EMPARN Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte S/A. Armazenamento de Forragens para a Agricultura Familiar Ministério do Desenvolvimento Agrário Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA DA PECUÁRIA E DA PESCA Armazenamento de Forragens para a Agricultura Familiar EMPARN Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte S/A. Governadora do Estado do Rio Grande do Norte Wilma Maria de Faria Secretário de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca Iberê Paiva Ferreira de Souza Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte S/A EMPARN Guilherme Ferreira da Costa Lima Diretor Presidente Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte EMATER-RN Luiz Cláudio de Souza Macedo Diretor Geral Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte SEBRAE-RN José Ferreira de Melo Neto Diretor Superintendente Assessoria de Difusão e Profissionalização da EMPARN Marta Maria Souza Matos Layot Luciana Riu Ubach Revisão Maria de Fátima Pinto Barreto Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central Zila Mamede Rio Grande do Norte. Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca. Armazenamento de Forragens para Agricultura familiar/Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca; Guilherme Ferreira da Costa Lima; Francisco Canindé Maciel; Florisvaldo Xavier Guedes; Jorge Ferreira Torres; José Geraldo Medeiros da Silva; Newton Auto de Souza; Emerson Moreira de Aguiar; Cláudio Adriano Correia de Lima; Genildo Fonseca Pereira; Henrique Rocha de Medeiros; Luciana Riu Ubach Castello Garcia; Revisão: Maria de Fátima Pinto Barreto. - Natal [RN], 2004. X páginas. 1. Forragicultura. 2.Agricultura Familiar. 3.Armazenamento I. RN/UF/BCZM CDU xxx GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA DA PECUÁRIA E DA PESCA EMPARN Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte S/A. Armazenamento de Forragens para a Agricultura Familiar Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN Francisco Canindé Maciel - EMBRAPA / EMPARN Florisvaldo Xavier Guedes - EMPARN Jorge Ferreira Torres - EMPARN José Geraldo Medeiros da Silva - EMPARN Newton Auto de Souza - EMPARN Emerson Moreira de Aguiar - UFRN Cláudio Adriano Correia de Lima - EMPARN / Bolsista CNPq Genildo Fonseca Pereira - EMPARN / Bolsista CNPq Henrique Rocha de Medeiros - EMPARN / Bolsista CNPq Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na: EMPARN Rua Jaguarari, 2192 - Lagoa Nova 59062-500 - Natal/RN Fone: (84) 232-5858 Fax: (84) 232-5868 site:www.emparn.rn.gov.br E-mail: [email protected] Comitê Editorial Presidente: Maria de Fátima Pinto Barreto Secretária-Executiva: Vitória Régia Moreira Lopes Membros: Aldo Arnaldo de Medeiros Amilton Gurgel Guerra Francisco Canindé Maciel Marcelo Abdon Lira Salvador Barros Torres Terezinha Lúcia dos Santos José Robson dos Santos Manoel de Souza Araújo Marcone César Mendonça das Chagas Impressão Gráfica Tiragem x Exemplares Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei nº 9.610). SUMÁRIO Secador Solar: A Fábrica de Feno para a Agricultura Familiar............................. Introdução.................................................................................. Procedimentos............................................................................. Escolha da área.......................................................................... Construção................................................................................. Distribuição do material............................................................... Revolvimento do material............................................................. Determinação do ponto de feno.................................................... Armazenamento.......................................................................... 09 12 12 12 12 13 13 13 13 Flor-de-seda Fonte de Feno de Qualidade para os Sertões..................................... Introdução.................................................................................. Resultados de pesquisa............................................................... Preparo do feno da flor-de-seda................................................... 14 15 16 17 Silo Cincho O Armazém de Forragem para a Agricultura Familiar......................... Introdução.................................................................................. Preparo da silagem..................................................................... 19 20 21 Silo de Superfície Alternativa Alimentar para Ruminantes em Secas Severas................... Introdução.................................................................................. Preparo do silo de superfície......................................................... 24 25 26 Xiquexique Alternativa Alimentar para Ruminantes em Secas Severas................... Introdução................................................................................... Características............................................................................. Plantio......................................................................................... Produtividade............................................................................... Utilização animal.......................................................................... Composição química..................................................................... Resultados obtidos........................................................................ 