quando a adolescente conhece as maneiras de evitar uma gravidez, muitas vezes, recusa-se a usá-las, pois isto implica em assumir sua vida sexual diante da família e da própria sociedade, algo extremamente aversivo para a maioria das adolescentes (SANTOS, 2006). Nesses casos são comuns os pensamentos "mágicos" com relação à contracepção: "tomar anticoncepcional me transforma; se me transforma, denuncia minha vida sexual; como isto não pode acontecer, então não devo tomar anticoncepcional". (HALBE, 2000). No nível do consciente, a adolescente pode citar até as vantagens e desvantagens de cada método, mas por falta de maturidade emocional, pelo sentimento de culpa em relação a sua sexualidade ativa e por uma série de coisas que produz medo nas adolescentes (faz mal a saúde, engorda, produz câncer; deixa 29 estéril), a utilização de métodos contraceptivos se torna complicada ameaçando a disposição para assumir qualquer um que seja (HALBE, 2000). De acordo com Boruchovitch (2004), um dos fatores associados ao não-uso de anticoncepcionais na adolescência, é a falta de conhecimento do adolescente acerca de questões sexuais. Estudos mais recentes indicam que este grupo continua mal informado, apresentando falta de compreensão de assuntos como o ciclo menstrual, o tempo de fertilidade e o processo de concepção. Os adolescentes possuem crenças errôneas de que a fertilidade não começa com a primeira menstruação, o que acarreta incapacidade de perceber que o risco de gravidez existe desde a primeira relação sexual e tendem a achar que é necessário que eles sejam mais velhos para que a gravidez ocorra. Quanto ao uso de anticoncepcionais, estudos apontam que adolescentes são mal informados sobre os métodos anticoncepcionais existentes, porém, a maioria é capaz de identificar pelo menos um desses métodos. Adolescentes do sexo feminino, geralmente sabem mais sobre anticoncepcionais do que os do sexo masculino. Os adolescentes tendem, também, a apresentar atitudes negativas sobre o uso de anticoncepcionais que é visto como um fator de interferência no prazer sexual, transformando o ato sexual em algo não natural e pré-planejado. Possuem, ainda, crenças errôneas de que a maioria dos métodos anticoncepcionais é incompatível com a baixa freqüência e naturalidade de suas relações sexuais, bem como idéias de que o uso de anticoncepcionais é de responsabilidade de seu parceiro (BORUCHOVITCH, 2004). Halbe (2000), diz que determinadas características de personalidade contribuem para o uso ou não de anticoncepcionais, na adolescência. Os adolescentes que optam por medidas anticoncepcionais, geralmente apresentam nível maior de maturidade de ego. Os que possuem comportamento sexual mais desprotegido possuem dificuldades em desenvolver relações íntimas com adultos e colegas, inabilidade de planejar o futuro, maior impulsividade e baixo nível de tolerância à frustração Do ponto de vista médico, a anticoncepção na adolescência não apresenta grandes desafios. Nesse grupo, como em qualquer faixa etária, a escolha do método anticoncepcional deve ser livre e informada, respeitando os critérios de elegibilidade médica. Os adolescentes, homens e mulheres, quando iniciam a vida sexual, em geral estão em boas condições de saúde, sendo excepcional ter de lidar com 30 situações em que os critérios de elegibilidade médica limitem ou dificultem a escolha do método anticoncepcional. É importante salientar que, contrariando preconceitos fortemente enraizados na cultura médica, mas sem fundamento científico, não há nenhum método anticoncepcional que não possa ser utilizado na adolescência depois da menarca. Os critérios de elegibilidade médica da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicados em 1996, baseados numa ampla revisão da literatura, estabeleceram que a idade não deve constituir restrição ao uso de qualquer método (GOMES, 2002). Todos os métodos reversíveis (comportamentais, de barreira, hormonais ou intra-uterinos) podem, com maior ou menor restrição, ser usados na adolescência. Entretanto, apenas os preservativos masculinos ou femininos protegem também das DSTs. Em geral, os jovens não têm uma vida sexual regular, o preservativo, além da dupla proteção, contraceptiva e contra as DSTs, tem vantagem de ser usado apenas no momento do ato sexual (BRASIL, 2000). Os métodos comportamentais - tabelinha, muco cervical e de temperatura exigem abstinência sexual no período fértil. Esses métodos são pouco eficazes para a grande maioria dos adolescentes por causa da dificuldade em seguir suas regras. Muitas vezes, as relações sexuais ocorrem sem planejamento prévio, podendo coincidir com o período que deveria ser abstinência implicando a quebra do uso do método. Embora a tabela seja ainda seja o método mais citado pelos adolescentes, os métodos de barreira devem ser estimulados (CONTINI; BARROS, 2002, apud BORUCHOVITCH, 2004). Os métodos hormonais ou intra-uterinos exigem prescrição e acompanhamento médico. Recentemente, a anticoncepção de emergência foi incorporada à lista de anticoncepcionais distribuídos pelo Ministério da Saúde ou serviços de planejamento familiar. Mas só deve ser usada em casos excepcionais. Se uma jovem necessitou usar anticoncepção de emergência, é um bom indício de que precisa ser reorientada para sentir-se segura no uso de meios de prevenção e proteção da sua saúde sexual e reprodutiva. Os métodos com contra-indicação absoluta na adolescência são irreversíveis. Dificilmente o jovem tem maturidade para decidir de forma definitiva o futuro de sua vida reprodutiva. Portanto, a laqueadura e a vasectomia não devem fazer parte do rol de opções para o adolescente (BORUCHOVITCH, 2004). 