Pré-Vestibular Popular da UFF na Engenharia
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
DISCIPLINA: LITERATURA
PROFESSORA: ALINE RODRIGUES
Os Gêneros Literários
O texto literário pode ser divido,
primeiramente, em dois grandes grupos.
No que se refere à forma, pode ser escrito
em verso ou prosa.
Em relação ao
conteúdo e à estrutura, pode ser dividido
em gêneros distintos:
I.
Gênero Lírico
Texto de caráter emocional no qual os
sentimentos, ideias e visão de mundo de
um eu-lírico. Normalmente em 1 ª pessoa
e com predomínio das funções emotivas
e poéticas.
Soneto da Separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes
II.
Gênero Dramático
Do grego dráma = ação, trata-se do
texto, escrito em prosa ou verso para ser
encenado, em que a ação se desenrola a
partir de diálogos. Compreende as
seguintes modalidades:
A. Tragédia: Representação de um
fato trágico, provocado pelo
homem. Na tragédia clássica, o
conflito é desencadeado por causa
dos valores. Já a tragédia moderna
tem como tema central a
subjetividade. Ex: Clássicas:
Medeia, Édipo Rei;
Modernas:
Hamlet, Macbeth, Otelo
B. Comédia: Representa um fato
inspirado no cotidiano. Sua origem
está nas festas populares gregas.
É uma sátira de comportamentos
individuais e coletivos com o intuito
moralizante. Ex: Lisístrata, de
Aristófanes.
C. Tragicomédia: Mistura de
elementos trágicos e cômicos. Na
antiguidade, também significava a
mistura do real e do imaginário. Ex:
As Bacas – Eurípedes / Memórias
Póstumas de Brás Cubas
III.
Gênero Épico
É uma narrativa em forma de
versos que conta os feitos
(geralmente, fatos históricos) de
um povo,
ou de um cidadão;
representado
por
um
herói.
Apresenta sempre um narrador
falando do passado - Narrativa “in
medias res”. É caracterizado pela
presença de mitologia greco-latina
– Plano real e mítico -, heróis
mitológicos e heróis humanos.
Ex: “Ilíada” e “Odisséia” – Homero ,
“Eneida” - Vírgilio , “Os Lusíadas” –
Camões e “A Divina Comédia” – Dante
Alighieri
“ As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram; “
(Lusíadas, Canto
I, 1)
IV.
Gênero Narrativo:
“A narrativa está presente em todos os
tempos, em todos os... lugares, em todas
as sociedades; a narrativa começa com a
própria história da humanidade; não há,
nunca houve em lugar nenhum povo algum
sem narrativa; (...) a narrativa está sempre
presente, como a vida. “
(BARTHES, Roland. A aventura
semiológica)
É proveniente do gênero épico –
narrativas em prosa, não foi previsto por
Aristóteles na sua divisão dos gêneros. De
acordo com a sua estrutura, pode ser
classificado como: Romance, novela e
conto:
a) O romance – Trata-se de uma
narrativa longa, geralmente
estruturada
em
capítulos,
compondo-se
por
vários
personagens,
onde
vários
conflitos estão ligados a um
conflito principal, formando
desta forma o que chamamos
de enredo. Suas origens
remontam à Idade Média, mas
a forma atual desenvolveu-se
desde o século XVIII.
b) A novela – Os episódios são
realizados de forma ininterrupta
e dinâmica. Os espaços são
bem delimitados e o enredo
corrobora-se para o desfecho
da narrativa e para a resolução
de variados conflitos.
c) O conto – Caracteriza-se por
uma
narrativa
curta,
envolvendo
poucos
personagens, onde o enredo
gira em torno de apenas um
conflito que se resolve em
pouco tempo.
Funções da Linguagem
a) Função emotiva (ou expressiva):
Centralizada no Emissor , Primeira
pessoa do singular (eu). Emoções.
Interjeições e Exclamações.
Exemplos: Blogs, Autobiografias e
Poesias líricas.
“Ah! Leva a solidão de mim
Tira esse amor dos olhos meus
Tira a tristeza ruim do adeus
Que ficou em mim
Que não sai de mim”
b) Função Referencial: Centralizada no
Referente. Terceira pessoa do singular
(ele/ela). Informações, descrições de fatos,
neutralidade. Ex: Jornais e livros técnicos.
“São Paulo, 29 mar (EFE).- O ex-vicepresidente José Alencar morreu nesta
terça-feira, em São Paulo, aos 79 anos.”
c) Função apelativa (ou conativa):
Centraliza-se no receptor. Segunda pessoa
do singular e imperativo.
Figuras
de linguagem.
Discursos políticos, Sermões e Promoção
em pontos de venda
d) Função Fática: Centrada no canal de
comunicação. Objetivo é testar a
compreensão durante a comunicação.
“Alô! Tá me
“Entendeu?”
ouvindo?”;
“Pronto?”;
e) Função poética:
Centralizada na
mensagem.
Subjetividade.
Figuras
de linguagem e brincadeiras com o código.
Ex: Obras literárias, letras de música, em
algumas propagandas etc.
“De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.”
(Vinícius de Morais. Soneto da
fidelidade)
f) Função Metalinguística: centralizada no
código. usa a linguagem para falar dela
mesma. Ex: Poesia sobre poesia,
Propaganda sobre propaganda e Dicionário
“Escrevo porque gosto de escrever. Ao
passar as idéias para o papel, sinto-me
realizada...”
Escrever: Pôr ou dizer por escrito.
2. Encher de letras. 3. Compor, redigir.
4. Ortografar.
5. Fig. Fixar,
gravar.
6. Representar o pensamento por meio
de caracteres.
Figuras de Linguagem
Figuras de linguagem são certos
recursos não-convencionais que o falante
ou escritor cria para dar maior
expressividade à sua mensagem. Podemse classificar as figuras de linguagem em
três tipos: Figuras de Pensamento Figuras
de Palavras e Figuras de Sintaxe.

Figuras de Pensamento: As
figuras de pensamento são recursos de
linguagem que se referem ao significado
das palavras, ao seu aspecto semântico.
a) Antítese: é a aproximação de palavras
ou expressões de sentidos opostos.
“Onde queres prazer sou o que dói / E
onde queres tortura, mansidão / Onde
queres um lar, revolução/ E onde queres
bandido sou herói” (Caetano Veloso)
b) Eufemismo: quando uma palavra ou
expressão é empregada para suavizar uma
verdade tida como penosa, desagradável
ou chocante.
“E pela paz derradeira que enfim vai nos
redimir/ Deus lhe pague.” (Chico Buarque)
c) Hipérbole:é um exagero intencional com
a finalidade de tornar mais expressiva a
ideia.
“Rios te correrão dos olhos, se chorares!”
(Olavo Bilac)
“Na chuva de cores/ Da tarde que explode/
A lagoa brilha”. (Carlos Drummond de
Andrade)
d) Ironia: consiste na inversão dos
sentidos, ou seja, afirmamos o contrário do
que pensamos.
“As moças entrebeijam-se porque não
podem morder-se umas às outras. O beijo
deles é a evolução da dentada da pré-avó.”
(Monteiro Lobato)
“Moça linda, bem tratada, três séculos de
família, burra como uma porta: um amor.” (
Mário de Andrade)
e) Paradoxo: não apenas na aproximação
de palavras de sentido oposto, mas de
ideias que se contradizem. É uma verdade
enunciada com aparência de mentira.
“O mito é o nada que é tudo.” (Fernando
Pessoa)
f) Personificação ou Prosopoeia: Atribui
movimento, ação, fala, ou sentimento características próprias de seres animados
- a seres inanimados, irracionais e
imaginários.
“... a Lua/ tal qual a dona do bordel / pedia
a cada estela fria/ um brilho de aluguel”
(João Bosco & Aldir Blanc)
“O peixinho (...) silencioso e levemente
melancólico...” (Mário de Andrade)
“Um frio inteligente (...) percorria o
jardim...” (Clarice Lispector)
 Figuras de Palavras:
a) Metáfora: É o emprego de uma palavra
com o significado de outra em vista de uma
relação de semelhanças entre ambas. É
uma comparação subentendida.
“O tempo é uma cadeira ao sol, e nada
mais.” (Drummond)
“Minhas sensações são um barco de quilha
pro ar.” (Fernando Pessoa)
b) Metonímia: É a substituição de uma
palavra por outra, quando existe uma
relação lógica, uma proximidade de
sentidos que permite essa troca.
Autor pela obra: “Li Jô Soares dezenas de
vezes.”
O continente pelo conteúdo: “O ginásio
aplaudiu a seleção”
A parte pelo todo: “Vários brasileiros vivem
sem teto, ao relento.”
Efeito pela causa:
“Suou muito para
conseguir a casa própria”
c) Sinestesia: Transfere percepções da
esfera de um sentido para o outro e tem
como resultado uma fusão de impressões
sensoriais de grande poder sugestivo.
“A sua voz áspera intimidava a platéia.”
“Ó sonora audição colorida do aroma”
d) Catacrese: É uma metáfora desgastada,
tão usual que já não percebemos. Assim, a
catacrese é o emprego de uma palavra no
sentido figurado por falta de um termo
próprio.
“O menino quebrou o braço da cadeira.”
 Figuras de sintaxe:
a)
Assíndeto: ocorre quando há a
ausência da conjunção entre duas orações.
“Não nos movemos, as mãos é que se
estenderam pouco a pouco, todas quatro,
pegando-se, apartando-se, fundindo-se.”
(Machado de Assis)
“Fere, mata, derriba denodado...” (Camões)
b)
Elipse: Ocorre quando omitimos um
termo ou oração que facilmente podemos
identificar ou subentender no contexto.
“Sentei-me na cama, uma dor aguda no
peito, o coração desordenado.” (Antônio
Pereira)
“Veio sem pinturas, em vestido leve,
sandálias coloridas.” (Rubem Braga)
c)
Anáfora: consiste na repetição de
uma palavra ou expressão para reforçar o
sentido, contribuindo para uma maior
expressividade.
“Eu quase não saio/ Eu quase não tenho
amigo/ Eu quase não consigo / Ficar na
cidade sem viver contrariado.” (Gilberto Gil)
d)
Pleonasmo:
É o emprego de
palavras redundantes , com o fim de
enfatizar ou reforçar a expressão.
“Morrerás morte vil na mão de um forte”
(Gonçalves Dias)
“Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São
lágrimas de Portugal” (Fernando Pessoa)
e)
Polissíndeto:
É a repetição
enfática de uma conjunção coordenativa
(conjunção e ).
“Vão chegando as burguesinhas pobres,/ e
as criadas das burguesinhas ricas/ e as
mulheres do povo, e as lavadeiras da
redondeza.”
(Manuel Bandeira)
f)
Silepse:
ocorre
quando
a
concordância é realizada com a idéia e não
sua forma gramatical. Existem três tipos de
silepse: gênero, número e pessoa.
“A certa altura, a gente tem que estar
cansado”
“Corria gente de todos os lados e gritavam”
“A gente não sabemos escolher presidente/
A gente não sabemos tomar conta da
gente.”
EXERCÍCIOS
1.
(UFRJ)
“E protegei sobretudo os meninos pobres
dos morros e dos mocambos, os tristes
meninos da cidade e os meninos amarelos
e barrigudinhos da roça, protegei suas
canelinhas finas, suas cabecinhas sujas,
seus pés que podem pisar em cobra e seus
olhos que podem pegar tracoma – e afastai
de todo perigo e de toda maldade os
meninos do Brasil, os louros e os
escurinhos, todos os milhões de meninos
deste grande e pobre e abandonado
meninão triste que é o nosso Brasil, ó
Glorioso
São
Cosme,Glorioso
São
Damião!”
Setembro, 1957
(RUBEM BRAGA, 200 Crônicas
escolhidas)
No parágrafo, ocorre uma personificação.
Diga
qual
é
essa
personificação,
relacionando-a ao tratamento dispensado
pelo texto ao tema da infância.
2.
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de
mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
(MÁRIO QUINTANA, Poesia
completa.)
a) O texto é todo construído por meio
do emprego de uma figura de
estilo.
Como é denominada essa figura?
b) Eles não têm pouso
nem porto (v. 6-7)
Os versos acima podem ser lidos
como uma pressuposição do autor sobre o
texto literário. De que forma essa
pressuposição está ligada à obra literária,
como texto público?
O Barroco
1. Quadro Histórico