29 30 30 31 31 31 32 33 Instalações rústicas para a Caprinovinocultura........ 34 APRESENTAÇÃO Estudos recentes da EMBRAPA/Semi-Árido em 107 municípios situados nas áreas secas do Nordeste, constataram que cresce a renda dos produtores à medida que se eleva a participação da pecuária na unidade produtiva. E ainda, que o tipo de agricultura de subsistência praticado na região só oferece chances de sucesso em três a cada 10 anos, enquanto que a pecuária, por sua menor vulnerabilidade à seca, tem-se constituído no principal fator de fixação do homem no semi-árido. No entanto, a produtividade dos sistemas pecuários familiares do semi-árido é bastante baixa, principalmente, em função da ausência de práticas de gerenciamento e monitoramento dos custos de produção das fazendas e do grave déficit alimentar dos rebanhos nos períodos de seca. Não há dúvida que um dos principais impedimentos à viabilização de sistemas pecuários no Nordeste é a pequena disponibilidade de volumosos de qualidade e o manejo inadequado dos recursos forrageiros existentes. Numa região caracterizada pela marcada estacionalidade na disponibilidade de forragens, a produção, manejo e armazenamento de volumosos, voltados aos aspectos quantitativos e qualitativos, exerce uma função estratégica na lucratividade das fazendas, pela diminuição das diferenças sazonais na oferta de forragens e menor requerimento de suplementações energéticas e/ou protéicas. Ciente desses problemas, a EMPARN, em parceria com a EMATER-RN e SEBRAE-RN decidiram coordenar uma ação no Estado no sentido de capacitar seus técnicos e produtores pela participação destes em cursos específicos sobre produção e armazenamento de forragens. Esse evento constitui a primeira etapa do “I Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar: Semanas de Ensilagem e Fenação”, que capacitará mais de 3 mil produtores de sete microrregiões do Estado em 2004. Este programa representa mais uma ação do Governo Vilma de Faria, articulada pela Secretaria de Agricultura, da Pecuária e da Pesca SAPE, com o objetivo de apoiar e tornar mais eficiente e sustentável a atividade pecuária estadual. Confirmando a importância dessa ação de Governo, participam e apóiam essa programação instituições federais, estaduais e municipais, tais como: Embrapa, Consepa, FINEP, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Fetarn, ANORC, ANCOC, SENAR, Prefeituras Municipais, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Pobreza. Guilherme Ferreira da Costa Lima Diretor Presidente da EMPARN Secador solar ................. A Fábrica de Feno para a Agricultura Familiar Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN Emerson Moreira de Aguiar - UFRN Francisco Canindé MacieL - EMBRAPA / EMPARN Genildo Fonseca Pereira - EMPARN / Bolsista CNPq Florisvaldo Xavier Guedes - EMPARN Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq SECADOR SOLAR Introdução Pela própria natureza da vasta região semi-árida nordestina, as condições climáticas (altas temperaturas, intensa luminosidade e fortes ventos) são amplamente favoráveis à realização da fenação. Com a baixa capacidade de suporte dos pastos nativos e a pequena área dos estabelecimentos rurais e das pastagens cultivadas, são limitadas as alternativas para o desenvolvimento de uma pecuária sustentável para a agricultura familiar, fora da produção intensiva de forragens e da utilização de práticas de armazenamento. Quando se enumeram as principais características desejáveis de forrageiras apropriadas para o processo de fenação, são indicadas como condições essenciais, a existência de talos finos, abundância de folhas e pequeno porte para facilitar o trabalho das máquinas. Essas características são comuns em gramíneas como os capins Tifton, Pangola, Gramão, Buffel, entre outros, raramente presentes nas pequenas propriedades familiares. Dessa forma, para que um programa voltado ao armazenamento de forragens na forma de feno para a agricultura familiar no semi-árido tenha chances de sucesso, faz-se necessário que o processo de intervenção contemple, entre outros, os seguintes aspectos: · Iniciar o processo mediante a utilização de forrageiras nativas ou cultivadas já existentes nas propriedades, para baixar os custos do investimento inicial; · Concentrar as ações de difusão no período chuvoso, para quebrar o paradigma da impossibilidade de fenação durante o período das chuvas; · Treinar a mão-de-obra familiar na utilização de equipamentos artesanais de fenação, como as segadeiras e enfardadeiras manuais e formas de armazenamento em galpões ou a campo; · Utilizar a trituração para viabilizar a fenação de forrageiras de uso cotidiano dos pequenos produtores como o capim elefante, o sorgo, a maniçoba, a flor-de-seda, a maniva de mandioca e um grande número de outras forrageiras nativas ou cultivadas. O desenvolvimento e validação da tecnologia do SECADOR SOLAR para produção de fenos triturados foi efetuado pela EMPARN, na região do Seridó Potiguar, com apoio do PRONAF e Banco do Nordeste. O processo incluiu a avaliação de secadores solares cimentados (10 m x 10 m = 100 m²) paradesidratação de forragens trituradas em pequenas propriedades e tem obtido resultados bastante promissores para a agricultura familiar. Em práticas realizadas nos Campos Experimentais da EMPARN, tem-se conseguido, em média, o preparo de 