31 Um estudo coordenado pelo Programa de Saúde do Adolescente mostrou que em 200 adolescentes com atividade sexual, 23% não conheciam nenhum método contraceptivo, 52% tinham ouvido falar da pílula, 12% de lavagens, 15% de coito interrompido, 9% em curativos, 5% em DIU (Dispositivo Intra Uterino), 3% no método do ritmo e 6% em ligadura, sendo que do total das duzentas adolescentes, apenas 5% utilizaram algum deles (LIRA; DIMENSTEIN, 2004). O preservativo masculino, que pode ser obtido nas unidades públicas de saúde, apresenta ainda alguns problemas em relação ao seu uso. Entretanto, estudos têm indicado que o uso do preservativo é maior entre as mulheres, mais jovens, de maior escolaridade e que não se encontram em união estável. Os resultados apontam também para o “elevado uso do preservativo entre a população jovem (15-24 anos) na primeira relação sexual e o uso inconsistente em uniões estáveis”. (PNDS, 2006, p. 158). De acordo com Halbe (2000), o uso de anticoncepcionais na adolescência envolve cinco etapas: primeiramente o adolescente precisa ter a informação científica a respeito de anticoncepcionais, em seguida, os adolescentes precisam reconhecer a probabilidade de seu engajamento em alguma relação sexual. Essa etapa é árdua, pois eles tendem a ter dificuldades de planejar atividades sexuais com antecedência, bem como também a exibirem atitudes negativas sobre relações sexuais programadas. Como terceiro passo, Freitas (2003) menciona que os adolescentes precisam selecionar, obter e saber usar corretamente o método escolhido. A quarta fase implica que o adolescente comunique a sua decisão e escolha ao seu parceiro. A quinta e última etapa implica o uso efetivo e competente do anticoncepcional. Freitas (2003) salienta que as barreiras contra o uso de anticoncepcional podem ocorrer em qualquer um desses momentos. Cabral (2003) argumenta que, quanto mais precoce a iniciação sexual, menores são as chances de uso de métodos contraceptivos e, conseqüentemente, maiores são as possibilidades de gravidez. De mesma forma, é estabelecida uma correlação entre escolaridade e contracepção: quanto maior o grau de escolaridade do jovem, maiores são as chances de utilização de algum método tanto na primeira relação sexual quanto nas subseqüentes. Outro obstáculo, de acordo com esta autora, é seu parceiro, frequentemente também adolescente, com as mesmas dúvidas e ansiedades, o que não contribui para aumentar a utilização de qualquer método de proteção. A adolescente tem a característica ainda de não fazer a vinculação do sexo 32 com a gravidez, o que faz parte do que se chama de pensamento mágico, comum nessa faixa etária. Ainda, podem-se implicar como dificuldade para contracepção eficiente as relações sexuais esporádicas e imprevistas, com características exploratórias, que não favorecem a escolha do anticoncepcional (BIÉ; DIOGENES; MOURA, 2006). A gravidez na adolescência ocorre frequentemente de modo inesperado, podendo estar relacionada à desinformação sobre o uso dos métodos anticoncepcionais (MÜHLBAUER; FUKUI, 2008). A destacar, por fim, a repressão e os preconceitos sociais existentes, a atitude negativa entre os profissionais de saúde e das instituições, a relutância dos médicos em receitar anticoncepcionais para menores de idade e, particularmente, para mulheres solteiras. Motivos de ordem legal, moral e ética também são habitualmente considerados na argumentação que condena essa prática, nas clínicas públicas ou privadas. 3.3 Métodos anticoncepcionais na adolescência e a questão da Educação Sexual Quando se atende uma adolescente com prática sexual, que não deseja engravidar, a anticoncepção seria teoricamente a resposta mais adequada e mais simples. “Entretanto, a realidade é mais complexa, tornando-se absolutamente indispensável o enfoque relacionado ao contexto biopsicossocial em que está inserida essa adolescente” (TAQUETE et al., 2001, p.27). Segundo Saito (2003), não existe um método anticoncepcional específico para ser usado na adolescência. A realidade é muito mais complexa e, antes de se definir por uma escolha, alguns parâmetros de relevância devem ser cuidadosamente observados. A idade da adolescente é uma variável inicial indispensável de ser analisada. Em geral, considera-se menos problemática a eleição de um contraceptivo na razão inversa da idade cronológica e direta da idade ginecológica; A condição de estabilidade do casal; A idade cronológica do parceiro sexual e seu interesse e motivação para a prática contraceptiva; Se a consulta é prévia ou não ao início das relações sexuais; A freqüência das relações sexuais; A 33 existência de gestações anteriores; O conhecimento dos pais ou responsáveis acerca das práticas sexuais em questão; A opinião dos pais ou responsáveis; A maturidade física ou psicológica; O exame clínico geral e ginecológico, dentre outros. A crescente tendência da liberação do comportamento social, especificamente o sexual, contribui pra o aumento da gravidez na adolescência, devido á falta de conhecimento do próprio corpo enquanto função reprodutora. (BUENO, 2010). Nas últimas décadas, muitos países presenciaram uma mudança nas atitudes com relação à sexualidade na adolescência. A atividade sexual está sendo iniciada em idades mais jovens, mostrou que a comunicação efetiva entre pais e filhos sobre questões sexuais pode deter a gravidez na adolescência (BRASIL, 2000). De acordo com Bueno (2010), as adolescentes cujas mães conversam sobre sexo possuem menor probabilidade de iniciar a atividade sexual precoce e engravidar. A comunicação