i n f o r m a t i v o s i n a e n c o d e z e m b r o 2 0 1 0 a n o X I X 074 Caminho aaber ber to par berto paraa aavvançar Um dos grandes gargalos das cidades brasileiras, o transporte público passará por uma renovação nos próximos anos. É o que promete uma série de investimentos anunciados pelo governo federal, como parte do PAC da Copa e do PAC II. Conheça ainda os projetos de mobilidade urbana que devem estar concluídos já em 2014. Pág. 6 Londr es 2012 Londres Miner ação Mineração Pr ojetos Br asileir os Projetos Brasileir asileiros Planejamento é tudo no Mineradoras planejam O Museu de Arte Moderna programa que promete aplicar US$ 62 bilhões de Santos, no litoral resultar na Olimpíada em exploração e logística. paulista, e o Terminal mais sustentável de Setor de projetos deverá Rodoviário São Gabriel, todos os tempos. ser beneficiado. em Belo Horizonte. Pág. 3 Pág. 4 Pág. 14 Consulte :: Informativo Sinaenco :: 1 editorial Pensar o Brasil 2022 “ “ O novo governo federal, sob a presidência de Dilma Roussef, tem condições de consolidar o Brasil como um país em transição para o mundo desenvolvido. Não será, porém, uma trajetória fácil. As circunstâncias são favoráveis, graças à conjunção de fatores que “nunca antes” haviam ocorrido ao mesmo tempo na história brasileira: mercado internacional comprador de produtos nacionais, em especial os do agronegócio e commodities minerais; economia estabilizada, com inflação em níveis razoáveis, pré-sal, Copa 2014 e Olimpíada 2016 Planejamento é a empurrando a expanpalavra-chave para são econômica. uma gestão que terá a O elevado nível de chance de preparar o emprego e o “bônus depaís para comemorar mográfico” – com a o bicentenário da maioria da população Independência, em em idade de trabalho e 2022 que representará nessa próxima década outra inédita vantagem para o país – são também benesses que podem e devem ser aproveitadas para pavimentar o caminho rumo ao desenvolvimento. Nada disso, entretanto, exime o governo de realizar as necessárias correções de rumo para atingir essa meta. O principal deles é desenvolver uma cultura de planejamento e gestão efetiva e, principalmente, eficiente, requisitos que não foram o forte do governo que se encerra. Faltaram planejamento e gestão mais eficientes, por exemplo, no PAC 1 e no setor aeroportuário. O PAC esteve sob a batuta da então ministra-Chefe da Casa Civil. A falta de planejamento e gestão mais eficientes do PAC e do setor aeroportuário, neste em especial em seu programa de investimentos, fez com que, a despeito do crescimento acentuado da demanda de passageiros nos últimos anos, não tivéssemos os investimentos à altura desse crescimento. Foram seis milhões de novos passageiros entre 2003 e 2009, 80% de crescimento no período, 10% de crescimento ao ano. Na área de saneamento, dos R$ 40 bilhões de investimentos previstos no período 2007-2010, cerca de R$ 12 bilhões transformaram-se em obras. O principal obstáculo ao desempenho mais efetivo do PAC no saneamento foi a falta de projetos de qualidade, especialmente nos municípios. Despreparadas e sem corpo técnico adequado, boa parte das prefeituras brasileiras deixou de receber recursos já contratados, mas emperrados pela ausência de projetos desenvolvidos sob condições tecnicamente satisfatórias. Nos aeroportos, a crise intermitente teve como principal resposta a adoção dos Módulos Operacionais, batizados de “puxadinhos” por profissionais da arquitetura e engenharia que atuam no setor. Esses exemplos são importantes porque, em maior ou menor grau, repetem-se em outras áreas do governo. Planejamento é a palavra-chave para uma gestão que terá a chance de preparar o país para comemorar o bicentenário da Independência, em 2022, em condições sociais, econômicas e ambientais muito melhores do que as exibidas pelo Brasil de 2010. A tarefa é urgente: pensar o Brasil de 2022 tem de começar agora, sem improvisações ou “puxadinhos”. João Alberto Viol, presidente Sinaenco: Diretoria Nacional: João Alberto Viol (Presidente), Antonio Moreira Salles Netto (VP de Gestão e Assuntos Institucionais), Everaldo José Gobbo Possagnolo (VP de Administração e Finanças), Lineu Rodrigues Alonso (VP de Ética e de Proteção à Consultoria), Orlando Botelho Filho (VP de Engenharia), Leon Cláudio Myssior (VP de Arquitetura), Luiz Alberto Teixeira (VP de Ciência e Tecnologia), João Coelho da Costa (VP de Relações Trabalhistas e Assuntos Intersindicais), Antonio Othon Pires Rolim (Diretor Executivo). Consulte é uma publicação do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva. Rua Marquês de Itu, 70 - 3º. andar - CEP 01223-000 - São Paulo - SP - tel.: 11 3123-9200 - fax: 11 3120-3629 - site: www.sinaenco.com.br - e-mail: [email protected]. Editora Mandarim: Silvério Rocha MTb 15.836 (jornalista responsável), Marcos de Sousa, Graziela Silva, Diego Salgado, Rafael Massimino, Rafael Fiuza e Regina Rocha (reportagem e redação) - Projeto gráfico: Hiro Okita - Diagramação e arte: Juca Zaramello - Fotolitos, impressão e acabamento: Indusplan. Imagem da capa: Fotolia. Tiragem desta edição: 10 mil exemplares. 2 ::::Informativo InformativoSinaenco Sinaenco::::Consulte Consulte entrevista Planejamento e legado olímpico Dan Epstein é chefe de Sustentabilidade e Regeneração da Autoridade Olímpica de Londres. Sua missão: garantir que os Jogos de 2012 sejam os mais verdes da história e tragam como legado a transformação da zona leste da capital inglesa – região pobre, com solo, ar e rios contaminados – em um novo polo de desenvolvimento. Nesta entrevista, o executivo revela os segredos de um programa olímpico que, além de todas as qualidades, tem obras e orçamento dentro do planejado. Eventos esportivos podem promover o desenvolvimento das cidades-sede? A Olimpíada é um evento que atrai as atenções do mundo e pode servir para estabelecer novos padrões e metas ambiciosas de desenvolvimento. O alto nível de investimento requerido pode e deve ser canalizado em benefício da cidade. Investimentos em transportes públicos, espaços verdes e áreas públicas, instalações esportivas de classe mundial, serviços