2 kg de feno triturado por m² do secador. Esses secadores têm, então, uma capacidade de produção de 200 kg de feno triturado por cada vez. Considerando a possibilidade do criador realizar esse processo pelo menos, 50 vezes por ano (utilizando 100 dias/ano, em uma média de secagem de dois dias), isso resultaria numa produção de feno da ordem de 10 mil kg, suficiente para alimentar 50 caprinos ou ovinos adultos durante 4 meses de seca. Através de pesquisa desenvolvida em parceria entre a EMPARN/Banco do Nordeste/PRONAF/UFRN e UFRPE, foi comprovada a qualidade forrageira do feno triturado de capim elefante com mais de um ano de conservação em sacos. O período ideal de corte para a fenação foi de 45 a 60 dias de rebrota, o que proporcionou um rendimento de 6 t. a 8 t. de matéria seca MS/ha/corte, com 6,3% a 7,8 % de proteína bruta (PB) e digestibilidade da MS de 56% a 59%. Entre as espécies forrageiras indicadas para a produção de fenos triturados e desidratados no secador solar, destacam-se aquelas de maior porte, caules ou ramos grossos, e as que apresentam dificuldades no processo de secagem, quando expostas ao sol na forma inteira, como o capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.), os sorgos granífero e forrageiro (Sorghum bicolor L. Moench.), o milheto (Pennisetum americanum (L.) Leeke.), o sorgo sudanense (Sorghum sp.), culturas de sorgo e milho que, pela seca, não conseguiram completar seus ciclos, a cana-de-açúcar, na produção da sacharina, as manivas da mandioca (Manihot esculenta) e a própria raiz, a flor-deseda (Calotropis procera L.), a maniçoba (Manihot sp.), leguminosas arbustivas, como a leucena (Leucaena leucocephala), o guandu (Cajanus cajan ), assim como várias espécies de forrageiras nativas arbustivas e herbáceas, que, processadas no final do período chuvoso, ainda trazem a vantagem de uma rebrota rica para ser consumida. Outra alternativa, na utilização do secador solar, como ferramenta no fortalecimento de reservas forrageiras estratégicas no semi-árido, é a secagem de resíduos agroindustriais, como do sisal, do caju, do melão, do abacaxi e de tantos outros, que, na sua grande maioria, são desperdiçados. Adicionalmente durante o período chuvoso, o secador solar poderá funcionar como área de captação de água, destinada ao armazenamento em cisterna. O processo de desidratação das forragens no secador, é simples, rápido e não demanda muita mão-de-obra para os sistemas de agricultura familiar, podendo ser realizado, conjuntamente, pelo trabalhador, esposa e filhos. A combinação de recursos forrageiros englobando a silagem, o feno, a palma e a cana, de acordo com a adaptação dessas espécies a cada ambiente, representa uma sólida base para edificar qualquer sistema de produção no semi-árido.· Procedimentos Escolha da Área A área destinada à construção do SECADOR SOLAR deve ser preferencialmente plana, não sujeita a encharcamento e a sombreamento, isolada para evitar a presença de animais. Construção Aquisição do material necessário para construção do secador solar, com 100 m² de área útil (10 m de comprimento por 10 m de largura) e necessidade de mão de obra. DISCRIMINAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE Saco 12 Milheiro 1 Areia Grossa m3 2 Brita m3 2,5 Pedreiro Diária 6 Ajudante Pedreiro Diária 6 Cimento Tijolo cerâmico Custo de construção aproximado de R$ 800,00. Distribuição do Material O material deve ser distribuído em camadas de no máximo 10 cm de altura para que o processo de desidratação ocorra com maior rapidez de forma homogênea. Camadas mais grossas não permitem uma secagem adequada. Revolvimento do material É preciso revolver a forragem ou outros materiais a serem desidratados ou secos a cada 3-4 horas, durante o dia. No Nordeste semiárido as forrageiras próprias para fenação atingem a cura (secagem) de um a no máximo três dias com 3 a 4 revolvimentos. Determinação do ponto de feno Quando o material atingir de 10% a 20% do seu peso total é alcançado o ponto de feno. E ainda quando o material não virou palha nem está suficientemente úmido para provocar fermentações. Armazenamento Depois de atingido o ponto de feno o material está pronto para ser armazenado em locais ventilados e secos, o qual poderá ser feito em sacos de ráfia, para utilização em períodos de escassez. Recomenda-se a utilização de estrados de madeira para evitar contato dos sacos com o piso ou paredes úmidas. É importante que freqüentemente o produtor verifique se não está ocorrendo aquecimento dos fenos, colocando a mão no interior dos sacos. Flor-de-seda ................. Fonte de Feno de Qualidade para os Sertões Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN Emerson Moreira de Aguiar - UFRN Francisco Canindé MacieL - EMBRAPA / EMPARN Cláudio Adriano Correia de Lima - EMPARN / Bolsista CNPq Genildo Fonseca Pereira - EMPARN / Bolsista CNPq Florisvaldo Xavier Guedes - EMPARN Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq FLOR-DE-SEDA Introdução A flor-de-seda (Calotropis procera R.Br.) faz parte da família Asclepiadaceae, sendo originária da Índia e África Tropical e, provavelmente, foi introduzida, no Brasil como planta ornamental. A espécie encontra-se disseminada em todo o semi-árido, destacando-se na paisagem seca dos sertões, por permanecer verde mesmo nos períodos mais críticos. No Nordeste brasileiro é conhecida vulgarmente como Algodão-de-Seda, Ciúme, Ciumenta, Flor-de-Cera, Hortência