LEARNING ENGLISH ONLINE IN A HIGH SCHOOL IN PARANÁ Sandra Regina Flauzino Arantes Tobbin 1 Resumo: Este trabalho apresenta o resultado de uma proposta de implementação do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE - com pesquisa na aprendizagem mediada por tecnologias. As atividades do trabalho envolveram letramento digital, aprendizagem de língua inglesa e interação em ambiente virtual, com utilização do laboratório do Paraná Digital. Utilizou-se para o trabalho na proposta de intervenção o material didático-pedagógico “Learning English on Line in a High School in Paraná”, designado como curso online e produzido como parte integrante do programa. Durante o processo os alunos realizaram atividades de letramento digital, utilização de rede para aprendizagem de língua inglesa e interação por meio do gênero e-mail, com um enfoque interdisciplinar com as áreas de Português e Filosofia. Para a produção final os alunos fizeram uso de tecnologias e língua inglesa, mostrando a efetivação da proposta resultados positivos com relação ao uso das tecnologias como ferramentas educativas. Palavras-chave: Tecnologias. Letramento Digital. Língua Inglesa. Aprendizagem. Interação. Abstract: Results on the execution of the Educational Development Program (PDE) involving research in technology-mediated learning are provided. Assignments comprised digital literacy, learning of English and interaction in a virtual milieu through the employment of the Paraná Digital lab. Learning English on Line in a High School in Paraná, an on line course produced as an integral part of the program, has been the didactic and pedagogical material used for intervention. Students undertook digital literacy activities throughout the process and used digital network to learn English and interact by means of the e-mail genre. The interdisciplinary focus involved Portuguese and Philosophy. Since technologies and English were used for the final product, checking activities with above-mentioned proposal, with positive results with regard to the use of technologies as educational tools. Key words: Technologies; Digital literacy; English Language; Learning; Interaction. _____________ 1 Professora PDE - 2007 / UEM Colégio Estadual Malba Tahan – Ensino Médio - Altônia Trabalho Desenvolvido sob a orientação da Professora Mestre Wilsilene Rodrigues Gatto. UEM. 1 1. INTRODUÇÃO Como resultado das mudanças sociais, da globalização e do desenvolvimento tecnológico, a presença das novas tecnologias tem sido um assunto discutido na área da aprendizagem e é crescente o número de pesquisas e o interesse pela aprendizagem mediada por tecnologias na realidade educacional atual. Essas mudanças que vêm ocorrendo exigem a busca de novas estratégias de ensino e pesquisas quanto à sua aplicabilidade na sala de aula. Está claro que é necessário utilizar as novas tecnologias para inclusão e aprendizagem. Segundo Leffa (2003), se não recriarmos a forma de transmissão de conhecimento, corremos o risco de transmitir um conhecimento inútil e propõe ao professor de inglês dois compromissos básicos, que são: Procurar não apenas “passar” conhecimento para os alunos, mas também gerar o conhecimento necessário para uma melhor aprendizagem da língua. Partindo do princípio de que a pesquisa é a tentativa de responder a uma pergunta, o professor pode começar um projeto de pesquisa pelas tantas perguntas que ainda não foram satisfatoriamente respondidas e que estão diretamente ligadas a muitos problemas de sala de aula (LEFFA 2003 apud STEVENS C. & CUNHA M. J. C., p.237). Enquanto se assiste a um desenvolvimento tecnológico avançado, os alunos de escolas públicas são, em sua maioria, excluídos ao acesso destas. Pelo fato de uma grande parte pertencer a uma camada da sociedade que não possui condições de adquirir pelo menos um computador, alguns se vêem, muitas vezes, excluídos até mesmo das próprias aulas no ambiente escolar. De um lado, os professores ou alguns deles, sentem a necessidade de não apenas utilizarem a internet como fonte de pesquisa, como também de levar o conhecimento adquirido para suas aulas, mesmo que seja por meio de transmissão de informações, comentários ou requerimento de trabalhos que utilizem a rede como fonte de pesquisa. Por outro lado, os alunos referidos anteriormente, sentem-se excluídos das aulas onde o que é comentado, pesquisado e apresentado como resultado de pesquisas em sala de aula não faz parte da realidade de suas vidas cotidianas. Na tentativa de aliar as tecnologias à educação, muitas escolas do Paraná já receberam uma primeira remessa de computadores na década de 90. No entanto, naquele momento, vários fatores contribuíram para que os mesmos não fossem 2 utilizados. Entre eles a falta de preparação técnica e, principalmente, pedagógica aos professores, a internet banda larga ainda não havia sido difundida em muitas localidades e falta de condução quanto ao funcionamento dos mesmos. Como consequência, eles acabaram por ficar obsoletos antes mesmo de serem bem utilizados. As escolas estão agora diante de um outro projeto que está implantando laboratórios de informática nas escolas públicas do estado, o Paraná Digital. Por este motivo, e também pela compreensão de que é necessário pesquisar meios de utilizar a tecnologia como mediação para o ensino de língua estrangeira, é que esta pesquisa e proposta