D
McDonald e Avery
ODONTOPEDIATRIA
para crianças e adolescentes
O
DEAN
AVERY
McDONALD
TRADUÇÃO DA 9ª EDIÇÃO
9a edição
9a edição
Jeffrey A. Dean, DDS, MSD
Ralph E. McDonald Professor of Pediatric Dentistry and Professor of Orthodontics
Indiana University School of Dentistry
James Whitcomb Riley Hospital for Children
Indianapolis, Indiana
David R. Avery, DDS, MSD
Ralph E. McDonald Professor Emeritus of Pediatric Dentistry
Indiana University School of Dentistry
James Whitcomb Riley Hospital for Children
Indianapolis, Indiana
Ralph E. McDonald, DDS, MS, LLD
Dean Emeritus and Professor Emeritus of Pediatric Dentistry
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
© 2011 Elsevier Editora Ltda.
Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por Mosby – um selo editorial Elsevier Inc.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida
sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
ISBN: 978-85-352-4435-9
Copyright © 2011, 2004, 2000, 1998, 1994, 1983, 1983, 1978, 1974, 1969 by Mosby, Inc., an affiliate of Elsevier Inc.
2011 Dentistry for the Child and Adolescent, 9th ed. Published by Elsevier Inc.
This edition of Dentistry for the Child and Adolescent, 9th edition, by Jeffrey A. Dean,
David R. Avery and Ralph E. McDonald is published by arrangement with Elsevier Inc.
ISBN: 978-0-323-05724-0
Capa
Studio Creamcrackers
Editoração Eletrônica
Rosane Guedes
Elsevier Editora Ltda.
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20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
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NOTA
O conhecimento médico está em permanente mudança. Os cuidados normais de segurança devem ser seguidos, mas, como as
novas pesquisas e a experiência clínica ampliam nosso conhecimento, alterações no tratamento e terapia à base de fármacos
podem ser necessárias ou apropriadas. Os leitores são aconselhados a checar informações mais atuais dos produtos, fornecidas
pelos fabricantes de cada fármaco a ser administrado, para verificar a dose recomendada, o método e a duração da administração
e as contraindicações. É responsabilidade do médico, com base na experiência e contando com o conhecimento do paciente,
determinar as dosagens e o melhor tratamento para cada um individualmente. Nem o editor nem o autor assumem qualquer
responsabilidade por eventual dano ou perda a pessoas ou a propriedade originada por esta publicação.
O Editor
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D324m
Dean, Jeffrey A.
McDonald e Avery : odontologia para crianças e adolescentes / Jeffrey A. Dean, David R. Avery,
Ralph E. McDonald ; [Cristiane Duque ... et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2011.
720p. : il. ; 28 cm
Tradução de: McDonald’s and Avery’s dentistry for the child and adolescent 9th ed
Inclui bibliografia
Índice
ISBN 978-85-352-4435-9
1. Odontologia pediátrica. 2. Adolescentes - Cuidados dentários. I. Avery, David R. II.
McDonald, Ralph E., 1920-. III. Título.
11-4663.
27.07.11 02.08.11
CDD: 617.645
CDU: 616.314-053.2
028384
Revisão Científica e Tradução
Revisão Científica
Leonardo dos Santos Antunes (Caps. 6, 8, 19, 23, 24, 28, 29, 30 e 31)
Professor Assistente da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense – Polo Universitário
de Nova Friburgo (UFF/PUNF)
Especialista em Endodontia pela UFF
Mestre em Clínica Odontológica pela UFF
Doutorando em Ciências Médicas pela UFF
Livia Azeredo Alves Antunes (Caps. 1 a 5, 7, 9 a 18, 20 a 22, 25 a 27 e Índice)
Professora Assistente da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Especialista, Mestre e Doutoranda em Odontopediatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Tradução
Ademar Takahama Junior (Cap. 28)
Mestre e Doutor em Estomatopatologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Professor Adjunto de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Ana Carolina Valinoti da Costa (Cap. 3)
Cirurgiã-Dentista Odontopediatria
Especialista e Mestre em Odontopediatria pela UFRJ
Andreza Maria Fabio Aranha (Cap. 21)
Professora Adjunto do Departamento de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de Cuiabá (UNIC)
Angela Scarparo Caldo Teixeira (Caps. 11 [parte], 16 a 18 e 19 [parte])
Mestre em Materiais Dentários (FOP/UNICAMP)
Doutora em Odontopediatria pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Professora Adjunto II da Faculdade de
Odontologia da UFF/PUNF
Apoena de Aguiar Ribeiro (Caps. 4 e 15)
Mestre em Odontopediatria e Doutora em Microbiologia e Imunologia pela UFRJ
Professora Adjunto da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Coordenadora das Disciplinas de Odontopediatria e Unidade de Adequação Clínica (Cariologia) da Faculdade de Odontologia
da UFF/PUNF
Cinthya Cristina Gomes (Cap. 29)
Doutora em Endodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Professora Adjunto de Endodontia da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Professora do Curso de Especialização em Endodontia da UFF
Cíntia Tereza Lima Ferraro (Cap. 13)
Cirurgiã-dentista pela UFRJ
Mestre em Patologia Bucodental pela UFF
v
vi
Tradução
Cristiane Duque (Caps. 19 [parte] e 20 [parte])
Especialista e Doutora em Odontopediatria (HRAC/USP e FOAR/UNESP)
Pós-doutora em Microbiologia e Imunologia (FOP/UNICAMP)
Professora Adjunto da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Daniel Cohen Goldemberg (Cap. 7)
Doutorando em Patologia Oral pelo Departamento de Medicina Oral do Eastman Dental Institute UCL – Universidade de
Londres – Inglaterra
Daniela Amorim Marco Peres (Cap. 5 [parte])
Especialista em Radiologia Oral pela Faculdade de Odontologia da UFRJ
Professora Substituta da Disciplina de Radiologia Oral da Faculdade de Odontologia da UFRJ
Mestranda em Diagnóstico Bucal – Área de Concentração em Radiologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de
São Paulo (USP)
Danielle Resende Camisasca Barroso (Cap. 6)
Professora Adjunto da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Especialista em Estomatologia pela UFRJ
Mestre e Doutora em Patologia (Bucodental) pela UFF
Eduardo Esberard Favilla (Cap. 31)
Fellow em Dor Orofacial pela University of Maryland, Baltimore
Professor do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da Associação Brasileira de Oftalmologia
(ABO) e Faculdade de Medicina de Petrópolis
Cirurgião Bucomaxilofacial do Hospital Estadual Getúlio Vargas, Rio de Janeiro
Erika Calvano Kuchler (Caps. 24 e 25)
Especialização/Mestrado em Odontopediatria pela UFRJ
Doutorado em Ciências Médicas pela UFF
Fernanda Volpe de Abreu (Cap. 2)
Mestre e Doutora em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da UFRJ
Professora Adjunto II da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Coordenadora da Disciplina de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Flávia Maia Silveira (Cap. 23)
Professora Adjunto da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Gabriela Alessandra da Cruz Galhardo Camargo (Cap. 20 [parte])
Mestre e Doutora em Periodontia (FOP-UNICAMP)
Mestre em Radiologia (FO-UNESP)
Professora Adjunto de Periodontia da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Jonas de Almeida Rodrigues (Caps. 10 e 11 [parte])
Mestre e Doutor em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP
Doutor em Medicina Dentária e Pós-Doutor pela Universidade de Berna, Suíça
