i n f o r m a t i v o
s i n a e n c o
d e z e m b r o
2 0 1 0
a n o
X I X
074
Caminho aaber
ber
to par
berto
paraa aavvançar
Um dos grandes gargalos das cidades brasileiras, o transporte público
passará por uma renovação nos próximos anos. É o que promete uma série
de investimentos anunciados pelo governo federal, como parte do PAC da
Copa e do PAC II. Conheça ainda os projetos de mobilidade urbana que
devem estar concluídos já em 2014.
Pág. 6
Londr
es 2012
Londres
Miner
ação
Mineração
Pr
ojetos Br
asileir
os
Projetos
Brasileir
asileiros
Planejamento é tudo no
Mineradoras planejam
O Museu de Arte Moderna
programa que promete
aplicar US$ 62 bilhões
de Santos, no litoral
resultar na Olimpíada
em exploração e logística.
paulista, e o Terminal
mais sustentável de
Setor de projetos deverá
Rodoviário São Gabriel,
todos os tempos.
ser beneficiado.
em Belo Horizonte.
Pág. 3
Pág. 4
Pág. 14
Consulte :: Informativo Sinaenco ::
1
editorial
Pensar o Brasil 2022
“
“
O novo governo federal, sob a presidência de Dilma
Roussef, tem condições de consolidar o Brasil como um
país em transição para o mundo desenvolvido. Não será,
porém, uma trajetória fácil. As circunstâncias são favoráveis, graças à conjunção de fatores que “nunca antes”
haviam ocorrido ao mesmo tempo na história brasileira:
mercado internacional comprador de produtos nacionais, em especial os do agronegócio e commodities minerais; economia estabilizada, com inflação em níveis
razoáveis, pré-sal, Copa
2014 e Olimpíada 2016
Planejamento é a
empurrando a expanpalavra-chave para
são econômica.
uma gestão que terá a
O elevado nível de
chance de preparar o
emprego e o “bônus depaís para comemorar
mográfico” – com a
o bicentenário da
maioria da população
Independência, em
em idade de trabalho e
2022
que representará nessa
próxima década outra
inédita vantagem para o
país – são também benesses que podem e devem ser
aproveitadas para pavimentar o caminho rumo ao desenvolvimento. Nada disso, entretanto, exime o governo de realizar as necessárias correções de rumo para
atingir essa meta. O principal deles é desenvolver uma
cultura de planejamento e gestão efetiva e, principalmente, eficiente, requisitos que não foram o forte do
governo que se encerra. Faltaram planejamento e gestão mais eficientes, por exemplo, no PAC 1 e no setor
aeroportuário. O PAC esteve sob a batuta da então ministra-Chefe da Casa Civil.
A falta de planejamento e gestão mais eficientes do
PAC e do setor aeroportuário, neste em especial em
seu programa de investimentos, fez com que, a despeito do crescimento acentuado da demanda de passageiros nos últimos anos, não tivéssemos os investimentos à
altura desse crescimento. Foram seis milhões de novos
passageiros entre 2003 e 2009, 80% de crescimento no
período, 10% de crescimento ao ano. Na área de saneamento, dos R$ 40 bilhões de investimentos previstos
no período 2007-2010, cerca de R$ 12 bilhões transformaram-se em obras.
O principal obstáculo ao desempenho mais efetivo
do PAC no saneamento foi a falta de projetos de qualidade, especialmente nos municípios. Despreparadas e
sem corpo técnico adequado, boa parte das prefeituras
brasileiras deixou de receber recursos já contratados,
mas emperrados pela ausência de projetos desenvolvidos sob condições tecnicamente satisfatórias. Nos aeroportos, a crise intermitente teve como principal resposta a adoção dos Módulos Operacionais, batizados de
“puxadinhos” por profissionais da arquitetura e engenharia que atuam no setor.
Esses exemplos são importantes porque, em maior
ou menor grau, repetem-se em outras áreas do governo. Planejamento é a palavra-chave para uma gestão que
terá a chance de preparar o país para comemorar o
bicentenário da Independência, em 2022, em condições
sociais, econômicas e ambientais muito melhores do
que as exibidas pelo Brasil de
2010. A tarefa é urgente: pensar o Brasil de 2022 tem de
começar agora, sem improvisações ou “puxadinhos”.
João Alberto Viol, presidente
Sinaenco: Diretoria Nacional: João Alberto Viol (Presidente), Antonio Moreira Salles Netto (VP de Gestão e Assuntos Institucionais), Everaldo José Gobbo
Possagnolo (VP de Administração e Finanças), Lineu Rodrigues Alonso (VP de Ética e de Proteção à Consultoria), Orlando Botelho Filho (VP de Engenharia),
Leon Cláudio Myssior (VP de Arquitetura), Luiz Alberto Teixeira (VP de Ciência e Tecnologia), João Coelho da Costa (VP de Relações Trabalhistas e Assuntos
Intersindicais), Antonio Othon Pires Rolim (Diretor Executivo). Consulte é uma publicação do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia
Consultiva. Rua Marquês de Itu, 70 - 3º. andar - CEP 01223-000 - São Paulo - SP - tel.: 11 3123-9200 - fax: 11 3120-3629 - site: www.sinaenco.com.br - e-mail:
[email protected]. Editora Mandarim: Silvério Rocha MTb 15.836 (jornalista responsável), Marcos de Sousa, Graziela Silva, Diego Salgado, Rafael
Massimino, Rafael Fiuza e Regina Rocha (reportagem e redação) - Projeto gráfico: Hiro Okita - Diagramação e arte: Juca Zaramello - Fotolitos, impressão e
acabamento: Indusplan. Imagem da capa: Fotolia. Tiragem desta edição: 10 mil exemplares.
2 ::::Informativo
InformativoSinaenco
Sinaenco::::Consulte
Consulte
entrevista
Planejamento e legado olímpico
Dan Epstein é chefe de Sustentabilidade e Regeneração
da Autoridade Olímpica de Londres. Sua missão: garantir
que os Jogos de 2012 sejam os mais verdes da história e
tragam como legado a transformação da zona leste da
capital inglesa – região pobre, com solo, ar e rios
contaminados – em um novo polo de desenvolvimento.
Nesta entrevista, o executivo revela os segredos de um
programa olímpico que, além de todas as qualidades,
tem obras e orçamento dentro do planejado.
Eventos esportivos podem
promover o desenvolvimento
das cidades-sede?
A Olimpíada é um evento que atrai
as atenções do mundo e pode servir para estabelecer novos padrões
e metas ambiciosas de desenvolvimento. O alto nível de investimento requerido pode e deve ser canalizado em benefício da cidade. Investimentos em transportes públicos, espaços verdes e áreas públicas, instalações esportivas de classe mundial, serviços públicos, tecnologia da informação etc são capazes de transformar uma cidade
permanentemente.
