Manual de Boas Práticas
Gestão de Faixas de Proteção em Áreas
sem Estatuto de Proteção Ambiental
Medida 23 - Medida financiada no âmbito do
Plano de Promoção de Desempenho Ambiental
2009-2011, aprovado pela Entidade Reguladora
dos Serviços Energéticos
2011
ÍNDICE
ÍNDICE ......................................................................................................................................................................................................... i
ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................................................................................iii
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................................................................................v
ÍNDICE DE QUADROS .............................................................................................................................................................................. vi
I.
ENQUADRAMENTO ........................................................................................................................................................................... 1
1.1.
NOTA INTRODUTÓRIA .................................................................................................................................................................................2
1.2.
BASE REGULAMENTAR E PROPOSTA METODOLÓGICA .....................................................................................................................4
II. ESTRUTURA DE DESENVOLVIMENTO........................................................................................................................................... 6
2.1.
FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA .......................................................................................................................................................7
2.2.
CONTEXTO DAS ÁREAS AFECTAS ÁS INFRAESTRUTURAS ELÉCTRICAS .......................................................................................8
2.3.
CONSTITUIÇÃO E MANUTENÇÃO DAS FAIXAS DE PROTEÇÃO - AMEAÇAS E OPORTUNIDADES .............................................. 10
2.3.1.
AMEAÇAS À INTEGRIDADE DAS ESTRUTURAS ELÉCTRICAS .................................................................................................................................. 11
2.3.1.1.
OCUPAÇÃO DO SOLO ................................................................................................................................................................................................... 12
2.3.1.1.1. CONSTITUIÇÃO DAS FAIXAS DE PROTEÇÃO EM FUNÇÃO DA ALTURA DAS ÁRVORES NA SUA ENVOLVENTE ............................... 25
2.3.1.2.
DECLIVE ............................................................................................................................................................................................................................ 30
2.3.1.3.
FITOSSANIDADE ............................................................................................................................................................................................................. 34
2.3.1.4.
OUTRAS INFRA-ESTRUTURAS ................................................................................................................................................................................... 35
2.3.2.
OPORTUNIDADES DE VALORIZAÇÃO DA ÁREA AFECTA ÀS ESTRUTURAS ELÉCTRICAS ............................................................................. 38
2.3.2.1.
PROTEÇÃO DE ÁREAS SUJEITAS À EROSÃO ....................................................................................................................................................... 38
2.3.2.2.
ÁREAS EM QUE OCORRAM HABITATS PROTEGIDOS PELA DIRECTIVA Nº 92/43/CEE ............................................................................ 45
2.3.2.3.
RENATURALIZAÇÃO DA PAISAGEM ........................................................................................................................................................................ 47
i
2.4.
FICHAS DE GESTÃO DA VEGETAÇÃO DAS FAIXAS DE PROTECÇÃO .............................................................................................. 54
PLANTAÇÕES FLORESTAIS .................................................................................................................................................................................................................. 54
ZONAS AGRO-FLORESTAIS .................................................................................................................................................................................................................. 56
III.
INFORMAÇÃO DE SUPORTE .......................................................................................................................................................57
ANEXO I - BASE REGULAMENTAR ....................................................................................................................................................................................................... 58
ANEXO II - TÉCNICAS DE GESTÃO DA VEGETAÇÃO ...................................................................................................................................................................... 60
ANEXO III - PLANTAS INVASORAS ....................................................................................................................................................................................................... 67
ANEXO IV- ENQUADRAMENTO LEGAL ................................................................................................................................................................................................ 80
ANEXO V - FICHAS INFORMATIVAS DAS ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTIVAS.................................................................................................................. 83
ANEXO VI - METODOLOGIA PARA O CÁLCULO DO ALARGAMENTO DA FP CONSOANTE A ALTURA MÁXIMA DAS ÁRVORES E O DECLIVE ... 117
ANEXO VII - CLASSES DE DECLIVE/RISCO DE EROSÃO ............................................................................................................................................................. 121
ANEXO VIII - DISTRIBUIÇÃO DO NEMÁTODO .................................................................................................................................................................................. 124
ANEXO XI - VEGETAÇÃO POTENCIAL ............................................................................................................................................................................................... 132
ANEXO XIII - LISTA DE HABITATS PROTEGIDOS ........................................................................................................................................................................... 136
ANEXO XIV - CORREDORES ECOLÓGICOS .................................................................................................................................................................................... 140
IV.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................................ 145
ii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Âmbito territorial do presente manual. ............................................................................................................................................................................................. 5
Figura 2 - Áreas de Continuidade presentes nas áreas sem estatuto de protecção ambiental. ................................................................................................................ 5
Figura 3 - Fundamentação Metodológica. .......................................................................................................................................................................................................... 7
Figura 4 - Esquema simplificado do Planeamento de intervenção em FPs perante a presença de plantas invasoras. ...................................................................... 17
Figura 5 - Técnicas de Intervenção para as seguintes plantas invasoras: Acacia sp., falsa-acácia, árvore-do-incenso e espanta-lobos. ...................................... 19
Figura 6 - Técnicas de Intervenção para a cana. ............................................................................................................................................................................................ 20
Figura 7 - Técnicas de Intervenção para a háquea-picante (Hakea sericea). ............................................................................................................................................ 21
Figura 9 - Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais comuns) com taxa crescimento acentuado e a largura da faixa de protecção de
LEAT. ..................................................................................................................................................................................................................................................................... 27
Figura 8 - Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais comuns) com taxa crescimento acentuado e a largura da faixa de protecção de
LEMT. ..................................................................................................................................................................................................................................................................... 27
Figura 10 - Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais comuns) com taxa crescimento acentuado, a largura da faixa de protecção de
LEMT e declive ≥ 25%. ........................................................................................................................................................................................................................................ 32
Figura 11 - Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais comuns) com taxa crescimento acentuado, a largura da faixa de protecção de
LEAT e declive ≥ 25%. ........................................................................................................................................................................................................................................ 32
Figura 12 – Exemplo de sobreposição de áreas pretencentes a infraestruturas lineares. ....................................................................................................................... 36
Figura 13 - Recuperação de áreas degradadas devido à erosão. ............................................................................................................................................................... 39
Figura 14 - Implantação de corredores ecológicos e a possível conexão entre fragmentos florestais isolados na paisagem. .......................................................... 48
Figura 15 e 16 - Esquemas de plantações de acordo com a altura das árvores e a distância de segurança à linha eléctrica. ......................................................... 51
Figura 17 - Indivíduos jovens de mimosa (A. dealbata) em núcleo isolado sujeito a ações de controlo. ............................................................................................... 69
Figura 18 - Corte de mimosa (A. dealbata): a) Moto-manual com motor roçadora; b) Moto-manual com motosserra; c) Mecânico com corta-matos de
correntes; d) Detalhe do corta-matos em processo de corte e destroçamento. ......................................................................................................................................... 70
iii
Figura 19 - Corte e pincelagem de mimosa (A. dealbata): a) Corte com foice; b) Pincelagem das toiças com herbicida diluído, c) Herbicida utilizado. ............. 71
Figura 20 - a) Detalhe do corte efetuado na técnica de descasque; b) Aspeto final do tronco de mimosa (A. dealbata) após descasque. .................................... 73
Figura 21 - a) Aspeto dos sobrantes de mimosa (A. dealbata); b) Exemplo de Ação de Fogo Controlado........................................................................................... 74
Figura 22 - Golpe/Injecção em mimosa (A.dealbata): a) Detalhe do tronco; b) Vista geral do acacial. .................................................................................................. 75
Figura 23 - Pulverização de rebentos de mimosa (A. dealbata): a) Operador com pulverizador manual); b) Detalhe da pulverização localizada ....................... 76
Figura 24 - Imagem esquemática ilustrativa do cálculo do alargamento da FP consoante a altura máxima das árvores e o declive (caso ① - montante da
Linha Eléctrica de Média ou Alta Tensão, caso ② - jusante da Linha Eléctrica de Média ou Alta Tensão). ....................................................................................... 117
Figura 25 - Escala de conversão de vertentes. ............................................................................................................................................................................................. 118
Figura 26 - Imagem esquemática ilustrativa do cálculo do alargamento da FP com uma árvore de altura máxima de 35m e declive de 30º (caso ① - montante
da Linha Eléctrica de Média ou Alta Tensão). ............................................................................................................................................................................................... 119
Figura 27 - Imagem esquemática ilustrativa do cálculo do alargamento da FP com uma árvore de altura máxima de 35m e declive de 30º (caso ② - jusante
da Linha Eléctrica de Média ou Alta Tensão). ............................................................................................................................................................................................... 120
Figura 28 - Eliminação do material lenhoso resultante do corte de árvores infectadas. ......................................................................................................................... 125
Figura 29 - Mapa de prioridades de intervenção nas áreas afectas pelo Nemátodo da Madeira do Pinheiro (LI - Local de Intervenção; ZT - Zona Tampão) (à
data de 17/05/2011). .......................................................................................................................................................................................................................................... 125
Figura 30 - Eliminação de sobrantes e exemplares de DAP<10cm no corte de árvores infectadas. ................................................................................................... 125
Figura 31 - Carta simplificada da Vegetação Potencial de Portugal Continental. .................................................................................................................................... 134
Figura 32 - Descrição de paisagens: diferenças entre: a) paisagens com usos do solo intensivos e especializados, com fronteiras claras e matriz ................. 141
Figura 33 - Funções ambientais dos corredores ecológicos. ...................................................................................................................................................................... 142
iv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais comuns) com taxa crescimento acentuado e a largura da faixa de protecção. ... 26
Tabela 2 – Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais comuns) com taxa crescimento acentuado, a largura da faixa de protecção e o
declive. ................................................................................................................................................................................................................................................................... 31
Tabela 3 - Risco de erosão consoante o declive do terreno. ...................................................................................................................................................................... 121
v
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Lista de plantas invasoras ou, com comportamento invasor, contextualizadas. ................................................................................................................... 16
Quadro 2 - Levantamento das técnicas de controlo disponíveis por planta invasora, de acordo com a situação de invasão. .......................................................... 22
Quadro 3 – Descrição das acções de intervenção (constituição da FP) e boa prática correspondente, para cada tipo de ocupação. ............................................ 28
Quadro 4 – Boas Prácticas para a diminuição do risco de erosão. .............................................................................................................................................................. 42
Quadro 5 – Proposta de acções para reconstituição de corredores ecológicos. ....................................................................................................................................... 49
Quadro 6 – Proposta de acções para situações de evolução de manchas de habitats/espécies que existam em áreas adjacentes à faixa de protecção onde
se apresentam em regressão/degradação. ...................................................................................................................................................................................................... 50
Quadro 7 - Quadro comparativo das diferentes técnicas de gestão de combustível. ............................................................................................................................... 65
Quadro 8 - Listagem das plantas invasoras contextualizadas no presente Manual e seu risco de invasão. ........................................................................................ 68
Quadro 9 - Lista de herbicidas classificados como isentos, relativamente à toxicidade e (Eco)toxicidade (à data de 07/11/2011). ................................................. 78
Quadro 10 - Medidas a aplicar ao material lenhoso e exemplares de DAP<10cm de árvores infectadas. ......................................................................................... 126
Quadro 11 - Espécies a privilegiar/plantar consoante a vegetação potencial do território .................................................................................................................... 135
vi
I. ENQUADRAMENTO
1
1.1.
NOTA INTRODUTÓRIA
As Faixas de Protecção das Linhas Eléctricas de Alta e Média Tensão são activos que, uma vez estabelecidos, requerem uma gestão
adequada por forma a garantir a segurança e a qualidade do serviço, nos termos do Decreto Regulamentar n.º 1/92.
A maioria das intervenções em termos de constituição e manutenção das Faixas de Protecção são relativas à gestão da vegetação que
está presente no local, no momento da constituição inicial da Faixa de Protecção, ou que aí cresce, ao longo dos anos, quer em resultado
da actividade dos gestores das parcelas atravessadas pelas Linhas quer devido ao abandono a que muitos destes espaços são votados.
Em ambos os casos importa identificar e implementar soluções de gestão da vegetação que diminuindo os custos associados a estas
operações, garantam simultaneamente o incremento da segurança e qualidade do serviço de distribuição de energia eléctrica, a redução
dos impactos associados a estas intervenções e, ainda, a valorização ambiental dos locais onde venham a ocorrer.
O Plano de Promoção do Desempenho Ambiental (PPDA), “é um instrumento de regulação que tem como objetivo incentivar a realização
de medidas que melhorem o desempenho ambiental das empresas reguladas”. No seu âmbito é elegível as medidas que “contribuam para
a melhoria direta do desempenho ambiental da empresa, ou seja, diminuam ou compensem os impactes ambientais negativos resultantes
da atividade da empresa ou potenciem impactes ambientais positivos” (Despacho n.º 22282/2008).
Este Manual de Boas Práticas em Áreas sem Estatuto de Proteção Ambiental corresponde à concretização de um dos objetivos da Medida
23 do PPDA, desenvolvida através da parceria entre a EDP Distribuição SA e a ONG FloraSul. As Boas Práticas nele reunidas pretendem
contribuir para os objectivos enunciados, de forma a garantir uma gestão sustentável das Faixas de Proteção, procurando compatibilizar
interesses e responsabilidades das entidades e stakeholders envolvidos.
2
Pretende-se, deste modo, sistematizar e fundamentar uma base metodológica operativa para a implementação de acções inovadoras e
voluntárias no âmbito da gestão dos espaços das Faixas de Proteção da rede de transporte e distribuição de energia eléctrica da EDP
Distribuição.
As intervenções (Boas Práticas) expostas neste Manual implicam uma implementação gradual e voluntária por parte da EDP
Distribuição, de acordo com o Artigo 6.º do Despacho n.º 22282/2008 emitido pela Entidade Reguladora dos Serviços
Energéticos, relativo ao Plano de Promoção do Desempenho Ambiental (PPDA), as referidas Boas Práticas estão enquadradas
em medidas ”…voluntárias, ou seja, a sua execução não é obrigatória por qualquer disposição legal ou regulamentar.”.
3
1.2.
BASE REGULAMENTAR E PROPOSTA METODOLÓGICA
O Decreto-Regulamentar 1/92 define as condições técnicas que devem ser cumpridas no estabelecimento e a exploração das
infraestruturas eléctricas, com vista à protecção das pessoas, das coisas e à salvaguarda dos interesses colectivos.
A regulamentação de segurança das instalações eléctricas reveste-se da maior relevância, não só em consideração à vida humana, como
à actividade económica. A salvaguarda dos interesses colectivos aí prevista inclui a proteção do ambiente, enquanto património da
sociedade. A adopção de Boas Práticas, com carácter inovador e voluntário carece, por sua vez, da identificação das áreas e territórios
alvo das mesmas.
Estabelecido que o Manual de Boas Praticas em Áreas Sem Estatuto de Protecção Ambiental (ASEPAs) é aplicável em todo o território
Nacional, com exclusão das Áreas com Estatuto de Proteção Ambiental (para as quais foi produzido um Manual de Boas Práticas
específico), importa mencionar que nesse vasto espaço devem ser consideradas, como especialmente prioritárias, as áreas da Reserva
Ecológica Nacional (REN), as áreas afectas à Reserva Agrícola Nacional (RAN) e o Domínio Público Hídrico (DPH), assim como as zonas
com formações florestais de interesse conservacionista e as árvores classificadas como de Interesse Público (sem prejuízo de outras
condicionantes decorrentes de servidões e áreas de protecção de monumentos, infraestruturas, etc.).
Este conjunto de áreas representam, a nível Nacional, e para a escala deste Manual, áreas de continuidade que contribuem para
favorecer a conectividade e coerência entre as áreas nucleares de conservação, nomeadamente “estabelecem ou salvaguardam a ligação
e o intercâmbio genético de populações de espécies selvagens entre as diferentes áreas nucleares de conservação, contribuindo para
uma adequada protecção dos recursos naturais e para a promoção da continuidade espacial, da coerência ecológica das áreas
classificadas e da conectividade das componentes da biodiversidade em todo o território, bem como para uma adequada integração e
desenvolvimento das actividades humanas” (Decreto-Lei n.º 142/2008 de 24 de Julho).
4
Interessa deste modo visar o aumento dos benefícios ambientais, aplicando acções especificas adaptadas às realidades existentes tais
como a mitigação do fenómeno erosivo, a manutenção do ciclo da água, do carbono e a paisagem. Torna-se premente considerar uma
"politica" de ambiente e ordenamento do território protegendo os recurso essenciais para manutenção e preservação biofísica (ver Anexo
I).
Figura 1 – Âmbito territorial do presente manual.
Figura 2 - Áreas de Continuidade presentes nas áreas sem
estatuto de protecção ambiental.
Fonte: ICNB (2007; 2008 e 2009) e IGP (2008)
Fonte: ICNB (2007; 2008 e 2009) e IGP (2008)
5
II. ESTRUTURA DE DESENVOLVIMENTO
6
2.1.
FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA
Tipificação de
situações nas
FPs(1)
Áreas não Geridas
Áreas Geridas
ou Abandonadas
 PRINCÍPIOS ORIENTADORES
OCUPAÇÃO DO SOLO
•
D.R. 1/92 de 18 Fevereiro
•
Informação digital base
DECLIVE
FITOSSANIDADE
 BOAS PRÁTICAS
OUTRAS INFRAESTRUTURAS
Intervenção
Tipificada
FPs(1) (15 e 25 m)
ÁREAS EM QUE OCORRAM HABITATS
PROTEGIDOS PELA DIRECTIVA Nº 92/43/CEE
RENATURALIZAÇÃO DA PAISAGEM
GESTÃO PARTILHA/STAKEHOLDERS
(1)
Faixas de Protecção
Figura 3 - Fundamentação Metodológica.
Fonte: Florasul
7
2.2.
CONTEXTO DAS ÁREAS AFECTAS ÁS INFRAESTRUTURAS ELÉCTRICAS
A presença ou ausência de proprietário ou gestor das áreas onde estão inseridas as Faixas de Proteção é uma das principais variáveis a
considerar na definição da estratégia de intervenção.
Portugal é o país da União Europeia com mais áreas florestais detidas por proprietários privados que, na sua maioria, são confrontados
com baixas rentabilidades e elevado risco de prejuízos resultantes de incêndios florestais. Este problema tem particular incidência na
floresta do Norte e do Centro, assim como nalgumas áreas serranas do Sul, traduzindo-se num déficite de gestão das áreas florestais a
que se vem juntar o crescente abandono de muitas áreas agrícolas. Esta situação é uma das principais responsáveis pela dimensão do
flagelo dos incêndios, que têm atingido dimensões consideráveis em área relativa ou absoluta, agravando por sua vez o abandono e a
degradação das áreas florestais com impactos diretos na segurança e qualidade do serviço de transporte e distribuição de energia elétrica.
De acordo com os dados do 5º Inventário Florestal Nacional 2005-2006, a floresta ocupa 39 % do território de Portugal continental,
apresentando diferentes taxas de arborização nas várias regiões do País. Quanto à composição da floresta por espécies, verifica-se que
o pinheiro bravo (Pinus pinaster), o eucalipto (Eucalyptus spp.) e o sobreiro (Quercus suber) são as três espécies mais representativas. No
seu conjunto, ocupam 73 % da área de floresta, podendo-se deduzir serem também estas as espécies mais comuns nas áreas abrangidas
pelas Faixas de Proteção. O pinheiro-bravo e o eucalipto, a par com as plantas invasoras lenhosas (ex. acácias) são aquelas que no
âmbito do presente Manual induzem mais problemas do ponto de vista da gestão das Faixas de Proteção.
Nas áreas afectas às infraestruturas eléctricas que se encontram sob gestão de alguma entidade ou proprietário privado, deve ser
estabelecido um contacto prévio com os mesmos, de forma a alcançar em consenso os objetivos de gestão pretendidos. A qualidade
deste processo de contacto é crítico para a aceitação social das intervenções e para a sua sustentabilidade ambiental e económica.
Quando as ações propostas ao longo deste Manual se situam em áreas com ausência de gestão ou abandonadas, torna-se urgente
8
adotar medidas de forma a reverter o estado de degradação existente, optando por operações silvícolas que contribuam para paisagens
mais estáveis, criando condições para diminuir os riscos que podem ameaçar as infraestruturas elétricas existentes.
