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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Maiara Maria Romaneli Silva
Análise de propostas de Educação Ambiental não-formal no
Aquário de São Paulo, no período de 12 a 26 de setembro de
2012.
São Paulo
2012
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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Maiara Maria Romaneli Silva
Análise de propostas de Educação Ambiental não-formal no
Aquário de São Paulo, no período de 12 a 26 de setembro de
2012.
Trabalho
de
Graduação
Interdisciplinar apresentado ao
Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde
da
Universidade
Presbiteriana Mackenzie como
requisito para a obtenção do grau
de
Licenciada
em
Ciências
Biológicas.
Orientador: Me. Maria Teresa Focaccia.
São Paulo
2012
3
AGRADECIMENTO
Primeiramente queria de agradecer a equipe do Aquário de São Paulo, à
Assistente de Educação Ambiental e aos monitores que possibilitaram a
realização deste trabalho.
Aos meus familiares Leda, Laércio, Tiago, Telma, Liana, Magé e Vera
por todo amor e carinho. Às meninas da Licenciatura, pelo apoio e
compreensão em todos os momentos dessa caminhada.
À Professora Mª. Teresa Focaccia, que com muita paciência e atenção
dedicou seu tempo para me orientar. Aos meus professores da Licenciatura
pela contribuição em minha vida acadêmica e pela influência na minha futura
vida profissional.
À todos os meus amigos da Biologia, em especial Alvaro, André,
Andressa (Barreto e Bissoli), Bárbara, Giselle, Karen, Luiz, Natalia, Renata e
Vinícius. Obrigada por todos os momentos em que fomos estudiosos,
brincalhões e cúmplices. Obrigada pela paciência, pelo sorriso, pelo abraço,
pela mão que sempre se estendia quando eu precisava. Esta caminhada não
seria a mesma sem vocês.
Aos meus amigos Aline, André Notoya, Bruna, Fabrício, Mariana,
Rodrigo e Vinícius Cavalcanti por todo apoio, amor e cumplicidade. Porque
mesmo quando distantes, estavam presentes em minha vida.
4
RESUMO
A educação ambiental em espaços não formais vem sendo cada vez
mais empregada em todas as cidades, com o intuito de promover perspectivas
sobre um novo mundo para se viver, pois ela não pode ficar inserida somente
no âmbito escolar. É necessário atuação de ambientes não formais, capazes
de servir de palco para um aprendizado diferenciado, através de instituições
como museus, zoológicos, jardim botânico e aquário, sensibilizando o ser
humano, despertando um interesse por questões ambientais. Esses espaços
não formais podem aplicar estratégias variadas para proporcionar uma
educação ambiental mais interessante. O trabalho foi realizado no Aquário de
São Paulo, através de observações de visitas monitoradas, com o objetivo de
analisar e caracterizar a forma que ocorre as interações entre monitores e
visitantes, juntamente com a identificação das principais ferramentas que o
Aquário de São Paulo possui para auxiliar a educação ambiental de cada
visitante. Foi observado que a visita monitorada é uma das estratégias
principais nesse ambiente.
Palavras-chave: educação ambiental, educação não-formal, aquário, Aquário
de São Paulo.
5
ABSTRACT
Environmental education in non-formal spaces is being increasingly used
in all cities, with the aim of promoting perspectives about a new world to live.
But this can not only be inserted in schools` settings. These non-formal
environments must act, able to serve as a stage for differentiated learning
through institutions such as museums, zoos, botanical gardens and aquariums,
touching human beings and awakening an interest in everyone on
environmental issues. These non-formal spaces can apply several different
strategies
to
make
environmental
education
more
interesting.
This study was conducted at São Paulo`s Aquarium, through observations of
monitored visits with the main goal of analyze and characterize the format which
monitors and visitors interact, alongside with identification of the main tools that
São Paulo`s Aquarium has when influencing each visitor on environmental
education. It was noted that guided tour is one of the main strategies in this
environment.
Keywords: environmental education, non-formal education, aquarium, São
Paulo`s Aquarium.
