FTS – FACULDADE TABOÃO DA SERRA
INPG – INSTITUTO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO
ALQUIMY ART
ARTE É TERAPIA EM UM ESPAÇO DE EDUCAÇÃO
INFANTIL
UM PROCESSOTERAPÊUTICO CENTRADO NA
ARTETERAPIA
JOSEFA LUIZ DA COSTA
TABOÃO DA SERRA - SP
2007
FTS – Faculdade Taboão da Serra
INPG – Instituto Nacional de Pós-Graduação
Alquimy Art
Curso de Especialização em Arteterapia
Pós-Graduação lato sensu
ARTE É TERAPIA EM UM ESPAÇO DE EDUCAÇÃO INFANTIL
UM PROCESSOTERAPÊUTICO CENTRADO NA ARTETERAPIA
JOSEFA LUIZ DA COSTA
Taboão da Serra - SP
2007
JOSEFA LUIZ DA COSTA
ARTE É TERAPAIA EM UM ESPAÇO DE EDUCAÇÃO INFANTIL
UM PROCESSO TERAPÊUTICO CENTRADO NA ARTETERAPIA
Monografia apresentada à FTS – Faculdade Taboão da
Serra, Convênio / INPG – Instituto Nacional de PósGraduação e Parceria / Alquimy Art, SP, como parte
dos requisitos para a obtenção do título de Especialista
em Arteterapia.
Orientadora: Profa Maria Beatriz Ribola.
.
Taboão da Serra - SP
2007
COSTA, JOSEFA LUIZ DA
Arte é Terapia em um espaço de Educação Infantil: Um
processo terapêutico centrado na Arteterapia / Josefa Luiz da
Costa – Taboão da Serra; [s.n.], 2007.
42 p.
Monografia (Especialização em Arteterapia) – FTS – Faculdade
Taboão da Serra, Convênio / INPG – Instituto Nacional de PósGraduação e Parceria / Alquimy Art, SP.
1. ARTETERAPIA
2. CONTOS INFANTIS
FTS – Faculdade Taboão da Serra
INPG – Instituto Nacional de Pós-Graduação
Alquimy Art
ARTE É TERAPIA EM UM ESPAÇO DE EDUCAÇÃO INFANTIL:
UM PROCESSO TERAPÊUTICO CENTRADO NA ARTETERAPIA
Monografia apresentada pela aluna JOSEFA LUIZ DA COSTA ao curso de
Especialização em Arteterapia em 03 / 07 / 2007 e recebendo a avaliação da Banca
Examinadora constituída pelos professores:
__________________________________________________________
Prof ª Maria Beatriz Ribola, Orientadora.
__________________________________________________________
Profa. Dra. Cristina Dias Allessandrini, Coordenadora da Especialização.
__________________________________________________________
Profª MsC. Dilaina Paula dos Santos, convidada.
Dedico
crianças
que
este
trabalho
proporcionaram
às
esses
momentos maravilhosos e com seu
amor fizera-me acreditar que as histórias
infantis ainda os encantam.
Agradecimentos
Agradeço, primeiramente, a Deus por ter me amparado em
todos os dias da minha vida e ter me propiciado mais um momento
maravilhoso que foi este novo aprendizado.
...Um tempo cujo cheiro gostoso, cor e som,
continuamos perseguindo de forma consciente ou inconsciente,
por toda a vida.
RESUMO
Esta monografia aborda de uma forma discursiva, a Arte como
terapia, conceituando as duas linguagens. Descreve uma pesquisa
desenvolvida em uma escola de educação infantil, com crianças que
aguardavam a chegada de seus pais, após horário de aula. A pesquisa
analisa a utilização de histórias infantis em atelier terapêutico,
desenvolvido no formato das Oficinas Criativas. A coleta de dados parte
de observação das ações e relatos das crianças, durante o processo. A
análise baseia-se, em seis momentos selecionados destas oficinas, com
as histórias: Sherazade; Cinderela; A casa; Clact....Clact...Clact; Meu
amigo Ventinho. Confirma a prática de contar histórias como instrumento
eficaz no atendimento arteterapêutico.
Palavras-chave: Arteterapia – Contos infantis.
ABSTRACT
This monograph broaches, in a speech form, Art as Therapy,
bringing the concepts of both languages. It describes a research carried
out in a Kindergarten Education School at the time which children hold
their parents up after class-room. It analyses the use of Fairy Tales and
stories for children in a therapeutic environment that was framed by
Creative Workshops. The collected data is based on the observation of
children behavior and skills and reports from children during the process.
The analysis of data is based on six moments drawn from the Creative
Workshops where it was used story telling as: Sherazade; Cinderela; A
casa; Clact...Clact...Clact; Meu amigo ventinho. It assures the use of
story telling as an efficient tool for the therapeutic assessment.
Key words: Art Therapy – Children’s tales.
SUMÁRIO
Agradecimentos..............................................................................
................
RESUMO..........................................................................................
................
ABSTRACT......................................................................................
.................
INTRODUÇÃO
COMO
TUDO
COMEÇOU................................................................................
CAPÍTULO I
DESVENDANDO
A
ARTE
ATRAVÉS
DE
UMA
HISTÓRIA............................
1.1.
O
que
é
Arte?........................................................................................
1.2.
Arte
é
Terapia?
Que
Terapia
é
Arte?...................................................
1.3.
As
histórias
infantis
no
atelier
terapêutico........................................
1.4.
A
maior
Sherazade...................................................
das
narradoras:
CAPÍTULO II
MUITAS
HISTÓRIAS...
AÇÕES...
PRODUÇÕES...
........................................
2.1
Romeu
e
Julieta.....................................................................................
2.2.
Cinderela................................................................................................
2.3.
A
casa....................................................................................................
2.4.
Clact...
Clact...
Clact...
..........................................................................
2.5.
Meu
Ventinho.............................................................................
CONSIDERAÇÕES
FINAIS..............................................................................
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS................................................................
amigo
11
INTRODUÇÃO
COMO TUDO COMEÇOU...
“Um sonho de manter acesa a chama vibrante,
intensa e colorida da infância. Um tempo marcado
pelo...”
(CHALITA, 2003: 14).
Olá, eu sou Josefa e aqui estou para contar uma história que ainda não
acabou e certamente terá um final muito feliz!
Há não muito tempo, não muito mesmo, em uma cidade nova IGACI – no
Estado de Alagoas nasceu uma bela menininha.
E assim ela foi crescendo, amadurecendo e conhecendo novas vivências
próprias da infância. Em busca de melhores oportunidades, a família mudou para
uma cidade maior, na esperança de conseguir emprego e um recomeço de vida.
Quando entrou na 5a série, em uma das aulas de Geografia, enquanto fazia
uma dinâmica de apresentação, o professor perguntou a origem do seu nome e
como ela não sabia, ele fez uma inferência: Ah! Mas não completou. Mal sabia ele
que estas palavras marcariam por um bom tempo, o coração e a vida daquela préadolescente e que daria ali um novo rumo a sua vida.