Contra- Reforma
Século – XVII: Pós-Concílio de Trento
Comércio e expansão ultramarina
União Ibérica
2. Características do Barroco
 Estilo que nasce de uma crise dos
valores renascentistas.
 O homem barroco vive em estado de
tensão e desequilíbrio.
 Dualismo do homem barroco: Está
dividido entre o mundo espiritual (celeste,
eterno) e mundo material (terreno,
passageiro),
antropocentrismo
e
teocentrismo, pecado e perdão.
 Evasão pelo culto exagerado à forma:
Busca pelo detalhe e o rebuscamento
formal.
 Figuras
de
linguagem:
Predominantemente, hipérbole. Metáfora e
antítese.
3. Estilos Literários no Barroco:
 Cultismo – Linguagem rebuscada e
extravagante. Valorização do pormenor
mediante aos jogos de palavras. Uso
demasiado de figuras de linguagem.
Influência do poeta espanhol Luís de
Gôngora.
 Conceptismo – Marcado pelo jogo de
ideias, de conceitos, segue um raciocínio
lógico, racionalista, de retórica aprimorada.
É uma espécie de argumentação dentro da
poesia ou do sermão. O espanhol Quevedo
foi um dos principais autores do cultismo.
Exemplo de Soneto Conceptista:
MEU DEUS
Meu Deus, que estais pendente de um
madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro:
Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai, manso Cordeiro.
Mui grande é vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.
Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.
1.
Poeta busca o perdão Divino e
para isso argumenta com Deus – tenta
convencer Deus de que é bom que o
perdoe para assegurar a glória divina.
2.
Silogismo:
Premissa maior: O amor infinito de Cristo
salva o pecador.
Premissa menor: Eu sou um pecador.
Conclusão: Logo, eu espero salvar-me.
4. Principais Autores:
Padre Antônio Vieira:
É considerado o maior orador sacro
da Língua Portuguesa. Possui uma obra
dividida em profecias, cartas e sermões,
quase duzentos. De estilo barroco
conceptista, o pregador português joga
com asa idéias e os conceitos, segundo os
ensinamentos da retórica dos jesuítas. Um
de seus principais sermões é o Sermão da
sexagésima (ou A palavra de Deus),
pregado na Capela Real de Lisboa em
1655.
"... Não fez Deus o céu em xadrez de
estrelas, como os pregadores fazem o
sermão em xadrez de palavras. Se de uma
parte está branco, da outra há de estar
negro; se de uma parte dizem luz, da outra
hão de dizer sombra; se de uma parte
dizem desceu, da outra hão de dizer subiu.
Basta, que não havemos de ver num
sermão duas palavras em paz? Todas hão
de estar sempre em fronteira com o seu
contrário? ..."
(Fragmento
do
Sermão da Sexagésima do Padre Antônio
Vieira)
Gregório de Matos:
É o primeiro grande poeta brasileiro.
Gregório ficou conhecido como o “Boca do
Inferno” devido a sua poesia satírica.
Praticou, e com esmero, a poesia religiosa
e a lírica. Cultivou tanto o estilo Cultista,
quanto o Conceptista, apresentando jogo
de palavras ao lado de raciocínios sutis,
sempre como o uso abusivo de linguagem.
A sua obra poética passeia por três
vertentes distintas:
 Poesia religiosa: coloca-se diante de
Deus, como um pecador, pedindo perdão
por seus erros e confiante na misericórdia
divina.
“Pequei, Senhor; mas não porque
hei peca
Da vossa alta clemência me
despido;
Porque quanto mais tenho
delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais
empenhado.”
 Poesia satírica: criticava os letrados,
os políticos, a corrupção, o relaxamento
dos costumes, a cidade da Bahia,
desdenha das aparências do mundo.
Desvenda a sua iniqüidade, com um
pessimismo realista, que não hesita em
entrar pela obscenidade e a crueza da vida
do sexo.
"Que os brasileiros são Bestas,
e estão sempre a trabalhar
toda a vida, por manter
Maganos de Portugal.“
 Poesia lírica: o lirismo amoroso de sua
poesia define-se pelo erotismo, revelando
uma sensualidade ora grosseira, ora de
rara fineza. Gregório de Matos foi o
primeiro poeta que admirou e glorificou a
beleza de mulheres brancas e negras.
“Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:”
Soneto V
Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ornadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir, que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo o mar de
enganos
Ser louco cos demais, que ser sisudo.
EXERCÍCIOS
Texto I
Largo em sentir, em respirar sucinto
Peno, e calo tão fino, e tão atento,
Que fazendo disfarce do tormento
Mostro, que o não padeço, e sei, que o
sinto.
O mal, que fora encubro, ou que desminto,
Dentro no coração é, que o sustento,
Com que para penar é sentimento,
Para não se entender é labirinto.
Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;
Da tempestade é o estrondo efeito:
Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.
Mas oh do meu segredo alto conceito!
Pois não me chegam a vir à boca os tiros
Dos combates, que vão dentro no peito.
Gregório de Matos
Guerra. Sonetos
Texto II
O tempo não pára
Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de
namorada
Eu sou mais um cara
Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára
Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando uma agulha num palheiro
Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou
morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha,
maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

a. As estéticas literárias não se confinam a
determinados tempos e a determinados
autores na expressão do sentimento e da
visão de mundo. De uma forma ou de
outra, os poetas Gregório de Matos e
Cazuza
(séculos
XVI
e
XX,
respectivamente) discutem as contradições
que, atemporalmente, cercam a existência
humana. Transcreva dois versos seguidos
do texto I e dois versos seguidos do texto II
que comprovem o caráter contraditório da
visão de mundo de cada autor.
b.



mediocritas” – exaltação do
meio-término.
Rousseau e o Mito do Bom
Selvagem.
Procura pelo “locus amenos”.
Poesia Bucólica e Pastoril
Fingimento poético e uso de
Pseudônimos Pastoris
3. Produção Literária no Brasil:
Cláudio Manoel da Costa (Glauceste
Satúrnio):
O poeta Gregório de Matos e o compositor
Cazuza, como homens de seus tempos,
apresentam, em certos aspectos, atitudes
distintas em relação aos conflitos
existenciais. O primeiro reconhece a
existência dos conflitos que o atormentam.
O segundo, além de reconhecer conflitos
pessoais, expõe as mazelas que cercam o
ser humano em geral. Transcreva, de cada
autor (texto IV e texto V), dois versos
seguidos que confirmem tal afirmativa.
Nascido em Minas Gerais, vai para
Coimbra estudar Direito (1749) quando
entra em contato com os ideais iluministas.
Lança o livro “Obras” e funda a Arcádia
Ultramarina. Inconfidente, é preso e
encontrado morto na cadeia. Assume o
papel de um pastor, pobre, mas feliz –
Glauceste Satúrnio. Cultivou a poesia
bucólica e pastoril. Além do livro “Obras”,
deixou também o poema épico “Vila Rica”.
O Arcadismo
Nasceu em Portugal, passou parte
da infância no Brasil. Graduado em Direito
por Coimbra, escreve a tese Tratado do
Direito Natural. Ao retornar para Brasil aos
38 anos como ouvidor e juiz, instala-se em
Vila Rica e se envolve na Inconfidência
Mineira quando estava prestes a se casar.
É preso e condenado ao degredo em
Moçambique.
1. Quadro Histórico
Mundo:
 Século das Luzes: Iluminismo racionalismo e despotismo
esclarecido
 Revolução Industrial e
Urbanização
 Independência dos EUA
Brasil:
 Transferência do Centro
Econômico do Nordeste para o
Sudeste – Minas e Rio
 Mineração
 Inconfidência Mineira
2. Características:



Simplicidade
Retorno aos modelos clássicos
greco-latinos da Antiguidade e
Renascimento.
Horácio: “Fugere urbem” –
Fugir da cidade; “Carpe Diem”
– viver o presente e “aurea
Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu) :

