CULTURAS RELIGIOSAS: USOS DO FOLCLORE NA PESQUISA COM A LITERATURA POPULAR DE FOLHETOS Edivania Alexandre da SILVA [email protected] Mestranda do Programa de Pós Graduação em História Universidade Federal da Bahia/FAPESB Perceber experiências e vivências de determinados grupos socialmente excluídos que não tiveram abundantes registros de suas manifestações religiosas na sociedade, nem sempre é empreendimento dos mais simples. Evidenciar sentimentos de sujeitos, que tiveram pouca aproximação com os códigos letrados, pode ser tarefa complicada e às vezes escorregadia. Venho investigando a jocosidade e sátiras direcionadas a membros do clero, presentes nos pequenos livretos da literatura de folhetos, produzida e difundida, a partir da cidade de Recife-PE, na última década do século XIX e primeiras décadas do século XX, principalmente a partir da produção de Leandro Gomes de Barros - possivelmente o primeiro a escrever e publicar regularmente os folhetos1. Tento apreender, a partir das histórias publicadas, a experiência da narração, acompanhada de dimensão pragmática, que consistia na transmissão de valores, baseados em uma interpretação da religiosidade calcada em experiências cotidianas, que iam além das máximas criadas e difundidas pela Igreja Católica. A partir da necessidade de me aproximar de elementos para apreender aspectos da experiência religiosa, difundida através da literatura de folhetos, recorri a fontes deixadas pelos folcloristas, que recolheram e comentaram esse material. As produções desses intelectuais são de importância fundamental, pois além de conterem narrativas que não mais podem ser encontradas em outros documentos, trazem consigo juízos de valor e interpretações sobre a religiosidade “retratada” no material recolhido, emitidas por aqueles que as coletaram. De certa forma, essas “impressões” deixadas pelos senhores (as) folcloristas me ajudaram a questionar pensamentos e posições do período. É verdade que nem sempre as interpretações contidas no material recolhido se assemelhavam às manifestações de religiosidade por mim encontradas em outras fontes, todavia, possibilitaram problematizar, além das narrativas recolhidas, tensões e diferenças de percepções de mundo, exprimidas por sujeitos em diferentes posições sociais. A partir daí, procurei saber de que lugar cada sujeito falava para tentar compreender as formas como se ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 05: Religião e religiosidades: abordagens e interfaces. 1 posicionava. Através de levantamento dos folcloristas brasileiros que tiveram preocupação em coletar aspectos das narrativas poéticas na vida dos brasileiros, em particular aquela presente na literatura de folhetos, tomei contato com a produção de Leonardo Mota, um dos intelectuais que mais se preocupou em coletar manifestações relacionadas a esta literatura, como cantorias, pelejas, desafios, trovas, dentre outras. Leonardo Mota nasceu na, então Vila de Pedra Branca, Ceará, no dia 10 de maio de 1891 e tornou-se Bacharel, formado pela Faculdade de Direito do Ceará, em 1916. Profundo conhecedor da realidade e peculiaridades sertanejas, era um admirador e entusiasta da literatura oral, especialmente poesia, anedotário e adagiário. Sua obra reflete esta admiração, publicou volumes indispensáveis à compreensão e valorização desta mesma literatura, retransmitida, sobretudo, pelos cantadores, violeiros e emboladores. Basílio de Magalhães, afirma que Mota era conhecido como “garimpeiro do folclore”, “repórter da alma sertaneja”, “embaixador do sertão”, cuja obra compreendia insuperáveis colheitas da fina flor do nosso cancioneiro primitivo 2. Herman Lima, escritor pré-modernista, lembra que Leonardo Mota amava tão apaixonadamente suas pesquisas e viagens por todo o Brasil que sacrificou um rendoso cartório em troco do sossego próprio, estabilidade da família, saúde e confortos citadinos. De acordo com este autor, era o convívio com o homem do sertão, o caboclo de alpercata e de chapéu-de-couro, avesso a etiquetas atrofiantes da fibra natural, o homem do pão-pão, queijo-queijo, que encheria, depois páginas e páginas dos livros de Leonardo Mota. Ao estudar alguns dos materiais produzidos por esse folclorista fiz a opção de trabalhar principalmente com o seu livro “Violeiros do Norte: Poesia e linguagem do sertão Nordestino”, publicado pela primeira vez em 1925. Já, que nessa obra encontrei muitas narrativas também presentes em folhetos de Leandro Gomes de Barros, além de outras coletas que também estavam, especialmente, relacionadas à literatura de folhetos. Estão presentes em praticamente todo o volume, temáticas como o cangaço, moralidade, fábulas, superstições, dentre outros, evidenciando a forte aproximação de suas coletas com a poesia presente nos folhetos da literatura popular. A religiosidade é um “mote” que permeia todo o livro, que ao tratar da produção de cantadores, violeiros, poetas, e da gente comum do Nordeste, inevitavelmente termina por ser abordada. Nesse texto me concentro, principalmente, no capítulo “Religião na poesia do povo”, ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 05: Religião e religiosidades: abordagens e interfaces. 2 por tratar diretamente da minha temática, e ser bastante claro para evidenciar o modo como o autor percebia a religiosidade na poesia popular. No início do capítulo, Mota evidencia que temas ligados à religiosidade não poderiam escapar às pesquisas sobre a poesia popular, pois era elemento que estava arraigado na alma de nossa gente3. De acordo com o folclorista, os cantadores se especializavam na discussão e comento da doutrina católica. Ao tomar como exemplo algumas narrativas presentes nas próprias coletas do livro “Violeiros do Norte”, percebi, de fato, uma marcante presença de aspectos dessa religião. Para espelhar a confiança que os sertanejos depositavam na misericórdia divina, a narrativa “Castigo da soberba”, por exemplo, ouvida do cantador cearense Anselmo Vieira de Sousa, manifesta uma história referente à vida de um pecador, que durante seu julgamento é acusado pelo “Cão” de nunca ter seguido os preceitos cristãos. É constante referência e afirmação dos valores católicos que serviam de exemplo aos leitores: Criou-se sem ir à Missa E nunca se confessou, Pôs os pés na santa Igreja Só quando se batizou, Negócio de penitência Êle nunca procurou. Esmola por caridade Isso nunca que êle deu; Deitava e se levantava, Porém nunca se benzeu; Viveu assim, dêste gosto, Te o dia em que morreu4 (sic) No trecho destacado, percebemos que ao narrar atos que o pecador nunca praticou em vida, o poeta termina por dar exemplo aos leitores do quanto pesava, durante o julgamento divino, o fato de nunca ter conhecido ou tido práticas de um católico atuante. O próprio título escolhido: “Castigo da soberba”, remete à condenação de um dos sete pecados capitais, cometidos pelo indivíduo que possuía modo de vida caracterizado por grandes despesas supérfluas e pelo gosto da ostentação e do prazer – mostrando que seu praticante mereceu ser “castigado“, e receber condenação. Além da evidente crítica aos indivíduos que colocavam em primeiro plano o ato de “ter”, ao invés das virtudes de sujeito temente a Deus, percebe-se, no trecho ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 05: Religião e religiosidades: abordagens e interfaces. 3 destacado, uma sugestão daquilo que deveria ser a trajetória de vida e morte de um cristão obediente à religião, que ao nascer deveria ser batizado, para fazer parte da “Santa Igreja” Católica, criando-se naquela comunidade religiosa a partir do cumprimento dos seus sacramentos. Deveria se confessar ou fazer penitência, benzer-se, em sinal de concretização do relacionamento com Deus, bem como ser caridoso e dar esmolas, exercendo obrigações e virtudes, cumpridas cotidianamente do deitar-se ao levantar-se, durante todos os dias de sua vida. Enfim, percebemos, que, como afirmara anteriormente Leonardo Mota, os poetas se especializavam no comentário da doutrina católica. Ainda com relação a essa presença do catolicismo nas narrativas poéticas, percebemos em outra parte do livro mais um exemplo da afirmação desses valores católicos. Nesse caso, em freqüente oposição à religião protestante, presente no Brasil desde o século XIX e em crescimento no início do século XX5. Essas novas religiões representavam para muitos fiéis, uma ameaça à Igreja Católica e seus valores, e eram alvo constante das críticas dos poetas. Em narrativas como O diabo na nova-seita e O diabo confessando um nova-seita, de Leandro Gomes de Barros, por exemplo, os protestantes são tratados por ”crentes” ou “nova-seita”, e terminam a narrativa no inferno, tendo por companheiro o diabo. Para exemplificar essa aversão ao protestante, Mota transcreve alguns versos de Manoel Vieira do Paraíso (1882-1927). Este poeta, aparentemente, não chegou a publicar folhetos, apresentava-se oralmente e mantinha as anotações em um caderninho, de modo que seus poemas chegaram até os dias atuais, graças às recolhas feitas por folcloristas6. Veja o trecho da descrição do casamento de um nova-seita com a filha do diabo, Chamou Lucifer o noivo: -“Quero ouvi-lo em confissão. Pois quero saber se fêz No mundo alguma oração, Se recebeu sacramento, Se desejou salvação (...) “Se acreditas que Deus – Filho Morreu e ressuscitou, E se Êle com seu sangue O homem remiu e salvou; ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 05: Religião e religiosidades: abordagens e interfaces. 4 Acuse se crê que a Pedro Ele a Igreja entregou.” O nova-seita nos pés De Satanás ajoelhado: -“Eu acuso duas culpas: Uma que fui batizado, Outra que chamei um santo, Por me ver muito vexado.” 7 (sic) No recorte, selecionado, o autor da poesia procura deixar claro que os protestantes que contrariavam a “sagrada” religião católica tinham um único destino certo: o inferno. Conveniente notar que o próprio diabo, nessa narrativa, diante das atitudes incorretas do protestante, recém chegado ao inferno, exige que este cumpra dois sacramentos: o matrimônio e a confissão, mesmo que fosse ao seu modo. E o mais interessante, é perceber que nesse caso específico, o protestante confessado, nascera católico, pois além de haver recebido o sacramento do batismo, provavelmente quando criança, ainda cometia o “deslize” de, em momentos de “vexação”, chamar o nome de algum santo em seu socorro. Isso evidencia que, provavelmente, os protestantes mais criticados pelos poetas eram aqueles recém convertidos. Durante toda essa narrativa o poeta também se aproveita para afirmar uma série de práticas e valores católicos, presentes naquela sociedade: O diabo questiona toda a vida do protestante, quer saber se chamou por Santa Maria, se deixou de matar, de roubar, se já guardou castidade, levantou falso, desejou mulher alheia, tomou o nome de Deus, dentre outros. Evidenciando que tanto o diabo, quanto o poeta, que compôs a narrativa, estavam muito por dentro dos Mandamentos da lei de Deus e de outros ensinamentos, repetidas vezes reiterados durante os versos. Percebemos, através dos trechos anteriormente citados, que, de fato, como afirmado pelo folclorista Leonardo Mota, a presença de valores católicos era constante nas narrativas da literatura de folhetos, que podia tanto estar presente na forma de afirmação, como crítica àqueles que não os seguiam. A partir de agora, vamos tentar observar, de forma mais detida, como o folclorista se refere, em sua obra, à conduta dos religiosos da Igreja Católica. Ao mencionar o comportamento dos membros do clero, em seu trabalho, Leonardo Mota é enfático ao afirmar a opinião das pessoas do povo, através dos versos: Ninguém me fale de padre, Seja lá que padre for: ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 05: Religião e religiosidades: abordagens e interfaces. 5 Não gosto de ouvir falar Dos ministros do SENHOR Eu, como sou pecador, Estando são ou doente, Quero ver na minha frente Um ministro do SENHOR.8 (sic.) Afirma que o sacerdote era um ser à parte nos seio da comunidade sertaneja, respeitado e obedecido, ninguém lhe discute os ensinamentos, e se este também erra ou peca, não são seus súditos em Cristo que o julgam. Essa é uma posição que Leonardo Mota tenta demonstrar no decorrer do texto, quando traz narrativas que tentam evidenciar a imagem do padre, como uma figura respeitada e presente na vida dos fiéis. Mota afirma ser muito raro irreverências dos cantadores para com Padres da Igreja Católica, e, justamente por isso vê a necessidade de reproduzir uma sátira, cuja aquisição foi motivo de grande surpresa para ele. Transcreve a narrativa do enterro do cachorro de um inglês, que mediante pagamento ao padre e ao Bispo, conseguiu, para seu animal, um imponente sepultamento.9 Um inglês tinha um cachorro De uma grande estimação, Morreu o dito cachorro E o inglês disse, então: - “Mim enterra êste cachorro, Inda que gaste um milhão.” (...) -“Mim quer enterrar cachorro!” Disse o Vigário: - ô inglês, Você pensa que isto aqui É o país de vocês?’ Disse o inglês: - “Com cachorro Gasto tudo, desta vez... “Êle, antes de morrer, Um testamento aprontou, Só quatro contos de réis Para o vigário deixou...” Antes do inglês findar, ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 05: Religião e religiosidades: abordagens e interfaces. 6 O vigário suspirou.10 (sic.) Leonardo Mota não informa nem autor, nem local de coleta dessa narrativa. No entanto, seguindo algumas antologias, pude identificá-la como sendo da lavra de Leandro Gomes de Barros11, autor que possui produção enfatizada neste trabalho, por aproveitar-se de suas narrativas para afirmar práticas, valores e sentimentos que vinham sendo alvo de constantes tensões na cidade de Recife, em finais do século XIX e primeiros anos do século XX. O poeta marca lugares sociais, através de suas narrativas, utilizando histórias surpreendentes e bem humoradas para difunfir crenças, modos de ver e viver o mundo da população mais excluída da sociedade, dirigindo, inclusive, críticas aos religiosos católicos, quando necessário. Na narrativa de Leandro Gomes, coletada por Mota, apreende-se tanto a alegorização do indivíduo de nacionalidade inglesa, quanto críticas direcionadas ao comportamento ganancioso dos membros do clero. Nota-se a presença do inglês rico (capitalista) detentor do poder monetário, disposto a gastar quanto fosse necessário para cumprir seu desejo. É um personagem estereotipado, inclusive na forma de falar, que reproduz os erros de concordância praticados pelos estrangeiros, recém chegados ao Brasil, indicando uma tentativa de se assemelhar à realidade e caracterizar melhor o personagem, um sujeito com comportamentos estranhos – desejo de enterrar um cachorro com honras de potentado - numa cidade, que passava por modificações tanto em sua infra-estrutura urbana12, como também nos hábitos e comportamentos da população. Percebe-se que o capitalista rico, de fala e hábitos estranhos, desejava comprar serviços religiosos, e o padre, que a, princípio marca sua posição de estranhamento, lembrando-o de que não estava em seu país, em seguida, a partir do aceno da possibilidade de ganhar algum dinheirinho, se mostra interesseiro, ganancioso, disposto a vender, por um bom precinho, os serviços do Senhor e da salvação. A partir disso, apreendemos a intenção do poeta, em evidenciar possíveis “problemas” que vinham acontecendo com os religiosos naquele contexto. E para chamar atenção a esse comportamento “diferenciado” dos religiosos, o poeta utiliza, em sua poesia estereotipada e bem humorada, críticas aos “novos” modos de comportamento da sociedade e do clero. Contudo, Leonardo Mota, em seu trabalho, não consegue ter a mesma percepção, sobre esses possíveis “problemas” relacionados ao clero. Tanto que, como afirmado ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 05: Religião e religiosidades: abordagens e interfaces. 7 anteriormente, assegura que durante as suas coletas só conseguiu encontrar essa narrativa se referindo ao mau comportamento dos padres, ou membros do clero, e ainda faz uma advertência aos pesquisadores : Faria um rol reduzidíssimo quem se propusesse a catalogar as irreverências religiosas contidas na poesia do povo.13 Parece haver um problema com relação à advertência emitida pelo folclorista Leonardo Mota, primeiro porque ao pesquisar os folhetos religiosos desse contexto não é estranho encontrar irreverências referentes ao comportamento inadequado e ganancioso dos religiosos; e segundo porque o próprio folclorista, em outras partes do seu texto, coletou sátiras aos membros do clero, sem perceber, ou sem dizer que percebeu. Veja, por exemplo, essa estrofe retirada de seu “Violeiros do Norte”: Pode-se achar sogra boa, Padre desinteressado, Italiano inocente, Cigano sério e honrado O que nunca ninguém viu Foi nova-seita corado.14 (sic.) Nesse recorte, utilizado pelo folclorista para evidenciar quanto os sertanejos abominavam os protestantes, percebe-se que, para satirizar os “nova-seita” – provavelmente, por uma, possível, falta de pudor e vergonha - o poeta (não identificado) utiliza a alegoria com outras figuras, geralmente má afamadas na sociedade, a exemplo da sogra, do italiano, do cigano e o mais interessante: o padre. Que é colocado nesse rol de figuras problemáticas sem maiores cerimônias, indicando que padres desinteressados, que se mostrassem desprendidos, generosos, privados de interesses (de lucros inclusive) eram difíceis, mas poderiam ser encontrados! Percebo que há um problema a ser pensado com relação à postura de Leonardo Mota, que não conseguia perceber essas satirizações, e por mais que tentasse se aproximar da poesia popular, através das viagens, coletas, convívio com o homem do sertão, com o “matuto”, com o poeta, o folclorista possuía uma percepção bastante diferente daquela encontrada nos folhetos. Levanto uma série de questões acerca da posição de folclorista e também do poeta, pois enquanto o primeiro afirma veementemente que não há praticamente materiais criticando a postura dos padres, o segundo possui em sua produção de incontáveis narrativas sobre essa temática. Assim concluo o exercício aqui realizado, que não pretende concluir nada de ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 05: Religião e religiosidades: abordagens e interfaces. 8 imediato, ao contrário, seu objetivo é levantar questões, dúvidas, inquietações que possam ser melhor resolvidas no trabalho direto com as fontes e leituras específicas. Sinto que há a necessidade de desvendar melhor o contexto trabalhado, e entendo que esse exercício pode ser utilizado para pensar os caminhos a seguir. No mais, sinto que estou dando os primeiros passos no sentido de perceber as nuances dessa religiosidade, que vai emergindo aos poucos de forma viva e bem humorada, a partir do trabalho de determinados sujeitos que davam-se a ver a partir de sua produção. NOTAS 1 ABREU, Márcia. História de cordéis e folhetos. Campinas, SP: Mercado das Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1999. p. 92. 2 MAGALHÃES, Basílio de. O Folk-Lore no Brasil. Rio de Janeiro, Livraria Quaresma, 1928. p. 8/9. 3 MOTA, Leonardo. Cantadores: Poesia e Linguagem do Sertão Cearense. 3º edição. Fortaleza, Imprensa Universitária do Ceará, 1961. p. 181. 4 MOTA, op. cit., p. 201 5 VASCONCELOS, Micheline Reinaux de. “Os Nova-Seitas: a concepção acerca do protestantismo no cordel.” In Anais do VI Simpósio da Associação Brasileira de História das Religiões. Franca-SP: UNESP, p. 1-9, 2004. 6 ABREU, Márcia . Pobres Leitores Pobres. Revista Horizontes Dossiê Memória de Leitura, Bragança Paulista, v. 1, n. 15, p. 10-20, 1997. 7 MOTA. op cit., pp. 192-193 8 MOTA. op. cit., p. 181. 9 Essa narrativa presente em diversos folhetos populares foi adaptada e incluída na peça “O auto da Compadecida” de Ariano Suassuna. 10 MOTA, op. cit., p. 241. 11 PROENÇA, Manoel Cavalcanti. Antologia Literatura Popular em Verso. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; [Rio de Janeiro]: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986. p.576; Antologia Leandro Gomes de Barros -3. Tomo V. João Pessoa: Ministério da Educação e Cultura, Fundação Casa de Rui Barbosa, Universidade Federal da Paraíba.1980. “O dinheiro”. 12 Com relação à presença dos ingleses em Recife, Raimundo Pereira Alencar Arrais afirma que através do capital estrangeiro, notadamente inglês, o Recife vai receber, depois de meados do século XIX, uma seqüência de equipamentos modernos: água canalizada, trecho Recife-Cabo da Estrada de Ferro Recife – São Francisco, Estrada de Recife-Olinda-Beberibe, serviços de bonde de tração animal, serviço telegráfico, serviço telefônico manual, de tal forma que em 1900, sob certos aspectos o recife já podia ser chamada de cidade moderna. ARRAIS, Raimundo Pereira Alencar. Recife, Culturas e Confrontos: As camadas urbanas na Campanha Salvacionista de 1911. Natal: EDUFRN, Editora da UFRN, 1998. p. 43. 13 MOTA, op. cit., p. 182. 14 MOTA, op. cit., p 186. ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 05: Religião e religiosidades: abordagens e interfaces. 9