DIV
ULG
AÇ
ÃO
Como planejamento e gestão
estão sendo importantes para o
projeto Londres 2012?
Planejamento é tudo.
Estamos investindo £ 7 bilhões no Parque Olímpico
– sem planejamento poderíamos ultrapassar o orçamento, fugir aos objetivos do programa e perder
a oportunidade de deixar
um legado permanente. O planejamento
permite
que se
pense
sobre o que se deseja realmente
criar e investir; testar a viabilidade
de longo prazo das propostas; preparar planos de negócios; coordenar investimentos e programas de
construção; garantir que objetivos
de sustentabilidade sejam incorporados ao programa e ainda proporcionar um legado de qualidade e de
longo prazo.
Como os princípios da
sustentabilidade estão sendo
aplicados ao programa?
Temos uma estratégia abrangente
com base em princípios ambientais,
sociais e econômicos, previstos na
estratégia de sustentabilidade. Temos 12 áreas-chave nas quais estamos nos concentrando, entre elas
energia, água, resíduos, biodiversidade, materiais, impactos da
construção, diversidade, estilos de vida saudáveis e
acessibilidade. Para cada
uma das áreas, estabelecemos um conjunto de regras
claras e ambiciosas, que todos
os fornecedores são obrigados a cumprir. Por
exemplo:
transportar mais
de 50%
dos ma-
teriais de construção por ferrovias
ou hidrovias, para evitar congestionamentos, poluição e emissão de
carbono; reduzir o uso de água potável em 40%, criar empregos locais
permanentes e fornecer acesso para
pessoas com deficiência como em
nenhuma outra Olimpíada.
O Rio de Janeiro, que irá sediar a
Olimpíada em 2016, pode seguir
o exemplo londrino?
Sim, mas o Rio precisa definir sua
visão, ser transparente e envolver as
comunidades e demais partes interessadas, garantir que o dinheiro
será bem gasto e os projetos serão
bem gerenciados. Além disso, montar uma equipe forte e integrada
para supervisionar o desenvolvimento e controlar as decisões de investimento, a fim de assegurar que os
esforços estarão focados na regeneração da cidade.
A Autoridade Olímpica está
firmemente empenhada em
deixar um legado duradouro
para Londres. E para o mundo:
que tipo de legado é esperado?
A Olimpíada deixará em Londres um
sentimento de orgulho, realização
e confiança. Irá promover uma grande participação no esporte e orgulho e entusiasmo nas escolas; melhorar a auto-estima das pessoas
com deficiência e ampliar suas
chances de participação na sociedade. Irá ainda definir novos padrões de gestão de recursos, de projetos de estádios, incluindo uma
revolução na concepção de instalações temporárias. Além da transformação da zona leste de Londres, parte de um programa muito maior de renovação e regeneração da cidade.
Consulte
Consulte::::Informativo
InformativoSinaenco
Sinaenco:::: 3
mineração
Novo ciclo de ouro
Setor mineral deve receber volume recorde
de investimentos nos próximos anos e impulsionar
negócios na cadeia de A&EC
AGÊNCIA VALE
Mina de Cobre do Sossego, no Pará: projetos cada vez
mais distantes exigem soluções completas de engenharia.
A iniciativa privada deve investir
US$ 62 bilhões na indústria da mineração no período de 2010 a
2014, volume inédito. A projeção é
do Instituto Brasileiro de Mineração
(Ibram) e leva em conta os diversos
projetos anunciados pelas companhias instaladas no país. É uma excelente notícia para as empresas de
projetos e consultoria, que participam em praticamente todas as fases do empreendimento mineral,
desde a definição da sua viabilidade técnico-econômico-social até seu
encerramento.
De acordo com o gerente de
4 :: Informativo Sinaenco :: Consulte
Dados Econômicos do Ibram, Antonio Lannes, os investimentos projetados contemplam a construção de
novas unidades e expansões e abarcam os mais diversos minerais. “O
minério de ferro, carro-chefe do setor, deverá receber 63,27% dos recursos. Mas há grandes projetos vinculados à cadeia do alumínio (alumina, bauxita e alumínio) níquel, cobre, fosfato e ouro”, afirma.
O ciclo de expansão é influenciado por fatores como o processo
de urbanização do mundo e a recuperação das cotações das commodities minerais no mercado mundial
no pós-crise. “O fator China, com seu
apetite espantoso por matérias-primas, tem peso nas decisões de investimento das empresas”, diz Lannes.
Estado com tradição na atividade, Minas Gerais será o destino de
39,2% do total estimado pelo
Ibram, seguido de Pará (38,2%) e
da Bahia (cerca de 10%), que desponta como a nova fronteira da mineração no país.
VP de Administração e Finanças
do Sinaenco/MG, José Franscisco
Neves confirma que o cenário criado pelos investimentos no setor
mineral é bastante positivo para as
empresas de A&EC. “Podemos dizer que é o melhor momento em
25 anos e, se o mercado continuar
como está, possivelmente teremos
uma década especial”, diz.
Soluções completas
O período é ainda mais interessante porque, além de projetos de
lavra, há investimentos previstos em
logística, relacionados à construção
de minerodutos, terminais privados
em portos e até ferrovias. O objetivo das companhias mineradoras é
driblar o gargalo da infraestrutura e
garantir o escoamento da produção
com eficiência.
Entre os projetos, destacam-se o
mineroduto da Anglo American, que
passará por 25 cidades do interior
de Minas Gerais para chegar ao porto do Rio de Janeiro, em São João
da Barra, com capacidade para
transportar 24,5 milhões de toneladas de minério de ferro; as obras da
Vale para expandir a capacidade de
escoamento das suas principais ferrovias (Estrada de Ferro Vitória a Minas - EFVM e Estrada de Ferro Carajás - EFC); e ainda a construção de
AGÊNCIA VALE
vez que a operação está
vinculada à aprovação
destes junto aos órgãos
competentes.