e Seda. Entre outras características positivas da flor-de-seda como forrageira para a produção de feno no semi-árido, incluem-se: ·Permanência das folhas, mesmo durante os períodos mais críticos de estresse hídrico; ·Rebrota vigorosa, em resposta aos cortes, mesmo nos períodos de seca e sem o registro de qualquer precipitação; ·Grande disponibilidade de sementes, sem qualquer dormência e excelente germinação, que facilita, sobremaneira, a produção de mudas ou o plantio direto; ·Tolerância na utilização de solos salinos; ·Embora não palatável quando verde, o feno da flor-de-seda apresenta alta digestibilidade e consumo da matéria seca. A partir da experiência de produtores que utilizavam essa espécie para "escapar o gado" nas secas prolongadas, a EMPARN, iniciou um trabalho de avaliação da produção de feno triturado e desidratado em secadores solares, a partir de plantas naturalmente disseminadas. A planta no seu estado verde não é consumida pelos ruminantes, provavelmente em função da presença de látex, no entanto, após o processo de fenação é bem aceita pelos animais, particularmente caprinos e ovinos. Resultados de Pesquisa Pesquisas desenvolvidas pela EMPARN avaliaram o rendimento dessa forrageira, cultivada em diferentes espaçamentos em solos aluvionais e obtiveram rendimentos da ordem de 1 t. MS/ha/corte aos 70 dias, com 20% a 22% de proteína bruta (PB) e teores de matéria seca (MS) de 10% a 12% nos espaçamentos de 1,0 x 0,5 m e 1,0 x 1,0 m, com apenas 150 mm de precipitação pluvial. Cortes posteriores, realizados com desenvolvimento de cerca de 120 dias, possibilitaram rendimentos de 3 t. MS/ha/corte e potencial para efetivação de três cortes por ano (9 t. MS/ha). Alguns autores afirmam que as folhas fenadas dessa espécie podem ser usadas na alimentação de caprinos, sem exceder 0,5 kg/dia ou misturadas a fenos de outras forrageiras, em até 50% do consumido. Outras pesquisas indicam valores de até 72% de digestibilidade da MS para o feno da flor-de-seda. Em estudos realizados em Minas Gerais, essa forragem chegou a substituir o feno de Coast Cross em até 60% na dieta de caprinos com vantagens em termos de digestibilidade da MS e da PB. Deve-se procurar colher as partes mais tenras da forrageira, pois estas apresentam melhor valor nutritivo em relação às mais lenhosas. O látex característico dessas plantas é irritante e cáustico, e em contato com os olhos causa irritação. No entanto, a recuperação é espontânea e completa, sem tratamento específico. Mesmo assim, para o corte e manejo das plantas no processo de fenação, recomenda-se cuidado para evitar contato principalmente com a boca e olhos. Alguns pesquisadores realizaram estudos toxicológicos da utilização da flor-de-seda na alimentação de caprinos, com até 60% de participação na dieta, por um período de 40 dias consecutivos, Avaliandose os efeitos clínicos e bioquímicos. Confirmando o potencial forrageiro da espécie, esses autores concluíram que, a ingestão, na forma de feno, por caprinos adultos, não produziu quaisquer alterações clínicas, nem enzimáticas. Preparo do Feno da Flor-de-seda Área de Plantio Corte, plantas nativas ou cultivadas Triturar as plantas em máquina forrageira Transporte em carroções ou carroças Espalhar em camadas de 10 cm e revirar três a quatro vezes ao dia Ponto de feno em dois a três dias Acondicionamento em sacos armazenados em locais ventilados e secos ................. Silo cincho O Armazém de Forragem para a Agricultura Familiar Francisco Canindé MacieL - EMBRAPA / EMPARN Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN Florisvaldo Xavier Guedes - EMPARN Henrique Rocha de Medeiros - EMPARN / Bolsista CNPq Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq SILO CINCHO Introdução A eficácia da ensilagem como alternativa para enfrentar a escassez de forragens nos períodos de seca no Nordeste brasileiro, é mencionada freqüentemente nos antigos e atuais estudos de viabilidade da pecuária regional. Armazenar forragens de boa qualidade para utilização no período seco significa ir de encontro a um dos principais problemas da exploração pecuária regional, que é a extrema estacionalidade da produção forrageira. Transferir o excesso de forragens cultivadas e nativas, do curto período de chuvas (3 a 5 meses), para a utilização no longo período seco do ano (7 a 9 meses) é uma proposta tão óbvia que não encontra contestadores. Na expressão popular “escapar o gado”, que muitas vezes significou a vitória do criador ao evitar a morte de seus animais nos períodos críticos de seca, podem estar enraizados diversos valores culturais avessos aos processos de armazenamento e vinculados às habilidades do produtor de retirar do ambiente inóspito, o alimento mínimo necessário à sobrevivência do gado. O problema situa-se na intrínseca imprevisibilidade do regime pluvial da região e conseqüentemente, na incapacidade do criador em dimensionar o período de estresse alimentar a que estarão sujeitos seus animais. Assim sendo, em vez de perdas recuperáveis pelo ganho de peso compensatório do gado no início do período chuvoso, normalmente observam-se danos severos, claramente registrados nos índices produtivos e reprodutivos dos rebanhos manejados na caatinga e até na morte de animais. O armazenamento de forragens é o caminho certo para se elevar os índices produtivos da pecuária regional. Uma vez que o produtor decida-se a adotá-lo, necessário se faz que