FLORIANÓPOLIS, 13 DE AGOSTO DE 2007, No 605 Conad aponta para construção da greve E ntre 26 e 29 de julho passado, o AndesSN realizou, em São Luís (MA), o seu 52º Conad (Conselho do Sindicato Nacional). Convocado sob o tema “Em defesa da educação pública, construir a unidade, resistir e avançar a luta”, o Conad avaliou e atualizou o plano de lutas do Sindicato Nacional, definido pelo 26º Congresso. O evento também serviu para ajustar o foco das ações a partir de um balanço positivo da atuação do Andes-SN, principalmente no que se refere à articulação com outras entidades e movimentos em torno da luta para barrar as reformas neoliberais. Para enfrentar o ciclo da reforma do Estado a serviço do capital, recentemente anunciado, composto, dentre outras iniciativas do governo, pelo projeto de fundações estatais de direito privado – nova maneira de privatizar não só os hospitais públicos, mas, potencialmente, todas as instituições públicas –, pelo propósito de subtrair a estabilidade dos servidores públicos e pelos decretos que visam à desestruturação completa das universidades públicas federais, foram tomadas várias decisões, dentre as quais: - Denunciar amplamente o projeto de fundações estatais e lutar contra a aprovação do PLP nº 92/2007, articulando-se, nesse sentido, com os movimentos e organizações que combatem a privatização dos serviços públicos. - Lutar pela revogação do decreto do Reuni, ampliando a campanha de denúncia e esclarecimento da população sobre as suas conseqüências nefastas para as Ifes, principalmente se associada ao Banco de Professores Equivalentes e ao PLP nº 01/2007, que põe em risco a Dedicação Exclusiva e o tripé pesquisa, ensino e extensão. - Lutar pela revogação da Lei nº 11.502/07, que modifica as competências e estrutura organizacional da Capes, com promoção de um amplo debate sobre as novas atribuições, que deverá denunciar o caráter aligeirado e inconsistente da formação de professores que será feita por esse órgão. Diante da flagrante tergiversação dos interlocutores do governo federal à pauta de reivindicações dos servidores públicos em geral, e dos docentes das Ifes, em particular; diante da perspectiva de congelamento salarial até 2016, sinalizado no PLP nº 01/07 – PAC; diante da obstinação do governo federal em descaracterizar o caráter público do ensino superior federal, expresso no PAD – pacote de abril; foi deliberado pelo 52º Conad exigir do governo o estabelecimento efetivo e imediato do processo de negociações, apontando para a necessidade de ampliar a mobilização do setor e construir a greve, a ser avaliada nas assembléias de base ainda no mês de agosto. As análises produzidas no 52º Conad indicam que investir na mobilização da categoria e empenhar todo o movimento docente na preparação e efetivação da Jornada Nacional em Defesa da Educação, prevista para realizarse em agosto nas universidades, com atos nas capitais dos estados, poderá determinar uma inflexão favorável a que se retome o caminho das conquistas dos educadores e da educação pública brasileira. Finalmente, foram incluídas ou realinhadas, na agenda de lutas do sindicato, com ênfase, as seguintes atividades: - Seminário Nacional em Defesa da Previdência Pública, que foi realizado no dia 7 Assembléia Geral 23 de agosto, quinta, às 14 horas, no Restaurante Universitário (RU) de agosto, no auditório do Senado Federal.A Apufsc realizou um debate sobre a proposta de fundo de previdência complementar (Funpresp) dos servidores públicos, com Sara Granemann, professora de Serviço Social da UFRJ, no dia 24 de maio e o debate “Previdência Social Pública x Fundos de Pensão”, no dia 27 de junho, com Denise Gentil, professora de Economia da UFRJ e Floriano Martins, ex-presidente da Anfip. - Jornada Nacional em Defesa da Educação, prevista para os dias 20 a 25 de agosto, a ser realizada em conjunto com os movimentos sociais e estudantes. - Reunião do Setor das Federais, em Brasília, para avaliar a rodada de assembléias que discutirá o indicativo de greve, no dia 25 de agosto.. - Plebiscito pela Anulação do Leilão de Privatização da Vale do Rio Doce “A Vale é nossa”, que acontecerá na primeira semana de setembro, referendando a cédula composta pelas quatro perguntas aprovadas pelo Comitê Nacional. O Comitê Catarinense pela Reestatização da Vale, composto por mais de 40 entidades, partidos políticos e parlamentares, realiza um seminário sobre o assunto nesta quarta-feira, dia 15, às 18h30, no plenarinho da Assembléia Legislativa de Santa Catarina. - Grande mobilização nacional com marcha a Brasília, prevista para outubro. - Semana Nacional em Defesa da Qualidade na Educação Pública, Autonomia Universitária e contra a Precarização do Trabalho Docente, indicada para a semana do dia 15 de outubro, Dia do Professor. A Apufsc vai organizar um encontro de professores, preparatório ao congresso dos docentes da UFSC, que deve ser realizado até abril de 2008. A diretoria da Apufsc indica, em princípio, que o encontro acontece em outubro, no Dia do Professor. Portanto, a Apufsc chama todos os professores a participarem da discussão na Assembléia Geral no dia 23 de agosto, bem como promovam reuniões em seus centros para preparar a Assembléia. 2 Democracia e mérito Héctor Ricardo Leis O Discurso Fúnebre de Péricles data de 431 AC. Foi pronunciado em homenagem aos atenienses mortos no primeiro ano da guerra contra Esparta. Aqui se apresentam alguns fragmentos desse discurso, de cujo original se conserva apenas o registro feito por Tucídides, na sua famosa obra “A Guerra do Peloponeso” (Livro II). O discurso de Péricles é, sem dúvida, um dos mais importantes pilares da cultura política ocidental. Trata-se de um texto de mais de 24 séculos que permanece clássico pela sublime e inigualável grandeza dos valores que inspiraram a democracia ateniense. A Atenas de Péricles marcou um dos momentos mais extraordinários da história da civilização ocidental. Sua influência na posteridade não é inferior à da tradição hebraica que daria surgimento ao cristianismo. Foi um momento em que a harmonia entre indivíduo e sociedade brotaram espontaneamente do regime democrático. Nem sempre é esse o resultado da democracia, nem no passado, nem no presente. De