públicos, tecnologia da informação etc são capazes de transformar uma cidade permanentemente. DIV ULG AÇ ÃO Como planejamento e gestão estão sendo importantes para o projeto Londres 2012? Planejamento é tudo. Estamos investindo £ 7 bilhões no Parque Olímpico – sem planejamento poderíamos ultrapassar o orçamento, fugir aos objetivos do programa e perder a oportunidade de deixar um legado permanente. O planejamento permite que se pense sobre o que se deseja realmente criar e investir; testar a viabilidade de longo prazo das propostas; preparar planos de negócios; coordenar investimentos e programas de construção; garantir que objetivos de sustentabilidade sejam incorporados ao programa e ainda proporcionar um legado de qualidade e de longo prazo. Como os princípios da sustentabilidade estão sendo aplicados ao programa? Temos uma estratégia abrangente com base em princípios ambientais, sociais e econômicos, previstos na estratégia de sustentabilidade. Temos 12 áreas-chave nas quais estamos nos concentrando, entre elas energia, água, resíduos, biodiversidade, materiais, impactos da construção, diversidade, estilos de vida saudáveis e acessibilidade. Para cada uma das áreas, estabelecemos um conjunto de regras claras e ambiciosas, que todos os fornecedores são obrigados a cumprir. Por exemplo: transportar mais de 50% dos ma- teriais de construção por ferrovias ou hidrovias, para evitar congestionamentos, poluição e emissão de carbono; reduzir o uso de água potável em 40%, criar empregos locais permanentes e fornecer acesso para pessoas com deficiência como em nenhuma outra Olimpíada. O Rio de Janeiro, que irá sediar a Olimpíada em 2016, pode seguir o exemplo londrino? Sim, mas o Rio precisa definir sua visão, ser transparente e envolver as comunidades e demais partes interessadas, garantir que o dinheiro será bem gasto e os projetos serão bem gerenciados. Além disso, montar uma equipe forte e integrada para supervisionar o desenvolvimento e controlar as decisões de investimento, a fim de assegurar que os esforços estarão focados na regeneração da cidade. A Autoridade Olímpica está firmemente empenhada em deixar um legado duradouro para Londres. E para o mundo: que tipo de legado é esperado? A Olimpíada deixará em Londres um sentimento de orgulho, realização e confiança. Irá promover uma grande participação no esporte e orgulho e entusiasmo nas escolas; melhorar a auto-estima das pessoas com deficiência e ampliar suas chances de participação na sociedade. Irá ainda definir novos padrões de gestão de recursos, de projetos de estádios, incluindo uma revolução na concepção de instalações temporárias. Além da transformação da zona leste de Londres, parte de um programa muito maior de renovação e regeneração da cidade. Consulte Consulte::::Informativo InformativoSinaenco Sinaenco:::: 3 mineração Novo ciclo de ouro Setor mineral deve receber volume recorde de investimentos nos próximos anos e impulsionar negócios na cadeia de A&EC AGÊNCIA VALE Mina de Cobre do Sossego, no Pará: projetos cada vez mais distantes exigem soluções completas de engenharia. A iniciativa privada deve investir US$ 62 bilhões na indústria da mineração no período de 2010 a 2014, volume inédito. A projeção é do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e leva em conta os diversos projetos anunciados pelas companhias instaladas no país. É uma excelente notícia para as empresas de projetos e consultoria, que participam em praticamente todas as fases do empreendimento mineral, desde a definição da sua viabilidade técnico-econômico-social até seu encerramento. De acordo com o gerente de 4 :: Informativo Sinaenco :: Consulte Dados Econômicos do Ibram, Antonio Lannes, os investimentos projetados contemplam a construção de novas unidades e expansões e abarcam os mais diversos minerais. “O minério de ferro, carro-chefe do setor, deverá receber 63,27% dos recursos. Mas há grandes projetos vinculados à cadeia do alumínio (alumina, bauxita e alumínio) níquel, cobre, fosfato e ouro”, afirma. O ciclo de expansão é influenciado por fatores como o processo de urbanização do mundo e a recuperação das cotações das commodities minerais no mercado mundial no pós-crise. “O fator China, com seu apetite espantoso por matérias-primas, tem peso nas decisões de investimento das empresas”, diz Lannes. Estado com tradição na atividade, Minas Gerais será o destino de 39,2% do total estimado pelo Ibram, seguido de Pará (38,2%) e da Bahia (cerca de 10%), que desponta como a nova fronteira da mineração no país. VP de Administração e Finanças do Sinaenco/MG, José Franscisco Neves confirma que o cenário criado pelos investimentos no setor mineral é bastante positivo para as empresas de A&EC. “Podemos dizer que é o melhor momento em 25 anos e, se o mercado continuar como está, possivelmente teremos uma década especial”, diz. Soluções completas O período é ainda mais interessante porque, além de projetos de lavra, há investimentos previstos em logística, relacionados à construção de minerodutos, terminais privados em portos e até ferrovias. O objetivo das companhias mineradoras é driblar o gargalo da infraestrutura e garantir o escoamento da produção com eficiência. Entre os projetos, destacam-se o mineroduto da Anglo American, que passará por 25 cidades do interior de Minas Gerais para chegar ao porto do Rio de Janeiro, em São João da Barra, com capacidade para transportar 24,5 milhões de toneladas de minério de ferro; as obras da Vale para expandir a capacidade de escoamento das suas principais ferrovias (Estrada de Ferro Vitória a Minas - EFVM e Estrada de Ferro Carajás - EFC); e ainda a construção de AGÊNCIA VALE vez que a operação está vinculada à aprovação destes junto aos órgãos competentes. “A mineração tem uma duração no tempo, seja por fatores econômicos (o que é viável para exploração hoje pode não ser amanhã), seja pela disponibilidade de reservas lavráveis”, explica o geólogo Eduardo Chapadeiro, da Golder Associates. O objetivo do plano de fechamento Ampliação da capacidade de escoamento da ferrovia Vitória a é planejar o encerramenMinas, da