Professor Adjunto da Disciplina de Odontopediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
José de Albuquerque Calasans Maia (Cap. 26)
Mestre e Doutor em Odontologia (Ortodontia) pela UFRJ
Professor Adjunto de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
José de Assis Silva Júnior (Cap. 1)
Especialista em Estomatologia (UFRJ)
Mestre e Doutorando em Patologia (UFF)
Luciana Pomarico (Cap. 12)
Especialista, Mestre e Doutora em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da UFRJ
Pós-Doutorado pela UFRJ
Professora Adjunto da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Tradução
Marcia de Mello Provenzano (Cap. 5 [parte])
Especialista em Radiologia Oral pela Faculdade de Odontologia da UERJ
Mestre e Doutoranda em Diagnóstico Bucal – Área de Concentração em Radiologia pela Faculdade de Odontologia da USP
Marlus Roberto Rodrigues Cajazeira (Cap. 22)
Professor Assistente da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
Especialista em Odontopediatria pela UFF
Mestre em Odontopediatria pela UERJ
Michelle Mikhael Ammari (Cap. 30)
Cirurgiã-dentista Odontopediatria
Mônica Simões Israel (Cap. 8 e Índice)
Especialista em Estomatologia (UFRJ)
Mestre e Doutora em Patologia (UFF)
Professora de Estomatologia da UERJ
Patricia Nivoloni Tannure (Cap. 27)
Especialista em Odontopediatria pela UERJ
Mestre e Doutoranda em Odontopediatria pela UFRJ
Professora da Disciplina de Odontopediatria da Universidade Veiga de Almeida (UVA)
Rafael de Lima Pedro (Cap. 14)
Especialista em Odontopediatria pela UFRJ
Mestre e Doutorando em Odontologia (Odontopediatria) pela UFRJ
Professor Convidado do Programa de Treinamento Teórico e Prático em Odontopediatria pela UFRJ
Roberta Barcelos (Cap. 9)
Especialista, Mestre e Doutora em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da UFRJ
Professora Adjunto da Faculdade de Odontologia da UFF/PUNF
vii
Colaboradores
Christopher Edward Belcher, MD
Murray Dock, DDS, MSD, RPh
Director
Pediatric Infectious Diseases
Infectious Diseases of Indiana
Indianapolis, Indiana
Associate Professor of Clinical Pediatrics
University of Cincinnati, School of Medicine
Division of Pediatric Dentistry
Cincinnati Children’s Hospital Medical Center
Cincinnati, Ohio
Ronald A. Bell, DDS, Med
Professor of Pediatric Dentistry and Orthodontics
College of Dental Medicine
Medical University of South Carolina
Charleston, South Carolina
Jeffrey D. Bennett, DMD
Professor and Chair
Department of Oral Surgery and Hospital Dentistry
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
Diplomate, American Board of Oral and Maxillofacial
Surgeons (ABOMS)
Diplomate, National Dental Board of Anesthesiology
Fellow, American Association of Oral and Maxillofacial
Surgeons (AAOMS)
Fellow, American Dental Society of Anesthesiology
(ADSA)
Burton L. Edelstein, DDS, MPH
Professor of Dentistry and Health Policy Management
Department of Community Health
College of Dental Medicine
Columbia University Medical Center
New York, New York
Robert J. Feigal, DDS, PhD*
Professor and Chair, Department of Preventive
Sciences
School of Dentistry, University of Minnesota
Minneapolis, Minnesota
Donald J. Ferguson, DMD, MSD
Dean and Professor of Orthodontics
Nicolas and Asp College of Postgraduate Dentistry
Dubai Healthcare City
Dubai, United Arab Emirates
David T. Brown, DDS, MS
Chair and Professor
Department of Restorative Dentistry
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
David A. Bussard, DDS, MS
Associate Clinical Professor
Department of Oral and Maxillofacial Surgery
Indiana University School of Dentistry
Indiana Oral and Maxillofacial Surgery Associates
Indianapolis, Indiana
Elie M. Ferneini, DMD, MD, MHS
Oral and Maxillofacial Surgeon
Clinical Instructor, University of Connecticut
Private Practice
Greater Waterbury OMS
Waterbury, Connecticut
Charles J. Goodacre, DDS, MSD
Professor and Dean
School of Dentistry
Loma Linda University
Loma Linda, California
Judith R. Chin, DDS, MS
Associate Professor
Department of Pediatric Dentistry
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
Robert J. Cronin, Jr., DDS, MS
Professor and Director, Graduate Division
Department of Prosthodontics
The University of Texas Health Science Center at
San Antonio Dental School
San Antonio, Texas
Ann Page Griffi n, BA
Clinical Associate Professor
Department of Family Medicine
East Carolina University School of Medicine
Co-Chairman, Board
Practicon, Inc.
Greenville, North Carolina
*Falecido
ix
x
Colaboradores
James K. Hartsfi eld, Jr., DMD, MS, MMSc,
PhD, FACMG
Professor and E. Preston Hicks Endowed Chair in
Orthodontics and Oral Research
University of Kentucky College of Dentistry
Lexington, Kentucky
George E. Krull, DDS
Private Practice of Pediatric Dentistry
Clarkston, Michigan
Thomas H. Lapp, DDS, MS
Professor of Pediatrics
Indiana of University School of Medicine
Indianapolis, Indiana
Clinical Assistant Professor of Oral and Maxillofacial
Surgery
Indiana University School of Dentistry
Oral and Maxillofacial Surgeon
Private Practice
Indianapolis, Indiana
Randy A. Hock, MD, PhD, MMM
Jasper L. Lewis, DDS, MS
Presbyterian Blume Pediatric Hematology & Oncology
Clinic
Presbyterian Novant Medical Group
Charlotte, North Carolina
Clinical Assistant Professor
Department of Pediatric Dentistry
University of Tennessee College of Dentistry
Memphis, Tennessee
Clinical Professor, Department of Surgery
Chief of the Division of Dentistry
Clinical Assistant Professor
Department of Family Medicine
School of Medicine, East Carolina University
Private Practice of Pediatric Dentistry
Greenville, North Carolina
Roberta A. Hibbard, MD
Donald V. Huebener, DDS, MS, MAEd
Professor, Plastic and Reconstructive Surgery
Department of Surgery, School of Medicine
Washington University, St. Louis, Missouri
Professor, Pediatric Dentistry
School of Dental Medicine
Southern Illinois University
Alton, Illinois
Christopher V. Hughes, DMD, PhD
Associate Professor and Chair
Department of Pediatric Dentistry
Henry M. Goldman School of Dental Medicine
Boston University
Boston, Massachusetts
Charles E. Hutton, DDS
Emeritus Professor of Oral and Maxillofacial Surgery
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
Vanchit John, DDS, MSD, MDS, BDS
Chairperson, Associate Professor and Director
Department of Predoctoral Periodontics
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
James E. Jones, DMD, MSD, EdD, PhD
Professor and Chair
Department of Pediatric Dentistry
Indiana University School of Dentistry
James Whitcomb Riley Hospital for Children
Indianapolis, Indiana
Joan E. Kowolik, BDS, LDS, RCS
Associate Professor of Pediatric Dentistry
Department of Pediatric Dentistry
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
John T. Krull, DDS
Assistant Professor
Department of Pediatric Dentistry
Indiana University School of Dentistry
Private Practice of Orthodontics
Indianapolis, Indiana
James L. McDonald, Jr., PhD
Emeritus Professor of Oral Biology
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
John S. McDonald, DDS, MS, FACD
Volunteer Professor
Departments of Surgery and Anesthesia
Volunteer Associate Professor
Department of Pediatrics
Division of Pediatric Dentistry
College of Medicine, University of Cincinnati
Cincinnati, Ohio
Private Practice of Oral and Maxillofacial
Pathology/Head and Neck Pain
Cincinnati, Ohio
Dale A. Miles, BA, DDS, MS, FRCD(C), Dip.