Mesmo com seus medos, ansiedades, muitos problemas familiares e
financeiros, tornou-se uma adolescente, tão segura quanto aquela menininha, com
uma enorme força de vontade e proteção de muitas fadinhas e magos.
Ao completar 14 anos, com poucas perspectivas, a família resolveu mudar
novamente para outra cidade, não muito distante de onde viviam. A menina foi para
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uma escola onde as aulas eram ministradas por professores comuns, em uma
escola quase de freira, comandada por um quase padre, (chamada na época de
escola religiosa), diga-se de passagem, muito tradicional.
Não foi bem aceita pelas demais colegas. Sabem o que fez? Estudou,
estudou e estudou muito. Então, começou a fazer as tão esperadas amizades. Nesta
mesma época, aderiu a um movimento voluntário, trabalhando com crianças
carentes que, atrás de uma boa sopa, iam ouvir histórias, cantar, ser felizes,
importantes, nem que fossem por momentos apenas.
Bom, vamos adiante. Até entrar na Faculdade, muitas coisas aconteceram,
boas e ruins.
Entrar na Faculdade foi um passo muito bom em sua vida: vinda de uma
escola pública, sem ter feito um preparatório, sem dúvida uma superação. Ela já
sabia onde queria chegar e os meios que precisaria ter.
Um belo dia, em um lugar viu um príncipe que parecia encantado. Aí começou
um outro capítulo na sua história. O seu príncipe era lindo, meigo, com um enorme
coração. Como ela, indeciso e um pouco inseguro. Completavam-se um ao outro.
Mesmo com a graduação, sentia que ainda faltava alguma coisa. O coração
vibrava ansioso por tornar-se útil. O trabalho com as crianças era uma constante. Às
vezes, mudava o local, mas a convivência com as crianças era intensa. Não se
tratava de simplesmente fazer, mas fazer cada vez melhor, fundamentando a
prática. A razão batendo mais forte, só acreditar no coração não bastava.
Alcançou a tão sonhada formação profissional. Tornou-se pedagoga e a meta
era atuar no ambiente escolar.
Em sua expectativa profissional, enxergava na escola, uma instituição social,
que tem como função não só a transmissão do conhecimento e habilidades
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concretas, como também, a socialização, e ao mesmo tempo a formação de uma
consciência, de uma concepção de homem, de sociedade e de mundo.
Esta era a sua meta de ser atuante neste mundo, contribuindo para que as
pessoas tivessem uma condição melhor, não na ilusão de ascensão social, mas de
serem mais dignas, de serem íntegras e realistas.
Na
complexidade
deste
universo,
com
muitas
situações
de
não
aprendizagem, ampliaram-se os anseios pessoais e também profissionais: a sua
preocupação com as crianças era grande e o fato de elas não aprenderem
satisfatoriamente era tido como fracasso pessoal.
O que fazer? Buscar novas fontes de conhecimento, acalmar o coração e
mente, convencer-se e vivenciar que na vida das crianças aconteciam outras
prioridades e que nem sempre o aprender estava em primeiro lugar. Então, foi atrás
de uma nova área de conhecimento. Esta era a sua tentativa de não sofrer e não se
culpar pela não aprendizagem, instrumentalizando-se para co-atuar melhor.
Iniciou a especialização em Psicopedagogia, área que busca investigar a não
aprendizagem como uma das causas do fracasso escolar, com isto, procurando uma
visão abrangente sobre elas e os processos que interferem neste não aprender.
Para ela, o fato de as crianças não aprenderem, não se restringia ao não querer
aprender ou meramente pela sua condição socioeconômica. As idéias se
completavam. Então, investiu nesta nova área com muito afinco, pois atendia as
suas necessidades profissionais prementes.
Em parte, vislumbrou novas perspectivas, mas a sua busca ainda não tinha
acabado. Muitas indagações ainda flutuavam no ar.
Havia encontrado algumas respostas, mas como atuar e auxiliar os
apendentes? Ainda não era o que buscava. Na reta final desta busca, surgiu uma
14
nova área que balançou a sua estrutura. A Arteterapia. O coração palpitou, as
pupilas dilataram e brilharam: a possibilidade da união das dimensões do coração e
da subjetividade, tendo como pano de fundo, a teoria (objetividade - razão)
confirmada pela prática vivenciada.
Fazer ou não fazer? Trilhar por este caminho exigiria de forma assombrosa
sobre nossa personagem. Muitas mudanças aconteceram, muitas dores vieram à
tona. As sombras tomaram forma, ganharam nomes e foram carinhosamente
iluminadas. As cicatrizes permaneceram, mas já não doem como doíam e
incomodavam.
Eis que surgiu no caminho uma explosão de luzes de amor que iluminaram e
iluminarão sempre esta busca por ser melhor e auxiliar as pessoas a serem
melhores.
Como um processo, essa busca é contínua e esta história ainda não teve seu
final, mas exercitando a nossa intuição, o seu final será bem feliz e com amor, com
muitos capítulos de alegria, de luta e de muita determinação.
15
CAPÍTULO I
DESVENDANDO A ARTE ATRAVÉS DE UMA HISTÓRIA
Martins (1998: p. 4-5) relata-nos uma história sobre a arte, que ilustra a
importância desta expressão na constituição do homem.
No limiar dos tempos, os seres rodopiavam no espaço entre o céu e as
estrelas, à procura de um lugar para germinar. Chegaram ao Sol, mas este muito
ardente, não era um bom lugar. Foram à Lua, com sua inconstância não era um bom
lugar. Desceram a Terra, que estava coberta de água. Soprados pelo ar, os grãos
voaram em busca de terra seca. Rodopiaram por todos os cantos e nada acharam.
De repente apareceu uma pedra queimando no meio da água. No fogo as águas
ferviam e subiam ao ar em nuvens. Então a terra seca e boa apareceu. No ventre da
mãe Terra germinaram minúsculos grãos de todos os seres.
Cada qual escolheu um lugar: os mares dançaram rolando em ondas, os rios
desenharam seus cursos de água e as montanhas esculpiram seus contornos,
erguendo-se em picos. Na terra fresca e fofa as plantas cresceram. Coloridas flores
brotaram. O canto das aves nas matas ecoou e os cardumes bailaram no vaivém da
correnteza das águas. Bichos grandes e pequenos, a mãe Terra habitou. O mundo
estava pronto. O mundo era a grande morada da natureza.
Entretanto, ainda faltava alguém capaz de refletir sobre os muitos mistérios
daquele mundo. Alguém que fosse capaz de chorar e sorrir, de temer e ousar, de
odiar e amar, de perdoar e esquecer, de lembrar e desejar, de criar... Alguém capaz
16
de expressar-se sobre si mesmo e seus semelhantes, sobre o mundo e as suas
coisas. Aí, então, o mundo estaria completo! Seria ele habitado com alma.
Faltava o homem. E no decorrer de muitos, muitos mil anos, osso por osso,
músculo por músculo, nervo por nervo, artéria por artéria e mutação de cérebro nas
longas horas de trabalho paciencioso, seja nas mãos divinas, seja pela mudança
das linhagens, que o Homem se formou. Não conhecia seu lugar no mundo, tinha de
encontrá-lo.