fato, a democracia se conjuga no plural: não existe “a” democracia, mas “as” democracias. Para entender hoje a democracia ateniense da época de Péricles devemos lembrar que autores como Platão e Rousseau não gostavam dela. A radicalidade de suas posições levou a ambos a ficar mais perto do espírito da autoritária Esparta que da libertária Atenas. O Discurso Fúnebre de Péricles mostra a forte singularidade de Atenas. Nela reinava a liberdade e o indivíduo obtinha reconheci- cimento social dos méritos individuais, se mento diferenciado. De acordo com Péricles, atenta contra a nação como um todo. Sem embora a lei garantisse uma justiça igual a a reivindicação do mérito, a liberdade e a todos os cidadãos atenienses sem exceção, igualdade correm o risco de se transmutar a reivindicação da excelência individual na tirania do coletivo, algoz tanto da felitambém era um ponto alto da vida da polis. cidade dos indivíduos, como das potências Isto é, não é a maioria quem regula a vida do Estado. A decadência da democracia ocidental social, mas o mérito individual. Atenas, berço da democracia, era uma meritocracia. contemporânea está intimamente associaNão era o privilégio que regulava o acesso da ao esquecimento do conceito ateniense às posições destacadas na função pública, de democracia. Para os cidadãos de Atenas, mas o mérito. Quão longe estamos disso na sua liberdade era dada por natureza, mas atualidade! Ao invés da meritocracia, temos sua igualdade por convenção. A igualdade não era um fim senão um meio. Um a mediocracia. Para entender a idéia de democracia artifício para produzir uma autêntica ateniense é necessário apagar as concepções hierarquização definida pelo mérito de seus modernas de democracia, herdeiras mui- cidadãos. Com exceção de Atenas, o mundo antigo (tanto no Ocito mais das críticas, do dente, como no Orienque dos elogios a Atenas. NÃO É A te) estava estruturado Apenas um século depois através de hierarquias de Péricles, Aristóteles maioria que artificiais que poucas registra o fato de que vezes refletiam o verdana Atenas de sua époregula a vida deiro mérito das pessoas. ca, o ideal de igualdade social, mas o Hierarquias congeladas meritocrática se tinha direitos nobiliários transformado na tirania mérito individual em ou simplesmente oligárniveladora das maiorias. quicos que nunca eram Circunstância que voltará a ser teorizada, como um problema da colocadas à prova. A igualdade política democracia por Tocqueville e Mill, recen- foi a grande invenção dos atenienses temente, no século XIX. A igualdade como para colocar à prova essas hierarquias. A instrumento das maiorias se apresenta igualdade jurídica dos cidadãos de Atenas como uma reivindicação moral, sendo permitia que seus méritos fossem a medida a rigor muito mais uma reivindicação da hierarquia que iria organizar sua vida política de profundos efeitos deletérios na social e política. A idéia de igualdade perverte-se precivida pública. Essa reivindicação começa como demanda de justiça, mas termina samente na sua extensão do campo político justificando o rebaixamento dos outros para o social, porque nesse instante já não para promover um interesse próprio de existem mais obstáculos que impeçam sua costas para o mérito. Mas sem o reconhe- naturalização. A partir do momento em que DISCURSO FÚ N E B R E D E PÉ R IC L E S Homenagem aos atenienses mortos na guerra do Peloponeso, nos primeiros meses de 430 AC. A nossa constituição não imita as leis dos estados vizinhos. Em vez disso, somos um modelo para os outros. O governo favorece a maioria em vez de poucos - por isso é chamado de democracia. Se consultarmos a lei, veremos que ela garante justiça igual para todos em suas diferenças; quanto à condição social, o avanço na vida pública depende da reputação de capacidade. As questões de classe não têm permissão de interferir no mérito, tampouco a pobreza constitui um empecilho: se um homem está apto a servir ao estado, não será tolhido pela obscuridade da sua condição... Estes não são os únicos pontos pelos quais a nossa Cidade é digna de admiração. Cultivamos o refinamento sem extravagância, e o conhecimento sem efeminação. Empregamos a riqueza mais para o uso do que para a exibição e situamos a desgraça real da pobreza não no reconhecimento do fato, mas na recusa de combatê-la. Diferentemente de qualquer outra comunidade, nós, ateFlorianópolis nienses, consideramos aquele que não participa de seus deveres cívicos não como desprovido de ambição, mas sim como inútil. Ainda que não possamos dar origem à política, em todo caso podemos julgá-la; e em vez de considerarmos a discussão como uma pedra no caminho da ação, a consideramos como uma preliminar indispensável de qualquer ação sábia... Em resumo, afirmo que, como cidade, somos a escola de toda a Grécia... A minha tarefa agora terminou... e pelo menos em palavras as exigências da lei foram satisfeitas. Em se tratando de uma questão de feitos, aqueles que estão sendo enterrados já receberam uma parte das homenagens. Quanto ao resto, os filhos do sexo masculino serão educados às expensas públicas até alcançarem a idade adulta. Assim, o estado oferece um prêmio valioso, a grinalda da vitória nesta corrida de bravura, para recompensar tanto os que caíram quanto os que sobreviveram. Pois quanto maiores as recompensas do mérito, melhores serão os cidadãos. Texto difundido pela Secretaria da Educação de SP em: www.educacao.sp.gov.br BOLETIM APUFSC 13 de agosto de 2007 3 a igualdade passa a ser exigida pela maioria também no campo social, ela vai perdendo o caráter artificial que tinha no campo político. Nesse novo contexto (no qual a igualdade passa a ser aceita como natural), todas as diferenças entre os indivíduos (inclusive aquelas claramente baseadas no mérito) se tornam fontes de inveja e de suspeita. A naturalização da igualdade introduziu no seio da sociedade moderna uma lógica perversa que ameaça as bases do reconhecimento do mérito dos indivíduos e dos diversos grupos sociais e, em última instância, seu convívio dentro do Estado. É impossível desvincular a prática de uma concepção da igualdade ao serviço do mérito, em relação aos grandiosos resultados obtidos em todas as esferas pela pequena Cidade-Estado