Principais Obras:
 Marília de Dirceu: Obra composta por
liras, inspiradas no seu romance com Maria
Dorotéia, na qual Gonzaga posiciona-se
como o pastor Dirceu. Apaixonado pelo
campo, Dirceu, vive a vida intensamente e
retrata o seu amor à Natureza e à Marília.
Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite,
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte:
dos anos inda não está cortado;
os Pastores que habitam este monte
respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
que inveja até me tem o próprio Alceste:
ao som dela concerto a voz celeste
nem canto letra, que não seja minha.
Graças, Marília bela.
graças à minha Estrela! (...)
 Cartas Chilenas: São 13 poemas
satíricos com estrutura de carta escritos por
Critrilo. Os desmandos, atos corruptos,
nepotismo, abusos de poder, falta de
conhecimento e tantos outros erros
administrativos, jurídicos e morais são
relatados em versos decassílabos do
"Fanfarrão Minésio" (o governador de
Minas Gerais, Luís Cunha Meneses) no
governo do "Chile" (a cidade de Vila Rica).
“Os zelosos juízes punir querem
A injúria da justiça: formam autos,
Procedem às devassas, pronunciam,
E mandam que estes nomes se descrevam
Nos róis dos mais culpados. Mas, amigo,
De que serve fazer-se o que as leis
mandam
Na terra, que governa um bruto chefe,
Que não tem outra lei mais que a
vontade?”
(Trecho – Carta IX)
Santa Rita Durão:
Frei da ordem de Santo Agostinho,
orador e poeta pode ser considerado o
criador do indianismo no Brasil. Seu poema
épico Caramuru é a primeira obra a ter
como tema o habitante nativo do Brasil; foi
escrita ao estilo de Camões, imitando um
poeta clássico assim como faziam os
outros neoclássicos.
XVII
“Correm, depois de crê-lo, ao pasto
horrendo,
E, retalhando o corpo em mil pedaços,
Vai cada um famélico trazendo,
Qual um pé, qual a mão, qual outros os
braços;
Outro na crua carne iam comendo,
Tanto na infame gula eram devassos;
Tais há que as assam nos ardentes
fossos,
Alguns torrando estão na chama os ossos.”
O Romantismo
A. A Escola Romântica
 Define-se como escola literária nos
últimos 25 anos do século XVIII. Na
Alemanha, a publicação de Wether de
Goethe, 1774, traz as bases definitivas do
sentimentalismo e do escapismo pela
morte.
 Na Inglaterra, o Romantismo manifestase nos primeiros anos do século XIX, com
o surgimento de Lord Byron e sua poesia
ultra-romântica.
 Em Portugal, a publicação do poema
Camões, de Almeida Garret, é o marco do
início do movimento literário no país.
1. Momento histórico mundial
 Segunda metade do século XVIII, o
processo de industrialização havia mudado
muito as antigas relações econômicas. O
grande marco das mudanças é a
REVOLUÇÃO FRANCESA.
 Período da consolidação da burguesia,
que passou a dominar a vida política,
econômica e social após a Revolução
Francesa e a Revolução Industrial (virada
do séc. XVIII para o XIX).
1.1 Momento histórico brasileiro
 Após 1808, o país tinha vivenciado uma
certa independência com a vinda da família
real portuguesa.
 Em 1822, ocorre a independência,
cresce o sentimento nacionalista e a busca
por um passado histórico.
 1823/1831 – Período conturbado;
autoritarismo de D. Pedro I; Constituição
outorgada, Confederação do Equador e
luta pelo trono com D. Miguel.
 Período Regencial e maioridade de
Pedro II.
2. Características do Romantismo
 Características que mudam com a
evolução dos autores. Inicia-se nos últimos
anos do século XVIII e vai até meados do
século XIX.
 Inicialmente, era tudo que se opunha ao
clássico, propõe uma retomada aos valores
Medievais.
 Subjetivismo: Relativo ao SUJEITO.
Trata de assuntos de uma forma pessoal
(de acordo com o modo como se vê o
mundo; faz um recorte subjetivo porque
retrata a realidade de forma parcial.
 Idealização: a extrema valorização da
subjetividade leva muitas vezes à
deformação.
 Sentimentalismo: relação entre o artista
e o mundo é sempre mediada pela
emoção.
 Egocentrismo:
maior
parte
dos
românticos volta-se predominantemente
para o próprio eu, numa postura
tipicamente narcisista.
 Religiosidade: mais comum entre os
primeiros românticos, a vida espiritual é
enfocada como ponto de apoio ou válvula
de escape diante das frustrações do mundo
real.
 Byronismo: foi amplamente cultivado
entre os românticos brasileiros da segunda
geração (entre os anos 50 e 60 do século
XIX). Traduz estilo de vida boêmio, voltado
para o vício e de uma forma particular de
ver o mundo
3. As gerações românticas
1ª Geração – Nacionalista ou
Indianista:
Marcada pela exaltação da Natureza, a
volta
ao
passado
histórico,
o
medievalismo e a criação da figura
nacional do índio.
2ª Geração – Ultra-romântica :
Influenciada por Lord Byron, arcada
pelo
mal-do-século,
apresenta
egocentrismo exacerbado, pessimismo,
satanismo e atração pela morte. Seu
tema preferido é a fuga da realidade.
3ª Geração – Condoreira: Desenvolve
uma poesia de cunho político e social.
O termo condoreirismo é conseqüente
do símbolo de liberdade adotado: o
condor.
B. Poesia Romântica
I) Primeira Geração Romântica
1) Gonçalves de Magalhães:
Nascido em Niterói, apesar de voltar-se
para a poesia religiosa, cultiva a poesia
indianista.
Considerado o introdutor do Romantismo
no Brasil. Fundador da revista Niterói, com
outros poetas, na qual teoriza sobre a
reforma nacionalista e espiritualista da
literatura brasileira.
Principais obras: Suspiros Poéticos e A
Confederação dos Tamoios.
2) Gonçalves Dias (1823-1864):
É o responsável pela consolidação do
Romantismo no país.
Primeiro poeta
autêntico brasileiro e único indianista de
interesse. Trabalha com os temas iniciais
do estilo, como o indianismo, a natureza
pátria e o espírito de brasilidade. Podemos
dividir sua obra em: lírica, medieval e
nacionalista. É dele a autoria de um dos
poemas mais importantes da literatura
nacional: Canção do Exílio.
Obras: Primeiros contos, poesia (1846);
Segundos cantos e Sextilhas de Frei Antão,
poesia (1848); Últimos cantos (1851); Os
Timbiras, poesia (1857).
Canção do exílio
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."
II) Segunda Geração
1) Álvares de Azevedo:
É o responsável pelos contornos
definitivos do “mal-do-século” na literatura
brasileira. A sua poesia possui grande
tendência para a evasão e para o sonho;
aspectos mórbidos e depressivos da
existência.
As imagens de morte e amor também
estão sempre presentes. Há uma fusão
entre libido e instinto de morte. Sendo que
o amor é idealizado, irreal e cheio de
heroínas ingênuas e filhas do céu.
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Lembrança de Morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
... Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade... é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia. (...)
Soneto VI
Os quinze anos de uma alma transparente,
O cabelo castanho, a face pura,
Uns olhos onde pinta-se a candura
De um coração que dorme, inda inocente...
Um seio que estremece de repente
Do mimoso vestido na brancura...
A linda mão na mágica cintura...
E uma voz que inebria docemente...
Um sorrir tão angélico, tão santo...
E nos olhos azuis cheios de vida
Lânguido véu de involuntário pranto...
2) Casimiro de Abreu:
É o primeiro poeta a reler a “canção do
exílio”. É também o autor de “Meus oito
anos” cujas releituras quase equiparam-se
em número as de Gonçalves Dias. A sua
poesia tem como
temas
principais
o
saudosismo
nacionalista e a saudade nostálgica.
Principal Obra: As Primaveras (1859)
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
(...)
III . Terceira Geração:
 Castro Alves:
Educado pela literatura de Vitor Hugo, tem
horizontes mais amplos, não se interessa
apenas pelos sentimentos. Como poeta,
cantou a República, o abolicionismo, a
igualdade e os oprimidos. Sua única obra
publicada em vida foi o livro “Espumas
flutuantes” após o poeta ter regressado à
Bahia. A poesia social tem grande
expressão na sua obra e pode ser
considerado o maior poeta da sua geração.
O "adeus" de Teresa
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala
E ela, corando, murmurou-me: "adeus.“
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras
voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!“
C. Prosa Romântica
Passaram tempos sec'los de delírio
Prazeres divinais gozos do Empíreo
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!. . .
"
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"
Quando voltei era o palácio em festa!
E a voz d'Ela e de um homem lá na
orquesta
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!
E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"
Navio Negreiro
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:









Características:
Flash-back narrativo
O amor como redenção
Idealização do herói
Idealização da mulher
Personagens planas
Linguagem metafórica
Impasse amoroso, com final feliz
ou trágico
Oposição aos valores sociais
Produção literária:
1) Joaquim Manoel de Macedo
Inaugura o romance romântico no país com
o livro “A Moreninha”.
Em sua obra,
apresenta todo o esquema dos romances
românticos clássicos como a descrição da
sociedade carioca, linguagem simples,
pequenas intrigas, amor e mistério. Escritor
da classe média, seus romances são
permeados de jovens estudantes, moças
casadoiras e ingênuas.
2) Manoel Antônio de Almeida:
Autor de Memórias de um soldado de
milícias, possui uma obra bastante
inovadora. O livro pode ser considerado o
verdadeiro
romance
de
costumes
brasileiros, pois abandona a visão
burguesa e retrata o povo em sua
simplicidade. É um romance altamente
irônico e que documenta a época em que
D. João esteve no país.
- A obra fere os ideais românticos através
da figura do heroi Leonardo. É um heroi
pitoresco, está à margem da sociedade, a
vê de outro ângulo: de baixo para cima.
3) José de Alencar:
Principal romancista do Romantismo
brasileiro, ambicionou representar os
diversos aspectos do país. Pode-se dividir
a sua obra em cinco modalidades.
 Romance de costumes ou romance
urbano: trata as particularidades
da vida cotidiana da burguesia e,
por isso, conquistou um enorme
prestígio entre o público dessa
classe. Trata das intrigas de amor
e desigualdades econômicas, mas
sempre com um final feliz.
Apresenta os perfis de mulher.
Obras: A Viuvinha, Cinco Minutos,
Lucíola, Diva e Senhora.
Trecho I - Aurélia.
“Há anos raiou no céu fluminense uma
nova estrela. Desde o momento de sua
ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi
proclamada a rainha dos salões. Tornouse a Deusa dos bailes; a musa dos poetar
e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era Rica e Famosa.
Com duas
opulências, que se realçam como a flor em
vaso de alabastro; dois esplendores que se
refletem, como o raio de sol no prisma do
diamante.
Quem não se recorda de
Aurélia Camargo, que atravessou o
firmamento da corte como brilhante
meteoro, e apagou-se de repente no meio
do deslumbramento que produzira o seu
fulgor?”
 Romances Regionais: Mostram o
relacionamento entre o homem e o
meio físico. Alencar descreve o
sertanejo e o gaúcho.
Obras: O sertanejo e O gaúcho
 Romances indianistas: celebra
tanto o estado de pureza e
inocência do índio quanta a
formação
mestiça
da
raça
brasileira. Nesses romances, a
natureza aparece exaltada e nela
vive o super-herói, um índio de
cultura e fala europeizada.
Obras: O guarani, Iracema e Ubirajara.
O Guarani - Trecho
“Álvaro fitou no índio um olhar admirado.
Onde é que este selvagem sem cultura
aprendera a poesia simples, mas graciosa;
onde bebera a delicadeza de sensibilidade
que dificilmente se encontra num coração
gasto
pelo
atrito
da
sociedade?
A cena que se desenrolava a seus olhos
respondeu-lhe; a natureza brasileira, tão
rica e brilhante, era a imagem que produzia
aquele espírito virgem, como o espelho das
águas reflete o azul do céu."
O Real Naturalismo
Trecho II - Casamento.
”- Representamos uma comédia, na qual
ambos desempenhamos o nosso papel
com perícia consumada. Poderemos ter
esse orgulho, que os melhores atores não
nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo
à esta cruel mistificação, com que nos
estamos
escarnecendo
mutuamente,
senhor. Entremos na realidade por mais
triste que ela seja; e resigne-se cada uma
que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um
homem vendido.
- Vendido! Exclamou Seixas ferido dentro
d'alma.
- Vendido Sim: não tem outro nome. Sou
rica, muito rica, sou milionária; precisava de
um marido, traste indispensável às
mulheres honestas. O senhor estava no
mercado; comprei-o. Custou-me cem
contos de réis, foi barato; não se fez valer.”
 Romance Histórico: Romances de
fundo histórico, voltados para o
período colonial.
Obras: A Guerra dos Mascates e
As minas de prata.
“ O Realismo é uma reação contra o
Romantismo: o Romantismo era a
apoteose do sentimento; o Realismo é
anatomia do caráter. É a crítica do homem.
É a arte que nos pinta a nossos próprios
olhos – para condenar o que houver de
mau na nossa sociedade.”
Eça de Queirós
A) O Ciclo Anti-Romântico - Fim
do século XIX