Ao contrário dos outros seres, o homem teve de aprender muito. Às vezes era
arrogante e tinha de aprender a humildade. Era covarde e precisava aprender a ser
valente. Algumas vezes sofria porque não entendia os enigmas da mãe Terra.
Outras vezes sofria porque não entendia a alma dos seus semelhantes. Para
suportar tudo isso e tornar-se melhor pela sua própria sabedoria, o homem inventou
uma ferramenta: a linguagem. Linguagens que se tornaram inseparáveis do homem
para ele penetrar na floresta sombria das coisas do mundo e desvelar para si,
bosques de realidade, desvelo da consciência de viver e existir. Linguagens
inventoras de mundos do brincante, homem criador de signos.
Dentre elas, uma linguagem se fez especial, a linguagem da arte. Feita para o
homem mergulhar dentro de si mesmo, trazendo para fora e para dentro dos outros
as emoções do próprio homem. Sabe o homem que as emoções são o sal da vida.
Por isso é que quando um Homem quer falar ao coração dos outros homens, ele o
faz pela linguagem da arte. Quando isso acontece, naquele homem sente e age o
“artista".
Ao buscar um conceito para a Arte na vida do Homem, o autor traduziu este
anseio. A história de Arte se mistura com a história do próprio homem.
17
1.1 - O que é Arte?
“A arte é um estimulante para o viver e para a vida. É assim que a vejo”.
(MURRAY, apud MARTINS 1998: 179).
A Arte em sua etimologia diz respeito ao domínio de técnicas e regras
adotadas em determinada área de atuação humana. Posteriormente, houve a
distinção entre a arte puramente mecânica (tecnicista e útil) e o propriamente belo,
sendo este último o sentido mais difundido entre nós.
De acordo com a Enciclopédia Encarta (2001) Arte é uma atividade que, além
de talento, requer aprendizagem e disciplina. Pode limitar-se a uma simples
habilidade técnica ou ampliar-se a ponto de expressar uma visão de mundo. O termo
arte deriva do latim ars, que significa habilidade na realização de ações
especializadas, como a arte da jardinagem ou de jogar xadrez.
Em sentido amplo, o conceito se refere tanto à habilidade técnica, como ao
talento criativo. A arte proporciona experiências estéticas, emocionais e intelectuais.
Na visão filosófica, a arte compreende o que é etéreo, belo, visual, que
transcende o que é simplesmente palpável. O artista é considerado como um ser
alado, diáfano, com aura de semideus. Parte do senso estético - do belo, que
desperta a sensibilidade de quem aprecia. O trabalho do artista é julgado e tido
como bom, quando atende aos juízos pessoais.
Na era contemporânea a visão de arte e, conseqüentemente, de artista sofreu
algumas modificações. A arte passou de meramente apreciada, para ser um elo
entre a razão e a emoção, entre o que é e como é percebido e inserido na vida
social. Não é alheia ao movimento social, mas faz parte dele. Graças à
18
desmistificação da arte como sendo inacessível, e somente para deleite de uma
elite, ela foi popularizada e passa a refletir a expressão de todas as pessoas e
segmentos. Já não é mais diáfana, mas com muito "corpo", extrapola os limites dos
grandes e suntuosos museus e galerias, indo para os mercados e ruas.
Segundo Iavelberg (2003: p. 9):
Arte enquanto área de conhecimento promove o desenvolvimento de
competências, habilidades e conhecimentos necessários a diversas
áreas de estudo, mas seu valor está intrínseco como construção
humana, patrimônio comum a ser apropriado por todos.
1.2. Arte é Terapia? Que terapia é Arte?
A Arteterapia proporciona a oportunidade para que a pessoa entre em contato
com outros universos, diferentes do seu, podendo reconhecer de forma concreta a
diversidade de expressões e realidades. Num clima de acolhimento é possível
entender e aceitar a si mesmo e também ao outro, o que ajuda a trocar o
julgamento, tão presente nas relações, pela compreensão, onde as diferenças
observadas tomam um caráter de complementaridade com possibilidade de troca e
conseqüente enriquecimento individual e grupal.
À medida que as pessoas entram em contato consigo mesmas, percebendo a
riqueza interior que possuem, ampliam o universo do seu repertório e a
compreensão do significado impresso em suas vidas. São suas próprias imagens
internas que podem vir à tona, graças ao meio propício que lhes é oferecido,
promovendo um aumento de seu poder pessoal e, conseqüentemente, maior
capacitação para lidar com suas dificuldades.
Todo ser humano possui igualmente esse potencial criativo, mas a chave para
19
acioná-lo somente pode advir de dentro de cada um. Entrar em contato consigo
mesmo de uma forma segura, amorosa e esclarecedora leva ao âmago desse
potencial criativo, gerador de Vida. O indivíduo percebe o valor que possui, naquilo
que simplesmente ele é, e na sua responsabilidade sobre o acionamento de seu
próprio potencial,
Transitar por diferentes linguagens expressivas, que não apenas a verbal
possibilita a ampliação do campo do conflito, como o efeito de uma lente de
aumento. Muitas vezes sabemos o que nos incomoda, mas não sabemos
exatamente o que é ou ficamos aprisionados em uma única forma de ver a questão.
Pintar, desenhar, modelar, dançar, etc., dentro de um contexto terapêutico,
possibilita a compreensão e representação dos próprios processos, bem como a
integração destas descobertas num todo maior.
Allessandrini, (1997: p. 34) afirma que na Arteterapia evoca-se o valor e a
abrangência que a Arte tem sobre o Ser Humano: pensante, formador, construtor,
sensível, consciente e intuitivo: “Como técnica terapêutica dá-se importância aos
aspectos não verbais assim como a estimulação dos processos cognitivos e
expressivos”.
Em todo este processo de encontros, desencontros, trocas, buscar-se-á
descobrir o potencial criativo e curador, aplicando os recursos arteterapêuticos,
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos, despertando suas
potencialidades para o bem viver, quiçá, transformá-los em uma chave capaz de
abrir as portas do imenso potencial criador e curador, inerentes a todo ser humano.
Aplicando a máxima: "Corpo São, Mente Sã" a arte alia à medicina (também
considerada como arte), para buscar uma forma de minimizar os processos
20
dolorosos, inevitáveis em determinadas doenças.
A Arteterapia, para ser aceita como ciência, tem buscado comprovar seus
benefícios às classes que relutam em considerar quaisquer tratamentos que não
sejam cientificamente comprovados (resistência aos tratamentos que não sejam
alopáticos). Já não se tratam de conhecimentos empíricos e do senso comum, mas
comprovados a olhos vistos, nos próprios pacientes/artistas.
No enfoque, a Arteterapia busca contemplar além da terapia uma nova atitude
diante da vida e do real, como um caminho vivo e evolutivo, indissoluvelmente ligado
ao próprio caminhante.