“A mineração tem
uma duração no tempo,
seja por fatores econômicos (o que é viável para
exploração hoje pode
não ser amanhã), seja
pela disponibilidade de
reservas lavráveis”, explica o geólogo Eduardo
Chapadeiro, da Golder
Associates. O objetivo
do plano de fechamento
Ampliação da capacidade de escoamento da ferrovia Vitória a é planejar o encerramenMinas, da Vale, integra os planos de investimentos em logística. to da atividade, inclusive
financeiramente, e mititerminal privado da Bahia Mineragendo toda a infraestrutura de energar seus efeitos, considerando asção no Porto de Ilhéus.
gia e transporte para o escoamento
pectos sociais e econômicos – a
Na visão da engenheira Maria de
dos produtos.
desativação pode representar perLourdes Bahia, gerente de Marke“De maneira geral os novos proda de receita e de postos de trabating e Desenvolvimento de Negócijetos são localizados em regiões de
lho para uma dada comunidade, por
os da SNC Lavalin Minerconsult, a
difícil acesso e com pouca infraesexemplo – e, claro, ambientais.
tendência entre as empresas de protrutura. O que por um lado dificulta
Segundo Chapadeiro, a legislajetos e consultoria é a de prover
a implantação, por outro abre oporção brasileira vem evoluindo na
cada vez mais a solução completa
tunidades para que as empresas parespecificação dos procedimentos
para a cadeia de mineração, abranticipem em todos os estágios do
para o fechamento de minas. Em
empreendimento, tanto na parte de
1989, decreto federal tornou obriNo
vos In
vestimentos no
Nov
Inv
infraestrutura (portos, estradas de
gatória a recuperação de áreas misetor miner
al - 2010 a 2014
mineral
acessos,
ferrovias,
minerodutos,
generadas. Em 2000, por meio de norValores em US$ bilhões
ração de energia, linhas de transmisma técnica, o Ministério das Minas
Ferro
39,230
são), como na mina e planta de
e Energia especificou os diversos
Níquel
6,716
beneficiamento propriamente diitens envolvidos no fechamento de
Bauxita
4,987
tas”, afirma Maria de Lourdes.
empreendimentos de mineração,
Cobre
2,657
designando-o como uma fase releFosfato
2,510
Fechamento planejado
vante do projeto.
Alumínio
2,200
antecipadamente
Em 2008, Minas Gerais aproOuro
2,030
Além de oportunidades em esvou deliberação normativa que esAlumina
1,000
tudos de viabilidade, projetos contabelece diretrizes para avaliação
Manganês
0,300
ceituais e básicos, gerenciamento,
ambiental na fase de encerramenVanadio
0,270
supervisão e monitoramento, um
to. O documento já se tornou reNióbio
0,066
mercado que deverá gerar novos
ferência para outros estados e poCarvão
0,044
contratos é o relacionado aos pladerá servir de base para um marTotal
62,000
nos de fechamento de minas, uma
co legal nacional.
Fonte: Ibram
Consulte :: Informativo Sinaenco ::
5
mobilidade urbana
Caminho aberto para avançar
Após décadas de inércia, Brasil se prepara para dar o
primeiro passo rumo à renovação do transporte público
nas cidades. Investimentos previstos para os próximos
anos se aproximam dos R$ 30 bilhões.
Em Paris, costuma-se dizer que
o centro da cidade está na porta do
metrô mais próximo. Durante o século 20 quase todas as grandes cidades do mundo construíram redes
imponentes de transportes com
trens urbanos – acima e abaixo do
solo –, veículos leves sobre trilhos
e sistemas de ônibus. No Brasil, apesar de avanços a partir dos anos
1970, o atraso na infraestrutura de
mobilidade urbana é comum às capitais e grandes cidades. Por lei,
todo município com mais de 20 mil
habitantes deve ter um plano diretor de desenvolvimento urbano e
aqueles com mais de 500 mil habitantes também precisam obrigatoriamente elaborar um plano específico para o transporte. É lei, mas ainda não se tornou realidade.
Resultado disso é o aumento
implacável do transporte individual
nas grandes cidades. Automóveis e
motocicletas entopem as vias públicas nos horários de pico, ocupam
os espaços antes dedicados aos
pedestres e estimulam o desmonte
de jardins e áreas verdes para a
construção de mais vagas de estacionamento. Em São Paulo, por
exemplo, metade das 14 milhões de
viagens diárias na Região Metropolitana é feita de carro.
A boa notícia é que o cenário
de caos no transporte urbano brasileiro poderá sofrer uma transformação nos próximos anos. Pelos menos a depender de uma série de inInformativoSinaenco
Sinaenco:::: Consulte
6 ::::Informativo
vestimentos programados para as
principais capitais, em parte em função da Copa de 2014, em parte pela
constatação de que é preciso tirar
o setor da inércia atual. Somente em
recursos do orçamento da União e
empréstimos a serem viabilizados
pelo governo federal serão quase R$
30 bilhões em obras, distribuídas em
dois programas coordenados pelo
Ministério das Cidades: o PAC da
Mobilidade Urbana e o PAC 2.
Todo município com
mais de 20 mil habitantes
deve ter um plano de
desenvolvimento urbano
Raio-x dos investimentos
Voltado exclusivamente às 12
cidades-sede da Copa de 2014, o
PAC da Mobilidade Urbana disponibilizou R$ 11,48 bilhões para 47
projetos. Deste montante, 67% serão financiados pela União com recursos do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS).
Popularizado como PAC da
Copa, o programa tem como meta
integrar aeroportos, hotéis e estádios, preparando as capitais para
receber os turistas do Mundial. Inclui os VLTs de Brasília e Fortaleza, os monotrilhos de São Paulo e
Manaus, vinte BRTs, além de inter-
venções de menor porte (veja detalhes nas páginas 8 e 9).
Já o PAC 2 concentra artilharia
na construção ou ampliação de
metrôs, deixados de fora do PAC da
Copa porque, segundo o governo,
não ficariam prontos antes do evento. Quatro cidades que há tempos
cobram recursos federais para a
rede devem ser contempladas: Belo
Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e
Salvador. O programa deve incluir
a construção de mais BRTs e VLTs
nas diversas capitais, mas também
intervenções que beneficiam cidades menores, como o recapeamento de vias.
O volume de investimentos do
PAC 2 é de R$ 18 bilhões – 33%
do orçamento da União e o restante de financiamento federal. Levando em conta o critério populacional, o Ministério do Turismo dividiu
as cidades em três grupos. O primeiro reúne as metrópoles e os municípios com mais de 100 mil habitantes no Sul e no Sudeste, ou mais de
70 mil no restante do país. A lista
de obras para estas cidades deve sair
em meados de 2011 e os recursos
devem ser empenhados até o final de 2014.
Pensar longe
“A melhoria no trânsito das cidades poderá ser significativa, caso
esses recursos sejam realmente aplicados”, afirma o engenheiro Marcio
Queiroz, do Sinaenco/RJ. Ex-secretário municipal de Transportes do
Rio de Janeiro, Queiroz defende
que sejam estabelecidas metas mínimas para o andamento dos projetos, de forma a evitar a repetição
de casos com o do metrô de Salva-
dor, cujas obras se arrastaram por
mais de 10 anos e resultaram em
linha com apenas seis quilômetros
de extensão.