ABOM, Dip. ABOMR
Adjunct Professor
University of Texas Health Science Center at San
Antonio
San Antonio, Texas
Adjunct Professor
Arizona School of Dentistry and Oral Health
Mesa, Arizona
CEO, Digital Radiographic Solutions
Fountain Hills, Arizona
B. Keith Moore, PhD
Professor Emeritus
Indiana University School of Dentistry
Division of Dental Materials
Department of Restorative Dentistry
Indianapolis, Indiana
Colaboradores
Edwin T. Parks, DMD, MS
George K. Stookey, MSD, PhD
Professor of Diagnostic Sciences
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
Distinguished Professor Emeritus of Preventive
and Community Dentistry
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
Laura Romito, DDS, MS
Associate Professor of Oral Biology
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
James A. Weddell, DDS, MSD
Alan Michael Sadove, MD
Associate Professor of Pediatric Dentistry
Indiana University School of Dentistry
James Whitcomb Riley Hospital for Children
Indianapolis, Indiana
Private Practice of Esthetic Surgery
Meridian Plastic Surgeons and Medical Skin Care
Indianapolis, Indiana
Gerald Z. Wright, DDS, MSD, FRCD(C),
Dip. Amer. Brd
Brian J. Sanders, DDS, MS
Professor of Pediatric Dentistry
Director, Riley Dental Clinic
Director, Advanced Education Program in Pediatric
Dentistry
Indianapolis, Indiana
Amy D. Shapiro, MD
Co-Medical Director and Pediatric Hematologist
Indiana Hemophilia and Thrombosis Center
Indianapolis, Indiana
Jenny I. Stigers, DMD
Associate Professor
University of Kentucky College of Dentistry
Lexington, Kentucky
Professor Emeritus
University of Western Ontario
London, Ontario, Canada
Secretary General
International Association of Paediatric Dentistry
Karen M. Yoder, MSD, PhD
Professor and Director
Division of Community Dentistry
Department of Preventative and Community Dentistry
Indiana University School of Dentistry
Indianapolis, Indiana
xi
Agradecimentos
Um livro-texto pode ser planejado e escrito somente com o
interessado apoio, estímulo e concretas contribuições de várias pessoas. Por isso, é um privilégio agradecer à assistência
de outros na preparação deste texto. Em primeiro lugar, gostaríamos de agradecer aos muitos autores e coautores que
tornaram possível esta 9ª edição. Donna Bumgardner cuidou
da preparação do manuscrito e da valiosa assistência editorial. Mark Dirlam, Kyla Jones, Terry Wilson e Tim Centers
prestaram assistência às novas ilustrações. Nossa excelente
equipe da biblioteca foi incansável em nos ajudar em tudo o
que era possível, e a ajuda de Janice Cox, Barbara Gushrowski, Keli Schmidt, Mike Delporte e Sue Hutchinson foi
muito apreciada. Somos gratos também à equipe da Elsevier
que nos forneceu valiosa assistência e orientação na publicação desta 9ª edição; especiais agradecimentos a John Dolan,
Editor Executivo; Joslyn Dumas, Editor Associado de Desenvolvimento; e Andrea Campbell, Gerente Sênior de Projetos.
As faculdades de Odontopediatria e outras disciplinas da
Indiana University contribuíram substancialmente com este
trabalho de diversas maneiras. Nós apreciamos verdadeiramente a vontade de compartilhar informações relevantes para
a precisão científica dos manuscritos. Em particular, agradecemos aos Drs. Michael Baumgartner, John Emhardt, Margherita Fontana, Gopal Krishna, Dongmei Liu, Charles Palenik, Phillip Pate, Jeffrey Platt, Paul Walker e Susan Zunt.
Muitos estudantes de pós-graduação em Odontopediatria e
equipes auxiliares nos ajudaram de diversas formas. O estímulo e o apoio de todos os membros de nossas famílias garantiram nossa decisão de concluir esta tarefa quando parecia
que não seria possível. Estendemos nossos sinceros agradecimentos a todos que contribuíram para que conseguíssemos
levar este projeto a sua bem-sucedida conclusão.
xiii
xiv
Sumário
Apresentação
A 9ª edição de McDonald e Avery – Odontopediatria para
Crianças e Adolescentes apresenta as atuais recomendações
de diagnósticos e de tratamento baseadas em pesquisas, experiência clínica e literatura atualizada. Esta nova edição segue a mesma estrutura básica e formato das edições anteriores. Os colaboradores que se juntaram a nós na preparação
desta última revisão expressam uma mesma filosofia e a abordagem dos mais modernos conceitos da Odontologia para
criança e adolescente. As informações contidas aqui são relevantes à ciência e à prática contemporânea da Odontopediatria. Este livro-texto foi concebido para ajudar os estudantes
da graduação em Odontologia e pós-graduação em Odontopediatria, oferecendo informação eficiente e completa a respeito dos cuidados de saúde bucal para bebês, crianças, adolescentes e os pacientes clinicamente comprometidos. Este
livro também oferece aos cirurgiões-dentistas experientes
informações de referência relativas aos novos desenvolvimentos e técnicas.
Esta 9ª edição representa uma importante revisão, com
acréscimos em três campos principais. Talvez o mais notável
seja a adição de ilustrações coloridas ao longo de todo o livro,
que enriquece a qualidade estética do material. Por fim, diferentes campos importantes foram melhorados em cada capítulo durante esta revisão. Os mais notáveis melhoramentos
nos capítulos incluem:
• O Capítulo 3 foi submetido a uma significativa revisão
com o acréscimo de um novo autor e oferece nosso atual
conhecimento sobre abordagem não farmacológica do
comportamento do paciente pediátrico.
• O Capítulo 5 foi enriquecido com uma seção de radiografias digitais com material relativo à tomografia computadorizada de feixe cônico tridimensional, um segmento
novo e interessante no diagnóstico odontológico.
• O Capítulo 6, em adição à discussão sobre a crescente ligação entre doenças bucais e genéticas, inclui uma dis-
xiv
•
•
•
•
•
•
•
cussão interessante sobre a conexão entre agenesia dentária e o diagnóstico do câncer.
O Capítulo 8 contém novas informações importantes
sobre patologias bucais na infância.
Dois novos autores contribuíram na reescrita do Capítulo
10, o mais importante capítulo relativo à cárie dentária, e
do Capítulo 12, sobre considerações nutricionais para o
paciente odontopediátrico.
Os Capítulos 13, 20 e 21 tiveram a inclusão de novos
autores à lista de colaboradores, o que possibilitou uma
visão aprimorada dos seus tópicos.