entre mãe e filha pode ser um forte fator contribuinte para que a primeira relação sexual aconteça mais tarde. Outras investigações ainda indicam que pais que têm um maior conhecimento sobre questões sexuais tendem a discutir mais esses assuntos com seus filhos quando comparados a pais que não possuem esse conhecimento (BORUCHOVITCH, 2004) As atitudes individuais são condicionadas tanto pela família quanto pela sociedade. A sociedade tem passado por profundas mudanças em sua estrutura, inclusive aceitando melhor a sexualidade na adolescência, sexo antes do casamento e também a gravidez na adolescência. Portanto tabus, inibições e estigmas estão diminuindo e a atividade sexual e gravidez aumentando (SANTOS, 2006). A educação sexual deve começar no lar, antes mesmo que a criança ingresse na escola. Deve ser continuada durante o seu desenvolvimento, paralelamente aos ensinamentos quanto aos demais aspectos da vida. No decorrer da adolescência, essa formação deve ser aprimorada, devido às transformações físicas, determinadas pelo comando hormonal e pelos fatores psicossociais, e quando o interesse sexual passa a dominar o pensamento e as ações dos adolescentes. (LIRA; DIMENSTEIN, 2004). Na realidade, a maioria das famílias preocupa-se com a sexualidade dos filhos, quando esses atingem a puberdade. Nessa hora, muito tempo já foi perdido e com certeza o rumo da sexualidade do indivíduo já está determinado. Por isso, a 34 educação sexual deve ser conscientizada muito antes dos filhos chegarem à adolescência. Até porque é mais importante acompanhar a evolução da sexualidade desde a mais tenra idade, procurando compreender as diferentes fases e principalmente não interferir com atitudes inapropriadas, do que responder com segurança a todas as perguntas que a criança faz (HALBE, 2000). Como em todos os aspectos de sua vida, a criança aprende mais observando e copiando as atitudes dos pais, do que pelas informações tiradas de manuais ilustrados ou através de frases preparadas. A adequada educação sexual dos filhos depende fundamentalmente do grau de superação, por parte dos pais, dos tabus que cercam o comportamento sexual humano e dos desconhecimentos e dificuldades que a maioria dos adultos tem de sua sexualidade (GOMES, 2002). Portanto, é fundamental que tanto a família quanto a escola assumam a responsabilidade de formar e informar às jovens para que consolidem uma visão positiva da própria sexualidade e tornem-se capazes para tomadas de decisões maduras e responsáveis (BUENO, 2010). Como cada vez mais os pais entregam a responsabilidade da educação dos filhos à escola, esta se viu na obrigação de satisfazer, na área da sexualidade, pelo menos as necessidades de conhecimento da biologia da reprodução. Poucas são, entretanto, as escolas que têm condições de esclarecer as peculiaridades do comportamento sexual humano no que diz respeito à moral e aos costumes vigentes (FREITAS, 2003). De maneira geral, o adolescente não recebe na família informações que envolvam a saúde e, quando tem acesso, essas informações são muitas vezes limitadas e inadequadas, provenientes de amigos, de pessoas pouco preparadas para essa função. A maior parte das informações disseminadas diz respeito ao uso de preservativos para prevenção de DSTs/AIDS; entretanto, o mecanismo de funcionamento do corpo relacionado à puberdade, maturação sexual, vivências e conflitos decorrentes do crescimento e da sexualidade, com efeito, pouco são abordados (GOMES, 2002). No que diz respeito ao papel da escola na formação e informação de crianças, adolescentes e jovens, esta tem sido reconhecida como importante pólo integrador e organizador da comunidade, responsável pela socialização de crianças e adolescentes, sendo apontada como o local mais adequado de preparação dos jovens para a vida em sociedade. Adolescentes, quando questionados quanto ao local apropriado para discutir sobre sexualidade, apontam a escola como local ideal 35 para discussões e troca de experiências (BUENO, 2010). A institucionalização, nas escolas, de um espaço para discussão com adolescentes sobre aspectos relacionados ao seu desenvolvimento, vivências e responsabilidades, além de contribuir para a execução de práticas de educação em saúde, através de informações adequadas sobre os cuidados com a saúde, também pode possibilitar o questionamento, a discussão, a reflexão e o estabelecimento de juízo de valores necessários ao pleno desenvolvimento psicossocial (SANTOS, 2006). Como cada vez mais os pais entregam a responsabilidade da educação dos filhos à escola, esta se viu na obrigação de satisfazer, na área da sexualidade, pelo menos as necessidades de conhecimento da biologia da reprodução. Poucas são, entretanto, as escolas que têm condições de esclarecer as peculiaridades do comportamento sexual humano no que diz respeito à moral e aos costumes vigentes (BORUCHOVICH, 2004). Nesse sentido, pode-se dizer que a escola possui uma grande importância na questão da gravidez durante a adolescência, seja a respeito do desempenho da jovem nas atividades acadêmicas ou quanto às informações que recebem para se evitar uma gravidez (LIRA; DIMENSTEIN, 2004). A sociedade desenvolve um papel ambíguo, pois de um lado, promove o sexo e a sexualidade como objeto sem significados subjetivos ou afetos correspondentes, e de outro, espanta-se com a vida sexual ativa cada vez mais precoce. Os adolescentes podem simplesmente copiar comportamentos de “liberdade, amor e comunicação aberta, compromissos em curto prazo, temas promovidos pelos meios de comunicação (SANTOS, 2006). Em relação ao comportamento sexual do