9
2.3.
CONSTITUIÇÃO
E
MANUTENÇÃO
DAS
FAIXAS
DE
PROTEÇÃO
-
AMEAÇAS
E
OPORTUNIDADES
Na constituição e manutenção das Faixas de Proteção devem ser consideradas as características da área atravessada como sejam o tipo
de ocupação do solo, o declive das encostas, os objetivos de gestão do(s) stakeholder(s) locais, caso exista(m), ou o estado de abandono
em que a área se encontra, identificando os potenciais problemas e ameaças para a integridade das infraestruturas de distribuição
elétricas, bem as oportunidades de valorização ambiental criadas pela constituição das Faixas de Proteção.
D.R. 1/92 de 18
Fevereiro
•
FPs (15 e 25 m)
 Ocupação do solo
 Declive
 Fitossanidade
 Outras infraestruturas
 Áreas em que ocorram
habitats
protegidos
pela
Directiva nº 92/43/CEE
 FPs sustentáveis
 Valorização e protecção da
paisagem
 Protecção
ambientais
de
valores
10
2.3.1. AMEAÇAS À INTEGRIDADE DAS ESTRUTURAS ELÉCTRICAS
A ocupação de solo determina as principais ameaças à implementação e manutenção de estruturas eléctricas, sendo essencial referir a
taxa de crescimento e a altura das principais espécies arbóreas que ocorrem em território Nacional. O derrube e o varejamento de linhas,
decorrentes da queda ou contacto com árvores de dimensão significativa ou de elevada taxa de crescimento anual, como os eucaliptos,
são situações que devem ser evitadas de forma a garantir a segurança e qualidade do serviço de transporte e distribuição de energia
elétrica.
Também neste contexto, a presença de plantas invasoras lenhosas, como as acácias, na Faixa de Proteção ou na sua envolvente é uma
das maiores ameaças à sustentabilidade económica das operações. Importa assim tomar medidas imediatas visando a erradicação das
mesmas, quando em presença de núcleos ou espécimes isolados ou, medidas de controlo, preferencialmente desenvolvidas de forma
coordenada com outros stakeholders locais igualmente afetados, quando em presença de áreas com nível de invasão significativo.
O declive das encostas e o estado fitossanitário das árvores são outros fatores fundamentais a considerar na definição de estratégias de
gestão da vegetação nas Faixas de Proteção.
Naturalmente que as soluções de gestão a implementar têm de ter em consideração os valores ambientais presentes nas zonas das
Faixas de Proteção, até porque as soluções de preservação e valorização dos mesmos contribuem frequentemente para a redução dos
custos das intervenções.
11
2.3.1.1.
OCUPAÇÃO DO SOLO
Entre as ocupações de solo possíveis de encontrar nas Faixas de Proteção, existem algumas mais problemáticas do ponto de vista da
integridade das linhas eléctricas, nomeadamente as que incluem espécies de forte desenvolvimento vertical, como os eucaliptos, pinheiros
bravos, algumas espécies invasoras (acácias) e mais pontualmente espécies ripícolas (freixo, choupo, amieiro ou ulmeiro).
A intervenção nas Faixas de Proteção em áreas com estas espécies deve ser feita de forma a proteger as linhas eléctricas de potenciais
danos causados pela altura que elas podem atingir, através da substituição das mesmas, nos locais onde ocorram, preferencialmente de
forma consensual com o proprietário.
Eliminar na totalidade os cepos e a regeneração de espécies florestais (pinheiro bravo, eucalipto e acacia) não compatíveis com
as Faixas de Proteção, com possível instalação de espécies de reduzido desenvolvimento vertical e baixa taxa de crescimento
(ex: sobreiro, azinheira, pinheiro manso, carvalho, castanheiro, carrasco, folhado, medronheiro, pilriteiro e outras arbustivas com
valor para a biodiversidade).
Nas áreas com aproveitamento agro-silvo-pastoril, como os montados de sobro/azinho e áreas de pinheiro manso, a presença de espécies
de porte arbóreo pode colocar em causa a integridade da linha eléctrica. A manutenção das Faixas de Proteção nestas zonas, quer
estejam abandonadas ou sejam geridas, consiste simplesmente em controlar a altura das árvores com podas e desramações, permitindo a
continuidade do sistema agro-silvo-pastoril e da dinâmica ecológica que nele possa existir. Para além dos sistemas acima referidos
12
dominados por sobreiro, azinheira e pinheiro manso, de salientar ainda as manchas de culturas anuais com presença de carvalhos e
castanheiros.
Áreas com aproveitamento agro-silvo-pastoril – Controlar a altura das árvores, periodicamente, com podas e desramações,
não eliminando as espécies arbóreas autóctones integrantes dos sistemas agro-silvo-pastoris, protegendo a presença de
regeneração natural nestas espécies.
Em zonas geridas, incluindo as que estão sujeitas a Planos de Gestão Florestal, é sempre preferível a interacção com o proprietário com o
objectivo de manter alguma rentabilidade da sua produção florestal, mas de modo a que a altura das árvores nas FP’s não coloque em
causa a integridade da linha eléctrica.
Coordenar com o proprietário, o corte e a exploração de espécies florestais (eucalipto e pinheiro bravo) e sobretudo a sua
substituição por espécies com alturas compatíveis às linhas eléctricas de alta e média tensão inseridas nas Faixas de Protecção.
Segundo o último relatório anual produzido pelo GISP - Global Invasive Species Programme (2010), as espécies invasoras são uma das
maiores ameaças ao bem-estar ambiental e económico do planeta. A presença de espécies invasoras é comummente associada a uma
perda de biodiversidade, pela alteração estrutural e funcional dos ecossistemas, criando impactos a nível da segurança alimentar, saúde e
das atividades económicas (MARCHANTE, 2001; MCNEELY et al., 2001).
13
As plantas que são geralmente designadas por invasoras, podem ocorrer de forma tão frequente que são facilmente confundidas com
espécies nativas. No entanto, tratam-se de espécies exóticas, produtoras de elevado número de descendentes férteis que são dispersos
para longe das plantas-mãe, ocupando áreas extensas, causando problemas económicos, ecológicos e sociais (WILLIAMSON, 1999 in
MARCHANTE et al., 2005). Uma vez introduzidas, as espécies invasoras têm a capacidade de aumentar as suas populações e distribuição
sem a intervenção direta do Homem, o que possibilita o estabelecimento em novos territórios, ameaçando as espécies nativas.
Segundo MARCHANTE et al. (2008), as espécies invasoras apresentam frequentemente crescimento rápido e/ou grande capacidade de
dispersão e conseguem competir mais eficientemente pelos recursos disponíveis (luz, água, nutrientes, etc.) do que as espécies nativas,
produzem muitas sementes, as quais podem ser viáveis por longos períodos de tempo e podem ser estimuladas pelo fogo.
Como agravante, importa referir que é comum as espécies invasoras serem mais vigorosas e férteis do que são no seu território de origem.
Isto deve-se em muito às condições favoráveis que encontraram e à falta de inimigos naturais, que contribuiriam, a par com outros fatores,
para as manter em equilíbrio.
As plantas invasoras são ainda causadoras de elevados custos de gestão das Faixas de Proteção das Linhas Elétricas de Alta e Média
Tensão dado o seu crescimento vigoroso que obriga a intervenções muito frequentes para proteger estas infraestruturas.
É assim evidente que a melhor estratégia de gestão de espécies invasoras é a prevenção, porque ao travar o estabelecimento de uma
espécie invasora, para além de ser mais eficaz em termos de custo/benefício, é nitidamente mais vantajoso e desejável em termos
ambientais. A deteção precoce é igualmente importante, porque quanto mais cedo se detetar a espécie invasora, mais depressa se pode
agir, impedindo que a população aumente.
14
A adoção de Boas Práticas no controlo das plantas invasoras é essencial para garantir que as intervenções não resultam no fomento
involuntário das mesmas, com consequentes acréscimos de custos das operações. Para tal, é fundamental saber quais as plantas
invasoras existentes no país.
Geralmente, a expansão das espécies invasoras está associada a perturbações naturais ou provocadas pela atividade humana, que se
traduzem em ambos os casos na abertura de clareiras ou destruição da vegetação original, o que constitui uma excelente oportunidade
para uma espécie invasora se fixar (MARCHANTE et al., 2008). Assim, importa que na constituição e na manutenção das Faixas de
Proteção associadas às linhas elétricas, seja assegurado que as intervenções de controlo da vegetação não representem um meio de
alastramento das invasoras.
Dada a multiplicidade de possíveis situações, no que respeita à ocorrência de plantas invasoras nas Faixas de Proteção (FP) da rede
elétrica e sua envolvente próxima, tanto pela espécie em causa como pela área e densidade de invasão, optou-se por uma abordagem
matricial à problemática focada no que consideramos serem as plantas invasoras que representam uma ameaça mais representativa na
constituição e manutenção das Faixas de Proteção confinantes às linhas elétricas.
15
Quadro 1 – Lista de plantas invasoras ou, com comportamento invasor, contextualizadas.
Nome científico
Acacia saligna
Acacia melanoxylon
Acacia longifolia
Acacia retinodes
Pittosporum undulatum
Ailanthus altissima
Robinia pseudoacacia
Acacia dealbata
Hakea sericea
Arundo donax
Nome comum
Acácia
Acácia-Austrália
Acácia-de-espigas
Acácia-virilda
Árvore-do-incenso
Espanta-lobos
Falsa-acácia
Mimosa
Háquea-picante
Cana
Primeiramente, será necessário reconhecer a dimensão do problema, isto é, identificar se a presença de espécies invasoras abrange a FP
ou apenas a área envolvente à FP, ou uma combinação de ambas as situações, de forma a direcionar os esforços de intervenção. Esta
análise prévia que auxilia a determinar a área alvo de intervenção, pode ser designada de Planeamento e encontra-se esquematizada na
Figura 4.
Uma vez estabelecida a área de intervenção, deve identificar-se com exatidão a(s) plantas(s) invasora(s) e adotar uma técnica de controlo
ajustada à espécie e à situação de invasão, conforme esquematizado nas Figuras 5, 6 e 7 (Controlo de Invasoras: Técnicas de
Intervenção).
16
Planeamento
Não
Presença de indíviduos ou núcleos isolados
de espécies invasoras com densidade média
inferior a 5% da área envolvente à FP e até
uma distância de 200 metros do limite da
mesma?
Não
Sim
Intervenção prévia em Área
Complementar
Não
Intervenção em FP
Sim
Intervenção em FP e em
Área Complementar em
parceria com stakeholders
Invasoras em FP?
Sim
Presença de espécies invasoras na
envolvente à FP?
Figura 4 - Esquema simplificado do Planeamento de intervenção em FPs perante a presença de plantas invasoras.
Fonte: FloraSul
Muito Importante: Nas situações em que existam indivíduos ou núcleos isolados de plantas invasoras na envolvente da FP, recomendase o controlo com técnica adequada destas espécies indesejadas, ou seja, efetua-se um controlo em Área Complementar, previamente à
intervenção em faixa. O controlo de pequenos núcleos de plantas invasoras na envolvente das linhas elétricas evitam o cenário de invasão
da faixa e/ou outras áreas adjacentes, o que a verificar-se, levaria a um aumento de custos associados à manutenção da FP. Dada a
17
reduzida dimensão das manchas e o estádio muito inicial da invasão, a probabilidade de sucesso é maior, ou seja, a erradicação destas
plantas localmente e a custos controlados.
Nas outras situações em que existam plantas invasoras na FP, recomenda-se que se realize a intervenção em faixa com técnicas
adequadas à espécie e à situação de invasão (ver o ponto seguinte Controlo de Invasoras: Técnicas de Intervenção). Por último, quando a
planta ocorre também na envolvente da faixa de proteção legal, deve dinamizar-se a criação de parcerias com stakeholders relevantes,
numa estratégia de coordenação de ações e mútuo benefício.
Controlo de Invasoras: Técnicas de Intervenção
Qualquer que seja a metodologia de controlo selecionada, esta deve sempre incluir três fases:
Controlo Inicial
Controlo de Seguimento
Controlo de Manutenção
Os métodos usualmente utilizados são o controlo mecânico, químico, biológico, este último ainda não disponível no nosso país para fins
ambientais, e também o fogo controlado (menos frequente). Usualmente, a melhor opção de combate às espécies invasoras é a
combinação de diversos métodos ou técnicas de controlo. No âmbito deste Manual, designamos por Técnicas de Intervenção ao conjunto
de técnicas possíveis de adotar nas ações de controlo destinadas a uma ou mais plantas invasoras, expostas seguidamente em 3
esquemas (Figura 5, 6 e 7), de acordo com a situação de invasão em que estas se encontram.
18
(**)
(*)
(**)
- O controlo deverá
obedecer ao princípio
aplicado no tratamento de
áreas invadidas “da
periferia para o centro”,
“de montante para jusante”
e “do topo para a base da
vertente” (CAMPBELL,
1993 in FERNANDES,
2008).
- Arranque manual das
plântulas
6 meses
• Manchas contínuas
- herbicida com 450g/l
de glifosato na
composição (Ex. Roundup Supra ou
Envision);
+
A
CM
P
- Corte moto-manual ou
mecânico
- Pulverização da base
do tronco
6 meses
Outras técnicas de intervenção possíveis para as plantas
invasoras indicadas
• Indivíduos adultos sem
feridas na casca
D
GI
CP
P
+
A
- Pulverização
dos rebentos
com herbicida
diluído a 2%
CM
FC
P
- Fogo
Controlado
- Pulverização dos
rebentos
Controlo de manutenção
• Bordaduras das manchas
de invasoras de maiores
dimensões
- Corte + pincelagem
imediata com
herbicida(*) diluído a
33%
Controlo de seguimento
• Núcleos de pequenas
dimensões
Controlo Inicial
CP
Controlo de seguimento
• Indivíduos isolados
Controlo Inicial
 Acácia (A. saligna);
 Acácia-Austrália;
 Acácia-de-espigas;
 Acácia-virilda;
 Árvore-do-incenso;
 Espanta-lobos;
 Falsa-acácia e
 Mimosa.
Técnicas de Intervenção
Situação de invasão
Controlo Inicial
Planta Invasora
CP
+
A
- Descasque (AcáciaAustrália e mimosa)
- Entalhe (Árvore-doincenso, espanta-lobos,
falsa-acácia e mimosa)
Secagem
total
Corte final
Figura 5 - Técnicas de Intervenção para as seguintes plantas invasoras: Acacia sp., falsa-acácia, árvore-do-incenso e espanta-lobos.
Fonte: FloraSul
19
- Corte + remoção do
rizoma
(desenraizamento).
6 meses
• Populações grandes
(*)
CM
- Corte mecânico
P
- Pulverização com
herbicida
FC
- Fogo controlado.
A
- Arranque
dos rebentos
que surjam.
Controlo de manutenção
• Locais com importância
(*)
ecológica
CR
Controlo de seguimento
• Populações pequenas
Controlo Inicial
 Cana (Arundo donax)
Tipologia de Intervenção
Situação de invasão
Controlo Inicial
Planta Invasora
A
- Avaliar com os gestores das Áreas Protegidas.
Figura 6 - Técnicas de Intervenção para a cana.
Fonte: FloraSul
20
• Indivíduos isolados com
sementes
• Manchas contínuas
CM
- Corte mecânico
12- 18meses
CM
- Corte mecânico e
disposição dos
sobrantes no local
A
- Arranque das
plântulas
CM
FC
P
- Fogo controlado para
matar as sementes e
plântulas
Controlo de manutenção
• Indivíduos isolados sem
sementes
Controlo de seguimento
(Hakea
Controlo de seguimento
sericea)
Tipologia de Intervenção
Controlo Inicial
 Háquia-picante
Situação de invasão
Controlo Inicial
Planta Invasora
A
CM
FC
P
- Pulverização dos
rebentos com herbicida
12- 18meses
Figura 7 - Técnicas de Intervenção para a háquea-picante (Hakea sericea).
Fonte: FloraSul
21
O Quadro 2 sintetiza a informação exposta nos últimos 3 esquemas, apontando com base em bibliografia especializada e as técnicas de
controlo mais adequadas às plantas invasoras consideradas neste Manual e à situação de invasão que apresentam no terreno. Esta
compilação de informação deve ser encarada como um ponto de partida, não invalidando que se faça o uso das outras técnicas não
prescritas, como por exemplo o uso do fogo controlado ou do descasque noutras espécies de acácia.
Quadro 2 - Levantamento das técnicas de controlo disponíveis por planta invasora, de acordo com a situação de invasão.
(i - Indivíduos isolados; n - Núcleos pequenos e isolados; m - Manchas contínuas; p - Populações pequenas; e - Locais com importância ecológica; g - Populações
grandes; i' - Indivíduos isolados sem semente; is - Indivíduos isolados com semente).
i,
Acácia
n
Observações
CM
CP
CR
D
GI
FC
P
•
-
•
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
•
•
-
•
-
•
-
-
-
-
•
-
-
•
-
-
•
•
-
•
-
-
-
-
-
A
(1)
(Acacia saligna)
corte ou descasque, com herbicida.
m
i,
Acácia-Austrália
n
(1)
(A. melanoxylon)
espigas
(A. longifolia)
O descasque é realizado em indivíduos
adultos.
m
Acácia-de-
Pulverização da base do tronco, sem
i,
n
m
(2)
(2)
Por vezes, só o corte é suficiente. Caso
se verifique o rebentamento de touça, no
-
•
-
-
-
-
-
-
controlo seguinte deve usar-se herbicida.
22
CP
CR
D
GI
FC
P
•
-
•
-
-
-
-
-
m
-
-
-
-
-
-
-
•
i
•
-
•
-
-
•
-
-
i,
Acácia-virilda
Observações
CM
A
n
(3)
(A. retinodes)
Árvore-do-
corte ou descasque, com herbicida.
(4)
(3)
incenso
(Pittosporum
(4)
Aplicação de herbicida diluído a 2% em
cortes sucessivos e intercalados na base
m
-
•
-
-
-
(4)
•
-
•
undulatum)
do tronco, separados 10 cm em altura, em
redor de todo o tronco.
p,
Cana
Pulverização da base do tronco, sem
e
•
-
-
•
-
-
-
-
O arranque refere-se à remoção de novos
(Arundo donax)
g
O controlo deve começar a montante;
-
•
-
-
-
•
-
•
rebentos.
As árvores femininas devem ser removidas
i
•
-
•
-
•
(5)
•
-
-
primeiro.
(5)
Esta técnica é a mais eficaz para árvores
adultas: Aplicação de cerca de 1 ml de
Espanta-lobos
herbicida em golpes realizados à mesma
(Ailanthus
altissima)
altura (cerca de 1,2 m) com ângulo
m
-
•
-
-
•
(5)
•
-
•
descendente
e
com
2-4
cm
de
espaçamento; a realizar no verão ou
primavera, quando as folhas estiverem
totalmente expandidas.
23
A
i
•
CM
CP
CR
D
GI
-
•
•
-
•
(6)
FC
P
-
-
Observações
Nesta espécie, as técnicas que incluem
herbicida obtêm melhores resultados
(6)
Falsa-acácia
em
(Robinia
pseudoacacia)
Aplicação de cerca de 1ml de herbicida
m
-
•
-
-
-
(6)
•
cortes
sucessivos
e
intercalados,
separados 10 cm em altura, em redor de
•
•
todo o tronco. A realizar na primavera e
verão,
quando
a
árvore
está
em
crescimento ativo.
i'
•
•
-
-
-
-
-
Aqui, o arranque refere-se à remoção de
-
novos rebentos;
Háquea-picante
(Hakea sericea)
(7)
is,
m
-
•
-
-
-
•
-
Em situações bem ponderadas, pode
(7)
•
pulverizar-se as plântulas e arbustos com
triclopir.
i,
Mimosa
n
•
-
•
-
•
(8)
•
-
-
Aplicação de herbicida diluído a 50% sob
feridas abertas no tronco. Uma ferida por
(A. dealbata)
m
(8)
-
•
-
-
•
(8)
•
•
•
cada cm de DAP.