Vale, integra os planos de investimentos em logística. to da atividade, inclusive financeiramente, e mititerminal privado da Bahia Mineragendo toda a infraestrutura de energar seus efeitos, considerando asção no Porto de Ilhéus. gia e transporte para o escoamento pectos sociais e econômicos – a Na visão da engenheira Maria de dos produtos. desativação pode representar perLourdes Bahia, gerente de Marke“De maneira geral os novos proda de receita e de postos de trabating e Desenvolvimento de Negócijetos são localizados em regiões de lho para uma dada comunidade, por os da SNC Lavalin Minerconsult, a difícil acesso e com pouca infraesexemplo – e, claro, ambientais. tendência entre as empresas de protrutura. O que por um lado dificulta Segundo Chapadeiro, a legislajetos e consultoria é a de prover a implantação, por outro abre oporção brasileira vem evoluindo na cada vez mais a solução completa tunidades para que as empresas parespecificação dos procedimentos para a cadeia de mineração, abranticipem em todos os estágios do para o fechamento de minas. Em empreendimento, tanto na parte de 1989, decreto federal tornou obriNo vos In vestimentos no Nov Inv infraestrutura (portos, estradas de gatória a recuperação de áreas misetor miner al - 2010 a 2014 mineral acessos, ferrovias, minerodutos, generadas. Em 2000, por meio de norValores em US$ bilhões ração de energia, linhas de transmisma técnica, o Ministério das Minas Ferro 39,230 são), como na mina e planta de e Energia especificou os diversos Níquel 6,716 beneficiamento propriamente diitens envolvidos no fechamento de Bauxita 4,987 tas”, afirma Maria de Lourdes. empreendimentos de mineração, Cobre 2,657 designando-o como uma fase releFosfato 2,510 Fechamento planejado vante do projeto. Alumínio 2,200 antecipadamente Em 2008, Minas Gerais aproOuro 2,030 Além de oportunidades em esvou deliberação normativa que esAlumina 1,000 tudos de viabilidade, projetos contabelece diretrizes para avaliação Manganês 0,300 ceituais e básicos, gerenciamento, ambiental na fase de encerramenVanadio 0,270 supervisão e monitoramento, um to. O documento já se tornou reNióbio 0,066 mercado que deverá gerar novos ferência para outros estados e poCarvão 0,044 contratos é o relacionado aos pladerá servir de base para um marTotal 62,000 nos de fechamento de minas, uma co legal nacional. Fonte: Ibram Consulte :: Informativo Sinaenco :: 5 mobilidade urbana Caminho aberto para avançar Após décadas de inércia, Brasil se prepara para dar o primeiro passo rumo à renovação do transporte público nas cidades. Investimentos previstos para os próximos anos se aproximam dos R$ 30 bilhões. Em Paris, costuma-se dizer que o centro da cidade está na porta do metrô mais próximo. Durante o século 20 quase todas as grandes cidades do mundo construíram redes imponentes de transportes com trens urbanos – acima e abaixo do solo –, veículos leves sobre trilhos e sistemas de ônibus. No Brasil, apesar de avanços a partir dos anos 1970, o atraso na infraestrutura de mobilidade urbana é comum às capitais e grandes cidades. Por lei, todo município com mais de 20 mil habitantes deve ter um plano diretor de desenvolvimento urbano e aqueles com mais de 500 mil habitantes também precisam obrigatoriamente elaborar um plano específico para o transporte. É lei, mas ainda não se tornou realidade. Resultado disso é o aumento implacável do transporte individual nas grandes cidades. Automóveis e motocicletas entopem as vias públicas nos horários de pico, ocupam os espaços antes dedicados aos pedestres e estimulam o desmonte de jardins e áreas verdes para a construção de mais vagas de estacionamento. Em São Paulo, por exemplo, metade das 14 milhões de viagens diárias na Região Metropolitana é feita de carro. A boa notícia é que o cenário de caos no transporte urbano brasileiro poderá sofrer uma transformação nos próximos anos. Pelos menos a depender de uma série de inInformativoSinaenco Sinaenco:::: Consulte 6 ::::Informativo vestimentos programados para as principais capitais, em parte em função da Copa de 2014, em parte pela constatação de que é preciso tirar o setor da inércia atual. Somente em recursos do orçamento da União e empréstimos a serem viabilizados pelo governo federal serão quase R$ 30 bilhões em obras, distribuídas em dois programas coordenados pelo Ministério das Cidades: o PAC da Mobilidade Urbana e o PAC 2. Todo município com mais de 20 mil habitantes deve ter um plano de desenvolvimento urbano Raio-x dos investimentos Voltado exclusivamente às 12 cidades-sede da Copa de 2014, o PAC da Mobilidade Urbana disponibilizou R$ 11,48 bilhões para 47 projetos. Deste montante, 67% serão financiados pela União com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Popularizado como PAC da Copa, o programa tem como meta integrar aeroportos, hotéis e estádios, preparando as capitais para receber os turistas do Mundial. Inclui os VLTs de Brasília e Fortaleza, os monotrilhos de São Paulo e Manaus, vinte BRTs, além de inter- venções de menor porte (veja detalhes nas páginas 8 e 9). Já o PAC 2 concentra artilharia na construção ou ampliação de metrôs, deixados de fora do PAC da Copa porque, segundo o governo, não ficariam prontos antes do evento. Quatro cidades que há tempos cobram recursos federais para a rede devem ser contempladas: Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Salvador. O programa deve incluir a construção de mais BRTs e VLTs nas diversas capitais, mas também intervenções que beneficiam cidades menores, como o recapeamento de vias. O volume de investimentos do PAC 2 é de R$ 18 bilhões – 33% do orçamento da União e o restante de financiamento federal. Levando em conta o critério populacional, o Ministério do Turismo dividiu as cidades em três grupos. O primeiro reúne as metrópoles e os municípios com mais de 100 mil habitantes no Sul e no Sudeste, ou mais de 70 mil no restante do país. A lista de obras para estas cidades deve sair em meados de 2011 e os recursos devem ser empenhados até o final de 2014. Pensar longe “A melhoria no trânsito das cidades poderá ser significativa, caso esses recursos sejam realmente aplicados”, afirma o engenheiro Marcio Queiroz, do Sinaenco/RJ. Ex-secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Queiroz defende que sejam estabelecidas metas mínimas para o andamento dos projetos, de forma a evitar a repetição de casos com o do metrô de Salva- dor, cujas obras se arrastaram por mais de 10 anos e resultaram em linha com apenas seis quilômetros de extensão. O consultor da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Stenio Franco, reconhece que os recursos anunciados pelo governo são significativos, ainda mais levando-se em conta que nas décadas recentes os investimentos em infraestrutura de mobilidade urbana foram mínimos ou inexistentes em algumas cidades. Porém, ressalta que a solução para o transporte público exige esforços para além da questão financeira. “Se o montante de investimentos não estiver inserido numa estratégia de longo prazo, integrada ao planejamento do uso do solo e a propostas com preocupações urbanísticas, serão investimentos necessários, importantes, mas subutilizados. Do mesmo modo, se após a Copa não houver um fluxo de investimentos constantes e planejados, os problemas atuais serão apenas minimizados para voltarem de forma mais desafiadora e complexa no curto prazo”, alerta o consultor, que integra o grupo da ANTP de Observação da Mobilidade na Copa 2014. Validade no longo prazo O efeito de renovação dos investimentos parece estar também vinculado aos modais de transporte que serão priorizados e se haverá planejamento de forma a gerar integração entre eles. No caso do plano da Copa, em que os projetos já estão definidos, a opção pelos BRTs chegou a gerar questionamentos de especialistas. A solução foi a eleita em dez das cidades-sede e receberá o maior volume de investimentos do PAC da Mobilidade. ILUSTRAÇÕES: SANDRA JAVERA Para Queiroz é razoável a opção pelos BRTs, dado o tempo disponível até a data do evento e o menor custo de implementação do modal, comparado ao metroviário e aos VLTs. “Os BRTs poderão gerar conforto aos usuários, se o modelo adotado prever pagamento antecipado da passagem, utilização de corredores exclusivos e veículos de média a alta capacidade.” Como medida de longo prazo, no entanto, destaca a necessidade de investimentos efetivos nos metrôs de São Paulo e do Rio de Janeiro, que segundo ele, já têm sistemas bem estruturados, e também nos das cidades de Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. “Em regiões de grande concentração populacional, o que de fato resolve o problema são os sistemas de alta capacidade”, opina Queiroz. O pragmatismo, acredita Stenio, pesou na decisão pelos BRTs. “Estamos a 2,5 anos da Copa da Confederações, quando idealmente toda infraestrutura deveria estar pronta para ser testada. Obras de maior porte e complexidade, como metrôs e expansões ferroviárias, não são factíveis nesse espaço de tempo, a não ser que estejam em fase avançada de implantação”, diz. Para o consultor, o legado que se pode aguadar dessa primeira fase de investimentos não se resume a obras. “A complexidade de atender às exigências dos megaeventos que o país abrigará nesta década poderá permitir que o foco no transporte público ante o transporte individual seja finalmente estabelecido no Brasil. Isso, por si só, é um legado de altíssimo valor”. Consulte Consulte :: ::Informativo InformativoSinaenco Sinaenco:: :: 7 mobilidade urbana Os projetos que prometem garantir a mobilidade na Afonso Pena ao terminal rodoferroviário. Uma parte dos recursos financiará a construção de uma linha de BRT, terminais, sistemas de monitoramento e obras viárias. Por to Ale gr e orto Aleg Construção de três corredores exclusivos de ônibus, duas linhas de BRT, e melhorias no sistema de monitoramento de tráfego. A ampliação do metrô, a nova ponte do Guaíba e o aeromóvel, obras pleiteadas pela prefeitura, não foram contempladas no PAC da Copa. For tale za ortale taleza Rio de J aneir o Janeir aneiro O Rio de Janeiro terá quatro trajetos de Bus Rapid Transit (BRT). Juntos, eles atenderão cerca de 1,2 milhão de passageiros por dia. A TransOlímpica, com 26 km de extensão, ligará o Recreio dos Bandeirantes a Deodoro, passando por mais seis bairros. A Transcarioca, que irá do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim até a Barra da Tijuca, vai percorrer 41 km. O projeto da linha TransOeste, que inicialmente teria 32 km, foi ampliado e chegará a 56 km. O custo deve passar dos R$ 800 milhões. O trecho vai ligar os bairros do Jardim Oceânico a Campo Grande, com 53 estações. As obras, já iniciadas, devem ser concluídas em junho de 2012. Já a linha TransBrasil deve ligar o Centro à Baixada Fluminense, passando pela avenida Brasil. Implantação do VLT Parangaba-Mucuripe, de BRTs nas avenidas Dedé Brasil, Raul Barbosa, Alberto Craveiro e Paulino Rocha, além da construção do corredor expresso NorteSul e das estações de metrô Padre Cícero e Montese. Salvador São P aulo Paulo Construção de monotrilho, que ligará linhas de metrô e trem ao Aeroporto de Congonhas e ao estádio do Morumbi, e da avenida Perimetral. A resistência de moradores somada à exclusão da arena no projeto da Copa pode inviabilizar as obras na região do Morumbi. Belo Horiz onte Horizonte Serão construídas seis linhas de BRT, orçadas em R$ 1,27 bilhão. Outros R$ 240 milhões serão destinados a obras viárias e à ampliação da central de controle de tráfego. Curitiba Além de corredor que interligará a capital à região metropolitana, haverá o corredor expresso, unindo o Aeroporto 8 :: Informativo Sinaenco :: Consulte Na capital baiana, o acordo prevê financiamento de R$ 541,8 milhões para o BRT que conectará o Aeroporto Internacional de Salvador à zona norte da cidade. Um dos destaques da cidade, entretanto, é o metrô, recentemente inaugurado, após dez anos de obras. O projeto inicial, do final da década de 90, não foi seguido à risca. Dos 41 km previstos, apenas 6 km foram, de fato, construídos. A verba total foi consumida no primeiro trecho, que era de 12 km – depois reduzido à metade. O trajeto atual liga os bairros Lapa e Rótula do Abacaxi e custou R$ 1,06 bilhão. No final de agosto, sete vagões estavam nos trilhos. No total, serão 24, distribuídos em seis as cidades para a Copa 2014 trens. Estima-se que o bilhete do metrô soteropolitano custe entre R$ 10 e R$ 15. O preço cobriria os altos custos de operação. Na tal Natal São 16 projetos: ligações entre o novo aeroporto e o setor hoteleiro à Arena das Dunas, que receberá jogos da Copa, duplicação da avenida Mor Gouveia, na ligação da Via Costeira com a avenida Engenheiro Roberto Freire, construção de elevados, entre outros complexos viários. Recif e ecife Cinco intervenções viárias. Serão dois corredores expressos, o Caxangá e o Via Mangue, além dos BRTs NorteSul e Leste-Oeste. Cerca de R$ 15 milhões serão aplicados no terminal Cosme Damião. o trecho 2, com custo de R$ 780 milhões, foi iniciada em 2008. No entanto, já ocorreram cinco paralisações por determinação da Justiça. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) aponta fraude na licitação realizada em 2007. O prazo inicial de conclusão do trecho era de 18 meses. Cuia bá Cuiabá Construção de duas linhas de BRT e duplicação da rodovia Mario Andreazza, que dá acesso ao estádio Verdão, a ser usado na Copa. Ainda serão reformados pequenos pontos de acesso público, como terminais e passarelas. Manaus Br asília Brasília Orçado em R$ 1,5 bilhão, o projeto do VLT de Brasília prevê a construção de 25 estações. O trajeto de 22 km ligará o aeroporto Juscelino Kubitschek à Asa Norte, no final da W3 Norte. Serão três trechos. O primeiro, chamado de Linha 1/Trecho 1, sairá do aeroporto e irá até o terminal da Asa Sul. Terá 6,5 km de extensão. O segundo, com quase 9 km de comprimento, ligará a Asa Sul ao setor 502 Norte. O trecho 3, que levará os passageiros até o terminal Asa Norte, terá 7,4 km de extensão. A expectativa é que o VLT transporte de 180 a 200 mil passageiros por dia. A primeira etapa da construção, A capital amazonense terá um monotrilho de 20 km de extensão, chamado de Linha Norte-Centro. O custo chega a R$ 1,3 bilhão, com financiamento de R$ 600 milhões do FGTS. Ao todo, são nove estações. A capacidade de transporte será de 200 mil passageiros por dia. A primeira etapa, na qual está prevista a ligação entre os terminais Santos Dumont e Arena Amazônia, próximos ao estádio Vivaldão, será concluída em 2013. A licitação para a construção do monotrilho, no entanto, já foi adiada três vezes – o processo arrasta-se desde abril. Em outubro, a Controladoria Geral da União (CGU) apontou irregularidades no projeto básico. O órgão concluiu que a construção tem custo maior do que o previsto e a tarifa é maior que a estimada pelo governo estadual. Consulte :: Informativo Sinaenco :: 9 mobilidade urbana Quem é quem no transporte urbano As características dos principais modais de transporte aplicáveis às cidades de médio e grande porte Bus R apid Transit (BR T) Ra (BRT) Modelo de transporte que utiliza veículos sobre pneus, articulados ou biarticulados, que trafegam em canaletas específicas ou em vias elevadas. O sistema prevê a compra de bilhetes nas estações, rampas, escadas-rolantes e plataformas para reduzir o tempo de embarque e desembarque. No Brasil, o primeiro sistema de corredores de ônibus foi implantado em 1979, em Curitiba, hoje uma referência mundial. 2 a 20 mil passageiros por hora por sentido 20 km/h a 30 km/h R$ 17 milhões a R$ 26 milhões por km construído Veículo Le ve sobr e Lev sobre Trilhos (VL T) (VLT) Sistema de veículos articulados que trafegam sobre trilhos metálicos instalados nas ruas ou em faixas específicas. Trata-se de uma versão contemporânea dos antigos bondes. Pode ser alimentado por via elétrica ou funcionar com veículos a diesel. No Brasil, o VLT do Cariri, que liga Juazeiro a Crato, no Ceará, é o mais novo sistema do país, com 13,6 km de extensão. 10 a 45 mil passageiros por hora por sentido 20 km/h a 30 km/h R$ 62 milhões a R$ 79 milhões por km construído Monotrilho Sistema de média capacidade que trafega em pista elevada. É suportado por um trilho único, que pode estar localizado acima ou abai10 :: Informativo Sinaenco :: Consulte xo do compartimento de passageiros. Assim, os carros viajam ‘pendurados’ ou ‘encaixados’ em trilhos de concreto ou aço, que também fornecem a força motriz, em geral elétrica. Uma desvantagem é a interferência provocada pelas estruturas elevadas em meio à malha urbana. pacidade, para atendimento a regiões metropolitanas. A diferença com os metrôs é a maior distância entre estações e sua abrangência, que geralmente envolve cidades vizinhas. até 60 mil por hora por sentido 30 km/h a 50 km/h R$ 60 milhões a R$ 100 milhões por km construído Outr os sistemas Outros 4 a 10 mil passageiros por hora por sentido 20 km/h a 30 km/h R$ 70 a 130 milhões por km construído Metrô Linha férrea que circula em túneis elevados ou mesmo sobre a superfície sem interferência no trânsito local. São elétricos, possuem sistemas e controle que permitem a circulação dos trens com intervalos mínimos de tempo e podem ser integrados a outros sistemas de transporte. O metrô mais antigo é o de Londres, iniciado em 1863. Os de Nova York e Buenos Aires foram construídos nos primeiros anos do século 20. 60 mil a 80 mil passageiros por hora por sentido 30 km/h a 40 km/h R$ 100 milhões a R$ 300 milhões por km construído Trens urbanos Os antigos sistemas de trens de subúrbio foram modernizados. Receberam carros e sistemas de controle mais eficazes, permitindo intervalos menores entre trens. Algumas capitais de estados brasileiros estão trabalhando para transformar seus trens urbanos em metrôs de alta ca- Ciclovias, escadas e passarelas rodantes, elevadores, funiculares e teleféricos também podem ser integrados às redes de transportes urbanos. Um exemplo antigo é o Elevador Lacerda, em Salvador. Um mais moderno é o Elevador do Cantagalo no Rio, recentemente inaugurado. O Rio também inovou ao instalar uma linha de teleférico no Complexo do Alemão, para interligar várias favelas da cidade. A linha foi inspirada no Metrocable, implantando em Medelín na Colômbia. Fontes: ANTP, Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), NYC Department of Planning. sinaenco / sp Evento discute novos eixos de desenvolvimento na capital paulista As perspectivas de desenvolvimento da zona leste paulistana foram o destaque nos debates do 10º Encontro da Arquitetura e da Engenharia Consultiva, promovido pelo Sinaenco/SP, em 4 de novembro, no Centro Brasileiro Britânico. CLÓVIIS FERREIRA Com mais de quatro milhões de lo, Gilberto Kassab, afirmou que as Um dos objetivos da Operação Urbana Rio Verde-Jacu Pêssego, tohabitantes, a região mais populosa ações voltadas a revitalizar a zona cada pela prefeitura, é atrair empreda capital paulista virou o centro das leste já estão em curso, como a atenções após o anúncio da consconstrução do polo institucional e sas de tecnologia da informação e logística para a zona leste, ampliantrução da arena do Corinthians no do polo tecnológico de Itaquera, do os empregos na região. bairro de Itaquera, indicada pelo Coalém da Faculdade de Tecnologia mitê Organizador da Copa para se(Fatec), que vem sendo erguida em O 10º encontro também teve a participação de Jurandir Fernandes, diar a abertura da competição. terreno anexo ao da arena corintiDe acordo com o presidente do ana. O prefeito aproveitou ainda para coordenador de transição de governo Goldman/Alckmin, Frederico BusSinaenco/SP, José Roberto Bernasdestacar a importância da integração singer, diretor presidente da Comconi, o novo estádio é uma oportuentre as atividades do Sinaenco e da nidade única para repensar a zona administração pública e destacou a panhia Docas de São Sebastião e diretor do Departamento Hidroviáleste, atualmente relegada à conforte atuação do Sindicato na proporio de São Paulo, Carlos Roberto dição de “cidade-dormitório”, já sição de ações para a cidade. que, apesar de concentrar 27% dos Para que os investimentos na Silvestrin, vice-presidente executivo da Associação da Indústria de Copaulistanos, a região gera apenas zona leste tenham o efeito espera6% da riqueza do município, segundo, o essencial, na visão do secretágeração de Energia, Pedro Taddei Neto, vice-presidente do Sinaenco/ do o IBGE. rio municipal de Desenvolvimento SP, e de Luiz Augusto Contier, coBernasconi citou o exemplo de Urbano, Miguel Luiz Bucalem, é inLondres, sede da Olimpíada de tegrar o polo institucional com o ordenador do curso de Arquitetura da Universidade São Judas Tadeu. 2012, que executa um amplo profuturo polo industrial de Itaquera. cesso de revitalização em áreas carentes da cidade, por coincidência concentradas também na região leste. “Um lugar que era cheio de escombros da 2ª Guerra e dejetos industriais está se renovando. Podemos fazer isso em São Paulo.” Presente na abertura do 10º Encontro do Sinaenco/SP, o Viol e ex-dirigentes nacionais do Sinaenco recebem o Secretário de Desenvolvimento prefeito de São PauUrbano de São Paulo, Miguel Bucalem (ao centro de camisa azul), durante o 10º. encontro. Consulte :: Informativo Sinaenco :: 11 Copa 2014 Projetando o Brasil do futuro Consulte :: Informativo Sinaenco :: 12 12 :: Informativo Sinaenco :: Consulte Aeroportos e mobilidade urbana são preocupação para os megaeventos esportivos. Durante o encontro, os arquitetos e engenheiros aprovaram a criação de um fórum permanente com o objetivo de abrir canais de diálogo entre as empresas contratadas, o governo e a Infraero. Para Claudemiro Santos, presidente do Sinaenco/BA, a discussão é de extrema importância. “Sentimos falta de políticas mais amplas, integradas no setor. Vamos oferecer ao poder público um documento com parâmetros, indicando os problemas e as soluções”, afirmou. No segundo dia de evento, representantes de Brasília, Salvador, São Paulo, Recife e Curitiba ofereceram um panorama da situação das obras dos estádios e entornos. Segundo Guaracy Klein, do Sinaenco/DF, o grande desafio é juntar todos os aspectos que compõem a Copa do Mundo. “O mais complicado é fazer a integração de ações de segurança, saúde, infraestrutura, sustentabilidade. Esse é o grande legado. Não é só para 30 dias, é para o futuro”, afirmou. O ponto alto do painel foi a apresentação de Raquel Verdenacci, do Comitê Executivo de São Paulo. Verdanacci destacou as obras que serão necessárias para implantação do estádio de Itaquera – definido em novembro como a arena da cidade para o Mundial – e apontou os caminhos que serão seguidos para facilitar a mobilidade na capital paulista. O último dia do fórum foi marcado pelas apresentações dos planos das cidades de Salvador, Belo Horizonte, Cuiabá e Recife para melhorar o trânsito e o transporte coletivo durante a Copa. NY se encanta com as ar enas br asileir as arenas brasileir asileiras Com apoio do Sinaenco, foi promovido em Nova York o 2014 Brazil World Cup Architectural Summit, que reuniu profissionais brasileiros envolvidos nos projetos de onze arenas para o Mundial de futebol no Brasil. O encontro, realizado na sede do AIA (Instituto Americano de Arquitetos) nos dias 18 e 19 de novembro, contou com exposição sobre os estádios e debates sobre temas como tecnologia, urbanismo e sustentabilidade. À frente da comitiva, o vice-presidente de Arquitetura do Sinaenco, Leon Myssior (na foto), apresentou KARLO DIAS O Brasil tem pela frente grandes desafios para garantir a infraestrutura necessária para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Entre as principais necessidades, destacam-se a modernização dos aeroportos e a implantação nas cidades-sede de sistemas de transporte público eficientes. Essas e outras demandas estiveram em pauta no Fórum Projetando o Brasil 2014-2016, realizado em Salvador, de 10 a 12 novembro, com promoção do Sinaenco e do Portal 2014. O Fórum reuniu representantes do poder público e de órgãos governamentais, da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), gestores das cidades-sede da Copa, além de dirigentes do Sindicato e executivos de empresas de arquitetura e engenharia consultiva. A infraestrutura logística aeroportuária das cidades-sede foi o destaque do primeiro dia de fórum. Superintendente de Obras da Infraero, Ricardo Ferreira detalhou o programa de investimentos da estatal até 2014, que prevê aplicação de R$ 6,1 bilhões em terminais que servem às cidades-sede. Além da preocupação com o ritmo das obras e se estas estarão finalizadas a tempo, os participantes ressaltaram a necessidade de planejamento de longo prazo no setor. “O planejamento não deve ser para 2014 ou 2016, e sim para 2025, 2030 e 2050”, afirmou o consultor do Sinaenco, Jorge Hori, lembrando que a demanda por transporte aeroportuário vem crescendo de forma acelerada. KARLO DIAS Fórum em Salvador promove debate sobre os gargalos do Brasil para a Copa e a Olimpíada um panorama da situação atual do Brasil e das diversas oportunidades presentes no país, em áreas como transporte, energia, saneamento, educação, entre outras. Aproveitou ainda para destacar a competência da engenharia e da arquitetura brasileiras para participar de projetos no exterior. Sinaenco Brasil arquitetura e engenharia consultiva. As discussões abordaram temas como caracterização do vínculo empregatício, remuneração do empregado e do prestador de serviços, cases sobre fiscalização e autuações, formação do passivo trabalhista e soluções de conflitos. O ciclo de debates contou ainda com palestra do advogado especializado em Direito Trabalhista, Marco Antonio Oliva, sobre os riscos da terceirização. Em cerimônia realizada em 13 de dezembro, o presidente do Sinaenco/SP, José Roberto Bernasconi, foi agraciado com o título de Eminente Engenheiro do Ano. Concedida pelo Instituto de Engenharia, a premiação visa ao reconhecimento dos profissionais de destacada atuação na área e/ou de carreira marcada por contínuas contribuições para o aprimoramento da engenharia. Formado pela Escola Politécnica da USP, Bernasconi foi presidente nacional do Sinaenco entre 2006 e 2009 e do Instituto de Engenharia entre os anos 1985/ 1987 e 1987/1989. Foi também professor da Poli-USP entre 1970 e 1975. Atualmente dirige a Maubertec Engenharia e Projetos, integra o Comitê da Cadeia de Produção da Indústria da Construção (Concic/Fiesp) e a União Pan-Americana de Associações de Engenheiros (Upadi). Transf erência de acer vo ansferência acerv técnico é tema de palestr a palestra O Sinaenco/MG realizou, em 8 de outubro, palestra sobre transferência de acervos técnicos entre empresas, com o advogado e doutor em Direito Comercial, Alexandre Cateb, sócio da Salomão Catei Advogados. Em sua apresentação, Cateb explicitou as formas legais de transferência de acervos entre escritórios e profissionais. Segundo o advogado, a transferência de acervos técnicos sempre foi realizada pelas empresas de engenharia e arquitetura do país. O modelo também é utilizado nos Estados Unidos e na Europa. “O engenheiro reúne seus atestados técnicos e expertises e leva para as empresas contratantes”, disse. Fór um Br asil 2014 órum Brasil IQ pr omo ve cur sos pelo Br asil promo omov cursos Brasil O Sinaenco/PE, por meio de seu Instituto de Qualificação, realizou em novembro cursos sobre avaliação judicial de bens e imóveis, em São Paulo, montagem de plano de projeto utilizando a metodologia do PMI, em Alagoas, e técnicas de negociação, na sub-regional de João Pessoa. Além dos cursos, o Sinaenco/PE promoveu, em outubro, a palestra Obras de terra em solos moles, sobre os principais aspectos de projeto, execução e controle de obras. A palestra foi apresentada pelo engenheiro Alexandre Gusmão, professor da Escola Politécnica de Pernambuco e diretor da Gusmão Engenharia. Em 10, 11 e 12 de novembro, o Sinaenco/BA recebeu o Fórum Projetando o Brasil 2014. Além do presidente da regional, Claudemiro Santos Júnior, o evento contou com a participação do presidente nacional, João Alberto Viol, dos dirigentes de PE e MG, respectivamente, Abel Oliveira Filho e Maurício de Lana, e do diretor-executivo do Sindicato, Antonio Rolim. ARQUIVO SINAENCO ARQUIVO SINAENCO Ber nasconi é eleito Bernasconi Eng enheir o do Ano Engenheir enheiro Cic lo de de ba tes Ciclo deba bates ceirização terceirização foca na ter Em 2 de dezembro, o Sinaenco/RS organizou ciclo de debates para representantes de empresas de Consulte :: Informativo Sinaenco :: 13 projetos brasileiros Projeto: José Armênio de Brito Cruz e Renata Semin Marco da arquitetura art déco de São Paulo, a Biblioteca Mário de Andrade é um projeto de 1935 do arquiteto francês Jacques Pilon. O prédio central, tombado pelo patrimônio histórico, está sendo reformado com projeto do escritório Piratininga Arquitetos Associados. A reabertura do conjunto está prometida, como anunciou o prefeito Kassab, para o aniversário da cidade, em 25 de janeiro de 2011. A primeira etapa da obra, a Biblioteca Circulante, foi inaugurada em julho. Resta a conclusão do edifício maior, onde ficam as salas de pesquisa e a seção de obras raras. Além disso, um prédio ao lado foi incorporado à biblioteca, para abrigar o acervo de milhões de itens documentais da Mário de Andrade. A proposta da Circulante, explica a arquiteta Renata Semin, foi a de fazer “intervenções pontuais, que não descaracterizassem o volume original de Pilon, já dotado de boas práticas de arquitetura, como o aproveitamento de luz natural”. O que se fez foi requalificar espaços e usos, criando pontos de iluminação dirigida, para maior conforto dos leitores. A biblioteca foi concebida como um elemento da paisagem, sem definição do que seria frente ou fundo. O prédio, integrado ao paisagismo da Praça Dom José MAÍRA ACAYABA / DIVULGAÇÃO Bib lioteca Mário de Andr ade Biblioteca Andrade Gaspar, assume o caráter de uma cenografia noturna e urbana, com sua iluminação (ou autoiluminação) vinda de dentro, ‘como um abajur aceso’. A nova estrutura, acoplada à fachada, tem caráter ‘reversível’, permite distinguir os elementos introduzidos dos originais. Internamente, estantes metálicas funcionam como um sistema só (de viga, laje e pilar). Parafusada à bancada, a estante e o conjunto todo suportam o piso do mezanino. Elementos decorativos e o mobiliário encontrado (especialmente projetado) foram restaurados, assim como os pisos de madeira. Outros foram substituídos por pisos de granilite industrial, de cor clara e alta resistência. DIVULGAÇÃO Museu de Ar te Moder na de Santos Arte Moderna Projeto: Paulo Mendes da Rocha, Martin Corullon, Anna Ferrari e Gustavo Cedroni O Museu de Arte Moderna de Santos, no litoral de São Paulo, é um projeto do renomado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, em parceria com Martin Corullon, Anna Ferrari e Gustavo Cedroni, do escritório Metro Arquitetos. 14 :: Informativo Sinaenco :: Consulte Integrado à Pinacoteca Benedito Calixto, o MAM de Santos ainda não tem previsão para início das obras. O projeto é um cubo fechado, cindido ao meio por um rasgo horizontal. O desenho de linhas modernistas define um volume suspenso e suportado por vigas metálicas, e em parte apoiado sobre uma plataforma vermelha. No vão formado sob essa estrutura, serão instalados um café e área de convivência. Internamente, o edifício tem três pavimentos, e no nível térreo é possível avistar os jardins e a Pinacoteca. Implantado em um terreno de 2.800m², o museu compreende 8.180m² de área construída. É uma obra em estrutura metálica, com fachada revestida de placas pré-moldadas de concreto. No pavimento térreo, encontra-se a maior sala de exposições, de 1.135 m² de área. No segundo e terceiro pisos, mais duas salas de exposição, e no último andar local para o arquivo técnico. DIVULGAÇÃO No vo Ter minal R odo viário de Belo Horiz onte Nov erminal Rodo odoviário Horizonte Projeto: Eduardo Carlos Guerra e Alexei Rabelo Com previsão de início de obras em 2011, e conclusão em 2012, o projeto do novo terminal de Belo Horizonte, o Terminal Rodoviário São Gabriel, na região nordeste da capital mineira, inclui dois setores distintos. Um destinado à rodoviária e outro voltado a atividades comerciais e de serviços. O edital para escolha da empresa encarregada da construção e operação do terminal foi publicado pela prefeitura em novembro. A nova rodoviária, orçada em aproximadamente R$ 150 milhões, ficará localizada entre a estação de ônibus metropolitanos (BHBus) de São Gabriel e o Anel Rodoviário. Será um sistema moderno, integrado tanto à estação de metrô do bairro, como às estações de ônibus urbanos. Além da proximidade com o anel rodoviário, o terminal está próximo da avenida Cristiano Machado e da Linha Verde, importantes vias de acesso da capital mineira. O equipamento se desenvolve em dois pavimentos, tem 56 plataformas de embarque e desembarque e cerca de 500 vagas de estacionamento. São 35,5 mil m² de área construída e ligação por passarelas à Estação BHBus, assim como ao complexo comercial a ser implantado. Este empreendimento comercial tem o propósito de promover a valorização da região. Além de um hotel com 14 pavimentos e 240 apartamentos, conta com lojas e um supermercado, voltados para uma praça de alimentação. Para revitalizar a região, devem ser criados no entorno centros de lazer e compras. DIVULGAÇÃO Trib unal R egional do Trabalho da 5ª R egião da Bahia ribunal Re Re Projeto: João Filgueiras Lima (Lelé) O projeto do TRT da 5ª Região da Bahia, em Salvador, é um complexo de oito edificações, implantado quase sem contato com o chão, para deixar preservada a rica e densa vegetação do terreno de 122 mil m2 de área. Primeiro projeto do arquiteto baiano João Filgueiras Lima (Lelé) à frente do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Hábitat (IBTH), o desafio aqui foi promover a mínima intervenção no lote, com uma solução arquitetônica pontual, composta por edificações, circulares e estanques, apoiadas sobre núcleos de circulação vertical. Os edifícios são interligados por um caminho suspenso (a 30m do solo), na forma de passarelas fechadas e envidraçadas que totalizam 200m de vias lineanes. Ainda em favor da sustentabilidade da obra adotou-se o sistema industrializado, com estruturas metálicas. No mesmo sentido, a passarela foi projetada com número reduzido de pilares metálicos, em comprimentos variáveis de acordo com a topografia local. A maior intervenção será nas bordas do lote, onde um corte escalonado de 13m de altura permitirá a execução de quatro pavimentos de garagem e estacionamento descoberto. A equipe do projeto do TRT inclui ainda Beatriz Secco (paisagismo), Audium (acústica e sonorização), Roberto Vitorino (estrutura), Porthos Moreira Gontijo (elétrica), Kouzo Nishiguti (hidráulica) e George Raulino (ar-condicionado). Consulte :: Informativo Sinaenco :: 15 DIVULGAÇÃO obr as exemplar es Sustentável, ecoeficiente, moderno Assinado pelo arquiteto Siegbert Zanettini, em coautoria com José Wagner Garcia, o projeto de ampliação do Cenpes - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, localizado na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, define-se por uma arquitetura contemporânea, ecoeficiente e sustentável. A obra foi executada em quatro anos e inaugurada no dia 7 de outubro passado. Com esta ampliação, o Cenpes passou de 122 mil m2 para 305 mil m2 de área construída. O novo conjunto compreende 227 laboratórios, espaço adequado para trabalharem ao mesmo tempo 3.500 pesquisadores. Destacam-se, entre suas instalações, um centro de realidade virtual (CRV), biblioteca, restaurante, orquidário, centro de convenções e edificações de apoio, além do centro integrado de processamento de dados da Petrobras. 16 :: Informativo Sinaenco :: Consulte Consulte Maior centro de pesquisa do hemisfério Sul, o Cenpes priorizou conceitos de ecoeficiência, como o aproveitamento máximo de áreas de sombra e ventilação, para minimizar o consumo de energia elétrica e ar-condicionado. Também o paisagismo, concebido pelo arquiteto Benedito Abbud, valorizou áreas verdes entre edificações, laboratórios e jardins internos; externamente, recompôs áreas de mata nativa do entorno. Os estudos de desempenho ambiental foram desenvolvidos pelo Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética (Labaut), da FAU-USP. A racionalidade do projeto inclui ainda a escolha do sistema estrutural – estruturas metálicas desmontáveis e modulares, com possibilidade de serem reaproveitadas na própria obra. Completam o sistema painéis pré-moldados de concreto, lajes em steel deck, telhas e coberturas metálicas.