O Capítulo 20, em particular, teve o acréscimo de vários
novos casos relativos ao traumatismo à dentição.
O Capítulo 27, sobre a supervisão do desenvolvimento da
oclusão, foi significativamente reescrito, com muitos casos acrescentados para ilustrar os princípios básicos envolvidos.
Os Capítulos 29 e 30, ambos sobre prática de manejo e
saúde bucal na comunidade, foram bastante revisados.
Além disso, um novo autor foi acrescentado ao Capítulo
30, possibilitando grande revisão e mais informação sobre acesso ao cuidado odontológico para as crianças.
Por fim, o Capítulo 31 é uma revisão do capítulo sobre
cirurgia bucal pediátrica de algumas edições anteriores,
que retornou a pedido dos leitores.
Novamente, agradecemos aos nossos autores colaboradores
por toda sua dedicação e trabalho nesta 9ª edição.
Ralph E. McDonald
David R. Avery
Jeffrey A. Dean
Sumário
xv
Sumário
1.
Exame da Boca e Outras Estruturas
Relevantes, 1
10.
Ralph E. McDonald, David R. Avery e
Jeffrey A. Dean
2.
Abuso e Negligência à Criança, 19
Roberta A. Hibbard e Brian J. Sanders
3.
4.
11.
12.
13.
Técnicas Radiográficas, 47
Genética Clínica para o Profissional da
Odontologia, 64
Alterações Adquiridas e de
Desenvolvimento dos Dentes e
Estruturas Bucais Associadas, 85
14.
Tumores dos Tecidos Moles Orais e
Cistos e Tumores Ósseos, 125
John S. McDonald
9.
Abordagem Farmacológica do
Comportamento do Paciente, 249
Murray Dock
15.
Ralph E. McDonald, David R. Avery e
James K. Hartsfield, Jr.
8.
Anestesia Local e Controle da Dor
para a Criança e o Adolescente, 237
Ralph E. McDonald, David R. Avery,
Jeffrey A. Dean e James E. Jones
James K. Hartsfield, Jr. e David Bixler
7.
Considerações Nutricionais para o
Paciente Odontopediátrico, 219
Laura Romito e James L. McDonald, Jr.
Dale A. Miles e Edwin T. Parks
6.
Métodos Mecânicos e
Quimioterapêuticos de Higiene Bucal
Domiciliar, 201
Jeffrey A. Dean e Christopher V. Hughes
Desenvolvimento e Morfologia dos
Dentes Decíduos, 41
Ralph E. McDonald, David R. Avery
5.
Ralph E. McDonald, David R. Avery,
George K. Stookey, Judith R. Chin e
Joan E. Kowolik
Controle não Farmacológico do
Comportamento de Crianças, 27
Gerald Z. Wright e Jenny I. Stigers
Cárie Dentária na Criança e no
Adolescente, 174
Serviços Dentários Hospitalares e o
Uso da Anestesia Geral para
Crianças, 273
James A. Weddell e James E. Jones
16.
Materiais Dentários, 292
B. Keith Moore
17.
Erupção dos Dentes: Fatores Locais,
Sistêmicos e Congênitos que
Influenciam o Processo, 148
Selantes de Fóssulas e Fissuras e
Restaurações Preventivas em Resina,
309
Brian J. Sanders, Robert J. Feigal* e
David R. Avery
Ralph E. McDonald, David R. Avery e
Jeffrey A. Dean
*Falecido
xv
xvi
18.
Sumário
Dentística Restauradora, 318
25.
Ralph E. McDonald, David R. Avery e
Jeffrey A. Dean
19.
Tratamento de Lesão Cariosa
Profunda, Exposição Pulpar Vital e
Dentes Desvitalizados, 340
Donald J. Ferguson
26.
Ralph E. McDonald, David R. Avery e
Jeffrey A. Dean
20.
Gengivite e Doença Periodontal, 363
Ralph E. McDonald, David R. Avery,
James A. Weddell, Vanchit John
21.
Manejo de Trauma nos Dentes e nos
Tecidos de Sustentação, 399
Ralph E. McDonald, David R. Avery,
Jeffrey A. Dean e James E. Jones
22.
23.
27.
Supervisionando o Desenvolvimento
da Oclusão, 545
Ronald A. Bell, Jeffrey A. Dean,
Ralph E. McDonald e David R. Avery
28.
A Abordagem da Equipe
Multidisciplinar no Manejo do
Paciente com Fissuras Labial e
Palatina, 610
James E. Jones, Alan Michael Sadove,
Jeffrey A. Dean e Donald V. Huebener
29.
Administração da Clínica, 634
Ann Page Griffin e Jasper L. Lewis, Jr.
Problemas Odontológicos em
Crianças com Necessidades
Especiais, 456
30.
James A. Weddell, Brian J. Sanders e
James E. Jones
24.
Cefalometria e Estética Facial: A
Chave para o Planejamento do
Tratamento Completo, 521
John T. Krull, George E. Krull, Thomas H. Lapp e
David A. Bussard
Tratamento Protético do Paciente
Adolescente, 439
Robert J. Cronin, Jr., David T. Brown e
Charles J. Goodacre
Crescimento da Face e dos Arcos
Dentários, 506
Manejo do Paciente Sistemicamente
Comprometido: Desordens
Hematológicas, Câncer, Hepatite e
Aids, 483
Brian J. Sanders, Amy D. Shapiro,
Randy A. Hock, James A. Weddell e
Christopher Edward Belcher
A Criança no Contexto da Família,
da Comunidade e da Sociedade, 659
Karen M. Yoder e Burton L. Edelstein
31.
Cirurgia Bucal para o Paciente
Pediátrico, 668
Elie M. Ferneini, Charles E. Hutton e
Jeffrey D. Bennett
CAPÍTULO
4
Desenvolvimento e Morfologia dos
Dentes Decíduos
▲ Ralph E. McDonald e David R. Avery
SUMÁRIO DO CAPÍTULO
CICLO VITAL DO DENTE
Iniciação (Estágio de Botão)
Proliferação (Estágio de Capuz)
Histodiferenciação e
Morfodiferenciação (Estágio de
Campânula)
Aposição
Calcificação
INÍCIO DO DESENVOLVIMENTO E
MINERALIZAÇÃO DOS DENTES
DECÍDUOS ANTERIORES
INÍCIO DO DESENVOLVIMENTO E DA
MINERALIZAÇÃO DOS DENTES
DECÍDUOS POSTERIORES E DO
PRIMEIRO MOLAR PERMANENTE
MORFOLOGIA INDIVIDUAL DOS
DENTES DECÍDUOS
Incisivo Central Superior
Incisivo Lateral Superior
Canino Superior
Incisivo Central Inferior
Incisivo Lateral Inferior
E
ste capítulo apresenta uma pequena revisão do desenvolvimento dos dentes. Uma cronologia acurada da
calcificação do dente decíduo é de significância clínica
para o cirurgião-dentista. Frequentemente é necessário explicar aos pais a sequência de tempo da calcificação no útero e
durante a infância. A observação comum da pigmentação por
tetraciclina, defeitos de desenvolvimento do esmalte e anomalias hereditárias generalizadas podem ser explicadas se as etapas da calcificação forem conhecidas. Uma breve discussão da
morfologia dos dentes decíduos também é apropriada antes de
se considerar procedimentos restauradores para crianças.