Para Crema (1995, p. 17),
O movimento holístico definitivamente não é moda, como
muitos pretendem. É uma resposta biológica e vital de
perpetuação da espécie perante a ameaça de uma
autodestruição global: é um catalisador de transmutação, no
seio do qual está sendo gerado o ser humano de agora.
Necessitamos investir no universo psíquico interior tão vasto
quanto o exterior, da mesma forma como temos investido, nos
últimos séculos, no mundo da matéria. Conquistar qualidade na
ecologia do Ser é um passo prioritário para sua natural
transpiração e extensão na ecologia social e ambiental. Onde o
lograr do amor, paz e harmonia se elas não habitarem o interior
de nossas moradas?
“As mais variadas linguagens artísticas nos permitem vivenciar as emoções, a
sensibilidade, o pensamento, a criação, representadas através da própria produção
ou da observação das obras alheias”, como traz Rosa Iavelberg (2003: p. 20).
Neste trabalho priorizamos duas linguagens, traduzidas pela linguagem oral
dos contos de fada e das expressões plásticas.
21
1.3 As histórias infantis no atelier terapêutico
Quando alguém se torna narrador, ao mesmo tempo se toma ouvinte
de si mesmo: pode ouvir a sua e outras vozes; pode narrar as
histórias da humanidade e as suas próprias. Assim, coloca-se como
participante ativo da magia da sua existência, percebendo-se
também como construtor da história da Humanidade. (BIANCO,
1999: p. 90)
Na tradição da linguagem oral, buscamos a importância dos Contos de Fada,
que relatam o seguinte: entre o "era uma vez" e o "viveram felizes para sempre"
existem histórias que vêm se perpetuando há séculos na imaginação de crianças e
adultos, como afirma Marcelo Alencar (2000). Essas histórias são representadas não
só pelos contos de fada, mas por mitos, fábulas e lendas, narrativas derivadas da
tradição oral. Esses gêneros foram transcritos para o papel e hoje permitem
examinar concepções de realidade de diferentes povos.
Os contos de fada podem ser conceituados como relatos populares que
perpassam o passado e o profano, o trágico e o humorístico. Caracterizam-se ainda,
pela presença de seres, objetos e lugares sobrenaturais: bruxas, fadas, dragões,
varinhas de condões e reinos enfeitiçados que existem fora da lógica real do tempo.
(ALENCAR, 2000: 20)
As lendas, do latim legenda, significam coisa que deve ser lida. Trata-se de
um relato de caráter maravilhoso em que fatos históricos são deformados pela
imaginação popular ou poética.
Os mitos, que vêm do grego mythos referem-se às narrativas heróicas, de
significação simbólica. Os deuses encarnam as forças da natureza. Erich Fromm
(apud ALENCAR, 2000: 44) explica que “o mito como o sonho apresenta uma
história que exprime idéias religiosas filosóficas”. Mitos contêm os arquétipos que
22
Jung interpretou como imagens psíquicas do inconsciente coletivo: "é a mente
impessoal, a memória da humanidade em nós. É a dimensão dos arquétipos, das
grandes imagens que estruturam a nossa psique" (apud CREMA, 1995: 128).
As fábulas consistem em ficções breves e de caráter alegórico; podem ser
expressas em verso ou prosa e destinam-se a ilustrar um preceito. Sua conclusão
oferece sempre uma lição, um julgamento de valores. A valorização de animais é um
recurso milenar das fábulas.
Segundo Reyzábel (apud ALENCAR, 2000: 45), "a fábula tem evidente
intenção moralizadora e em muitos casos, satírica. É de origem rural e oferece uma
visão pragmática da realidade".
Os contos de fadas estão vinculados à educação de crianças e atravessaram
séculos influenciando modos de vida e perpetuando a cultura de muitos povos. Já
nos escritos de Platão percebe-se que as mulheres mais velhas contavam às
crianças histórias simbólicas. Uma informação ainda mais antiga é que os contos de
fada também foram encontrados nas colunas e papiros egípcios. A tradição escrita
da humanidade, data aproximadamente, de três mil anos. O mais interessante é o
fato de temas básicos não terem mudando muito. No caso, os contos de fada
europeus datam do século XII, ainda na Idade Média (ENCARTA, 2001).
Neste mesmo período, camponêses miseráveis sentavam-se à beira de
fogueiras para ouvir fantásticos enredos sobre reis, rainhas, palácios encantados e
tesouros. E por breves momentos apossavam-se dos papéis principais - aqueles que
jamais desempenhariam na vida real. Em sua catarse, derrotavam gigantes,
desafiavam bruxas, descobriam as galinhas dos ovos de ouro e conquistavam a
felicidade eterna.
Mas as histórias não se restringiam aos camponeses. Chegavam às grandes
23
cortes repetidas por menestréis e encantavam as damas e os fidalgos.
Desde essa época os contos sofreram mudanças de função: ocorriam as
adaptações, que usavam as fábulas e lendas a fim de "apregoar" valores burgueses,
conformando os ouvintes aos seus papéis na sociedade. Na sociedade também
predominavam os domínios masculinos, que com suas idéias, abominavam
mulheres dotadas de iniciativa, independência e livre-arbítrio, sendo as heroínas das
histórias dóceis, submissas e extremamente amáveis.
A transmissão dos contos de fada pela tradição oral foi facilitada pela
construção de um esquema presente em todas as narrativas orais: situação inicial,
conflito, desenvolvimento da trama, resolução do conflito e desfecho. Todas as
histórias têm um herói e um vilão. Assim, elas são facilmente memorizadas e
contadas.
Além do acesso ao mundo imaginário, os contos de fada e os mitos
colaboram na construção do conhecimento, pois as histórias possibilitam e
oportunizam a aquisição das palavras falada e escrita, a construção da memória,
apresentando também o significado do mundo da linguagem falada e escrita.
As histórias colaboram na construção da linguagem escrita. Quando as
crianças começam a aprender a falar, as palavras e as frases são apresentadas de
maneira significativa para elas, sem uma preocupação com o conhecimento de cada
letra ou fonema, ou como cada palavra se compõe. Assim, naturalmente, a criança
vai aumentando o seu vocabulário, dominando as estruturas básicas de sua língua,
compreendendo a sua funcionalidade.
Diante de tantas possibilidades e dos benefícios dos contos de fadas com
relação à construção da memória, eles devem ser contados, lidos, repetidos, ouvidos
com disponibilidade e não usados simplesmente como momento lúdico, porém
24
devem ser utilizados de maneira cuidadosa para não quebrar o encanto de algo tão
fascinante. Ler e escutar um conto são atividades que devem ser vividas com prazer.
Os contos de fada são considerados modelos de narrativas porque
apresentam uma situação inicial e evoluem para um conflito que denotando a
contradição que cada narrador também enfrenta em seu mundo interno. É o bem
vencendo o mal.
Quando se chega ao final da história e volta-se ao mundo, distingue-se a
importância do imaginário e do real, do que é consciente e inconsciente.
Os contos de fada não podem ser vistos apenas como entretenimento. Vão
além de inocentes histórias para dormir, afloram os conflitos de cada um dos
personagens, ocasionando uma identificação positiva.