adolescente, considerando essa análise, pode-se dizer que filmes, músicas ou novelas atuam como estímulo discriminativo modelador para que o adolescente inicie precocemente sua vida sexual, obtendo como reforço imediato o prazer de experimentar tal situação, resultando em um comportamento modelado pelas contingências (BUENO,2010). A modelação é definida por Polis (2001, apud FREITAS, 2003) como a aprendizagem vicária de comportamentos, ou seja, através da observação de modelos, pode-se adquirir padrões de respostas autonômicas, motoras e/ou cognitivas, sendo que esses modelos podem ser reais ou simbólicos, tais como personagens de filmes e livros. Assim, pode-se entender melhor o que acontece no comportamento sexual do adolescente, parece que algumas vezes comporta-se por imitação e não pela modelação, pois muitos comportamentos que emitem, resultam 36 em conseqüências mais punitivas que reforçadoras, a exemplo a própria gravidez na adolescência. A atualidade necessita de um apoio cada vez maior à educação em saúde. Antes de se pensar em tratamentos, vacinas, antibióticos; é preciso um trabalho de educação bem estruturado, com base não somente em relação a AIDS, mas para todas as DSTs. Principalmente aquelas com potencial para induzir a malignidade, como é o caso do papilomavírus humano (HPV), Hepatite B e Hepatite C e aquelas com complicações importantes como as infecções pela Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis que podem levar a infertilidade o que trás sérios problemas para o emocional feminino (FEBRASGO, 2000). O processo de educação sexual deve ter como base o estímulo do diálogo, uma vez que as DSTs podem causar problemas psicossociais, influenciando no humor e na emoção das pessoas. A acusação do atual parceiro, se torna totalmente fora de propósito, uma vez que é possível possuir uma doença sem saber de sua existência; também se deve desestimular a automedicação, que pode trazer prejuízos importantes e comprometer a saúde de forma irreversível, como no caso da infertilidade feminina, provocada pela Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis (FEBRASGO, 2000). O processo da educação sexual, em conjunto com a identificação precoce e o tratamento adequado das infecções, pode diminuir a transmissão e elevar a sobrevida dos pacientes. Assim, o médico deve estar consciente do seu papel na identificação dos pacientes portadores do HIV e com AIDS, devendo saber orientálos e tratá-los, estando consciente dos complexos aspectos médicos, reprodutivos, psicossociais e éticos desta população. A educação em saúde sexual, desta forma, constitui componente de grande destaque para a prevenção das DSTs, pois divulga e estimula o sexo seguro e o sexo protegido. Na condilomatose, doença causada pelo HPV, por exemplo, a camisinha, condon, não dá 100% de proteção e boa parte da população não o sabe. Segundo Passos et al. (2001), o sexo seguro se constitui de ter relações sexuais sem acontecer trocas de secreções (masculina e feminina). Ocorre com carícias e masturbação. Sexo protegido é aquele no qual é diminuída a probabilidade de haver troca de secreções, como ocorre com uso da camisinha masculina e/ou feminina. Neste sentido Mühlbauer e Fujui (2008) salientam que é necessária a 37 orientação/educação sexual na adolescência, por esta ser promotora de valores e princípios que possam moldar as gerações futuras para uma maneira de estar na vida mais confiante, positiva, segura, como também, mais ativa e participante. Enfocam a questão do planejamento familiar como uma importante atividade de saúde, cujo objetivo é proporcionar aos adolescentes informações e meios necessários para que possam decidir de forma livre e consciente o melhor método para prevenir a gravidez indesejada bem como DSTs e AIDS. É sabido que as Doenças Sexualmente Transmissíveis e a gravidez na adolescência passam também inevitavelmente pela discussão da sexualidade e Camargo Jr.(2003, p. 41), faz o seguinte comentário: “mesmo que não tenha havido uma ‘revolução sexual’, no sentido de uma modificação radical de papéis e discursos sobre a sexualidade, é forçoso reconhecer que a moral sexual vigente tornou-se menos restritiva ao longo dos últimos trinta ou quarenta anos, pelo menos nas camadas urbanas”. E essa “revolução sexual” sem dúvida cursa com uma maior variedade de parceiros, seja pelo divórcio e novos casamento ou pelo “ficar”, relações eventuais, no vocábulo comum utilizado por nossos jovens. “Revolução sexual” e “Sexualidade” são temas que se aconselha a discutir o mais cedo possível, uma vez que não é uma coisa exclusivamente de adulto, embora a função e maturidade sexual comecem na puberdade. É abordado, segundo Elia (1999), que no mundo pós-freudiano, a maturidade de raciocínio mostra que sexualidade não é apenas um fenômeno da vida adulta. A partir desses conhecimentos, acredita-se que pais e educadores não podem abrir mão da responsabilidade de educação sexual e esta deve começar sempre o mais sedo possível, respeitando a curiosidade e a maturidade individual de cada criança. Não adianta começar educação sexual aos 13 anos para um adolescente, que já iniciou atividade sexual, por exemplo, aos 12 anos. Resumindo, o maior problema ainda se baseia nos altos índices de exposição e infecções por DSTs e, as gravidezes, que ainda acontecem pela falta de conhecimento sobre o assunto na população em geral. Pode-se afirmar que a situação é muito grave e uma abordagem privilegiada sobre os aspectos clínicos e epidemiológicos não seria o suficiente. É preciso um aumento da compreensão referente à estes agravos no sentido de abordar questões