Unidade 14 – Conservação da Quantidade de Movimentos Forças internas e externas Sistemas mecanicamente isolados Colisões Introdução Quando descrevemos a atuação de uma força, podemos fazê-lo dizendo que essa força atuou em um determinado deslocamento, ou seja, que essa força realizou trabalho. Mas também, descrever a atuação dessa força dizendo que ela atuou durante determinado intervalo de tempo. Nessas condições, dizemos que a força aplicou ao corpo um certo impulso. Introdução Da definição de impulso, obtemos a lei da conservação da quantidade de movimento, um dos pilares da descrição física de nosso universo, tão abrangente que mantém a sua validade mesmo nas teorias mais atuais da Física Moderna. Além das grandezas vetoriais impulso e quantidade de movimento, discutiremos as colisões, que podem ser descritas e equacionadas de um modo relativamente simples com a aplicação do princípio da conservação da quantidade de movimento. Introdução Durante as colisões, os corpos trocam forças muito intensas, que provocam deformações neles. Essas forças recebem o nome de forças impulsivas, classificadas como forças internas ao sistema constituído pelos corpos envolvidas em um choque. Teorema do Impulso Na figura 1 estão representadas várias forças agindo simultaneamente sobre um corpo de massa (m). Essas forças podem ser substituídas por uma única: força resultante, que produzirá no corpo o mesmo efeito dinâmico que toda as demais. Teorema do Impulso Se a força resultante (R) agir sobre um corpo, durante um dado intervalo de tempo (∆t), diremos que a força aplicará no coro um impulso (I), dado por: I = R.∆t Teorema do Impulso A grandeza vetorial impulso pode ser associada a qualquer força que atue em um corpo durante um intervalo de tempo e possui sempre a mesma direção e o mesmo sentido da força que lhe deram origem. No SI, usamos as seguintes unidades: R em newtons, ∆t em segundos e I em newtons . segundos (N.s). Quando uma força resultante não-nula age sobre um corpo durante um intervalo de tempo, o corpo sofre uma variação em sua velocidade. Teorema do Impulso Para estudar essa variação, vamos definir a grandeza denominada quantidade de movimento (Q) pelo produto da massa pela velocidade: Q = m.v A quantidade de movimento possui sempre a mesma direção e o mesmo sentido da velocidade. No SI, usamos as seguintes unidades: m em kg; v em m/s e Q em kg . m/s Teorema do Impulso Com essas duas grandezas – impulso e quantidade de movimento – podemos enunciar o teorema do impulso: O impulso resultante de um sistema de forças sobre corpo é igual à variação da quantidade de movimento do corpo. Algebricamente: I R = ∆Q Lembrando que I = R.∆t e sendo ∆v = v - v 0 essa expressão pode escrita assim : ( R.∆t = m v - v 0 ) Observação A intensidade de uma força que produz um impulso em um corpo pode variar no decorrer do tempo. Nesse caso, o módulo do impulso produzido pela força é obtido, no diagrama horário F x t, pelo cálculo da área compreendida entre o gráfico e o eixo das abscissas, no intervalo de tempo considerando: Exemplo 1 Exemplo 2 Sistemas isolados Se pensarmos, por exemplo, em um sistema constituído de um ímã e de um bloco de ferro, diversas forças atuarão sobre os corpos citados: Sistemas isolados F1,2 e F2, 1 constituem o par de ação e reação de forças magnéticas; N1 e N2 são as reações de apoio, ou seja as forças normais em cada um dos corpos; P1e P2 são os resultados das interações gravitacionais entre esses corpos e a Terra, isto é, os pesos deles. Sistemas isolados Definido que o sistema é constituído apenas pelo ímã e pelo bloco de ferro; F1,2 e F2, 1 são consideradas forças internas, pois são trocadas entre os próprios corpos do sistema; N1 e N2 são formadas por forças externas, pois não faz parte do sistema, ou seja, as normais são trocadas com o apoio; P1e P2 são formadas por forças externas, pois não faz parte do sistema, ou seja, os pesos são trocadas com a Terra Sistema isolados - conclusão Um conjunto de corpos, ou de pontos materiais, constitui um sistema no qual podem agir forças internas e forças externas. Forças internas: são interações de dois componentes do sistema. Quando