Matéria: literatura
Assunto: modernismo - vinícius de moraes
Prof. IBIRÁ
Literatura
VINÍCIUS DE MORAES (1913 - 1980)
Foi um poeta, compositor, dramaturgo, jornalista, roteirista e diplomata brasileiro. Sua música
“Garota de Ipanema”, composta em parceria com Tom Jobim, é uma das mais importantes
canções da história da música brasileira.
Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913, Desde jovem mostrou interesse pela
poesia. Aluno do colégio Santo Inácio, em Botafogo, participou ativamente das atividades
artísticas escolares. Em 1922 escreveu seus primeiros versos. Em 1930, ingressou na Faculdade
Nacional de Direito. Formou-se em 1933, ano em que publicou seu primeiro livro de poemas
“O Caminho Para a Distância”. Em 1936 passa a frequentar as rodas literárias e boêmias do Rio
de Janeiro. Em 1938, ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar literatura Inglesa
na Universidade de Oxford. Nesse mesmo ano escreve o poema “O Soneto da Separação”. Em
1939, com a Segunda Guerra Mundial, permanece um período em Portugal e no ano seguinte
retorna ao Brasil. Em 1943, Vinícius de Moraes passa no concurso do Itamaraty e ingressa
na carreira diplomática, função que ocupou até 1968. Em 1946 assume seu primeiro posto
diplomático, como vice-cônsul, em Los Angeles, Estados Unidos. Serviu em Paris e Montevidéu,
regressando ao Brasil em 1964. Em 1968 é exonerado do Itamaraty.
De volta ao Rio de Janeiro, dedicou-se à poesia, à música, a trilhas para novelas e musicais,
e a intensa vida de shows no Brasil e no exterior. Fez parceria com Tom Jobim, Toquinho,
João Gilberto, Edu Lobo e outros. Entre suas músicas destacam-se Garota de Ipanema, Gente
Humilde, Aquarela, Eu Sei Que Vou Te Amar, entre outras.
Vinícius de Morais casou-se nove vezes e teve cinco filhos. Em 1978 passou a viver com sua
última esposa, Gilda Matoso, que o acompanhou até seus últimos dias. O poeta faleceu no Rio
de Janeiro, de edema pulmonar, no dia 9 de julho de 1980.
A obra de Vinícius de Moraes, conforme ele mesmo afirma no prefácio de sua Antologia poética,
divide-se em DUAS fases:
a) a primeira fase insere-se na linha de um neo-simbolista, de conotações místicas, onde há
um debate entre as solicitações da alma e as do corpo. Um debate angustiado pela presença de uma impregnação religiosa não muito bem definida. O romancista católico Otávio de
Faria disse que o poeta oscilava entre a “impossível pureza” e a “impureza inaceitável”. O
tema desta primeira fase é bastante retórico e a linguagem nebulosa apresenta uma mistura de hermetismo com verbalismo.
b) a segunda fase, iniciada com Cinco elegias, assinala a explosão de uma poesia viril. Nela
– segundo o próprio Vinícius – estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil, mas consistente repulsa, ao idealismo dos primeiros
anos.
Corrigindo os excessos de sua escrita, valendo-se (a exemplo de Bandeira e Drummond) das
formas clássicas de expressão poética, principalmente do soneto, Vinícius se tornaria o poeta
mais conhecido da literatura nacional. Seu grande tema continua a ser o amor. O amor e suas
múltiplas implicações: carência, desejo, espanto, saudade.
Um sensualismo poderoso percorre com frequência. O complexo de culpa – de origem religiosa
– já não existe. “Receita de mulher” e “Soneto de fidelidade” são os poemas mais conhecidos.
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Literatura – Prof. Ibirá Costa
Leiamos o “Soneto de separação”:
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais do que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se faz contente.
Fez do amigo próximo distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Ao englobar mundo material em sua produção artística, o poeta se inclinara por um tipo de
poesia ligada ao cotidiano e à denúncia social. Operário em construção já é antológico. E quem
não conhece “A rosa de Hiroshima”:
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
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Bibliografia de Literatura
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