relacionadas à sua dimensão social que envolve a vulnerabilidade da mulher frente as questões de gênero, inserção social, 38 conhecimento sobre o assunto, participação dos pais, carência social, base educacional, idade de início da vida sexual, promiscuidade. Ou seja, é necessário o trabalho na medicina preventiva, educativa, sendo a educação em saúde pública primordial (GUANILO et al., 2006; ISOLAN et al., 2001). A promoção da saúde tem como objetivo manter a igualdade de oportunidades e proporcionar os meios que permitam a todas às pessoas realizar completamente seu potencial de saúde. Os indivíduos e as comunidades devem ter oportunidade de conhecer e controlar os fatores determinantes da sua saúde. Ambientes favoráveis, acesso à informação, habilidades para viver melhor, bem como oportunidades para fazer escolhas mais saudáveis, estão entre os principais elementos capacitantes. Todos, incluindo os profissionais de saúde e os grupos sociais, possuem como responsabilidade, a de contribuir para a mediação entre os diferentes interesses, em relação à saúde, existentes na sociedade. Os programas ou atividades de promoção da saúde tendem a concentrar-se em componentes educativos, primariamente relacionados com riscos comportamentais passíveis de mudanças, que estariam, pelo menos em parte, sob o controle dos próprios indivíduos. Por exemplo, o hábito de fumar, a dieta, as atividades físicas, a direção perigosa no trânsito. Nessa abordagem, fugiriam do âmbito da promoção da saúde todos os fatores que estivessem fora do controle dos indivíduos (BRENNA et al., 2001). Os hábitos pessoais favoráveis à saúde em todas as etapas da vida são encontrados nos campos de ação da promoção da saúde. Para tanto, é imprescindível a divulgação de informações sobre a educação para a saúde, o que deve ocorrer no lar, na escola, no trabalho e em muitos outros espaços coletivos. É de grande necessidade a estimulação da população feminina, para que possam determinar suas próprias metas de saúde e comportamentos, a aprender sobre saúde e doenças, com estratégias de intervenção e de apoio, com aconselhamentos e supervisão contínua. As áreas de interesse especial na promoção de saúde da mulher incluem a higiene pessoal, estratégias para detectar e prevenir doenças, em particular as DSTs, tais como infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), e aspectos relacionados à sexualidade e ao funcionamento sexual, como contracepção, menopausa entre outros (BRENNA et al., 2001). 39 4 PERCURSO METODOLÓGICO 4.1 Caracterização do estudo Quanto aos fins, esta pesquisa é exploratória e descritiva. Exploratória porque, são muitos os estudos que abordam a questão sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis na adolescência. Descritiva, porque visa descrever percepções, expectativas e sugestões dos autores pesquisadores no tocante aos métodos de prevenção de DSTs na adolescência. Segundo Vergara (2007), a investigação exploratória é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa. Os estudos exploratórios têm, fundamentalmente, o objetivo de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, visando à formulação de problemas mais precisos e hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. “A meta da exploração é clarificar idéias, conceitos e relações entre variáveis, com a finalidade principal de especificar hipóteses e fundamentar novos estudos”. (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1999. p.19). Já a pesquisa descritiva, segundo Vergara (2007) “expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação”. “Como exemplos deste tipo de estudo, citam-se: o estudo das características de um grupo. Os levantamentos de opinião, atitudes e crenças de determinada população também são exemplos deste tipo de pesquisa” (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1999, p.26). Aqui neste estudo, verificaremos os adolescentes. Triviños (1987) relata que “o foco essencial de um estudo descritivo reside no desejo de conhecer a comunidade, seus traços característicos, suas gentes, seus problemas, exige do pesquisador uma série de informações sobre o que se deseja pesquisar”. Quanto aos meios, a pesquisa será bibliográfica, que segundo Vergara (2007) 40 é “o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma”. Segundo estes autores, há dois grandes paradigmas que governam o processo de pesquisa: o qualitativo e o quantitativo. Esta pesquisa tem caráter qualitativo na medida em que, trabalha somente com conceituações, características, concepções que outros autores têm a respeito da sexualidade na adolescência. Na análise quantitativa, segundo Vieira e Zouain (2004) a análise ocorre a partir de números e de suas relações, que se baseiam em experimentos típicos das ciências naturais. O que não se aplica a este trabalho. “As pesquisas qualitativas são caracteristicamente multimetodológicas, isso é, usam uma grande variedade de procedimentos e instrumentos de coleta de dados” (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1999, p. 38). Elas não admitem regras precisas, aplicáveis a uma infinidade de casos, por sua diversidade e flexibilidade. Segundo estes autores, a pesquisa qualitativa, por suas características, favorece a adoção de diversos métodos que se entrelaçam no desenvolvimento da investigação. 4.2 Cenário local Internet e bibliotecas. 4.3 Delimitação do campo de coleta Na pesquisa, foram utilizadas as bases de dados do Scielo, do Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde), usando os descritores “adolescência” “sexualidade” “DST”. 