O consultor da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP),
Stenio Franco, reconhece que os recursos anunciados pelo governo são
significativos, ainda mais levando-se
em conta que nas décadas recentes
os investimentos em infraestrutura de
mobilidade urbana foram mínimos ou
inexistentes em algumas cidades. Porém, ressalta que a solução para o
transporte público exige esforços para
além da questão financeira.
“Se o montante de investimentos não estiver inserido numa estratégia de longo prazo, integrada ao
planejamento do uso do solo e a
propostas com preocupações urbanísticas, serão investimentos necessários, importantes, mas subutilizados. Do mesmo modo, se após a
Copa não houver um fluxo de investimentos constantes e planejados, os problemas atuais serão apenas minimizados para voltarem de
forma mais desafiadora e complexa no curto prazo”, alerta o consultor, que integra o grupo da
ANTP de Observação da Mobilidade na Copa 2014.
Validade no longo prazo
O efeito de renovação dos investimentos parece estar também vinculado aos modais de transporte
que serão priorizados e se haverá
planejamento de forma a gerar integração entre eles. No caso do plano da Copa, em que os projetos já
estão definidos, a opção pelos BRTs
chegou a gerar questionamentos de
especialistas. A solução foi a eleita
em dez das cidades-sede e receberá o maior volume de investimentos do PAC da Mobilidade.
ILUSTRAÇÕES: SANDRA JAVERA
Para Queiroz é razoável a opção
pelos BRTs, dado o tempo disponível até a data do evento e o menor
custo de implementação do modal,
comparado ao metroviário e aos
VLTs. “Os BRTs poderão gerar conforto aos usuários, se o modelo adotado prever pagamento antecipado
da passagem, utilização de corredores exclusivos e veículos de média
a alta capacidade.”
Como medida de longo prazo,
no entanto, destaca a necessidade
de investimentos efetivos nos metrôs de São Paulo e do Rio de Janeiro, que segundo ele, já têm sistemas
bem estruturados, e também nos
das cidades de Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. “Em regiões
de grande concentração populacional, o que de fato resolve o problema são os sistemas de alta capacidade”, opina Queiroz.
O pragmatismo, acredita Stenio,
pesou na decisão pelos BRTs. “Estamos a 2,5 anos da Copa da Confederações, quando idealmente
toda infraestrutura deveria estar pronta para ser testada. Obras de maior
porte e complexidade, como metrôs
e expansões ferroviárias, não são
factíveis nesse espaço de tempo, a
não ser que estejam em fase avançada de implantação”, diz.
Para o consultor, o legado que
se pode aguadar dessa primeira fase
de investimentos não se resume a
obras. “A complexidade de atender
às exigências dos megaeventos que
o país abrigará nesta década poderá permitir que o foco no transporte público ante o transporte individual seja finalmente estabelecido no
Brasil. Isso, por si só, é um legado
de altíssimo valor”.
Consulte
Consulte :: ::Informativo
InformativoSinaenco
Sinaenco:: :: 7
mobilidade urbana
Os projetos que prometem garantir a mobilidade na
Afonso Pena ao terminal rodoferroviário. Uma parte dos
recursos financiará a construção de uma linha de BRT,
terminais, sistemas de monitoramento e obras viárias.
Por
to Ale
gr e
orto
Aleg
Construção de três corredores exclusivos de ônibus, duas
linhas de BRT, e melhorias no sistema de monitoramento
de tráfego. A ampliação do metrô, a nova ponte do
Guaíba e o aeromóvel, obras pleiteadas pela prefeitura,
não foram contempladas no PAC da Copa.
For
tale
za
ortale
taleza
Rio de J
aneir
o
Janeir
aneiro
O Rio de Janeiro terá quatro trajetos de Bus Rapid Transit
(BRT). Juntos, eles atenderão cerca de 1,2 milhão de passageiros por dia. A TransOlímpica, com 26 km de extensão, ligará o Recreio dos Bandeirantes a Deodoro, passando por mais seis bairros. A Transcarioca, que irá do
Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim até a Barra
da Tijuca, vai percorrer 41 km. O projeto da linha
TransOeste, que inicialmente teria 32 km, foi ampliado
e chegará a 56 km. O custo deve passar dos R$ 800
milhões. O trecho vai ligar os bairros do Jardim Oceânico a Campo Grande, com 53 estações. As obras, já iniciadas, devem ser concluídas em junho de 2012. Já a
linha TransBrasil deve ligar o Centro à Baixada Fluminense, passando pela avenida Brasil.
Implantação do VLT Parangaba-Mucuripe, de BRTs nas avenidas Dedé Brasil, Raul Barbosa, Alberto Craveiro e Paulino
Rocha, além da construção do corredor expresso NorteSul e das estações de metrô Padre Cícero e Montese.
Salvador
São P
aulo
Paulo
Construção de monotrilho, que ligará linhas de metrô e
trem ao Aeroporto de Congonhas e ao estádio do
Morumbi, e da avenida Perimetral. A resistência de moradores somada à exclusão da arena no projeto da Copa
pode inviabilizar as obras na região do Morumbi.
Belo Horiz
onte
Horizonte
Serão construídas seis linhas de BRT, orçadas em R$ 1,27
bilhão. Outros R$ 240 milhões serão destinados a obras
viárias e à ampliação da central de controle de tráfego.
Curitiba
Além de corredor que interligará a capital à região metropolitana, haverá o corredor expresso, unindo o Aeroporto
8 :: Informativo Sinaenco :: Consulte
Na capital baiana, o acordo prevê financiamento de R$
541,8 milhões para o BRT que conectará o Aeroporto
Internacional de Salvador à zona norte da cidade. Um
dos destaques da cidade, entretanto, é o metrô, recentemente inaugurado, após dez anos de obras. O projeto
inicial, do final da década de 90, não foi seguido à risca.
Dos 41 km previstos, apenas 6 km foram, de fato, construídos. A verba total foi consumida no primeiro trecho,
que era de 12 km – depois reduzido à metade. O trajeto atual liga os bairros Lapa e Rótula do Abacaxi e custou R$ 1,06 bilhão. No final de agosto, sete vagões estavam nos trilhos. No total, serão 24, distribuídos em seis
as cidades para a Copa 2014
trens. Estima-se que o bilhete do metrô soteropolitano
custe entre R$ 10 e R$ 15. O preço cobriria os altos
custos de operação.
Na
tal
Natal
São 16 projetos: ligações entre o novo aeroporto e o setor
hoteleiro à Arena das Dunas, que receberá jogos da Copa,
duplicação da avenida Mor Gouveia, na ligação da Via
Costeira com a avenida Engenheiro Roberto Freire, construção de elevados, entre outros complexos viários.