6
SUMÁRIO
1. Introdução.................................................................................................9
2. Referencial Teórico...................................................................................11
3. Metodologia...............................................................................................19
4. Resultados................................................................................................20
5. Análise e Discussão..................................................................................34
6. Considerações Finais...............................................................................38
7. Referencias Bibliográficas........................................................................40
7
LISTA DE FIGURAS
Fig. 01: exposição de lampreias com a reprodução de um costão rochoso....21
Fig. 02 e 03: cenografia representando a selva brasileira.................................22
Fig. 04: placa que se encontra no início do “Vale dos Dinossauros..................23
Fig. 05: cartaz explicando como foi a “Era dos Dinossauros.............................23
Fig. 06: representação de fóssil de dinossauro.................................................24
Fig. 07: recinto de tubarões e raias, em que o visitante tem a sensação de estar
no fundo do mar.................................................................................................24
Fig. 08: placa informativa encontrada em frente ao recinto que representa os
animais do Pantanal..........................................................................................25
Fig. 09: painel encontrado no “Vale dos Dinossauros”, explicando sobre o
surgimento da vida na água..............................................................................26
Fig. 10: pôster informativo sobre como o peixe-boi respira...............................26
Fig. 11: recinto com um adesivo informativo sobre a agressão do homem sobre
os animais.........................................................................................................27
Fig. 12: cartaz informativo sobre o efeito da sobrepesca nos oceanos...........28
Fig. 13: cartaz explicando sobre o branqueamento dos corais........................28
Fig. 14: demonstração do tempo de decomposição de matérias feitos de
alumínio.............................................................................................................29
Fig. 15: espécies de peixes encontrados na nascente do rio Tietê................30
8
Fig. 16: tubarão morto devido a uma rede de arrasto........................................31
Fig. 17: tartaruga verde morta após se alimentar de plástico............................32
Fig. 18: Tapajós (peixe-boi) nadando em seu novo recinto...............................33
9
1.INTRODUÇÃO
A educação ambiental em espaços não formais vem sendo cada vez
mais empregada em todas as cidades, com o intuito de promover perspectivas
sobre um novo mundo para se viver. Mas foi somente no ano de 1972 que
surgiu essa preocupação ambiental, após a Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento que tratou de questões ambientais
(REIGOTA, 2010). No Brasil, a educação ambiental começou a ser incentivada
somente na década de 80, quando em 1981 foi sancionada uma lei que criou a
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). A partir dessa década surgiram
muitos movimentos em prol do meio ambiente, contribuindo para a
conscientização de questões ambientais.
Educação ambiental pode ser considerada como todas as ações em prol
do meio ambiente visando uma reflexão dos cidadãos para a conservação do
meio para as futuras gerações. Para que isso possa acontecer é necessário
que os cidadãos se conscientizem entendendo que também fazem parte do
meio ambiente.
A educação ambiental não pode ficar inserida somente no âmbito
escolar, pois ela implica em uma tomada de consciência bastante complexa,
envolvendo atitudes políticas, culturais e sociais. Então é necessário atuação
de espaços não-formais, capazes de servir de palco para um aprendizado
diferenciado, através de instituições como museus, zoológicos, jardins botânico
e aquários, sensibilizando o ser humano, despertando um interesse por
questões ambientais (INOCÊNCIO, 2012).
Esses espaços não-formais podem aplicar estratégias variadas para
proporcionar uma educação ambiental mais interessante. Na maioria das
vezes, é através da exposição que ocorre o processo educativo. A exposição
pode ser feita através de cartazes, vídeos, folhetos, visitas guiadas e mostra de
exemplares. Esses espaços devem estabelecer um contato direto com a beleza
e a diversidade encontradas na natureza, que é um meio eficaz de aumentar o
10
conhecimento e sensibilizar as pessoas de modo que aumente a ligação do ser
humano com a natureza.
Uma forma de se transmitir informações sobre a diversidade de seres
viventes na natureza é através de visitas monitoradas que devem contribuir
para uma alfabetização científica, em que se utilize uma abordagem capaz de
promover articulação entre ciência, tecnologia e sociedade. Esse tipo de
estratégia é importante, pois através dela os visitantes podem compreender a
exposição de maneira mais clara. A visita deve motivar o interesse do público.
O trabalho foi realizado no Aquário de São Paulo, no período de 12 a 26
de setembro, através de observações de visitas monitoradas. Sendo assim, os
objetivos desse trabalho são analisar e caracterizar as formas que ocorrem as
interações entre monitores e visitantes, juntamente com a identificação das
principais ferramentas que o Aquário de São Paulo possui para promover a
educação ambiental de cada visitante.
11
2.REFERENCIAL TEÓRICO
A seguir serão abordados definições sobre educação.
2.1.Educação: formal e não-formal:
Gaspar (2002) diz que a educação é entendida como um processo de
desenvolvimento da “capacidade intelectual da criança e do ser humano”, e é
um processo único que quase sempre está associado à escola. Já Lima (2004)
afirma que a educação é uma prática política, uma vez que implica na escolha
de possibilidades pedagógicas que podem orientar para “a mudança para a
conservação da ordem social”.
Gadotti (2005) diz que a educação é um dos requisitos fundamentais
para que os indivíduos possam ter acesso a bens e serviços que estão
disponíveis na sociedade. Para Vieira (2005) a educação é adquirida ao longo
da vida de cada um e pode ser dividida em informal, formal e não-formal.
A educação informal, para Gaspar (2002), é aquela em que o ensino e
aprendizagem ocorrem espontaneamente sem que seus participantes tenham
essa consciência. Aqui não há lugar, horário ou currículo, os conhecimentos
são partilhados por meio de uma interação sociocultural. Bianconi (2005) diz
que essa educação é adquirida por qualquer pessoa, e o conhecimento pode
ser acumulado através de experiências em casa, no trabalho ou até em
momentos de lazer.
Já a educação formal é aquela que possui um reconhecimento oficial,
oferecida nas escolas com currículos e diplomas (GASPAR, 2002). Ela possui
objetivos claros e específicos e depende de uma diretriz educacional
centralizada, “determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos
ministérios da educação” (GADOTTI, 2005).
12
A educação não-formal é mais difusa, e os programas que envolvem
esse tipo de educação não precisam seguir um sistema sequencial. Pode ser
uma atividade organizada e sistemática, mas não é considerada formal. Ela
ocorre quando existe uma intenção de alguns sujeitos criarem objetivos que se
encontram fora da instituição escolar. Pode ocorrer em espaços como igrejas,
organizações não-governamentais, mídia, museus, aquários, jardim botânico,
sindicatos, entre outros espaços (VIEIRA, 2005; GADOTTI, 2005).