41 4.4 Critérios para seleção dos sujeitos/amostra 4.4.1 Critérios de inclusão Foram utilizados artigos nacionais com os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados na íntegra, no idioma português; artigos que contivessem alguma das palavras selecionadas e artigos disponíveis no Brasil. 4.4.2 Critérios de exclusão Artigos em outros idiomas que não o Português. Resumos de artigos Artigos não disponíveis no Brasil 4.5 Coleta de dados A coleta de dados foi realizada entre os meses de junho e julho de 2010. 4.5.1 Técnicas de pesquisa Fichamentos.e resumos de artigos. Fichamento, segundo Marconi e Lakatos (2002) é a transcrição dos dados nas fichas bibliográficas, com o máximo de exatidão e cuidado. Para tanto, o pesquisador deve se valer dos elementos da referência bibliográfica, extraídos da publicação, na seguinte ordem: autor, organizador, título e subtítulo, título original ou tradução do título, tradutor, prefaciador, número de edição (a partir da segunda), 42 local de publicação, editora, ano de publicação, número de páginas ou de volumes, indicação de figuras, título da série, número de publicação na série, indicação de separata, indicação de bibliografias e resumos. Portanto, o pesquisador deve anotar todos estes elementos essenciais ao desenvolvimento do trabalho. 4.5.2 Instrumento de pesquisa Xérox de artigos. Downloads dos artigos disponíveis na Internet. 4.6 Análise dos dados A análise dos dados ocorreu por meio da observação da revisão integrativa da literatura. Para Krokoscsz (2005), a revisão integrativa é um método de revisão mais amplo, pois permite incluir literatura teórica e empírica bem como estudos com diferentes abordagens metodológicas (quantitativa e qualitativa). Este método tem como principal finalidade reunir e sintetizar os estudos realizados sobre um determinado assunto, construindo uma conclusão, a partir dos resultados evidenciados em cada estudo, mas que investiguem problemas idênticos ou similares Os estudos incluídos na revisão são analisados de forma sistemática em relação aos seus objetivos, materiais e métodos, permitindo que o leitor analise o conhecimento pré-existente sobre o tema investigado. É um método que permite gerar uma fonte de conhecimento atual sobre o problema e determinar se o conhecimento é válido para ser transferido para a prática. 43 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com Boruchovitch (2004) um dos fatores associados ao não-uso de anticoncepcionais na adolescência, é a falta de conhecimento do adolescente acerca de questões sexuais. A idade média em que os adolescentes vêm entrando no processo de puberdade tem diminuído consideravelmente, atingindo seu limite inferior. A puberdade mais precoce acarreta um amadurecimento biológico que não necessariamente coincide com o amadurecimento cognitivo e emocional, o que se constitui, portanto, fator de risco para uma iniciação sexual prematura e suas negativas consequências. Adolescentes do sexo feminino que entram na puberdade mais cedem do que a média, apresentam tendência maior a ter experiências sexuais precoces (FIGUEIREDO, 2002). Segundo Isolan, Carvalho e Almeida Filho (2001) muitos são os fatores considerados como determinar para propiciar o aumento da vulnerabilidade dos adolescentes às DSTs, dentre eles podemos destacar os fatores biológicos, os fatores psíquicos e os fatores sociais. Do ponto de vista biológico, o epitélio cilíndrico do colo do útero na adolescência se encontra mais exposto e tanto as clamídeas como os gonococos têm predileção por este tecido. A baixa idade da menarca pode levar a um início precoce da atividade sexual, aumentando a probabilidade de contaminação. No âmbito psíquico, a adolescência é uma fase de definição da identidade sexual com experimentação e variabilidade de parceiros. O pensamento abstrato ainda incipiente nos adolescentes faz com que se sintam invulneráveis, se expondo a riscos sem prever suas conseqüências. Na esfera social, os baixos níveis escolar e socioeconômico estão associados às DSTs. No que se refere a aumentar o nível de informação científica do adolescente sobre questões sexuais, as evidências sugerem que os cursos de educação sexual não têm se mostrado eficazes em ajudar adolescentes a transformarem a informação científica em comportamentos saudáveis. Isto se deve ao fato da educação sexual ter se concentrado maciçamente na transmissão de informação científica, o que de uma maneira geral é possível para o adolescente adquiri-la por intermédio de outras fontes. De fato a relação entre aquisição de conhecimento e adoção de medidas anticoncepcionais, na adolescência é bem pequena. Isto não equivale a dizer que a informação científica não é importante, porém, ela sozinha 44 não é capaz de alcançar o senso de autoconsciência, nem tampouco levar o adolescente a uma compreensão emocional de sua própria sexualidade (BORUCHOVITCH, 2004) Sabe-se que as adolescentes engravidam mais e mais a cada dia em idades cada vez mais precoces. Observa-se que a idade em que ocorre a menarca tem se adiantado em torno de quatro meses por década no nosso século. De modo geral se admite que a idade de ocorrência da menarca tenha uma distribuição gaussiana e o desvio-padrão é aproximadamente 1 ano na maioria das populações, consequentemente, 95% da sua ocorrência se encontra nos limites de 11,0 a 15,0 anos de idade (HALBE, 2000). Em relação ao comportamento sexual do adolescente, considerando essa análise, pode-se dizer que filmes, músicas ou novelas atuam como estímulo discriminativo modelador para que o adolescente inicie precocemente sua vida sexual, obtendo como reforço imediato o prazer de experimentar tal