Fonte: FloraSul
24
2.3.1.1.1.
CONSTITUIÇÃO DAS FAIXAS DE PROTEÇÃO EM FUNÇÃO DA ALTURA DAS ÁRVORES NA SUA
ENVOLVENTE
Segundo o Decreto Regulamentar n.º 1/92 de 18 de Fevereiro, a constituição das Faixas de Protecção sob as linhas eléctricas deve ser
efectuada de modo a terem 15 ou 25 metros de largura consoante sejam linhas eléctricas de média ou alta tensão, respectivamente.
Ainda de acordo com o Decreto Regulamentar já mencionado, na faixa de protecção “proceder-se-á ao corte ou decote das árvores que
for suficiente para garantir a distância mínima”, referida anteriormente, “bem como das árvores que, por queda, não garantam em relação
aos condutores, na hipótese de flecha máxima sem sobrecarga do vento, a distância mínima de 1,5 m”.
Encontra-se também salvaguardado na legislação em vigor que “fora da zona de protecção poderão ainda ser abatidas as árvores que,
pelo seu porte e condições particulares, se reconheça constituírem um risco inaceitável para a segurança da linha”, sendo importante
através deste Manual caracterizar esta excepção legal que muitas vezes põe em risco as linhas.
Sendo assim, através de um levantamento da altura máxima que as árvores de desenvolvimento mais acentuado (eucalipto, pinheiro
bravo, amieiro, choupo e freixo) e que em território nacional podem afectar as linhas, por queda, estimou-se a selecção de espécies na
envolvente da faixa de protecção. Tendo tido em conta a distância mínima, legalmente aconselhada, de 1,5 m.
Faz-se ainda referência a algumas espécies de lento crescimento (carvalho e sobreiro, entre outras espécies autóctones) que podem
aparecer na faixa de protecção estabelecida que necessitam de gestão diferenciada.
25
Tabela 1 – Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais comuns) com taxa crescimento acentuado e a largura da faixa de protecção.
Árvore*
Eucalipto (15 anos)
Pinheiro Bravo
Amieiro
Choupo
Freixo
Carvalho
Sobreiro
Altura
máxima da
Árvore (m)
35
35
35
30
25
45
20
Faixa de
Protecção
necessária (m)
73,10
73,10
73,10
63,08
53,06
93,12
43,06
Acréscimo necessário à
FP estabelecida para
LEMT (m)
58,10
58,10
58,10
48,08
38,06
78,12
28,06
Acréscimo necessário à
FP estabelecida para
LEAT (m)
48,10
48,10
48,10
38,08
28,06
68,12
18,06
* Quando a espécie arbórea ocorre fora do limite contemplado para as linhas eléctricas de alta e média tensão.
Alargamento da faixa de protecção – Eliminar ou desvitalizar na totalidade os cepos e a regeneração de espécies que
possam, devido à altura e crescimento rápido (eucalipto, pinheiro bravo, amieiro, choupo e freixo - Espécie  da figura 8 e
9), por queda danificar as linhas, recomendando-se instalação de espécies de reduzido desenvolvimento vertical
nomeadamente sobreiro, azinheira, pinheiro manso, carvalho, castanheiro, carrasco, folhado, medronheiro, pilriteiro e
salgueiros no caso das galerias ripícolas, reforçando o envolvimento dos stakeholders.
Em situações excepcionais em que apareçam espécies de reduzido desenvolvimento vertical e baixa taxa de crescimento
(carvalho e sobreiro) deverá efectuar-se o controlo da altura das árvores através de cortes selectivos ou realização de podas
em alternativa ao corte.
26

Figura 9 - Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais comuns)
com taxa crescimento acentuado e a largura da faixa de protecção de LEMT.

Figura 8 - Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais comuns)
com taxa crescimento acentuado e a largura da faixa de protecção de LEAT.
27
2.3.1.1.2.
RESUMO DAS ACÇÕES DE INTERVENÇÃO E BOA PRÁCTICA CORRESPONDENTE, PARA CADA
TIPO DE OCUPAÇÃO
Quadro 3 – Descrição das acções de intervenção (constituição da FP) e boa prática correspondente, para cada tipo de ocupação.
Tipo de ocupação
Plantações florestais
Zonas agro-florestais
Espécies vegetais
mais comuns
Boa Prática
Área Não
Gerida/Abandonada
- Eliminação permanente com
possível plantação de espécies
silvícolas de baixo porte ou de
reduzido desenvolvimento
vertical
Área Gerida
- Corte periódico
- Controlo de altura
- Instalação opcional de espécies
silvícolas alternativas
Espécies de elevado
desenvolvimento
vertical:
- Eucalipto
- Pinheiro Bravo
Espécies de médio
desenvolvimento
vertical:
- Pinheiro Manso
- Castanheiro
- Sobreiro
- Azinheira
- Carvalho
- Controlo de altura
- Remoção planeada de indivíduos doentes ou mortos
Acções de intervenção
 Desvitalização ou remoção da toiça de
eucalipto.
 Destroçamento dos sobrantes.
 Instalação opcional de espécies
silvícolas de baixo porte ou de reduzido
desenvolvimento vertical.
 Controlo da regeneração natural de
pinheiro bravo.
 Corte periódico de pinheiro bravo e
eucalipto com repovoamento posterior
menos denso e em sintonia com a
exploração actual.
 Controlo de altura de pinheiro manso.
Instalação opcional de explorações
silvícolas alternativas.
 Podas e desramações.
 Destroçamento dos sobrantes.
 Protecção da regeneração natural.
28
Tipo de ocupação
Espécies vegetais
mais comuns
Boa Prática
Acções de intervenção
Vegetação típica de cursos
de água
Espécies, de linhas de
água, que atingem
porte elevado:
- Choupo
Freixo
-Amieiro
-Ulmeiro
- Manutenção nas espécies de baixo porte ou de
reduzido desenvolvimento vertical, como os salgueiros.
 Podas e desramações.
 Destroçamento dos sobrantes.
 Protecção da regeneração natural.
- Controlo Inicial
PLANTAS INVASORAS
(Procurar estabelecer
parcerias com stakeholders
para controlo consertado e
cooperativo das espécies
invasoras)
- Acácia
- Acácia-Austrália
- Acácia-de-Espigas
- Acácia-de-Virilda
- Árvore do Incenso
- Espanta-lobos
- Falsa-acácia
- Mimosa
- Háquia-picante
- Cana
-Controlo de Seguimento
- Controlo de Manutenção
 Corte + pincelagem com herbicida +
Arranque manual das plântulas.
 Corte moto-manual ou mecânico +
Pulverização com herbicida.
 Descasque.
 Entalhe.
Corte + remoção do
rizoma(desenraizamento).
 Fogo controlado.
 Corte + pincelagem com herbicida +
Arranque manual das plântulas.
 Pulverização dos rebentos com
herbicida.
 Corte moto-manual ou mecânico.
 Arranque das plântulas e rebentos.
 Fogo controlado.
 Corte + pincelagem com herbicida +
Arranque manual das plântulas.
 Arranque das plântulas e rebentos.
 Corte moto-manual ou mecânico.
 Pulverização dos rebentos com
herbicida.
Fogo controlado.
Deverá prever-se a possibilidade de existência de núcleos ou indivíduos isolados de espécies invasoras que devem ser controlados nos
termos das tabelas anteriores. Reforçar a necessidade, neste caso de parcerias e consensos com os proprietários.
29
2.3.1.2.
DECLIVE
2.3.1.2.1.
A NECESSIDADE DE LARGURA VARIÁVEL DA FP EM FUNÇÃO DO DECLIVE DAS ENCOSTAS E
DA ALTURA DAS ÁRVORES NA SUA ENVOLVENTE
Actualmente as faixas de protecção são constituídas com largura fixa independentemente das espécies presentes nas areas atravessadas
e da inclinação do terreno.
A altura máxima admissível das árvores, fora dos limites da faixa de protecção, sem perigo para a linha é influenciada pelo declive das
encostas em que as referidas faixas de protecção são constituídas.
Neste contexto as regras já apresentadas sobre a largura variável da Faixa de Protecção em função da altura das árvores devem ser
complementadas pela consideração do declive das encostas em que existam linhas eléctricas de média e alta tensão perpendiculares ou
obliquas à encosta. Em função do aumento do declive verifica-se um acréscimo na velocidade das águas de superfície e naturalmente um
maior arraste das partículas, deixando o solo menos coeso e com maior susceptibilidade a “acidentes naturais”, nomeadamente queda de
árvores de grande porte.
Tendo em consideração as ocupações florestais no nosso território e a altura que as suas espécies podem atingir, nomeadamente o
pinheiro bravo e o eucalipto, e o declive das encostas, propõe-se a deslocação das FPs consoante a inclinação do terreno, em particular
nas áreas ocupadas por estas espécies analisadas.
30
Tabela 2 – Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais comuns) com taxa crescimento acentuado, a largura da faixa de protecção e o declive.
MONTANTE DA LINHA
SITUAÇÕES
COMUNS
Árvore*
Eucalipto (a
15 anos)
35
Pinheiro
Bravo
Amieiro
SITUAÇÕES PONTUAIS
Altura
máxima
da
Árvore
(m)
Choupo
Freixo
35
30
25
JUSANTE DA LINHA
Acréscimo
Acréscimo
necessário à FP necessário à FP
estabelecida
estabelecida
para LEMT (m)
para LEAT (m)
Faixa de
Protecção
necessária
(m)
Acréscimo
Acréscimo
necessário à FP necessário à FP
estabelecida
estabelecida
para LEMT (m)
para LEAT (m)
TOTAL
Faixa de
Protecção
Total
necessária
(m)
Classes
de
Declive
(%)
Faixa de
Protecção
necessária
(m)
]0 ; 8]
18,3
14,6
12,1
36,5
29
24
54,8
]8 ; 15]
18,7
14,9
12,4
36,5
29
24
55,2
]15 ; 25]
19,5
15,7
13,2
36,5
29
24
56
≥25
21,1
17,4
14,9
36,5
29
24
57,6
]0 ; 8]
18,3
14,6
12,1
36,5
29
24
54,8
]8 ; 15]
18,7
14,9
12,4
36,5
29
24
55,2
]15 ; 25]
19,5
15,7
13,2
36,5
29
24
56
≥25
21,1
17,4
14,9
36,5
29
24
57,6
]0 ; 8]
15,8
12,1
9,6
31,5
24
19
47,3
]8 ; 15]
16,1
12,4
9,9
31,5
24
19
47,6
]15 ; 25]
16,8
13
10,5
31,5
24
19
48,3
≥25
18,2
14,5
12
31,5
24
19
49,7
]0 ; 8]
13,3
9,6
7,1
26,5
19
14
39,8
]8 ; 15]
13,5
9,8
7,3
26,5
19
14
40
]15 ; 25]
14,1
10,4
7,9
26,5
19
14
40,6
≥25
15,3
11,5
9
26,5
19
14
41,8
* Quando a espécie arbórea ocorre fora do limite contemplado para as linhas eléctricas de alta e média tensão.
31
Figura 10 - Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais
comuns) com taxa crescimento acentuado, a largura da faixa de protecção de
LEMT e declive ≥ 25%.
Figura 11 - Relação da altura máxima de espécies arbóreas (espécies mais
comuns) com taxa crescimento acentuado, a largura da faixa de protecção de
LEAT e declive ≥ 25%.
32
Alargamento da faixa de protecção em função do declive das encostas e altura máxima atingida por eucaliptos com
15 anos de idade e pinheiros bravos – Eliminar na totalidade os cepos e a regeneração de eucaliptos e pinheiros bravos
que possam por queda danificar as linhas, recomendando-se a substituição por instalação de espécies de reduzido
desenvolvimento vertical (ex: sobreiro, azinheira, pinheiro manso, carvalho, castanheiro), tendo em conta os stakeholders
que possam estar envolvidos (proprietários e/ou entidades gestoras).
Em terrenos com declives acima dos 25% deve evitar-se a poda ou remoção drástica da vegetação, evitando riscos de
erosão acentuada. Nestes casos podem realizar-se podas correctivas apenas nas espécies que apresentem risco para a
linha ou eliminar espécies de porte arbóreo (que ameacem a integridade da linha eléctrica) sem a remoção da toiça (a
acção mais correcta passa pela desvitalização da toiça de modo a prevenir regeneração).
O alargamento das FPs toma maior ênfase nas situações de declives moderados (]8 ; 15]) a muito acentuados (≥25%),
pelo que deve ser superior nas áreas localizadas acima da linha eléctrica, por apresentarem maior risco de queda.
33
2.3.1.3.
FITOSSANIDADE
Os agentes bióticos, provocando danos nos órgãos ou tecidos das plantas, são dos principais agentes de degradação das florestas,
podendo ser considerados uma causa de ameaça para as espécies arbóreas e consequentemente para a estabilidade das infraestruturas
eléctricas dado que árvores afectadas por pragas apresentam menor resistência estrutural ao derrube pelo vento.
Uma das principais ameaças a ser considerada é, no caso do pinheiro bravo, o nemátodo (Bursaphelenchus xylophilus).
No caso de espécies arbóreas que devido ao seu deficiente estado fitossanitário possam afectar as linhas eléctricas de média e
alta tensão, estando estas na FP ou nas proximidades, deve-se recorrer à total eliminação das árvores e dos cepos.
34
2.3.1.4.
OUTRAS INFRA-ESTRUTURAS
Nas áreas com acentuada presença humana e/ou frequente afluência de humanos (ex.: vias de comunicação e outras infra-estruturas,
espaços periurbanos, parques de recreio florestal, etc.) a responsabilidade de gestão dos espaços afectos às infraestruturas existentes
devem ser partilhadas e coordenadas com outros agentes responsáveis por infra-estruturas.
As infra-estruturas podem ter impacte sobre a fauna e flora, estando identificadas como um relevante factor de ameaça para a
conservação de populações e espécies.
Efectuar intervenção preferencialmente focada na redução de biomassa, acompanhada de outras intervenções complementares
direccionadas para a segurança de pessoas e bens.
A gestão das áreas afectas às diversas infra-estruturas é atribuída às entidades responsáveis respectivas. São o caso, locais em que se
cruza a rede viária com rede ferroviária e linhas de transporte de distribuição de energia eléctrica (MAT, AT e MT). Nestas circunstâncias,
deve prevalecer o princípio da partilha de responsabilidades entre as várias entidades envolvidas.
35
Figura 12 – Exemplo de sobreposição de áreas pretencentes a infraestruturas lineares.
Promover a partilha e a coordenação das intervenções na instalação e manutenção de Faixas de Protecção associadas às
infraestruturas eléctricas com as diversas entidades que podem estar relacionadas com a instalação e manutenção de outras
infraestruturas.
Estas responsabilidades estão atribuídas a um conjunto de entidades e agentes nomeadamente:
• AFN – Autoridade Florestal Nacional;
• ANPC – Autoridade Nacional de Protecção Civil;
• Câmaras Municipais, Comissões Municipais de Defesa da Floresta contra Incêndios e Gabinetes Técnicos Florestais;
36
• Entidades responsáveis por infra-estruturas que atravessem áreas florestais – Instituto das Estradas de Portugal, REFER, REN –
Redes Energéticas Nacionais e EDP Distribuição;
• GNR – Guarda Nacional Republicana;
• Proprietários e gestores de áreas rurais.
A EDP-Distribuição, na qualidade de entidade responsável pelas infra-estruturas eléctricas de serviço público de Alta e Média Tensão,
tem vindo a estabelecer, manter e incentivar contactos com:
• A Autoridade Florestal Nacional;
• As Câmaras Municipais;
• As Entidades responsáveis por outras infra-estruturas que atravessem as áreas florestais;
• O Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
• Os Proprietários e gestores das faixas de protecção das suas infra-estruturas; no sentido de intervir sustentavelmente na
implementação e manutenção das Faixas de Protecção associadas às Linhas Eléctricas de Média e Alta Tensão.
37
2.3.2. OPORTUNIDADES DE VALORIZAÇÃO DA ÁREA AFECTA ÀS ESTRUTURAS ELÉCTRICAS
Para além dos problemas identificados com a instalação e gestao das Faixas de Protecção das Linhas Eléctricas de Média e Alta Tensão
das estruturas eléctricas, devem também ser identificadas as oportunidades de valorização na áreas afectas às mesmas.
Mesmo nas Áreas sem Estatuto de Protecção Ambiental, podem ocorrer espécies da flora e da fauna protegidas, devendo nestes casos
aplicar-se as orientações desenvolvidas no Manual de Boas Práticas em Áreas com Estatuto de Protecção Ambiental.
Estas áreas podem ser geridas em função do recurso eléctrico existente, sem descurar e promover os objectivos de gestão da
biodiversidade e do património natural. Estas estruturas são consideradas uma oportunidade do ponto de vista da conservação, sendo
uma mais-valia nas acções de gestão de áreas alargadas.
2.3.2.1.
PROTEÇÃO DE ÁREAS SUJEITAS À EROSÃO
Em áreas sujeitas a fenómenos erosivos torna-se necessário intervir de modo a criar condições de preservação/estabilização do solo e
das rochas de forma a não provocar instabilidade nas estruturas eléctricas existentes e na respectiva Faixa de Protecção.
O fenómeno erosivo é um problema que ocorre principalmente associado à desflorestação, com a diminuição da coesão dos solos e o
aumento da velocidade do escoamento superficial que em casos extremos pode levar mesmo à desertificação.
O modo mais eficaz de combate a este fenómeno é a prevenção, pois os solos quando cobertos pela vegetação apresentam uma erosão
muito baixa. Deste modo tomar acções e medidas de gestão, controlo e conservação dos recursos naturais como o solo e a água já vêm
sendo definidas, classificando áreas susceptíveis de risco de erosão em REN e defendendo áreas para uso do solo como a RAN.
38
Efectuar reflorestações com critérios de selecção da vegetação de acordo com a natureza do local, concretizados através de projectos de
restauração adequados à realidade, permitem: diminuir a energia cinética produzida pela chuva e vento, aumentar a capacidade da
retenção de água pelo solo, evitar a perda de água por evaporação, regular a temperatura do solo ao diminuir a sua exposição ao frio e ao
calor constituindo um elemento que se incorpora no solo formando com este um horizonte orgânico.
FENÓMENOS
EROSIVOS
- Precipitação e Ventos
- Fogos
- Desflorestação humana
ÁREAS SUSCEPTÍVEIS
EROSÃO
Acção Humana
desflorestação
REFLORESTAÇÃO
ÁREAS DEGRADADAS
ACÇÕES DE
RECUPERAÇÃO
Figura 13 - Recuperação de áreas degradadas devido à erosão.
Fonte: FloraSul
39
O fenómeno erosivo afecta directamente os horizontes superficiais do solo (zonas de erosão) causando problemas nos rios, estruturas
hidráulicas, vias de comunicação e infraestruturas .
A erosão resulta da combinação da erodibilidade e erosividade, sendo a erodibilidade definida como a susceptibilidade do material aos
agentes erosivos, enquanto que a erosividade é a propriedade do agente erosivo (chuva, neve, vento). A erodibilidade dos solos depende
da sua textura, estabilidade estrutural, coesão, capacidade de infiltração, composição da matéria orgânica e características químicas.
O fenómeno erosivo provêm de uma série de processos que variam ao longo do tempo, onde se destaca o relevo, o clima, o solo, e a
vegetação.
O relevo é um dos factores de maior peso nos processos de erosão, o declive não só determina a velocidade das águas de superfície,
mas também a sua força de arraste. Igualmente o clima também é um factor importante pois determina grandes diferenças de erosão
entre umas regiões e outras, através das variações de precipitação, provocando um efeito directo no tipo de coberto vegetal. Por último
temos a influência da vegetação, que depende fundamentalmente da percentagem de cobertura que oferece a nível das copas, é portanto
um elemento de protecção do solo, funcionando como uma barreira ao fenómeno da escorrência superficial.
