A Experiência da Emoção Parte II/ Emoção- Myers • Os ingredientes da emoção incluem não apenas a excitação fisiológica e o comportamento expressivo, mas também a experiência consciente. Vamos considerar três emoções básicas: medo, raiva e felicidade. O que influencia cada uma? MEDO • O medo pode ser uma emoção venenosa. Pode nos atormentar, privar do sono, preocupar nosso pensamento. Pessoas podem literalmente ficar apavoradas até a morte. O medo também pode ser contagioso. • Na maioria das vezes, o medo é uma reação adaptativa. O medo prepara o corpo para fugir do perigo. O medo aciona a preocupação, que focaliza a mente num problema e ensaia as estratégias para enfrentá-lo. • O medo é condicionado. • Os medos refletem não apenas os traumas passados, mas também os medos de nossos pais e amigos. • Podemos estar biologicamente preparados para aprender alguns medos mais depressa do que outros.No caso, os seres humanos aprendem rapidamente a temer cobras, aranhas e os precipícios...medos que provavelmente ajudaram nossos ancestrais a sobreviver. • Interessante, somos menos predispostos a ter medo de carros, eletricidade, bombas e aquecimento global, que são agora muito mais perigosos. Os medos da idade da pedra nos deixam despreparados para os perigos da tecnologia avançada. • Uma chave para a aprendizagem do medo está na amígdala, um centro nervoso do sistema límbico situado no fundo do cérebro (p.284, Myers). • A amígdala desempenha papel fundamental na associação de várias emoções, inclusive o medo, com certas situações. • Não apenas a amígdala liga a situações com reações de medo, mas também suas emissões estão ligadas a todas as partes do cérebro que produzem os sintomas físicos de medo extremo, como diarréia e fôlego curto. • É importante salientar, que os medos de algumas pessoas são maiores que os de outras. Para umas poucas pessoas, os medos intensos de objetos ou situações específicas prejudicam sua capacidade de enfrentá-los. Além disso, algumas pessoas têm muito medo de situações ameaçadoras ou embaraçosas. Manter uma atenção permanente a ameaças potenciais é sentir uma ansiedade crônica. • Outros – heróis corajosos e criminosos implacáveis – têm menos medo. A experiência ajuda a moldar esse medo ou ausência de medo, mas o mesmo acontece com nossos genes. Os genes influenciam nosso temperamento – nossa capacidade de reação emocional. RAIVA • O que nos deixa com raiva? • James Averill (1983) pediu a muitas pessoas para recordar ou manter registros meticulosos de suas experiências com a raiva. O que se observou é que, a raiva era muitas vezes uma reação a delitos percebidos de pessoas amigas ou amadas. A raiva era especialmente comum quando o ato da outra pessoa parecia intencional, injustificado e evitável. Mas contrariedades casuais, sem um culpado – cheiros desagradáveis, temperaturas altas, engarrafamentos, dores – podem nos deixar com raiva (Berkowitz, 1990). “ A raiva nunca desaparece enquanto os pensamentos de ressentimento ficarem guardados na mente” O Buda 500 a. C. • O que as pessoas fazem com sua raiva? E o que devem fazer? Quando a raiva alimenta atos agressivos, em termos verbais ou físicos, de que mais tarde nos arrependemos, então ela é inadaptativa. • É comum na raiva vermos com freqüência pessoas a discutir as coisas com a pessoa ofensora, reduzindo assim a ofensa. Essas expressões controladas de raiva são mais adaptativas do que as explosões hostis ou a interiorização de sentimentos de raiva. • Quando irritados, devemos ir em frente e berrar, dizer tudo a uma pessoa, ou retaliar?Ann Landers (1969) estava certa ao dizer que “os jovens devem ser ensinados a descarregar sua raiva”? Os líderes do “movimento de recuperação”estão certos ao incentivar nossas manifestação de raiva pois proporciona liberação emocional, ou catarse. A hipótese de catarse sustenta que reduzimos a raiva ao liberá-los através de