de intervenção se fazem pertinentes às novas demandas educacionais. Neste trabalho e na educação atual, o grande desafio foi não apenas utilizar a rede como instrumento de informação, mas como afirma Paiva (2001, p. 184): “didatizá-la e adequá-la aos objetivos curriculares, tirando proveito do poder de motivação a ela inerente e da diminuição potencial das ameaças do discurso face a face na interação mediada pelo computador”. A proposta faz parte de um conjunto de atividades articuladas, definidas a partir das necessidades da educação básica e em conjunto com o Ensino Superior, por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE - com o objetivo de propiciar inclusão social, aprendizagem de língua inglesa em ambiente virtual e interação por e-mails. O material didático-pedagógico, elaborado e disponibilizado como curso online, serviu e poderá servir de insumo para o desenvolvimento dos temas curriculares no ensino-aprendizagem de Língua Inglesa na escola pública. Tanto a proposta do Programa PDE como esta proposta de intervenção inspiram-se em Paulo Freire, apud PDE Documento Síntese, que ensina que as mudanças demandadas pela educação requerem firmeza de princípios ideológicos e ousadia na prática, articulando teoria e prática, na busca de objetivos arrojados e na ação concreta, para a transformação dos homens do mundo, dialeticamente imbricados. No entanto, para que as tecnologias sejam utilizadas como resposta a esse objetivo, há também necessidade de formação e atualização por parte do professor, 3 o que se torna um desafio, pois a formação recebida não enfocou a utilização destas em seu processo. Em face desta problemática, surge a necessidade de atualização da docência para utilização destas novas ferramentas. Segundo Kuenzer (1999) “... em face da complexificação da ação docente o educador precisará ser um profundo conhecedor da sociedade de seu tempo, das relações entre educação, economia e sociedade, dos conteúdos específicos, das formas de ensinar, e daquele que é a razão do seu trabalho: o aluno. Para isto, os Centros Regionais de Tecnologia – CRTEs presentes nos núcleos regionais do estado, já têm iniciado um processo de atualização e preparação para o uso das tecnologias presentes no contexto escolar. Na busca por novas formas de ensinar, a internet se torna um meio de interação, por ser um instrumento tecnológico que tem sido amplamente utilizado e difundido na sociedade pós-moderna. Deve a mesma ser enfocada como um instrumento de letramento e transmissão de conhecimento no ambiente escolar, cuja aprendizagem de língua inglesa pode possibilitar contato direto com o conhecimento e entre membros de diferentes culturas. Nessa conjuntura, à escola cabe propiciar aos alunos meios para que possam apreender a produção do conhecimento, entendendo o termo letramento numa definição atual, não apenas como o conjunto de conhecimentos que permite às pessoas a participação em práticas letradas mediadas por computadores, mas a utilização dessas ferramentas para a construção de sentidos a partir dos textos, acessando, selecionando, processando e avaliando criticamente as informações imbricadas na comunicação por meio do computador (BARROS, apud Polifonia 2006, p. 143). O trabalho na proposta de intervenção se fundamentou em Vygotsky e Bakhtin no que compreende a aprendizagem como interação com o outro e que acontece num determinado contexto social. Bakhtin e Vygotisky se aproximam, de acordo com Garcez (1998), quando afirmam que as práticas sociais são apropriadas pelos indivíduos no seu processo de desenvolvimento e inserção social. Também se fundamentou nos trabalhos dos teóricos que têm desenvolvido pesquisas com Aprendizagem Mediada por Computador, como Paiva (2001); Leffa (2003/2006), Souza & Souza (2003); Garcia (2004); entendendo o mesmo como 4 uma ferramenta e instrumento de mediação, numa abordagem sociointeracionista, visando propiciar interação social e aprendizagem de língua inglesa através de recurso tecnológico. Bakhtin/Volochinov, citados em Thom, (2007, p.26), afirmam que “a língua evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema lingüístico abstrato das formas da língua, nem no psiquismo individual dos falantes”. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO CONTEXTO ESCOLAR É sabido que o e-mail é na situação educacional atual considerado um gênero textual e que por meio da internet, se bem utilizada, pode-se propiciar ao aluno ferramentas de desenvolvimento na aprendizagem de língua inglesa, num ensino em que o computador não seja um substituto do professor, “mas uma extensão da ação pedagógica do professor” (LEFFA, 2006, p. 214). Aquilo que não é possível ser realizado com eficácia em sala de aula, como situações reais de interação, desenvolvimento das práticas de leitura, escrita e oralidade, pode se tornar mais significativo na aprendizagem mediada por computador com acesso à internet. Como professora de rede pública estadual, há alguns anos, interessei-me profundamente pelas novas tecnologias no ensino de língua inglesa e passei a desenvolver projetos utilizando estas ferramentas. Nos trabalhos desenvolvidos, utilizava-se principalmente o e-mail como objeto de estudo, por meio do qual interagíamos com professores e alunos de outros países. Posteriormente, outros professores se envolveram e houve possibilidade de aliar