40
Factores que influenciam os fenómenos de erosão:
Declive - quanto maior o declive, maior será o escoamento superficial;
Densidade da floresta - existe uma estreita correlação entre a densidade e o escoamento, porém em floresta densa com o mesmo
declive, o escoamento superficial é menor;
Exposição - nas encostas ocorre um maior escoamento superficial, devendo-se isto à alta insolação que acelera a decomposição e
impede formação de uma espessa camada de manta;
Espécie florestal – nas florestas de folhosas, o escoamento superficial é ligeiramente menor do que nas florestas de coníferas. Esse
menor escoamento deve-se ao facto desse tipo de florestas produzirem uma manta densa e com boa estrutura;
Manta e vegetação de sub-bosque e rasteira – exercem funções de absorção de água, causando o efeito esponja e facilitando a
infiltração da água no solo, tendo influência directa no escoamento superficial;
Textura e estrutura do solo – os solos arenosos permitem uma maior infiltração da água, quando comparada com os solos argilosos;
Uso da floresta - de acordo com o uso da floresta, pode ocorrer uma maior ou menor compactação, por exemplo, uma floresta utilizada
para pastoreio apresenta uma maior compactação, e consequentemente, um maior escoamento superficial das águas das chuvas.
41
A prevenção da erosão do solo requer a utilização de um conjunto de boas práticas, capazes de impedir a perda da camada superficial do
solo, mantendo um grau de erosão o mais estável possível.
Quadro 4 – Boas Prácticas para a diminuição do risco de erosão.
CLASSE DE EROSÃO
Área Estável
ACÇÃO
BOA PRÁTICA
-
Rápido estabelecimento de uma acção protectora extensiva a toda
a superfície do terreno (Recuperação do estrato herbáceo)
Recuperação do Coberto Vegetal
(ver Anexo X)

Sementeira de mantos de herbáceas de crescimento rápido, gramíneas
em placa, hidrossementeira
Favorecimento do processo de sucessão natural
Área ligeiramente
Erosionada

Plantação de sp. autocones de acordo com a vegetação potencial
-Mobilizações parciais segundo as curvas de nível;
Mobilização do solo
-Para declives superiores a 30-35º mobilizações manuais;
-Evitar a utilização de Máquinas pesadas.
Rápido estabelecimento de uma acção protectora extensiva a toda
a superfície do terreno (Recuperação do estrato herbáceo)
Área com Erosão
Moderada
Recuperação do Coberto Vegetal
(ver Anexo X)

Sementeira de mantos de herbáceas de crescimento rápido, gramíneas
em placa, hidrossementeira
Favorecimento do processo de sucessão natural
Plantação de sp. autocones de acordo com a vegetação potencial
42
CLASSE DE EROSÃO
ACÇÃO
BOA PRÁTICA
-Mobilizações parciais segundo as curvas de nível;
Mobilização do solo
-Para declives superiores a 30-35º mobilizações manuais;
-Evitar a utilização de Máquinas pesadas.
Rápido estabelecimento de uma acção protectora extensiva a toda
a superfície do terreno (Recuperação do estrato herbáceo)
Recuperação do Coberto Vegetal
(ver Anexo X)

Sementeira de mantos de herbáceas de crescimento rápido, gramíneas
em placa, hidrossementeira
Favorecimento do processo de sucessão natural
Área com Erosão Critica
ou Severa

Plantação de sp. autocones de acordo com a vegetação potencial
-Mobilizações parciais segundo as curvas de nível;
Mobilização do solo
-Para declives superiores a 30-35º mobilizações manuais;
-Evitar a utilização de Máquinas pesadas.
43
CLASSE DE EROSÃO
ACÇÃO
BOA PRÁTICA
-Não abater as árvores ardidas e condicionar o acesso a essas áreas;
-Nas encostas com inclinações acentuadas poderão ser colocados troncos (por
exemplo: troncos ardidos) segundo as curvas de nível de forma a reter os
sedimentos, diminuir a velocidade da água na superfície do solo e promover uma
maior infiltração da água;
-Áreas afectadas pelo fogo
-Proceder, se necessário, a uma sementeira de herbáceas, sem utilização de
fertilizantes.
-Não deverá ser iniciada a reflorestação das zonas ardidas antes de ser
previamente avaliada, tendo em atenção ao próprio grau de regeneração;
-Nas áreas de regeneração natural deverá ser realizado acompanhamento técnico
para assegurar o correcto povoamento;
-Promover a correcta gestão das áreas florestais.
-Em zonas muito inclinadas, deve-se trabalhar segundo as curvas de nível;
-Devem-se efectuar operações manuais (sem utilização de maquinaria pesada);
-Restantes áreas que sofreram
danos recentes e que se
encontram em
situações bastante críticas
- Em situações bastante severas, é aconselhável construir estruturas que evitem e
protejam da erosão (uso de: faxinas, telas de geotextil , paliçadas e construção de
enrocamentos, entre outros);
-Proceder a uma sementeira de herbáceas, sem a utilização de fertilizantes.
Adaptado de Florestar (2007).
44
2.3.2.2.
ÁREAS EM QUE OCORRAM HABITATS PROTEGIDOS PELA DIRECTIVA Nº 92/43/CEE
O Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro procede à regulamentação, num único diploma, das disposições da Directiva n.º
79/409/CEE, relativa à conservação de aves selvagens (“Directiva Aves”) e da Directiva n.º 92/43/CEE, relativa à conservação dos
habitats naturais e da fauna e flora selvagens, com o objectivo de contribuir para assegurar a biodiversidade, através da conservação e do
restabelecimento dos habitats naturais e da flora e fauna selvagens num estado de conservação favorável, tendo em conta as exigências
económicas, sociais e culturais, bem como as particularidades regionais e locais.
A importância de um dado habitat a nível da manutenção do ecossistema no qual este se encontra inserido prende-se com facto do habitat
considerado contribuir de forma inequívoca para a manutenção dos ciclos geo-físico-químicos da água, ar e solo e constituir a base para a
manutenção do conjunto de seres vivos, e respectivas inter relações, associados ao ecossistema.
45
REGRA GERAL
Manutenção de maciços, bosquetes ou núcleos de espécies arbóreas ou arbustivas autóctones existentes na
faixa de protecção:
→ Preservar os exemplares ou formações adultos e proteger a regeneração natural de espécies arbóreas e arbustivas
autóctones;
→ Efectuar podas e desramações selectivas nas espécies autóctones (carvalhos, castanheiros, sobreiro e azinheira,
medronheiros e outras espécies arbustivas autóctones), necessárias à sua manutenção;
→ Eliminar as espécies invasoras lenhosas, promovendo a sua erradicação;
→ Criar faixas ou manchas de descontinuidade de matos ou matagais, aumentando a biodiversidade e reduzindo a carga
combustível, com vista à diminuição do risco de incêndio;
→ Não realizar intervenções silvícolas nos períodos de reprodução e de dormitório da avifauna;
→ Implementar medidas de recuperação dos núcleos de vegetação natural climácica existentes que tenham sido
destruídos pelo fogo.
Sempre que os habitats presentes nas faixas de protecção tenham uma marcada especificidade devem ser seguidos os procedimentos
previstos no Manual de Boas Práticas em AEPA.
46
2.3.2.3.
RENATURALIZAÇÃO DA PAISAGEM
A paisagem pode ser definida como uma área heterogénea composta por distintas peças, os elementos da paisagem. Embora existam
diferenças entre as paisagens, elas partilham uma estrutura fundamental, formada pelos seus elementos, as parcelas, os corredores e a
matriz.
Dos vários elementos referidos, é importante analisar as funções características do corredor, como elemento estruturante e unificador na
paisagem e a sua função nas áreas afectas às estruturas eléctricas.
A presença e definição de corredores ecológicos nas áreas adjacentes às estruturas eléctricas é de extrema importância, no entanto, é
importante determinar as suas funções, larguras, composição e desempenho, que podem variar consoante a sua localização.
47
2.3.2.3.1.
UTILIZAÇÃO DAS FAIXAS DE PROTECÇÃO COMO CORREDORES ECOLÓGICOS
Os corredores ecológicos permitem a interligação dos fragmentos isolados na paisagem, possibilitando o fluxo vegetal e animal entre as
diferentes áreas da região. Assim, a partir do estudo da ecologia da paisagem identificam-se as diferentes formas de uso e ocupação do
local para que seja feita a conexão entre esses fragmentos.
Figura 14 - Implantação de corredores ecológicos e a possível conexão entre fragmentos florestais isolados na paisagem.
FONTE: Rodrigues et al., 2009
48
Existem diferentes situações-tipo que podem ocorrer como resultado da fragmentação da paisagem. Na tabela abaixo propõe-se algumas
das acções com vista à reconstituição de corredores ecológicos.
Quadro 5 – Proposta de acções para reconstituição de corredores ecológicos.
SITUAÇÃO
CARACTERÍSTICAS
ACÇÕES
1 - Preparação do terreno
Manchas fragmentadas por:
Espaços florestais
parcialmente degradados
Áreas florestais de
 Com cobertura florestal degradada;
 Com banco de sementes;
2, 4, 5 e 6
2 - Protecção e condução da
regeneração natural
 Isolados ou não.
 Presença de regeneração.
2,3
 Ausência de regeneração.
5,2
3 - Plantação/Sementeira
exploração (Pinus e
Eucalyptus)
Áreas agrícolas
Pastagens
 Sem cobertura
 Com remanescente
florestal
próximo
 Sem banco de
sementes
Áreas degradadas
Áreas ardidas
4 - Gestão da vegetação
2,3
 Isolado
1, 2
5 - Desbastes
1, 3
6 - Desramações e Podas
1, 2, 3, 4
7, 3
7 - Corte e Remoção de material morto
49
Quadro 6 – Proposta de acções para situações de evolução de manchas de habitats/espécies que existam em áreas adjacentes à faixa de protecção onde se apresentam em
regressão/degradação.
SITUAÇÃO
Habitat adjacente a FP
CARACTERÍSTICAS
ACÇÕES
2, 3
2 – Condução da regeneração natural - O favorecimento da regeneração natural deverá privilegiar espécies autóctones (ex:
medronheiro, carrasco), de forma a garantir a preservação do património genético e a elevada diversidade de espécies no local a
recuperar. Este é método bastante importante devido ao facto de conservar a vegetação natural a baixos custos operacionais.
3 – Plantação/sementeira - Este procedimento é recomendado para suprir eventuais falhas da regeneração natural, caso não
atinja as densidades mínimas, sendo que deverá ser uma opção a considerar de forma a acelerar o processo de recuperação
ecológica. Propõe-se a utilização de espécies autóctones provenientes da região a intervir. Utilizam-se espécies arbustivas no
espaçamento 3x2 ou 2x2 m (ex: carrasco, folhado, medronheiro, pilriteiro); para a introdução de espécies arbóreas de
crescimento lento, deve-se utilizar o espaçamento 6x6m (ex: azinheira, sobreiro, carvalho). Deverá ser efectuada à cova de
modo a minimizar a mobilização e compactação do solo.
Seleccionar cuidadosamente a proveniência das plantas e sementes, dando preferência a propágulos locais, e acautelar pela
boa condição sanitária das mesmas. Deve ser ainda assegurado que o acondicionamento, o transporte e o maneio das
plantas/sementes não alterem a sua qualidade original.
Para proteger as plantas instaladas, devem ser utilizados protectores de plástico, enterrando-se ligeiramente no solo para
garantir alguma estabilidade mecânica.
50
Área 1
Área 2
Área 3
Área 1 Área 2 Área 3
Figura 15 e 16 - Esquemas de plantações de acordo com a altura das árvores e a distância de segurança à linha eléctrica.
FONTE: dteenergy
4 – Gestão da vegetação - Efectuar gestão selectiva de matos (ex: tojais, urzais, sargaçais) com recurso a processos manuais
ou motomanuais, privilegiando a presença de regeneração natural das espécies autóctones presentes.
A gestão da vegetação arbustiva e herbácea deve ser feita periodicamente e tem como objectivo o controlo da concorrência
hídrica e a diminuição da massa combustível. Esta deve ser parcial, por faixas e /ou localizada e cingir-se ao corte, rente ao solo,
da parte aérea da vegetação, minorando desta forma alguma erosão do solo. Esta medida poderá ser realizada com o recurso à
motorroçadora.
51
5 – Desbastes - Procede-se a desbastes dos núcleos arbóreos existentes (ex: pinheiros), quando justificável.
Podem retirar-se as árvores mortas e doentes, mal conformadas e dominadas, promovendo a constituição de um povoamento
florestal desafogado onde não existe continuidade horizontal e assim dificultar a transmissão do fogo entre árvores contíguas.
Também se poderão fazer cortes selectivos de indivíduos que poderão constituir uma ameaça para a zona de segurança da linha
aérea de distribuição de energia eléctrica. Serão eliminadas as árvores de crescimento rápido. Os cortes serão efectuados com
recurso à motosserra.
6 – Desramações e Podas - A desramação é uma operação que consiste em retirar os andares inferiores das copas das
árvores. É realizada no terço inferior da árvore, permitindo criar uma descontinuidade vertical diminuindo a possibilidade do
estrato arbustivo entrar em contacto com a parte inferior das copas das árvores.
Na condução do tronco por intermédio de podas de formação, cortam-se selectivamente os ramos para obter um fuste direito,
realizando-se preferencialmente durante o repouso vegetativo.
7 – Corte e remoção de material morto - A remoção do arvoredo queimado, será realizada até 1 ou 2 anos depois do incêndio,
com o fim de garantir uma cobertura vegetal mínima que proteja o solo da erosão. Tendo em conta o tempo decorrido após o
incêndio, a opção pelo corte incidirá sobretudo nas árvores cuja copa se encontre completamente afectada e em que a respectiva
regeneração se encontre irremediavelmente comprometida. A operação de corte deve ser realizada com motosserra.
52
A gestão da vegetação nas FPs deve ser feita de acordo com as acções acima referidas, sendo adaptadas a cada situação de
fragmentação da paisagem e à regressão/degradação de habitats e espécies protegidas. Tendo como finalidade a reestruturação de
corredores ecológicos, assegurando a continuidade natural da vegetação arbórea autóctone, como o sobreiro, a azinheira e outros
carvalhos, e reduzindo o impacto sobre os nichos ecológicos existentes. Também aqui se deve, sempre que possível, contemplar
intervenções integradas com stakeholders e outros parceiros em áreas confinantes com as FP’s. Para além das espécies acima referidas,
de destacar também as relíquias das terras altas, o teixo e as bétulas, as árvores de produção como os castanheiros e ainda espécies
autóctones arbustivas de interesse económico, como o medronheiro.
Evitar a instalação de novas linhas eléctricas sobre manchas naturais de espécies relíquiais.
53
2.4.
FICHAS DE GESTÃO DA VEGETAÇÃO DAS FAIXAS DE PROTECÇÃO
PLANTAÇÕES FLORESTAIS
Situação antes da intervenção
Pinheiro Bravo (altura média 15 m)
Eucalipto (altura média 15 m)
Após intervenção
Carvalho-cerquinho (plantação)
Carvalho-negral (plantação)
Medronheiro (plantação)
Sobreiro (plantação)
Azinheira (plantação)
Murta (plantação)
54
Situação antes da intervenção
Eucalipto (altura média 15 m)
Carvalho-cerquinho (plantação)
Medronheiro (plantação)
Carvalho-negral (plantação)
Sobreiro (plantação)
Após intervenção
Azinheira (plantação)
Murta (plantação)
55
ZONAS AGRO-FLORESTAIS
Situação antes da intervenção
Sobreiro (altura média 10 m)
Azinheira (altura média 8 m)
Medronheiro (Arbutus unedo L.)
Após intervenção
Folhado (Viburnum tinus L.)
Murta (Myrtus communis L.)
Culturas Anuais
Sobreiro (altura média 10 m)
Medronheiro (Arbutus unedo L.)
Murta (Myrtus communis L.)
Folhado (Viburnum tinus L.)
Culturas Anuais
Matos
Azinheira (altura média 8 m)
Matos
56
III. INFORMAÇÃO DE SUPORTE
57
ANEXO I - BASE REGULAMENTAR
Reserva Agrícola Nacional
Do Decreto-Lei 73/2009 de 31 de Março transcreve-se o seguinte texto: "Com o enquadramento dado por políticas nacionais, por
políticas europeias e por compromissos assumidos ao nível das Nações Unidas, a utilização do solo obedece a regras, assumindo
designadamente a natureza de restrições de utilidade pública de âmbito nacional".
"Considera-se pois necessário e premente reforçar a importância dos recursos pedológicos que devem estar afectos às actividades
agrícolas e adaptar a realidade existente às actuais condições concretas da procura de solos para outras finalidades, tais como o
lazer, a manutenção do ciclo da água e do carbono e a paisagem, desempenhando a Reserva Agrícola Nacional um papel
fundamental na concretização dos objectivos principais da preservação do recurso do solo e sua afectação à agricultura".
Reserva Ecológica Nacional
Com fundamento no Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto, que se encontra em vigor, tendo por base " pressupostos que se
consideram fundamentais:
i) o reforço da importância estratégica da Reserva Ecológica Nacional, tendo presente a sua função de protecção dos recursos
considerados essenciais para a manutenção e preservação de uma estrutura biofísica indispensável ao uso sustentável do território;
ii) a manutenção da natureza jurídica da REN enquanto restrição de utilidade pública fundamentada em critérios claros, objectivos e
harmonizados na sua aplicação a nível nacional; iii) a articulação explícita com outros instrumentos de política de ambiente e de
ordenamento do território; iv) a simplificação, racionalização e transparência de procedimentos de delimitação e gestão, e v) a
identificação de usos e acções compatíveis com cada uma das categorias de áreas integradas na REN, ultrapassando uma visão
estritamente proibicionista sem fundamento técnico ou científico."
Domínio Público Hídrico
De acordo com Instituto da Água é definido:
"Domínio público hídrico, é o que diz respeito às águas públicas. Por se encontrar integrado no domínio público do Estado, os bens,
naturais ou artificiais, que o constituem estão, nos termos da lei, submetidos a um regime especial de protecção em ordem a garantir
que desempenhem o fim de utilidade pública a que se destinam, regime que os subtrai à disciplina jurídica dos bens do domínio
privado tornando-os ―inalienáveis, impenhoráveis e imprescritíveis‖". É habitualmente subdividi-lo em domínio marítimo, domínio
fluvial, domínio lacustre.
58
"O Estado pode, no entanto, através da respectiva entidade administrante, autorizar a particulares o uso privativo de determinadas
parcelas do domínio público hídrico, mediante a atribuição de uma licença ou concessão, consoante a natureza do uso em questão".
59
ANEXO II - TÉCNICAS DE GESTÃO DA VEGETAÇÃO
As tarefas de gestão da vegetação arbustiva são normalmente reconhecidas como indispensáveis à manutenção e crescimento dos
povoamentos florestais, contribuindo para uma diminuição da competição interespecífica, em simultâneo com a redução da carga
combustível, garantindo uma diminuição do perigo de incêndio (MANSO et al., 2005).
Seguidamente e de forma resumida descrevem-se as técnicas de gestão de combustíveis florestais que podem ser usadas nas nossas
comunidades vegetais.
II.1 Uso de meios mecânicos
A utilização de meios mecânicos para proceder ao corte de vegetação pode ser uma forma eficaz de resolver o problema da acumulação
de combustíveis. Os inconvenientes traduzem-se sobretudo na permanência de detritos no solo e na rápida recuperação da vegetação,
nomeadamente das espécies de regeneração vegetativa. De entre os meios utilizados destacamos (SILVA & LOPES, 2002):
Corta-matos de facas e de correntes acoplados a um tractor, recomendados para vegetação até 8 cm de diâmetro;
Destroçadores de martelos, os quais podem remover toda a vegetação até 15 cm de diâmetro;
Roçadores de berma de estrada montados em braço hidráulico, especialmente adequados para o corte de vegetação herbácea e
pequenos arbustos.
Os autores ainda referem a mobilização do solo como uma forma eficaz de eliminar o combustível do sub-coberto, dado permitir
simultaneamente o corte e o enterramento de todo o material combustível existente.
60
II.2 Uso de meios moto-manuais
Entre as acções que se podem realizar com este conjunto de técnicas podemos listar a correcção de densidades excessivas,
desramações e a gestão do estrato arbustivo.