consideramos o sistema como um único corpo e somamos todas as forças que agem nesse sistema, a parcela relativa á soma das forças internas é nula. Sistema isolados Forças extenas: são interações de um componente do sistema com corpos que não sejam do sistema. Se a soma das forças externas que atuam no sistema for nula, dizemos que se trata de um sistema isolado de forças externas. Nesse caso, como o somatório das forças são nulas, não há variação na quantidade de movimento do sistema. Sistema Isolado ∑ F externas = 0 ⇒ Q sistema = cons tan te Nessa expressão, para um sistema constituído de n elementos, temos Q sistema = Q1 + Q2 + ... + Qn Essa conclusão mostra-nos que a quantidade de movimento de cada elemento do sistema pode variar, mas não varia a quantidade de movimento do conjunto. Portanto: Para um sistema isolado de forças externas, a quantidade de movimento do sistema se conserva. No caso particular de um sistema constituído por dois corpos (A e B) e isolados de forças externas, temos: Q incial = Q final ⇒ m A .v A + mB .v B = m A .v' A + mB .v'B Exemplo Exemplo - continuação Exemplo de Aplicação -Modelo 1 Uma peça de artilharia de massa 2 toneladas dispara uma bala de 8 kg. A velocidade do projétil no instante em que abandona a peça é 250 m/s. Calcule a velocidade do recuo da peça, desprezando a ação de forças externas. PROCEDIMENTOS: 1. Represente a peça de artilharia e a bala antes e depois do disparo; 2. Utilize o princípio da conservação da quantidade de movimento. Exemplo de Aplicação -Modelo 1 Q antes = Q depois 0 = - v p ·2000 + 8 ·250 2000 v p = 2000 v p = 1 m/s Colisões Colisões Nas colisões (choques), as interações entre os corpos são de grande intensidade e possuem magnitudes que variam bruscamente durante fenômeno. Dentro da Dinâmica Impulsiva, ela pode ser útil, por exemplo, para explicar investigações e dados sobre batida de automóveis. Colisões A figura mostra uma colisão frontal de dois veículos (A e B) que se deslocam na mesma direção; Ma e mB as suas massas; VA e VB suas respectivas velocidade antes de colidirem; V’A e V’B as velocidades deles depois da colisão: Colisões Recordando que os corpos envolvidos em colisões constituem sistemas isolados e, portanto, obedecem à conservação de quantidade de movimento, então: Qantes = Qdepois Substituímos por: m A .VA + mB .VB = m A .V ' A + mB .V ' B Velocidade relativa Se o corpo possui velocidade de 2m/s, então, a cada 1s que passa, ele percorre 2m para direita; De maneira similar, a cada 1s que passa, o outro corpo, percorre 3 m para esquerda; Portanto eles se aproximam um total de 5m. Assim podemos dizer que a velocidade de aproximação entre os corpo foi de 5m/s. Velocidade relativa Como poderíamos obter o mesmo resultado sem que haja a necessidade desse raciocínio? A maneira mais fácil é subtrair as velocidades e respeitando seus respectivos sinais. Vaprox = VA - VB Velocidade relativa Após uma colisão, nem sempre temos uma fase de afastamento, pois os corpos podem permanecer grudados depois de sofrerem o choque. Apesar disso, em nossos estudos, sempre consideremos essa fase (mesmo que a velocidade de afastamento seja nula). Seguindo o mesmo raciocínio da velocidade relativa de aproximação, os corpos A e B se afastam com velocidade Vaf (velocidade relativa de afastamento), que também pode ser calculada com subtração: Vafast = VB – VA Exemplo de Aplicação -Modelo 2 Uma bomba de massa 600 kg tem velocidade de 50 m/s e explode em duas partes. Um terço da massa é lançada para trás com velocidade de 30 m/s. Determine a velocidade com que é lançada a outra parte. PROCEDIMENTOS: 1. Represente a bomba antes da explosão, e as partes da bomba após a explosão; 2. Use Qantes =Qdepois. (Observe a orientação) Exemplo de Aplicação -Modelo 2 Fases de uma colisão Em choque entre dois corpo, temos a tendência de estudar o ocorre, como se um fenômeno único, indivisível, estivesse acontecendo. Durante uma colisão, por exemplo, podemos supor existência de pelo menos, duas fases distintas: a de deformação e a de restituição. Fases de uma colisão Fase de deformação Fases de uma colisão Fase de restituição Exemplo de Aplicação – Modelo 