2.2.Contexto histórico da educação ambiental:
Atualmente a educação ambiental vem sendo vista como uma
ferramenta para a preservação e sustentabilidade do meio ambiente. Mas nem
sempre o homem teve essa preocupação com a natureza. Pedrini (2006) diz
que o homem primitivo passou a conhecer o ambiente para poder se proteger
contra “ataques da natureza e aproveitamento de suas riquezas”. A natureza,
que antigamente era entendida como “fonte de vida”, hoje se transformou em
“fonte de lucro”.
Segundo Reigota (2010) somente após a Conferência, em 1972, surgiu
uma preocupação com o meio ambiente, atingindo uma dimensão maior. Em
uma de suas resoluções está indicado “a participação do cidadão na solução
de problemas ambientais”. Em 1987, em Moscou houve o terceiro encontro
mundial reunindo mais de trezentos educadores ambientais que tinham um
objetivo de avaliar o desenvolvimento da educação ambiental em todos os
países membros da UNESCO (PEDRINI. 2006).
No Brasil, a educação ambiental começou a ser incentivada na década
de 80, quando, segundo Pedrini (2006), em 31 de agosto de 1981 foi
sancionada uma lei que criou a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). A
partir dessa década surgiram muitos movimentos em prol ao meio ambiente,
contribuindo para a conscientização de questões ambientais.
Depois desses acontecimentos vários movimentos foram realizados com
a intenção de se estabelecer regras e leis para uma efetiva educação
ambiental. Foram descritos documentos como a Conferência das Nações
13
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1972 e a Agenda 21
(1992).
Para Inocêncio (2012), a educação ambiental surgiu como “um campo
de saberes capaz de agir sobre uma crise civilizatória, mais ampla que uma
crise ambiental”.
2.3.Educação Ambiental:
São muitos os conceitos e definições sobre a Educação Ambiental. Para
Santos (2011), educação ambiental são ações em prol do meio ambiente
visando a reflexão dos cidadãos para a conservação do meio socioambiental
para as futuras gerações. Para isso é necessário que as pessoas questionem
sua realidade para realizar pensamentos sobre as relações complexas do meio
ambiente.
Dessa forma entende-se que é necessário conscientizar o individuo em
relação ao meio ambiente, fazendo com que este seja capaz de entender que
faz parte desse ambiente.
Sorrentino (2005) diz que a educação ambiental visa superar as
injustiças ambientais e a apropriação capitalista da natureza. Jacobi (2003)
concorda com essa afirmação quando relata que há uma necessidade de
reflexões sobre as práticas da sociedade em relação a degradação do meio
ambiente, sendo necessária uma articulação sobre assuntos relacionados ao
meio ambiente.
Assim, entende-se que a educação ambiental tem uma preocupação
tanto com a sustentabilidade quanto com a educação propriamente dita. Tristão
(2005) afirma essa ideia relatando que a educação ambiental está ligada a dois
aspectos, o primeiro relacionado com impactos e degradação do meio
ambiente, e o segundo com a questão da educação. Ambos estão relacionados
com o modelo do desenvolvimento socioeconômico existente hoje em dia, em
que “o ser humano foi reduzido a sujeito racional”.
14
Enquanto que, para Sorrentino (2005) a educação ambiental deve tratar
uma mudança de paradigma que seja capaz de influenciar tanto na “revolução
científica quanto na politica”. A educação ambiental nasce, segundo Jacobi
(2003), com um “saber ambiental” já inserido nos valores éticos de cada um e
nas regras políticas de convívio social. Mas, para que isso seja possível, é
necessário uma reflexão na forma de agir em torno da questão ambiental em
uma perspectiva contemporânea.
Portanto, deve-se estimular uma consciência socioambiental que seja
centrada no exercício da cidadania e na reformulação de valores éticos e
morais (SANTOS; 2011). Para que isso ocorra é necessário também que a
educação ambiental promova uma consciência elaborada pelo próprio individuo
garantindo uma reflexão de um “saber solidário”, uma vez que esta se
movimenta em um discurso de solidariedade como um processo de
conhecimento apreendido (TRISTÃO; 2005).
Tristão (2005) indica ainda que a educação não é e não pode ser neutra,
e é sim ideologia, uma vez que é um ato político baseado em valores para a
transformação social. Para Jacobi (2003) é necessário refletir sobre as
questões ambientais enfatizando uma nova mobilização para a apropriação da
natureza
como
um
processo
educativo
e
compromissado
com
a
sustentabilidade, privilegiando o diálogo e enfatizando as diferentes áreas do
saber. Sendo necessária uma mudança na forma de pensar, na transformação
do conhecimento e nas práticas educativas.
Santos (2011) afirma que a verdadeira educação ambiental deve fazer
com que o cidadão crie uma crítica de suas próprias atitudes, fazendo com que
este entenda que o homem também faz parte da natureza, e por isso deve
respeitar seus limites e os da humanidade. Para isso ocorrer, Jacobi (2003),
sugere alternativas para uma educação ambiental efetiva, tais como o uso de
ciberespaços, multimídia e internet. Relata ainda que esta educação assume
uma função transformadora em que o indivíduo é o sujeito principal para a
promoção de um novo tipo de desenvolvimento.