A correcção de densidades excessivas consiste na implementação de cortes nos povoamentos, reduzindo assim a sua densidade. Os
critérios de prioridade podem centrar-se no corte de árvores decrépitas ou mortas, mal adaptadas à estação e/ou com fraco
desenvolvimento vegetativo, ou com visíveis problemas fitossanitários. Todo o material lenhoso resultante destas operações deverá ser
estilhaçado e/ou triturado e incorporado, quando possível.
As desramações são realizadas com o objectivo de promover a descontinuidade vertical do combustível, recomendando-se o recurso a
técnicas manuais de gestão de combustíveis, em árvores que tenham ramos ao nível do estrato arbustivo e arbóreo, evitando-se, assim, o
contacto entre os estratos herbáceos e arbustivos.
Para o estrato arbustivo poderão utilizar-se motorroçadoras de disco, para cortar vegetação até 5 cm de diâmetro. A gestão moto-manual
de combustíveis permite maior selectividade de espécies, indicada para locais onde não é possível o uso de mais nenhuma outra técnica,
seja por condicionantes morfológicas do território ou pela presença de espécies ou comunidades vegetais protegidas ou ecologicamente
sensíveis.
Poderá procurar-se articulação entre as necessidades da EDP Distribuição – Energia SA e as equipas do Programa Nacional de
Sapadores Florestais, nas respectivas áreas de intervenção, e onde este meio de gestão de combustíveis se justifique.
II.3 Fogo controlado
O fogo controlado é empregue na prevenção de incêndios florestais, e consiste na queima de forma controlada de combustível florestal. É
uma técnica muito aplicada no ordenamento cinegético e silvo-pastoril e na gestão de áreas florestais sendo especialmente indicado para
gestão dos estratos subarbustivo e arbustivo (mesmo que em povoamentos florestais de pinheiro-bravo ou eucalipto).
61
Encara-se assim o fogo como um aliado e que pode e deve ser utilizado com os seguintes objectivos (CORREIA, 1985):
Eliminação dos matos, nomeadamente debaixo do coberto dos povoamentos;
Criação de faixas em que se reduz a quantidade de combustível, nomeadamente em áreas mais susceptíveis à propagação dos incêndios;
Eliminação da competição pela água e pelos nutrientes em povoamentos e pastagens.
Esta parece ser a única técnica compatível com a aplicação da gestão de combustíveis numa escala espacial significativa (FERNANDES,
2006), sendo no entanto uma técnica a privilegiar apenas, como se refere, quando se esteja perante áreas de dimensão assinalável o que,
no caso das FGC da rede de distribuição eléctrica, raramente será útil.
O fogo controlado é reconhecido como uma técnica a privilegiar na elaboração dos planos de defesa da floresta contra incêndios, sendo
muitas vezes apontada como a melhor solução quando ponderada a relação custo/eficiência.
As acções de fogo controlado devem incidir em zonas que reduzirão o potencial de propagação de um incêndio florestal. Estas acções só
serão possíveis de realizar se as condições meteorológicas assim o permitirem, devendo ser planeadas e executadas por técnicos
credenciados pela Autoridade Florestal Nacional.
Nas áreas seleccionadas para a realização de acções de fogo controlado será elaborado um plano de fogo controlado, projectado a três
ou cinco anos, que será submetido à apreciação e aprovação da respectiva Comissão Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios.
Como se disse, uma vez que as faixas associadas à rede de distribuição de energia eléctrica são relativamente estreitas, o uso de fogo
controlado apenas se justifica se houver articulação com os proprietários ou entidades gestoras das zonas adjacentes à faixa, permitindo
reduzir a carga combustível de uma área mais alargada, com diminuição efectiva da perigosidade de incêndio e com partilha de custos
entre os beneficiários.
Poderá ainda procurar-se articulação em locais onde o uso tradicional do fogo para renovação de pastagens é uma realidade. A
articulação entre os diferentes stakeholders trará benefícios tanto em termos de custos associados, como ao nível a eficiência da gestão a
médio e longo prazo, uma vez que o pastoreio pode fazer a manutenção dessas faixas, aumentando o período de retorno das
intervenções.
62
II.4 Fitocidas
O uso de produtos fito-tóxicos são apresentados por alguns especialistas como alternativas para a redução de combustíveis. Actualmente,
trata-se de prática bastante vulgarizada nalguns países.
Os fitocidas podem ser distinguidos consoante o seu modo de actividade, em herbicidas sistémicos, de absorção radicular e foliar e
translocação no interior das plantas , e herbicidas de contacto, de fraca a nula translocação em que apenas a parte aérea é destruída sem
afectar, directamente, a parte subterrânea.
No caso da potencial aplicação destes produtos nas FGC’s, a mesma é essencialmente recomendável no controlo de espécies invasoras
ou de outras arbustivas que ocorrem em locais que, pela sua orografia ou proximidade de núcleos de outras espécies a preservar, não é
pratico recorrer a meios mecânicos de corte e destroçamento (caso dos silvados por exemplo).
Em qualquer dos casos o herbicida a seleccionar é o de acção sistémica de absorção exclusivamente foliar. Os fitocidas de absorção
predominante ou exclusivamente foliar poderão ser aplicados por pulverização e, no caso de cepos ou toiças por pincelamento.
Na constituição e manutenção das FGC’s a aplicação destes fitocidas será feita através de pulverização accionada por meios mecânicos,
manual e por pincelamento.
Os pulverizadores manuais são os que maior interesse terão para áreas de pequena dimensão, pois o seu custo é muito reduzido e
permitem ao operador chegar a todos os locais.
Os pulverizadores accionados por meios mecânicos, (tractores), podem ser do tipo jacto projectado, de contacto (humidificação) ou de
jacto transportado com canhão oscilante. Os pulverizadores de jacto projectado equipados com mangueiras e pistolas de pulverização,
permitem tratar zonas onde o acesso com o veículo não é possível, sendo por este motivo adequados na constituição e manutenção das
FGC’s. No caso de FGC’s onde ocorram matos baixos que seja desejável eliminar podem ainda ser utilizados pulverizadores de contacto
que apresentam braços envolvidos em material absorvente que está impregnado de produto que, por contacto com a vegetação, deixa
esta molhada. Os pulverizadores de jacto transportado com canhão oscilante, são geralmente utilizados no combate das espécies
arbustivas ou para seu tratamento.
63
Como se disse o uso de fitocidas poderá ser aplicado em áreas onde se verifique a presença de silvados e espécies invasoras como a
Acácia. No entanto deverá evitar-se em zonas de solos muito permeáveis ou quando se verifique o perigo de contaminação da água.
De salientar que qualquer intervenção em zonas onde se verifique a presença de invasoras deve ser feita à escala da mancha, uma vez
que a faixa de gestão de combustível poderá ser um vector de propagação dessas espécies. Para tal deverão envolver-se peritos na área
do controle e erradicação de invasoras, e todas as intervenções deverão ser consideradas experimentais. O uso de fitocidas nestas áreas
poderá exigir intervenções complementares, não só para diminuição da perigosidade devido à presença de combustíveis secos após a
morte das árvores, mas também para diminuir a capacidade da espécie se propagar em extensão.
II.5 Síntese
Dos estudos efectuados no âmbito da realização deste manual conclui-se que o fogo controlado é muito eficaz na redução da cobertura e
altura da vegetação, assim como, do biovolume de combustível (MANSO et al., 2005). Por outro lado, o pastoreio parece ter um papel
importante na manutenção dos efeitos das intervenções de fogo controlado e corte, alargando os seus intervalos de execução, sendo, no
entanto, de referir o seu efeito selectivo na composição florística dado que existem espécies vegetais evitadas pelos animais perante a
disponibilidade de outras.
64
Quadro 7 - Quadro comparativo das diferentes técnicas de gestão de combustível.
MÉTODO
CUSTO
Mecânico
(corta-mato)
Corta-mato de
correntes (+), de
facas (++), e de
martelos (+++),
com eficiências
variáveis
NECESSIDADE DE
TRATAMENTOS
PRÉVIOS OU
COMPLEMENTARES
VANTAGENS
Não
Não afecta a estrutura do solo; permite alguma
selecção de espécies a remover (p.ex. pirófitas);
preserva alguma capacidade regenerativa da
vegetação; não requer operadores especializados
Mecânico
(lâmina)
+
Não
De execução simplificada, mesmo em declives
acentuados e com maior carga de biomassa;
garante uma eliminação mais duradoura da
vegetação; não requer operadores especializados
Mecânico
(destroçador
tipo
slashbuster)
?
Não
Muito selectivo e versátil, tratando estratos não
acessíveis por outros métodos (ex: copado);
elevada produtividade (ha/h)
Mecânico
(grade)
++
Não
Utilizável em maiores declives; elevada
produtividade (ha/h); não requer operadores
especializados
Mecânico
(estilhaçador)
++/-
Sim
Incorpora no terreno biomassa mais facilmente
decomponível; permite o aproveitamento
alternativo da biomassa para outros fins (ex:
energia, etc.), garantindo cobertura parcial ou total
das despesas efectuadas; pouco exigente em
termos de operadores especializados
Moto-manual
++++
Não
Altamente selectivo permite escolha das espécies
a cortar ou a manter; adequado para zonas
sensíveis do ponto de vista paisagístico ou
DESVANTAGENS
Eficiência e custos muito dependentes do tipo de
solo e declive; usualmente apenas para pequenos
diâmetros; não reduz a quantidade total de
combustível lenhoso (ton/m²) presente no
povoamento e pode aumentar localmente o perigo
de incêndio por criar novo estrato contínuo de
combustível (na superfície do terreno);
produtividade baixa (ha/h)
Destrói a estrutura e fertilidade do solo, gerador
de erosão e de forte impacte na paisagem, apenas
utilizável em parcelas ou faixas de pequena
dimensão, podendo ocasionar acumulação local
de combustível (nota do editor: não aconselhável)
Não testado no continente europeu; não reduz a
quantidade total de combustível lenhoso (ton/m²)
presente no povoamento, podendo ocasionar
nalguns estratos acumulação de combustível
(ex:superfície de solo); requer operadores
especializados
Contribui para a diminuição da fertilidade do solo;
afecta a sustentabilidade dos povoamentos a
médio/longo prazo, sobretudo em zonas mais
declivosas ou secas; destrói o sistema radicular
superficial de povoamentos de quercíneas,
podendo contribuir para a disseminação de
fungos radiculares (ex: Phytophtora)
Necessita sempre de tratamento prévio
(desramação, desbaste, corte, etc.); não reduz a
quantidade total de combustível lenhoso (ton/m²)
presente no solo e pode aumentar localmente o
perigo de incêndio por criar um novo estrato
contínuo de combustível (na superfície do
terreno); exigente em jornas
Necessita de tratamentos complementares
(queima, estilhaçamento, etc.); apenas para
pequenos diâmetros; requer especialização dos
65
MÉTODO
CUSTO
NECESSIDADE DE
TRATAMENTOS
PRÉVIOS OU
COMPLEMENTARES
VANTAGENS
conservacionista, nas interfaces urbanas e de
equipamentos ou em terrenos declivosos,
pedregosos ou com muitos afloramentos rochosos
Fitocidas
Fogo
controlado
++
+
DESVANTAGENS
operadores; exigente em jornas
Sim
De fácil aplicação e eficaz na acção de morte das
plantas, com alguma selectividade; pouco exigente
em termos de operadores especializados
Não aplicável em larga escala, em áreas
classificadas e em zonas de protecção dos
recursos hídricos; não reduz a quantidade total de
combustível lenhoso (ton/m²) presente no solo e
aumenta localmente o perigo de incêndio por
incrementar radicalmente a proporção de
combustíveis mortos (se não existir método
complementar)
Sim
Muito eficaz nos resultados e com grande
historial de uso, constitui um importante factor
ecológico com efeitos benéficos na
manutenção de determinadas espécies e
ecossistemas; aplicável em solos pedregosos e
declivosos; quando executado por pessoal
experimentado, permite alguma selectividade
das espécies a remover
Condicionado pelas condições meteorológicas; e
a diversas zonas com restrições paisagísticas
(interfaces, etc.); exigindo uma rigorosa e
planificação da sua execução dado que pode
afectar a sanidade ou valor económico de certos
povoamentos ou alastrar.; Requer especialização
de operadores
66
ANEXO III - PLANTAS INVASORAS
Em Portugal, muitas das plantas que actualmente se comportam como invasoras foram introduzidas em épocas passadas com objectivos
distintos. Na fixação das areias utilizou-se o chorão-das-praias e a acácia-de-espigas, na estabilização de taludes recorreu-se à mimosa,
criaram-se sebes vivas com háquias, com intuito ornamental introduziram-se os espanta-lobos e a erva-das-pampas. À mimosa também
era reconhecido valor estético, tanto que em Viana do Castelo se fazia uma festa da Mimosa, que cobria grande parte do Monte de Sta.
Luzia, quando ela estava em flor.
A mimosa (Acacia dealbata) e a háquia -picante (Hakea sericea), são duas das maiores ameaças no território Continental Português, cuja
germinação e dispersão são estimuladas por episódios de fogo. Nestes casos o fogo assume-se como promotor da invasão, limitando
assim o desenvolvimento das espécies nativas.
A legislação portuguesa reconheceu em 1999 a gravidade deste problema no Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de Dezembro, o qual regula a
introdução na natureza de espécies não indígenas (exóticas), listando a totalidade de plantas introduzidas no país e assinalando entre
essas as que são consideradas invasoras.
Atualmente, o diploma encontra-se em processo de revisão, de forma a tornar-se mais legível e fácil de aplicar, e a incorporar os seguintes
três níveis de objetivos: prevenir a introdução de novas espécies não indígenas em território nacional ou em unidades geograficamente
isoladas; fazer a deteção precoce de situações de introdução e acionar mecanismos rápidos de controlo e conter a proliferação das
espécies não indígenas invasoras já introduzidas, através de planos de controlo e erradicação.
Existem cerca de 40 espécies de plantas invasoras em Portugal (MARCHANTE et al., 2008) das quais apenas 29 estão listadas na
legislação Nacional (Decreto-Lei nº 565/99). No âmbito deste Manual, são abordadas 10 plantas invasoras que considerámos como
ameaças mais representativas na constituição e manutenção das Faixas de Proteção confinantes às linhas Elétricas, 9 são reconhecidas
pela referida legislação, às quais acrescentámos a cana (Quadro 8).
67
Quadro 8 - Listagem das plantas invasoras contextualizadas no presente Manual e seu risco de invasão.
Nome vulgar
Nome científico
Risco de Invasão
Classificada como
(*)
planta invasora
Acácia
Acacia saligna (Labill.) H. Wendl.
Mediano
Sim
Acácia-Austrália
Acacia melanoxylon R.Br.
Elevado
Sim
Acácia-de-espigas
Acacia longifolia (Andrews) Willd.
Elevado
Sim
Acácia-virilda
Acacia retinodes Schlecht
Mediano
Sim
Árvore-do-incenso
Pittosporum undulatum Vent.
Mediano
Sim
Cana
Arundo donax L
Elevado
Não
Espanta-lobos
Ailanthus altissima (Miller) Swingle
Elevado
Sim
Falsa-acácia
Robinia pseudoacacia L
Mediano
Sim
Háquea-picante
Hakea sericea Schrader
Elevado
Sim
Mimosa
Acacia dealbata Link
Elevado
Sim
(*)
Espécie listada no Anexo I do Decreto-Lei n.º 565/99 como invasora.
Fonte: MARCHANTE et. al. (2008) e Decreto-Lei n.º 565/99 de 21 de Dezembro.
A melhor forma de controlar as plantas invasoras começa pela correta identificação das mesmas, para que depois se possam
estabelecer prioridades de intervenção adequadas à espécie e sua situação de invasão.
68
Glossário de Técnicas de Intervenção
A
- Arranque
Arranque manual de plântulas e indivíduos jovens de plantas invasoras, em que se
removem todas as raízes do solo (desenraizamento); esta operação deve ser efectuada na
época das chuvas de forma a facilitar a sua libertação (MARCHANTE, 2005).
Figura 17 - Indivíduos jovens de mimosa (A. dealbata) em núcleo isolado sujeito a ações de controlo.
Fonte: FloraSul
69
CM - Corte Mecânico
Corte mecânico de plantas invasoras com corta-matos de correntes ou facas, tão rente ao solo quanto possível. Quando o uso de meios
mecânicos não for viável, deve recorrer-se ao corte moto-manual com motorroçadora. Independentemente do equipamento utilizado no corte,
estas operações devem ser realizadas antes da maturação das sementes, de modo a evitar o banco de sementes do ano, e acautelando a
salvaguarda dos indivíduos autóctones, sejam estes do tipo arbóreo, arbustivo ou mesmo herbáceo.
Os sobrantes devem ser destroçados e espalhados sobre o terreno, de forma a minimizar o rebentamento das raízes superficiais e a
germinação das sementes presentes no solo. Isto aplica-se a todas as plantas invasoras aqui abordadas, com a excepção da cana.
Nota: A maturação da semente da mimosa (A. dealbata), ocorre sensivelmente entre Julho e Agosto, 5 a 6 meses após a floração – Janeiro a Março (PAIVA, 1999 in
FERNANDES, 2008).
a)
b)
c)
d)
Figura 18 - Corte de mimosa (A. dealbata): a) Moto-manual com motor roçadora; b) Moto-manual com motosserra; c) Mecânico com corta-matos de correntes; d) Detalhe do
corta-matos em processo de corte e destroçamento.
Fonte: FloraSul
70
CP - Corte + Pincelagem imediata com herbicida
Corte tão rente quanto possível (a um máximo de 15 cm) do solo seguido de aplicação imediata por pincelagem de herbicida(*)
– glifosato. Sugere-se herbicida diluído a 33%, com composição de 450g/L de glifosato, sob a forma de sal de isopropilamónio.
Deve ser dada preferência a químicos com Certificado de Compatibilidade Ambiental. Quanto mais rápida for a aplicação do
herbicida, maior a eficácia (MARCHANTE, 2005). A sucessiva pincelagem das toiças de Acacia dealbata pode conduzir à morte
das estruturas radiculares (FERNANDES, 2008).
O corte deverá ser realizado antes da maturação das sementes, de modo a evitar o banco de sementes do ano.
(*)
- herbicida com 450g/l de glifosato na composição (Ex. - Roundup Supra ou Envision). Alternativamente, os herbicidas com Certificado de
Compatibilidade Ambiental: Spasor, Asteróide, etc. Não se recomenda a utilização de produtos químicos em dias de precipitação ou de muito vento.
a)
b)
c)
Figura 19 - Corte e pincelagem de mimosa (A. dealbata): a) Corte com foice; b) Pincelagem das toiças com herbicida diluído, c) Herbicida utilizado.
Fonte: FloraSul
71
C
- Corte + Remoção física do rizoma (desenraizamento)
Técnica essencialmente aplicada para a invasão por cana que inclui corte e remoção dos rizomas. Pode ser realizado com
maquinaria pesada, da qual é exemplo a retroescavadora. Os sobrantes têm de ser recolhidos e depositados em vazadouro ou
transportados para local previamente acordado para posterior queima.
Atenção: A cana é uma espécie com um comportamento invasor, que se reproduz vegetativamente, tendo grande capacidade de propagação pelo rizoma.
É importante que se removam todos os resíduos vegetais, para que a espécie não se volte a restabelecer.
Similarmente, a falsa-acácia (Robinia pseudacacia) é capaz de se restabelecer a partir de um pedaço de raiz, sendo preferível garantir a remoção total das
raízes, sempre que possível.
72
D
- Descasque
A realizar em indivíduos adultos com tronco liso, ou com poucas cavidades/pregas, com mais de 10cm de diâmetro (às vezes
um pouco menos – deve ser avaliado em cada caso). Nos descasques faz-se um corte a cerca de 70-100 cm do solo, e de
seguida removem-se tiras de casca até à superfície do solo. O descasque do tronco deverá efectuar-se em épocas em que o
câmbio vascular esteja activo, o que corresponde normalmente a épocas de temperaturas amenas e com alguma humidade
(final do Inverno ou Primavera). Noutras condições a casca não se solta facilmente impedindo o sucesso da metodologia.