Uma revisão completa está disponível nos textos de referência em histologia oral, anatomia dental e anatomia do
desenvolvimento listados no final do capítulo. Ademais, cientistas contemporâneos estão rapidamente adquirindo conhecimento do desenvolvimento dentário em nível molecular.
Sugerimos que leitores com interesse especial nos eventos
moleculares do desenvolvimento do dente estudem as referências listadas por Smith1 e por Miletich e Sharpe.2
CICLO VITAL DO DENTE
INICIAÇÃO (ESTÁGIO DE BOTÃO)
Evidência de desenvolvimento do dente humano pode ser
observada logo na sexta semana de vida embrionária. Células
na camada basal do epitélio bucal proliferam em uma taxa
mais rápida que as células vizinhas. O resultado é um espessamento epitelial na região das futuras arcadas dentárias que se
estende ao longo de toda a margem livre das arcadas. Esse
espessamento é chamado primórdio da porção ectodérmica
Canino Inferior
Primeiro Molar Superior
Segundo Molar Superior
Primeiro Molar Inferior
Segundo Molar Inferior
DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS ENTRE
DENTES DECÍDUOS E
PERMANENTES
TAMANHO E MORFOLOGIA DA
CÂMARA PULPAR DO DENTE
DECÍDUO
dos dentes, e o que resulta é chamada lâmina dentária. Ao
mesmo tempo, surgem 10 tumefações esféricas ou ovoides em
cada arcada na posição a ser ocupada pelos dentes decíduos.
Determinadas células da camada basal começam a proliferar em um ritmo mais rápido que as células vizinhas (Fig.
4-1A). Essas células em proliferação contêm todo o potencial
de crescimento dos dentes. Os molares permanentes, assim
como os dentes decíduos, surgem da lâmina dentária. Os
incisivos permanentes, caninos e pré-molares se desenvolvem a partir dos botões de seus antecessores decíduos. A ausência congênita de um dente é o resultado de uma falta de
iniciação ou interrupção na proliferação das células. A presença de dentes supranumerários é o resultado de um brotamento continuado do órgão do esmalte.
PROLIFERAÇÃO (ESTÁGIO DE CAPUZ)
A proliferação das células continua durante a fase de capuz.
Como resultado de um crescimento desigual nas diferentes
partes do botão, forma-se um capuz (Fig. 4-1B). Surge uma
invaginação rasa na superfície profunda do botão. As células
periféricas do capuz mais tarde formam os epitélios externo
e interno do esmalte.
Como ocorre quando há uma deficiência na iniciação,
uma deficiência na proliferação resulta no fracasso de desenvolvimento do germe dentário e em um número menor de
dentes que o normal. A proliferação excessiva de células pode
resultar na presença de restos epiteliais. Esses restos podem
permanecer inativos ou se tornar ativos em consequência de
uma irritação ou estímulo. Se as células se tornarem parcialmente diferenciadas ou destacadas do órgão do esmalte em
seu estágio de diferenciação parcial, assumem as funções se-
41
Capítulo 4
ram que logo com 15½ semanas, o vértice da cúspide mesiovestibular pode sofrer calcificação. Em aproximadamente 34
semanas, toda a superfície oclusal está recoberta por tecido
calcificado. Ao nascimento, a calcificação inclui três quartos
da altura oclusocervical da coroa.
O segundo molar decíduo superior também aparece macroscopicamente por volta das 12½ semanas de vida no útero.
Há evidência de calcificação da cúspide mesiovestibular já
com 19 semanas. Ao nascimento, a calcificação se estende até
cerca de um quarto da altura oclusocervical da coroa.
O primeiro molar decíduo inferior inicialmente se torna
evidente macroscopicamente em torno de 12 semanas no
útero. A calcificação pode ser observada logo com 15½ semanas, no vértice da cúspide mesiovestibular. Ao nascimento, um
capuz completamente calcificado cobre a superfície oclusal.
O segundo molar decíduo inferior também se torna evidente macroscopicamente em 12½ semanas no útero. De
acordo com Kraus e Jordan, a calcificação pode ter início em
18 semanas.3 Na ocasião do nascimento, os cinco centros
coalesceram e apenas uma pequena área de tecido não calcificado permanece no meio da superfície oclusal. Há cúspides
cônicas afiadas, cristas angulares e uma superfície oclusal lisa,
tudo isso indicando que a mineralização dessas áreas está
incompleta ao nascimento. Assim, há uma sequência de mineralização do incisivo central, primeiro molar, incisivo lateral, canino e segundo molar.
O trabalho de Kraus e Jordan indica que os segundos
molares decíduos e os primeiros molares permanentes vizinhos passam por padrões idênticos de morfodiferenciação,
porém em períodos de tempo diferentes, e que o desenvolvimento inicial do primeiro molar permanente ocorre ligeiramente mais tarde. Sua pesquisa também mostrou que os
primeiros molares permanentes não estão calcificados antes
de 28 semanas de idade; a qualquer momento, daí em diante,
a mineralização pode começar. Algum grau de calcificação
está sempre presente ao nascimento.
MORFOLOGIA INDIVIDUAL DOS
DENTES DECÍDUOS
■
Desenvolvimento e Morfologia dos Dentes Decíduos
C
B
F
E
43
A
D
Figura 4-2 Dentes decíduos anteriores, lado direito, face
vestibular. A, Incisivo central superior. B, Incisivo lateral
superior. C, Canino superior. D, Incisivo central inferior.
E, Incisivo lateral inferior. F, Canino inferior. (De Nelson SJ:
Wheeler’s dental anatomy, physicology, and occlusion, ed 9,
Philadelphia, 2010, WB Saunders.)
uma raiz longa, delgada, afilada, que possui o dobro do comprimento da coroa. A raiz em geral é inclinada distalmente, a
partir do terço médio para o terço apical.
INCISIVO CENTRAL INFERIOR
INCISIVO CENTRAL SUPERIOR
A largura mesiodistal da coroa do incisivo central superior é
maior que o comprimento cervicoincisal. As linhas em desenvolvimento geralmente não são evidentes na coroa; dessa
forma, a superfície vestibular é lisa. A borda incisal é quase
reta antes mesmo da abrasão se tornar evidente. Há cristas
marginais bem desenvolvidas na superfície lingual e um cíngulo nitidamente desenvolvido (Figs. 4-2 e 4-3). A raiz do
incisivo é cônica com lados estreitos.
INCISIVO LATERAL SUPERIOR
O contorno do incisivo lateral superior é semelhante ao do
incisivo central, porém a coroa é menor em todas as dimensões. O comprimento cervicoincisal da coroa é maior do que a
largura mesiodistal. O contorno da raiz é semelhante à do incisivo central, porém é mais comprida em proporção à coroa.
CANINO SUPERIOR
A coroa do canino superior é mais constrita na região cervical
que na dos incisivos, e as superfícies incisal e distal são mais
convexas. Há uma cúspide afiada bem desenvolvida em lugar
de uma borda incisal relativamente reta. O canino possui
O incisivo central inferior é menor que o incisivo central
superior, porém sua medida vestibulolingual é geralmente
apenas 1 mm menor. O aspecto vestibular apresenta uma
superfície achatada sem sulcos de desenvolvimento. A superfície lingual apresenta cristas marginais e um cíngulo. Os
terços médio e incisal da superfície lingual podem ter um
nível de superfície achatado com as cristas marginais, ou
pode haver uma ligeira concavidade. A borda incisal é reta e
divide a coroa no sentido vestibulolingual. A raiz tem aproximadamente o dobro do comprimento da coroa.