Início da 2ª Fase da Revolução
Industrial.
Distanciamento cada vez maior
entre o operariado, vivendo em
condições de miséria, e os
capitalistas.
Em Portugal, o atraso em relação
ao que ocorre na Europa começa a
ser sentido.
No
Brasil,
a
campanha
abolicionista
intensifica-se
em
1850.
A Guerra do Paraguai
resulta
na
difusão
do
republicanismo e funda-se
Partido Republicano.
o
As mudanças ocorridas na sociedade
condicionam o surgimento do pensamento
científico e das doutrinas filosóficas e
sociais:














O positivismo de Augusto Comte:
Preocupação com o real-sensível e
com
os fatos.
Defende
o
pensamento
científico
e
a
conciliação
entre
“ordem
e
progresso”.
O socialismo científico de Marx e
Engels: Inicia-se com a publicação
do Manifesto Comunista. Define o
materialismo histórico e a luta de
classes.
O evolucionismo de Darwin: A
partir da publicação de “A origem
das espécies”, dá continuidade aos
seus estudos a respeito da teoria
da evolução de Lamarck e traz a
teoria da seleção natural.
Psicanálise de Sigmund Freud:
Psicanálise é a ciência do
inconsciente que foi fundada por
Sigmund Freud (1856-1939). Um
método de investigação, que
consiste
essencialmente
em
evidenciar
o
significado
inconsciente das palavras, das
ações, das produções imaginárias
(sonhos, fantasias, delírios) de um
sujeito.
B) A Prosa
I)
 Romance Realista
II.





Naturalismo - Características
Preferências
por
temas
de
patologia social – ressaltam temas
como o efeito das taras e os vícios
na formação de caráter.
Objetivismo
científico
e
impessoalidade – os naturalistas
atem-se aos fatos.
Literatura engajada – Faz da obra
de arte uma tese com intenção
científica que visa a reforma da
sociedade.
Ser humano descrito sob a ótica do
animalesco e do sensual.
Despreocupação com a moral
 Romance Naturalista


Realismo – Características
Objetivismo – aparece como
negação
do
subjetivismo
romântico.
Narrativa lenta
Homem voltado para aquilo que
está fora dele, o “não-eu”.
Extrema
preocupação
com
presente, o contemporâneo.
Determinismo - a obra de arte seria
definida por três fatores: meio,
momento e raça.
Mulher não idealizada, mostrada
com defeitos e qualidades;
Crítica aos valores e às instituições
decadentes
da
sociedade
burguesa.
Amor
e
outros
sentimentos
subordinados
aos
interesses
sociais;
Voltado para a análise psicológica
e crítica da sociedade que é feita
através das atitudes de seus
personagens.
Extrema preocupação com o
indivíduo,
por
isso,
tantos
romances com o nome de seus
personagens: Dom Casmurro, Brás
Cubas, Quincas Borba. É uma
forma de romance documental.

III.
É marcado pela análise social a
partir de grupos marginalizados e
por valorizar o coletivo.
Forte influência de Darwin através
da ênfase na natureza animal do
homem. Para eles, o homem deixase levar pelos instintos naturais e a
repressão destes levaria às taras
patológicas.
Descrições minuciosas tanto das
relações sexuais e de temas antes
proibidos
como
o
homossexualismo
feminino
e
masculino.
Casos Específicos:
* Machado de Assis:
◦
Dotado
de
raro
discernimento
literário,
adquire por esforço próprio
uma
forte
cultura
intelectual, baseada nos
clássicos, mas aberta aos
filósofos
e
escritores
contemporâneos.
◦
◦
Sua obra tem, sobretudo, a
possibilidade
de
ser
reinterpretada à medida
que o tempo passa,
porque,
tendo
uma
dimensão profunda de
universalidade,
funciona
como se dirigisse a cada
época que surge.
Atinge a sua máxima
expressão poética nos
romances de ficção. Ao
todo,
escreve
nove
romances e mais de uma
centena de contos. Podese dividir a sua obra em
duas
fases,
sendo
“Memórias Póstumas” o
divisor.
1ª Fase: Helena e Ressurreição:
◦

Apesar de romanescos, já
antecipam tendências que
mais
tarde
se
consolidariam como o amor
contrariado e por interesse,
ambição por uma ascensão
social,
preocupação
psicológica e ironia.
Principais Obras: Ressurreição,
Helena, A mão e a Luva, Iaiá
Garcia.
2ª Fase: A linguagem pensante



A prosa atinge o máximo de sua
expressão. A análise psicológica
das personagens, o egoísmo, o
pessimismo, o negativismo e a
linguagem correta.
Quanto à forma, seus capítulos são
curtos, a linguagem é clássica e o
autor busca a todo tempo um
diálogo com o leitor. Através da
técnica de capítulos curtos o autor
consegue fazer com que as idéias
não se percam.
Mudança do foco narrativo e o
narrador Machadiano: “A
originalidade do narrador
machadiano consiste em atuar
como ator dramático, que assume
e finge todo gênero de caracteres,
desempenhando diferentes papéis,
articulando uma alternância
vertiginosa de perspectivas ou
máscaras narrativas, modulando
vários pontos de vista”.
*”Em face da sua obra, toda conclusão do
leitor é um risco, porque nela o senso do
mistério que está no fundo da conduta se
traduz por um desencanto aparentemente
desapaixonado, mas que abre a porta para
os sentidos alternativos e transforma toda
noção em ambiguidade”.
Principais Obras: Memórias Póstumas de
Brás Cubas, Quincas Borba, Dom
Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de
Aires.
Memórias Póstumas
“Ao verme que primeiro roeu as frias
carnes do meu cadáver dedico com
saudosa lembrança estas memórias
póstumas”
“(...) Marcela amou-me durante quinze
meses e onze contos de réis (...)”
“Capítulo LV - O Velho Diálogo de Adão e
Eva
Brás Cubas . . . . . ?
Virgília
. . . . . .
Brás Cubas
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
Virgília
. . . . . . !”
Dom Casmurro
“Retórica dos namorados, dá-me uma
comparação exata e poética para dizer o
que foram aqueles olhos de Capitu. Não
me acode imagem capaz de dizer, sem
quebra da dignidade do estilo, o que eles
foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá,
de ressaca. É o que me dá idéia daquela
feição nova. Traziam não sei que fluido
misterioso e enérgico, uma força que
arrastava para dentro, como a vaga que se
retira da praia, nos dias de ressaca. Para
não ser arrastado, agarrei-me às outras
partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos
cabelos espalhados pelos ombros; mas tão
depressa buscava as pupilas, a onda que
saía delas vinha crescendo, cava e escura,
ameaçando envolver-me, puxar-me e
tragar-me. Quantos minutos gastamos
naquele jogo? Só os relógios do céu terão
marcado esse tempo infinito e breve. A
eternidade tem as suas pêndulas; nem por
não acabar nunca deixa de querer saber a
duração das felicidades e dos suplícios.”
“Muitos homens choravam também, as
mulheres todas. Só Capitu, amparando a
viúva, parecia vencer-se a si mesma.
Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A
confusão era geral. No meio dela, Capitu
olhou alguns instantes para o cadáver tão
fixa, tão apaixonadamente fixa, que não
admira lhe saltassem algumas lágrimas
poucas e caladas...”
 Raul Pompéia
Destaca-se pela publicação de “O
Ateneu”. Romance que surpreende pela
linguagem peculiar. O romance narrado
em primeira pessoa conta as situações e
experiências vividas pelo adolescente
Sérgio. Já adulto, Sérgio reconstitui as
suas memórias no famoso internato
“Ateneu”. Não há uma história encadeada,
um enredo propriamente dito, e sim um
acúmulo de fatos, percepções, situações e
impressões, que servem para indicar a
psicologia e a estrutura social do mundo do
internato
"Vais encontrar o mundo, disse-me meu
pai, à porta do Ateneu. Coragem para a
luta. ’” Bastante experimentei depois a
verdade deste aviso, que me despia, num
gesto, das ilusões de criança educada
exoticamente na estufa de carinho que é o
regime do amor doméstico, diferente do
que se encontra fora, tão diferente, que
parece o poema dos cuidados maternos
um artifício sentimental, com a vantagem
única de fazer mais sensível a criatura à
impressão rude do primeiro ensinamento,
têmpera brusca da vitalidade na influência
de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos,
entretanto, com saudade hipócrita, dos
felizes tempos; como se a mesma incerteza
de hoje, sob outro aspecto, não nos
houvesse perseguido outrora e não viesse
de longe a enfiada das decepções que nos
ultrajam.”
( O Ateneu – Raul de
Pompéia)
Naturalistas
1. Aluísio de Azevedo
Consagra-se como escritor naturalista
com a publicação de O mulato(1881) que
marca oficialmente o início do Naturalismo
no Brasil. O livro aborda temas como: o
racismo, a pressão do meio sobre o
indivíduo e puritanismo sexual. O autor ia
aos locais onde pretendia ambientar seus
romances. Procurava assim reproduzir o
mais fielmente possível a realidade que
retratava.
O naturalismo no país atinge o seu
auge com a publicação de “O cortiço”, que,
tem destaque o jogo dos fatores sociais.
Aluísio valoriza os instintos naturais,
comparando
constantemente
suas
personagens a animais.
“Daí a pouco, em volta das bicas
era um zunzum crescente; uma
aglomeração
tumultuosa
de
machos e fêmeas. Uns, após
outros,
lavavam
a
cara,
incomodamente, debaixo do fio de
água que escorria da altura de uns
cinco palmos. O chão inundava-se.
As mulheres precisavam já prender
as saias entre as coxas para não
as molhar; via-se-lhes a tostada
nudez dos braços e do pescoço,
que elas despiam, suspendendo o
cabelo todo para o alto do casco;
os homens, esses não se
preocupavam em não molhar o
pêlo, ao contrário metiam a cabeça
bem
debaixo
da
água
e
esfregavam com força as ventas e
as barbas, fossando e fungando
contra as palmas da mão. As
portas
das
latrinas
não
descansavam, era um abrir e
fechar de cada instante, um entrar
e sair sem tréguas. Não se
demoravam lá dentro e vinham
ainda amarrando as calças ou as
saias; as crianças não se davam
ao trabalho de lá ir, despachavamse ali mesmo, no capinzal dos
fundos, por detrás da estalagem ou
no recanto das hortas.”
(O Cortiço – Aluísio Azevedo)
Parnasianismo
“Belo da arte: arbitrário, convencional,
transitório – questão de moda.”
(Mário de Andrade),
1. Características