Para maximizar o sucesso desta técnica, é importante que não permaneçam árvores não controladas nas proximidades. O
objetivo desta técnica é o de matar a árvore de pé, podendo este processo demorar vários meses; só se deve proceder ao
corte final quando a árvore estiver totalmente seca.
a)
b)
Figura 20 - a) Detalhe do corte efetuado na técnica de descasque; b) Aspeto final do tronco de mimosa (A. dealbata) após descasque.
Fonte: Elizabete Marchante, Centro de Ecologia Funcional – Universidade de Coimbra
73
FC - Fogo Controlado
A efectuar em áreas restritas, iniciada no corte dos indivíduos, seguido da utilização de fogo para estimular o banco de
sementes. O fogo controlado deve ser utilizado de forma prudente, não se pretende que este seja muito rápido, nem que atinja
uma intensidade elevada capaz de destruir as sementes ou propágulos de espécies nativas capazes de recolonizar as áreas
controladas.
A realizar durante o repouso vegetativo das plantas, entre Novembro e Março, sempre que as condições meteorológicas o
permitam, e antes do período de maturação das sementes da invasora. No caso da cana, o fogo controlado deve ser realizado
após a floração, que normalmente ocorre de Setembro a Outubro, e no da háquia-picante deve evitar-se a fase de semente
Desde que não hajam espécies com interesse conservacionista, é possível realizar-se a pulverização com herbicida para eliminar a regeneração da espécie
invasora (Corte -> Fogo controlado-> Herbicida). Poderá ser necessário repetir o controlo.
a)
b)
Figura 21 - a) Aspeto dos sobrantes de mimosa (A. dealbata); b) Exemplo de Ação de Fogo Controlado.
Fonte: António Salgueiro – GIFF, 2011
74
GI - Golpe/Injecção
Técnica em que se realizam golpes em ângulo descendente até ao alburno com uma machada/inchó, de forma a proporcionar um
"reservatório" para recolher o químico. Os cortes devem ser sucessivos e intercalados, separados 10 cm em altura, em redor de todo o
tronco; pode considerar-se um corte por cada centímetro de DAP (Diâmetro à Altura do Peito).
O químico pode ser aplicado com um esguicho, colocando cerca de 1ml de herbicida(*) directamente dentro da ferida (falsa-acácia e
espanta-lobos), preferivelmente na primavera e verão (MARCHANTE, 2005) ou então através de pincelagem sobre a ferida com herbicida
diluído a 50% (árvore-do-incenso e mimosa).
Tal como na técnica do descasque, o objetivo desta técnica é o de matar a árvore de pé, podendo este processo demorar vários meses; só
se deve proceder ao corte final quando a árvore estiver totalmente seca.
Atenção: No caso do espanta-lobos, os golpes são feitos à mesma altura (cerca de 1,2 m), de forma a quase se tocarem, ficando com 2-4 cm de casca por cortar entre
eles (MARCHANTE, 2005).
(*)
- herbicida com 450g/l de glifosato na composição.
Figura 22 - Golpe/Injecção em mimosa (A.dealbata): a)
Detalhe do tronco; b) Vista geral do acacial.
Fonte: FloraSul
a)
b)
75
P
- Pulverização
Aplicação de herbicida(*) diluído a 2% localizadamente com pulverizador ou atomizador, sobre os rebentos da planta invasora que
apresentam cerca de 15 a 30 cm de altura, salvaguardando os exemplares autóctones da Ação do químico. Esta técnica pode funcionar
como um bom complemento à técnica de corte mecânico (CM).
Nos casos da acácia (Acacia saligna) e acácia-virilda (Acacia retinodes), a pulverização faz-se directamente na base do tronco, sem corte
ou descasque. Na cana (Arundo donax), o recurso a herbicida só deve ser considerado se esgotadas as alternativas de actuação. A
aplicação pode ser feita tanto na zona de corte como por pulverização foliar, após a época de floração, que ocorre normalmente nos meses
de Setembro e Outubro. Em locais com importância ecológica, o recurso a herbicida deve ser excluído, pelo que a eliminação do canavial
deverá incluir o corte da cana seguido da remoção do rizoma (desenraizamento), técnica abordada anteriormente. No caso da háquiapicante (Hakea sericea), a pulverização das plântulas e arbustos será feita com triclopir, em situações bem ponderadas, devido aos efeitos
nefastos de herbicidas com este principio activo.
(*)
- herbicida com 450g/l de glifosato na composição.
Figura 23 - Pulverização de rebentos de mimosa
(A. dealbata):
a) Operador com pulverizador manual);
b) Detalhe da pulverização localizada
Fonte: FloraSul
a)
b)
76
HERBICIDAS RECOMENDADOS (GLIFOSATO)
A utilização de herbicidas deve ser criteriosa e ter em conta determinadas condicionantes:






Presença de linhas de água e de massas hídricas superficiais;
Precipitação;
Vento forte;
Temperaturas elevadas;
Área máxima de aplicação contínua:
Homologação, toxicidade e (eco)toxicidade, concentração geral e marca.
Da lista de herbicidas com venda autorizada em Portugal, concedida pela Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural
(DGADR), compilou-se aqueles que, do ponto de vista da classificação toxicológica e avaliação de (Eco)toxicidade e comportamento do
produto no ambiente, foram classificados como isentos (Is).
77
Quadro 9 - Lista de herbicidas classificados como isentos, relativamente à toxicidade e (Eco)toxicidade (à data de 07/11/2011).
[Concentração]
Empresa
Certificado de
Compatibilidade
Ambiental
Arbonal Star 45
450 g/l
Cheminova
-
Asteróide
360 g/l
Cheminova

Cosmic
360 g/l
Arysta
-
Envision 45
450 g/l
Cheminova
-
Glifotop Ultra
360 g/l
Makhteshim
-
Oxalis
360 g/l
Arysta
-
Piton Verde
360 g/l
Dow
-
Premier 45 Envision
450 g/l
Cheminova
-
Roundup Super +
360 g/l
Monsanto II
-
Roundup Supra
450 g/l
Monsanto II
-
Não aplicar quando se prevê
chuva nas 6 horas seguintes à
aplicação.
Roundup Ultra
360 g/l
Bayer
-
Não utilizar atomizadores na
sua aplicação.
Satelite
360 g/l
Afrasa
-
Spasor
360 g/l
Monsanto II

Substância
Ativa
Sal de
isopropilamónio
Nome
Restrições
Não aplicar quando se prevê
chuva nas 6 horas seguintes à
aplicação.
Fonte: DGADR, 2011b.
78
Excecionalmente, poderá utilizar-se um herbicida com o principio ativo triclopir, como por exemplo o Garlon da Dow AgroSciences, que é
classificado a nível toxicológico como Irritante ou sensibilizante (Xi) e a avaliação de (Eco)toxicidade e comportamento do produto no ambiente
classifica-o como Perigoso para o ambiente (N). Posto isto, recomenda-se no âmbito deste Manual, o uso do triclopir apenas no controlo de
rebentos de háquia-picante (Hakea sericea) na impossibilidade de recorrer a técnicas alternativas, como o uso de fogo controlado.
Os herbicidas aqui selecionados são igualmente recomendados para a realização da desvitalização dos cepos de eucalipto (Eucalyptus
globulus).
79
ANEXO IV- ENQUADRAMENTO LEGAL
RESERVA ECOLÓGICA NACIONAL:
• Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto, que estabelece o novo regime jurídico da REN;
• Declaração de Rectificação n.º 63-B/2008, de 21 de Outubro, que rectifica o Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto;
• Portaria n.º 1247/2008, de 4 de Novembro, que fixa o montante das taxas de apreciação dos pedidos de autorização e de comunicação
prévia previstos nos Art.ºs 22.º e 23.º do Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto;
• Portaria n.º 1356/2008, de 28 de Novembro, que estabelece as condições para a viabilização dos usos e acções referidos nos n.ºs 2 e 3
do Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto;
• Despacho SEAMAOT, de 17 de Novembro de 2004 (relativamente à avaliação das incidências na REN no âmbito de processo de AIA).
RESERVA AGRÍCOLA NACIONAL:
• Decreto-Lei n.º 73/2009, de 31 de Março, que aprova o regime jurídico da RAN;
• Despacho SEOTC, de 18 de Abril de 2007.
MEDIDAS DE PROTECÇÃO DO SOBREIRO E AZINHEIRA:
• Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de Junho, altera o Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio (estabelece as medidas de protecção ao
sobreiro e azinheira).
80
RECURSOS HÍDRICOS:
• Lei n.º 54/2005, de 15 de Novembro, rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 4/2006, de 16 de Janeiro (estabelece a titularidade
dos recursos hídricos);
• Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 11-A/2006, de 23 de Fevereiro (Lei da Água);
• Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 391-A/2007, de 21 de Dezembro, Decreto-Lei n.º 93/2008, de 4
de Junho, Decreto-Lei n.º 107/2009, de 15 de Maio, Decreto-Lei n.º 245/2009, de 22 de Setembro e Decreto-Lei n.º 82/2010, de 2 de Julho
(estabelece o Regime de Utilização dos Recursos Hídricos);
• Decreto-Lei n.º 97/2008, de 11 de Junho (estabelece o Regime económico e financeiro dos recursos hídricos).
ESPÉCIES INVASORAS:
 Decreto-Lei n.º 565/99 de 21 de Dezembro regula a introdução na Natureza de espécies não indígenas da flora e da fauna.
DECLIVE:
 Decreto-Lei n.º 73/2009 de 31 de Março estabelece classes de declives associadas ao risco de erosão.
NEMÁTODO DA MADEIRA DO PINHEIRO:
• Decreto-Lei n.º 154/2005, de 6 de Setembro (actualiza o regime fitossanitário que cria e define as medidas de protecção fitossanitária
destinadas a evitar a introdução e dispersão no território nacional e comunitário, incluindo nas zonas protegidas, de organismos
prejudiciais aos vegetais e produtos vegetais qualquer que seja a sua origem ou proveniência);
81
• Decisão n.º 2009/993/UE, de 17 de Dezembro, altera a Decisão n.º 2006/133/CE de 13 de Fevereiro (impõe que os Estados-Membros
adoptem temporariamente medidas suplementares contra a propagação do nemátodo da madeira do pinheiro no que diz respeito a zonas
de Portugal, com excepção daquelas em que a sua ausência é conhecida);
• Decreto-Lei n.º 95/2011, de 8 de Agosto, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 30-A/2011, de 7 de Outubro (estabelece
medidas extraordinárias de protecção fitossanitária indispensáveis ao controlo do nemátodo da madeira do pinheiro e do seu insecto
vector).
CONSERVAÇÃO DE HABITATS NATURAIS:
• Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril revê a transposição para a ordem jurídica interna da Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2
de Abril (relativa à conservação das aves selvagens), e da Directiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio (relativa à preservação
dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens). Revoga os Decretos-Lei n.os 75/91, de 14 de Fevereiro, 224/93, de 18 de Junho, e
226/97, de 27 de Agosto.
• Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro procede à regulamentação, num único diploma, das disposições da Directiva n.º
79/409/CEE, relativa à conservação de aves selvagens (“Directiva Aves”) e da Directiva n.º 92/43/CEE, relativa à conservação dos
habitats naturais e da fauna e flora selvagens, com o objectivo de contribuir para assegurar a biodiversidade, através da conservação e do
restabelecimento dos habitats naturais e da flora e fauna selvagens num estado de conservação favorável, tendo em conta as exigências
económicas, sociais e culturais, bem como as particularidades regionais e locais.
82
ANEXO V - FICHAS INFORMATIVAS DAS ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTIVAS
I - Espécies Compatíveis com as Funções das Faixas de Protecção
São espécies autóctones, com desenvolvimento vertical lento e com potencial para o copado se desenvolver de forma horizontal, não
atingindo alturas demasiadamente elevadas. Possibilitam o aumento da biodiversidade e oferecem protecção contra o fenómeno erosivo.
São espécies que protegem e reabilitam o solo, através da introdução de matéria orgânica pela decomposição das folhas e pela
densidade das copas. As espécies autóctones caracterizam-se por uma elevada densidade florística, o que por sua vez proporciona uma
elevada diversidade de fauna.
As espécies autóctones estão mais adaptadas às condições edafo-climáticas do território, sendo mais resistentes a pragas, doenças e a
períodos longos de estio e chuvas intensas, em comparação com as espécies introduzidas.
Para além da valorização ecológica, o fomento da ocorrência de espécies autóctones é um contributo no combate a fogos de grande
intensidade, pela sua capacidade de regeneração após a passagem dos incêndios.
83
Nome Científico: Arbutus unedo L.
Nome Vernáculo: medronheiro, ervedeiro
Família: ERICACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo/Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Azinhais, sobreirais e bosques mistos, em precipícios e solos rochosos
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
84
Nome Científico: Crataegus monogyna Jacq.
Nome Vernáculo: escalheiro, espinheiro-alvar, espinheirobranco, pilriteiro
Família: ROSACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Arbusto espontâneo em todo o país, comum em meios naturais em
diversos tipos de solo
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
85
Nome Científico: Juniperus navicularis Gand.
Nome Vernáculo: piorro
Família: CUPRESSACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Matagais e pinhais em areias estabilizadas
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
86
Nome Científico: Juniperus oxycedrus L.
Nome Vernáculo:
oxicedro
zimbro-galego,
zimbro-de-espanha,
Família: CUPRESSACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Matagais extremes e bosques mistos em áreas quentes, secas e
continentais do interior Norte e Centro
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
87
Nome Científico: Juniperus turbinata Guss
Nome Vernáculo: sabina, sabina-das-praias
Família: CUPRESSACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Matagais litorais em areias ou substratos duros
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
88
Nome Científico: Laurus nobilis L.
Nome Vernáculo: loureiro
Família: LAURACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Sebes e bosques sub-litorais, de clima ameno sem geadas
prolongadas
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
89
Nome Científico: Myrtus communis L.
Nome Vernáculo: murta, murteira, mata-pulgas
Família: ROSACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Matos e matagais xerofílicos e orlas de bosques
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
90
Nome Científico: Pistacia lentiscus L.
Nome Vernáculo: aroeira, alfostigueiro, almessigueira,
lentisco, lentisco-verdadeiro
Família: ANACARDIACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Matos esclerófilos e bosques perenifólios
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
91
Nome Científico: Rhamnus alaternus L.
Nome Vernáculo: sanguinho-das-sebes
Família: ROSACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Sebes, matagais e bosques de folhas persistentes e marcescentes
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
92
Nome Científico: Salix salviifolia Brot.
Nome Vernáculo: Borrazeira-branca; sázeiro
Família: SALICACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Ocorre em margens fluviais, sobretudo de cursos de água torrenciais
ou temporários.
Para além de presente em vários tipos de salgueirais, esta espécie
pode, ainda, surgir nos amiais.
Opções de Gestão: Podas e desramações
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
93
Nome Científico: Viburnum tinus L.
Nome Vernáculo: folhado, milfolhado
Família: ROSACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Bosques perenifólios e galerias ribeirinhas
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
94
Nome Científico: Betula celtiberica Rothm. & Vasc.
Nome Vernáculo: bidoeiro, bétula, vidoeiro
Família: BETULACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Turfeiras, margens de cursos de água e locais húmidos das regiões
elevadas em solos profundos e siliciosos
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
95
Nome Científico: Olea europaea L.
Nome Vernáculo: oliveira, zambujeiro
Família: OLEACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbóreo ou Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Na Europa podem encontrar-se 2 variedades, a var. europaea
(oliveira), cultivada em toda a bacia mediterrânica para produção e
colheita do fruto (azeitona) e a var. sylvestris (zambujeiro) que surge
nas florestas esclerófilas mediterrânicas de sobreiros e azinheiras
Opções de Gestão: Podas selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
96
Nome Científico: Quercus coccifera L.
Nome Vernáculo: carrasco
Família: FAGACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Matos xerófilos, escarpas secas e rochosas com preferência por
calcários. Surge também em etapas de degradação de carvalhais
cerquinhos e azinhais e é beneficiada pelo fogo recorrente
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
97
Nome Científico: Quercus faginea Lam.
Nome Vernáculo: carvalho-cerquinho, pedamarro
Família: FAGACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Carvalhais estremes, sobreirais e azinhais, geralmente sobre solos
básicos
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas, Desbastes
selectivos de forma a potenciar o crescimento horizontal da copa dos
exemplares a manter ou em alternativa a poda
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
98
Nome Científico: Quercus pyrenaica Willd.
Nome
beiras
Vernáculo:
carvalho-negral,
carvalho-pardo-das-
Família: FAGACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Matas em
continental
clima
mediterrânico
relativamente
chuvoso
mas
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas, Desbastes
selectivos de forma a potenciar o crescimento horizontal da copa dos
exemplares a manter ou em alternativa a poda
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
99
Nome Científico: Quercus robur L.
Nome Vernáculo: alvarinho, carvalho-alvarinho, carvalhoroble, roble
Família: FAGACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Matas em clima temperado sem seca estival prolongada
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas, Desbastes
selectivos de forma a potenciar o crescimento horizontal da copa dos
exemplares a manter ou em alternativa a poda
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
100
Nome Científico: Quercus rotundifolia Lam.
Nome Vernáculo: azinheira, sardão, carrasco (NE de
Portugal)
Família: FAGACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Montados e bosques mediterrânicos
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas, Desbastes
selectivos de forma a potenciar o crescimento horizontal da copa dos
exemplares a manter ou em alternativa a poda
Condições legais para definição do período da intervenção:
Decreto-Lei n.º 169/2001 de 25 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei
n.º 155/2004 de 30 de Junho
101
Nome Científico: Quercus suber L.
Nome Vernáculo: sobreiro
Família: FAGACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Montados e bosques mediterrânicos. Pouca tolerância a solos
calcários
Opções de Gestão: Podas e desramações selectivas, Desbastes
selectivos de forma a potenciar o crescimento horizontal da copa
dos exemplares a manter ou em alternativa a poda
Condições legais para definição do período da intervenção:
Decreto-Lei n.º 169/2001 de 25 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei
n.º 155/2004 de 30 de Junho
102
Nome Científico: Salix alba L. subsp. alba
Nome Vernáculo: Salgueiro-branco; sinceiro; vimeirobranco
Família: SALICACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Ocupa margens de cursos de água; Para além de comum nalguns
tipos de salgueirais, pode, ainda, encontrar-se nos amiais.
Opções de Gestão: Podas e desramações
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
103
Nome Científico: Salix atrocinerea Brot.
Nome Vernáculo: Borrazeira-preta; cinzeiro; salgueiro;
salgueiro-preto
Família: SALICACEAE
Informação Estrutural
Porte Biológico: Arbóreo ou Arbustivo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Ocorre em margens fluviais, sítios húmidos e alagados.
Para além de ser característico em vários tipos de salgueirais, pode
ocorrer nos freixiais e nos amiais.
Opções de Gestão: Podas e desramações
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
104
II - Espécies Incompatíveis com as Funções das Faixas de Protecção
Uma das maiores causas de perda de biodiversidade e consequente alteração estrutural e funcional dos ecossistemas são as invasões
biológicas, particularmente por espécies exóticas.
São espécies alóctones, resistentes a todos os tipos de solos e climas, o seu rápido crescimento causa a perda de biodiversidade. Estas
espécies são reconhecidas como espécies exóticas de elevado potencial invasor, substituindo rapidamente as espécies autóctones ou, em
alguns casos, alterando o regime hídrico do solo.
O seu carácter invasor incorpora a vigorosa rebentação de toiça e raiz, a abundante produção de semente, a qual se apresenta viável no
solo durante longo períodos e com germinação após o fogo, a elevada capacidade de dispersão seminal, elevadas taxas de crescimento
nas primeiras idades, elevada resistência a perturbações como o fogo, associada à rápida capacidade de recuperação após a sua
passagem.