de Atenas. Tanto na filosofia como na literatura, na arte como na ciência, na guerra como no esporte, os atenienses deixaram uma marca que nunca poderá ser esquecida pela humanidade. Quantos são os Estados (ou mesmo os Impérios) que ostentam recorde semelhante na história mundial? O esquecimento do necessário caráter artificial e subordinado da idéia de igualdade é um fator difícil de ser revertido. Mas a pergunta pela atual decadência moral e espiritual de nossas democracias obriga a levar essa questão ao debate público, despojada dos preconceitos construídos, muito particularmente, ao longo do século XX. Professor do Depto. de Ciências Sociais Cristovam O blog do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ex-ministro da Educação, comenta e publica dois artigos dos professores da UFSC, Hector Leis e Selvino Assmann (Como salvar a universidade pública dela mesmo, partes I e II). Para ter acesso aos textos, visite o endereço http://www.cristovam.com. br e clique no link “Especiais”. Depois clique no título dos artigos. Publicação semanal da Apufsc (Associação dos Professores da UFSC), Seção Sindical do Andes – Sindicato Nacional DIRETORIA GESTÃO 2006/2008 Supremo proíbe setor público de contratar pela CLT O Regime Jurídico Único (RJU) para contratação de servidores foi restabelecido para a administração pública pelo Supremo Tribunal Federal. Por enquanto, os estados e municípios que já fizeram leis sobre a possibilidade de contratações pela CLT estão impedidos de fazê-las dessa forma. O julgamento não é definitivo. Os ministros ainda analisarão o mérito da questão. Diferentemente das contrações pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o regime jurídico único prevê a estabilidade no cargo. Os ministros apreciaram a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 2.135) proposta em 2000 pelo PT, PDT, PCdoB e PSB, oposição na época da reforma administrativa. O julgamento não atinge a União, que não chegou a fazer contratações fora do regime jurídico único. Os ministros derrubaram liminarmente, por oito votos a três, um dos pontos centrais da reforma administrativa promovida no governo Fernando Henrique Cardoso na Emenda Constitucional 19/1998. A reforma modificou o caput do artigo 39 da Constituição Federal permitindo indiretamente à União, estados e municípios contratações Fonte: Consultor Jurídico – 02/08/07 Jurídico prepara ação contra Brasil Telecom Reforçando o que já foi publicado no Boletim 597, de 11 de junho, a assessoria jurídica da Apufsc volta a informar que está à disposição para encaminhar ações judiciais relacionadas às irregularidades cometidas pela Telesc na emissão de ações em número menor que o correto. O prazo para o ingresso da ação é de 20 anos. DOCUMENTOS – Se possuir, contrato da compra do telefone; conta do telefone e/ou outro documento que comprove sua propriedade; notificação a Brasil Telecom (fornecida pelo jurídico); cópia de CPF e RG; procuração; contrato de honorários; taxa administrativa de R$ 30,00 referente às custas iniciais. 1° Secretário: Idaleto Malvezzi Aued Científicas: César de Medeiros Regis 2° Secretário: Edgard Matiello Júnior Diretora de Promoções Sociais: Maristela Fantin Tesoureiro Geral: Honório Domingos Benedet Diretora de Política Sindical: Doroti Martins 1° Tesoureira: Sandra M. Bayestorff Diretor de Relações Institucionais: Carlos Becker Westphall 2° Tesoureiro: Roberto Ferreira de Melo Diretor de Divulgação e Imprensa: Fernando Ponte de Souza Presidente: Armando de Melo Lisboa Vice-Diretora de Divulgação e Imprensa: Vice-Presidente: Lino Fernando de Bragança Peres Diretora de Promoções Culturais e Científicas: Albertina Dutra Silva Secretária Geral: Vice-Diretor de Prom. Culturais e Florianópolis pelo regime da CLT. A mudança, porém, não passou em dois turnos na Câmara dos Deputados. Por isso, os ministros derrubaram a mudança devido ao vício formal de aprovação no Congresso. FUTURO PRÓXIMO – A votação da última quinta-feira, dia 2, pode atrapalhar a intenção do Executivo de fazer contrações por meio de Fundações Públicas de Direito Privado. A idéia é contratar funcionários por meio de concurso público, mas regidos pela CLT. O Executivo enviou ao Congresso um projeto de lei que pretende estabelecer em quais áreas poderão ser criadas Fundações Públicas de Direito Privado como alternativa para a estruturação de instituições públicas em várias áreas de atuação do Estado, como a saúde e a educação, por exemplo. De acordo com o advogado-geral da União, José Antônio Dias Toffoli, o governo deverá ainda fazer um estudo para saber se as Fundações Públicas de Direito Privado ficariam inviabilizadas depois da decisão do STF. PRODUÇÃO Jornalista Responsável Ney Pacheco (SC - 735 JP) Projeto gráfico e editoração eletrônica Tadeu Meyer Martins Impressão Gráfica Agnus Tiragem 3.500 exemplares Distribuição gratuita e dirigida Diretora de Assuntos de Aposentadoria: Irmgard Alba Haas CONSELHO FISCAL Efetivos: Ivo Sostisso, Jonas Salomão Spricigo, Arthur Ronald de Vallauris Buchsbaum Suplentes: Marco Aurélio Da Ros, Edmundo Vegini, Maurício Roberto da Silva BOLETIM APUFSC ENTRE EM CONTATO Endereço Sede da APUFSCSSind, Campus Universitário, CEP 88040-900, Florianópolis – SC Fone/fax (048) 3234-2844 Home page www.apufsc.ufsc.br E-mail [email protected] 13 de agosto de 2007 4 5 Entenda como o Programa de Ações Plebiscito avalia privatização da Afirmativas vai funcionar na UFSC Vale do Rio Doce Com o objetivo de esclarecer os principais aspectos do ingresso de estudantes negros e de escolas públicas a partir do vestibular 2008 da UFSC através do Programa de Ações Afirmativas, aprovado recentemente pelo Conselho Universitário, o Boletim da Apufsc entrevistou o professor Marcelo Tragtenberg membro da Comissão de Ações Afirmativas da UFSC e Coordenador do GT de Etnia, Gênero e Classe da Apufsc. Confira a seguir os esclarecimentos prestados por Tragtenberg: Boletim da Apufsc – Como o candidato negro ou de escola pública deve proceder, quando for preencher a inscrição, para concorrer às vagas destinadas aos beneficiários do Programa de Ações Afirmativas da UFSC? Marcelo Tragtenberg – Para concorrer a vagas do Programa de Ações Afirmativas da UFSC, o candidato