15
Jacobi (2003) relata que a educação ambiental deve promover uma
consciência ética que questione o modelo existente de desenvolvimento, que é
marcado pelo caráter de desigualdades socioambientais. E deve apontar para
propostas
pedagógicas
centradas
na
conscientização,
mudança
de
comportamento, capacidade de avaliação e participação dos visitantes desses
espaços.
Carvalho (2004) define uma educação ambiental crítica como uma
responsabilidade pelo mundo e pelo próprio indivíduo com os outros e com o
ambiente sem hierarquizar as dimensões do ambiente. Já Guimarães (2004)
define a educação ambiental crítica como algo que promove ambientes
educativos capazes de mobilizar processos de intervenção sobre a realidade e
de problemas socioambientais proporcionando processos educativos. Relata
ainda que a educação ambiental pode oferecer uma contribuição na construção
de uma sociedade sustentável, uma vez que a população necessita estar
“cientificamente alfabetizada” para enfrentar problemas socioambientais.
Guimarães (2006) relata que é fundamental a disseminação de um
esforço para a complexidade de questões socioambientais em todos os
ambientes educativos: formais, não formais e até informais. Pois a educação
ajuda a construir uma sociedade “sustentável”, mas esta é uma tarefa “grande
demais para ficar só no âmbito escolar”. Uma vez que a sustentabilidade
socioambiental se encontra por meio da participação “individual-coletiva” que é
exercida no espaço público.
Loureiro (2004) trata de uma educação ambiental transformadora, que
surgiu no Brasil somente na década de 80, a partir de uma maior aproximação
dos educadores de educação popular com as instituições públicas. Ele ainda
afirma que o diálogo é uma das maiores abordagens do campo ambiental que
é utilizada no mundo. Este tipo de educação ambiental tem como objetivo
promover uma cidadania que é entendida como uma “realização do sujeito
histórico oprimido”, e que para que ela possa ocorrer é necessário que seja
estabelecido processos educativos que favoreçam a realização do “movimento
de constante construção de um ser emancipado na dinâmica da vida”.
16
“A Educação Ambiental Transformadora procura a realização humana
com a sociedade, enquanto forma de organização coletiva de nossa
espécie, e não pela simples ‘cópia’ de uma natureza descolada do
movimento total” (LOUREIRO; 2004, p.80).
2.4.Educação Ambiental em Espaços Não-Formais:
A educação ambiental não pode ficar inserida somente no âmbito
escolar, pois implica em uma tomada de consciência bastante complexa,
envolvendo questões politicas, econômicas e culturais (INOCÊNCIO, 2012).
Para isso é necessário a atuação de ambientes não formais, uma vez que essa
é capaz de servir de palco para um aprendizado diferenciado, através de
instituições como museus, zoológicos, jardim botânico e aquário, que são
capazes de sensibilizar o ser humano, despertando um interesse por questões
ambientais (PIVELLI, 2005).
Krapas (2001) afirma que a educação formal, que é fornecida pela
escola não pode “prover toda a educação e informação requerida pelos
cidadãos”, para que possam compreender as mudanças que vem ocorrendo no
mundo e participar de decisões relativas à ciência. Afirma ainda que
atualmente, mesmo que intencional, os indivíduos estão expostos a fontes
“extra - escolares” de informação tanto científica quanto ambiental.
Para que ocorra uma educação ambiental ideal é necessário que haja
uma parceria entre os espaços não formais e as escolas, proporcionando
assim, uma ampliação da cultura e alfabetização científica de cada individuo.
Marandino (2002) relata que as atividades desenvolvidas em espaços
não formais podem ser de diferentes naturezas e podem utilizar de estratégias
variadas para serem aplicadas. Na maioria das vezes, é através da exposição
que ocorre o processo educativo. Essa exposição pode ser através de
cartazes, vídeos, folhetos, visitas guiadas e mostra de exemplares (animais,
plantas, entre outros).
Esses ambientes devem estabelecer um contato direto com a beleza e a
diversidade encontradas na natureza, que é um meio eficaz de aumentar o
conhecimento e sensibilizar as pessoas de modo que aumente a ligação do ser
17
humano com a natureza. “Quanto maior o número de pessoas atingidas por
esse novo pensar, maiores serão as chances de se chegar a um equilíbrio
entre bem estar social e integridade ambiental” (PIVELLI, 2005).
Marandino (2009) diz que o discurso expositivo faz parte de uma
linguagem ampla que é fruto das relações sociais e culturais que ocorrem nos
espaços de educação não-formal. Alguns locais utilizam de estratégias
didáticas para que o visitante possa compreender o processo evolutivo que
ocorreu entre as espécies.
As visitas monitoradas devem contribuir para uma alfabetização
científica, em que se utilize uma abordagem capaz de promover articulação
entre ciência, tecnologia e sociedade (MARANDINO, 2012). Esta forma de
visita é importante para que os visitantes possam compreender a exposição de
maneira mais clara e próxima dos objetivos de cada instituição. A visita deve
motivar o interesse do público, o monitor deve “aguardar as perguntas dos
visitantes e estar apto para satisfazer a sua curiosidade” (KRAPAS, 2001).