Abrange o fim da década de 80 do
século XIX até a Semana de Arte
Moderna.
Expressão Poética da época do
Realismo/Naturalismo
“Arte pela arte” – objetivo maior é
alcançar a perfeição em sua
construção.
Poetas à margem das grandes
mazelas sociais.
Objetividade temática:
descritivismo, temas universais como negação ao sentimentalismo
romântico e uma tentativa de
atingir a impessoalidade.
Culto da forma: Retorno do soneto,
métrica de versos alexandrinos e
decassílabos, rima rica e
preferência pelo soneto.
Apego a tradição clássica
Influência greco-latina (Parnaso
Grego)
2. Produção Literária: Tríade
Parnasiana
I)
Alberto de Oliveira: (1857-1937)
É considerado parnasiano a partir
de seu segundo livro “Meridionais”. Muito
amigo de Olavo Bilac e Raimundo Correia,
é um dos sócios fundadores da Academia
Brasileira de Letras. A sua principal
capacidade era descrever sempre, com
banalidade ou requinte. Grande leitor dos
clássicos, fez sonetos à maneira dos
barrocos e dos árcades, com um
rebuscamento que chega a atrair o leitor,
dando-lhe a impressão de estar diante de
uma complicada peça de museu.
I) Vaso Grego
“Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às
bordas
Finas hás-de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.”
(Alberto de
Oliveira)
II.
Raimundo Correia (1859-1911)
Influenciado por poetas românticos no
início de sua obra, assume o
Parnasianismo com o livro Sinfonias.
Assume a mesma temática da época:
natureza, perfeição formal dos objetos,
cultura clássica e cultura clássica. Forte
influência, às vezes, exagerada de poetas
europeus em sua obra levou ao
questionamento: “Plagiador ou Recriador”?
III.
Olavo Bilac (1965-1918)
No começo da carreira, escreveu
poemas ornamentais e depois encontrou
um
caminho
no
lirismo
amoroso,
destacando-se a série denominada “Via
Láctea” que expressa com ênfase calorosa
o “roteiro da paixão”, desmentindo assim os
pressupostos rigorosos dessa corrente.
Interessou-se
pelos
problemas
educacionais, elaborando livros didáticos
de tonalidade patriótica.
É considerado o mais bem
acabado poeta brasileiro. Seus poemas
representam uma perfeita elaboração
formal. Seu amor pela língua seria coroado
com o soneto “Língua Portuguesa”.
Via Láctea
Soneto XVIII
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no
entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em
pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.


Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
(Olavo
Bilac)

Intuição x lógica, misticismo x
materialismo, sugestão sensorial x
explicação racional.
O simbolismo sugere por meio de
símbolos, imagens, metáforas,
sinestesias, repulsos sonoros o
mundo interior –intuitivo, antilógico
e antirracional.
Na Europa, as origens do
simbolismo devem ser buscadas
na França com a publicação de “As
flores do mal” de Baudeleire e nos
poemas de Stéphane Mallarmé.
 Características
Simbolismo

1. Momento Histórico







No final do século XIX e início do
século
XX,
três
tendências
caminhavam paralelas: o Realismo
e suas manifestações naturalistas,
e o Simbolismo, à margem da
literatura acadêmica da época.
Momento
histórico
muito
conturbado, transição do século
XIX para o XX.
A Europa estava em pleno
expansionismo em direção aos
países da África, Ásia e América
Latina.
Europa começou a investir no
crescimento bélico de suas nações,
estando eles às vésperas da
primeira guerra mundial. Para essa
crescente
militarização,
os
historiadores dão o nome de "Paz
Armada“
É dito que o Brasil não teve um
momento simbolista típico. Mas
passava por um conturbado
período de consolidação da
república com
a falha
da
Revolução Federalista, que exigia
a renúncia de Floriano.
2. O Simbolismo: Teoria




Questionamentos: A ciência seria
capaz de explicar os fenômenos
relacionados ao homem?
Ciência e linguagem seriam
limitados
Reação ao valor desmedido dado
as coisas materiais.
Linguagem da música



Rejeição
ao
cientificismo,
o
materialismo e o racionalismo
Realista.
Valorização de manifestações
metafísicas e espirituais.
Desejo de transcendência e
integração cósmica opondo-se aos
limites físicos.
Interesse pelas zonas profundas da
mente
–
inconsciente,
subconsciente - e dos estados da
alma, do sonho e da loucura.
Homem
voltado
para
uma
realidade subjetiva, o “eu” passa a
ser o universo, mas não o “eu”
superficial. Buscavam a essência
do ser humano, a alma, o que ele
tem de mais profundo e universal.
Atração pela morte e elementos
decadentes da condição humana.
Observação:
Poeta simbolista = Vidente; revela o
conhecimento por meio da palavra e do
pensamento. Para eles, a poesia nasce do
espírito irracional, da linguagem delirante e
enigmática
3. Produção Literária:
Cruz e Souza(1861-1898)
As suas duas únicas publicações:
"Missal"
e "Broquéis" dão início ao
simbolismo no Brasil. Sua produção inicial
fala da sua própria dor, mas depois passa a
uma poesia universal que fala da angústia de
todo e qualquer ser humano. A sua poética
cria uma tensão entre o poeta mais ligado ao
parnasiano, perfeito soneto, e um poeta
simbolista que busca ampliar o sentido das
palavras.
Sincretismo literário
O Assinalado
Tu és o louco da imortal loucura,
O louco da loucura mais suprema.
A Terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema Desventura.
1) Momento Histórico (1902-1922)


Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
Faz que tu'alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.
Tu és o Poeta, o grande Assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas etrenas, pouco a pouco...
Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921):
Possui uma obra
marcada pelo
triângulo:Misticismo, Amor e Morte. O seu
verso é simples, de uma musicalidade feita
de tons menores. Sua poética estabelece
ainda uma corrente
reversível entre
lirismo amoroso e lirismo religioso, criando
uma atmosfera de sentimentalismo onde o
afeto se torna culto, e o culto adquire a
ternura familiar dos afetos singelos.






2. Características
Embora não constitua uma escola
literária, não há uma mobilização de
autores em torno de um ideal comum,
podem-se depreender alguns pontos
comuns.


Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Europa preparava-se para a 1ª
Guerra Mundial
Fim da República da Espada e
Início da República do Café-comleite.
Auge da economia cafeeira e
grande entrada de imigrantes.
Agitações sociais:
Guerra de Canudos
Cangaço e outros movimentos
rurais
Revolta da Vacina
Revolta da Chibata

Ruptura com o passado – com
academicismo.
Denúncia da realidade brasileira –
o Brasil não-literário do nordeste,
do caboclo, do subúrbio.
Regionalismo – painel nacional dos
cenários marginais: Sertão, Vale do
Paraíba e o interior, Espírito Santo
e o subúrbio carioca.
Tipos humanos marginalizados:
caipira, sertanejo, mulatos...
Ligação com fatos políticos – a
ficção mais ligada à realidade.
3. Produção Literária
Euclídes da Cunha (1866 – 1902)
Jornalista e correspondente de um
jornal, esteve presente durante a última
fase da Guerra de Canudos.
No’Os
Sertões” (1902), descreve a luta entre
grupos rurais dirigidos por um líder
messiânico, Antônio Conselheiro, e as
tropas do exército, que transformaram a
repressão em guerra de extermínio,
encerrada em 1897.
Faz menção ao
determinismo, ao
indicar como o meio físico e a raça
condicionavam os grupos sociais, e como a
diferença de ritmos da evolução gerava
desarmonias catastróficas. No entanto, sua
obra transforma a pretendida objetividade
científica em testemunho indignado e
lúcido, resultando em denúncia do exército
e da política dominante.
O
livro “Os Sertões” traz um
verdadeiro retrato do sertão do Brasil e
divide-se em três partes: A terra, o homem
– “O sertanejo é, antes de tudo, um forte” e a luta. Na obra, o autor utiliza-se de
diferentes perspectivas para relatar a
guerra. Há a visão do canudense, de
Antônio Conselheiro, soldado...
“Fechemos este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo
único em toda a história, resistiu até o
esgotamento completo. (...) caiu no dia 5,
ao entardecer, quando caíram seus últimos
defensores, quando todos morreram. Eram
apenas quatro: um velho, dois homens
feitos e uma criança, na frente dos quais
rugiam raivosamente cinco mil soldados.”
(fragmentos de Os sertões)
Augusto dos Anjos (1884 – 1914):
Um poeta marginal, não pela
conduta, mas pela singularidade do seu
único livro, “Eu” (1912). A sua obra poética
não se enquadra em nenhuma das
tendências, mas em todas. Suas poesias
são uma confluência de inspirações como
de Baudelaire, Antero de Quental, Cruz e
Souza, do Expressionismo alemão e da
poesia científica do final do século XIX. A
matéria de sua poesia, maioria de sonetos,
traz como matéria principal o verme, o
micróbio, a célula, o embrião, o escarro, a
ferida e a carne em decomposição. Sua
poética é agressiva e pessimista. É
fascinado pela cadeia que liga o
infinitamente pequeno ao infinitamente
grande, o destino da matéria e a vertigem
dos mundos. Faz uma poesia de uma
sonoridade agressiva, mau gosto como um
destemor tamanho, e de uma vulgaridade
grandiosa que transforma a oratória em
uma mensagem apocalíptica.
VERSOS ÍNTIMOS
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que
apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Lima Barreto (1881-1922)
O autor possui uma escrita que
buscava o ritmo coloquial, despreocupado
com a “pureza vernácula”, frequentemente
incorreta,
e
que
parece
desafiar
intencionalmente a gramática. No romance
“O triste fim de Policarpo Quaresma”
(1915), sátira quase trágica dos equívocos
do patriotismo (muito invocado naquela
fase inicial da República), onde conta a
destruição de um inofensivo idealista pela
realidade feia e mesquinha da política. O
livro traz ainda críticas à educação
recebida pelas mulheres, à República de
Floriano e o militarismo exacerbado. Ao
colocar em cena uma nova face da cidade
do Rio de Janeiro, o subúrbio, retrata não
só a sua paisagem, como também o dia-adia de sua população.
“Os subúrbios do Rio de Janeiro
são a mais curiosa coisa em matéria de
edificação da cidade. A topografia do local,
caprichosamente montuosa, influiu decerto
para tal aspecto, mais influíram, porém, os
azares das construções. (...) As casas
surgiram como se fossem semeadas ao
vento e, conforme as casas, as ruas se
fizeram. Há algumas delas que começam
largas como boulevards e acabam estreitas
que nem vielas; dão voltas, circuitos inúteis
e parecem fugir ao alinhamento reto com
um ódio tenaz e sagrado.”
“Há pelas ruas damas elegantes,
com sedas e brocados, evitando a custo
que a lama ou o pó lhes empanem o brilho
do vestido; há operários de tamancos; há
peralvilhos à última moda; há mulheres de
chita; e assim pela tarde, quando essa
gente volta do trabalho ou do passeio, a
mescla se faz numa mesma rua, num
quarteirão, e quase sempre o mais bem
posto não é que entra na melhor casa.”
Monteiro Lobato (1882- 1948)