precisa optar inicialmente por participar do Programa. Em optando, abrirse-ão três possibilidades: escolas públicas, negros e indígenas. O candidato só poderá optar por uma delas. E para optar por escola pública, será verificado se ele fez todo o ensino fundamental e médio em escola pública. Para optar para negro, será verificado se ele respondeu o quesito cor/ raça com as categorias preto ou pardo. Para optar para indígena, ele devera ter preenchido esse mesmo quesito com a alternativa indígena. pelos 10% de negros, depois pelos 20% de escolas públicas e depois pela classificação geral. Mas os optantes pelo programa de ações afirmativas que tiverem nota no vestibular entre os restantes 70% melhores colocados da classificação geral entrarão também, eles não estão excluídos das outras vagas. Boletim – Os beneficiários do Programa terão 30% de vagas em todos os cursos? Marcelo – Depende da aprovação deles. Em principio, haverá em cada curso 30% de vagas voltadas para o Programa. No entanto, e preciso que haja aprovação de 20% de estudantes de escolas públicas e 10% de negros, prioritariamente de escolas públicas ou negros de outro percurso escolar. Se não houver aprovação desses percentuais, as vagas retornam para a classificação geral. Boletim – Os alunos negros que não são de escolas públicas podem optar pelos 10% de vagas para negros? Marcelo – Podem. No entanto, a prioridade e dos alunos que estudaram todo o ensino fundamental e médio em escolas públicas. Se estes não preencherem estes 10%, poderão ser classificados alunos de outro percurso escolar, por exemplo, bolsistas integrais de escolas particulares, alunos que pagaram supletivos particulares, ou alunos de escolas particulares. Boletim – Os alunos que optarem pelo Programa de Ações Afirmativas estarão sujeitos às exigências de pontuação mínima, como no caso da redação, em que o candidato tem que tirar pelo menos nota 3? Boletim – Um candidato negro que também Marcelo – Sim. Eles terão que ser aprovados no vestenha cursado os ensinos fundamental e tibular. Isso significa ter nota mínima 3 em redaçao médio em escola pública, concorre aos 10% e em Língua Portuguesa/Literatura, 20 pontos na das vagas para negros ou aos 20% das va- soma das outras disciplinas (Língua Estrangeira, Biologia, Geografia, Matemática, gas para estudantes de escFísica, História, Química) , não ola pública do Programa de CANDIDATO zerar em nenhuma disciplina Ações Afirmativas? Como e nem na soma das questões será a distribuição? vai ter que optar discursivas. Marcelo – Esse candidato só poderá optar por uma das duas entre as uma das Boletim – Quem tiver baixa alternativas: escola pública ou duas alternativas renda e teve bolsa integral negros. Ele terá que avaliar o em escola particular ou fez que será mais adequado para ele. do Programa supletivo particular pode Em outras universidades em que optar pelas vagas para existe sistema similar, em geral, ele terá maior probabilidade de ingressar se optar escolas públicas do Programa? pelos 10% de vagas para negros, mas não e possível Marcelo – Não. É preciso ter cursado todas as series do ensino fundamental e médio em escolas saber a priori qual será o mais concorrido. públicas. Boletim – Se um candidato que optar pelo Programa de Ações Afirmativas ficar entre os Boletim – Uma das críticas que se faz à instiprimeiros colocados aprovados em seu curso, tuição das ações afirmativas é que elimina o mérito do ingresso na universidade. A crítica ele ocuparia uma vaga desse Programa? Marcelo – Sim. As vagas serão preenchidas primeiro é procedente? Florianópolis Marcelo – Não. As ações afirmativas não eliminam ficiários de ação afirmativa têm rendimento similar o mérito no ingresso a Universidade. Fizemos simu- aos da classificação tradicional, para acompanhar, lações das ações afirmativas na UFSC e vimos que a reprovar ou evadir. nota no vestibular diminui 10% no máximo. Além disso, várias pesquisas, feitas em instituições como Boletim – O senhor teme algum tipo de Unicamp, Unifesp e Uneb, mostram que, durante o discriminação aos alunos beneficiados curso, as notas dos beneficiários de ação afirmativa por ação afirmativa? Há casos registrados são parecidas com as da classificação tradicional, em universidades que adotaram sistemas sendo às vezes maior. Portanto, semelhantes? usar como único critério de Marcelo – Talvez ocorram casos PROGRAMA mérito a nota no vestibular é isolados, pois será muito difícil equivocado. Vale destacar ainda saber quem foi beneficiado não elimina que simulações realizadas com pelo Programa, sendo de escola o mérito no os dados dos últimos vestibupública ou negro optante pelo lares da UFSC mostram que Programa, pois poderão entrar ingresso na nos cursos de alta demanda, os pela classificação geral. Além ingressantes pelo programa de disso, quem na primeira chamauniversidade Ações Afirmativas (egressos de da entrar por ação afirmativa, escola pública) teriam um dena segunda chamada poderá sempenho no máximo 10% inferior aos candidatos entrar pela classificação tradicional. Por exemplo, classificados. seja alguém que entra na segunda opção (Enfermagem, por exemplo) pelos 20% para escolas públicas, Boletim – Haverá divulgação de quais can- mas é um dos primeiros da lista de espera de outro didatos passaram no vestibular por cotas? curso (Odontologia ou Medicina, por exemplo), se O candidato beneficiado pelo Programa algum classificado em Odonto ou Medicina não será informado que passou por esse Pro- efetuar sua matrícula, o candidato anteriormente grama? classificado para Enfermagem poderá ser chamado Marcelo – A lista dos classificados será por ordem para entrar pela classificação geral em Odonto alfabética, não será divulgado publicamente quem ou Medicina, e deixa de ser beneficiário de ação entrou pelo Programa de Ações Afirmativas ou afirmativa. pela classificação tradicional. No entanto, aquele que ingressar na UFSC pelo Programa saberá se foi Boletim – As regras instituídas para as cotas beneficiado por ele. no vestibular da UFSC serão permanentes ou estarão submetidas a algum processo de Boletim – Será instituído ou fortalecido o avaliação e poderão ser alteradas? sistema de assistência estudantil (bolsas, Marcelo – O Conselho Universitário votou a immoradia, etc.) aos estudantes beneficiados plantação do Programa de Ações Afirmativas por pelo Programa, para que estes consigam um período de quatro anos, para reavaliação após permanecer na universidade? este período. Marcelo – Serão reestudadas as formas de assistência estudantil pela Comissão de Acompanhamento do Boletim – Que efeitos a instituição do Programa de Ações Afirmativas de forma a benefi- sistema de cotas traz para a universidade ciar esses e os estudantes de baixa renda que entram e para a sociedade? Marcelo – Efeitos muito relevantes: vai demonstrar pela classificação tradicional. que bons alunos de escolas públicas, negros e indígeBoletim – As deficiências no sistema pú- nas são bem-vindos à Universidade, que ela necessita blico de ensino fundamental e médio são desta diversidade para melhor formar a todos seus conhecidas. Os alunos oriundos da escola estudantes. Além disto, engaja a UFSC em uma ação pública conseguirão acompanhar o nível de que contribui modesta, mas decisivamente, para a justiça sócio-econômica e igualdade étnico-racial um curso universitário da UFSC? Marcelo – Atualmente, a UFSC já tem vários em nosso país, tão carente disso. alunos nesta condição que cursam regularmente a Universidade. Além disso, a UFSC está fazendo Boletim – Os alunos do Programa de Ações uma experiência abrangente e prudente de inclusão Afirmativas entrarão em que semestre sócio-econômica e étnico-racial. Não podemos letivo? prever o desempenho desses alunos, no entanto, Marcelo – Nos dois semestres. No primeiro, entrarão avaliações da UFBA, Unifesp, Uneb e Unicamp e as 10% dos alunos de escolas públicas e 5% dos negros simulações realizadas na UFSC indicam que bene- e no segundo semestre o restante. BOLETIM M APUFSC Entre os dias 1º e 7 de setembro de 2007 será realizado um plebiscito nacional sobre a reestatização da Companhia Vale do Rio Doce, vendida em 1997 por 3,1 bilhões de reais, quando seu preço avaliado na época era de 10,5 bilhões de reais. Justificando esta avaliação, seu lucro no primeiro ano pós-privatização foi de quase 10 bilhões de reais, o que por si só mostra que esta venda foi prejudicial aos interesses nacionais. Mas, além disso, houve uma série de irregularidades e ilegalidades em seu processo de venda, a começar pelo fato de que o Bradesco foi uma das instituições que a avaliou, sendo também uma das que a comprou, o que viola a Lei de Licitações e mostra um claro conflito de interesses – no caso entre interesse público e interesse privado. Diante do quadro de irregularidades, em dezembro de 2005 o Tribunal Regional Federal de Brasília acatou uma ação judicial e reconheceu a nulidade da avaliação do valor de venda da Vale, o que deveria implicar a anulação do leilão de venda. Hoje existem mais de cem ações populares contra este leilão, sendo que – em contrapartida – há muita ação política da atual diretoria da Vale na direção contrária, atuando em todas as esferas do poder, não se furtando, nos últimos meses, a fazer maciças campanhas publicitárias nas TVs, rádios, jornais e revistas de circulação nacional. Resumidamente, é esta a situação e é a isto que este plebiscito pretende dar resposta. Quem quiser maiores informações, consulte o seguinte sítio da Internet: www.avaleenossa.org.br O PLEBISCITO – O plebiscito pela nulidade do leilão da Companhia Vale do Rio Doce elaborou quatro perguntas para serem discutidas com a população. A primeira delas se refere à retomada da Vale pela população. As outras três se referem à dívida pública interna, tarifa de energia elétrica e reforma da Previdência. São temas transversais que estão ligados à questão da Vale, embora algumas organizações possam trabalhar apenas com a primeira pergunta, o que não tira a força deste plebiscito. As questões do plebiscito são: 1. Em 1997, a Companhia Vale do Rio Doce – patrimônio construído pelo povo brasileiro – foi fraudulentamente privatizada, ação que o governo e o poder judiciário podem anular. A Vale deve continuar nas mãos do capital privado? 2. O governo deve continuar priorizando o pagamento dos juros da dívida externa e interna, em vez de investir na melhoria das condições de vida e trabalho do povo brasileiro? 3. Você concorda que a energia elétrica continue sendo explorada pelo capital privado, com o povo pagando até oito vezes mais do que as grandes empresas? 4. Você concorda com uma reforma da Previdência que retire direitos dos trabalhadores? A apuração e divulgação dos resultados serão feitas em cada estado e cada organização fará a tabulação dos votos coletados, que irá para o comitê estadual. Feita essa apuração, o comitê estadual enviará o resultado geral do estado para o comitê nacional. Este fará a tabulação geral nacional. O comitê nacional irá receber a tabulação e divulgará o resultado de todas as perguntas, inclusive as estaduais. A entrega dos resultados sobre a anulação do leilão Companhia Vale do Rio Doce será realizada no dia 25 de setembro com uma ampla comissão formada pelas entidades membros do comitê nacional da campanha. COMO PARTICIPAR – Aqui na UFSC, a Apufsc se encarregará de montar urnas em locais estratégicos, onde toda a comunidade universitária poderá votar, bastando para isto cada votante ter um documento em mãos. Os locais, dias e horários serão divulgados antecipadamente. Também se faz necessário o trabalho de divulgação e organização, no qual professores, funcionários e alunos poderão participar. Para isto entre em contato com a Apufsc através do fone 3234-2844 ou pelo e-mail [email protected]. 