Por traduzir a linguagem do inconsciente e falar ao ouvinte sem intermediação
da razão ou ditar normas de comportamento, daí o sucesso que as histórias
apresentam e os variados recursos que podem ser empregadas. Os símbolos não
aparecem diretamente e por isso ajudam o ouvinte a elaborar seus conflitos. Ao
dialogar com os personagens, corporificam-se os conflitos que podem ser resolvidos
com a ajuda das fadas, das espadas e dos outros símbolos trazidos nas histórias.
Diversas áreas de estudo têm comprovado a eficácia dos contos de fada nos
processos terapêuticos.
“Inconsciente, em psicologia, região hipotética da mente que abriga os
desejos, recordações, temores, sentimentos e cheias, cuja expressão é reprimida no
plano da consciência” foi descrito pela primeira vez entre 1895 e 1900 por Sigmund
Freud (ENCARTA, 2001).
No processo terapêutico, após diagnosticar-se os conflitos existentes, podese escolher histórias que traduzem estes medos, e ao relatá-las devem ser
25
observadas as reações. É natural que o ouvinte peça para ouvi-las diversas vezes.
Este fato revela o caminho a ser seguido pelo facilitador. Ao solicitar o reconto da
história, o ouvinte percebe que os conflitos são enfrentados e resolvidos. Identificarse com os sentimentos dos personagens é um passo importante na sua
conscientização. Apesar de sentirem raiva, ódio, medo e ciúme eles conseguem
resolver seus problemas e terem uma final feliz. Daí a certeza de também
conseguirem resolver seus próprios conflitos.
Outra função das narrativas infantis é levar o ouvinte a reconhecer seus
medos. Em algumas crianças é comum o medo do abandono pelos pais, daí a
resistência em dormir, pois não se tem a certeza de reencontrá-los no dia seguinte.
Sugere-se, então, que os pais narrem as histórias completas, com o conflito
resolvido satisfatoriamente, pois na primeira hora do sono, o inconsciente está mais
aberto para receber e incorporar a palavra.
Desconhecendo os benefícios de uma boa história, alguns pais acham que os
contos de fada possam afastar a criança do mundo real, levando-a a viver no mundo
imaginário. Esse medo torna-se sem fundamento, pois o mundo real é que ainda
não faz parte do mundo da criança.
1.4 - A maior das narradoras: Sherazade
Bianco (1999 p. 98) afirma que com o desenvolvimento da tecnologia, a
entrada da televisão e outras máquinas nos lares, e a crescente necessidade dos
adultos partirem para a sua jornada profissional fora de casa, as pessoas não têm
mais tempo de troca com os filhos. Então a arte de narrar está desaparecendo,
26
contribuindo para o surgimento de homens alienados, distantes da sua essência
humana, das suas raízes, dos valores familiares que são passados pela história de
cada família. Ao ouvir as histórias da família, o ouvinte cria espaço para um mundo
fabuloso, ampliando a imaginação, aprendendo a reagir a situações desagradáveis e
a resolver seus conflitos pessoais.
As narrativas feitas pelas gerações anteriores, normalmente pais e avós,
estabelecem uma,
[...] ponte entre o passado e o presente, o indivíduo, tradição,
passado individual e coletivo [...] Ao conhecer a história dos
ancestrais, resgata-se o inconsciente familiar, tem-se acesso aos
mitos e possibilita-se a composição dos contornos e conflitos
construídos por cada família, podendo escolher os caminhos de sua
existência. [...] é a memória da história das famílias, a linhagem dos
ancestrais, onde cada indivíduo conforma o elo da cadeia humana
que o habita (CREMA, 1995:127).
Ainda segundo Bianco (1999), os estudos relatam que uma das maiores
narradoras dos contos e histórias tenha sido Sherazade que, inspirada na magia e
completude tornou-se grande educadora e terapeuta, impregnando a linguagem de
recursos imagéticos capazes de "curar" as dores do grande Rei Sharyar, acometido
por uma grande desilusão afetiva. Ele, além de dilacerar seu coração, ainda espalha
o terror por todo o seu reino, pois ao apoderar-se do gênio do mal, conclui que todas
as mulheres são iguais e decide, a cada noite, desposar uma jovem e matá-la no dia
seguinte.
Segundo Galland a figura de Sherazade foi construída a partir das seguintes
características:
[...] além de muito corajosa, com um espírito de uma admirável
penetração. Tinha muita leitura e uma memória prodigiosa. Estudava
filosofia, medicina e belas artes e fazia versos melhores que os mais
célebres poetas do seu tempo. Além disso, era provida de uma
grande beleza e uma sólida virtude. (apud BIANCO, 1999: 102)
27
Os seus atributos intelectuais cedem à sua beleza física, daí sua primeira
lição.
Por meio da palavra, começa o seu poder de convicção. Seu próprio pai
rende-se às suas narrativas e deixa-a casar-se com o temível rei. Sherazade
começa usada, conduzida pelas circunstâncias armadas no palco da vida, o seu
papel de narradora perspicaz, cuja palavra está centrada no coração. Era uma
tentativa, poderia ou não dar certo.
Com as suas histórias envolventes, Sherazade consegue um dia após o
outro, encantar o rei. Com seus contos aguça a sua curiosidade, envolvendo-no
numa trama de suspense. Em um período simbólico, representado por 1001 noites,
a nossa heroína consegue curar o rei, restabelecendo sua confiança no amor, com o
coração profundamente tocado. Não pode curar a traição sofrida, mas pode curar a
ferida do rei, transformando a “dor em amor”.
Além dos atributos físicos, indispensáveis ao “início” do tratamento, a figura
de Sherazade traz outras características:
-
A coragem para enfrentar um desafio, levando o outro a também se
enfrentar;
-
A busca pelo conhecimento, exercitando a leitura de sua “cultura”;
-
Seu exercício para memorizar tudo que lia;
-
A atenção e a percepção no processo do outro, direcionado pela
observação nos sentimentos do rei;
-
O seu amor transcendente.
-
E por fim a sua integração de corpo, mente e alma (sua entrega ao
processo do outro).
28
Em seus encontros terapêuticos, Bianco (1999), relata-nos que se inspirou
nessas histórias, identificando nos seus pacientes os mesmos conflitos do temível
rei. A partir desta identificação buscou histórias que possibilitassem a elaboração
dos conflitos de seus clientes, auxiliando-os reconhecerem-se como pessoas
inteligentes e a transporem suas "primeiras pedras", as mesmas encontrando-se
fortalecendo e estimulando-os a ultrapassarem seus próprios limites.
Bianco (1999), assim como Sherazade, utilizou recursos que foram
empregados para garantir o ingresso ao mundo do faz-de-conta:
- estabelecimento de um "clima de ritual", onde o respeito, a atenção, a
interação são vividos pelo narrador e ouvintes, de forma participativa e ativa;
- este clima foi sendo construído, por meio do seu processo de
desenvolvimento pessoal, ocasionando um perfil profissional distinto;
-
a
realização
de
muitos
trabalhos,
vivência
de
processos
de
autoconhecimento, momentos de ouvir e contar histórias, enfim a busca de sua
"cura".