105
Nome Científico: Acacia dealbata Link
Nome Vernáculo: mimosa
Família: FABACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Muito Rápida
Porte Biológico: Arbóreo (Arbustivo)
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Exótica invasora por todo o país. Ocupa áreas perturbadas, margens
de via de comunicação e áreas agrícolas abandonadas
Opções de Gestão: Tratamento indicado para espécies invasoras
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
106
Nome Científico: Ailanthus altissima (Miller) Swingle
Nome Vernáculo: espanta-lobos, árvore-do-céu, ailanto
Família: SIMAROUBACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Muito Rápida
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Exótica invasora por todo o país. Ocupa áreas perturbadas, margens
de via de comunicação e áreas agrícolas abandonadas
Opções de Gestão: Tratamento indicado para espécies invasoras
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
107
Nome Científico: Alnus glutinosa (L.) Gaertner
Nome Vernáculo: amieiro
Família: BETULACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Rápida
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Margens de cursos de água, sítios inundados e húmidos
Opções de Gestão: Podas e desramações
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
108
Nome Científico: Castanea sativa Mill.
Nome Vernáculo: castanheiro
Família: FAGACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Moderada
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Soutos e castinçais nas regiões onde surgem o carvalho-negral
(Quercus pyrenaica Willd.) e carvalho-roble (Quercus robur L.)
Opções de Gestão: Podas e desramações, Corte selectivo de
indivíduos
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
109
Nome Científico: Eucalyptus globulus Labill.
Nome Vernáculo: eucalipto
Família: MYRTACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Rápida
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Cultivado em diversos tipos de solo, por todo o país
Opções de Gestão: Corte e desvitalização química em rebentação
de toiça
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
110
Nome Científico: Fraxinus angustifolia Vahl
Nome Vernáculo: freixo, freixo-comum
Família: OLEACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Rápida
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Margens de cursos de água e bosques em solos mesotróficos
Opções de Gestão: Podas e desramações
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
111
Nome Científico: Pinus pinaster Aiton
Nome Vernáculo: pinheiro-bravo
Família: PINACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Rápida
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Prefere solos pobres em carbonato de cálcio. Cultivado em diversos
tipos de solo, por todo o país
Opções de Gestão: Podas e desramações, Corte selectivo de
indivíduos
Condições legais para definição do período da intervenção:
Decreto-Lei n.º 95/2011 de 8 de Agosto, rectificado pela Declaração
de Rectificação n.º 30-A/2011 de 7 de Outubro
112
Nome Científico: Pinus pinea L.
Nome Vernáculo: pinheiro-manso
Família: PINACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Rápida
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Prefere solos profundos e arenosos de regiões quentes e sem
geada. Cultivado por quase todo o país
Opções de Gestão: Podas e desramações, Corte selectivo de
indivíduos
Condições legais para definição do período da intervenção:
Decreto-Lei n.º 95/2011 de 8 de Agosto, rectificado pela Declaração
de Rectificação n.º 30-A/2011 de 7 de Outubro
113
Nome Científico: Populus alba L.
Nome Vernáculo: choupo-branco
Família: SALICACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Rápida
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Prefere solos profundos e arenosos de regiões quentes e sem geada.
Cultivado por quase todo o país
Opções de Gestão: Podas e desramações
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
114
Nome Científico: Populus nigra L.
Nome Vernáculo: choupo-negro
Família: SALICACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Rápida
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Escapado de cultura em solos húmidos e margens de cursos de
água
Opções de Gestão: Podas e desramações
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
115
Nome Científico: Ulmus minor Miller
Nome Vernáculo: negrilho, mosqueiro, ulmeiro, olmo
Família: ULMACEAE
Informação Estrutural
Velocidade de Crescimento: Rápida
Porte Biológico: Arbóreo
Consistência: Lenhosa
Habitat:
Solos férteis, margens de cursos de água e fundos de vales
Opções de Gestão: Podas e desramações
Condições legais para definição do período da intervenção: N/A
116
ANEXO VI - METODOLOGIA PARA O CÁLCULO DO ALARGAMENTO DA FP CONSOANTE A ALTURA MÁXIMA DAS
ÁRVORES E O DECLIVE
A metodologia adoptada para o cálculo de alargamento das FPs tendo em conta a altura das árvores na envolvente da linha eléctrica
tendo por base os declives originais do terreno segue as regras trigonométricas de base.
①
②
Figura 24 - Imagem esquemática ilustrativa do cálculo do alargamento da FP consoante a altura máxima das árvores e o declive (caso ① - montante da
Linha Eléctrica de Média ou Alta Tensão, caso ② - jusante da Linha Eléctrica de Média ou Alta Tensão).
117
Foi necessário, inicialmente, fazer a conversão das classes de declive de percentagem para graus, através da seguinte escala de
conversão de vertentes:
Figura 25 - Escala de conversão de vertentes.
118
Para os cálculos efectuados apresentam-se dois exemplos, montante e jusante da linha :
Para os cálculos de árvores existentes a montante da linha (caso ①), em que é considerado uma espécie arbórea que apresenta uma
altura de 35 m numa vertente com inclinação de 30º.
①
Aplica-se a regra trigonométrica
Cos α= cat. adj./Hipot
Deste modo obtém-se que para a protecção da linha
FP
Cos 30º=35m/FP, sendo FP= 40,4 m + 1,5 m= 41,9
(acréscimo da distância mínima, legalmente aconselhada, de 1,5 m em situação
de queda de árvores)
Figura 26 - Imagem esquemática ilustrativa do cálculo do alargamento da FP com
uma árvore de altura máxima de 35m e declive de 30º (caso ① - montante da
Linha Eléctrica de Média ou Alta Tensão).
119
Para os cálculos de árvores existentes a jusante da linha (caso ②), em que é considerado uma espécie arbórea que apresenta uma altura
de 3,5 m numa vertente com inclinação de 30º.
Para os cálculos de árvores existentes a jusante da linha, em que é
②
considerado uma espécie arbórea que apresenta uma altura de 35
m numa vertente com inclinação, a faixa de protecção a aplicar no
limite será igual à altura da árvore. Neste caso será os 35 m
(embora a distância medida na horizontal seja sempre inferior a
FP
FP
este valor e possa ser calculada através da fórmula: Cos α= cat.
adj./Hipot a distância a medir nestes casos corresponde à altura da
árvore).
(acréscimo da distância mínima, legalmente aconselhada, de 1,5 m em situação
de queda de árvores)
Figura 27 - Imagem esquemática ilustrativa do cálculo do alargamento da FP com
uma árvore de altura máxima de 35m e declive de 30º (caso ② - jusante da Linha
Eléctrica de Média ou Alta Tensão).
120
ANEXO VII - CLASSES DE DECLIVE/RISCO DE EROSÃO
A degradação dos solos e consequente desertificação no sul da Europa, entre outros agentes, é provocada por fenómenos de erosão,
provocados pela acção do Homem, traduzindo-se na movimentação e arraste de partículas do solo pela água ou pelo vento, causando
graves problemas ambientais e socioeconómicos. Para além da perda quantitativa de solo, verifica-se também uma diminuição da
qualidade deste, o que afecta a produtividade dos ecossistemas, trazendo graves consequências económicas, pelo que este factor foi
tomado em consideração.
Tabela 3 - Risco de erosão consoante o declive do terreno.
(Decreto-Lei n.º 73/2009 de 31 de Março)
RISCO DE EROSÃO
CLASSE DE DECLIVE (%)
CLASSE DE DECLIVE (°)
0-8
0 - 4,57
<15
<8.53
<25
<14.04
>25
>14.04
Suave
Sem riscos de erosão ou com riscos ligeiros
Moderado
Com risco de erosão moderado
Acentuado
Riscos de erosão elevados
Muito Acentuado
Com risco de erosão muito elevado
121
[0-8] % Suave
Processos de evolução de vertentes e riscos de erosão: os processos são pouco activos, devido à grande permeabilidade, podendo
surgir fenómenos de sulcagem em alguns sectores, nomeadamente a jusante das bacias hidrográficas e em alguns topos (depende
do coberto vegetal). O escoamento é predominantemente difuso e os riscos de erosão são baixos.
Uso do solo (aconselhado): grandes potencialidades para a agricultura. Sem restrições à mecanização. Sem problemas de
acessibilidade. Excelente para a localização de grandes equipamentos, urbanização e instalações de infra-estruturas.
]8-15] % Moderado
Unidade morfológica em que ocorrem: os declives desta classe estão presentes em diversas formas de relevo, nomeadamente
marcam o início das vertentes a partir do cabeço e a quebra de declive na base da vertente com associação a vales encaixados.
Estão presentes nas áreas de morfologia mais movimentada, vertentes de vales encaixados.
Processos de evolução de vertentes e riscos de erosão: evolução por fenómenos de sulcagem e ravinamento em alguns vales
encaixados. Os riscos de erosão são moderados, quando combinados com unidades litológicas instáveis podem surgir riscos de
deslizamento.
Uso do solo (aconselhado): o recurso à mecanização para a agricultura torna-se muito dispendioso. Algumas restrições à
urbanização, uma vez que 10% é o limite usual para a construção de estradas. No entanto, são ainda consideradas áreas com
acessibilidade.
]15-25]% Acentuado
Unidade morfológica em que ocorrem: essencialmente ocorrem nas vertentes dos vales encaixados. Marcam os vales por onde
correm as principais linhas de água.
Processos de evolução de vertentes e riscos de erosão: ravinamento, por vezes generalizados. Podem registar-se fenómenos de
deslizamento e desabamento. Riscos de erosão elevados.
Uso do solo (aconselhado): áreas recomendadas para florestação com vista à diminuição do risco de erosão. A agricultura não é
possível, construção inviável (ou envolvendo necessariamente custos muito elevados). Acessibilidade muito má.
122
>25% Muito Acentuado
Unidade morfológica em que ocorrem: restringem-se a alguns sectores escarpados das vertentes dos vales encaixados.
Processos de evolução de vertentes e riscos de erosão: deslizamentos, desabamentos, em material mais consolidado, possibilidade
de ocorrer queda de blocos. Riscos de erosão muito elevados.
Uso do solo (aconselhado): áreas recomendadas para florestação com vista à diminuição do risco de erosão e diminuição da
velocidade de escorrência das águas. A agricultura não é possível já que os solos são incipientes ou inexistentes. Construção
economicamente inviável. Áreas caracterizadas pela inacessibilidade.
123
ANEXO VIII - DISTRIBUIÇÃO DO NEMÁTODO
O Nemátodo da Madeira do Pinheiro (NMP), cujo nome científico é Bursaphelenchus xylophilus, é um verme microscópico, sendo
considerado um dos organismos patogénicos mais perigosos para as coníferas a nível mundial, pois é o agente causal da doença da
murchidão dos pinheiros, originando a morte das árvores afectadas.
O NMP ataca as coníferas, principalmente do género Pinus (pinheiros). O NMP foi encontrado em pinheiro bravo (P. pinaster), embora
ocorra em áreas com grande densidade de outros pinheiros, nomeadamente o pinheiro manso (P. pinea).
O sintoma principal desta doença é o súbito declínio e morte da árvore atacada, apresentando diminuição da produção de resina após a
infecção, ao que se segue a descoloração da copa e/ou seca e murchidão das agulhas, sintomas esses que aparecem a partir do meio do
Verão, sendo mais evidentes nos meses de Outono e/ou Primavera.
Para se dispersar de uma árvore para outra, o NMP necessita ser transportado por um insecto-vector, Monochamus galloprovinciallis. A
dispersão do nemátodo está limitada ao período de voo do insecto, de Abril a Outubro.
O corte e queima das árvores infectadas ou com sintomas de declínio, preferencialmente no período de Novembro a Março de cada ano, é
o meio de luta mais eficaz para a redução da população do insecto e, consequentemente, para evitar o alastramento da doença. Assim,
sempre que seja detectada a presença de árvores infectadas pelo NMP, os agentes económicos (empresas, proprietários e produtores
florestais) são notificados para procederem ao abate e remoção desses exemplares.
A obrigatoriedade a que estão sujeitos passa ainda por uma prévia marcação do arvoredo a abater, pela autorização antecipada de corte à
Autoridade Florestal Nacional (AFN), bem como pelo tratamento de todo o material lenhoso (toros, casca, estilha, etc.) (RAMOS, 2008).
124
O mapa permite observar a distribuição, onde foi detectada a presença de NMP e onde é prioritário o seu controlo (www.forestis.pt).
Fonte: www.forestis.pt
Figura 28 - Eliminação do material lenhoso
resultante do corte de árvores infectadas.
Fonte: www.forestis.pt
Figura 29 - Mapa de prioridades de intervenção nas
áreas afectas pelo Nemátodo da Madeira do
Pinheiro (LI - Local de Intervenção; ZT - Zona
Tampão) (à data de 17/05/2011).
Fonte: www.forestis.pt
Figura 30 - Eliminação de sobrantes e exemplares
de DAP<10cm no corte de árvores infectadas.
125
Quadro 10 - Medidas a aplicar ao material lenhoso e exemplares de DAP<10cm de árvores infectadas.
MEDIDAS A APLICAR AO MATERIAL LENHOSO
Período 1 de Novembro a 1
de Abril
 Queima em local apropriado, até ao final do
período referido; ou
 Transporte para unidades industriais
devidamente registadas, onde deverá ser
sujeito aos tratamentos adequados.


Período 2 de Abril a 31 de
Outubro
Queima imediata em locais apropriados; ou
Descasque após o abate em local
apropriado e enviado para parque de
recepção onde fica sujeito a molha
permanente ou à aplicação periódica de
insecticida, podendo posteriormente e
dentro deste período ser transportado para
unidades industriais registadas.
MEDIDAS A APLICAR AOS EXEMPLARES DE DAP<10 CM,
SOBRANTES E CASCA PROVENIENTES DO ABATE
Arvores com DAP<10cm e sobrantes do abate
 Queima dentro daquele período em locais apropriados; ou
 Transformação em estilha com dimensões < 3cm e deixados
no local.
Casca
 Queima no local de descasque; ou
 Transporte para unidades industriais devidamente registadas,
onde deverá ser sujeita aos tratamentos adequados.
Arvores com DAP<10cm e sobrantes do abate
 Queima imediata em locais apropriados; ou
 Transformação em estilha com dimensões < 3cm e deixados
no local.
Casca
 Queima no local de descasque; ou
 Transporte para unidades industriais devidamente registadas,
onde deverá ser sujeita aos tratamentos adequados.
(adaptado de www.forestis.pt)
126
ANEXO IX – TÉCNICAS DE INSTALAÇÃO DA VEGETAÇÃO
Sementeira - Apresenta a vantagem de permitir uma adaptação da planta às condições locais desde a germinação. Exemplos de
superfícies onde a sementeira pode constituir a melhor solução:
• Taludes e encostas demasiado inclinados onde a plantação não é possível;
• Áreas nuas como protecção contra grandes oscilações térmicas e contra a erosão;
• Como pioneiras em áreas a rejuvenescer
• Aplicada nas técnicas de cobertura (ex: hidrosementeira).
Plantação - Para as espécies arbustivas apresenta relativamente à sementeira as seguintes vantagens:
• A planta encontra-se já desenvolvida, preenchendo mais rapidamente as funções que dela se pretendem;
• Os custos e tempo necessários a cuidados de manutenção são consideravelmente reduzidos.
Instalação de partes de plantas sem raízes formadas (estacaria) - Utiliza a capacidade de algumas espécies formarem raízes
adventícias. Esta técnica é importante porque:
• permite uma mais fácil instalação das plantas e uma menor dependência dos stocks dos viveiros;
• assegura uma função protectora imediata por recurso a técnicas de construção adequadas;
• possibilita recorrer a material de espécies existentes no local, já adaptadas às condições existentes.
127
ANEXO X - LISTAS DE ESPÉCIES
Nome vulgar
Espécie
Porte biológico
Altura/Forma biológica
Período de
gestão
Combustibilidade
Arbustivo/Arbóreo
15m
A proteger
Alta
Aderno-de-folhas-largas
Phillyrea latifolia L.
Alecrim
Rosmarinus officinalis L.
Arbustivo
2m/erecto
5 anos
Média
Aroeira
Pistacia lentiscus L.
Arbustivo
6m
5 anos
Média
Azinheira
Quercus rotundifolia Lam.
Arbóreo
15-20m
A proteger
Média
Carqueja
Pterospartum tridentatum (L.) Willk.
Arbustivo
1m/erecto ou prostrado
5 anos
Alta
Carrasco
Quercus coccifera L.
Arbustivo
3m
A proteger
Média
Carvalho-anão
Quercus lusitanica Lam.
Arbustivo
<50cm
A proteger
Média
Carvalho-cerquinho
Quercus faginea Lam.
Arbóreo
25m
A proteger
Média
Carvalho-negral
Quercus pyrenaica Willd.
Arbóreo
25m
A proteger
Média
Chamiça
Cytisus scoparius (L.) Link
Arbustivo
3m
5 anos
Média
Espargo-bravo-maior
Asparagus aphyllus L.
Arbustivo
1m
5 anos
Média
Espargo-bravo-menor
Asparagus acutifolius L.
Arbustivo
2m
5 anos
Média
Espinheiro-preto
Rhamnus lycioides L. subsp. oleoides (L.) Jahand. et Maire
Arbustivo
1m
A proteger
Alta
Esteva
Cistus ladanifer L.
Arbustivo
3m
5 anos
Muito alta
Estevão
Cistus populifolius L.
Arbustivo
2m
5 anos
Alta
Estevinha
Cistus salviifolius L.
Arbustivo
1m
5 anos
Alta
Feto
Pteridium aquilinum (L.) Kuhn var.
Arbustivo
1m
5 anos
Média
128
Nome vulgar
Espécie
Porte biológico
Altura/Forma biológica
Período de
gestão
Combustibilidade
Folhado
Viburnum tinus L.
Arbustivo
6m
A proteger
Média
Giesta
Cytisus baeticus (Webb) Steud.
Arbustivo
3m
5 anos
Média
Giesta-amarela
Cytisus striatus (Hill) Rothm.
Arbustivo
3m
5 anos
Média
Giesta-branca
Cytisus multiflorus (L´Hér.) Sweet
Arbustivo
2m
5 anos
Média
Giesta-brava
Genista polyanthos R. Roem. ex Willk.
Arbustivo
1.5m
5 anos
Média
Lentisco
Phillyrea angustifolia L.
Arbustivo
3m
A proteger
Muito alta
Marioila
Phlomis purpurea L.
Arbustivo
1.5m
5 anos
Alta
Medronheiro
Arbutus unedo L.
Arbustivo
5m
A proteger
Alta
Murta
Myrtus communis L.
Arbustivo
5m
A proteger
Média
Pereira-brava
Pyrus bourgaeana Decne.
Arbóreo
10m
5 anos
Baixa
Pilriteiro
Crataegus monogyna Jacq.
Arbustivo/Arbóreo
10m
5 anos
Média
Piorno-amarelo
Retama sphaerocarpa (L.) Boiss.
Arbustivo
3m
A proteger
Média
Roselha
Cistus crispus L.
Arbustivo
1m
5 anos
Alta
Roselha-grande
Cistus albidus L.
Arbustivo
2m
5 anos
Alta
Rosmaninho
Lavandula luisieri (Rozeira) Rivas-Martinez
Arbustivo
1.3m
5 anos
Baixa
Rosmaninho
Lavandula sampaioana (Rozeira) Rivas-Martínez
Arbustivo
1.3m
5 anos
Baixa
Sabina-da-praia
Juniperus turbinata Guss.
Arbustivo
6m/prostrado
A proteger
Média
Sanguinho-das-sebes
Rhamnus alaternus L.
Arbustivo
2m
A proteger
Média
129
Nome vulgar
Espécie
Porte biológico
Altura/Forma biológica
Período de
gestão
Combustibilidade
Sargaço-negro
Cistus monspeliensis L.
Arbustivo
1m
5 anos
Alta
Serradela
Pterospartum tridentatum subsp. lasianthum (Spach) Talavera & P.E. Gibbs
Arbustivo
1m/erecto ou prostrado
5 anos
Alta
Silva
Rubus ulmifolius Schott
Arbustivo
3 anos
Alta
Sobreiro
Quercus suber L.
Arbóreo
20m
A proteger
Baixa
Teixo
Taxus baccata L.
Arbustivo/Arbóreo
20m
A proteger
Média
Tojo
Ulex sp.