INCISIVO LATERAL INFERIOR
O contorno do incisivo lateral inferior é semelhante ao do
incisivo central, porém é um pouco maior em todas as dimensões, exceto no sentido vestibulolingual. A superfície lingual
pode ter maior concavidade entre as cristas marginais. A
borda incisal inclina-se para o aspecto distal do dente.
CANINO INFERIOR
A forma do canino inferior é semelhante à do canino superior, com poucas exceções. A coroa é ligeiramente menor e a
raiz pode ser até 2 mm mais curta do que a do canino supe-
44
Capítulo 4
■
Desenvolvimento e Morfologia dos Dentes Decíduos
B
A
D
B
C
E
F
Figura 4-3 Dentes decíduos anteriores, lado direito, face
lingual. A, Incisivo central superior. B, Incisivo lateral
superior. C, Canino superior. D, Incisivo central inferior.
E, Incisivo lateral inferior. F, Canino inferior. (De Nelson SJ:
Wheeler’s dental anatomy, physicology, and occlusion, ed 9,
Philadelphia, 2010, WB Saunders.)
A
D
C
Figura 4-4 Molares decíduos, lado direito, face vestibular.
A, Primeiro molar superior. B, Segundo molar superior.
C, Primeiro molar inferior. D, Segundo molar inferior.
(De Nelson SJ: Wheeler’s dental anatomy, physicology, and
occlusion, ed 9, Philadelphia, 2010, WB Saunders.)
rior. O canino inferior não é tão largo no sentido vestibulolingual quanto seu oponente superior.
PRIMEIRO MOLAR SUPERIOR
A maior dimensão da coroa do primeiro molar superior está
nas áreas de contato mesiodistais e, destas áreas, a coroa converge em direção à região cervical (Figs. 4-4 a 4-6).
A cúspide mesiolingual é a maior e mais pontiaguda. A
cúspide distolingual é pobremente definida, pequena e arredondada. A superfície vestibular é lisa, com pouca evidência
de sulcos de desenvolvimento. As três raízes são alongadas,
delgadas e bem separadas.
A
B
SEGUNDO MOLAR SUPERIOR
Há uma considerável semelhança entre o segundo molar superior decíduo e o primeiro molar superior permanente. Há
duas cúspides vestibulares bem definidas, com um sulco de
desenvolvimento entre eles. A coroa do segundo molar é
consideravelmente maior do que a do primeiro molar.
A bifurcação entre as raízes vestibulares fica próxima à
região cervical. As raízes são mais longas e grossas do que as
do primeiro molar decíduo, e a raiz palatina é maior e mais
grossa comparada às outras raízes (Figs. 4-4 e 4-5).
A superfície lingual possui três cúspides: a cúspide mesiolingual, que é grande e bem desenvolvida; a cúspide distolingual, e uma terceira e menor cúspide suplementar (tubérculo
de Carabelli). Um sulco bem definido separa a cúspide mesiolingual da cúspide distolingual. Na superfície oclusal, uma
C
D
Figura 4-5 Molares decíduos, lado direito, face lingual.
A, Primeiro molar superior. B, Segundo molar superior.
C, Primeiro molar inferior. D, Segundo molar inferior.
(De Nelson SJ: Wheeler’s dental anatomy, physicology, and
occlusion, ed 9, Philadelphia, 2010, WB Saunders.)
Capítulo 4
Desenvolvimento e Morfologia dos Dentes Decíduos
■
45
crista oblíqua proeminente conecta a cúspide mesiolingual
com a cúspide distovestibular (Fig. 4-7).
PRIMEIRO MOLAR INFERIOR
A
B
D
C
Figura 4-6 Primeiros molares, lado direito, face mesial.
A, Primeiro molar superior. B, Segundo molar superior.
C, Primeiro molar inferior. D, Segundo molar inferior.
(De Nelson SJ: Wheeler’s dental anatomy, physicology, and
occlusion, ed 9, Philadelphia, 2010, WB Saunders.)
Diferentemente dos demais dentes decíduos, o primeiro molar decíduo não se assemelha a nenhum dos dentes permanentes. O contorno mesial do dente, quando visto do aspecto
vestibular, é quase reto da área de contato à região cervical.
A área distal do dente é menor do que a área mesial.
As duas cúspides vestibulares distintas não apresentam
evidência de um sulco de desenvolvimento entre elas; a cúspide mesial é a maior das duas.
Há uma convergência lingual pronunciada da coroa na
face mesial, com um contorno romboide presente na face
distal. A cúspide mesiolingual é longa e afiada na ponta; um
sulco de desenvolvimento separa essa cúspide da cúspide
distolingual, que é arredondada e bem desenvolvida. A crista
marginal mesial é bem desenvolvida, a ponto de parecer com
outra pequena cúspide lingual. Quando o dente é visto pela
face mesial, há uma curvatura muito pronunciada na vestibular, no terço cervical. O comprimento da coroa é maior na
área mesiovestibular do que na área mesiolingual; assim, a
linha cervical inclina-se para cima, da superfície vestibular
para a lingual.
As raízes afiladas e mais longas se afastam consideravelmente a partir do terço apical, estendendo-se para além do
contorno da coroa. A raiz mesial, quando vista pela face mesial, não se assemelha a nenhuma outra raiz de dente decíduo. Os contornos vestibular e lingual da raiz descem em linha reta a partir da coroa, sendo praticamente paralelos por
mais da metade de seus comprimentos. O final da raiz é achatado e quase quadrado.
SC
SV
CDV
SV
CMV
FC
CMV
CDV
CO
SD
SV
FTM
FTD
SD
FM
FC
CDL
A
CMV
CML
SC
CDV
FM
SC
CML
CDL
SV
B
CDV
CMV
FC
CDL
CDL
C
FC
CD
SMV
SV
CML
QC
FM
CML
D
SDV
FD
SC
CDL
SL
Figura 4-7 Molares decíduos, lado direito, face oclusal. A, Primeiro molar superior. B, Segundo molar superior. C, Primeiro
molar inferior. D, Segundo molar inferior. SV, sulco vestibular; SC, sulco central; FC, fossa central; CDV, cúspide
distovestibular; SDV, sulco distovestibular; CD, cúspide distal; SD, sulco distal; CDL, cúspide distolingual; FD, fossa distal; FTD,
fossa triangular distal; QC, quinta cúspide; SL, sulco lingual; CMV, cúspide mesiovestibular; SMV, sulco mesiovestibular; CML,
cúspide mesiolingual; FM, fossa mesial; FTM, fossa triangular mesial; CO, crista oblíqua. (De Nelson SJ: Wheeler’s dental
anatomy, physicology, and occlusion, ed 9, Philadelphia, 2010, WB Saunders.)
CAPÍTULO
12
Considerações Nutricionais para o
Paciente Odontopediátrico
▲ Laura Romito e James L. McDonald, Jr.