ele tenha em mãos as informações de como fazê-lo. Dessa forma, esta publicação tem como objetivo contribuir com informações sobre práticas de ensilagem, utilizando o silo cincho. O silo cincho é um tipo de silo de superfície que, por sua menor capacidade de armazenamento de forragem (< 10 t.), baixo custo de produção, menor requerimento de máquinas e mão-de-obra e maior rapidez no enchimento, encontra sua indicação no preparo de silagem em pequenas e médias propriedades agrícolas, particularmente as de base familiar. O silo cincho foi introduzido no Rio Grande do Norte em 1993, pelo extensinista da EMATER Joaquim Dantas Teixeira e é assim denominado em função da semelhança de seu processo de enchimento com os cinchos ou formas usados na produção artesanal de queijos. A forma final do silo cincho é dada por um aro de metal com 50 cm de altura e três metros de diâmetro, que se utiliza inicialmente sobre o solo e que se eleva pelo efeito da compactação da forragem. Entre alguns aspectos importantes para a utilização racional do silo cincho, destacam-se: O silo deve ser planejado para curtos períodos de armazenamento (preparação no período chuvoso para utilização no período seco); O silo é indicado para criadores com pequenos rebanhos, que possam, por exemplo, armazenar dois a três cortes de suas capineiras, não utilizadas no período chuvoso; Preparo da Silagem Entre as forrageiras indicadas para ensilagem figuram o milho, o sorgo e o capim elefante. A época recomendável para a colheita do milho ou do sorgo corresponde ao estádio entre grãos pastosos a farináceos. O capim elefante deve ser cortado com idade em torno de 60 dias ou com altura inferior a 1,80 m antes da floração. A prática de emurchecimento ( 12 horas de exposição do capim ao sol antes de triturar ) é indicada. A área onde será localizado o silo deve ser plana, bem drenada e selecionada em função da proximidade dos locais de alimentação dos animais. O aro metálico deverá ser montado sobre o solo nivelado e revestido com palha para evitar o contato da forragem com a terra. Não se recomenda o uso de lona plástica em lugar da palha, pois essa impede a drenagem dos líquidos da silagem (efluentes). A forragem pode ser picada no campo ou na boca do silo. O importante é que os pedaços fiquem com tamanho entre 2 e 3 cm, distribuídos de forma homogênea em camadas de 20-25 cm para facilitar o processo de compactação. A compactação de cada camada da forragem é obtida pelo caminhar de 3 a 4 pessoas, inicialmente em círculos no centro do aro e progressivamente ampliando-se esse círculo até atingir as bordas da estrutura metálica. Dedicar especial atenção na compactação (com os pés) da forragem situada próxima à parede do silo, para que ocorra a elevação do aro e a expulsão do ar. Utilizar réguas e marcas na parede do silo para controlar a subida do aro de forma uniforme e corrigir os desníveis intensificando a compactação nas áreas em que o aro estiver com menor elevação. Quando o silo atingir a altura de 2 m, deve-se efetuar o abaulamento da forragem situada no seu topo, de modo a permitir uma melhor aderência da lona de cobertura à forragem. Neste ponto, o silo estará praticamente pronto, bastando que o aro metálico seja retirado e se proceda a abertura de uma vala para fixação da lona de cobertura. Silos menores com 1,0 a 1,5 m podem ser feitos se o produtor não tiver forragens suficientes. Utilizar lona plástica de espessura 200 micra e tamanho 8 x 8 m para cobrir o silo, fixando-se primeiro a lona no topo com cordas ou cordões e a seguir, de cima para baixo realiza-se a expulsão do ar, até a vedação final na base, fixando-se as extremidades da lona dentro da vala com cobertura de areia. Uma vez concluída a construção do silo, este deve ser isolado para evitar a presença de animais que possam danificar a lona, vindo a comprometer a qualidade ou até mesmo ocasionar a perda da silagem. Os silos devem ser inspecionados regularmente e o produtor deve ter disponível pedaços de lona e cola para reparar eventuais perfurações. A abertura do silo poderá ser realizada quando transcorridos pelo menos 30 dias de sua conclusão. Durante o uso da silagem deve-se ter o cuidado de eliminar as partes estragadas por mofo e exposições à água e ao ar. A retirada da silagem deverá ser em fatias no sentido vertical, acondicionada em carros-demão, sacos ou outros depósitos e conduzida ao local de fornecimento aos animais. Silo de superfície ................. Segurança Alimentar dos Rebanhos na Seca Francisco Canindé Maciel - EMBRAPA / EMPARN Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN Henrique Rocha de Medeiros - EMPARN / Bolsista CNPq Florisvaldo Xavier Guedes - EMPARN Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq SILO DE SUPERFÍCIE Introdução Armazenar forragens de boa qualidade para utilizá-las no período seco significa ir de encontro a um dos principais problemas da exploração pecuária nordestina que é a estacionalidade da produção forrageira. Transferir o excesso de forragens produzido na estação chuvosa (3 a 5 meses) para sua utilização na seca (7 a 9 meses) é uma proposta tão óbvia que não encontra contestadores. A eficácia da ensilagem como alternativa para enfrentar a escassez de forragens nos períodos de seca do Nordeste brasileiro, é mencionada freqüentemente nos estudos de viabilidade da pecuária dessa região. Na expressão popular “escapar o gado”, que muitas vezes