Segundo Jacobi (2003) o educador deve ter a função de mediador na
construção
de
“referências
ambientais” e
deve
saber
usá-las
como
instrumentos para um desenvolvimento de uma prática mais sustentável,
centrada no conceito da natureza. Inocêncio (2012) diz que ao se realizar uma
prática social dialogada é possível despertar uma nova forma de entender as
relações que ocorrem entre os seres vivos e seu meio.
A exposição envolve várias estratégias, não sendo somente a respeito
do objeto, e sim a uma “gama de sinais” que são expressas através dos
objetivos, dos textos, das vitrines e imagens. Os textos são elementos
presentes em espaços não formais e possuem diversas funções, desde
sinalizações e indicações sobre o ambiente, como explicações sobre objetos e
até fenômenos (MARANDINO, 2012).
De acordo com Jacobi (1998), nas exposições científicas os texto estão
em constante uso, em etiquetas para identificação de espécimes e de amostras
18
para auxiliar o visitante a compreender os conceitos. Jacobi (1998) ainda critica
esses recursos, pois os visitantes não leem tudo que está afixado e levanta
questões sobre a utilidade da escrita cientifica nesses ambientes.
Já Gouvêa (2000) afirma que a linguagem desses textos se aproxima
cada vez mais da linguagem cotidiana. E para que ocorra a transformação de
textos científicos para textos de divulgação ou de ensino é necessário saber
estruturar o texto tendo em mente quais as linguagens que serão utilizadas.
Marandino (2002) relata que os textos de divulgação científica incorporam
alguns elementos de um texto científico, mas um texto para divulgação não
necessita ser formal e deve assumir um “formato atraente”.
Já na questão legibilidade, Jacobi (1998) indica que o formato influencia
nos textos de divulgação. Este está relacionado com o número de informações
e a presença daquilo que é considerado essencial.
19
3.METODOLOGIA
O trabalho foi realizado no Aquário de São Paulo, com a autorização da
Coordenadora de Educação Ambiental, juntamente com os responsáveis pelas
visitas monitoradas. A pesquisa foi elaborada a partir de uma abordagem
metodológica do tipo qualitativa. Foi feita uma observação da exposição, assim
como o espaço físico, os aspectos gráficos, a programação visual, textos e
suas linguagens e a interação do monitor com o visitante.
Para a realização desse trabalho, foram acompanhadas visitas
monitoradas durante sete dias do mês de setembro de 2012, com alunos de
séries e idades variadas, desde 2º ano do fundamental até a 1ª série do ensino
médio.
Foram registradas, sem a identificação de nenhum indivíduo, as
principais dúvidas dos visitantes, as falas importantes feitas pelos monitores
sobre educação ambiental, como as consequências de se jogar lixo na rua e da
sobrepesca. As anotações feitas de modo condensado se encontram em um
caderno de campo.
Foram identificadas as formas de expor as informações sobre os hábitos
de cada animal, a própria exibição de cada um, assim como cartazes e
esquemas educacionais.
Foi feita uma observação direta do espaço expositivo em relação à área,
organização espacial, disposição de matérias da exposição, a apresentação do
acervo, materiais de apoio (cartazes, painéis, placas e recursos gráficos),
juntamente com a equipe de monitores.
Foram tiradas fotografias para exemplificar as formas de exposição,
tanto de animais quanto das informações, utilizadas pelo Aquário de São
Paulo.
20
4.RESULTADOS
Os resultados estão divididos em três partes: O Aquário, em que serão
apresentadas as características gerais do aquário, como a cenografia,
distribuição de cartazes, placas informativas e a exposição do aquário em
geral; Interação entre Monitor e Visitante, em que será apresentado as
principais interações em relação à educação ambiental; e por fim o Cinema, em
que será apresentado um resumo dos filmes demonstrados pelo aquário.
O Aquário:
O Aquário de São Paulo foi inaugurado em 2006, e possui o objetivo de
proporcionar entretenimento e conhecimento ao visitante, através da
visualização e compreensão de diversos ambientes.
O Aquário de São Paulo apresenta características ambientais em cada
recinto, reproduzindo alguns dos principais ecossistemas aquáticos brasileiros,
presentes na decoração e tematização, e é dividido em quatro temas principais:
Rio Tiete, Pantanal, Amazônia e selva Brasileira. Também possui atrações
como o vale dos dinossauros, morcegos e pinguins. O Aquário fica localizado
na rua Huet Bacelar, número 407, bairro do Ipiranga na cidade de São Paulo.
O Aquário procura exibir os animais de maneira mais natural possível,
respeitando seus principais hábitos, sendo capaz de proporcionar um maior
bem-estar para as espécies. A forma de exibição dos animais em seus recintos
aproxima o visitante do habitat natural de cada um (Figura 01).
21
Figura 01: exposição de lampreias com a reprodução de um costão rochoso.
A cenografia presente no Aquário procura representar a selva brasileira,
apresentando réplicas de árvores, cipós, pedras, folhagens e galhos, fazendo
com que o visitante se sinta no meio da selva explorando os animais que ali
vivem (Figura 02 e 03).