ação ou fantasia agressiva. • Em síntese, expressar raiva pode temporariamente acalmar se não nos deixa com sentimentos de culpa ou ansiedade. • O estímulo para descarregar a raiva tipifica as culturas individualistas, mas dificilmente seria ouvido em culturas nas quais a identidade das pessoas é mais voltada para o grupo. Pessoas que sentem com intensidade sua interdependência encaram a raiva como uma ameaça à harmonia do grupo. • A catarse ela pode gerar nas pessoas uma melhora horas depois, porém não consegue eliminar a raiva. E lembrando que descarregar a raiva gera mais raiva.E além de gerar a retaliação e conflitos quando a pessoa é alvo da raiva. • Quando costumamos ter explosões de raiva isto pode constituir um reforço e ser uma formação de hábito. Como lidar com a raiva? • Primeiro, reduza o nível de excitação fisiológica da raiva esperando. Qualquer excitação emocional vai esfriar se você esperar tempo suficiente. • Segundo, lide com a raiva de uma maneira que não envolva nem a raiva crônica por qualquer pequena contrariedade nem o mau humor passivo, que é apenas um ensaio para suas razões para a raiva. Não sufoque a raiva, busque expressar os ressentimentos de maneira que promova a reconciliação. Busque expôr seus sentimentos de forma clara e positiva e seja desprovido de acusações. FELICIDADE “Como obter, como manter e como recuperar a felicidade é na verdade, para a maioria dos homens, em todos os momentos, o motivo secreto para tudo o que fazem”(William James). • Pessoas que são felizes percebem o mundo como mais seguro, tomam decisões com mais facilidade, são candidatos a emprego com desempenho mais favorável, e mostram maior satisfação com sua vida em geral. • Quando nos sentimos felizes, estamos mais dispostos a ajudar outros.É o que se chama de fenômeno sinta-se bem e faça o bem. • Apesar do significado da felicidade, a Psicologia tem focalizado mais as emoções negativas. Pois, as emoções negativas podem tornar nossa vida miserável e nos levar a pedir ajuda. • Porém pesquisadores tem atualmente se interessado no bem- estar subjetivo. • Na pesquisa sobre a felicidade, os psicólogos têm estudado as influências sobre nossos ânimos temporários e sobre a satisfação com a vida a longo prazo. • O que se observa em pesquisas de que, a longo prazo, nossos altos e baixos emocionais tendem a se equilibrar. Com exceção do pesar prolongado pela perda de uma pessoa amada ou da ansiedade persistente depois de um trauma (como abuso infantil, estupro ou os horrores da guerra), nem mesmo a tragédia causa a depressão permanente. A constatação é surpreendente. Veja exemplos: • Pessoas que ficam cegas ou paralíticas em geral recuperam níveis quase normais de felicidade cotidiana. • Em uma pesquisa com 128 pessoas tetraplégicas, a maioria admitiu que considerara o suicídio depois da lesão.Sofrer uma deficiência é conviver todos os dias com as frustrações de um corpo que não coopera. Apesar disso, mais de um ano depois, apenas 10 % consideravam que sua qualidade de vida era ruim; a maioria descrevia como boa ou excelente. • O efeito de eventos dramaticamente positivos também é temporário. Depois que passa o fluxo de euforia, os ganhadores de grandes prêmios lotéricos descobrem que sua felicidade geral permanece inalterada. • O aumento de prosperidade quase não afeta a felicidade.Nos países mais prósperos, pessoas com mais dinheiro não são muito mais felizes do que as pessoas que têm apenas o suficiente para prover as necessidades mínimas da vida. Riqueza não é como a saúde: sua ausência absoluta gera a miséria, mas tê-la não é garantia de felicidade. “Nenhuma felicidade dura para sempre”. Sêneca Agamennon 60 d.C • Dois princípios psicológicos explicam por que – para todos, exceto os muito pobres – mais dinheiro não compra mais do que um fluxo temporário de felicidade. * O princípio de adaptação ao nível de experiência: A felicidade