significou a vitória do criador ao evitar a morte de seus animais nos períodos críticos de seca, podem estar enraizados diversos valores culturais avessos aos processos de armazenamento e vinculados às habilidades do produtor de retirar do ambiente inóspito, o alimento mínimo necessário à sobrevivência do gado. O problema situa-se na intrínseca imprevisibilidade do regime pluvial da região e conseqüentemente, na incapacidade do criador em dimensionar o período de estresse alimentar a que estarão sujeitos seus animais. Assim sendo, em vez de perdas recuperáveis pelo ganho de peso compensatório do gado no início do período chuvoso, normalmente observam-se danos severos, claramente registrados nos índices produtivos e reprodutivos dos rebanhos manejados na caatinga e até na morte de animais. Por esse motivo, o armazenamento de forragens é o caminho certo para se melhorar os índices produtivos da pecuária regional e faz-se necessário que o produtor disponha de informações adequadas sobre como de como fazê-lo. Por esses motivos, esta publicação tem como objetivo fornecer informações sobre práticas de ensilagem utilizando o silo de superfície. O silo de superfície é indicado para o preparo de silagem em pequenas e médias propriedades agrícolas, particularmente as de base familiar, para o armazenamento de quantidades maiores que 10 toneladas de forragem. Esses silos podem ser alocados próximos à área de produção da forragem ou de arraçoamento dos animais sem necessidade de construções rurais. Esses locais preferencialmente devem apresentar um pequeno declive e não estarem sujeitos a encharcamento. No dimensionamento do silo deve-se considerar sua largura entre 5,0 a 5,5m e altura de 1,2 a 1,5 m. O comprimento varia em função do volume de forragem que se deseja armazenar. Não é recomendável construir silos muito grandes. Em termos referenciais, um silo construído com 13 m de comprimento, 5 m de largura e 1,5 m de altura, proporciona armazenamento de 35 a 40 t de silagem. Preparo do Silo de Superfície O sorgo, o milho e o capim elefante são as forrageiras mais indicadas para ensilagem. A época recomendável para a colheita das duas primeiras forrageiras, corresponde ao estádo de grãos pastosos a farináceos. O capim elefante deve ser cortado com idade em torno de 60 dias ou com altura inferior a 1,80 m antes da floração. A prática de deixar o capim exposto ao sol por 12 horas antes de triturá-lo é indicada. Demarcar a área retangular da base do silo utilizando piquetes nas extremidades e os unindo por um barbante para manter o alinhamento das laterais. Proceder a cobertura do terreno demarcado com palhas para evitar o contato direto da forragem com o solo. Não utilizar lonas plásticas, pois estas impedem a drenagem dos líquidos da silagem (efluentes). A forragem pode ser triturada no campo ou junto ao silo, em partículas de 2 a 3 cm de tamanho, utilizando-se máquinas forrageiras ou colheitadeiras. O material picado é então depositado no silo. Nesta ocasião, se forem utilizados aditivos como uréia (0,5%), melaço (3%) entre outros, estes devem ser muito bem misturados à massa de forragem. Espalhar a forragem em toda a extensão do silo, em camada uniforme de 20-25 cm de espessura para facilitar o processo de compactação.Cada uma das camadas subseqüentes deverá ter sua largura reduzida, pela diminuição de 15 cm em cada lateral, de maneira a ir dando a forma de trapézio invertido ao silo. C a d a c a m a d a d e f o r ra g e m d e v e s e r criteriosamente compactada. O trator deve ser operado em velocidade lenta, com movimentos de ida e vinda em toda a extensão do silo. Com o aumento da altura do silo, deixar uma inclinação suave em suas extremidades para facilitar o trabalho do trator durante a descarga e compactação da forragem. O silo ao atingir 1,2 a 1,5 m de altura, deve ter as rampas de suas extremidades preenchidas com forragem e sofrerem compactação com os pneus dianteiros do trator. Em seguida efetua-se o acabamento e nivelamento manual de toda a superfície da massa de forragem armazenada, utilizando-se ancinhos e enxadas. Abrir uma valeta de 20 cm de largura por 10 cm de profundidade em todos os lados do silo para fixação da lona de cobertura. De preferência esta lona, deve possuir espessura de 200 micra, e dimensões de comprimento e largura 3 m maiores que a base do silo. A lona deverá ser estendida cobrindo toda a extensão do silo com uma sobra de pelo menos 0,5 m em todos os lados, para facilitar a sua fixação. Este processo tem inicio trabalhando-se na lateral que está a favor do vento, fixando-se a lona na valeta com areia. Após isso, procedimento similar é adotado na lateral oposta e em uma das extremidades. Para expulsar o ar remanescente, melhorar a compactação e a proteção do silo, este deve ser recoberto com uma camada de terra, iniciando-se pela extremidade já fechada, até atingir a outra extremidade que permanecia aberta. Esta prática aumenta a longevidade da lona por protegê-la da ação direta dos raios solares. Após a conclusão do silo, este deve ser isolado para evitar que a presença de animais possa danificar a lona e comprometer a qualidade ou até mesmo ocasionar a perda da silagem. Os silos devem ser inspecionados regularmente, a fim de verificar se existem perfurações na lona e consertá-las. A abertura do silo poderá ser realizada quando transcorridos pelo menos 30 dias após sua conclusão. Durante a utilização