Com uma obra parcialmente
regionalista, Monteiro Lobato, escritor
inquieto e personalidade poderosa, mistura
o senso moderno dos problemas a um
naturalismo já superado, em contos
ordenados em torno da anedota-chave.
Apesar de ser considerado pré-modernista
por sua obra intimamente ligada ao
regionalismo e por denúncias da realidade
brasileira,
Lobato
posicionava-se
radicalmente contra o Modernismo. Sua
maior contribuição literária foram os livros
infantis, de uma invenção original e
moderna, escritos em linguagem da mais
encantadora vivacidade.
“– A vida, senhor Visconde, é um piscapisca. A gente nasce, isto é, começa a
piscar. Quem pára de piscar chegou ao fim,
morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos –
viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e
acorda, até que dorme e não acorda mais
[...] A vida das gentes neste mundo, senhor
Sabugo, é isso. Um rosário de piscados.
Cada pisco é um dia. Pisca e mama, pisca
e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca
e cria filhos, pisca e geme os reumatismos,
e por fim pisca pela última vez e morre. – E
depois que morre?, perguntou o Visconde.
– Depois que morre, vira hipótese. É ou
não é?"
As Vanguardas Europeias
1. Introdução
 A palavra vanguarda remete ao
francês avant-garde que significa
“marcha à frente”. Após o início do
século XX, passa a designar
correntes artísticas que tragam
propostas inovadoras.
 São nomeadas “correntes de
vanguardas” as tendências da arte
que surgem na Europa antes,
durante e depois da 1ª Guerra
Mundial.
 Dentro das vanguardas européias
estão
os
diversos
“-ismos”:
Futurismo, Cubismo, Dadaísmo,
Expressionismo e Surrealismo.
 As vanguardas caracterizavam-se
pela publicação inicialmente de
manifestos que foram publicados
no período de 1909 à 1924.
O Futurismo:

Primeiro movimento de vanguarda
depois do impressionismo. Inicia-se
no século XX com a publicação de
um manifesto em 20 de fevereiro
de 1909 por Filippo Tomaso
Marinetti.
Proposta: Olhar para o futuro e
desprezar o passado. Nada feito
antes é levado em consideração.
Exaltação da vida moderna, a
máquina,
a
eletricidade,
a
velocidade e o automóvel
Trechos do Manifesto:
8. Nós estamos no promontório extremo
dos séculos!... Por que haveríamos de
olhar para trás, se queremos arrombar as
misteriosas portas do Impossível? O
Tempo e o Espaço morreram ontem. Nós
já estamos vivendo no absoluto, pois já
criamos a eterna velocidade onipresente.
9. Nós queremos glorificar a guerra - única
higiene do mundo - o militarismo, o
patriotismo, o gesto destruidor dos
libertários, as belas idéias pelas quais se
morre e o desprezo pela mulher.
10. Nós queremos destruir os museus, as
bibliotecas, as academia de toda natureza,
e combater o moralismo, o feminismo e
toda vileza oportunista e utilitária.
11. Nós cantaremos as grandes multidões
agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela
sublevação;
cantaremos
as
marés
multicores e polifônicas das revoluções nas
capitais modernas;
Cubismo (1907):

Surge em Paris, três anos após o
Futurismo, nascido de experiências
de Pablo Picasso e de Georges
Braque. Inicialmente, detém-se às
pinturas através da valorização de
formas geométricas e também da
colagem, uma técnica introduzida
pelos cubistas. Além disso, a
pintura
cubista
propõe
o
rompimento com real (foto) e a
linearidade da arte renascentista.
Literariamente, o cubismo tem sua
primeira
experiência
literária
através do manifesto de Apollinaire
em 1913. A literatura cubista
manifesta uma preocupação em se
aproximar
das
outras
artes
plásticas valorizando a construção
do texto e os espaços em branco e
preto da folha de papel. Defendia-
se também as máximas das
“palavras em
liberdade”,
da
“invenção de palavras” e da
“destruição
das
sintaxes
condenadas pelo uso”.

Proposta: Olha-se para um cubo e
compreende-se a totalidade do
objeto. “O trabalho do artista não é
cópia nem ilustração do mundo
real, mas um acréscimo novo e
autônomo”(Picasso). No Brasil,
Oswald
de
Andrade
será
influenciado por essa tendência na
década de 20 e também,
posteriormente,
a
poesia
concretista.


Dadaísmo (1916)

Surge durante a Primeira Guerra
Mundial quando ainda acreditavase na vitória Alemã. Surge durante
o movimento de instabilidade do
período da Guerra. O manifesto é
idealizado por Tristan Tzara :
Manifesto Dadá.
 Proposta: é um movimento de
retorno à infância – dadá. Eles
querem a inocência primitiva.
Propõe a valorização do nada. É o
mais radical e agressivo dos
movimentos de vanguarda.
 Na literatura, a arte é caracterizada
pela agressividade, improvisação,
desordem e rejeição de qualquer
tipo de racionalização. Valorizou-se
também a livre associação de
palavra e a construção de palavras
explorando apenas o significante.
Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho
que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas
palavras que formam esse artigo e meta-as
num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o
outro.
Copie conscienciosamente na ordem em
que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e
de uma sensibilidade graciosa, ainda que
incompreendido do público.
(Tristan Tzara)
Expressionismo (1917)
Surge, na Alemanha, concomitante
ao Futurismo, durante o período da
primeira Guerra Mundia, mas só
tem o seu manifesto publicado em
1917.
Proposta: Constitui o movimento de
DENTRO para fora. O que importa
é a associação que o pintor faz em
seu interior, o objeto não precisa
estar presente. A única realidade é
a expressão, ou seja, as imagens
nascidas em nosso mundo interior,
o belo e o feio não importam.Idéias
trazidas pelo manifesto: Ironiza o
Real/Naturalismo – o indivíduo
estrutura os fatos, não os
descreve; Defende o fim das
adiposidades da linguagem –
poesia sem adjetivo, substantivada;
Globalização do movimento – nem
Alemão ou Francês; e defende a
ideia de que a salvação da
humanidade estaria no mundo
interior – movimento um pouco
mitificado.
Obs: Não confundir com Impressionismo –
tendência artística que visava a impressão,
ou seja, é um movimento de FORA para
dentro. O objeto está sempre presente.
Surrealismo



Lançado por André Breton – que
rompe com o Dadaísmo - em Paris
no ano de 1924. Surge no período
entre guerras. Suas origens estão
ligadas mais ao Expressionismo e
à sondagem do mundo interior.
Movimento que busca unir Arte e
Psicanálise.
Proposta: São duas as linhas de
em
seu
início:
experiências
criadoras
automáticas e o
imaginário onírico (do sonho).
Posteriormente, o surrealismo vai
agregar-se a teorias sociais como o
Marxismo causando rompimentos
interiores e perdendo a sua força.
Artistas: André Breton (Literatura);
Salvador Dalí, Max Ernst e Joan
Miró (artes plásticas); e Luis Bruñel
(cinema).
Modernismo – 1ª Fase (19221930)

1. Momento Histórico :
•
•
•
•
•
•
•
Surto
de
industrialização
e
transformação
das
principais
cidades
Aumento no número de imigrantes
Fortalecimento dos barões do café
com a chamada política do “Cafécom-leite”.
Surgimento
do
movimento
operário, as primeiras greves em
São Paulo e os ideais anarquistas
Integralismo
Tenentismo
Revolução de 1930
2. A semana de arte moderna de 1922:

Acontece em São Paulo com a
participação de artistas paulistas e
cariocas. Conferência de Abertura
de Graça Aranha.
 Reuniu a manifestação não só das
literaturas
modernistas
como
também das artes em geral:
pintura, escultura, música etc.
 É a reunião de várias tendências
de renovação, que visavam
combater a arte tradicional, que já
ocorriam antes de 22.
 Aproxima
diversos
artistas
modernistas
que
estavam
dispersos e permite que esses
formem grupos que seguiram
aprofundado a arte moderna.
Principais Participantes: Anita Malfatti,
Tarsila do Amaral, Di Cavalcante,
Oswald de Andrade, Manuel Bandeira,
Mário de Andrade e Villa Lobos.
3. Características:
•
•
└
└
└
└
└
•
•
Caráter anárquico e destruidor:
Rompimento com todas as
estruturas do passado.
Nacionalismo moderno e original:
Volta às origens
Pesquisas de fontes quinhentistas
Busca por uma língua brasileira
Paródias
Valorização do verdadeiro índio
Nacionalismo crítico x
Nacionalismo ufanista
Revistas e Manifestos que trariam
as bases para a produção literária
deste primeiro momento
4. Manifestos – orgia intelectual:
Manifesto da Poesia Pau-Brasil:.
Comandado por Oswald, defendia
a criação de uma poesia de
exportação. Literatura que faz uma
revisão crítica da história brasileira
e divulga aceitação cultural.
Tecnicamente, previa a criação da
língua brasileira.
“A língua sem arcaísmos (...)Como
falamos. Como somos.”
 Verde Amarelismo e Anta:
Reação ao nacionalismo de
Oswald. Defende o nacionalismo
ufanista inclinando-se para o nazifascismo. Tomam como símbolos
a Anta e o índio Tupi.
 Antropafagia: Criado por Tarsila,
Oswald e Raul Bopp, é o mais
radical dos movimentos. É uma
nova etapa do Pau-Brasil. Propõe a
assimilação dos valores – o que há
de bom – e o vômito do que não
convém.
“Só a Antropofagia nos une.
Socialmente.
Economicamente.
Filosoficamente. (...)
Tupi, or not tupi that is the
question.(…)
Antes
dos
portugueses
descobrirem o Brasil, o Brasil tinha
descoberto a felicidade.”
5.
Produção Literária:
1) Mário de Andrade (1893-1945)
É a figura central do modernismo, foi
poeta, narrador, ensaísta, musicólogo e
folclorista. Escreve inspirado numa língua
falada e nos modismos populares. Não
hesita em usar formas consideradas
incorretas, desde que legitimadas pelo uso
brasileiro.
Por isso, foi chamado de
demolidor da “pureza vernácula” e do
“culto da forma”.
Como principal teórico do Modernismo,
Mário escreveu as obrasa A Escrava que
não
é
Isaura
e
o
“Prefácio
Interessantíssimo”, do livro Paulicéia
Desvairada.
Principais obras literárias: Paulicéia
Desvairada
(1922),
Amar,
verbo
intransitivo (1927) e Macunaíma, o herói
sem caráter (1928),
“Leitor:
Está fundado o Desvairismo.
Este prefácio, apesar de interessante, inútil.
Alguns dados. Nem todos. Sem
conclusões. Para quem me aceita são
inúteis ambos. Os curiosos terão o prazer
em descobrir minhas conclusões,
confrontando obra e dados. Para que me
rejeita trabalho perdido explicar o que,
antes de ler, já não aceitou.
Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem
pensar tudo que meu inconsciente me grita.
Penso depois: não só para corrigir, como
para justificar o que escrevi. Daí a razão
deste Prefácio Interessantíssimo.
Aliás muito difícil nesta prosa saber onde
termina a blague, onde principia a
seriedade. Nem eu sei.
E desculpem-me por estar tão atrasado dos
movimentos artísticos atuais. Sou
passadista, confesso. Ninguém pode se
libertar duma só vez das teorias-avós que
bebeu; e o autor deste livro seria hipócrita
si pretendesse representar orientação
moderna que ainda não compreende bem.
(...)
E está acabada a escola poética
"Desvairismo".
Próximo livro fundarei outra.
E não quero discípulos. Em arte:
escola=imbecilidade de muitos para
vaidade dum só.”
2) Oswald de Andrade (1890-1954):
O autor entra em contato com as
vanguardas européias em 1912 de onde
traz as suas influências do Futurismo. É fiel
aos ideais da primeira fase modernista até
a sua morte. Defendia um nacionalismo
que busca as origens e traz um retrato
crítico da realidade brasileira.
A parodização como forma de
repensar a literatura nacional é uma de
suas marcas. Como teórico, propõe uma
interpretação da cultura brasileira como
“assimilação destruidora e recriadora da
cultura européia”. Essa visão é claramente
observada no “Manifesto Antropófago”
(1928) e em vários escritos da combativa
Revista de Antropofagia (1928-1929), que
ele fundou e orientou.
Em sua obra poética, revoluciona o
aspecto visual dos poemas através de seu
“poema-pílula”.
Os
seus
principais
romances são Memórias Sentimentais de
João Miramar e Serafim Ponte Grande nos
quais o autor rompe com a estruturação
tradicional dos romances – capítulos
curtíssimos, misto prosa e poesia.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Me dá um cigarro
amor
humor
3 de maio
Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que nunca vi
3) Manuel Bandeira (1886-1968):
Considerado um dos maiores poetas
da literatura brasileira, não há nenhum
outro poeta da primeira fase cuja obra se
compare a dele. Segundo Alfredo Bosi, “a
biografia Manuel Bandeira é a história de
seus livros. Viveu para as letras.”. Assim, a
morte de sua família aos quatro anos e a
luta contra a tuberculose têm vislumbres
significativo em sua obra.
Inicia a sua obra poética antes do
modernismo com a publicação de A cinza
das horas. O autor possui grande influencia
parnasiana e simbolista, mas aproveita-se
do momento de transição dos movimentos
para demonstrar também o seu gosto pelas
formas livres. Seu poema “Os sapos” é
declamado durante a Semana de Arte
Moderna, mas o poeta não adere
amplamente, como Mário e Oswald, ao
Modernismo da primeira fase.
Principais Obras: A cinza das horas
(1917), Libertinagem (1930) é o livro mais
radical e ligado a primeira fase do
Modernismo, poesias como “Pneumotórax”,
Poema tirado de uma notícia de jornal”,
“Vou-me embora pra Pasárgada” e
“Poética”.
Poema Tirado de uma Notícia de Jornal
João Gostoso era carregador de feira livre
e morava no morro da Babilônia num
barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de

Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de
Freitas e morreu afogado.




Satélite
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmetificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados
Mas tão-somente
Satélite.
Ah Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades
sentimentais!
Fatigado de mais valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
Satélite.
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem
Modernismo 2º Momento - Poesia
1. Momento Histórico (1930 –
1945):