Recif
e
ecife
Cinco intervenções viárias. Serão dois corredores expressos, o Caxangá e o Via Mangue, além dos BRTs NorteSul e Leste-Oeste. Cerca de R$ 15 milhões serão aplicados no terminal Cosme Damião.
o trecho 2, com custo de R$ 780 milhões, foi iniciada
em 2008. No entanto, já ocorreram cinco paralisações
por determinação da Justiça. O Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios (MPDFT) aponta fraude na
licitação realizada em 2007. O prazo inicial de conclusão do trecho era de 18 meses.
Cuia
bá
Cuiabá
Construção de duas linhas de BRT e duplicação da rodovia
Mario Andreazza, que dá acesso ao estádio Verdão, a ser
usado na Copa. Ainda serão reformados pequenos pontos
de acesso público, como terminais e passarelas.
Manaus
Br
asília
Brasília
Orçado em R$ 1,5 bilhão, o projeto do VLT de Brasília
prevê a construção de 25 estações. O trajeto de 22 km
ligará o aeroporto Juscelino Kubitschek à Asa Norte, no
final da W3 Norte. Serão três trechos. O primeiro, chamado de Linha 1/Trecho 1, sairá do aeroporto e irá até
o terminal da Asa Sul. Terá 6,5 km de extensão. O segundo, com quase 9 km de comprimento, ligará a Asa
Sul ao setor 502 Norte. O trecho 3, que levará os passageiros até o terminal Asa Norte, terá 7,4 km de extensão. A expectativa é que o VLT transporte de 180 a 200
mil passageiros por dia. A primeira etapa da construção,
A capital amazonense terá um monotrilho de 20 km de
extensão, chamado de Linha Norte-Centro. O custo chega a R$ 1,3 bilhão, com financiamento de R$ 600 milhões do FGTS. Ao todo, são nove estações. A capacidade de transporte será de 200 mil passageiros por dia. A
primeira etapa, na qual está prevista a ligação entre os
terminais Santos Dumont e Arena Amazônia, próximos
ao estádio Vivaldão, será concluída em 2013. A licitação para a construção do monotrilho, no entanto, já foi
adiada três vezes – o processo arrasta-se desde abril.
Em outubro, a Controladoria Geral da União (CGU)
apontou irregularidades no projeto básico. O órgão
concluiu que a construção tem custo maior do que o
previsto e a tarifa é maior que a estimada pelo governo estadual.
Consulte :: Informativo Sinaenco ::
9
mobilidade urbana
Quem é quem no transporte urbano
As características dos principais modais de transporte
aplicáveis às cidades de médio e grande porte
Bus R
apid Transit (BR
T)
Ra
(BRT)
Modelo de transporte que utiliza veículos sobre pneus, articulados
ou biarticulados, que trafegam em
canaletas específicas ou em vias elevadas. O sistema prevê a compra
de bilhetes nas estações, rampas,
escadas-rolantes e plataformas para
reduzir o tempo de embarque e desembarque. No Brasil, o primeiro
sistema de corredores de ônibus foi
implantado em 1979, em Curitiba,
hoje uma referência mundial.
2 a 20 mil passageiros por
hora por sentido
20 km/h a 30 km/h
R$ 17 milhões a R$ 26 milhões
por km construído
Veículo Le
ve sobr
e
Lev
sobre
Trilhos (VL
T)
(VLT)
Sistema de veículos articulados
que trafegam sobre trilhos metálicos
instalados nas ruas ou em faixas específicas. Trata-se de uma versão
contemporânea dos antigos bondes.
Pode ser alimentado por via elétrica ou funcionar com veículos a diesel. No Brasil, o VLT do Cariri, que
liga Juazeiro a Crato, no Ceará, é o
mais novo sistema do país, com 13,6
km de extensão.
10 a 45 mil passageiros por
hora por sentido
20 km/h a 30 km/h
R$ 62 milhões a R$ 79 milhões
por km construído
Monotrilho
Sistema de média capacidade
que trafega em pista elevada. É suportado por um trilho único, que
pode estar localizado acima ou abai10 :: Informativo Sinaenco :: Consulte
xo do compartimento de passageiros. Assim, os carros viajam ‘pendurados’ ou ‘encaixados’ em trilhos de
concreto ou aço, que também fornecem a força motriz, em geral elétrica. Uma desvantagem é a interferência provocada pelas estruturas
elevadas em meio à malha urbana.
pacidade, para atendimento a regiões metropolitanas. A diferença com
os metrôs é a maior distância entre
estações e sua abrangência, que geralmente envolve cidades vizinhas.
até 60 mil por hora por sentido
30 km/h a 50 km/h
R$ 60 milhões a R$ 100 milhões
por km construído
Outr
os sistemas
Outros
4 a 10 mil passageiros por
hora por sentido
20 km/h a 30 km/h
R$ 70 a 130 milhões por km
construído
Metrô
Linha férrea que circula em túneis elevados ou mesmo sobre a
superfície sem interferência no trânsito local. São elétricos, possuem
sistemas e controle que permitem a
circulação dos trens com intervalos
mínimos de tempo e podem ser integrados a outros sistemas de transporte. O metrô mais antigo é o de
Londres, iniciado em 1863. Os de
Nova York e Buenos Aires foram
construídos nos primeiros anos do
século 20.
60 mil a 80 mil passageiros
por hora por sentido
30 km/h a 40 km/h
R$ 100 milhões a R$ 300
milhões por km construído
Trens urbanos
Os antigos sistemas de trens de
subúrbio foram modernizados. Receberam carros e sistemas de controle mais eficazes, permitindo intervalos menores entre trens. Algumas
capitais de estados brasileiros estão
trabalhando para transformar seus
trens urbanos em metrôs de alta ca-
Ciclovias, escadas e passarelas
rodantes, elevadores, funiculares e
teleféricos também podem ser integrados às redes de transportes urbanos. Um exemplo antigo é o Elevador Lacerda, em Salvador. Um
mais moderno é o Elevador do Cantagalo no Rio, recentemente inaugurado. O Rio também inovou ao
instalar uma linha de teleférico no
Complexo do Alemão, para interligar várias favelas da cidade. A linha
foi inspirada no Metrocable, implantando em Medelín na Colômbia.
Fontes: ANTP, Associação Nacional das Empresas de
Transportes Urbanos (NTU), Companhia Brasileira de
Trens Urbanos (CBTU), Companhia do Metropolitano
de São Paulo (Metrô), NYC Department of Planning.
sinaenco / sp
Evento discute novos eixos de
desenvolvimento na capital paulista
As perspectivas de desenvolvimento da zona leste
paulistana foram o destaque nos debates do 10º Encontro
da Arquitetura e da Engenharia Consultiva, promovido
pelo Sinaenco/SP, em 4 de novembro, no Centro
Brasileiro Britânico.
CLÓVIIS FERREIRA
Com mais de quatro milhões de
lo, Gilberto Kassab, afirmou que as
Um dos objetivos da Operação Urbana Rio Verde-Jacu Pêssego, tohabitantes, a região mais populosa
ações voltadas a revitalizar a zona
cada pela prefeitura, é atrair empreda capital paulista virou o centro das
leste já estão em curso, como a
atenções após o anúncio da consconstrução do polo institucional e
sas de tecnologia da informação e
logística para a zona leste, ampliantrução da arena do Corinthians no
do polo tecnológico de Itaquera,
do os empregos na região.
bairro de Itaquera, indicada pelo Coalém da Faculdade de Tecnologia
mitê Organizador da Copa para se(Fatec), que vem sendo erguida em
O 10º encontro também teve a
participação de Jurandir Fernandes,
diar a abertura da competição.
terreno anexo ao da arena corintiDe acordo com o presidente do
ana. O prefeito aproveitou ainda para
coordenador de transição de governo Goldman/Alckmin, Frederico BusSinaenco/SP, José Roberto Bernasdestacar a importância da integração
singer, diretor presidente da Comconi, o novo estádio é uma oportuentre as atividades do Sinaenco e da
nidade única para repensar a zona
administração pública e destacou a
panhia Docas de São Sebastião e
diretor do Departamento Hidroviáleste, atualmente relegada à conforte atuação do Sindicato na proporio de São Paulo, Carlos Roberto
dição de “cidade-dormitório”, já
sição de ações para a cidade.
que, apesar de concentrar 27% dos
Para que os investimentos na
Silvestrin, vice-presidente executivo
da Associação da Indústria de Copaulistanos, a região gera apenas
zona leste tenham o efeito espera6% da riqueza do município, segundo, o essencial, na visão do secretágeração de Energia, Pedro Taddei
Neto, vice-presidente do Sinaenco/
do o IBGE.
rio municipal de Desenvolvimento
SP, e de Luiz Augusto Contier, coBernasconi citou o exemplo de
Urbano, Miguel Luiz Bucalem, é inLondres, sede da Olimpíada de
tegrar o polo institucional com o
ordenador do curso de Arquitetura
da Universidade São Judas Tadeu.
2012, que executa um amplo profuturo polo industrial de Itaquera.
cesso de revitalização em áreas carentes da cidade, por coincidência concentradas também na região leste. “Um lugar
que era cheio de escombros da 2ª Guerra e dejetos industriais está se renovando. Podemos fazer
isso em São Paulo.”
Presente na abertura do 10º Encontro
do Sinaenco/SP, o
Viol e ex-dirigentes nacionais do Sinaenco recebem o Secretário de Desenvolvimento
prefeito de São PauUrbano de São Paulo, Miguel Bucalem (ao centro de camisa azul), durante o 10º. encontro.
Consulte :: Informativo Sinaenco :: 11
Copa 2014
Projetando o Brasil do futuro
Consulte :: Informativo Sinaenco :: 12
12 :: Informativo Sinaenco :: Consulte
Aeroportos e mobilidade urbana
são preocupação para os
megaeventos esportivos.
Durante o encontro, os arquitetos e engenheiros aprovaram a criação de um fórum permanente com
o objetivo de abrir canais de diálogo entre as empresas contratadas,
o governo e a Infraero. Para Claudemiro Santos, presidente do Sinaenco/BA, a discussão é de extrema
importância. “Sentimos falta de políticas mais amplas, integradas no setor. Vamos oferecer ao poder público um documento com parâmetros, indicando os problemas e as
soluções”, afirmou.
No segundo dia de evento, representantes de Brasília, Salvador,
São Paulo, Recife e Curitiba ofereceram um panorama da situação
das obras dos estádios e entornos.
Segundo Guaracy Klein, do Sinaenco/DF, o grande desafio é juntar
todos os aspectos que compõem a
Copa do Mundo. “O mais complicado é fazer a integração de ações
de segurança, saúde, infraestrutura,
sustentabilidade. Esse é o grande
legado. Não é só para 30 dias, é para
o futuro”, afirmou.
O ponto alto do painel foi a apresentação de Raquel Verdenacci, do
Comitê Executivo de São Paulo.
Verdanacci destacou as obras que
serão necessárias para implantação
do estádio de Itaquera – definido
em novembro como a arena da cidade para o Mundial – e apontou
os caminhos que serão seguidos
para facilitar a mobilidade na capital paulista.
O último dia do fórum foi marcado pelas apresentações dos planos das cidades de Salvador, Belo
Horizonte, Cuiabá e Recife para melhorar o trânsito e o transporte coletivo durante a Copa.
NY se encanta com as ar
enas br
asileir
as
arenas
brasileir
asileiras
Com apoio do Sinaenco, foi promovido em Nova York o 2014 Brazil
World Cup Architectural Summit,
que reuniu profissionais brasileiros
envolvidos nos projetos de onze
arenas para o Mundial de futebol no
Brasil. O encontro, realizado na sede
do AIA (Instituto Americano de Arquitetos) nos dias 18 e 19 de novembro, contou com exposição sobre os estádios e debates sobre temas como tecnologia, urbanismo e
sustentabilidade.
À frente da comitiva, o vice-presidente de Arquitetura do Sinaenco,
Leon Myssior (na foto), apresentou
KARLO DIAS
O Brasil tem pela frente grandes
desafios para garantir a infraestrutura necessária para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Entre as principais necessidades, destacam-se a
modernização dos aeroportos e a
implantação nas cidades-sede de
sistemas de transporte público eficientes. Essas e outras demandas
estiveram em pauta no Fórum Projetando o Brasil 2014-2016, realizado em Salvador, de 10 a 12 novembro, com promoção do Sinaenco e
do Portal 2014.
O Fórum reuniu representantes
do poder público e de órgãos governamentais, da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP),
gestores das cidades-sede da Copa,
além de dirigentes do Sindicato e
executivos de empresas de arquitetura e engenharia consultiva.
A infraestrutura logística aeroportuária das cidades-sede foi o destaque do primeiro dia de fórum. Superintendente de Obras da Infraero,
Ricardo Ferreira detalhou o programa de investimentos da estatal até
2014, que prevê aplicação de R$ 6,1
bilhões em terminais que servem às
cidades-sede.
Além da preocupação com o ritmo das obras e se estas estarão finalizadas a tempo, os participantes
ressaltaram a necessidade de planejamento de longo prazo no setor.
“O planejamento não deve ser para
2014 ou 2016, e sim para 2025,
2030 e 2050”, afirmou o consultor
do Sinaenco, Jorge Hori, lembrando que a demanda por transporte
aeroportuário vem crescendo de
forma acelerada.
KARLO DIAS
Fórum em Salvador
promove debate sobre os
gargalos do Brasil para a
Copa e a Olimpíada
um panorama da situação atual do
Brasil e das diversas oportunidades
presentes no país, em áreas como
transporte, energia, saneamento,
educação, entre outras. Aproveitou
ainda para destacar a competência
da engenharia e da arquitetura brasileiras para participar de projetos
no exterior.
Sinaenco Brasil
arquitetura e engenharia consultiva. As discussões
abordaram temas como caracterização do vínculo
empregatício, remuneração do empregado e do prestador
de serviços, cases sobre fiscalização e autuações,
formação do passivo trabalhista e soluções de conflitos.
O ciclo de debates contou ainda com palestra do
advogado especializado em Direito Trabalhista, Marco
Antonio Oliva, sobre os riscos da terceirização.
Em cerimônia realizada em 13 de
dezembro, o presidente do Sinaenco/SP,
José Roberto Bernasconi, foi agraciado
com o título de Eminente Engenheiro do Ano. Concedida
pelo Instituto de Engenharia, a premiação visa ao
reconhecimento dos profissionais de destacada atuação
na área e/ou de carreira marcada por contínuas
contribuições para o aprimoramento da engenharia.
Formado pela Escola Politécnica da USP, Bernasconi foi
presidente nacional do Sinaenco entre 2006 e 2009 e do
Instituto de Engenharia
entre os anos 1985/
1987 e 1987/1989.
Foi também professor
da Poli-USP entre 1970
e 1975. Atualmente
dirige a Maubertec
Engenharia e Projetos,
integra o Comitê da
Cadeia de Produção da
Indústria da Construção
(Concic/Fiesp) e a
União Pan-Americana
de Associações de
Engenheiros (Upadi).
Transf
erência de acer
vo
ansferência
acerv
técnico é tema de palestr
a
palestra
O Sinaenco/MG realizou, em 8 de
outubro, palestra sobre transferência
de acervos técnicos entre empresas,
com o advogado e doutor em Direito Comercial,
Alexandre Cateb, sócio da Salomão Catei Advogados. Em
sua apresentação, Cateb explicitou as formas legais de
transferência de acervos entre escritórios e profissionais.
Segundo o advogado, a transferência de acervos técnicos
sempre foi realizada pelas empresas de engenharia e
arquitetura do país. O modelo também é utilizado nos
Estados Unidos e na Europa. “O engenheiro reúne seus
atestados técnicos e expertises e leva para as empresas
contratantes”, disse.
Fór
um Br
asil 2014
órum
Brasil
IQ pr
omo
ve cur
sos pelo Br
asil
promo
omov
cursos
Brasil
O Sinaenco/PE, por meio de seu
Instituto de Qualificação, realizou em
novembro cursos sobre avaliação
judicial de bens e imóveis, em São Paulo, montagem de
plano de projeto utilizando a metodologia do PMI, em
Alagoas, e técnicas de negociação, na sub-regional de
João Pessoa. Além dos cursos, o Sinaenco/PE promoveu,
em outubro, a palestra Obras de terra em solos moles,
sobre os principais aspectos de projeto, execução e controle
de obras. A palestra foi apresentada pelo engenheiro
Alexandre Gusmão, professor da Escola Politécnica de
Pernambuco e diretor da Gusmão Engenharia.
Em 10, 11 e 12 de novembro, o
Sinaenco/BA recebeu o Fórum
Projetando o Brasil 2014. Além do
presidente da regional, Claudemiro Santos Júnior, o
evento contou com a participação do presidente nacional,
João Alberto Viol, dos dirigentes de PE e MG,
respectivamente, Abel Oliveira Filho e Maurício de Lana, e
do diretor-executivo do Sindicato, Antonio Rolim.
ARQUIVO SINAENCO
ARQUIVO SINAENCO
Ber
nasconi é eleito
Bernasconi
Eng
enheir
o do Ano
Engenheir
enheiro
Cic
lo de de
ba
tes
Ciclo
deba
bates
ceirização
terceirização
foca na ter
Em 2 de dezembro, o Sinaenco/RS
organizou ciclo de debates para
representantes de empresas de
Consulte :: Informativo Sinaenco :: 13
projetos brasileiros
Projeto: José Armênio de Brito Cruz e Renata Semin
Marco da arquitetura art déco de São Paulo, a
Biblioteca Mário de Andrade é um projeto de 1935 do
arquiteto francês Jacques Pilon. O prédio central,
tombado pelo patrimônio histórico, está sendo
reformado com projeto do escritório Piratininga
Arquitetos Associados. A reabertura do conjunto está
prometida, como anunciou o prefeito Kassab, para o
aniversário da cidade, em 25 de janeiro de 2011.
A primeira etapa da obra, a Biblioteca Circulante, foi
inaugurada em julho. Resta a conclusão do edifício
maior, onde ficam as salas de pesquisa e a seção de
obras raras. Além disso, um prédio ao lado foi
incorporado à biblioteca, para abrigar o acervo de
milhões de itens documentais da Mário de Andrade.
A proposta da Circulante, explica a arquiteta Renata
Semin, foi a de fazer “intervenções pontuais, que não
descaracterizassem o volume original de Pilon, já
dotado de boas práticas de arquitetura, como o
aproveitamento de luz natural”. O que se fez foi
requalificar espaços e usos, criando pontos de
iluminação dirigida, para maior conforto dos leitores.
A biblioteca foi concebida como um elemento da
paisagem, sem definição do que seria frente ou fundo.
O prédio, integrado ao paisagismo da Praça Dom José
MAÍRA ACAYABA / DIVULGAÇÃO
Bib
lioteca Mário de Andr
ade
Biblioteca
Andrade
Gaspar, assume o caráter de uma cenografia noturna e
urbana, com sua iluminação (ou autoiluminação) vinda de
dentro, ‘como um abajur aceso’. A nova estrutura,
acoplada à fachada, tem caráter ‘reversível’, permite
distinguir os elementos introduzidos dos originais.
Internamente, estantes metálicas funcionam como um
sistema só (de viga, laje e pilar). Parafusada à bancada, a
estante e o conjunto todo suportam o piso do mezanino.
Elementos decorativos e o mobiliário encontrado
(especialmente projetado) foram restaurados, assim como
os pisos de madeira. Outros foram substituídos por pisos
de granilite industrial, de cor clara e alta resistência.
DIVULGAÇÃO
Museu de Ar
te Moder
na de Santos
Arte
Moderna
Projeto: Paulo Mendes da Rocha, Martin Corullon,
Anna Ferrari e Gustavo Cedroni
O Museu de Arte Moderna de Santos, no litoral de São
Paulo, é um projeto do renomado arquiteto Paulo Mendes
da Rocha, em parceria com Martin Corullon, Anna Ferrari
e Gustavo Cedroni, do escritório Metro Arquitetos.
14 :: Informativo Sinaenco :: Consulte
Integrado à Pinacoteca Benedito Calixto, o
MAM de Santos ainda não tem previsão para
início das obras. O projeto é um cubo fechado,
cindido ao meio por um rasgo horizontal.
O desenho de linhas modernistas define um
volume suspenso e suportado por vigas
metálicas, e em parte apoiado sobre uma
plataforma vermelha. No vão formado sob essa
estrutura, serão instalados um café e área de
convivência. Internamente, o edifício tem três
pavimentos, e no nível térreo é possível avistar
os jardins e a Pinacoteca. Implantado em um
terreno de 2.800m², o museu compreende
8.180m² de área construída. É uma obra em estrutura
metálica, com fachada revestida de placas pré-moldadas
de concreto. No pavimento térreo, encontra-se a maior
sala de exposições, de 1.135 m² de área. No segundo e
terceiro pisos, mais duas salas de exposição, e no último
andar local para o arquivo técnico.
DIVULGAÇÃO
No
vo Ter
minal R
odo
viário de Belo Horiz
onte
Nov
erminal
Rodo
odoviário
Horizonte
Projeto: Eduardo Carlos Guerra e Alexei Rabelo
Com previsão de início de obras em 2011, e conclusão em
2012, o projeto do novo terminal de Belo Horizonte, o
Terminal Rodoviário São Gabriel, na região nordeste da
capital mineira, inclui dois setores distintos. Um destinado à
rodoviária e outro voltado a atividades comerciais e de
serviços. O edital para escolha da empresa encarregada da
construção e operação do terminal foi publicado pela
prefeitura em novembro. A nova rodoviária, orçada em
aproximadamente R$ 150 milhões, ficará localizada entre a
estação de ônibus metropolitanos (BHBus) de São Gabriel e
o Anel Rodoviário. Será um sistema moderno, integrado
tanto à estação de
metrô do bairro,
como às estações de
ônibus urbanos.
Além da proximidade
com o anel
rodoviário, o terminal
está próximo da
avenida Cristiano
Machado e da Linha
Verde, importantes
vias de acesso da capital mineira. O equipamento se
desenvolve em dois pavimentos, tem 56 plataformas de
embarque e desembarque e cerca de 500 vagas de
estacionamento. São 35,5 mil m² de área construída e
ligação por passarelas à Estação BHBus, assim como
ao complexo comercial a ser implantado.
Este empreendimento comercial tem o propósito de
promover a valorização da região. Além de um hotel com
14 pavimentos e 240 apartamentos, conta com lojas e um
supermercado, voltados para uma praça de alimentação.
Para revitalizar a região, devem ser criados no entorno
centros de lazer e compras.
DIVULGAÇÃO
Trib
unal R
egional do Trabalho da 5ª R
egião da Bahia
ribunal
Re
Re
Projeto: João Filgueiras Lima (Lelé)
O projeto do TRT da 5ª Região da Bahia, em Salvador, é
um complexo de oito edificações, implantado quase sem
contato com o chão, para deixar preservada a rica e densa
vegetação do terreno de 122 mil m2 de área. Primeiro
projeto do arquiteto baiano João Filgueiras Lima (Lelé) à
frente do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Hábitat
(IBTH), o desafio aqui foi promover a mínima
intervenção no lote, com uma solução
arquitetônica pontual, composta por
edificações, circulares e estanques, apoiadas
sobre núcleos de circulação vertical.
Os edifícios são interligados por um caminho
suspenso (a 30m do solo), na forma de
passarelas fechadas e envidraçadas que
totalizam 200m de vias lineanes.
Ainda em favor da sustentabilidade da obra
adotou-se o sistema industrializado, com
estruturas metálicas. No mesmo sentido, a
passarela foi projetada com número
reduzido de pilares metálicos, em
comprimentos variáveis de acordo com a
topografia local. A maior intervenção será
nas bordas do lote, onde um corte escalonado de 13m
de altura permitirá a execução de quatro pavimentos de
garagem e estacionamento descoberto. A equipe do
projeto do TRT inclui ainda Beatriz Secco (paisagismo),
Audium (acústica e sonorização), Roberto Vitorino
(estrutura), Porthos Moreira Gontijo (elétrica), Kouzo
Nishiguti (hidráulica) e George Raulino (ar-condicionado).
Consulte :: Informativo Sinaenco :: 15
DIVULGAÇÃO
obr as exemplar es
Sustentável, ecoeficiente, moderno
Assinado pelo arquiteto Siegbert Zanettini, em
coautoria com José Wagner Garcia, o projeto de ampliação do Cenpes - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, localizado na Ilha do Fundão,
Rio de Janeiro, define-se por uma arquitetura contemporânea, ecoeficiente e sustentável. A obra foi executada em quatro anos e inaugurada no dia 7 de outubro passado.
Com esta ampliação, o Cenpes passou de 122 mil
m2 para 305 mil m2 de área construída. O novo conjunto compreende 227 laboratórios, espaço adequado para trabalharem ao mesmo tempo 3.500 pesquisadores. Destacam-se, entre suas instalações, um centro de realidade virtual (CRV), biblioteca, restaurante,
orquidário, centro de convenções e edificações de
apoio, além do centro integrado de processamento de
dados da Petrobras.
16 :: Informativo Sinaenco :: Consulte
Consulte
Maior centro de pesquisa do hemisfério Sul, o
Cenpes priorizou conceitos de ecoeficiência, como o
aproveitamento máximo de áreas de sombra e ventilação, para minimizar o consumo de energia elétrica e
ar-condicionado. Também o paisagismo, concebido
pelo arquiteto Benedito Abbud, valorizou áreas verdes entre edificações, laboratórios e jardins internos;
externamente, recompôs áreas de mata nativa do entorno. Os estudos de desempenho ambiental foram
desenvolvidos pelo Laboratório de Conforto Ambiental
e Eficiência Energética (Labaut), da FAU-USP.
A racionalidade do projeto inclui ainda a escolha
do sistema estrutural – estruturas metálicas desmontáveis e modulares, com possibilidade de serem
reaproveitadas na própria obra. Completam o sistema
painéis pré-moldados de concreto, lajes em steel deck,
telhas e coberturas metálicas.
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Boletim 74