Em seu livro “Saúde e Plenitude - um caminho para o ser”, Crema (1995)
sintetiza que o ato de escolher o ofício de facilitador no campo da saúde psíquica
reveste-se de uma especial responsabilidade quanto à permanente auto-educação,
autocuidado e compromisso evolutivo. Não há como não se desenvolver e florescer
neste caminho, desde que seja assumido conscientemente. Este salário qualitativo
de aprendizagem compensa e redime no confronto diário da dor psíquica.
29
CAPÍTULO
II
MUITAS HISTÓRIAS... AÇÕES... PRODUÇÕES...
“Expressar os próprios sentimentos e emoções traz
uma grande satisfação, pois ajuda a pessoa a
tomar consciência de sua importância, através de
realizar o que é seu. Oferecer essa oportunidade é
quase uma missão, já que nos dias de hoje, as
pessoas estão perdendo cada vez mais a
identificação com o que fazem.”
(SANTOS, 1999 p. 121).
Foi realizada uma pesquisa em uma escola de educação infantil. O público
alvo era composto por alunos e seus irmãos, com idades entre 05 e 08 que ali
aguardam seus pais após saírem de suas escolas.
Os encontros antecederam na sede da escola, com duração de 2 horas,
sendo realizados, três vezes por semana.
A proposta arteterapêutica na instituição foi baseada em Oficinas Criativas
que, de acordo com Allessandrini (2000) têm como objetivo fazer com que as
pessoas possam exercitar suas capacidades de aprender, fazendo uso de seu
potencial psíquico, tendo seu dinamismo energético afetivo e cognitivo direcionado
para uma melhor qualidade de aprendizagem. Possui como diretriz uma seqüência
básica, estruturante de uma proposta a ser constituída. Em um primeiro momento,
há a sensibilização: momento onde o sujeito estabelece contato com o trabalho que
está sendo iniciado, e tem como objetivo seu contato com o mundo interno.
O segundo passo é do da expressão livre: quando podem explorar situações
30
possíveis de serem concretizadas, em um ir e vir de movimentos que surgem
naturalmente, empregando os suportes disponibilizados.
A seguir temos a etapa da elaboração da expressão, sintetizada no nível não
verbal,
pressupondo
um
redimensionamento
das
ações
já
realizadas.
Continuamente, há a transposição da linguagem simbólica para as linguagens orais
ou escritas, Neste momento, “há o acionamento de um movimento na ordem do
descontínuo, em outros níveis de consciência”. (ALLESSANDRINI, 1999: 40)
Por último, ocorre a etapa da avaliação, com a recomposição das etapas
processuais permitindo que as aprendizagens ou vivências sejam nadas
conscientes.
Finalizando, Allessandrini cita Perrenoud (1997-1999: 42) ressaltando que
terapeuta tem a liberdade de ação em construir das oficinas com objetivos
específicos, sempre desenvolvendo o olhar carinhoso com o cliente.
Foram, então, propostas e desenvolvidas as oficinas, buscando 'contemplar
momentos que favorecessem a criação, onde fossem vivenciadas expressões
espontâneas em um fazer concreto. Não só vivendo o criativo, mas construindo,
pintando, modelando, trazendo aquilo que era o mais próximo do ser. Neste espaço,
o imaginário criando formas, tomando cores, aproximando-se de um real
personalizado, sentido e vivido com alegria. (ALLESSANDRINI, 2000).
As entradas nas oficinas foram vividas como a passagem para um mundo
mágico onde o limite foi à própria criação. De acordo com Allessandrini (2000) a
ação criadora vivenciada no decorrer do processo não é linear emergindo, muitas
vezes, a necessidade da desorganização para depois haver uma re-organização.
Propusemos uma prática reflexiva com espaços vivenciais que integraram o
ideal de cuidar do si mesmo e do outro.
31
Nos encontros eram realizadas avaliações orais, ao final de cada oficina.
As histórias utilizadas durante as oficinas foram, a princípio, escolhidas a
partir da conversa com os pais. As crianças e suas famílias eram de regiões muito
diferentes, com isto suas histórias de vida, hábitos, costumes também eram
diversos, ocasionando desentendimentos e situações de intolerância e desrespeito
às diferenças.
A seguir serão descritas algumas das atividades desenvolvidas nas oficinas,
conforme sessões.
2.1 - Romeu e Julieta
Há muito tempo, não muito longe daqui, havia um reino engraçado. Todas as
coisas eram separadas pela cor: Branco, amarelo, azul, vermelho, preto. O que era
branco morava junto com o que era branco. Todas as flores brancas no mesmo
canteiro. As flores brancas só visitavam o canteiro branco. Todas as flores azuis
num canteiro separado. E as borboletas azuis 80 visitavam este canteiro, não havia
misturas... Num canteiro amarelo, morava uma linda família de borboletas amarelas.
Tinham uma filhinha chamada Julieta. (No canteiro dos miosótis, morava uma família
de borboletas azuis. Tinham um filhinho chamado Romeu. (...).
Ao terminarmos a atividade propusemos a discussão a respeito da história,
levantando aspectos diversos: o que a história trazia para cada um de nós, se tinha
alguém que estava certo ou errado, por que será que eles agiram daquela forma;
qual das situações seria mais agradável aos nossos olhos: a de ver uma só cor ou
de ver tudo colorido?
32
No decorrer da atividade os participantes traziam suas experiências,
socializando-as com o grupo enriquecendo nossos momentos.
2.2 – Cinderela
Cinderela também conhecida como Gata Borralheira (porque uma de suas
tarefas era de limpar as chaminés e a lareira, sujando por isso todo o seu vestido de
borralho) exerce um fascínio incontestável em crianças e adultos de todo o mundo. A
trajetória de sofrimentos da bela moça de coração puro que, sendo órfã de mãe, era
explorada de maneira desumana pela madrasta pelas suas duas filhas más,
continua seduzindo gerações, certamente, pela enorme carga de valores positivos
que a trama agrega em eu enredo. Lembremos que apesar das dificuldades, das
provações sofridas e do cansaço diário pelo serviço pesado que era obrigada a
fazer, a jovem continuava pura de coração, doce, meiga e delicada com todos. Nada
conseguia abalar a fortaleza de seu caráter. Após a história contada para os
participantes foi colocado à disposição papéis para desenho, lápis de cor e giz de
cera, também tinta guache, papéis coloridos para colagem. Enquanto realizavam as
atividades alguns dos participantes contavam seus afazeres no dia a dia em casa e
não diziam não imaginar a importância do ato de limpar.
33
2.3 - A casa (Vinícius de Morais)
“Era uma casa, Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não Porque na casa não tinha chão Ninguém
podia dormir na rede Porque na casa não tinha parede Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali. Mas era feita com muito esmero. Na rua dos bobos,
número zero.” (MORAES, 2003)
Na sessão anterior ouvimos o cd "Arca de Nóe" e uma das crianças sugeriu
que "no outro dia" podíamos desenhar casinhas. Com isto trouxemos novamente o
cd, cantando a música várias vezes, até conseguirmos cantá-la de cor, explorando
sua sonoridade, ritmo e leveza.