13 de agosto de 2007 6 C + A P I N U E + r te o s en s l e a f v o i r P qu E R O que é isso, professor? Bartira C. S. Grandi, Magaly Mendonça e Sandra Mendonça O governo federal, no início de 2007, lançou o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Entre suas ações está o envio do PLP 01/07 ao Congresso Nacional. Este PLP, se aprovado, colocará um limite na folha de pagamentos dos Servidores Públicos Federais por um período de 10 anos: seu crescimento estará restrito à inflação do ano anterior mais 1,5%. Em uma leitura superficial, esta norma parece estabelecer uma política salarial para o funcionalismo público federal. Mas, se analisada de forma mais cuidadosa, vê-se claramente que este projeto de lei estabelece, na realidade, um congelamento dos salários (ou sua redução) por todo este período, pois estes recursos (inflação + 1,5%) suprem apenas as despesas decorrentes do crescimento vegetativo da folha, e nada mais! Como vêem não há uma política salarial, já que não está destinado a atender todo o funcionalismo. Tudo bem! Isto já é bastante ruim! Mas, na situação em que se encontra a economia brasileira, poderíamos estar bem pior, não? Calma! Tem mais por aí: o REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e o BPE (Banco de Professor Equivalente) duas peças chave (já materializadas através de decreto e portaria) inscritas no PDE – Plano para o Desenvolvimento da Educação, lançado pelo governo federal em abril de 2007. Comecemos pelo Banco de Professores Equivalentes, figura instituída pela Portaria Interministerial MPOG/MEC de n° 22/07 de 30/04/2007. Para compor este banco em cada IFE, o governo atribuiu o valor de 0,5 ponto para cada professor Florianópolis nidades, Ciências ou Ciências da Informa20 horas, 1 ponto para cada professor 40 ção, para ao final receber um diploma de horas e 1,55 pontos para cada professor Bacharel Interdisciplinar na Área escolhiDE. A Ufsc, por exemplo, possui 2561 da. Após os 3 anos, caso almeje por uma professores equivalentes. Mas... e daí? O profissionalização, numa nova seleção que isso tem a ver com precarização do trabalho docente, sobrecarga de atividades disputaria por prosseguir na universidade dos docentes? Acontece que a Portaria que por mais 2 ou 3 anos. Assim se daria a formação de professores, médicos, geógrafos, instituiu este banco também deu aos reifísicos, historiadores, advogados... Novatores a prerrogativa de abrir os concursos mente, analisada de forma aligeirada, a para professor que julgarem necessários, idéia colocada no Decreto que institui o sem necessidade de autorização prévia do MEC, desde que não seja excedido o limite REUNI vem ao encontro de uma antiga reivindicação dos professores: o aumento do banco de professor equivalente da IFE. de vagas nas universidades públicas! PoPara facilitar a compreensão: digamos rém, uma interpretação cuidadosa, mostra que, em um departamento de ensino da que o Decreto não assegura recursos finanUFSC, um professor DE tenha se aposentado, o que equivale a 1,55 pontos do BPE. ceiros novos, para que essa expansão ocorra com qualidade. O mesmo orçamento do Sendo assim, ao invés de abrir concurso MEC, que já é insuficiente para manter as para outro professor DE, o reitor poderá, universidades nos moldes em que funa pedido do departamento, optar pela abertura de concurso para 3 professores 20 cionam hoje, será disputado por aquelas universidades que apresentarem projetos horas! E por que o departamento faria para o REUNI. Para contratação de pessoessa opção? É aí que entra a história do al, o acréscimo de recursos “será limitado Reuni! a 20% das despesas de custeio e pessoal da O Reuni (Decreto 6095/07 de universidade” (Decreto 6096/07) 24/04/2007) foi instituído pelo MEC com Agora, então, vaa finalidade explícita (e mos juntar as 3 noa implícita?) de duplicar RESULTADO vas diretrizes para a o número de vagas de educação superior nas estudantes nas IFES, será aumento IFES: PLP01/07, Reuni aumentando a relação e Banco de Professores número de alunos de na carga de Equivalentes. Para que graduação por professor trabalho, além a universidade obtenha para 18 (na UFSC esta algum recurso extra relação é de 16,9, consida precarização para seu funcionamento derando todos os níveis terá que aceitar entrar de ensino). Outra meta é no Reuni (o que deve ser decidido pelo chegar a uma taxa de conclusão média de Conselho Superior de cada IFE). Assim, 90% nos cursos de graduação presenciais, terá que dobrar o nº de turmas, sem que praticamente a famigerada promoção haja aumento correspondente no nº de automática já experimentada em outros professores ... a não ser que cada professor níveis de ensino. Os estudantes passaDE seja trocado, por exemplo, por 3 proriam por um tipo de seleção diferente do fessores 20 horas, uma vez que vagas novas vestibular (p. ex., o ENADE), disputando o dobro de vagas existentes atualmente na (o que aumentaria o número de professores equivalentes no BPE de cada IFE) IFE escolhida, para um curso superior de não poderão ser criadas caso o PLP 01/07 3 anos, em uma de 4 áreas: Artes, HumaBOLETIM APUFSC 13 de agosto de 2007 7 (aquele que limita o crescimento da folha de pagamentos, lembra?) seja aprovado! Viram como sempre dá pra ficar pior? Mas passemos da teoria à pratica cotidiana. A UFSC, com seu Banco de Professores limitado a 2561 professores, está em plena expansão, não só por Educação à Distância (EAD), mas também presencial. Estão previstos três novos campi. O de Joinville já é assunto na mídia. A expansão parece estar condicionada à realização de projeto nos moldes do programa REUNI, o qual deverá ser apresentado até 28 de setembro de 2007. O Banco de Professor Equivalente já inclui o imenso número de substitutos que hoje garante, não sem problemas, a realização dos semestres letivos dos cursos em Florianópolis. Assim, considerando-se a necessidade de contratações para os novos campi, ocorrerá necessariamente, para a viabilização dos novos cursos, a transformação de vagas de professores doutores DE da UFSC para vagas de professores 20 horas. Paulatinamente veremos o fruto da luta de gerações de docentes, pela dedicação exclusiva e pelo tripé ensino-pesquisa-extensão, esvaziado pela multiplicação de professores em tempo parcial, mal remunerados, e exclusivamente reprodutores do conhecimento em salas de aula. Lembremos que o REUNI se baseia na premissa da ociosidade dos professores hoje na ativa e que estabelece uma proporção de 18 alunos de graduação por professor, ignorando que a maioria dos docentes também têm sob sua responsabilidade alunos de pósgraduação. Então tudo se fecha na precarização do trabalho docente e no desmonte da qualidade do ensino superior público, abrindo um grande e seguro mercado de diplomas para a iniciativa privada. Assim como já ocorreu no ensino fundamental e médio. E vamos todos continuar