Arbustivo
1.5m
5 anos
Alta
Tojo-chamusco
Stauracanthus genistoides (Brot.) Samp.
Arbustivo
0.5 a 2m
5 anos
Média
Tojo-do-Sul
Genista hirsuta Vahl
Arbustivo
1.5m/erecto
5 anos
Alta
Tojo-gadanho
Genista falcata Brot.
Arbustivo
1.5m/erecto
5 anos
Alta
Tojo-gadanho-menor
Genista triacanthos Brot.
Arbustivo
1m/erecto ou ascendente
5 anos
Média
Torga
Erica umbellata L.
Arbustivo
0.5m/erecto
5 anos
Alta
Urze-branca
Erica arborea L.
Arbustiva
>2m
5 anos
Média
Urze-das-vassouras
Erica scoparia L.
Arbustivo
>2m/erecto
5 anos
Média
Urze-lusitana
Erica lusitanica Rudolphi
Arbustivo
>2m /erecto
5 anos
Média
Urze-vermelha
Erica australis L.
Arbustivo
<2m
5 anos
Alta
Vidoeiro
Betula celtiberica Rothm. et Vasc.
Arbóreo
15m
A proteger
Baixa
Zimbro-anão
Juniperus communis L. subsp. nana Syme
Arbustivo
4m/prostrado ou erecto
A proteger
Média
Zimbro-Comum
Juniperus oxycedrus L.
Arbustivo
6m
A proteger
Média
130
Porte biológico
Altura/Forma biológica
Período de
gestão
Combustibilidade
Juniperus navicularis Gand.
Arbustivo
2m
A proteger
Média
Genista tournefortii Spach
Arbustivo
0.5m/decumbente ou
ascendente
5 anos
Média
Nome vulgar
Zimbro-galego
-
Espécie
Nome vulgar
Espécie
Porte biológico
Altura/Forma biológica
Período de
gestão
Combustibilidade
Acácia
Acacia pycnantha Bentham
Arbóreo
12m
1 ano
Média
Acácia-de-espigas
Acacia longifolia (Andrews) Willd.
Arbóreo
8m
1 ano
Média
Acácia-negra
Acacia melanoxylon R.Br.
Arbóreo
40m
1 ano
Média
Cana
Arundo donax L.
Herbáceo
4m
1 ano
Alta
Espanta-lobos
Ailanthus altissima (Miller) Swingle
Arbóreo
30m
1 ano
Média
Eucalipto
Eucalyptus camaldulensis Dehnh.
Arbóreo
30m
5 anos
Muito alta
Eucalipto
Eucalyptus globulus Labill.
Arbóreo
55m
5 anos
Muito alta
Falsa-acácia
Robinia pseudoacaia L.
Arbóreo
20m
1 ano
Média
Háquea-picante
Hakea sericea Schrader
Arbustivo
3m
1 ano
Média
Mimosa
Acacia dealbata Link.
Arbóreo
10m
1 ano
Média
Pinheiro bravo
Pinus pinaster Aiton
Arbóreo
40m
5 anos
Muito alta
Pinheiro manso
Pinus pinea L.
Arbóreo
30m
5 anos
Muito alta
131
ANEXO XI - VEGETAÇÃO POTENCIAL
O coberto vegetal reflecte a diversidade geológica, pedológica e climática, entre outros factores ecológicos e a própria acção do homem. As
comunidades vegetais não são entidades estáticas, invariáveis no tempo, antes pelo contrário, experimentam alterações constantes, incluindo
as comunidades em equilíbrio e as etapas maduras. Sucessão é o processo que vai desde da ocupação de um terreno nu (vegetação
colonizadora ou pioneira), à substituição de umas comunidades por outras, até ao estabelecimento das etapas finais, mais complexas. Cada
uma das etapas do processo de sucessão é designada por etapa de substituição.
As séries de vegetação representam um bioindicador fiel das condições do Meio. Representam, segundo RIVAS-MARTÍNEZ (1987), a unidade
geobotânica sucessionista e paisagista que expressa todo o conjunto de comunidades vegetais ou estádios que se podem chamar de espaços
tesselares, como resultado do processo de sucessão, o que inclui tanto os tipos de vegetação representativos da etapa madura do
ecossistema vegetal, como as comunidades iniciais ou subseriais. A série de vegetação potencial inclui, além da “cabeça de série”, as
respectivas etapas de substituição arbustivas e herbáceas.
No estudo da vegetação potencial é preciso ter em conta a biogeografia e o bioclima do território em causa. A Bioclimatologia é definida por
RIVAS-MARTÍNEZ et al. (1999) como a ciência ecológica que lida com as relações entre o clima e a distribuição dos seres vivos na Terra. O
seu objectivo é determinar a relação entre certos valores numéricos de temperatura e precipitação e as áreas de distribuição geográfica de
espécies de plantas e de comunidades vegetais. Estabelecer uma Classificação Bioclimática implica o reconhecimento de porções da
superfície terrestre com um conjunto de características climáticas que estão de acordo com determinado modelo e onde se encontram
elementos florísticos e faunísticos característicos (FERNÁNDEZ, 1997).
132
A Biogeografia é uma ciência que relaciona o meio físico com o biológico, servindo-se da informação gerada por ciências afins como a
Corologia vegetal, a Geologia, a Bioclimatologia e a Fitossociologia.
As categorias, divisões ou hierarquias principais da Biogeografia são: o Reino, a Região, a Província, o Sector, o Distrito, o Mosaico Tesselar e
a Tessela. Estas categorias são espaços geográficos de superfície contínua - à excepção da Tessela - que incluem todos os acidentes
orográficos e variações litológicas que podem surgir na sua área. Tais territórios têm sempre uma flora (elemento florístico), vegetação,
litologia, geomorfologia, solos e paleo-história particulares (COSTA et al., 1998).
O conhecimento da vegetação potencial e das etapas de substituição adquire um valor primordial na gestão do território, no contexto da gestão
das faixas de combustível, porque permite prever a evolução sucessional do coberto vegetal e definir as intervenções mais apropriadas para
cada local.
Apresenta-se a carta de distribuição da vegetação potencial, de um modo muito simplificado, para Portugal Continental. Esta Carta é uma
proposta e foi elaborada a partir da consulta da carta da biogeografia de Portugal elaborada por COSTA et al. (1998) e do cruzamento de
informação disponibilizada pelo Atlas do Ambiente, nomeadamente geologia, litologia, solos, temperatura e precipitação. Assim, obtém-se de
um modo simplificado a distribuição da vegetação potencial em Portugal Continental.
133
Figura 31 - Carta simplificada da Vegetação Potencial de Portugal Continental.
Fonte: FloraSul
134
O Quadro 11 apresenta uma listagem indicativa das espécies que devem ser privilegiadas ou que poderão ser instaladas, conforme o objetivo
pretendido aquando da intervenção em FP. As plantas que se elencam de seguida são características dos tipos de vegetação potencial
indicados.
Azinhal
Carrascal
•
•
•
•
•
•
Sobreiral
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
(1)
- Algarve;
(2)
Zimbro
(Juniperus oxycedrus)
Zambujeiro
(Olea sylvestris
•
•
•
•
•
•
Vidoeiro
(Betula alba)
•
•
•
•
•
•
•
•
Zambujal
Zimbral
Sobreiro
(Quercus suber)
Sabina-da-praia
(Juniperus turbinata)
Piorro
(Juniperus navicularis)
•
•
•
•
•
Pereira-brava
(Pyrus bourgaeana)
Murta
(Myrtus communis)
Medronheiro
(Arbutus unedo)
Loureiro
(Laurus nobilis)
Folhado
(Viburnum tinus)
Cornalheira
(Pistacia terebinthus)
•
•
Sabinal
Castanheiro
(Castanea sativa)
•
•
Medronhal
Carvalho-roble
(Quercus robur)
•
Carvalhal de
carvalho-negral
Carvalhal de
carvalho-roble
Carvalho-negral
(Quercus pyrenaica)
Carvalho-cerquinho
(Quercus faginea)
Carrasco
(Quercus coccifera)
•
•
Carvalhal de
carvalho-cerquinho
Vegetação potencial
Azinheira
(Quercus rotundifolia)
Azereiro
(Prunus lusitanica)
Aroeira
(Pistacia lentiscus)
Espécies
Aderno-bastardo
(Rhamnus alaternus)
Quadro 11 - Espécies a privilegiar/plantar consoante a vegetação potencial do território
•
•(1)
•
•
•(2)
- Alcantis quartziticos do Tejo
Fonte: FloraSul
135
ANEXO XIII - LISTA DE HABITATS PROTEGIDOS
Tipo de Habitat
Código e Designação
1130 - Estuários
1140 - Lodaçais e areais a descoberto na maré baixa
1150* - Lagunas costeiras
Habitats costeiros e
vegetação halófila
1310 – Vegetação pioneira de Salicornia e outras espécies anuais das zonas lodosas e
arenosas
1320 – Prados de Spartina (Spartinion maritimae)
1420 – Matos halófilos mediterrânicos e termoatlânticos (Sarcocornietea fruticosae)
1430 - Matos halonitrófilos (Pegano-Salsoletea)
2120 - Dunas móveis do cordão litoral com Ammophila arenaria
2130* - Dunas fixas com vegetação herbácea
Dunas marítimas e
interiores
2150* - Dunas fixas descalcificadas atlânticas
2250* - Dunas litorais com Juniperus spp.
2260 – Dunas com vegetação esclerófila da Cisto-Lavanduletalia
2270* - Dunas com florestas de Pinus pinea e/ou Pinus pinaster
136
3110 - Águas oligotróficas muito pouco mineralizadas das planícies arenosas (Littorelletea
uniflorae)
3130 – Águas paradas, oligotróficas a mesotróficas, com vegetação da Littorelletea uniflorae
e/ou da Isoëto-Nanojuncetea
3170* - Charcos temporários mediterrânicos
Habitats de água doce
3260 – Cursos de água dos pisos basal a montano com vegetação da Ranunculion fluitantis e
da Callitricho-Batrachion
3270 – Cursos de água de margens vasosas com vegetação da Chenopodion rubri p.p. e da
Bidention p.p.
3280 – Cursos de água mediterrânicos permanentes da Paspalo-Agrostidion com cortinas
arbóreas ribeirinhas de Salix e Populus alba
3290 – Cursos de água mediterrânicos intermitentes da Paspalo-Agrostidion
4010 – Charnecas húmidas atlânticas setentrionais de Erica tetralix
Charnecas e matos das
zonas temperadas
4020* – Charnecas húmidas atlânticas temperadas de Erica ciliares e Erica tetralix
4030 – Charnecas secas europeias
4090 – Charnecas oromediterrânicas endémicas com giestas espinhosas
5140* - Formações de Cistus palhinhae em charnecas marítimas
5210 - Matagais arborescentes de Juniperus spp.
Matos esclerófilos
5230* – Matagais arborescentes de Laurus nobilis
5330 – Matos termomediterrânicos pré-deserticos
Formações herbáceas
naturais e semi-naturais
6110* - Prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion albi
137
6160 - Prados oro-ibéricos de Festuca indigesta
6210 - Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário (FestucoBrometalia)
6220* - Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea
6230* – Formações herbáceas de Nardus, ricas em espécies, em substratos siliciosos das
zonas montanas (e das zonas submontanas da Europa continental)
6310 – Montados de Quercus spp. de folha perene
6410 – Pradarias com Molinia em solos calcários, turfosos e argilo-limosos (Molinion caeruleae)
6420 – Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio-Holoschoenion
6510 – Prados de feno pobres de baixa altitude (Alopecurus pratensis, Sanguisorba officinalis)
Turfeiras altas, turfeiras
baixas e pântanos
7140 - Turfeiras de transição e turfeiras ondulantes
8210 - Vertentes rochosas calcárias com vegetação casmofítica
Habitats rochosos e
grutas
8220 – Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica
8230 – Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-Scleranthion ou da Sedo albiVeronicion dillenii
8240* - Lajes calcárias
9160 – Carvalhais pedunculados ou florestas mistas de carvalhos e carpas subatlânticas
Florestas
91B0 – Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia
91E0* – Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae,
Salicion albae)
138
9230 – Carvalhais galaico portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica
9240 - Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis
9260 - Florestas de Castanea sativa
92A0 – Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba
92B0 - Florestas-galerias junto aos cursos de água intermitentes mediterrânicos com
Rhododendron ponticum, Salix e outras espécies
92D0 - Galerias e matos ribeirinhos meridionais (Nerio-Tamaricetea e Securinegion tinctoriae)
9330 - Florestas de Quercus suber
9340 - Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia
9560* – Florestas endémicas de Juniperus spp.
9580* – Florestas mediterrânicas de Taxus baccata
139
ANEXO XIV - CORREDORES ECOLÓGICOS
A perda de biodiversidade é muitas vezes atribuída a processos de fragmentação (NOSS, 1991; HOBBS, 1993; BENNETT, 1998;
GARCÍA, 2002 in DESANTI, 2007), que por sua vez, implicam a diminuição do habitat disponível para as populações selvagens,
isolando-as umas das outras impedindo a migração e proliferação de indivíduos na paisagem (BEIER & NOSS, 1998; BENNETT,
1998 in DESANTI, 2007).
Os Corredores Ecológicos desde a década de 70 são indicados como "parte de estratégias para a conservação de ecossistemas
fragmentados" (DIAMOND, 1975; WILSON & WILLIS, 1975; MEFFE & CARROLL, 1997 in SEOANE, C. E. et al., 2010).
A Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro (adota a ENCNB) alerta para o facto de ser “indispensável
instituir corredores ecológicos cuja função primordial é estabelecer ou salvaguardar a ligação e os fluxos génicos entre as diferentes
áreas nucleares de conservação, contribuindo, de modo especialmente relevante, para ultrapassar uma visão redutora da
conservação da natureza e da biodiversidade — circunscrita às áreas classificadas — e para promover a continuidade espacial e a
conectividade das componentes da biodiversidade em todo o território, bem como uma adequada integração e desenvolvimento das
atividades humanas”
Os corredores ecológicos têm, entre outros, os seguintes objetivos: 1) facilitar a circulação/ dispersão de plantas e animais através da
paisagem, compensando assim os efeitos da fragmentação da paisagem; 2) Aumentar a qualidade da paisagem; 3) favorecer a
regeneração natural de espécies autóctones em novos locais e, 4) para habitats de difícil acesso, promover a sua continuidade
(DIRECÇÃO-GERAL DOS RECURSOS FLORESTAIS, 2006).
140
Figura 32 - Descrição de paisagens: diferenças entre: a) paisagens com usos do solo intensivos e especializados, com fronteiras claras e matriz
bem definida, manchas e corredores; e b) paisagens com sistemas de usos do solo extensivos e pouco claros, onde a matriz não é clara e onde
as manchas constituintes do mosaico, apesar das fronteiras pouco claras, têm de ser identificadas através de análise recorrendo a critérios
pré-definidos.
Fonte: Arizpe et al., 2009
141
Os corredores podem ser descritos consoante as suas funções ambientais (FORMAN, 1997; HESS & FISCHER, 2001 in KORMAN,
V., 2003). Estas funções podem ser:
 Habitat - quando um corredor vai proporcionar uma combinação apropriada de recursos,
como alimento e abrigo, e condições ambientais para a sobrevivência e reprodução das
espécies.
 Condutor - quando um corredor possibilita a movimentação dos organismos de um local
para outro, sem residirem dentro do corredor.
 Filtro - quando só alguns organismos ou materiais podem passar pelo corredor. Corredor
normalmente associado com zonas ripícolas e qualidade da água.
 Barreira - Quando organismos ou materiais não podem passar pelo corredor. Normalmente
associados ao fluxo da fauna selvagem. Exemplo: estradas, barragem (mitigação deste
efeito através de túneis, passagens subterrâneas, entre outros).
 Fonte - quando os organismos ou materiais provêm do corredor.
 Sumidouro - Quando os organismos ou materiais entram no corredor e são destruídos.
Figura
33 - Funções
corredores ecológicos.
ambientais
dos
(adaptado de SIF, 2005 in Firme D.J.,142
2006)
A remoção completa da vegetação em curtos períodos de retorno mantém a vegetação nas etapas iniciais sucessão, criando, por
vezes, fortes contrastes e limites na matriz de vegetação envolvente. Isto aumenta o efeito de orla, diminui a permeabilidade da
paisagem para espécies de floresta, e aumenta a permeabilidade para espécies ubíquas e generalistas (FORMAN, 1995 in CLARKE,
D.J. et al., 2006). No entanto, os corredores associados às linhas Elétricas têm o potencial de aumentar a heterogeneidade do habitat
e de beneficiar muitos grupos de espécies se alguma complexidade estrutural for mantida (CLARKE et al., 2006), sem comprometer
os objetivos legais para os quais são implantados.
No contexto deste Manual entende-se que os corredores associados à rede aérea de transporte e distribuição de energia elétrica
podem exercer, duas funcionalidades:
1) Habitat – desde que alvo de uma gestão equilibrada que comporte a manutenção de alguma estrutura e complexidade da vegetação,
os corredores confinantes às linhas elétricas podem providenciar habitat para espécies animais, particularmente como fonte de alimento,
uma vez que proporcionam a ocorrência de comunidades em diferentes estados da sucessão, conferindo em alguns casos
heterogeneidade à vegetação.
2) Condutor – dependendo do contexto paisagístico em que estão inseridos e em parceria com os gestores de parcelas da área que
abrangem e sua envolvência, os corredores confinantes às linhas elétricas podem constituir possíveis corredores ecológicos, entre áreas
com estatuto de proteção ambiental ou, entre áreas que se considerem justificativas para a finalidade.
143
As áreas com potencial para corredor ecológico devem ser avaliadas individualmente, devendo a sua gestão ser planeada em função
dos valores naturais que se pretendem conectar. Todavia, há medidas de carácter geral que devem ser tomadas e que visam manter
a conectividade, tais como:
a) Normas de intervenção activa
• Implementar a conservação e gestão activa de corredores de migração da avifauna, contemplando particularmente a manutenção de
redes regionais de refúgios para as aves.
• Manter a diversidade e a qualidade de habitats dentro de cada corredor.
• Manter/criar um mosaico de compartimentos de diferentes idades, oferecendo melhores condições de habitat para a fauna e flora.
• Implementar medidas de recuperação dos núcleos de vegetação natural pertencentes ao corredor que tenham sido destruídos pelo
fogo.
• Tomar as medidas necessárias para prevenir a ocorrência de incêndios que possa afectar esses núcleos nomeadamente, através do
ordenamento preventivo das áreas florestais em redor.
b) Restrições
• Controlar a interposição de barreiras, em particular daquelas que apresentam grande desenvolvimento longitudinal (por exemplo
estradas, urbanizações, agricultura intensiva).
• Controlar a instalação de novos povoamentos florestais no que respeita a localização, dimensão, composição, infra-estruturas, e
acompanhamento de acções futuras.
• Manter bem conservadas as estruturas naturais de conexão, com particular ênfase para as linhas de água e respectiva vegetação
ripícola, manchas de mato e estrato herbáceo espontâneo.
144
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
145
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Energia Eléctrica. Brasil Florestal. 21 (74). 6 pp.
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AFN (2010). 5º Inventário Florestal Nacional. Apresentação do Relatório Final. SEFDR.
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Apolinário, L. & Mantovani, J. (2011). Modelo de Programação Matemática para Controle do Crescimento da Vegetação sob Redes de
Distribuição de Energia Elétrica. 22 (3). São Paulo. 12 pp.
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Assembleia da República. (2005). Lei n.º 54/2005, de 15 de Novembro, Diário da República, 1ª série, n.º 219, 6520-6525.
Assembleia da República. (2005). Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, Diário da República, 1ª série, n.º 249, 7280-7310.
146
Assembleia da República. (2006). Declaração de Rectificação n.º 4/2006, de 16 de Janeiro, Diário da República, 1ª série, n.º 11, 346.
Assembleia da República. (2006). Declaração de Rectificação n.º 11-A/2006, de 23 de Fevereiro, Diário da República, 1ª série, n.º 39, 1524(2).
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Manual de boas práticas de Faixas de Gestão de