da silagem deve-se ter o cuidado de eliminar as partes estragadas e mofadas. A retirada da silagem deverá ser feita em fatias no sentido vertical, acondicionada em depósitos (carro-de-mão, sacos, carroções) e transportada ao local do fornecimento. XIQUEXIQUE ................. Alternativa Alimentar para Ruminantes em Secas Severas José Geraldo Medeiros da Silva - EMPARN Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN Francisco Canindé MacieL - EMBRAPA / EMPARN Newton Auto de Souza - EMPARN Florisvaldo Xavier Guedes - EMPARN Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq XIQUEXIQUE Introdução Em determinadas regiões semi-áridas do Nordeste brasileiro, as cactáceas nativas, particularmente o x i q u e x i q u e (Pilosocereus gounellei A. Weber ex K. Schum.), são utilizadas durante secas drásticas como um dos principais suportes forrageiros para os ruminantes. Nesses períodos, em quase sua totalidade, o xiquexique é oriundo de áreas de ocorrência natural, o que indica a necessidade de preservação e manejo sustentável da espécie. Apesar de ser utilizado como última reserva de alimento e água para os animais, incrementos na produção animal poderão ser alcançados se esse cacto for associado a outros alimentos. Para tanto, faz-se necessário o seu plantio para a formação de reservas estratégicas de forragem. Caracteristicas O xiquexique é um cacto colunar de porte baixo, que rebrota bem próximo à base, de 0,5 a 1,0 m do solo. Apresenta-se em forma de candelabro, com 10 a 13 linhas de espinhos formando suas costelas. Desenvolve-se lentamente, em solos rasos, em cima de rochas e é resistente a altas temperaturas e baixa precipitação pluviométrica. Sua distribuição ocorre principalmente nas áreas mais secas da região semiárida nordestina. Plantio O plantio do xiquexique como reserva ecológica e forrageira contribui para minimizar a degradação da caatinga e pode ser feito com estacas de 50 cm de comprimento, em covas d e 1 5 c m d e profundidade, no sentido vertical, em solos com baixa fertilidade. Produtividade Resultados de pesquisa obtidos pela EMPARN no Campo Experimental e de Produção de Cruzeta/RN, com plantio do xiquexique por estaquia com idade de 6,5 anos, apresentaram, no espaçamento 1,5 x 1,0 m uma produtividade média de 5.250 kg de forragem verde e 1.008 kg de matéria seca e, no espaçamento 1,0 x 1,0 m, de 5.900 kg de forragem verde e 1.120 kg de matéria seca por hectare. Utilização Animal Na caatinga, a colheita do xiquexique é feita manualmente pela retirada das brotações laterais, utilizando-se o facão e gancho próprio, tendo-se o cuidado de preservar o caule principal. Posteriormente, o material colhido é transportado até o local de fornecimento aos animais, onde serão queimados os espinhos por intermédio do lança-chamas a gás butano. Esse processo poderá ocorrer de forma inversa, ou seja, após a colheita, a queima dos espinhos antes do transporte. Transcorridas 12 horas da queima dos espinhos, tritura-se o material colhido em máquina forrageira e fornece-se aos animais. Em função da suculência do material, é recomendável associá-lo a outros alimentos ricos em fibra e proteína, a exemplo de silagem e concentrados. Composição Química Matéria Seca (%) Matéria Seca ................................ 12% a 20% Proteína Bruta ............................. 5,00 0,90 Extrato Etéreo ............................. Fibra em Detergente Neutro ........ 40,00 Cálcio ........................................... 2,50 Fósforo ......................................... 0,08 Resultados Obtidos Ganho de peso GARROTAS (250 kg) · Consumindo 50% (Xiquexique) + 50% (Silagem de Sorgo) + 1,7 kg (Concentrado) Ganho de Peso Vivo (kg/dia) = 0,45 · Consumindo 75% (Xiquexique) + 25% (Silagem de Sorgo) +1,7 kg (Concentrado) Ganho de Peso Vivo (kg/dia) = 0,40 Produção de leite VACAS (520 kg) · Consumindo 25% (Xiquexique) + 45% (Silagem de Sorgo) + 30% (Concentrado) Produção de leite (kg/dia) = 15,26 · Consumindo 50% (Xiquexique) + 20% (Silagem de Sorgo) + 30% (Concentrado) Produção de leite (kg/dia) = 14,72 Preserve e multiplique o Xiquexique. Ele é uma reserva natural de água e forragem. Instalações e equipamentos rústicos parA caprinovinocultura ................. Jorge Ferreira Torres - EMPARN Francisco Canindé MacieL - EMBRAPA / EMPARN INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS RÚSTICOS PARA A CAPRINOVINOCULTURA No semi-árido nordestino, a caprinovinocultura desponta como uma das atividades mais importantes e, tradicionalmente praticada junto à agricultura familiar. Diante da importância dessa atividade desempenhada por pequenos criadores faz-se necessária à adoção de tecnologias práticas e de fácil utilização. Instalações rústicas, tais como: apriscos, chiqueiros, cochos, bebedouros, currais, pedilúvios, fenis, saleiros, plataformas de ordenha e esterqueiras podem ser confeccionadas a partir de produtos e matériasprimas locais e de baixo custo. A construção dessas instalações deve ser orientada por um profissional habilitado. O aspecto econômico deve sempre ser levado em consideração desde o planejamento até a execução da construção, procurando utilizar matérias-primas da própria fazenda com vistas a minimizar os custos e viabilizar o seu sistema de exploração, atentando, sobretudo, para o poder aquisitivo do criador, o seu sistema de criação e a região. Rústicas ou sofisticadas, as instalações devem ser funcionais para facilitar