fechados em nossas salas, como se nada disso pudesse nos atingir? A atitude característica do avestruz com certeza não é a que se espera dos professores... pelo menos daqueles realmente comprometidos com a qualidade do trabalho docente desenvolvido nas universidades públicas brasileiras! GTPE da Apufsc Florianópolis Governo diz que não negocia reajuste para 2007 O governo federal só irá começar a discutir uma proposta de reajuste salarial para os professores das universidades públicas a partir do final deste mês. E já avisa: reajustes ou mesmo recomposição salarial, só em médio ou longo prazo. Na última quinta-feira, dia 9, um representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) recebeu pela primeira vez os representantes do Andes-SN que, desde maio, protocolaram a pauta de reivindicação da categoria nos órgãos competentes. O secretário de Recursos Humanos do MPOG, Duvanier Paiva Ferreira, abriu a reunião revelando que desconhecia o documento protocolado pela categoria há três meses. Ferreira salientou as dificuldades financeiras do governo originadas, segundo ele, em função do grande aumento dos gastos com pessoal, a partir das medidas implantadas em 2006. O secretário deixou claro que qualquer negociação com a categoria não poderá implicar em efeitos financeiros para o ano de 2007, mas sim para médio e longo prazo, sendo que o horizonte seria 2010. Isto é, o final do governo Lula. A coordenadora-geral de Gestão de Pessoas do Ministério da Educação (MEC), Maria do Socorro Mendes Gomes, afirmou, durante a reunião, conhecer as reivindicações docentes, já que vem acompanhando as negociações da categoria há alguns anos. O presidente do Andes-SN, Paulo Rizzo, enfatizou a importância da abertura do processo de negociação e defendeu a necessidade da participação do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional (Sinasefe) no processo em curso, visto que a entidade também representa parcela significativa dos docentes das Ifes. Rizzo apresentou a pauta de reivindicações da categoria, e argumentou sobre as distorções que marcam a estrutura de remuneração dos docentes, principalmente a partir das últimas medidas do governo, que rompem com a isonomia. Em seguida o presidente apresentou a proposta de tabela definida pelo Andes-SN, comparando-a com a situação das carreiras de outros servidores federais, que receberam reajustes bastante superiores aos destinados aos docentes, durante o governo Lula, conforme dados do próprio MPOG. É o caso, por exemplo, dos servidores de nível superior do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) em início de carreira que, até 2006, tiveram seus vencimentos reajustados em 214,4%. E também dos servidores do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), de mesmo nível, que obtiveram 177,8%. Rizzo defendeu que os docentes só obtiveram reajustes em forma de gratificações e, mesmo assim, em valores muito inferiores aos destinados a outros servidores públicos. “O próprio ministro Paulo Bernardo admitiu publicamente a defasagem salarial dos docentes”, registrou o presidente do Andes-SN. Para encerrar, Rizzo propôs que o ponto de partida para a negociação deveria ser um consenso sobre a necessidade da valorização do trabalho docente, e que as negociações com a categoria deveriam ser prioridade para o governo. O secretário acatou o pedido de incorporação do Sinasefe ao processo de negociação e agendou a próxima reunião para o dia 23 de agosto. Ele se comprometeu que, na data, apresentará uma resposta do governo às reivindicações da categoria. Fonte: Andes-SN Câmara debate fundações estatais O deputado Geraldo Resende (PPS/MS) apresentou requerimento sugerindo audiência pública para debater as mudanças propostas pelo Ministério da Saúde em relação à gestão hospitalar e a criação de fundações estatais de Direito Público, constantes no Projeto de Lei Complementar (PLP) 92/07 na Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados. O PLP, de autoria do Executivo, regulamenta o inciso XIX do artigo 37 da Constituição, na parte referente às fundações. Segundo o projeto, BOLETIM APUFSC poderão ser efetuadas contratações de servidores públicos pelos critérios da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). As centrais sindicais se já manifestaram contra o projeto. Também é um ponto contrário ao PLP o fato de o STF ter determinado, na semana passada, o retorno do Regime Jurídico Único (RJU) no serviço público. A audiência ainda não tem data marcada. Fonte: Diap 13 de agosto de 2007 8 Assembléias discutirão indicativo de greve LUTA É PARA BARRAR 100% DE AUMENTO DA JORNADA E ZERO DE REAJUSTE A universidade pública encontra-se em um momento crítico e seu futuro está ameaçado pelas políticas que o governo federal pretende implantar. A partir do anúncio do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, em janeiro de 2007, o governo vem tomando diversas iniciativas que direta ou indiretamente afetam as IFES e seus docentes. Já em 2 de fevereiro, o governo envia para o Congresso Nacional o Projeto de Lei Complementar – PLP 01/07, que é uma emenda à Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00) e que estabelece o congelamento da remuneração dos servidores federais de 2007 a 2016. A mobilização e a pressão das entidades de servidores lograram, até o momento, a nãoaprovação do referido projeto. Conscientes de que os servidores públicos deverão reagir e se mobilizar contra o arrocho salarial prolongado, os governantes anunciaram a intenção de regulamentar o direito de greve, para coibir as futuras lutas dos servidores e assegurar o cumprimento das metas do ajuste fiscal. Esse quadro refletiu-se diretamente nas relações entre governo e entidades sindicais dos servidores. A Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, responsável pelas negociações com as entidades, chamou-as para comunicar apenas que não poderia negociar nada para 2007 e que para 2008 dependeria de estudos a serem feitos pelo ministério em relação à margem de recursos que poderiam ser disponibilizados a partir dos efeitos do PLP 01/07. Tinha mandato para tratar apenas de propostas para regulamentação da negociação coletiva e do direito de greve, para o que propôs a criação de um grupo de trabalho com seis entidades. O ministro Paulo Bernardo, em audiência pública na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados sobre a regulamentação do direito de greve, foi taxativo: “Queremos enviar uma proposta negociada, mas se não tivermos acordo, vamos mandar assim mesmo”. (Valor Econômico, 22/6/07) Ao mesmo tempo em que fecha as portas para as negociações em torno das reivindicações salariais, o governo retoma projetos de privatização dos serviços públicos, como o de fundações estatais de direito privado para gerir os hospitais públicos, dentre eles, os hospitais-escolas, contra o qual se mobilizam os servidores técnico-administrativos das IFES, na greve em curso. Apóia-se na lei de FHC do emprego público, para substituir as contratações com base no RJU pelas contratações via CLT. Dessa forma, troca o funcionário público, um servidor do público por empregados do governo de plantão. Esse processo sofreu um breque recente imposto pela decisão do STF, de 2 de agosto de 2007, que estabelece que funcionários da administração pública só poderão ser contratados pelo RJU, coibindo, pelo menos por Florianópolis enquanto, a contratação de servidores pela CLT. No plano da educação, o PAC tornou-se Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, que tem algumas medidas específicas para as IFES, como o Decreto nº 6.095/07, de 24/4/07, que estabelece diretrizes para o processo de integração de instituições federais de educação tecnológica, para fins de constituição dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia - IFET, no âmbito da rede Federal de Educação Tecnológica; o Decreto nº 6096/07 de 24/4/07, que Institui o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI e a Portaria Normativa Interministerial nº 22, de 30/4/07 dos ministros da educação e do planejamento, orçamento e gestão que constitui, em cada universidade federal, como instrumento de gestão administrativa de pessoal, um banco de professores-equivalente (ver documentos e análises sobre o assunto em documentos sobre a reforma universitária em http://www.andes.org.br). Tais projetos são combinados e têm por objetivo a expansão de vagas para estudantes de graduação nas IFES sem contratação de pessoal e com congelamento dos orçamentos. O governo faz uso de chantagem ao oferecer até 20% de recursos sobre o orçamento congelado para as universidades que apresentarem planos de reestruturação atendendo às exigências do REUNI. Isto é, as universidades que não absorverem as premissas do REUNI serão condenadas ao congelamento orçamentário. Isto é coerção e uma violência à autonomia universitária. Exige-se das IFES que dobrem o número de alunos por professor e atinjam a incrível meta de 90% de taxa de conclusões, o que significa, na prática, a adoção de aprovação automática. A expansão da educação superior pública e gratuita é uma necessidade em nosso país, mas ela demanda recursos para que seja de fato sustentável e precisa se dar em condições que assegurem a sua qualidade. O governo, no entanto, considera que os professores e os recursos físicos das IFES estão subutilizados e resolve que poderá atingir metas de certificações para melhorar os indicadores sociais do país a fim de colher dividendos políticos, às custas de superexploração do trabalho docente e isso é inaceitável! O exíguo tempo (28 de setembro de 2007 é o prazo final para apresentação de propostas) determinado pelo MEC para a adesão das universidades ao REUNI demonstra a irresponsabilidade do governo para com a qualidade do ensino superior e uma tentativa de impedir os professores de aprofundarem as discussões e, conseqüentemente, detectar a armadilha que esta proposta representa para a Universidade Pública. Um outro ponto precisa ser destacado entre os riscos que envolvem a adesão ao REUNI, BOLETIM APUFSC pois a intenção do governo é a de repassar para os próprios professores a responsabilidade da aprovação prévia de alunos, independente de seu desempenho acadêmico e o aumento substancial de trabalho dedicado ao ensino de graduação em detrimento da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Em contraposição a esses ataques e na luta pela recuperação da dignidade profissional e pela valorização do trabalho docente, o ANDES-SN elaborou, baseado nas deliberações congressuais, uma proposta de Malha Salarial que recupera a isonomia entre os professores do 1º, do 2º e do 3º grau, a paridade entre ativos e aposentados, recompõe o poder aquisitivo de janeiro de 1995 e o vencimento base do professor, livrando os contracheques dos diversos penduricalhos que hoje o infestam (ver pauta dos docentes das IFES e InformAndes campanha salarial 2007: www. andes.org.br). Companheiros, nesta conjuntura adversa e para forçar o governo a abrir negociações tornase inevitável a radicalização da nossa luta e, nesse sentido, o 52º Conad (São Luís, 26 a 29 de julho) deliberou indicar a construção da greve dos docentes das IFES para o segundo semestre de 2007, a partir da intensificação da mobilização com amplo processo de esclarecimento, com rodada urgente de assembléias para discutir o indicativo de greve. No dia 25 de agosto a reunião do setor dos docentes das IFES avaliará os resultados das assembléias e proporá os próximos passos da mobilização. Indicou, ainda, que a mobilização seja feita em conjunto com os estudantes e servidores técnico-administrativos. O Sindicato deve manter, ainda, o trabalho político de unificação dos servidores públicos federais, na perspectiva da mobilização conjunta e da construção da greve unificada. A diretoria do Andes-SN, consciente da gravidade da situação, reafirma a avaliação do 52º Conad e coloca, de forma clara e incisiva: sem uma greve forte e coesa não conseguiremos forçar o governo a negociar e, portanto, não lograremos êxito nas nossas reivindicações, em defesa da universidade pública e da dignidade dos docentes, a partir da garantia de suas condições de trabalho. PELA ABERTURA IMEDIATA DE NEGOCIAÇÕES PELA DEFESA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA, GRATUITA E DE QUALIDADE PELO RESGATE DA DIGNIDADE DOS PROFESSORES ATIVOS E APOSENTADOS DAS IFES Brasília, 9 de agosto de 2007 Diretoria do Andes-SN 13 de agosto de 2007