SUMÁRIO DO CAPÍTULO
SISTEMA DE ORIENTAÇÃO
ALIMENTAR — MINHA PIRÂMIDE
PADRÕES DE DIETA
MÁ NUTRIÇÃO E INSEGURANÇA
ALIMENTAR
SUBNUTRIÇÃO PEDIÁTRICA
Ferro
Zinco
Cálcio
Vitamina D
Vitamina B12
Q
SUPERNUTRIÇÃO PEDIÁTRICA
Sobrepeso e Obesidade
TRANSTORNOS ALIMENTARES
Anorexia Nervosa
Bulimia
Transtorno do Comer Compulsivo
CONSIDERAÇÕES NUTRICIONAIS
DA INFÂNCIA ATÉ A
ADOLESCÊNCIA
Bebês e Crianças
(0 a 3 Anos de Idade)
uando as principais causas de morte nos Estados
Unidos são tabuladas (Tabela 12-1), a lista é encabeçada pela doença cardíaca e pelo câncer, com o
acidente vascular cerebral (AVC) em um distante
terceiro lugar. Porém, quando se avaliam as causas subjacentes dessas doenças, três importantes fatores de estilos de vida
podem ser identificados: uso do tabaco, vida sedentária e escolhas alimentares inadequadas. Tem ficado cada vez mais
claro que aquilo que comemos (e não comemos) é um importante fator que influencia tanto a longevidade como a qualidade de nossas vidas. A base de nossas escolhas alimentares
e, portanto, de nossa condição nutricional é estabelecida
logo no início da vida. Segue-se que as escolhas alimentares
e os padrões de dieta iniciados na infância podem afetar
nossa saúde e bem-estar em cada estágio da vida. Existem
várias maneiras pelas quais os profissionais de saúde podem
promover a saúde de seus pacientes. Uma importante maneira é educar os pacientes acerca da importância de seguir
princípios nutricionais saudáveis. Este capítulo concentra-se
naqueles fatores nutricionais que têm o maior potencial de
influenciar a saúde sistêmica e bucal do paciente odontopediátrico.
Há várias décadas já se sabia que nossa saúde é profundamente afetada pelas nossas escolhas alimentares; desde então, tem ocorrido uma evolução nos esforços para promover
escolhas alimentares saudáveis nos Estados Unidos. Em 1977,
o Senate Select Committee on Nutrition and Human Neeed (Comitê do Senado para Nutrição e Necessidades Humanas) publicou pela primeira vez as Metas Alimentares para os Estados
Unidos. Isso foi seguido pelas publicações Healthy People: The
Surgeon General’s Report on Health Promotion and Disease em
Crianças em Idade Pré-escolar
(3 a 6 Anos de Idade)
Crianças em Idade Escolar
(6 a 12 Anos de Idade)
Adolescência
(12 a 18 Anos de Idade)
Gravidez na Adolescência
USO DE TABACO, ÁLCOOL E
DROGAS ILÍCITAS NA JUVENTUDE
1979 e The Surgeon General’s Report on Nutrition em 1988. Este
último artigo concluiu que, das 10 primeiras causas de morte
nos Estados Unidos, metade estava relacionada a escolhas
alimentares desfavoráveis. Em 1990, o U.S. Department of
Health and Human Services lançou o Healthy People 2000,
uma publicação que destacava as metas, inclusive as nutricionais, para aumentar o tempo de vida, reduzir as disparidades
de saúde e conseguir acesso aos serviços preventivos para
todos os americanos durante a década seguinte. Em janeiro
de 2000, foi lançado o Healthy People 2010, cujo enfoque
nutricional geral é promover a saúde e reduzir a doença crônica associada à dieta e ao peso. O Capítulo 19 desta publicação aborda diversos desses objetivos, muitos dos quais estão
relacionados à nutrição pediátrica e estão resumidos na Tabela 12-2. A tabela inclui tanto o nível-alvo inicial para cada
objetivo, como o progresso feito para alcançar cada um desses alvos após uma revisão de acompanhamento na metade
da década. Outros objetivos relacionados à nutrição para
crianças incluem a redução no consumo de sódio, o aumento
na ingestão de cálcio e a redução na anemia resultante da
deficiência em ferro. A revisão de acompanhamento observou que nenhum dos objetivos relacionados à nutrição e ao
sobrepeso, atingiu ou ultrapassou seus alvos. No entanto, os
objetivos relativos à segurança alimentar (19-18) e deficiência de ferro (19-12) fizeram progresso rumo a esses alvos.
Nenhum progresso significativo foi observado em alguns
objetivos, enquanto outros, como a prevalência de sobrepeso
e obesidade entre crianças e adolescentes, na verdade se afastaram de seus alvos.
O Healthy People 2020, que tem a intenção de encaminhar
os objetivos e metas estabelecidos no Healthy People 2010,
219
220
Capítulo 12
■
Considerações Nutricionais para o Paciente Odontopediátrico
Tabela 12-1
Principais Causas de Morte nos Estados
Unidos (Dados de 2005)
Causa
Número de mortes
Doença cardíaca
652.091
Câncer
559.312
Acidente vascular cerebral (AVC)
143.579
Doença crônica do trato respiratório
inferior
130.933
Acidentes
117.809
Diabetes
75.119
Doença de Alzheimer
71.599
Gripe/pneumonia
63.001
Nefrite, síndrome nefrótica e nefrose
43.901
Septicemia
34.136
Americano de Agricultura) – sustentam os objetivos no Healthy People 2010 e incluem as seguintes recomendações:
• Vise à forma física.
• Vise a um peso saudável.
• Seja fisicamente ativo todos os dias.
• Construa uma base saudável.
• Deixe o guia da Pirâmide Alimentar orientar suas escolhas alimentares.
• Escolha uma variedade de grãos diariamente, especialmente grãos integrais.
• Escolha uma variedade de frutas e vegetais diariamente.
• Conserve os alimentos.
• Escolha com sensibilidade.
• Escolha uma dieta com pouca gordura saturada e colesterol.
• Escolha bebidas e alimentos moderando na ingestão de
açúcar.
• Escolha e prepare alimentos com menos sal.
• Se você consome bebidas alcoólicas, faça-o moderadamente.
De US Department of Health and Human Services, Centers for
Disease Control and Prevention. Natl Vital Stat Rep 2008;56(10).
SISTEMA DE ORIENTAÇÃO ALIMENTAR —
MINHA PIRÂMIDE
atualmente está sendo desenvolvido. Os objetivos do Healthy
People 2020 foram lançados em janeiro de 2010 juntamente
com uma orientação para atingir novos alvos de 10 anos que
reflitam avaliações dos principais riscos para saúde, prioridades de saúde pública e tecnologias emergentes que afetam a
prevenção de doenças e a prontidão da saúde nos Estados
Unidos.1
As Dietary Guidelines for Americans – ABCs (Orientações de
Dieta para Americanos) – promulgadas pelo United States
Department of Agriculture – USDA (Departamento Norte-
O Sistema de Orientação Alimentar Minha Pirâmide é uma
representação ilustrada das recomendações do USDA para
alimentação diária e atividades físicas. Lançado em 2005, a
Minha Pirâmide substituiu o bem conhecido instrumento de
educação nutricional da nação, a Pirâmide de Orientação
Alimentar (1992). Na Minha Priâmide, a atividade física diária é representada pelas escadas no lado esquerdo da pirâmide. Os grupos de alimento são representados pelas bandas
verticais, que compreendem o corpo da pirâmide. A extensão
da banda indica o tamanho da porção; quanto mais ampla a
banda, mais alimentos desse grupo devem ser consumidos.