está relacionada à nossa experiência anterior. * O princípio da privação relativa: a felicidade é relativa às realizações dos outros. O princípio de adaptação ao nível de experiência: A felicidade está relacionada à nossa experiência anterior. • O fenômeno de adaptação ao nível da experiência descreve nossa tendência para julgar vários estímulos em relação ao que experimentamos antes. No caso, se nosso prestígio social aumenta, sentimos um fluxo inicial de prazer. Depois nos adaptamos a esse novo nível de realização, passamos a encará-lo como normal e exigimos algo ainda melhor para que nos proporcionar outro fluxo de felicidade. • Depois de me adaptar para cima, percebo como negativo o que antes experimentava como positivo. O luxo de ontem se tornou a necessidade de hoje.Lembrando, satisfação e insatisfação, sucesso e fracasso...tudo é relativo à nossa experiência recente. “Os prazeres prolongados se desgastam...O prazer depende sempre da mudança e desaparece com a satisfação contínua” Psicólogo holândes Nico Fruda (1988) • Uma das perguntas que muitos se fazem é se, um dia poderemos criar um paraíso social permanente neste mundo e a resposta é não. Podemos logo estaríamos adaptados ao nível da experiência e com isso, em pouco tempo, voltaria a sentir ora gratificado, ora privado, e às vezes neutro. • Logo, isso se explica por que os anseios materiais podem ser insaciáveis. • A busca da felicidade através da realização material exige uma abundância sempre crescente de coisas. “Também aprendi por que as pessoas se empenham com tanto afinco em ter sucesso: é porque invejam as coisas que seus vizinhos têm. Mas é inútil. É como correr atrás do vento. ...É melhor ter apenas um pouco, com paz de espírito, do que passar o tempo todo ocupado tentando pegar o vento com as duas mãos.” Eclesiastes 4:4 O princípio da privação relativa: a felicidade é relativa às realizações dos outros. • A felicidade é relativa não apenas à nossa experiência passada, mas também às comparações com outros. Estamos sempre nos comparando com outros. • Pessoas de renda média e superior num determinado país, que podem se comparar com os relativamente pobres, tendem a se mostrar um pouco mais satisfeitas com a vida do que seus compatriotas menos afortunados. • Mas, assim que uma pessoa alcança um nível de renda moderado, os aumentos adicionais pouco contribuem para aumentar a felicidade. Por quê? • A medida que as pessoas sobem na escala do sucesso, passam a se comparar com quem está em seu nível atual ou acima. • Não se pode escapar da inveja apenas pelo sucesso, pois sempre haverá na história ou na lenda alguma pessoa ainda mais bem sucedida do que você. Previsores da Felicidade • O que torna uma pessoa normalmente feliz e outra nem tanto? Veja pesquisas sobre previsores de felicidade (Myers & Diener, 1995, 1996). Felicidade é... Pesquisadores descobriram que pessoas felizes tendem a... •Ter auto estima alta •Ser otimista e extrovertido •Ter amizades íntimas ou ter um casamento satisfatório •Ter trabalho e lazer que absorvem sua capacidade •Ter fé religiosa significativa •Dormir bem e fazer exercícios. No entanto, felicidade parece não ter muita relação com outros fatores, como •Idade •Raça •Sexo (mulheres ficam deprimidas com mais freqüência, mas também são mais alegres) •Nível de instrução •Parentalidade (ter filhos ou não) •Atração física • Analisando brevemente os previsores de felicidade, observa-se que: adolescentes e jovens adultos felizes também tem mais probabilidade de se concentrar em empenhos pessoais e em relacionamentos íntimos do que em dinheiro e prestígio. • Portanto, felizes são aqueles que são absorvidos por seu trabalho e lazer, por suas amizades, o que nos permite “fluir”na atividade focalizada. • Tarefas e relacionamentos satisfatórios tem um impacto em nossa felicidade, mas dentro dos limites impostos por nosso controle genético.