a tecnologia ao ensino e a diversas áreas do conhecimento. Podemos concluir que aprendemos muito nesses trabalhos e isto despertou um interesse muito grande pela aprendizagem de língua inglesa, tendo um impacto positivo nos alunos e até mesmo na comunidade escolar. Com o tempo, porém, houve o anseio de produzir alguma coisa que estivesse online, como suporte, ponto de referência para ser utilizado nas aulas no laboratório digital, uma vez que nos primeiros projetos desenvolvidos não tínhamos ainda 5 internet banda larga e o trabalho era realizado, em grande parte, pelos professores em seus computadores particulares. Vemos então a implantação dos laboratórios digitais em nosso estado como um grande avanço para este tipo de atividade e para a melhoria da qualidade do ensino na escola pública. Assim, por ocasião do PDE, houve a oportunidade de contar com o suporte acadêmico, o tempo para o estudo e pesquisa e a elaboração do material didático pedagógico para ser utilizado nas aulas de língua inglesa. O uso de tecnologias na aprendizagem escolar vem de encontro com o que apontam AS DIRETRIZES CURRICULARES DE LÍNGUA INGLESA DO ENSINO MÉDIO, para as quais “a aprendizagem de língua estrangeira deve apresentar-se como um espaço para ampliar o contato com outras formas de conhecer, com outros procedimentos interpretativos de construção da realidade”. Assim, num contexto de aprendizagem mediada por tecnologias, o aluno pode perceber que as pessoas aprendem através da mediação e que podem ser modificadas pelos objetos que as cercam e a partir disto construir novos significados. De acordo com Vygotsky (1998), o aprendizado é um processo profundamente social, já que aprendemos ao estarmos interagindo dentro de contextos sociais, dessa forma a interação virtual pode extrapolar a sala de aula e permitir novas aprendizagens e interação no ambiente escolar. Como compreendemos a escola como o local de socialização de conhecimento, esta não pode deixar seus alunos excluídos do acesso a novas tecnologias, como ferramentas de aprendizagem e interação entre os indivíduos pertencentes à sociedade globalizada. Ao reconhecer que o aluno deve ter acesso a essas ferramentas, para que possa ser inserido e participar do conhecimento histórico e das relações advindas da transmissão desse conhecimento, a mesma pode contribuir para uma prática educativa que objetive a aprendizagem de língua “não como um acervo imutável, mas como uma forma de ação, um modo de vida social, na qual a situação da enunciação e as condições discursivas são determinantes de sua função e, logo, de seu significado e interpretação” (GARCEZ, 1998, p.47). Ao elaborar o material, visualizou-se algo que pudesse conduzir o aluno a utilizar a rede para aprendizagem, pesquisa e interação. Numa cidade pequena o 6 contato com a língua estrangeira é bem menor que em centros maiores e se torna desafiante promover situações de real interação e contato com a língua nas diferentes esferas, de forma significativa. A internet possibilita tudo isto, apresentando-se, dessa forma, uma ferramenta de alto valor para o ensino de língua inglesa. Segundo Levy, (apud BARROS, 2006, pag.12) o computador pode ser considerado em nossa época, uma tecnologia intelectual tão revolucionária como foi a escrita para as sociedades orais; e isto pode, como consequência, contribuir para modificar nossa forma de interpretar a realidade, tendo influência direta sobre as formas de estruturação do pensamento. Os objetivos do trabalho incluíram: letramento, o uso de Call – Computer Assisted Language Learning – Aprendizagem de Línguas Mediada por Computadore interação, por meio de diários dialogados eletrônicos, sendo considerado o computador como uma ferramenta de mediação para o ensino-aprendizagem de Língua Inglesa e uma extensão do trabalho do professor. Os alunos participaram de atividades utilizando as ferramentas tecnológicas da internet para produção de conhecimento, a partir de atividades de letramento digital e da utilização do curso online. As atividades envolveram motivação e organização de grupos para trabalho, criação de e-mails, utilização da rede para desenvolvimento das práticas de leitura, escrita e oralidade, com enfoque principal na leitura e escrita, utilização de mecanismos de busca e navegação por sites onde a língua pode ser estudada. O trabalho na proposta apresentou uma abordagem interdisciplinar envolvendo as áreas de Filosofia e Português, no que se refere ao uso responsável da rede, com atitude responsiva perante os desafios com relação à sua utilização e quanto às influências lingüísticas que a escrita na internet pode causar à escrita em língua materna. Na produção final, observou-se no aluno o desenvolvimento da autonomia na utilização da rede como ferramenta para aprendizagem de língua inglesa, avanços no nível de aprendizagem e posicionamento crítico quanto ao que é acessado e veiculado na internet. 7 O material foi inicialmente elaborado para utilização nas séries finais do ensino médio, levando-se em consideração a maturidade emocional e a bagagem de língua inglesa já adquirida para esta proposta. Nada impede que o mesmo seja utilizado em outras séries, de forma parcial ou com adaptações. Sabemos que a internet é uma fonte preciosa para o ensino, mas sua utilização envolve seriedade e responsabilidade para que a mesma tenha um efeito positivo para a aprendizagem, sem distorções ou perigos cujos resultados estamos nos tornando habituados a ver nos noticiários. Além disso, um dos objetivos do curso online é desenvolver autonomia na utilização da rede, e os alunos da terceira série precisam desenvolver esta habilidade para que ao sair da escola possam utilizar a rede para pesquisa e estudo, e com o trabalho na proposta isto foi objetivado. 