22
Figura 02 e 03: Cenografia representando a selva brasileira.
Há uma parte do aquário chamada de “Vale dos Dinossauros” (Figura
04), ali é possível observar um pouco da história desde o surgimento até a
extinção destes através de cartazes (Figura 05). Também há replicas de
fosseis de tamanho real (Figura 06). Dessa forma proporcionando uma imagem
de como esses animais eram antigamente.
23
Figura 04: Placa que se encontra no inicio do “Vale dos Dinossauros”.
Figura 05: Cartaz explicando como foi a “Era dos Dinossauros”.
24
Figura 06: Representação de fóssil de dinossauro.
No recinto dos tubarões e raias, o visitante tem a sensação de estar em
um submarino, podendo observar os animais nadando ao seu redor e até por
cima de sua cabeça (Figura 07).
Figura 07: Recinto dos tubarões e raias, em que o visitante tem a sensação de
estar no fundo do mar.
25
Cada recinto de exposição disponibiliza placas informativas que se
localizam à sua frente, apresentando informações sobre os animais expostos
(Figura 08).
Figura 08: Placa informativa encontrada em frente ao recinto que representa os
animais do Pantanal.
Também há a existência de painéis educativos dispostos ao longo de
toda a área de circulação de visitantes, que abordam de forma teórica e
visualmente atrativa, temas que vão desde a evolução da vida na água (Figura
09), aos principais ecossistemas aquáticos e sua diversidade de fauna e flora,
além de algumas peculiaridades do mundo dos animais aquáticos (Figura 10).
26
Figura 09: Painel encontrado no “Vale dos Dinossauros”, explicando sobre o
surgimento da vida na água.
Figura 10: Pôster informativo sobre como o peixe-boi respira. Nesse pôster é
possível entender que o peixe-boi é um mamífero, e por isso necessita ir até a
superfície para respirar.
27
O objetivo da visita é chamar atenção do público para a enorme
diversidade biologia dos ecossistemas brasileiros e da sua vulnerabilidade
diante dos impactos ambientais causados pelo ser humano. Nos vidros de
alguns recintos há adesivos com frases que chamam a atenção para o visitante
sobre a consequência dos impactos ambientais causados pelo homem (Figura
11).
Figura 11: Recinto com um adesivo informativo sobre a agressão do homem
sobre os animais.
Também
há
exposição
de
cartazes
explicando
quais
são
as
consequências dos impactos ambientais em espaços marinhos (Figura 12),
como a extinção de diversas espécies, há uma comparação com o que havia
nos mares no passado, o que há atualmente e o que são esperados serem
encontradas no futuro. Há também cartazes explicando o branqueamento de
corais, como causas e consequências desse impacto (Figura 13).
28
Figura 12: Cartaz informativo sobre o efeito da sobrepesca nos oceanos.
Figura 13: Cartaz explicando sobre o branqueamento dos corais.
29
O próprio Aquário de São Paulo está realizando um experimento em que
diversos tipos de materiais feitos pelo homem estão em um aquário com água
circulante, para se determinar o tempo de decomposição desses materiais
(Figura 14).
Figura 14: Demonstração do tempo de decomposição de materiais feitos de
alumínio. A partir da data 14/04/2012 será observado quanto tempo esse
material leva para se decompor.
Interação entre Monitor e Visitante:
A equipe de monitores do Aquário de São Paulo recebe os visitantes e
forma grupos de cerca de vinte pessoas, considerado um número ideal para
que todos escutem a explicação, façam perguntas e esclareçam dúvidas.
Através de uma conversa informal, o monitor transmite informações sobre os
diversos animais e ambientes que ali estão representados.
Em todos os ambientes do Aquário são comentados os principais
aspectos da biologia e ecologia dos organismos vivos que fazem parte da
exposição, como alimentação, estratégias de defesa e, algumas vezes, sobre a
reprodução.
Na apresentação das principais características e espécies do rio Tietê,
os monitores aproveitam para falar sobre a poluição dos rios, e explicam que
30
as espécies que são observadas ali são encontradas somente na nascente do
rio, pois devido à poluição esses animais não podem ser observados na cidade
(Figura 15).
Figura 15: Espécies de peixes encontrados na nascente do rio Tiete.
Sempre que os visitantes não sabiam o significado de alguma palavra os
monitores se prontificavam em explicar, como foi o caso da palavra extinção e
albinismo.
Antes de entrar no mundo marinho, há exposição de dois animais
mortos, um tubarão e uma tartaruga-verde. Nessa parte da visita os monitores
explicam o motivo da morte desses animais.
O tubarão morreu devido a uma rede de arrasto. Aqui o monitor
aproveitou para explicar esse tipo que pesca que é muito ruim para os animais
que vivem no fundo do mar, uma vez que essa rede captura tudo o que está a
sua frente, sem fazer nenhum tipo de seleção, matando diversas espécies que
nem são interessantes do ponto de vista comercial para os pescadores (Figura
16).
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Figura 16: Tubarão morto devido a uma rede de arrasto.
Já a tartaruga-verde morreu devido a quantidade de lixo encontrada nos
mares e oceanos ela acabou se alimentando de plástico por ter confundido
com algas. O monitor também aproveitou para explicar que jogar lixo na rua
prejudica a vida de muitas espécies, inclusive a nossa, uma vez que muitas
enchentes são causadas por lixo na rua (Figura 17). Nessas explicações com
os animais mortos é chamada a atenção do visitante para o lixo.