situação, resultando em um comportamento modelado pelas contingências. (BUENO, 2006) Estes filmes podem ser vistos como incentivadores ao adolescente para que inicie sua vida sexual sem medidas contraceptivas, favorecendo em consequência disto, o surgimento de DSTs e a gravidez na adolescência quando os processos de modelação são considerados na instalação de novos comportamentos no repertório do indivíduo, pois o adolescente sem discriminar as contingências implicadas, preocupa-se apenas com a obtenção do reforço imediato - o prazer das relações sexuais - sem pensar nas consequências aversivas que podem ocorrer em virtude do seu comportamento (BUENO, 2010). Segundo Abramovay; Castro e Silva (2004), a comunicação efetiva entre pais e filhos sobre questões sexuais contribuir para prevenção de DSTs e deter a gravidez na adolescência. De acordo com o estudo, as adolescentes cujas mães conversam sobre sexo possuem menor probabilidade de contrair DSTs e de engravidar. Bueno (2010) argumenta que filhas de pais separados ou solteiros possuem maiores probabilidades para contrair DSTs e de engravidar durante a adolescência, atribuindo tal fato à ausência do pai na família, embora o mesmo não ocorra quanto ao intercurso sexual dos garotos. A instituição social que pode exercer certo controle nas adolescentes é a escola. A escola possui importância fundamental na educação de um indivíduo, 45 normalmente, serve como uma continuação ou complementação da educação recebida no âmbito familiar, possibilitando conhecimentos não só acadêmicos como também orientações quanto ao próprio desenvolvimento do jovem (FREITAS, 2003). Portanto, é de extrema importância a participação e cooperação da Equipe de Saúde da Família no processo educativo das adolescentes, proporcionando informações sobre os métodos contraceptivos, o não uso de drogas e bebidas alcóolicas quando estiverem em uso de anticontraceptivos, conhecimento sobre as DSTs e orientá-las que uma gravidez precoce tem consequências para a sua vida familiar e inserção na sociedade, seja na escola ou na vida profissional, repercutindo sobre os projetos pessoais que possam ter. 46 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo evidenciou a informação e o conhecimento inadequado das adolescentes em estudo, em relação às questões de sexualidade e prevenção de DSTs e da gravidez precoce. Observa-se a necessidade de uma educação sexual mais ampla com espaços de diálogos e discussões de dúvidas das adolescentes, tanto na escola, como no âmbito familiar. Observa-se de acordo com este estudo, a puberdade precoce, que pode ser explicada não só como interferência do biológico, mas como a interferência de fatores sociais, como o aumento da liberdade, a quebra de tabus, e estímulo da mídia no comportamento do adolescente. Constatou-se que juntamente com a menarca antecipada têm se o início da atividade sexual, que expõe a adolescente a um tempo mais longo de atividade sexual ativa, aumentando as chances de se contrair DSTs e de uma gravidez indesejada. Nota-se que a maturidade psicológica não acompanha a maturidade biológica, as adolescentes não estão preparadas para a manutenção de uma vida sexual ativa. Ressalta-se a banalização dos meios contraceptivos, devido a informações incorretas, e atividades negativas quanto ao seu uso, pois é visto como fator de interferência no prazer sexual. Uma gravidez na adolescência sem dúvida desencadeia fatores que representam um comprometimento individual com questões de diferentes ordens. Medo, insegurança, desespero, desorientação, solidão são reações muito comuns, principalmente no momento da descoberta da gravidez. No entanto, não se pode ter uma falsa idéia de que toda gravidez na adolescência seja inconsequente e desastrosa. A caracterização geral do aumento da sexualidade na adolescência aponta para questões que devem ser abordadas em uma proposta de atuação junto a essa população e seus familiares. Na perspectiva do trabalho da equipe de saúde com as famílias, o tema deve ser cuidadosamente trabalhado para que a população e os 47 profissionais de saúde passem a reconhecer e a tratar essa questão como um problema de saúde pública. Torna-se evidente a necessidade da adoção de programas de prevenção de DSTs na adolescência no âmbito da atenção básica. Uma das propostas mais imediatas nas Equipes de Saúde da Família refere-se à realização de atividades de educação sexual, através de palestras, orientações individuais por toda equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF), discussões em grupo, procurando sanar as dúvidas do público alvo sobre as implicações das DSTs e interferências na manutenção da saúde sexual e reprodutiva das adolescentes. Dessa forma, considera-se que é fundamental a adoção de ações preventivas, tanto para a gravidez na adolescência como para as DST, que devem ser realizadas em vários níveis e sob a responsabilidade de vários atores. Sabe-se que, papel do Estado é fundamental, tanto em ações globais que propõem o aumento da renda (Governo Federal) como na melhoria da escola, permitindo às adolescentes antever possibilidades reais de profissionalização no futuro (ações municipais através da Secretaria Municipal de Educação). 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVAY, M., CASTRO, M.G., SILVA, L.B. Juventude e sexualidade. Brasília: UNESCO Brasil, 2004. ALVES, M.F.P. Sexualidade e prevenção de DST/AIDS: representações sociais de homens rurais de um município da zona da mata pernambucana, Brasil. Caderno de Saúde Pública. v.19. supl.2. Rio de Janeiro: 2003. ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O planejamento de pesquisas qualitativas. In: ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2ª edição. São Paulo: Pioneira, 1999. Cap. 7. p. 147-178. BIÉ, A.P.A.; DIÓGENES, M.A.R.; MOURA, E.R.F. Planejamento familiar: o que os adolescentes sabem? RBPS, 2006; 19 (3): 125-130. BORUCHOVITCH, E. Fatores associados a não utilização de anticoncepcionais na adolescência. Revista Saúde Pública; São Paulo, v.26, n. 6. 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Capacitação: Educação e Promoção da Saúde no Contexto Escolar, 2007. Disponível em: Portal da Saúde – www.saude.gov.br. Acesso em 01 set. 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Gravidez na adolescência: desejo ou subversão. In: Ministério da Saúde. Prevenir é sempre melhor. Brasília: Ministério da saúde, 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Incidência de Câncer no Brasil: estimativa 2006. Rio de Janeiro: 2005. BRENNA, S.M.F. et al. Conhecimento, Atitude e Prática do Exame de Papanicolau em Mulheres com Câncer de Colo Uterino. Cadernos de Saúde Pública. vol.17. n. 4. Rio de Janeiro, Jul/Ago-2001. BUENO, G.M. Variáveis de risco para a gravidez na adolescência. Disponível em: <http://www.virtualpsy.org/infantil/gravidez.html>. Acesso em: 12 set. 2010. CABRAL, C.S. Contracepção e gravidez na adolescência na perspectiva de jovens pais de uma comunidade favelada do Rio de Janeiro. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, Sup. 2: S283-S292, 2003. CAMARGO Jr., K. R. Biomedicina, Saber & Ciência: Uma Abordagem Crítica. São Paulo: Editora Hucitec, 2003. COSTA, M.C.O. et al. Sexualidade na adolescência: desenvolvimento, vivência e 49 propostas de intervenção. J Pediatr (Rio J), v.77, Supl. 2: S217-S224, 2001. ELIA, L. Corpo e sexualidade em Freud e Lacan. Rio de Janeiro: Uapê, 1995. FEBRASGO. Tratado de Ginecologia. Editores: Hildoberto Carneiro de Oliveira e Ivan Lemgruber. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. FIGUEIREDO, A.C. Condições de vida e saúde reprodutiva de adolescentes na comunidade de Roda de fogo. Revista Brasileira Materno Infantil, Recife, v.2, n.3, p.291-302, set./dez. 2002. FREITAS, F. et al. Rotinas de ginecologia. 4ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2003. GOMES, R. et al. A visão da pediatria acerca da gravidez. Revista Latino Americana de enfermagem. Ribeirão Preto, v. 10, n. 3, p. 408- 414, mai./jun.2002. GUANILO, M.C.T.U. et al. Papilomavírus Humano e Neoplasia Cervical: A Produção Ciêntifica dos Países da América Latina e Caribe nos últimos 11 anos. DST – J Bras. Doenças Sex. Transm.18(1): 58-61, 2006. HALBE, A.F.P. Contracepção e sexualidade da mulher. In: HALBE, H. W. Tratado de ginecologia. 3ª edição. São Paulo: Rocca, 2000. ISOLAN,T.B.; CARVALHO, A.V.V.; ALMEIDA FILHO, G.L. Perfil do atendimento ao adolescente no setor de doenças sexualmente transmissíveis da Universidade Federal Fluminense. Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis. 13: 9-30, 2001. ISOLAN, T.B. et al. Estudo Comparativo de Diferentes Formas de Tratamento de Condilomas Acuminados. DST – J Bras. Doenças Sex. Transm. 16(2): 23-27, 2004. KROKOSCZ, M. AIDS na Escola: Representações docentes sobre o cotidiano dos alunos e alunas soropositivos. São Paulo, 2005. Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/crt_aids/arquivosbibliotecacrt/artigospdfcomp letos/aids_na_escola.pdf>. Acesso em 25 ago. 2010. LIRA, J.B., DIMENSTEIN, M. Adolescentes avaliando um projeto social em uma unidade básica de saúde. Psicologia em Estudo, Maringá, v.9, n.1, p.37-45, jan/abr.2004. MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Técnica de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 2002. MENDONÇA, M.L.; NETTO, J.C.A. Importância da Infecção pelo Papilomavírus Humano em Pacientes do Sexo Masculino. DST – J. Bras. Doenças Sex. Transm. 17(4): 306-310, 2005. MÜHLBAUER, J.H.; FUKUI, A.M. O profissional de saúde e o planejamento 50 familiar na adolescência. Uniandrade, 2008. Disponível em: <www.uniandrade. edu.br/links/menu3/.../revista.../artigo14.pdf>. Acesso em 12 set. 2010. MURTA, E.F.C. et al. Câncer do Colo Uterino: Correlação com o Início da atividade Sexual e Paridade. RBGO, v.21, n.9, p. 555-559, 1999. PASSOS, M.R.L. et al. Doenças Sexualmente Transmissíveis. Se educar, dá para evitar! Rio de Janeiro: Revinter, 2001. PNDS. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde. 2006. Disponível em <http:/bvsms.saude.gov.br/bvs/pnds/fecundidade.php>. Acesso em 13 set. 2010. ROCHA, M.R.M. Crença, mito e verdade: um estudo sobre o pensamento do alunoprofessor. Barcelona: Universitat Autônoma de Barcelona, 2002. Disponível em: < http://www.tdr.cesca.es/TESIS_UAB/AVAILABLE/TDX-0514103 202306/mrdmr1de5. pdf >. Acesso em 28 ago. 2010. SAITO, M.I. Sexualidade e educação sexual. In: MARCONDES, E. (Coord.). Pediatria básica. 9ª edição. São Paulo: SARVIER, 2003. 7ª parte. p. 692-693. SANTOS, M.M.J.F. Gravidez Precoce: matéria da capa. Estado de Minas, Belo Horizonte, p.4-5, 14 de maio, 2006. SOUSA, C. Gravidez na adolescência. In: Manual do Adolescente, 2005. Disponível em: <http://www.adolescente.psc.br/site/fiqueligado_int.php?i=49>. Acesso em 28 ago. 2010. TAQUETE, S.R. et al. Clinisex: promovendo uma sexualidade saudável, prevenindo comportamentos de risco e protegendo adolescentes vulneráveis. 2001. Rio de janeiro: Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – NESA/UERJ, 2001. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios e pesquisa em administração. 8ª edição. São Paulo: Atlas, 2007. VIEIRA, M. M. F.; ZOUAIN, D. M. Pesquisa qualitativa em administração. Rio de Janeiro: FGV, 2004.