2.2 IMPLEMENTAÇÂO DA PROPOSTA A implementação se fez a partir do mês de março de 2008. O curso online foi disponibilizado provisoriamente na página do município, no endereço <www.altonia.pr.gov.br/learning>, quando as atividades foram iniciadas. Os alunos ficaram muito interessados, pois eles sempre criticavam o fato de o laboratório ficar a maior parte do tempo fechado e eles não poderem utilizar. Já de início houve a necessidade de adaptação, pois quando iniciamos o PDE os laboratórios estavam em fase de implantação e nos parecia que colocando dois alunos por computador o trabalho seria viável, todavia, a forma como os computadores foram disponibilizados na sala para o funcionamento dos servidores impediu isto. A primeira dificuldade encontrada foi a incompatibilidade do número de computadores do laboratório com o número de alunos por turma. Tínhamos turmas de terceira série, no início do ano, com 40 a 42 alunos e 20 computadores no laboratório, tendo como agravante o fato de que em alguns dias três ou quatro não funcionavam. Por esta razão, a turma escolhida foi a terceira A, que contava no 8 início do ano com 40 alunos, entretanto, a proposta foi também implementada na terceira B, não sendo a mesma, objeto da pesquisa. Foi sugerido então que se trabalhasse com um número menor de alunos em contra turno para melhor realização das atividades e maior facilidade de avaliação da pesquisa, mas podemos inferir que temos que realizar pesquisas que venham responder a desafios da realidade. Em nosso cotidiano não teremos como utilizar os laboratórios com poucos alunos e temos esta incompatibilidade. Era objetivada alguma coisa que pudesse ser praticada no dia-a-dia e decidimos que seria assim, o trabalho seria realizado com toda a turma, apesar dos desafios e em se tratando de tecnologia, podemos afirmar agora que são muitos, mas não é impossível. A turma foi dividida em dois grupos e foi requerido da direção que as aulas, nessa turma, fossem geminadas para facilitar o trabalho. Procuramos durante todo o processo caminhos que pudessem colaborar para a viabilidade do trabalho e tivemos colaboração da equipe pedagógica, administrador local e funcionários da biblioteca. Uma das estratégias iniciais foi a utilização de atividades das unidades do Livro Didático Público que enfocam o assunto em estudo. Enquanto um grupo era atendido no laboratório, outro trabalhava na biblioteca e depois se fazia a troca. 2.3 INTRODUÇÃO DO CURSO ONLINE E LETRAMENTO DIGITAL As atividades se iniciaram com a apresentação da proposta, do material on line e orientações para o encaminhamento do trabalho. No sistema do Paraná Digital cada aluno é cadastrado e tem uma senha para logar e isto já havia sido realizado por funcionários responsáveis no ano anterior, mas em razão de os alunos utilizarem muito pouco o laboratório, muitos tiveram problemas para acessar e foi necessário organizar isto nas primeiras aulas no laboratório. A cada início de aula o funcionário administrador local abria o laboratório, ligava os computadores e checava quantos estavam funcionando. As atividades eram inicialmente organizadas em sala de aula, com formação dos grupos e a seguir cada grupo se dirigia ou ao laboratório digital ou à biblioteca, onde contamos com o apoio de funcionários e alunos monitores. 9 Como conduzia as atividades no laboratório, não era possível deixar os alunos sozinhos e dar atendimento na biblioteca com tanta frequência, mas corrigia e checava as atividades que eles realizavam para que sentissem que estavam realizando atividades de suporte ao trabalho do laboratório. Este foi o caminho encontrado e pode-se concluir que os alunos também colaboraram muito nesse sentido, pois não tivemos sérios problemas com relação a este fator. Contudo, não se pode negar que isto atrasava as atividades no laboratório e numa turma cujos alunos tivessem menor grau de maturidade, ficaria mais difícil. No laboratório, já de início, foi possível notar a disparidade no nível de letramento e conhecimento sobre a utilização das ferramentas tecnológicas. Enquanto alguns alunos tinham computador particular outros não sabiam sequer usar o teclado. Deixamos claro que a proposta fora idealizada, principalmente, para aqueles que não têm acesso a tecnologias fora do ambiente escolar, que a professora também tinha limitações e que os alunos com maior conhecimento seriam monitores e ajudariam dando suporte, o que aconteceu durante todo o processo. Seguimos, assim, para as atividades de introdução do curso e letramento digital. Neste primeiro momento alguns alunos preferiam trabalhar em duplas, mesmo havendo disponibilidade de máquinas. Isto nos levou a concluir com o passar das aulas no laboratório que era porque não sabiam usar o teclado e, nessa idade, eles não gostam de admitir o que não sabem ou não têm para os colegas de classe. Outro fato interessante que se pode observar: nas aulas, em sala de aula, não percebemos tão claramente que determinados alunos não se sentem confortáveis em trabalhar com colegas que não sejam próximos a eles e no laboratório isto ficou muito claro. Se algum dia eles ficavam em grupos diferentes dos que gostariam, reclamavam e pediam que lhes fosse permitido trabalhar com seus amigos próximos. Um outro aluno não comparecia ao laboratório e só fazia as atividades na biblioteca. Foi necessário sair para o pátio um dia à sua procura e então descobrir que nunca havia manejado um computador e percebia-se que ele se sentia constrangido. Após trazê-lo para o laboratório, iniciamos com ele as atividades de letramento. 