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Figura 17: Tartaruga verde morta após se alimentar de plástico.
Cinema:
O Aquário possui uma sala de cinema 4D, em que são passados três
filmes, em um total de aproximadamente 30 minutos.
O primeiro filme trata sobre a vida do peixe-boi que é abrigado em um de
seus recintos. O filme começa explicando que o peixe-boi, Tapajós, ficou órfão
assim que nasceu e que poderia ter morrido caso não se alimentasse, então
uma equipe de pesquisadores do INPA o levaram para o Laboratório de
Mamíferos Aquáticos do Instituto. Mostrou toda a viagem, desde o Pará até
chegar em São Paulo. Esse filme tem o objetivo de mostrar à população o
quanto é importante a preservação da floresta amazônica (Figura 18).
33
Figura 18: Tapajós (peixe-boi) nadando em seu novo recinto.
O segundo filme é uma animação sobre a viagem no fundo do oceano,
em que os visitantes embarcam em um submarino a começam a explorar a
vida marinha.
Por fim, o terceiro filme procura demostrar como era Terra quando ainda
existiam dinossauros no planeta. A partir de uma animação o visitante
acompanha um filhote de dinossauro explorando sua terra. O vídeo mostra
alguns dos principais dinossauros que existiam.
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5.ANÁLISE E DISCUSSÃO
Em todos os dias de observação no Aquário de São Paulo foi possível
verificar uma presença constante de escolas com estudantes de diversas
idades, professores interessados em discutir o que seria observado juntamente
com seus alunos. E Inocêncio (2012) relata que a educação ambiental não
pode ficar somente no âmbito escolar uma vez que ela envolve uma tomada de
consciência bastante complexa. Pivelli (2005) afirma que para ocorrer uma
educação ambiental de fato é necessário um auxílio de ambientes não formais,
como o Aquário de São Paulo, uma vez que esses espaços são capazes de
servir de palco para um aprendizado diferenciado. Fazendo com que haja um
maior interesse da parte do visitante em aprender um pouco mais sobre a vida
daqueles animais em exposição, em criar um pensamento de preservação, a
partir do momento em que ele passa a conhecer aquilo que vive em seus
mares.
Mas para isso ocorrer é necessária a existência de um tipo de parceria
entre as instituições escolares junto com esses espaços não formais, como
Zoológicos, Aquários, Jardim Botânico, Museus entre outros. Krapas (2001)
afirma que a educação formal fornecida pela escola não é capaz de prover toda
a educação e informação necessária para a formação de cidadãos, sendo
necessária a atuação de espaços extracurriculares.
É muito importante que o Aquário de São Paulo procure exibir seus
animais da maneira mais parecida com a de seu habitat natural. Assim é
possível proporcionar ao visitante um conhecimento da diversidade encontrada
na natureza. Pivelli (2005) indica que também é necessário sensibilizar o
visitante para que a partir do conhecimento obtido possa se transformar em
ideias críticas em relação ao meio ambiente.
A interação que a cenografia possui com o visitante é bastante
interessante, ao fazer com que o ele se sinta no meio da selva brasileira,
passando a entender melhor como aquele animal, em exposição, vive em seu
habitat natural.
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No recinto dos tubarões e raias em que é possível observar os animais
nadando por todos os lados, e até passando por cima da cabeça do visitante,
faz com que ele sinta um maior interesse em entender como aqueles animais
vivem e o motivo de alguns estarem em extinção. Marandino (2002) defende
isso quando relata que os ambientes de educação ambiental devem utilizar
estratégias diferenciadas para conseguir atrair a atenção dos diferentes
públicos que visitam esses espaços.
A comunicação visual auxilia a compreensão de conteúdos cientificas
que não são de domínio do visitante, guiando sua visita de maneira
estruturada. Mas um dos grandes desafios dessa forma de mediação é o
desenvolvimento de placas e cartazes atrativos e textos coerente com aquilo
que se quer transmitir em um pequeno espaço. Gouvêa (2000) afirma que
esses textos devem estar cada vez mais parecidos com a linguagem do
cotidiano, proporcionando, assim, um interesse de leitura do visitante.
Os pôsteres educativos que ficam expostos por todo o trajeto, por mais
que possua uma informação de interesse para o visitante, como o
branqueamento de corais e os efeitos da sobrepesca nos mares, muitas vezes
não são lidos pelos visitantes. O motivo pode se dar pelo fato de que esses
pôsteres são encontrados em lugares mais altos, dificultando a leitura. Isso é
criticado por Jacobi (1998) que relata que muitas vezes esse tipo de recurso
não é lido pelo visitante e faz crítica sobre a real utilidade da escrita nesses
espaços.
Já os adesivos que foram encontrados em alguns recintos despertam
interesse dos visitantes, uma vez que alguns trazem informações sobre as
consequências do impacto ambiental, causado pelo homem, no ambiente
natural de cada animal, e outros que trazem informações sobre curiosidades de
cada espécie. Marandino (2009) relata que esse discurso expositivo é um fruto
das relações sociais e culturas ocorrentes desses espaços.