Propusemos vários desenhos de casa: com a tinta, com giz de cera e também
em origami, com papéis coloridos.
As crianças desenhavam e explicavam os detalhes. Algumas diziam estar
com saudade de casa e seus pertences.
A
seguir,
disponibilizamos
ao
grupo
as
flores
vazadas,
propondo
coletivamente um pequeno painel sobre o que estávamos sentindo naquele
momento.
No decorrer da atividade, os participantes traziam suas experiências,
socializando-as com o grupo, enriquecendo nossos momentos.
Nas histórias é assim...
Acontecem assim, como muitas vezes na vida.
Este fato demonstrou-nos a importância e a contribuição do trabalho na vida
dos nossos pequenos clientes.
Nesta oficina, outro fato serviu-nos de referencial: um aluno, a princípio, não
34
demonstrou interesse nas atividades, permanecendo distante. Depois de alguns
minutos de observação, juntou-se ao grupo, participando efetivamente. Estavam
fazendo máscaras. Sua primeira máscara foi expressa com choro, com aspecto
carregado. Fez e deixou-a de lado, manifestando querer fazer outra. A sua segunda
produção foi mais suave e mais alegre. Ao concluí-la, optou por auxiliar as outras
crianças.
Tivemos a participação do pai de uma das menores, que após produzir sua
máscara, com muito envolvimento, brincou com ela alguns minutos, indo em seguida
ajudar as demais.
As crianças pequenas sempre requeriam auxílio, "pois queriam desenhos
bonitos". Auxiliávamos sempre seguindo seus desejos, pois eram elas que
escolhiam os detalhes. Muitas vezes, semelhantes aos demais.
Algumas falas chamaram-nos a atenção, por exemplo, a comprovação do fato
de que as crianças menores possuem referências de suas casas, pois só as
expressaram em riscos, ou ainda, copiando as produções das crianças maiores.
Uma criança chamou-nos a atenção, pois de uma maneira nula usou o
material. Fez suas produções em silêncio. Desenhou uma casa bem simples, tipo
casinha de fazenda.
Ao final da sessão, uma criança falou: "Vó, você fez sua casa". A senhora
ficou muito emocionada, afastou- se do grupo, mas em seguida, retornou.
Em outro dia, o grupo estava mobilizado em função de um churrasco
programado por outro grupo. Estavam animados. Apresentamos o mural doado para
exposição das produções, e houve uma mobilização geral para afixá-lo na parede.
A partir daí, as crianças pediram para desenhar corações. Creditamos o
pedido ao fato de ser próximo à comemoração do Dia das mães data muito
35
explorada comercialmente, porém muitas crianças estavam longe das suas,
conforme foi ilustrado nas figuras.
Havia muitas crianças novas. Uma delas, um menino, apresentava
temperamento agressivo e pouco entrosamento com o grupo, tanto de crianças
quanto de adultos. Havia brigado com as outras crianças. Aproximou-se do grupo, e
disse que não queria fazer, que não ia, mas se ele quisesse subiria nas árvores. Foi
queixar-se ao pai (ficou um bom período por lá. Quando retornou havia tomado
banho dado por uma das funcionárias.
Queixou-se de ter apanhado das demais crianças e chorava muito.
Apresentava pouca resistência à frustração, impaciente. E quando contrariada,
tampava os ouvidos e só falava. Com muito custo entrou no grupo para as
atividades. Neste momento, realizamos um desenho para ela e solicitamos a
complementação. A partir daí ela fez algumas produções, ignorava todo o material
que as outras crianças pegavam.
A um determinado momento, informei que estaríamos terminando as
atividades. Quando as outras crianças negaram-lhe o grampeador, saiu chorando
alto, chamando a atenção de todo o grupo, Voltou em seguida, repetindo aos gritos,
tudo o que já lhe haviam dito:
- "Já falei que não gosto de esperar, todo dia é a mesma coisa naquela escola
(já que fica só para aguardar os pais). Eu fico com sono e tem que esperar. Quero
comer e tenho que esperar, e agora tenho que esperar também".
Durante este "derrame" o outro grupo já havia chegado, chamando os para
um teatrinho sobre o Dia das Mães. Encaminhamos os demais, ficando com apenas
esta menor, sendo acolhida por uma das arteterapeutas, ouvindo-a carinhosamente,
alisando-lhe os cabelos. Este fato incomodou profundamente a organizadora do
36
referido grupo, que por diversas vezes manifestou-se pedindo que deixássemos a
criança, pois ela depois iria. Neste momento a outra estagiária, explicou-lhe
sucintamente o processo que a criança manifestava, não a convencendo. Após a
acolhida, a criança tranquilizou-se, sendo conduzida à sala do teatro.
Faz-se necessário acolher o paciencte/cliente quando em crise não deixando
sair da sessão sem um devido acolhimento.
Nesta sessão observamos a destruição do material disponibilizado, cortando
recortando, rasgando e jogando fora. Tivemos muito tumulto e ruídos, com poucas
acomodações para tantas crianças. A casa estava cheia, com muitos visitantes.
2.4 - Clact... Clact... Clact... (Liliana & Michele lacocca)
“Uma tesoura mandona encontra papeizinhos coloridos picados e fica
horrorizada com a bagunça. Bem que ela tenta colocar ordem ali, mas não fica
satisfeita com a arrumação.”
Desde a seção anterior propusemos que trabalharíamos com um material
diferente: com papéis picadinhos.
Ao chegarmos, o ambiente estava agitado. Então, nos organizamos para
contarmos mais uma história. Dirigimo-nos ao nosso “local”, (acomodando as
crianças e responsáveis pais que esperam seus filhos terminarem as atividades),
enquanto ouvíamos um cd com histórias infantis.
Ao fazermos a leitura, mostrávamos as imagens, e as crianças faziam suas
intervenções, de maneira tranqüila.
Discutimos sobre a atividade, deixando-as livres, de modo que cada uma
37
representaria o que e como quisessem.
Aos poucos foram surgindo as formas, uma mais elaboradas, outras mais
simples.
Uma criança havia ficado internada no decorrer da semana. Estava
sensivelmente abatido em função das sessões de quimioterapia. Assim que chegou,
despejou uma boa quantidade de cola e "literalmente" jogou os papéis, que criaram
uma boa textura, porém, muito semelhante a um monte.
Naquele momento, concluímos a nossa oficina com a sensação de que essas
nossas crianças despejaram nos papéis picados os seus incômodos daquela
semana.
2.5 - Meu amigo Ventinho (Ruth Rocha)
Era um dia em que ventava muito e era assustador. Então foi escolhida a
história para apaziguar o medo que as crianças estavam sentindo.
“O vento Noroeste quer estragar a festa da escola, trazendo uma grande
chuva. Mas ventinho é amigo de todos e fará tudo para impedir."