10 Criados os e-mails, os alunos enviaram as primeiras mensagens, escrevendo em inglês, pequenos textos de apresentação pessoal. Eles participaram ativamente e se mostraram comprometidos com a realização das atividades da proposta. Como o sistema, dependendo do que é acessado, fica lento, o trabalho de criação de emails foi um tanto demorado e alguns servidores, algumas vezes, não abriam. O que atrasou um tanto o andamento das atividades de letramento e interação. Inicialmente, foi planejado enviar mensagens semanais para interação com os alunos, mas concluiu-se que só poderiam abrir e responder os que tinham acesso à internet fora do ambiente escolar, o que causaria a exclusão de alguns. O trabalho de troca de mensagens ficou então limitado aos dias em que usávamos o laboratório e se fôssemos a todas as aulas abrir e escrever e-mails, ficaria difícil dar continuidade às atividades da proposta que não previa apenas a interação por emails. Segue abaixo um exemplo das atividades de letramento: 2.4 LEARNING ON LINE Após a primeira fase, de introdução do curso e criação de e-mails, os alunos foram introduzidos às etapas de Surfing on the Net e Learning on Line. Neste momento, o laboratório ficou fora de funcionamento por alguns dias e as atividades foram realizadas em sala de aula e na sala com projetor multimídia, de onde 11 tínhamos acesso à internet. Além disso, tinham também que ser concluídas as atividades e avaliações finais do bimestre. De fato são muitos os problemas que interferem no bom andamento de uma pesquisa. Como nessa proposta as máquinas eram o material de trabalho, isto ficava ainda mais complicado. Sempre se deixou claro para os alunos que teríamos que lidar com este tipo de problemas e que quando tudo for perfeito não será mais nenhum desafio propostas assim. Terminado o primeiro bimestre, nossa escola sediou, neste ano, os Jogos Colegiais da fase regional e tivemos uma semana com outras atividades. Logo que retornamos, o laboratório não estava funcionando, segundo técnicos, por motivo de atualizações que estavam sendo efetuadas nas centrais e o nosso sistema não estava suportando. Seriam necessárias algumas atualizações em nosso laboratório e mais memória. Esta fase foi de muita espera, conversas com a direção da escola, ligações para o CRTE e foi muito desanimador. Depois de esperar quase mais de um mês, liguei para a coordenadora de língua inglesa em nosso núcleo pedindo que intercedesse junto aos técnicos para maior urgência no tocante à solução deste problema, senão teria que pedir ajuda à coordenação do PDE. Nas semanas seguintes, foram então efetuadas as referidas implementações técnicas e o laboratório voltou a funcionar. Estávamos em junho e reiniciamos as atividades. Podemos inferir, considerando estes acontecimentos, que há necessidade da presença de um técnico por escola para dar suporte ao trabalho do professor, pois por mais competentes e prontos ao atendimento que são os técnicos do CRTE, quando há problemas no laboratório, (alguns deles muito simples e que são resolvidos pelos técnicos em pouco tempo) eles dependem de agendamento e recursos financeiros para o atendimento às escolas. Em continuidade, a proposta era, a partir do curso online, navegar por sites onde a língua inglesa pudesse ser encontrada para aprendizagem online. Surfamos inicialmente pelo Portal Dia-a-dia, explorando as ferramentas disponíveis, como cursos de línguas e testes online. Os alunos fizeram alguns testes online para checarem seu nível. Foi-lhes dito como estes testes eram considerados e sugerido um para que todos tivessem um mesmo referencial, o teste do curso Weblínguas, 12 disponível em Curso de Línguas, a partir do Portal Dia–a–dia, no endereço <http://www.weblinguas.com.br/quiz/quiz2.asp>. Após a realização do teste, de 80 a 90 % dos alunos tiveram resultados de 24 a 39% de acertos, ficando no nível Elementary, com uma aluna superando este resultado, Lower Intermediate e o restante um nível abaixo, Begginer. A escala de avaliação do teste vai de Beginners a Very Advanced. Concluídos os testes, surfamos por todos os cursos e ferramentas disponíveis a partir do portal e os alunos realizaram atividades de estudo da língua inglesa utilizando ferramentas de pesquisa, interagindo com os colegas e enviando os relatórios dos trabalhos por email. Por motivo de problemas de saúde, na ausência da professora, por quinze dias, os alunos pediram que se continuassem as atividades no laboratório. Para isto, foram passadas informações e orientações à professora substituta e a alguns alunos que tinham mais habilidade, para que o trabalho tivesse continuidade. Eles enviaram as atividades por e-mail, por meio das quais concluímos o bimestre. Exemplos de e-mails