2014 Plano: planejamento, etapas, metas, objetivos. Diocesano: que envolve toda diocese. De Pastoral: toda ação da Igreja para evangelizar. Usando alguns passos pedagógicos, a sequência deste plano consiste em responder três questões: 1. Onde estamos? 2. Onde precisamos estar? 3. Como vamos chegar? Considerando os sacramentos que iniciam à vida cristã – Batismo, Eucaristia, Crisma – a Diocese de Montenegro quer unir todas as suas forças pastorais para ajudar as pessoas a terem um encontro pessoal com Jesus Cristo, vivendo sua fé na comunidade cristã. Uma proposta de caminho a percorrer... Realidade atual O Concílio Vaticano II nos conclama a considerar atentamente a realidade, para nela viver e testemunhar nossa fé, solidários a todos, especialmente aos mais pobres. Sabemos, porém, que não é fácil compreender a realidade, devido à sua complexidade. Há, contudo, alguns sinais de mudança que se mostram claros e possíveis de afirmação. Realidade atual Censo Demográfico 2010 - IBGE - crescimento da diversidade dos grupos religiosos no Brasil; - proporção de católicos seguiu a tendência de redução; - os católicos passaram de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010; - modificações nas características gerais da população; - aceleração do processo de envelhecimento populacional; - redução na taxa de fecundidade; - reestruturação da pirâmide etária. Referente ao Rio Grande do Sul - 68,5% dos gaúchos se dizem católicos - foram 76,4% no censo de 2000... - Uma queda de 6,9% em 10 anos. .. Transformações culturais Conhecer a realidade em que nossa Igreja está inserida é fundamental para evangelizá-la. “Não se pode amar nem evangelizar a quem não se conhece”. (DOC. CNBB N. 93, nº10) Cada geração tem suas luzes e sombras. Esta geração não é pior ou melhor que as outras gerações. O processo de evangelização, hoje, leva mais tempo e exige um investimento maior para penetrar as barreiras do individualismo e da indiferença. BATISMO A preparação para este sacramento ocorre de diversas formas, métodos e tempo de duração, conforme cada paróquia estipula ou acredita ser suficiente. Uns métodos se mostram mais eficazes na perseverança dos fiéis, outros menos. Temos preparações que duram alguns minutos, resumindo-se a uma conversa breve sobre o dia do batizado e trazendo informações dos detalhes da celebração. Esta geralmente é conduzida pela secretária da paróquia, pelo padre ou alguma liderança comunitária. Em boa parte das comunidades são ministrados cursos de batismo, nas quais voluntários conduzem as reflexões, onde se fornece certificado de participação com validade de um ano ou mais. Após o Batismo temos poucas experiências de algum acompanhamento sistemático da criança e de sua família. Fica-se esperando que retornem para a catequese de Eucaristia, sendo que até aí a pessoa vive a fase mais importante na formação de sua personalidade, sem um acompanhamento mais próximo da Igreja. No que se refere aos padrinhos, muitos nem participam na vida de fé de seus afilhados, distantes do ideal apontado pelo Código de Direito Canônico, que sugere que os padrinhos devem ser exemplo de vida cristã e participação na Igreja. Temos situações em que nenhum dos padrinhos professam a fé católica, são de outra religião. EUCARISTIA A partir do momento que a pessoa está alfabetizada, geralmente começamos em nossas comunidades o período mais intenso de formação cristã, chamado catequese, procurando contemplar as diversas dimensões da vida penetradas pela nossa vivência da fé. A catequese está ocorrendo em idades diversas, geralmente a partir dos 8 anos de idade até os 11 anos. O tempo de preparação varia de seis meses a dois anos. Os métodos são bem diversificados, sendo que muitos já colocam a centralidade na Palavra de Deus; outros ainda valorizam mais o ensino da doutrina católica, em estilo de aula. Os catequistas geralmente são pessoas voluntárias da comunidade. Temos belos testemunhos de vivência comunitária na maioria de nossos catequistas, mas deles também ouvimos um clamor de disponibilizarmos cursos e momentos de formação para poderem vivenciar este tão importante ministério de testemunhar e anunciar Cristo de forma mais qualificada. Quanto às famílias dos catequizandos, temos dificuldades em inseri-los no processo de educação na fé dos filhos. Alguns pais se mostram preocupados e disponíveis aos responsáveis pela catequese. Já outros estão mais preocupados em cumprir apenas mais uma etapa na vida dos filhos; não acompanham seus filhos nas atividades da catequese, na missa, nas reuniões, e vendo os sacramentos como formalidade ou evento social. CRISMA No que se refere ao sacramento da Crisma, que completa o atual processo de iniciação à vida cristã, iluminados pela orientação da Igreja (que aconteça quando a pessoa atinge a idade da razão), temos acolhido para a catequese jovens a partir dos 11 anos até aproximadamente 15 anos. Às vezes acolhemos casos com alguma idade a mais, mas em geral os que se apresentam depois desta idade fazem uma formação diferenciada, visto que na maioria das vezes também não receberam os outros dois sacramentos da iniciação. Nesse caso, acompanham a catequese de adultos que boa parte das paróquias já apresenta. O tempo de duração da catequese é mais variado ainda que o da Catequese da Primeira Eucaristia, sendo de apenas alguns encontros em alguns casos, até dois anos de formação em outros. Referente à participação dos catequistas, pais e padrinhos, ocorrem muitas semelhanças à preparação para a Primeira Eucaristia. Apresentam-se hábitos tradicionais já superados de que só homens podem se tornar padrinhos dos jovens do sexo masculino, e mulheres das jovens do sexo feminino. Observa-se mais o grau de parentesco e amizade dos padrinhos que o testemunho na vivência da fé, sendo que muitas vezes os padrinhos já são escolhidos pelos pais quando seus filhos nascem, sem lhes permitir a possibilidade de escolha. O que se constata é que estamos ministrando os sacramentos da iniciação à vida cristã sem a devida preparação para ajudarmos os nossos jovens a viver como discípulos-missionários de Jesus Cristo. Nós invertemos o mandato de Jesus Cristo, que nos envia para tornar as pessoas seus discípulos, e apenas depois ministrar os sacramentos (cf. Mt 28, 18-20). “Na ação evangelizadora, o ponto de chegada está em olhar para o horizonte do Evangelho, mostrado em Jesus Cristo e, Nele, a presença do Reino de Deus, na precariedade da história. História esta, assumida por Jesus Cristo e que nós devemos assumir; ela é um lugar teológico. A realidade histórica, por mais dura e desconcertante que seja, não tem a última palavra. Nossa esperança se funda sobre Alguém em quem a vida não conhece ocaso – o Senhor Ressuscitado.” (DGAE 2011-2015, 128). “A Conferência de Aparecida nos convoca a ultrapassar uma pastoral de mera conservação ou manutenção para assumir uma pastoral decididamente missionária, numa atitude que, corajosa e profeticamente, chamou de conversão pastoral.” (DGAE 2011-2015, 26). Indicações Batismo Eucaristia Crisma Como orientar? Rever a maneira como orientamos o povo que vem até nós procurando o Batismo (por exemplo, padrinhos, conforme orientações do Direito Canônico) Buscar uma unidade em termos de preparação (catequese), no que se refere principalmente à idade e tempo de preparação; Buscar uma unidade em termos de preparação (catequese), no que se refere principalmente à idade e tempo de preparação; Rever a forma como preparamos as pessoas para este sacramento (nas comunidades temos ‘Curso de Batismo’) Fazer da Bíblia o livro principal da catequese, centralizando a Palavra de Deus no encontro, com a experiência da leitura orante; Fazer da Bíblia o livro principal da catequese, centralizando a Palavra de Deus no encontro, com a experiência da leitura orante; Como celebrar? Melhorar a forma como celebramos este sacramento (geralmente não batizamos nas celebrações com a comunidade, mas em momentos à parte) Cuidar para que a celebração não seja mero evento social (ex.: roupas que catequizandos usam no dia da recepção do sacramento) Considerar a proposta da Diocese de Montenegro, preparando a celebração a partir do Folheto Litúrgico “Missa da Confirmação”. Como acompanhar? Pensar um acompanhamento para com as famílias e crianças batizadas (o que oferecemos entre o Batismo e a primeira eucaristia?) Rever a participação dos pais e da comunidade no processo da catequese de Eucaristia; Rever a participação dos pais e da comunidade no processo da catequese de Crisma; Como preparar? “Esta é a razão pela qual cresce o incentivo à iniciação à vida cristã, “grande desafio que questiona a fundo a maneira como estamos educando na fé e como estamos alimentando a experiência cristã”. Trata-se, portanto, de “desenvolver, em nossas comunidades, um processo de iniciação à vida cristã que conduza a um encontro pessoal, cada vez maior com Jesus Cristo”, atitude que deve ser assumida em todo o continente latino-americano e, portanto, também no Brasil. Este é um dos mais urgentes sentidos do termo missão em nossos dias. É o desafio de anunciar Jesus Cristo, recomeçando a partir dele, sem “dar nada como pressuposto ou descontado”. É preciso ajudar as pessoas a conhecer Jesus Cristo, fascinar-se por Ele e optar por segui-lo.” (DGAE 2011-2015, 40). Meta: o quê? Queremos fazer da Igreja uma verdadeira casa da iniciação à vida cristã. Esse será o foco do trabalho pastoral em nossa Diocese de Montenegro: as paróquias e todas as forças vivas que as compõem vão empenhar-se na iniciação à vida cristã. Não resulta em nada celebrar os sacramentos sem que haja um verdadeiro comprometimento, uma opção de vida cristã. Ao final do processo de iniciação sacramental (Batismo, Crisma e Eucaristia) desejamos que cada cristão tenha feito sua adesão pessoal a Jesus Cristo, participando da comunidade e assumindo o compromisso de transformação do mundo. A iniciação cristã é uma ação evangelizadora de toda a comunidade cristã, que vai dar atenção à pessoa que queremos iniciar na fé e, por consequência, à sua família. Esta, uma vez iniciada, estará comprometida com a própria comunidade, passando então a ser ela também membro pleno da comunidade. Esta meta inclui uma remodelação da nossa estrutura pastoral: fazemos muitas coisas, e poucas surtem efeito, porque muitas delas fazemos sem a devida profundidade e continuidade. A paróquia inteira deve colocar-se em estado permanente de missão, disposta a acolher com seriedade aqueles que procuram a Igreja para dela participar. Quando nossa iniciação cristã for bem feita, teremos maior probabilidade de contar com cristãos comprometidos e famílias melhor estruturadas. Isso será um sinal para que mais pessoas se sintam atraídas a seguir Jesus Cristo na comunidade cristã. Passos: como? Sacramento do Batismo. Vamos disponibilizar um novo modo de preparação para este sacramento, com acompanhamento continuado. Cada família ou catecúmeno fará a opção livre, consciente, madura e responsável do batismo. Haverá pessoas da comunidade que vão ao encontro para dar o seu testemunho de fé e se responsabilizar por acompanhar o discernimento dessa família. A preparação doutrinal-catequética será na casa da família. É a comunidade, através de seus representantes, que ajudará a família e os padrinhos daquela pessoa que vai ingressar na Igreja pelo Batismo. Deve ocorrer ao menos uma visita à casa da família da criança. A visita tratará de apresentar a pessoa de Jesus Cristo, explicitando o sentido do Batismo e a consequente inserção do batizado na comunidade; além disso, falará sobre a celebração do Batismo, com seus sinais, orações, significado e eficácia sacramental. Não termina com a celebração do sacramento nosso compromisso de acompanhamento. Depois do Batismo, haverá encontros periódicos para aprofundar o sentido do que se celebrou e para fomentar a participação ativa dessa família na comunidade. Cada paróquia deverá formar uma equipe que organize e acompanhe este processo, sob a coordenação do pároco. Uma vez por ano a família será visitada pela mesma equipe que fez com ela a preparação para o sacramento. Só assim haverá uma verdadeira iniciação à vida cristã. A Diocese oferecerá um subsídio com estes temas, com uma proposta concreta de abordagem. Também constará um itinerário de temas para os encontros que acontecerão depois do Batismo. O método será o da leitura orante. Cada visita acontecerá em torno de um texto bíblico. Sacramento da Eucaristia. A catequese para este sacramento deve ser ocasião para o encontro pessoal do catequizando com Jesus Cristo. Sugere-se que os grupos de catequese tenham o número máximo de 15 pessoas, para permitir a interação e a partilha da Palavra de Deus, bem como o acompanhamento pessoal por parte do catequista. A catequese deve ser realizada no método da leitura orante da Palavra de Deus. Aquela catequese iniciada na preparação do Batismo, continuada no período pós-batismal, será agora aprofundada, com o grupo de catequizandos na comunidade. As crianças criam familiaridade com a Palavra de Deus, que desemboca na Liturgia celebrada na comunidade. O período da catequese será de aproximadamente dois anos (duas etapas). Os encontros serão semanais, com duração mínima de 1h e máxima de 1h30min. Sacramento da Confirmação. É continuação do processo batismal. É chegada a hora do jovem poder dar a sua decisão madura e livre sobre a adesão a Jesus Cristo. O método é o mesmo da preparação para a Eucaristia. O ideal é que o crismado passe a viver de uma maneira ainda mais intensa sua vida cristã, nutrindo-se da Palavra de Deus, da Eucaristia, dos outros sacramentos e também ocupado com a Caridade, que é o fruto maduro da fé autêntica. O período da catequese será de aproximadamente dois anos (duas etapas). Os encontros serão semanais, com duração mínima de 1h e máxima de 1h30min. Deve-se prever um retiro com os crismandos antes da celebração da Confirmação. Responsáveis: quem? O primeiro responsável por este processo é o Bispo da Igreja Particular. Ele delega aos párocos o cuidado pastoral de paróquias da Diocese, onde estes se empenharão para fazer acontecer o que é definido por toda a Diocese, em assembleia de pastoral. Junto aos párocos estão as coordenações de pastoral das paróquias, que vão focar todo o seu empenho numa mesma direção. Os catequistas e as catequistas é que farão acontecer concretamente esse trabalho pastoral. O Bispo, presbíteros, diáconos, lideranças pastorais, catequistas e todos os leigos assumirão juntos a iniciação cristã como prioridade pastoral. Recursos: com quê? O principal recurso é a formação. Precisamos continuar formando pessoas que sejam qualificadas para exercer esse acompanhamento na iniciação à vida cristã. Essa formação supõe dois aspectos: 1. Formação espiritual: pessoas com vivência eclesial, comprometidas com Jesus Cristo e sua Igreja, frequentes aos sacramentos e com coerência de vida cristã; 2. Formação teológica: para saber dar as razões de nossa fé e conseguir apresentá-la em linguagem atual e com coerência. A Diocese já oferece cursos de teologia de grande qualidade. Deverá ser formada uma comissão que ajude as paróquias a implantar esse processo catequético. Não é possível que todas as paróquias o façam num mesmo momento, mas no horizonte de todas deve estar essa meta a alcançar. Lugar: onde? Em todas as comunidades de nossa Diocese de Montenegro. Para a organização dos trabalhos em torno da proposta do Plano de Pastoral, sugere-se o seguinte esquema: 2014: em todas as paróquias da diocese, formação e preparação de Catequistas para o Sacramento do Batismo e suas decorrências; serão cinco encontros em cada paróquia, com duração aproximada de 2h, cada. 2015: ano da implantação deste modelo de pastoral. A partir de janeiro, nas paróquias da diocese, a preparação para o Batismo acontece na casa da família do batizando; 2015: em todas as paróquias da diocese, formação e preparação de Catequistas para o Sacramento da Eucaristia e suas decorrências; 2016: ano da implantação deste modelo de Catequese da Eucaristia em toda a diocese. 2016: em todas as paróquias da diocese, formação e preparação de Catequistas para o Sacramento da Confirmação e suas decorrências; 2017: ano da implantação deste modelo de Catequese de Confirmação em toda a diocese.