Nesta oficina, a temperatura estava bem quente e os participantes
acalorados. Organizamos o nosso "local", acomodando-os de forma carinhosa.
Dispusemos um pequeno piquenique com refrigerantes e água.
Ao ouvirmos a história do "Nosso amigo Ventinho", que inicialmente
usaríamos tinta guache, surgiu a idéia de confeccionarmos os cata-ventos.
- "Tia, vamos fazer aquele chapéu que voa?" - pediu-nos a menor A. G-, uma
das crianças.
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Partimos, então, para as produções que ficaram bem coloridas, sendo
expostas nos galhos da tamarindeira. Ficou lindo!
Além dos cata-ventos expostos, foram produzidos outros para serem
colocados dentro da casa, "para ver se lá dentro tinha ventinho também", segundo o
nosso aluno. Encerramos com um lanchinho agradável! Missão cumprida!
39
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Ao contatar o mundo que o rodeia, o indivíduo é
convidado pela vida continuamente a viver o novo,
a fazer novas escolhas, tomar decisões, adentrar
mistérios, caminhos desconhecidos, estabelecer
novas relações e descortinar novos horizontes.”
(CIORNAI apud MARTINS, 1998: 121).
Posso dizer que no começo desta especialização em arteterapia éramos duas
personagens: uma que sonhava e era cheia de dúvidas, e a outra que era pé no
chão, batalhadora, mas também um pouco temerosa quanto ao futuro.
Nos módulos foram acontecendo muitas transformações. Umas doeram,
sangraram, foram curadas e as cicatrizes permanecem; mas as feridas já não doem.
Outras foram definitivamente curadas e são meramente lembradas. Algumas ainda
estão em processo, buscando uma cura definitiva ou um lenitivo para as dores.
Primeiro, busquei responder às minhas perguntas, encontrar o meu "self",
mas não dava esperar me conhecer por inteiro, para só depois colocar em prática os
conhecimentos adquiridos. Foi a vivência de um processo de construcionismo:
aprendendo, sentindo, fazendo, reaprendendo, refazendo, ressignificando.
Os relatos sobre este fazer, nestes escritos, são acompanhados da certeza
que muitas "observações" não puderam ser registradas, frente à riqueza do trabalho
desenvolvido. Faltaram palavras para traduzi-las, foram intensamente vividas e
oralmente compartilhadas.
Pude constatar a riqueza e o leque de possibilidades ao unir os
conhecimentos adquiridos nas minhas "andanças" em busca de ser um pouquinho
40
melhor, e de uma forma "consciente" contribuir com as pessoas que me cercam. Sou
eu quem necessito delas, para compartilhar o que tenho buscado e aprendido.
De uma maneira carinhosa, consegui transitar pelas funções da minha
consciência, com muita tranqüilidade, sabendo dosar nos momentos precisos, a
minha emoção, sensibilidade, percepção e intuição.
O contato com os diversos materiais e linguagens expressivas permitiu
quebrar as "rigidezes" pessoais e profissionais, deixando as emoções e
pensamentos mais flexíveis, soltos, leves.
Compreender e aceitar a mim mesma, reconhecendo as minhas limitações,
propor "curar" as minhas dores com os meus alunos com dificuldade de
aprendizagem foi um passo importante ao escolher a minha clientela no meu período
de preparação e atuação profissionais.
Ao optar por esta atividade com os alunos e crianças que aguardavam a
chegada de seus pais, escolhi enriquecer os meus conhecimentos como
arteterapeuta. Tinha uma vaga idéia do que me aguardava, talvez sem a dimensão
exata das dificuldades a serem encontradas e dos resultados que alcançaria com a
convivência, mas com a certeza que "faria o melhor que pudesse".
Foram meses de trabalho e aprendizado. Minhas questões pessoais vieram à
tona e, em paralelo, a acolhida aos clientes, propiciou momentos de minhas
acolhidas e principalmente, a cura de minhas feridas.
Desde os nossos primeiros momentos na escola, trabalhávamos em nós e em
nossos alunos e clientes, sobre as nossas expectativas com relação à tão almejada
superação, transformando os nossos encontros em momentos agradáveis, alegres e
principalmente, de muita cumplicidade.
Encerro esta etapa com a convicção que caminharei muito pelas estradas do
41
conhecimento humano e, até alcançar o meu "self definitivo, estarei compartilhando
o que carinhosamente tenho aprendido com as "minhas grandes mestras".
Ousaremos enfrentar o desafio da inteireza? Ousaremos conspirar por um
ente humano integral, vinculado à dimensão interconectada do saber e do amor?
Ousaremos saltar para o desconhecido, afirmando o viver evolutivo? Ousaremos
reivindicar, atrevidamente, nossa condição de seres eretos, destinados a interligar
terra e céu?
É promissor constatar que um número progressivo de indivíduos, das
mais diversas origens, culturas e ocupações, está abrindo os olhos,
despertando e conspirando pela renovação consciente de nossos
fios condutor. Não será um bom tempo para os insensíveis,
sonolentos e arrogantes proprietários das velhas certezas! (CREMA,
1995: 52).
Encontrei não só a borboleta azul. Dei de cara com a vermelha e a amarela.
Com a mistura de suas cores pude ver mundos mais coloridos, cheios de vida. O
meu caminho agora é florido. Quando algumas flores murchas surgem novas flores,
novas cores, novos aromas, novos galhos.
É a maravilhosa a natureza do ser humano, que ressurge a cada dia.
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, Marcelo. Quem quiser que conte outra. Revista Educação, São Paulo,
ano 26 n° 228, p. 42 - 48, abril de 2000.
ALLESSANDRINI, C. D. A criatividade na Educação para a Paz. Revista ArteTerapia: Reflexões. 2 (2): 34. São Paulo: Instituto Sedes Sapientiae, 1997.
____________ (org) et al. Tramas criadoras na construção do "ser si mesmo".
São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
ALLESSANDRIN, C.D. Oficina Criativa e Psicopedagogia. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2000.
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para a formação de valores das novas gerações. São Paulo: Gente, 2003.
BIANCO M.P.F. O poder das histórias no caminho para o conhecimento e
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si mesmo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
CREMA, R. Saúde e plenitude - um caminho para o ser. São Paulo: Summus,
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CD rom. Windows XP.
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IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte - Sala de aula e formação de
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MARTINS, Mirian Celeste, et al. Didática do Ensino de Arte: A Língua do Mundo:
Poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.
43
MORAES, Vinícius de. A Arca de Nóe. Poemas infantis. Ilustrações Laura Beatriz.
São Paulo: Companhia das Letrinhas: 2003 - 23a reimpressão.
___________. CD A Arca de Nóe. Polygram. Zona Franca de Manaus: 1999.
ROCHA, Ruth. CD Mil Pássaros pelo céu. Sete histórias de Ruth Rocha. Selo
Palavra Cantada. São Paulo: 2000.
SANTOS, D. A arte de construir bonecos. In: ALLESSANDRINI, C. D. (org.) Tramas
criadoras na construção do ser si mesmo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
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FERREIRA, Glacimar Santana Alves Martins