e trabalhos enviados nesta fase: 13 2.5 COLABORAÇÃO DOS PROFESSORES DO GRUPO DE TRABALHO EM REDE – GTR Entre as atividades de responsabilidade do professor PDE estava a tutoria do Grupo de Trabalho em Rede, no qual o tema era a proposta em estudo e implementação. Como o PDE era uma proposta em construção, na primeira edição os professores da rede foram escalados para os cursos e não tiveram oportunidade de escolha entre os cursos oferecidos. Isso se mostrou até certo ponto de fator negativo para esta proposta, pois muitos professores tinham barreiras quanto à utilização da internet e dificuldades para utilizarem o laboratório digital em suas atividades particulares e escolas. O que exigiu um trabalho constante para mostrar a necessidade da utilização de tecnologias no ambiente escolar. Todos os que participaram fizeram seus esforços 14 para contribuírem, mas no momento em que foi proposto a eles um trabalho de implementação da proposta, poucos puderam ou se dispuseram a realizar. Uma das participantes propôs a realização de um link com os alunos. Eles escreveriam à professora que retornaria as mensagens propondo novos questionamentos e assim sucessivamente. As atividades aconteceram e foram de referencial valor, pois os alunos puderam interagir com ela através da língua inglesa. No início, foi monitorada a escrita e leitura dos e-mails, mas posteriormente os alunos continuaram a escrever sem nenhuma interferência por parte da professora. Como já relatado anteriormente, as dificuldades técnicas e de tempo não permitiram que parássemos apenas em uma atividade por muito tempo para não perdermos o foco da pesquisa. Por esta razão, o link com a professora continuou até o final do primeiro semestre, ficando combinado com ela que a mesma faria uma visita à nossa escola para que os alunos a conhecessem. 2.6 DIFICULDADES ENCONTRADAS NO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO Ao iniciarmos o segundo semestre, teoricamente, as atividades deveriam ter sido concluídas, pois a intervenção era prevista para o primeiro semestre. Decidimos continuar sem muita pressa as atividades para não comprometer a realização efetiva e os resultados da pesquisa, levando-se em conta os problemas já enfrentados no primeiro semestre. Muitas são as dificuldades para o cumprimento do cronograma de uma proposta, como resultado da forma como as atividades escolares são constituídas e realizadas. O fato de serem as aulas geminadas contribuiu para o atendimento aos dois grupos concomitantemente, mas em contrapartida quando havia feriados, outras programações, mudanças de horário ou reuniões no dia das aulas, era uma semana de prejuízo. Outro fator que comprometeu o cronograma é a data da entrega de notas bimestrais para a secretaria. Numa proposta como esta, os objetivos e resultados não podem ser divididos ou não havia como garantir que fossem cumpridos por bimestre em função da natureza da própria proposta e de vários fatores já 15 mencionados. Foi preciso fazer adaptações, mudar o rumo de algumas atividades para o fechamento das avaliações bimestrais. Por mais que tenhamos progredido quanto à forma de avaliar e ao seu processo, o sistema ainda cobra que sejam entregues os resultados bimestrais numa determinada data, de acordo com o sistema de avaliação da escola e isto compromete o andamento de pesquisas que buscam responder a novas demandas no ambiente escolar. Para conciliar, procurou-se utilizar atividades avaliativas que enfocassem a tecnologia, como interpretação de textos em vídeo, os gêneros digitais, como comic strips, videoclips, atividades da proposta enviadas por e-mail e outros, contando com a ajuda de monitores para a aplicação das mesmas. Quanto ao posicionamento do professor em trabalhos envolvendo a tecnologia, como professores, por mais inovadores que sejamos, estamos habituados a ter controle do que será ensinado e aprendido. Com a tecnologia, exercemos o papel de mediadores, sendo também necessária uma adaptação, em função de nossa formação. Do contrário, poderemos frustrar o processo de ensinoaprendizagem, perdendo assim a oportunidade de aliar uma ferramenta de grande potencial para nossa prática. 2.7 ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR Em continuidade, partimos para o tema Netspeak, com uma abordagem interdisciplinar com as disciplinas de Português e Filosofia, enfocando como a escrita na internet tem influenciado a escrita no ambiente virtual e escolar, e adentrando para a aprendizagem de termos referentes a Netspeak e uso de emoticons em mensagens eletrônicas. Os alunos ficaram muito interessados e envolvidos quando enfocamos esses temas, pois muitos já participam de comunidades virtuais, trocam fotos, postam vídeos, já acessaram, usam MSN, mensagens de texto e ficaram surpresos com as implicâncias, perigos e responsabilidades a que estamos submetidos quando utilizamos essas ferramentas. 16 Entre as atividades previstas estava o trabalho com o termo Netiquette, que diz respeito a regras de etiqueta para utilização da internet e seus respectivos gêneros. Para a realização da tarefa, os alunos formaram grupos, pesquisaram e enviaram mensagens por e-mails mostrando como utilizar a rede de forma responsável. Os resultados foram positivos, porém, ficou claro um fator que é constante das reclamações de professores quanto à apresentação de trabalhos envolvendo o uso da internet: os alunos têm dificuldades e precisam de mais treinamento e preparação quanto a referenciar e elaborar produções que têm a internet como fonte de pesquisa. Inicialmente, alguns apenas copiavam e colavam, sem referenciar a fonte de pesquisa ou refletir se o interlocutor entenderia o enunciado da mensagem a partir do que foi exposto. Talvez porque, na maioria dos trabalhos de produção, o aluno apenas faz para entregar ao professor, sem analisar o papel do interlocutor. Na tentativa de solução para o problema, foram feitos questionamentos para que eles se colocassem no lugar de quem receberia a mensagem, se estava claro, se entenderiam, se havia no e-mail conteúdo suficiente para a transmissão da mensagem. Exemplos de Atividades: 17 18 2.8 PRODUÇÃO E TRABALHO FINAL Passou-se então para a fase de produção final e socialização. Na sessão Hot Topics os alunos formaram grupos, e a proposta foi a escolha de um tema, pesquisa e elaboração de trabalho para ser apresentado com utilização da tecnologia e a língua inglesa. Como em nosso contexto escolar alguns alunos já estão ficando habituados a baixarem vídeos para apresentação de trabalhos com utilização do projetor multimídia, sugeriu-se a apresentação com utilização de slides. Foram assim montadas as equipes e o trabalho foi realizado com todos os alunos no laboratório. Quanto à escolha dos temas sugeridos na seção Hot Topics, os alunos se interessaram muito por temas referentes à música, adolescência, poesia e aquecimento global. Como resultado, vários grupos escolheram esses temas. Não houve interferência da professora na escolha do tema, nem na elaboração do trabalho, ficando os alunos à vontade para utilizarem o laboratório ou computadores particulares. Para melhor acompanhamento e atendimento para a produção das equipes, propiciou-se durante as aulas, momentos para pesquisa, organização do trabalho com orientações sobre a elaboração de apresentação de slides no sistema do Paraná Digital. Assim, os grupos tinham um acompanhamento da professora quanto ao trabalho em andamento, interação e podiam se familiarizar melhor com o sistema. Muitos reclamavam e encontravam dificuldades para utilização do sistema Linux e optavam por concluir os trabalhos em casa. Não foram feitas objeções a isto, pelo fato de que o tempo de que dispúnhamos durante as aulas no laboratório era insuficiente para realizarem tudo. Marcada a data para as apresentações, iniciamos com a primeira equipe que enfocou o gênero música, mostrando um vídeo, apresentação de slides, leitura de partes do trabalho em inglês e posicionamento crítico referente ao tema enfocado, com o tema da “American Idiot”. A primeira apresentação foi considerada muito boa e o dinamismo da equipe fez com que os outros que estavam um tanto tímidos para exposição, se sentissem encorajados. Na sequência, as outras equipes apresentaram suas produções com os seguintes temas: Teenagers, Music and Drugs, Life (poem), Bullying, Urban Tribes, 19 Global Warming e Songs and Pop Stars. Na apresentação os grupos utilizaram textos e imagens, com vídeos, slides, som, videoclipes, e uma das equipes optou por gravar suas vozes e inserir a gravação na apresentação de slides. Em cada trabalho os alunos leram partes da apresentação em inglês, expuseram o assunto estudado e houve discussões muito produtivas, uma vez que os temas eram de interesse dos mesmos. Pode-se afirmar que houve a construção de significados a partir do conteúdo pesquisado e estudado, da utilização da língua e da tecnologia. Isto evidencia que houve aprendizagem, maior familiarização com a tecnologia e posicionamento crítico com relação ao que é acessado e veiculado em ambiente virtual. Quanto ao desempenho por equipe, como em todo trabalho em grupo, seja em sala de aula ou no laboratório, há os que trabalham coesos e é possível verificar o trabalho de cada um na hora da apresentação do trabalho, mas em algumas equipes, sempre há aqueles que não se envolvem como deveriam e isto fica claro no momento da exposição para a turma. Duas equipes tiveram problemas com relação à responsabilidade com a data de apresentação e apresentaram em datas diferentes das planejadas. Às equipes que apresentaram dificuldades quanto à apresentação para a turma, quanto ao uso da língua, tecnologias ou outros fatores, houve atendimento por parte da professora em momentos especiais com as mesmas no laboratório. Assim, foram concluídas as apresentações das produções no mês de outubro. Visando socializar as produções, foi requerido aos alunos que enviassem os trabalhos por e-mail ou copiassem em CDs, no pendrive da professora ou de um aluno responsável, para que se gravasse um CD com todas as apresentações. Nesta fase fomos informados que por uma seleção de projetos envolvendo o uso de tecnologias no estado, nosso trabalho havia sido selecionado e haveria em nossa escola uma filmagem para ser veiculada como parte de um documentário em TVs educativas, com Paulo Freire, TV Escola e outros. 20 2.9 SOCIALIZAÇÃO Para a socialização dos trabalhos por meio do Cd, envio de e-mails e possível apresentação, por ocasião da filmagem prevista, foi preciso observar melhor com as equipes algumas questões com relação a referências, imagens e pequenas correções de língua na apresentação dos slides. Esta necessidade ficou muito clara aos alunos, pois para participar da filmagem todos tiveram que apresentar um contrato de cessão de imagem devidamente assinado pelos pais ou responsáveis. Começamos com cada equipe uma revisão nos trabalhos. Para a revisão, foi sugerido a eles que observassem melhor, neste segundo momento, de onde retiraram as imagens, de onde era o conteúdo dos textos e músicas, sem interferências por parte da professora na escrita dos textos em inglês, para não comprometer a originalidade dos mesmos. Apenas uma equipe não realizou a revisão da forma requerida, alegando falta de tempo ou dificuldade para localizar as fontes e até mesmo o próprio trabalho, visto que eles transportaram os trabalhos para a área de trabalho do computador da escola para as apresentações e não conseguiram mais localizar. Algumas equipes se prepararam para exporem os trabalhos no dia da filmagem, contudo, como o roteiro de trabalho seguiu a organização e o formato previsto pela equipe responsável, apenas quinze alunos foram enfocados. Para isto, foi simulada uma aula, na qual foram entrevistados a professora, a responsável pelo CRTE de nossa região, a diretora e duas outras alunas. Todo o trabalho de filmagem visou verificar, a partir do curso online, experiências com utilização de tecnologias no ambiente escolar. 3. CONCLUSÃO Ao avaliar a implementação desta proposta, pode-se concluir que foi produtiva e alcançou os objetivos de letramento digital e aprendizagem de língua inglesa mediada por tecnologias. Na produção final dos alunos e em todo o processo de utilização do material didático-pedagógico no laboratório digital, confirmou-se o 21 interesse dos mesmos, o que aprenderam, pesquisaram e apresentaram com relação aos objetivos estabelecidos. Ficou evidente que a aprendizagem mediada por tecnologias e a produção de materiais didáticos para esta modalidade pode contribuir para a inclusão social e melhoria da qualidade do ensino de língua inglesa na escola pública. Há, porém, que se ressaltar alguns fatores que prejudicaram o sucesso eficaz da mesma em algumas áreas, para que em outros trabalhos isto possa ser considerado. Quanto ao processo de letramento, numa primeira reflexão, pode-se concluir que seria mais adequado realizar as mesmas em momentos diferentes do horário escolar, em função da heterogeneidade com relação a isto, porém, isto reflete, por outro lado, que esta é a realidade da escola pública. Há uma disparidade em qualquer área entre o nível de conhecimento, visto os alunos pertencerem a níveis sócio–econômico–culturais muito diferentes. Portanto, é possível afirmar que os alunos que não tinham, no início, nenhum contato com computadores e internet, encontram-se agora, de acordo com Vygotisky, na zona de desenvolvimento proximal. Tiveram uma experiência, aprenderam os comandos básicos, realizaram as primeiras atividades de letramento, porém, é preciso desenvolvê-los para que tenham maior autonomia. Com relação à aprendizagem de língua inglesa, ficou evidente para os alunos o poder de interação e as possibilidades de estudo da língua inglesa com utilização da rede. Contudo, como a rede propicia um amplo acesso ao conhecimento, isto exige do aluno compromisso e responsabilidade com sua aprendizagem. Neste sentido, a utilização das tecnologias demanda novas práticas e metodologias, e o trabalho cada vez mais “didatizado” e frequente com elas é que desenvolverá no aluno e também no professor novos posicionamentos. Considerando as evidências apresentadas no decorrer deste documento com relação aos problemas técnicos, há necessidade de adoção de medidas que venham facilitar o uso dos laboratórios digitais. Para o enfrentamento dessa problemática, algumas medidas podem ser sugeridas. A primeira seria um número menor de alunos por turma. Outra seria a forma de organização das mesmas, como já é feito em outros países: para algumas aulas ou disciplinas são formadas turmas com um número menor de alunos. Sem isto, um profissional à disposição para 22 suporte a estas atividades seria uma solução viável, como foi tentado nesta proposta, mas com alunos e funcionários da escola. Além disso, é necessário investimento em formação e preparação técnica para que o professor possa melhor utilizar as tecnologias, não deixando também o próprio profissional de buscar por si mesmo atualização. Se medidas como as sugeridas não forem adotadas, os laboratórios correm o risco de serem mal utilizados ou muito pouco utilizados com os alunos. Em suma, os resultados desta pesquisa mostram que cabe a nós, em conjunto, buscarmos soluções viáveis que venham responder aos nossos anseios enquanto educadores, sem colocar em nossos ombros toda a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso do processo, nem nos eximirmos dela frente aos novos desafios que se apresentam na atualidade. Foi de memorável importância a formação continuada recebida na universidade e o suporte da orientadora na elaboração do material e condução do processo, o que prova que as instâncias educacionais devem trabalhar em conjunto e não de forma isolada, para que a educação cumpra sua função de transmissão do conhecimento, atualização e formação em nossa sociedade. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: Informação e documentação - Resumo – Apresentação. Rio de janeiro, 2003. ALMEIDA FILHO, J. C. 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