o manejo dos animais, de modo a não afetar o comportamento dos mesmos para que os desempenhos produtivo e reprodutivo não sejam prejudicados. As instalações devem ser localizadas em terrenos livres de encharcamento (para evitar excesso de umidade), ter boa ventilação, permitir a entrada de sol durante algumas horas do dia e, de preferência, ficarem próximas à sede da propriedade. A higienização é um aspecto de extrema importância na criação de caprinos e ovinos, especialmente quando se refere aos currais, apriscos e centros de manejo. A construção de fenis (Figura 1) ou manjedouras (fixos ou suspensos), cochos, plataformas de ordenha, utilizando-se material da propriedade (varas, estacotes) constitui-se numa alternativa viável para o pequeno criador que não dispõe de recursos para construir essas instalações com madeira serrada. A utilização de fenis ou manjedouras (fixos ou suspensos) para administrar capim fresco ou em forma de feno, plantas de sorgo, milho, capim elefante, leucena e outras leguminosas nativas e cultivadas, evitará que os animais consumam o alimento contaminado por fezes, urina, poeira e germes encontrados no piso do chiqueiro. Figura 1. Cabras em alimentação com forragens ofertadas em fenil de vara. Cochos de formato triangular e/ou retangular (fixos ou suspensos 2,00 a 2,50 m de comprimento X 0,20 a 0,30 m de altura) (Figura 2a) também poderão ser construídos com varas e estacotes amarrados com arame fino para administrar alimentos como silagens, plantas de milho, sorgo, capim elefante e leucena triturados. Os cochos acima descritos também poderão ser utilizados para o fornecimento de concentrados, desde que se aplique uma camada de barro no fundo a fim de vedar as frestas entre as varas (como em casas de taipa). Recomenda-se construir instalações suspensas e móveis para evitar que os animais entrem, pisem, e defequem nos cochos, o que representa uma fonte de contaminação dessas instalações e conseqüentemente, do alimento contido nas mesmas. A construção de cochos móveis (em balanço) de madeira serrada (tábuas, barrotes) (Figura 2b) com formato triangular, trapezoidal ou retangular também se apresenta como alternativa viável para o fornecimento de alimentos, tanto para caprinos como para ovinos. Os de formato triangular dificultam ainda mais a entrada dos animais, pelo fato de não possuírem uma base de apoio. a Figura 2. a. Cocho móvel (em balanço) de madeira serrada. b b. Cocho triangular confeccionado com varas e estacotes amarrados com arame. Uma plataforma de ordenha (Figura34) também pode ser construída a partir de materiais existentes na propriedade (varas, estacotes). Ela pode ser mista, utilizando-se caibros e ripas inservíveis para outras instalações. Utilizando essa instalação o ordenhador melhora sua postura e o leite fica menos sujeito a contaminação pelo fa t o d e n ã o f i c a r próximo do piso do chiqueiro, contribuindo para melhorar a qualidade do leite. Figura 3. Plataforma de ordenha confeccionada com varas, estacotes, caibros e ripas usadas. Os bebedouros (Figura 4a,b) se constituirão em fontes de contaminação se não for feita a higiene adequada, representando um sério problema sanitário para o rebanho face à fácil dispersão de verminoses, especialmente para os animais jovens. Deve-se dar preferência àqueles em que a limpeza possa ser feita com freqüência. Nas propriedades nas quais existem reservatórios (caixas d'água), podese utilizar bebedouros feitos com depósitos vazios de óleo lubrificante (acima de 20 litros) ou em tubos de PVC (150 a 200 mm) munidos de bóia para restabelecer o nível da água após o consumo de cada animal. a b Figura 4. a. Bebedouro confeccionado artesanalmente em PVC de 15mm, e b. em depósito descartável de plástico Os saleiros (Figura 5) podem ser confeccionados de vários tipos e formatos. Uma das formas mais baratas e ecologicamente corretas de fornecimento de minerais aos animais é a utilização de um pneu pendurado na posição vertical, colocando-se o sal na parte interna. O saleiro deve ser colocado embaixo de uma cobertura para evitar que no período chuvoso, o produto que está à disposição dos Figura 5. saleiro de “pneu”, barato e animais fique úmido. ecologicamente correto. Para completar essas onstalações os criadores poderão fazer uso de diferentes equipamentos para armazenar alimentos como os silos cincho (Figura 6 e 7), enfardadeiras manuais (Figura 8 e 9) e secadores solares para trituração de forragens e preparação de fenos triturados (Figuras 10 e 11). Figura 6 e 7. Silo Cincho Figura 8 e 9. Enfardadeira manual Figura 10 e 11. Secador Solar para fenos triturados EMPARN EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE S/A ASSESSORIA DE DIFUSÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO Rua Jaguarari, 2192 - Lagoa Nova - 59062-500 - Natal/RN Tel.: (84) 232.5858 - Fax: (84) 232.5868 www.emparn.rn.gov.br - e-mail: [email protected] Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte Centro Administrativo, bloco 05 - Lagoa Nova - Natal/RN CEP: 59064-901 - Tel.: 84 232-2220 [email protected] Av. Lima e Silva, 76 Lagoa Nova - Natal/RN CEP: 59075-970 - CX. POSTAL: 1311 Fone: (084) 215-4900 Fax: (084) 215-4916 www.sebraern.com.br A marca de um novo Nordeste. Prefeituras Municipais Ministério da Agricultura, Ministério do Ministério do Pecuária e Abastecimento Desenvolvimento Agrário Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza