1 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Maiara Maria Romaneli Silva Análise de propostas de Educação Ambiental não-formal no Aquário de São Paulo, no período de 12 a 26 de setembro de 2012. São Paulo 2012 2 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Maiara Maria Romaneli Silva Análise de propostas de Educação Ambiental não-formal no Aquário de São Paulo, no período de 12 a 26 de setembro de 2012. Trabalho de Graduação Interdisciplinar apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do grau de Licenciada em Ciências Biológicas. Orientador: Me. Maria Teresa Focaccia. São Paulo 2012 3 AGRADECIMENTO Primeiramente queria de agradecer a equipe do Aquário de São Paulo, à Assistente de Educação Ambiental e aos monitores que possibilitaram a realização deste trabalho. Aos meus familiares Leda, Laércio, Tiago, Telma, Liana, Magé e Vera por todo amor e carinho. Às meninas da Licenciatura, pelo apoio e compreensão em todos os momentos dessa caminhada. À Professora Mª. Teresa Focaccia, que com muita paciência e atenção dedicou seu tempo para me orientar. Aos meus professores da Licenciatura pela contribuição em minha vida acadêmica e pela influência na minha futura vida profissional. À todos os meus amigos da Biologia, em especial Alvaro, André, Andressa (Barreto e Bissoli), Bárbara, Giselle, Karen, Luiz, Natalia, Renata e Vinícius. Obrigada por todos os momentos em que fomos estudiosos, brincalhões e cúmplices. Obrigada pela paciência, pelo sorriso, pelo abraço, pela mão que sempre se estendia quando eu precisava. Esta caminhada não seria a mesma sem vocês. Aos meus amigos Aline, André Notoya, Bruna, Fabrício, Mariana, Rodrigo e Vinícius Cavalcanti por todo apoio, amor e cumplicidade. Porque mesmo quando distantes, estavam presentes em minha vida. 4 RESUMO A educação ambiental em espaços não formais vem sendo cada vez mais empregada em todas as cidades, com o intuito de promover perspectivas sobre um novo mundo para se viver, pois ela não pode ficar inserida somente no âmbito escolar. É necessário atuação de ambientes não formais, capazes de servir de palco para um aprendizado diferenciado, através de instituições como museus, zoológicos, jardim botânico e aquário, sensibilizando o ser humano, despertando um interesse por questões ambientais. Esses espaços não formais podem aplicar estratégias variadas para proporcionar uma educação ambiental mais interessante. O trabalho foi realizado no Aquário de São Paulo, através de observações de visitas monitoradas, com o objetivo de analisar e caracterizar a forma que ocorre as interações entre monitores e visitantes, juntamente com a identificação das principais ferramentas que o Aquário de São Paulo possui para auxiliar a educação ambiental de cada visitante. Foi observado que a visita monitorada é uma das estratégias principais nesse ambiente. Palavras-chave: educação ambiental, educação não-formal, aquário, Aquário de São Paulo. 5 ABSTRACT Environmental education in non-formal spaces is being increasingly used in all cities, with the aim of promoting perspectives about a new world to live. But this can not only be inserted in schools` settings. These non-formal environments must act, able to serve as a stage for differentiated learning through institutions such as museums, zoos, botanical gardens and aquariums, touching human beings and awakening an interest in everyone on environmental issues. These non-formal spaces can apply several different strategies to make environmental education more interesting. This study was conducted at São Paulo`s Aquarium, through observations of monitored visits with the main goal of analyze and characterize the format which monitors and visitors interact, alongside with identification of the main tools that São Paulo`s Aquarium has when influencing each visitor on environmental education. It was noted that guided tour is one of the main strategies in this environment. Keywords: environmental education, non-formal education, aquarium, São Paulo`s Aquarium. 6 SUMÁRIO 1. Introdução.................................................................................................9 2. Referencial Teórico...................................................................................11 3. Metodologia...............................................................................................19 4. Resultados................................................................................................20 5. Análise e Discussão..................................................................................34 6. Considerações Finais...............................................................................38 7. Referencias Bibliográficas........................................................................40 7 LISTA DE FIGURAS Fig. 01: exposição de lampreias com a reprodução de um costão rochoso....21 Fig. 02 e 03: cenografia representando a selva brasileira.................................22 Fig. 04: placa que se encontra no início do “Vale dos Dinossauros..................23 Fig. 05: cartaz explicando como foi a “Era dos Dinossauros.............................23 Fig. 06: representação de fóssil de dinossauro.................................................24 Fig. 07: recinto de tubarões e raias, em que o visitante tem a sensação de estar no fundo do mar.................................................................................................24 Fig. 08: placa informativa encontrada em frente ao recinto que representa os animais do Pantanal..........................................................................................25 Fig. 09: painel encontrado no “Vale dos Dinossauros”, explicando sobre o surgimento da vida na água..............................................................................26 Fig. 10: pôster informativo sobre como o peixe-boi respira...............................26 Fig. 11: recinto com um adesivo informativo sobre a agressão do homem sobre os animais.........................................................................................................27 Fig. 12: cartaz informativo sobre o efeito da sobrepesca nos oceanos...........28 Fig. 13: cartaz explicando sobre o branqueamento dos corais........................28 Fig. 14: demonstração do tempo de decomposição de matérias feitos de alumínio.............................................................................................................29 Fig. 15: espécies de peixes encontrados na nascente do rio Tietê................30 8 Fig. 16: tubarão morto devido a uma rede de arrasto........................................31 Fig. 17: tartaruga verde morta após se alimentar de plástico............................32 Fig. 18: Tapajós (peixe-boi) nadando em seu novo recinto...............................33 9 1.INTRODUÇÃO A educação ambiental em espaços não formais vem sendo cada vez mais empregada em todas as cidades, com o intuito de promover perspectivas sobre um novo mundo para se viver. Mas foi somente no ano de 1972 que surgiu essa preocupação ambiental, após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento que tratou de questões ambientais (REIGOTA, 2010). No Brasil, a educação ambiental começou a ser incentivada somente na década de 80, quando em 1981 foi sancionada uma lei que criou a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). A partir dessa década surgiram muitos movimentos em prol do meio ambiente, contribuindo para a conscientização de questões ambientais. Educação ambiental pode ser considerada como todas as ações em prol do meio ambiente visando uma reflexão dos cidadãos para a conservação do meio para as futuras gerações. Para que isso possa acontecer é necessário que os cidadãos se conscientizem entendendo que também fazem parte do meio ambiente. A educação ambiental não pode ficar inserida somente no âmbito escolar, pois ela implica em uma tomada de consciência bastante complexa, envolvendo atitudes políticas, culturais e sociais. Então é necessário atuação de espaços não-formais, capazes de servir de palco para um aprendizado diferenciado, através de instituições como museus, zoológicos, jardins botânico e aquários, sensibilizando o ser humano, despertando um interesse por questões ambientais (INOCÊNCIO, 2012). Esses espaços não-formais podem aplicar estratégias variadas para proporcionar uma educação ambiental mais interessante. Na maioria das vezes, é através da exposição que ocorre o processo educativo. A exposição pode ser feita através de cartazes, vídeos, folhetos, visitas guiadas e mostra de exemplares. Esses espaços devem estabelecer um contato direto com a beleza e a diversidade encontradas na natureza, que é um meio eficaz de aumentar o 10 conhecimento e sensibilizar as pessoas de modo que aumente a ligação do ser humano com a natureza. Uma forma de se transmitir informações sobre a diversidade de seres viventes na natureza é através de visitas monitoradas que devem contribuir para uma alfabetização científica, em que se utilize uma abordagem capaz de promover articulação entre ciência, tecnologia e sociedade. Esse tipo de estratégia é importante, pois através dela os visitantes podem compreender a exposição de maneira mais clara. A visita deve motivar o interesse do público. O trabalho foi realizado no Aquário de São Paulo, no período de 12 a 26 de setembro, através de observações de visitas monitoradas. Sendo assim, os objetivos desse trabalho são analisar e caracterizar as formas que ocorrem as interações entre monitores e visitantes, juntamente com a identificação das principais ferramentas que o Aquário de São Paulo possui para promover a educação ambiental de cada visitante. 11 2.REFERENCIAL TEÓRICO A seguir serão abordados definições sobre educação. 2.1.Educação: formal e não-formal: Gaspar (2002) diz que a educação é entendida como um processo de desenvolvimento da “capacidade intelectual da criança e do ser humano”, e é um processo único que quase sempre está associado à escola. Já Lima (2004) afirma que a educação é uma prática política, uma vez que implica na escolha de possibilidades pedagógicas que podem orientar para “a mudança para a conservação da ordem social”. Gadotti (2005) diz que a educação é um dos requisitos fundamentais para que os indivíduos possam ter acesso a bens e serviços que estão disponíveis na sociedade. Para Vieira (2005) a educação é adquirida ao longo da vida de cada um e pode ser dividida em informal, formal e não-formal. A educação informal, para Gaspar (2002), é aquela em que o ensino e aprendizagem ocorrem espontaneamente sem que seus participantes tenham essa consciência. Aqui não há lugar, horário ou currículo, os conhecimentos são partilhados por meio de uma interação sociocultural. Bianconi (2005) diz que essa educação é adquirida por qualquer pessoa, e o conhecimento pode ser acumulado através de experiências em casa, no trabalho ou até em momentos de lazer. Já a educação formal é aquela que possui um reconhecimento oficial, oferecida nas escolas com currículos e diplomas (GASPAR, 2002). Ela possui objetivos claros e específicos e depende de uma diretriz educacional centralizada, “determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos ministérios da educação” (GADOTTI, 2005). 12 A educação não-formal é mais difusa, e os programas que envolvem esse tipo de educação não precisam seguir um sistema sequencial. Pode ser uma atividade organizada e sistemática, mas não é considerada formal. Ela ocorre quando existe uma intenção de alguns sujeitos criarem objetivos que se encontram fora da instituição escolar. Pode ocorrer em espaços como igrejas, organizações não-governamentais, mídia, museus, aquários, jardim botânico, sindicatos, entre outros espaços (VIEIRA, 2005; GADOTTI, 2005). 2.2.Contexto histórico da educação ambiental: Atualmente a educação ambiental vem sendo vista como uma ferramenta para a preservação e sustentabilidade do meio ambiente. Mas nem sempre o homem teve essa preocupação com a natureza. Pedrini (2006) diz que o homem primitivo passou a conhecer o ambiente para poder se proteger contra “ataques da natureza e aproveitamento de suas riquezas”. A natureza, que antigamente era entendida como “fonte de vida”, hoje se transformou em “fonte de lucro”. Segundo Reigota (2010) somente após a Conferência, em 1972, surgiu uma preocupação com o meio ambiente, atingindo uma dimensão maior. Em uma de suas resoluções está indicado “a participação do cidadão na solução de problemas ambientais”. Em 1987, em Moscou houve o terceiro encontro mundial reunindo mais de trezentos educadores ambientais que tinham um objetivo de avaliar o desenvolvimento da educação ambiental em todos os países membros da UNESCO (PEDRINI. 2006). No Brasil, a educação ambiental começou a ser incentivada na década de 80, quando, segundo Pedrini (2006), em 31 de agosto de 1981 foi sancionada uma lei que criou a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). A partir dessa década surgiram muitos movimentos em prol ao meio ambiente, contribuindo para a conscientização de questões ambientais. Depois desses acontecimentos vários movimentos foram realizados com a intenção de se estabelecer regras e leis para uma efetiva educação ambiental. Foram descritos documentos como a Conferência das Nações 13 Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1972 e a Agenda 21 (1992). Para Inocêncio (2012), a educação ambiental surgiu como “um campo de saberes capaz de agir sobre uma crise civilizatória, mais ampla que uma crise ambiental”. 2.3.Educação Ambiental: São muitos os conceitos e definições sobre a Educação Ambiental. Para Santos (2011), educação ambiental são ações em prol do meio ambiente visando a reflexão dos cidadãos para a conservação do meio socioambiental para as futuras gerações. Para isso é necessário que as pessoas questionem sua realidade para realizar pensamentos sobre as relações complexas do meio ambiente. Dessa forma entende-se que é necessário conscientizar o individuo em relação ao meio ambiente, fazendo com que este seja capaz de entender que faz parte desse ambiente. Sorrentino (2005) diz que a educação ambiental visa superar as injustiças ambientais e a apropriação capitalista da natureza. Jacobi (2003) concorda com essa afirmação quando relata que há uma necessidade de reflexões sobre as práticas da sociedade em relação a degradação do meio ambiente, sendo necessária uma articulação sobre assuntos relacionados ao meio ambiente. Assim, entende-se que a educação ambiental tem uma preocupação tanto com a sustentabilidade quanto com a educação propriamente dita. Tristão (2005) afirma essa ideia relatando que a educação ambiental está ligada a dois aspectos, o primeiro relacionado com impactos e degradação do meio ambiente, e o segundo com a questão da educação. Ambos estão relacionados com o modelo do desenvolvimento socioeconômico existente hoje em dia, em que “o ser humano foi reduzido a sujeito racional”. 14 Enquanto que, para Sorrentino (2005) a educação ambiental deve tratar uma mudança de paradigma que seja capaz de influenciar tanto na “revolução científica quanto na politica”. A educação ambiental nasce, segundo Jacobi (2003), com um “saber ambiental” já inserido nos valores éticos de cada um e nas regras políticas de convívio social. Mas, para que isso seja possível, é necessário uma reflexão na forma de agir em torno da questão ambiental em uma perspectiva contemporânea. Portanto, deve-se estimular uma consciência socioambiental que seja centrada no exercício da cidadania e na reformulação de valores éticos e morais (SANTOS; 2011). Para que isso ocorra é necessário também que a educação ambiental promova uma consciência elaborada pelo próprio individuo garantindo uma reflexão de um “saber solidário”, uma vez que esta se movimenta em um discurso de solidariedade como um processo de conhecimento apreendido (TRISTÃO; 2005). Tristão (2005) indica ainda que a educação não é e não pode ser neutra, e é sim ideologia, uma vez que é um ato político baseado em valores para a transformação social. Para Jacobi (2003) é necessário refletir sobre as questões ambientais enfatizando uma nova mobilização para a apropriação da natureza como um processo educativo e compromissado com a sustentabilidade, privilegiando o diálogo e enfatizando as diferentes áreas do saber. Sendo necessária uma mudança na forma de pensar, na transformação do conhecimento e nas práticas educativas. Santos (2011) afirma que a verdadeira educação ambiental deve fazer com que o cidadão crie uma crítica de suas próprias atitudes, fazendo com que este entenda que o homem também faz parte da natureza, e por isso deve respeitar seus limites e os da humanidade. Para isso ocorrer, Jacobi (2003), sugere alternativas para uma educação ambiental efetiva, tais como o uso de ciberespaços, multimídia e internet. Relata ainda que esta educação assume uma função transformadora em que o indivíduo é o sujeito principal para a promoção de um novo tipo de desenvolvimento. 15 Jacobi (2003) relata que a educação ambiental deve promover uma consciência ética que questione o modelo existente de desenvolvimento, que é marcado pelo caráter de desigualdades socioambientais. E deve apontar para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, capacidade de avaliação e participação dos visitantes desses espaços. Carvalho (2004) define uma educação ambiental crítica como uma responsabilidade pelo mundo e pelo próprio indivíduo com os outros e com o ambiente sem hierarquizar as dimensões do ambiente. Já Guimarães (2004) define a educação ambiental crítica como algo que promove ambientes educativos capazes de mobilizar processos de intervenção sobre a realidade e de problemas socioambientais proporcionando processos educativos. Relata ainda que a educação ambiental pode oferecer uma contribuição na construção de uma sociedade sustentável, uma vez que a população necessita estar “cientificamente alfabetizada” para enfrentar problemas socioambientais. Guimarães (2006) relata que é fundamental a disseminação de um esforço para a complexidade de questões socioambientais em todos os ambientes educativos: formais, não formais e até informais. Pois a educação ajuda a construir uma sociedade “sustentável”, mas esta é uma tarefa “grande demais para ficar só no âmbito escolar”. Uma vez que a sustentabilidade socioambiental se encontra por meio da participação “individual-coletiva” que é exercida no espaço público. Loureiro (2004) trata de uma educação ambiental transformadora, que surgiu no Brasil somente na década de 80, a partir de uma maior aproximação dos educadores de educação popular com as instituições públicas. Ele ainda afirma que o diálogo é uma das maiores abordagens do campo ambiental que é utilizada no mundo. Este tipo de educação ambiental tem como objetivo promover uma cidadania que é entendida como uma “realização do sujeito histórico oprimido”, e que para que ela possa ocorrer é necessário que seja estabelecido processos educativos que favoreçam a realização do “movimento de constante construção de um ser emancipado na dinâmica da vida”. 16 “A Educação Ambiental Transformadora procura a realização humana com a sociedade, enquanto forma de organização coletiva de nossa espécie, e não pela simples ‘cópia’ de uma natureza descolada do movimento total” (LOUREIRO; 2004, p.80). 2.4.Educação Ambiental em Espaços Não-Formais: A educação ambiental não pode ficar inserida somente no âmbito escolar, pois implica em uma tomada de consciência bastante complexa, envolvendo questões politicas, econômicas e culturais (INOCÊNCIO, 2012). Para isso é necessário a atuação de ambientes não formais, uma vez que essa é capaz de servir de palco para um aprendizado diferenciado, através de instituições como museus, zoológicos, jardim botânico e aquário, que são capazes de sensibilizar o ser humano, despertando um interesse por questões ambientais (PIVELLI, 2005). Krapas (2001) afirma que a educação formal, que é fornecida pela escola não pode “prover toda a educação e informação requerida pelos cidadãos”, para que possam compreender as mudanças que vem ocorrendo no mundo e participar de decisões relativas à ciência. Afirma ainda que atualmente, mesmo que intencional, os indivíduos estão expostos a fontes “extra - escolares” de informação tanto científica quanto ambiental. Para que ocorra uma educação ambiental ideal é necessário que haja uma parceria entre os espaços não formais e as escolas, proporcionando assim, uma ampliação da cultura e alfabetização científica de cada individuo. Marandino (2002) relata que as atividades desenvolvidas em espaços não formais podem ser de diferentes naturezas e podem utilizar de estratégias variadas para serem aplicadas. Na maioria das vezes, é através da exposição que ocorre o processo educativo. Essa exposição pode ser através de cartazes, vídeos, folhetos, visitas guiadas e mostra de exemplares (animais, plantas, entre outros). Esses ambientes devem estabelecer um contato direto com a beleza e a diversidade encontradas na natureza, que é um meio eficaz de aumentar o conhecimento e sensibilizar as pessoas de modo que aumente a ligação do ser 17 humano com a natureza. “Quanto maior o número de pessoas atingidas por esse novo pensar, maiores serão as chances de se chegar a um equilíbrio entre bem estar social e integridade ambiental” (PIVELLI, 2005). Marandino (2009) diz que o discurso expositivo faz parte de uma linguagem ampla que é fruto das relações sociais e culturais que ocorrem nos espaços de educação não-formal. Alguns locais utilizam de estratégias didáticas para que o visitante possa compreender o processo evolutivo que ocorreu entre as espécies. As visitas monitoradas devem contribuir para uma alfabetização científica, em que se utilize uma abordagem capaz de promover articulação entre ciência, tecnologia e sociedade (MARANDINO, 2012). Esta forma de visita é importante para que os visitantes possam compreender a exposição de maneira mais clara e próxima dos objetivos de cada instituição. A visita deve motivar o interesse do público, o monitor deve “aguardar as perguntas dos visitantes e estar apto para satisfazer a sua curiosidade” (KRAPAS, 2001). Segundo Jacobi (2003) o educador deve ter a função de mediador na construção de “referências ambientais” e deve saber usá-las como instrumentos para um desenvolvimento de uma prática mais sustentável, centrada no conceito da natureza. Inocêncio (2012) diz que ao se realizar uma prática social dialogada é possível despertar uma nova forma de entender as relações que ocorrem entre os seres vivos e seu meio. A exposição envolve várias estratégias, não sendo somente a respeito do objeto, e sim a uma “gama de sinais” que são expressas através dos objetivos, dos textos, das vitrines e imagens. Os textos são elementos presentes em espaços não formais e possuem diversas funções, desde sinalizações e indicações sobre o ambiente, como explicações sobre objetos e até fenômenos (MARANDINO, 2012). De acordo com Jacobi (1998), nas exposições científicas os texto estão em constante uso, em etiquetas para identificação de espécimes e de amostras 18 para auxiliar o visitante a compreender os conceitos. Jacobi (1998) ainda critica esses recursos, pois os visitantes não leem tudo que está afixado e levanta questões sobre a utilidade da escrita cientifica nesses ambientes. Já Gouvêa (2000) afirma que a linguagem desses textos se aproxima cada vez mais da linguagem cotidiana. E para que ocorra a transformação de textos científicos para textos de divulgação ou de ensino é necessário saber estruturar o texto tendo em mente quais as linguagens que serão utilizadas. Marandino (2002) relata que os textos de divulgação científica incorporam alguns elementos de um texto científico, mas um texto para divulgação não necessita ser formal e deve assumir um “formato atraente”. Já na questão legibilidade, Jacobi (1998) indica que o formato influencia nos textos de divulgação. Este está relacionado com o número de informações e a presença daquilo que é considerado essencial. 19 3.METODOLOGIA O trabalho foi realizado no Aquário de São Paulo, com a autorização da Coordenadora de Educação Ambiental, juntamente com os responsáveis pelas visitas monitoradas. A pesquisa foi elaborada a partir de uma abordagem metodológica do tipo qualitativa. Foi feita uma observação da exposição, assim como o espaço físico, os aspectos gráficos, a programação visual, textos e suas linguagens e a interação do monitor com o visitante. Para a realização desse trabalho, foram acompanhadas visitas monitoradas durante sete dias do mês de setembro de 2012, com alunos de séries e idades variadas, desde 2º ano do fundamental até a 1ª série do ensino médio. Foram registradas, sem a identificação de nenhum indivíduo, as principais dúvidas dos visitantes, as falas importantes feitas pelos monitores sobre educação ambiental, como as consequências de se jogar lixo na rua e da sobrepesca. As anotações feitas de modo condensado se encontram em um caderno de campo. Foram identificadas as formas de expor as informações sobre os hábitos de cada animal, a própria exibição de cada um, assim como cartazes e esquemas educacionais. Foi feita uma observação direta do espaço expositivo em relação à área, organização espacial, disposição de matérias da exposição, a apresentação do acervo, materiais de apoio (cartazes, painéis, placas e recursos gráficos), juntamente com a equipe de monitores. Foram tiradas fotografias para exemplificar as formas de exposição, tanto de animais quanto das informações, utilizadas pelo Aquário de São Paulo. 20 4.RESULTADOS Os resultados estão divididos em três partes: O Aquário, em que serão apresentadas as características gerais do aquário, como a cenografia, distribuição de cartazes, placas informativas e a exposição do aquário em geral; Interação entre Monitor e Visitante, em que será apresentado as principais interações em relação à educação ambiental; e por fim o Cinema, em que será apresentado um resumo dos filmes demonstrados pelo aquário. O Aquário: O Aquário de São Paulo foi inaugurado em 2006, e possui o objetivo de proporcionar entretenimento e conhecimento ao visitante, através da visualização e compreensão de diversos ambientes. O Aquário de São Paulo apresenta características ambientais em cada recinto, reproduzindo alguns dos principais ecossistemas aquáticos brasileiros, presentes na decoração e tematização, e é dividido em quatro temas principais: Rio Tiete, Pantanal, Amazônia e selva Brasileira. Também possui atrações como o vale dos dinossauros, morcegos e pinguins. O Aquário fica localizado na rua Huet Bacelar, número 407, bairro do Ipiranga na cidade de São Paulo. O Aquário procura exibir os animais de maneira mais natural possível, respeitando seus principais hábitos, sendo capaz de proporcionar um maior bem-estar para as espécies. A forma de exibição dos animais em seus recintos aproxima o visitante do habitat natural de cada um (Figura 01). 21 Figura 01: exposição de lampreias com a reprodução de um costão rochoso. A cenografia presente no Aquário procura representar a selva brasileira, apresentando réplicas de árvores, cipós, pedras, folhagens e galhos, fazendo com que o visitante se sinta no meio da selva explorando os animais que ali vivem (Figura 02 e 03). 22 Figura 02 e 03: Cenografia representando a selva brasileira. Há uma parte do aquário chamada de “Vale dos Dinossauros” (Figura 04), ali é possível observar um pouco da história desde o surgimento até a extinção destes através de cartazes (Figura 05). Também há replicas de fosseis de tamanho real (Figura 06). Dessa forma proporcionando uma imagem de como esses animais eram antigamente. 23 Figura 04: Placa que se encontra no inicio do “Vale dos Dinossauros”. Figura 05: Cartaz explicando como foi a “Era dos Dinossauros”. 24 Figura 06: Representação de fóssil de dinossauro. No recinto dos tubarões e raias, o visitante tem a sensação de estar em um submarino, podendo observar os animais nadando ao seu redor e até por cima de sua cabeça (Figura 07). Figura 07: Recinto dos tubarões e raias, em que o visitante tem a sensação de estar no fundo do mar. 25 Cada recinto de exposição disponibiliza placas informativas que se localizam à sua frente, apresentando informações sobre os animais expostos (Figura 08). Figura 08: Placa informativa encontrada em frente ao recinto que representa os animais do Pantanal. Também há a existência de painéis educativos dispostos ao longo de toda a área de circulação de visitantes, que abordam de forma teórica e visualmente atrativa, temas que vão desde a evolução da vida na água (Figura 09), aos principais ecossistemas aquáticos e sua diversidade de fauna e flora, além de algumas peculiaridades do mundo dos animais aquáticos (Figura 10). 26 Figura 09: Painel encontrado no “Vale dos Dinossauros”, explicando sobre o surgimento da vida na água. Figura 10: Pôster informativo sobre como o peixe-boi respira. Nesse pôster é possível entender que o peixe-boi é um mamífero, e por isso necessita ir até a superfície para respirar. 27 O objetivo da visita é chamar atenção do público para a enorme diversidade biologia dos ecossistemas brasileiros e da sua vulnerabilidade diante dos impactos ambientais causados pelo ser humano. Nos vidros de alguns recintos há adesivos com frases que chamam a atenção para o visitante sobre a consequência dos impactos ambientais causados pelo homem (Figura 11). Figura 11: Recinto com um adesivo informativo sobre a agressão do homem sobre os animais. Também há exposição de cartazes explicando quais são as consequências dos impactos ambientais em espaços marinhos (Figura 12), como a extinção de diversas espécies, há uma comparação com o que havia nos mares no passado, o que há atualmente e o que são esperados serem encontradas no futuro. Há também cartazes explicando o branqueamento de corais, como causas e consequências desse impacto (Figura 13). 28 Figura 12: Cartaz informativo sobre o efeito da sobrepesca nos oceanos. Figura 13: Cartaz explicando sobre o branqueamento dos corais. 29 O próprio Aquário de São Paulo está realizando um experimento em que diversos tipos de materiais feitos pelo homem estão em um aquário com água circulante, para se determinar o tempo de decomposição desses materiais (Figura 14). Figura 14: Demonstração do tempo de decomposição de materiais feitos de alumínio. A partir da data 14/04/2012 será observado quanto tempo esse material leva para se decompor. Interação entre Monitor e Visitante: A equipe de monitores do Aquário de São Paulo recebe os visitantes e forma grupos de cerca de vinte pessoas, considerado um número ideal para que todos escutem a explicação, façam perguntas e esclareçam dúvidas. Através de uma conversa informal, o monitor transmite informações sobre os diversos animais e ambientes que ali estão representados. Em todos os ambientes do Aquário são comentados os principais aspectos da biologia e ecologia dos organismos vivos que fazem parte da exposição, como alimentação, estratégias de defesa e, algumas vezes, sobre a reprodução. Na apresentação das principais características e espécies do rio Tietê, os monitores aproveitam para falar sobre a poluição dos rios, e explicam que 30 as espécies que são observadas ali são encontradas somente na nascente do rio, pois devido à poluição esses animais não podem ser observados na cidade (Figura 15). Figura 15: Espécies de peixes encontrados na nascente do rio Tiete. Sempre que os visitantes não sabiam o significado de alguma palavra os monitores se prontificavam em explicar, como foi o caso da palavra extinção e albinismo. Antes de entrar no mundo marinho, há exposição de dois animais mortos, um tubarão e uma tartaruga-verde. Nessa parte da visita os monitores explicam o motivo da morte desses animais. O tubarão morreu devido a uma rede de arrasto. Aqui o monitor aproveitou para explicar esse tipo que pesca que é muito ruim para os animais que vivem no fundo do mar, uma vez que essa rede captura tudo o que está a sua frente, sem fazer nenhum tipo de seleção, matando diversas espécies que nem são interessantes do ponto de vista comercial para os pescadores (Figura 16). 31 Figura 16: Tubarão morto devido a uma rede de arrasto. Já a tartaruga-verde morreu devido a quantidade de lixo encontrada nos mares e oceanos ela acabou se alimentando de plástico por ter confundido com algas. O monitor também aproveitou para explicar que jogar lixo na rua prejudica a vida de muitas espécies, inclusive a nossa, uma vez que muitas enchentes são causadas por lixo na rua (Figura 17). Nessas explicações com os animais mortos é chamada a atenção do visitante para o lixo. 32 Figura 17: Tartaruga verde morta após se alimentar de plástico. Cinema: O Aquário possui uma sala de cinema 4D, em que são passados três filmes, em um total de aproximadamente 30 minutos. O primeiro filme trata sobre a vida do peixe-boi que é abrigado em um de seus recintos. O filme começa explicando que o peixe-boi, Tapajós, ficou órfão assim que nasceu e que poderia ter morrido caso não se alimentasse, então uma equipe de pesquisadores do INPA o levaram para o Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Instituto. Mostrou toda a viagem, desde o Pará até chegar em São Paulo. Esse filme tem o objetivo de mostrar à população o quanto é importante a preservação da floresta amazônica (Figura 18). 33 Figura 18: Tapajós (peixe-boi) nadando em seu novo recinto. O segundo filme é uma animação sobre a viagem no fundo do oceano, em que os visitantes embarcam em um submarino a começam a explorar a vida marinha. Por fim, o terceiro filme procura demostrar como era Terra quando ainda existiam dinossauros no planeta. A partir de uma animação o visitante acompanha um filhote de dinossauro explorando sua terra. O vídeo mostra alguns dos principais dinossauros que existiam. 34 5.ANÁLISE E DISCUSSÃO Em todos os dias de observação no Aquário de São Paulo foi possível verificar uma presença constante de escolas com estudantes de diversas idades, professores interessados em discutir o que seria observado juntamente com seus alunos. E Inocêncio (2012) relata que a educação ambiental não pode ficar somente no âmbito escolar uma vez que ela envolve uma tomada de consciência bastante complexa. Pivelli (2005) afirma que para ocorrer uma educação ambiental de fato é necessário um auxílio de ambientes não formais, como o Aquário de São Paulo, uma vez que esses espaços são capazes de servir de palco para um aprendizado diferenciado. Fazendo com que haja um maior interesse da parte do visitante em aprender um pouco mais sobre a vida daqueles animais em exposição, em criar um pensamento de preservação, a partir do momento em que ele passa a conhecer aquilo que vive em seus mares. Mas para isso ocorrer é necessária a existência de um tipo de parceria entre as instituições escolares junto com esses espaços não formais, como Zoológicos, Aquários, Jardim Botânico, Museus entre outros. Krapas (2001) afirma que a educação formal fornecida pela escola não é capaz de prover toda a educação e informação necessária para a formação de cidadãos, sendo necessária a atuação de espaços extracurriculares. É muito importante que o Aquário de São Paulo procure exibir seus animais da maneira mais parecida com a de seu habitat natural. Assim é possível proporcionar ao visitante um conhecimento da diversidade encontrada na natureza. Pivelli (2005) indica que também é necessário sensibilizar o visitante para que a partir do conhecimento obtido possa se transformar em ideias críticas em relação ao meio ambiente. A interação que a cenografia possui com o visitante é bastante interessante, ao fazer com que o ele se sinta no meio da selva brasileira, passando a entender melhor como aquele animal, em exposição, vive em seu habitat natural. 35 No recinto dos tubarões e raias em que é possível observar os animais nadando por todos os lados, e até passando por cima da cabeça do visitante, faz com que ele sinta um maior interesse em entender como aqueles animais vivem e o motivo de alguns estarem em extinção. Marandino (2002) defende isso quando relata que os ambientes de educação ambiental devem utilizar estratégias diferenciadas para conseguir atrair a atenção dos diferentes públicos que visitam esses espaços. A comunicação visual auxilia a compreensão de conteúdos cientificas que não são de domínio do visitante, guiando sua visita de maneira estruturada. Mas um dos grandes desafios dessa forma de mediação é o desenvolvimento de placas e cartazes atrativos e textos coerente com aquilo que se quer transmitir em um pequeno espaço. Gouvêa (2000) afirma que esses textos devem estar cada vez mais parecidos com a linguagem do cotidiano, proporcionando, assim, um interesse de leitura do visitante. Os pôsteres educativos que ficam expostos por todo o trajeto, por mais que possua uma informação de interesse para o visitante, como o branqueamento de corais e os efeitos da sobrepesca nos mares, muitas vezes não são lidos pelos visitantes. O motivo pode se dar pelo fato de que esses pôsteres são encontrados em lugares mais altos, dificultando a leitura. Isso é criticado por Jacobi (1998) que relata que muitas vezes esse tipo de recurso não é lido pelo visitante e faz crítica sobre a real utilidade da escrita nesses espaços. Já os adesivos que foram encontrados em alguns recintos despertam interesse dos visitantes, uma vez que alguns trazem informações sobre as consequências do impacto ambiental, causado pelo homem, no ambiente natural de cada animal, e outros que trazem informações sobre curiosidades de cada espécie. Marandino (2009) relata que esse discurso expositivo é um fruto das relações sociais e culturas ocorrentes desses espaços. A principal estratégia adotada pelo Aquário de São Paulo é a visita monitorada. E é através de uma conversa informal que os monitores transmitem informações sobre os diversos animais e ambientes que ali estão 36 representados, não esquecendo de promover uma articulação entre ciência e sociedade. Marandino (2012) afirma que as visitas monitoradas devem contribuir para a alfabetização científica, fazendo uma articulação com aspectos de ciência, tecnologia e a sociedade. Os monitores devem sempre se preocupar em dar espaços para que os visitantes possam perguntar e esclarecer suas dúvidas, fazendo assim com que haja cada vez mais um público motivado e interessado. Krapas (2001) salienta essa ideia quando relata que a visita deve motivar o interesse do público assim como o monitor deve aguardar as perguntas dos visitantes, estando apto a esclarecer suas dúvidas. Em vários momentos da exposição, os monitores aproveitavam para explicar um pouco mais sobre a poluição dos ambientes naturais, que acaba afetando diversas formas de vida. Momentos estes, como no recinto do rio Tietê em que é possível observar animais encontrados somente na nascente do rio, e antes de entrar no mundo marinho em que há uma tartaruga morta devido a poluição. Nesses momentos o monitor explica que quando se joga o lixo em locais que não são adequados, como rua, rios e mares, acaba prejudicando a vida de muitas espécies, podendo levá-las a morte, fazendo com que o visitante perceba a importância de jogar o lixo em local adequado para não prejudicar a vida na natureza. Jacobi (2003) e Inocêncio (2012) defendem essa ideia quando relatam que o monitor deve ter a função de mediador na construção de “referências ambientais”, e usar essas referências como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática mais sustentável, centrada no conceito da natureza, entendendo que também faz parte desse meio. Demostrando para o visitante que ao se jogar lixo na rua é prejudicial para a saúde dos animais, pois poluem o meio ambiente, diminuindo os recursos que estes possuem. Assim, esses espaços não-formais de educação ambiental devem estabelecer um contato direto com a beleza e a diversidade encontradas na natureza, fazendo com que seja um meio eficaz de aumentar o conhecimento e sensibilizando os visitantes de um modo que aumente a ligação do ser humano 37 com a natureza. Pivelli (2005) afirma que quanto maior o número de pessoas forem atingidas por esse novo modo de pensar, maiores serão as chances de se “chegar a um equilíbrio entre bem estar social e integridade ambiental.” O Aquário de São Paulo também faz o uso de um cinema 4D, que possui três filmes. Um explicando sobre o motivo de o peixe-boi estar em exposição ali, outro sobre o fundo do oceano, e por fim um que explora aspectos sobre os dinossauros. Os três filmes são bem feitos, com linguagem e imagens de fácil compreensão para todos os tipos de público. Marandino (2002) relata que as atividades desenvolvidas em espaços não formais podem ser de diferentes naturezas, podendo utilizar estratégias como cartazes, vídeos, folhetos, visitas guiadas e mostra de exemplares. 38 6.CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da realização do trabalho foi possível compreender que a educação ambiental, realizada em espaços não-formais é de extrema importância para que o indivíduo entenda que ele faz parte da natureza, e que algumas atitudes tomadas por ele influenciam direta ou indiretamente nela. Por isso é necessário que esses espaços, além de apresentar e fazer com que o visitante conheça os diferentes ambientes que os animais vivem na natureza, também provoque questionamentos sobre as atitudes que cada um possui, sendo capaz de mudá-la, fazendo com que o indivíduo compreenda questões sobre sustentabilidade e preservação ambiental. As exposições em espaços não-formais podem ser utilizadas como estratégias ricas para o desenvolvimento de atividades educativas nos museus, aquários, jardins botânico e zoológicos. Por meio delas o indivíduo pode realizar comparações entre seres e ambientes, compreendendo suas relações e até estudar comportamentos. A educação ambiental mostrou sua importância por promover discussões, intensificar reflexões e atuar como agente modificador de condutas em prol das causas ambientais. A educação deve propiciar o desenvolvimento tanto intelectual quanto emocional do indivíduo, o que é fundamental em uma abordagem ambiental. Foi possível verificar que o Aquário de São Paulo possui diversas ferramentas para proporcionar um aprendizado sobre educação ambiental, assim como os diálogos da visita monitorada, placas informativas dispostas na frente de cada recinto, cartazes e pôsteres espalhados por todo o Aquário assim como os filmes. Mas não são todos os visitantes que leem esse tipo de informação, fazendo com que a interação com o monitor diante da visita monitorada seja a mais importante de todas. 39 Essa forma de aprender e conhecer um pouco sobre aquilo que nos parece distante atrai um público bastante diversificado, refletindo o fascínio que o mar e os seres vivos que abrigam exercem sobre todos nós, uma vez que o objetivo dessas visitas é chamar a atenção do público leigo para a enorme diversidade biológica dos ecossistemas brasileiros e da sua vulnerabilidade frente aos impactos ambientais causados pelo homem. 40 7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGENDA 21. In: CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio/92). Capítulo 36. Rio de Janeiro. 1992. BIANCONI, M. L.; CARUSO, F. Educação não-formal: apresentação. Ciência e Cultura, vol. 57, n. 4, p. 20, 2005. CARVALHO, I. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo. 2004. GADOTTI, M. 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