Quebra da Bolsa de Valores de
Nova Iorque e a Grande
Depressão


Avanço do Comunismo e
Choques entre Capitalistas e
Comunistas
Desenvolvimento do
Nazifacismo no mundo e sua
vocação expansionista
2ª Guerra Mundial
Bomba Atômica de Hiroshima
Primeiro Governo de Vargas e
Início do Estado Novo
Criação da ONU
Queda de Getúlio Vargas
2. Produção Literária:
Cecília Meireles (1901 – 1964)
Inicia na literatura no grupo dos
poetas
da “corrente espiritualista” na
revista Festa, de inspiração neo-simbolista.
Afasta-se, posteriormente, desta tendência,
mas sua poética não abandona o tom
intimista, introspectivo , musical e de uma
eterna viagem ao interior.
A consciência da transitoriedade das
coisas também marcará a obra de Cecília.
– o tempo será uma das personagens
principais de sua obra.
Outra marca da poética da poetisa
é a valorização dos símbolos e de imagens
sugestivas
com
constantes
apelos
sensoriais. Além da extrema musicalidade
de seus versos.
No livro Romanceiro da Inconfidência,
escreve em romance – composição popular
medieval escrita em redondilha – e
reconstrói um episódio da história nacional.
Cecília afirma tratar-se de uma “história
feita de coisas eternas e irredutíveis; de
ouro, amor, liberdade e traições.”
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Carlos Drummond de Andrade
(1902 – 1987)
Considerado por muitos o maior poeta
brasileiro e de língua portuguesa. Inicia a
sua vida literária em 1930 com o livro
Alguma poesia. No entanto, passa por
quatro fases diferentes:
a)
Modernista – 1930/1934 – com os
livros Alguma Poesia e Brejo das
Almas - Poética extremamente
ligada aos cacoetes modernistas.
b) Social – 1940/1945 – A rosa do
povo e Sentimento do Mundo –
Poesia social e de grandiloquência.
c) Metafísica – 1951 – Claro enigma “Os
acontecimentos
me
aborrecem”.
d) Memorialística – 1968 – Boitempo
(1,2,3). Livros autobiográficos que
contam histórias do tempo da
infância do poeta.
Drummond foi contista e jornalista,
além de praticar uma espécie de crônica
em verso que fica entre a poesia e o
registro da memória. Alcançou grande
penetração no público, e quando morreu,
aos oitenta e cinco anos, era considerado
por consenso nacional o maior escritor do
momento.
Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus
companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes
esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos
afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos
dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma
história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem
vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de
suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por
serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo
presente, os homens presentes,
a vida presente.
NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO
Um sabiá na
palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.
O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.
Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.
Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)
Ainda um grito de vida e voltar
para onde tudo é belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.
Vinícius de Moraes (1913 – 1980)
Vinícius de Moraes é descrito por
ele próprio como “capitão-do-mato, poeta,
diplomata, o branco mais preto do Brasil”.
Assim como Cecília Meireles, inicia a sua
vida literária com uma poesia neosimbolista da corrente espiritualista e ligado
à poesia católica de 1930.
Depois de abandonar o neosimbolismo, desenvolve-se como um cantor
da “paixão e da simplicidade cotidiana”. Ao
escrever versos de grande fartura técnica,
toma gosto pelo soneto destacando-se na
sua poética a valorização de temas como o
momento presente e o imediatismo. O jogo
entre felicidade e infelicidade – “é melhor
ser alegre que ser triste” vs. “tristeza não
tem fim, felicidade sim” é uma das grandes
temáticas de sua poesia juntamente com o
amor. Vinícius dedica grande parte de sua
poética a cantar o amor e a mulher – sendo
essa o seu grande objeto de devoção. O
autor escreve ainda poesias de cunho
social cujo grande destaque é “Operário em
Construção”, que também alcançou
enorme popularidade.
Soneto de fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
com o aspecto social e o psicológico. Com
o livro Caminho de pedras, a sua literatura
atinge o engajamento máximo, já em As
três Marias a análise psicológica é
priorizada.
José Lins do Rego
Em sua obra, o tema da infância e
das suas memórias compõe o ciclo da
cana-de-açúcar (1932-1936). O autor
retrata a zona da mata e a decadência dos
engenhos, esmagados pelas usinas. O
cenário é sempre o engenho Santa Rosa
pertencente ao Coronel Zé Paulinho
presente nas obras Menino de Engenho,
Usina e Fogo Morto. O autor aborda, ainda,
outros aspectos da vida nordestina como o
misticismo e o cangaço, cuja fonte temática
foi a literatura de cordel como Pedra Bonita
e Cangaceiros. Dentre a vasta obra do
autor, apenas os livros Água-mãe e
Eurídice são ambientados fora do
Nordeste.
Romance da geração de 30
Graciliano Ramos
1. Características:
•
•
•
•
Surge no Nordeste sem derivar do
Modernismo – é uma outra tendência
renovadora que se aproveita das
liberdades conquistadas pela 1ª Geração
Modernista
Inicia-se com a publicação do Manifesto
Regionalista(1926) e tem como primeira
obra o romance A bagaceira de José
Américo. O romance aborda pela primeira
vez temas como os retirantes e o engenho.
Romance caracterizado pela denúncia
social. É uma espécie de documentação
da realidade brasileira. A relação eu e
“mundo” é tensa.
Busca pelo homem brasileiro espalhado
pelas regiões do país. O regionalismo
atinge sua expressão máxima. Relação
personagem e meio social levada ao
extremo.
Raquel de Queirós
Estréia com o livro O Quinze em
1930, atua como militante do Partido
Comunista e passa um tempo presa por
isso. A autora foi ta primeira mulher a fazer
parte da ABL e possui uma obra fortemente
marcada pelo regionalismo, contando a
história de sua gente no Ceará e das
secas. Os seus romances são escritos em
linguagem fácil através de uma narrativa
dinâmica. Nos primeiros livros, trabalha
Apesar de estar cronologicamente inserido
no regionalismo de 30, o autor não se
enquadra muito dentro movimento regionalista.
Ainda que em seus livros o autor retrate as
agruras do povo sertanejo, os seus romances
vão além de uma mera retratação do meio
ambiente sertanejo. O autor eleva ao máximo o
clima de tensão na relação existente entre o
homem e o meio social. Não só o mundo em
que vivem as personagens é seco, mas
também a própria existência delas é seca. A
morte é também um tema recorrente em sua
obra, aparece em São Bernardo, Caetés,
Angústia e Vidas Secas.
A lei que rege os seus romances é
a lei da selva. O grande ponto de contato
entre os personagens é a luta pela
sobrevivência, são personagens oprimidos e
moldados pelo meio. Não há nada a fazer. A
condição subumana nivela os homens e os
bichos. As pessoas retratadas por Graciliano
não tem nome ou sobrenome, em Vidas Secas,
as crianças são identificadas apenas como “o
mais novo” e “o mais velho”.
• Pode-se dividir a sua obra em três
categorias:
b) Romances
Narrados
em
primeira
pessoa: Caetés e São Bernardo
c) Romances narrados em 3ª pessoa: Vidas
Secas – O narrador Graciliano empresta a
sua voz para retratar os pensamentos e os
sentimentos das personagens de um livro.
O livro enfoca o modo de ser e a condição
da existência miserável em que a família de
Fabiano vive.
d) Autobiográficos: Infância e Memórias do
Cárcere – o autor coloca-se na posição de
problema e caso humano.
Jorge Amado
O autor representa o regionalismo baiano
da zona do cacau e da zona urbana de
Salvador. Preocupou-se em retratar os
marginalizados e através dele analisar a
sociedade baiana. Através de romances com
uma linguagem simples, retrata o falar do povo
e apresenta sua postura ideológica no decorrer
dos romances. A sua identificação como
comunista nunca foi escondida, chegando a
dedicar livros a Carlos Prestes e sendo ele
também o autor de sua biografia.
• É possível dividir a obra de Jorge Amado
em três fases:
a) Romances proletários: ambientados na
cidade de Salvador. Ex: Capitães de Areia
e O país do carnaval
b) Ciclo do Cacau: a paisagem é composta
pelas fazendas de cacaus de Ilhéus e
Itabuna. Mostra a exploração dos
trabalhadores rurais. Ex: Terras do sem
fim, Cacau e São Jorge de Ilhéus.
c) Depoimentos e crônicas de costumes:
inicia-se com Juiabá e Mar Morto, mas é
com Gabriela que se consolida.
A palavra chave para a literatura de Jorge
Amado
é
a
liberdade.
Tanto
nos
relacionamentos individuais quanto no plano
social. A morte e a morte de Quincas Berro
d’água é considerado a sua obra prima.
Érico Veríssimo
É o único escritor gaúcho do regionalismo
moderno a alcançar sucesso. Seus romances
retratam a provinciana vida urbana de Porto
Alegre e a relação entre o homem e a
sociedade local, descrita com um toque
humanitário e sentimental. As obras mostram a
crise da sociedade moderna: a falta de
solidariedade e o cotidiano caótico.
No
decorrer de sua narrativa, personagens
reaparecem em vários momentos fazendo com
que o autor, por vezes, fosse considerado
redundante.
Além disso, o autor não se
aprofunda nas análises psicológicas ou sociais.
O Tempo e o Vento é considerada a sua
obra prima, principalmente a primeira parte da
trilogia. Nos livros, é narrada a história das
disputas de terras no Rio Grande do Sul entre
os séculos XVIII e XIX.
Geração de 45 ou o PósModernismo
1. Momento Histórico:
•
Fim da segunda guerra mundial,
começo da era atômica após as bombas de
Hiroshima e Nagasaqui, criação da ONU e a
publicação da Declaração dos Direitos
Humanos.
•
Brasil de 45: Fim do Estado Novo e
redemocratização, mas logo depois se inicia
um novo período de perseguições políticas,
ilegalidades e exílio.
2. Introdução:
•
A literatura manifesta uma geração
nova, na prosa narrativa, na poesia, na
crítica. Esta começa a mostrar os efeitos do
ensino superior das letras. A dramaturgia
passa também por uma revolução devido às
mudanças ocorridas no teatro.
Nelson
Rodrigues é o grande destaque desse
gênero.
•
Na prosa, os autores retomam
alguns escritores da década de 30 e buscam
uma literatura mais intimista, introspectiva e
de profundidade psicológica.
•
Na poesia, há uma negação às
conquistas e inovação modernas. Os poetas
dedicam-se a uma poesia “equilibrada e
séria”, mas não deixam de lado o verso livre
e o tema cotidiano.
Guimarães Rosa:
A vida literária de Guimarães Rosa
inicia-se com a publicação Sagarana
(1946), livro de contos de linguagem
elaborada que faz com que o leitor reflita
mais sobre o “ser” do que sobre as
situações narrativas. Na vasta obra do
autor, um suposto regionalismo ao falar
sempre do povo do sertão toma-se, na
verdade, um veículo de divulgação da
universalidade. Para Guimarães Rosa, o
“sertão é o mundo”.
Dez anos depois de Sagarana, publica
as novelas de Corpo de Baile e Grande
Sertão: Veredas, sua obra mais importante
em que narra as aventuras de um velho
bandido e seu estranho amor por seu velho
companheiro de armas.
O valor da linguagem poética de
Guimarães
não
está
apenas
no
rebuscamento, mas nos neologismo, na
recriação e invenção de palavras. A sua
escrita funde a perspectiva local do
regionalismo com os meios técnicos das
vanguardas, para chegar a uma escrita
original e integrada, podendo-se falar de
um suposto super-regionalismo (por
analogia com “surrealismo”).
“O senhor tolere, isto é o sertão. Uns
querem que não seja: que situado sertão é
por os campos-gerais a fora a dentro, eles
dizem, fim de rumo, terras altas, demais do
Urucaia. Toleima. Para os de Corinto e do
Curvelo, então, o aqui não é dito sertão?
Ah, que tem maior! Lugar sertão se divulga:
é onde os pastos carecem de fechos; onde
um pode torar dez, quinze léguas, sem
topar com casa de morador; e onde um
criminoso vive seu cristo-jesus, arredado
do arrocho de autoridade. O Urucuia vem
dos montões oestes. O gerais corre em
volta. Esses gerais são sem tamanho.
Enfim, cada um o que quer aprova, o
senhor sabe: pão ou pães, é questão de
opiniães... O sertão está em toda parte.”
“Eu atravesso as coisas — e no meio da
travessia não vejo!
— só estava era entretido na idéia dos
lugares de saída e de chegada. Assaz o
senhor sabe: a gente quer passar um rio a
nado, e passa; mas vai dar na outra
banda é num ponto mais embaixo, bem
diverso do que em primeiro se pensou (...)
o real não está na saída nem na chegada:
ele se dispõe para a gente é no meio da
travessia...”.
que o romance, parece conter a sua
narrativa ideal.
As suas principais obras são Laços de
Família, Perto do Coração Selvagem, A
hora da estrela e A paixão segundo GH.
“O indizível só me poderá ser dado através
do fracasso de minha linguagem. Só
quando falha a construção é que obtenho o
que ela conseguiu.”.
“Uma vida completa pode acabar numa
identificação tão absoluta como o não-eu
que não haverá mais um eu para morrer.”
(epígrafe de “A
paixão segundo GH)
João Cabral de Melo Neto:
O poeta torna-se famoso por ser o
criador de uma linguagem original e pela
capacidade de seduzir pela pura qualidade
verbal e pela capacidade de exprimir, de
maneira poderosa, uma realidade que
parece nascer da experiência com a
palavra. A sua poesia é caracterizada pela
objetividade ao constatar mostrar a
realidade. Seu primeiro livro, Pedra do
sono (1942), possui forte tendência
surrealista, que posteriormente será
abandonada por ele.
O
poeta
manifesta
também
preocupação com a arquitetura da poesia,
é o poeta engenheiro: constrói o poema
palavra por palavra. A obra poética do
autor é marcada também pelo combate ao
lirismo choroso através de uma linguagem
enxuta e concisa.
Clarice Lispector
É o principal nome da tendência
intimista moderna. A temática recorrente
de sua obra é o questionamento do ser, do
estar no mundo e da pesquisa do ser
humano. Daí resulta o seu famoso romance
introspectivo A paixão segundo G.H. Em
sua obra, há uma eterna ambiguidade entre
o “eu” e o “não-eu”, o “ser” e o “não ser, já
notado anteriormente na obra de
Guimarães Rosa.
No campo da linguagem, Clarice
preocupa-se com as palavras e com a
revalorização delas, dando-lhes novas
roupagens e ampliando o limite de sua
significação. Preocupa-se também com o
que está nas entrelinhas e manifesta a
capacidade de manipular os detalhes, que
vão se juntando para formar a narrativa,
sem que haja necessidade de uma
estruturação rigorosa. O conto, mais do
“Desde que estou retirando
só a morte vejo ativa,
só a morte deparei
e às vezes até festiva;
só a morte tem encontrado
quem pensava encontrar vida,
e o pouco que não foi morte
foi de vida severina
(aquela vida que é menos
vivida que defendida,
e é ainda mais severina
para o homem que retira).”
(trecho de “Morte e Vida Severina)
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