A principal estratégia adotada pelo Aquário de São Paulo é a visita
monitorada. E é através de uma conversa informal que os monitores
transmitem informações sobre os diversos animais e ambientes que ali estão
36
representados, não esquecendo de promover uma articulação entre ciência e
sociedade. Marandino (2012) afirma que as visitas monitoradas devem
contribuir para a alfabetização científica, fazendo uma articulação com
aspectos de ciência, tecnologia e a sociedade. Os monitores devem sempre se
preocupar em dar espaços para que os visitantes possam perguntar e
esclarecer suas dúvidas, fazendo assim com que haja cada vez mais um
público motivado e interessado. Krapas (2001) salienta essa ideia quando
relata que a visita deve motivar o interesse do público assim como o monitor
deve aguardar as perguntas dos visitantes, estando apto a esclarecer suas
dúvidas.
Em vários momentos da exposição, os monitores aproveitavam para
explicar um pouco mais sobre a poluição dos ambientes naturais, que acaba
afetando diversas formas de vida. Momentos estes, como no recinto do rio
Tietê em que é possível observar animais encontrados somente na nascente
do rio, e antes de entrar no mundo marinho em que há uma tartaruga morta
devido a poluição.
Nesses momentos o monitor explica que quando se joga o lixo em locais
que não são adequados, como rua, rios e mares, acaba prejudicando a vida de
muitas espécies, podendo levá-las a morte, fazendo com que o visitante
perceba a importância de jogar o lixo em local adequado para não prejudicar a
vida na natureza. Jacobi (2003) e Inocêncio (2012) defendem essa ideia
quando relatam que o monitor deve ter a função de mediador na construção de
“referências ambientais”, e usar essas referências como instrumentos para o
desenvolvimento de uma prática mais sustentável, centrada no conceito da
natureza, entendendo que também faz parte desse meio. Demostrando para o
visitante que ao se jogar lixo na rua é prejudicial para a saúde dos animais,
pois poluem o meio ambiente, diminuindo os recursos que estes possuem.
Assim, esses espaços não-formais de educação ambiental devem
estabelecer um contato direto com a beleza e a diversidade encontradas na
natureza, fazendo com que seja um meio eficaz de aumentar o conhecimento e
sensibilizando os visitantes de um modo que aumente a ligação do ser humano
37
com a natureza. Pivelli (2005) afirma que quanto maior o número de pessoas
forem atingidas por esse novo modo de pensar, maiores serão as chances de
se “chegar a um equilíbrio entre bem estar social e integridade ambiental.”
O Aquário de São Paulo também faz o uso de um cinema 4D, que
possui três filmes. Um explicando sobre o motivo de o peixe-boi estar em
exposição ali, outro sobre o fundo do oceano, e por fim um que explora
aspectos sobre os dinossauros. Os três filmes são bem feitos, com linguagem e
imagens de fácil compreensão para todos os tipos de público. Marandino
(2002) relata que as atividades desenvolvidas em espaços não formais podem
ser de diferentes naturezas, podendo utilizar estratégias como cartazes,
vídeos, folhetos, visitas guiadas e mostra de exemplares.
38
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da realização do trabalho foi possível compreender que a
educação ambiental, realizada em espaços não-formais é de extrema
importância para que o indivíduo entenda que ele faz parte da natureza, e que
algumas atitudes tomadas por ele influenciam direta ou indiretamente nela.
Por isso é necessário que esses espaços, além de apresentar e fazer
com que o visitante conheça os diferentes ambientes que os animais vivem na
natureza, também provoque questionamentos sobre as atitudes que cada um
possui, sendo capaz de mudá-la, fazendo com que o indivíduo compreenda
questões sobre sustentabilidade e preservação ambiental.
As exposições em espaços não-formais podem ser utilizadas como
estratégias ricas para o desenvolvimento de atividades educativas nos museus,
aquários, jardins botânico e zoológicos. Por meio delas o indivíduo pode
realizar comparações entre seres e ambientes, compreendendo suas relações
e até estudar comportamentos.
A
educação
ambiental
mostrou
sua
importância
por
promover
discussões, intensificar reflexões e atuar como agente modificador de condutas
em prol das causas ambientais. A educação deve propiciar o desenvolvimento
tanto intelectual quanto emocional do indivíduo, o que é fundamental em uma
abordagem ambiental.
Foi possível verificar que o Aquário de São Paulo possui diversas
ferramentas para proporcionar um aprendizado sobre educação ambiental,
assim como os diálogos da visita monitorada, placas informativas dispostas na
frente de cada recinto, cartazes e pôsteres espalhados por todo o Aquário
assim como os filmes. Mas não são todos os visitantes que leem esse tipo de
informação, fazendo com que a interação com o monitor diante da visita
monitorada seja a mais importante de todas.
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Essa forma de aprender e conhecer um pouco sobre aquilo que nos
parece distante atrai um público bastante diversificado, refletindo o fascínio que
o mar e os seres vivos que abrigam exercem sobre todos nós, uma vez que o
objetivo dessas visitas é chamar a atenção do público leigo para a enorme
diversidade biológica dos ecossistemas brasileiros e da sua vulnerabilidade
frente aos impactos ambientais causados pelo homem.
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7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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