3 Dois corpos A e B movimentam-se na mesma direção e possuem velocidades de módulo 3m/s e 2m/s. Calcule a velocidade relativa entre eles se suas velocidades tiverem o mesmo sentido e se tiverem sentidos opostos. Resposta: Apesar de muito usada, essa regra não é valida, pois a velocidade relativa entre os dois é sempre a diferença entre as velocidades, considerando-se seus respectivos sinais. Para que pudéssemos usar a regra da soma ou da diferença, teríamos de fazer os cálculos com os módulo das velocidades dos corpos. Coeficiente de restituição Quando começamos a estudar as colisões, percebemos que a equação da conservação da quantidade de movimento era necessária para podermos quantificar choques, mas insuficiente no caso de termos situações com sua incógnitas. Veremos outra expressão matemática que poderá ser usada em casos como esse na constituição de um sistema de equações. Coeficiente de restituição Ao pensarmos, por exemplo, numa batida entre dois carros e numa bolinha de golfe que é golpeada, perceberemos semelhanças muito claras: os dois fatos analisados são colisões, mas os formatos dos corpos envolvidos sofrem restituições percentualmente diferentes. Essas duas situações mostram que cada colisão apresenta um certo nível ou percentual de restituição. Para os carros, teríamos praticamente 0% e, para a bolinha, quase 100% de restituição. Coeficiente de restituição De forma geral, devemos pensar que, em qualquer tipo de choque, existe um coeficiente de restituição (e) que compara dados dos corpos envolvidos antes e depois do contato entre eles. Matematicamente, isso pode ser representado pela seguinte equação: e= vafast vaprox v ' B −v ' A = v A − vB Tipos de Choque Se analisarmos um sistema de corpos que sofrem uma colisão, poderão ocorrer perdas de energia cinética em virtude de aquecimento, deformação e som provocados no impacto. Choque inelástico, anelástico ou plástico a) b) c) d) e=0 Qfinal = Qinicial (a quantidade de movimento do sistema se conserva Ec final < Ec inicial (não há conservação de energia cinética; Perda de energia no processo: 2 Ecantes 2 m .(V ) m .(V ) = A A + B B 2 2 2 Ecdepois m + mB .(VA − VB ) = A 2 Perda = Ecantes − Ecdepois e) f) Só existe a fase de deformação Os corpos movem-se juntos após o choque (ficam "grudados") Choque parcialmente elástico a) b) c) d) 0<e<1 Qfinal = Qinicial (a quantidade de movimento do sistema se conserva) Ec final < Ec inicial (parte da energia cinética se converte em outras formas de energia, notadamente, calor e som) Perda de energia no processo: e) Existem as fases de deformação e de restituição f) Equacionamento: (1) ma.va+ mb.vb = ma.v'a + mb.v'b (2) e. (v'a - v'b) = - (va - vb) Choque perfeitamente elástico a) e = 1, logo, Vapro = - Vafast b) Qfinal = Qinicial (a quantidade de movimento do sistema se conserva) c) Ec final = Ec inicial (a energia cinética do sistema se conserva) d) Existem as fases de deformação e de restituição e) Equacionamento (fixar inicialmente o eixo de movimento para referência de sinais): (1) ma.va+ mb.vb = ma.v'a + mb.v'b (2) (v'a - v'b) = - (va - vb) Exemplos de Aplicação – Modelo 4 a) Uma esfera de massa m = 5,0kg e velocidade de 3,0m/s, choca-se com outra esfera idêntica, inicialmente em repouso. Admitindo-se o choque elástico e frontal, determine a velocidade das esferas após o choque. m A .v A + mB .vB = m A .v' A + mB .v'B Como o choque é elástico, e = 1.Logo : v ' B −v ' A v ' B −v ' A e= →1 = → v' B −v' A = 5 v A − vB 5 5.3 + 0 = 5.v' A + mB .v' B v' B = 5 + v' A (2) Q antes = Q depois 15 = 5(v' A +v'B ) v' A + v' B = 3 (1) Exemplos de Aplicação – Modelo 4 (1) → (2) ⇒ v' A +v'B = 3 → v' A +(5 + v' A ) = 3 → 2v' A +5 = 3 → 2v' A = −2 ∴ v ' A = −1m / s v'B = 5 + v' A → v' B = 5 + (− 1) → v ' B = 4m / s Exemplos de Aplicação – Modelo 5 Exemplos de Aplicação – Modelo 6 Exemplos de Aplicação – Modelo 6 Exemplos de Aplicação – Modelo 6 d) Um projétil de massa m = 15g atinge um corpo de teste de 10kg do aparelho pêndulo balístico. A medida da altura de 5 cm. Determine a velocidade do projétil antes do impacto M +m v= . 2 g.h m ( ) 10 + 15.10 −3 −2 v= . 210 . 5 . 10 15.10 −3 v = 667,7 m / s