Tabela 12-2
Metas Nutricionais Selecionadas pela Healthy People 2010
Número
Objetivo
Atual
Alvo
19-3
Reduzir a proporção de crianças e adolescentes que estão acima do peso ou são obesos
11%
5%
19-4
Reduzir restrição de crescimento entre as crianças pobres com menos de 5 anos de idade
8%
5%
19-5
Aumentar a proporção de pessoas com mais de 2 anos de idade que consomem pelo
menos duas porções de frutas diariamente
28%
75%
19-6
Aumentar a proporção de pessoas com mais de 2 anos de idade que consomem pelo
menos três porções diárias de vegetais, com pelo menos um terço de vegetais verdes e
amarelos
3%
50%
19-7
Aumentar a proporção de pessoas com mais de 2 anos de idade que consomem pelo
menos seis porções diárias de grãos, com pelo menos três sendo integrais
7%
50%
19-8
Aumentar a proporção de pessoas com mais de 2 anos de idade que consomem menos de
10% de calorias a partir de gordura saturada
35%
75%
19-9
Aumentar a proporção de pessoas com mais de 2 anos de idade que consomem menos de
30% de calorias a partir de gordura
33%
75%
19-15
Aumentar a proporção de crianças e adolescentes entre 6 e 19 anos de idade cuja ingestão
de refeições e lanches nas escolas contribua proporcionalmente para uma boa qualidade
alimentar
*
*
*Sem metas estabelecidas.
Capítulo 12
Exemplos de porções são delineados mais detalhadamente
para cada grupo de alimentos. No entanto, em muitos casos,
o tamanho das porções usadas na Minha Pirâmide é consideravelmente menor do que as exageradas porções a que muitos americanos estão acostumados. Na Minha Pirâmide, os
alimentos estão organizados em cinco principais grupos e
uma categoria de miscelânea. Essa categoria inclui gorduras,
óleos e doces, todos devendo ser consumidos sem exageros.
Um plano de nutrição individualizado com base em fatores
pessoais tais como idade, gênero e atividade física pode ser
desenvolvido usando as ferramentas on-line, como o MyPyramid Menu Planner e o MyPyramid Tracker (http://www.
MyPyramid.gov). Esse site, que contém enorme informação
nutricional útil para o público e profissionais de saúde, também oferece várias pirâmides de orientação alimentar para
populações especiais, tais como gestantes, vegetarianos e
crianças. A versão amigável para crianças, chamada Minha
Pirâmide para Crianças, é projetada para educar crianças com
idade entre 6 e 11 anos sobre nutrição e auxiliá-las a tomar
decisões alimentares apropriadas (Fig. 12-1).
PADRÕES DE DIETA
Uma grande quantidade de levantamentos nacionais medindo o estado nutricional e os padrões de dieta de crianças
e adolescentes foi conduzida entre as décadas de 1970 e 1990.
Esses estudos revelaram algumas tendências intrigantes acerca da ingestão calórica, consumo de bebidas, jantar fora, tamanho de porções, padrão e frequência das refeições e a
participação da merenda escolar. Ao longo dos últimos 25
anos, a ingestão calórica total das crianças americanas aumentou e os padrões alimentares delas, refletem as mudanças
vistas na dieta nos Estados Unidos.2 Ao comparar as tendências alimentares das crianças com idades entre 6 e 11 anos,
ao longo de um período aproximado de 20 anos de 1977 até
1998, Enns et al. relataram aumentos no consumo de refrigerantes, cereais, misturas (biscoitos, pipocas, roscas, salgadinhos de milho), batatas fritas, sucos não cítricos e néctares,
queijo, bombons e bebidas de frutas e Ades.3 Foi observada,
no geral, uma diminuição na ingestão de leite, inclusive leite
integral, vários vegetais e legumes, carne de vaca, carne de
porco e ovos. Para qualquer grupo de pirâmide, menos da
metade das crianças consumia o número recomendado de
porções, cuja ingestão de gordura e açúcar era muito maior
do que a recomendada.
Achados similares foram relatados por Cullen et al., que
avaliaram a ingestão de refrigerantes, bebidas com sabor de
frutas, frutas e vegetais por crianças do quarto ao sexto ano
escolar.4 O nível educacional mais baixo dos pais esteve associado ao maior consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas, e os estudantes que apresentavam um consumo elevado
de bebidas açucaradas, relataram baixa ingestão de frutas e
alta ingestão calórica. Troiano et al. também reportaram que
as bebidas respondem por 20% a 24% da ingestão energética
entre jovens de 12 a 19 anos de idade e que os refrigerantes
fornecem 8% da ingestão energética entre os adolescentes.5
No entanto, estudos recentes foram inconsistentes em
mostrar se o aumento no consumo de refrigerantes e outras
bebidas açucaradas elevou o risco de obesidade nas crianças.
Por exemplo, O’Connor et al. não encontraram correlação
entre índice de massa corporal (IMC) de crianças pré-escolares e o consumo dessas bebidas. Eles também constataram
que, embora quase 83% dos pré-escolares consumissem leite,
o consumo desse alimento estava a níveis abaixo do reco-
■
Considerações Nutricionais para o Paciente Odontopediátrico
221
mendado. Apenas 8,3% das crianças bebiam leite desnatado,
o que é recomendado pelas Orientações Alimentares para
Americanos para crianças com mais de 2 anos de idade.6
As tendências adicionais incluem aumento na alimentação fora de casa, assim como porções maiores de alimento no
mercado norte-americano. Ao examinar as mudanças nos
padrões de ingestão alimentar entre 1977 e 1996, Guthrie et
al. reportaram que alimentação preparada fora de casa aumentou de 18% para 32% a quantidade total de calorias ingeridas.7 Tanto as refeições como os lanches preparados fora de
casa continham mais calorias por unidade. A alimentação
consumida fora de casa também apresentava mais gordura
saturada e total em termos percentuais, e continha menos fibras, cálcio e ferro por caloria. Em 2001, Gillis e Bar-Or compararam padrões de dieta de jovens obesos e não obesos com
idade entre 4 e 16 anos em relação a alimentações fora de
casa. Eles encontraram uma correlação significativa entre obesidade e frequência elevada de refeições fora de casa.8 Complicando ainda mais a situação está o fato de que muitas porções
de alimento excedem o padrão, chegando pelo menos ao fator 2 (p. ex., roscas doces e sodas) e algumas vezes ao fator 8
(p. ex., biscoitos).9 As cadeias de fast-food oferecem hambúrgueres maiores, sodas e fritas. As atuais porções são frequentemente duas a cinco vezes maiores do que eram originalmente.
Essas mudanças nos padrões de dieta correm em paralelo a um
aumento progressivo nas taxas de obesidade vistas nos Estados Unidos. Com base nessa informação, comer fora de casa
está associado a uma menor qualidade de ingestão nutricional
e ao aumento do risco de doenças crônicas.
Padrões e frequência das refeições também mudaram nas
últimas décadas. O café da manhã, que mostrou ser importante para a cognição, desempenho escolar e comparecimento,
diminuiu significativamente entre as crianças e adolescentes
norte-americanos. Embora seja estimado que 10% a 30% dos
jovens não tomem café da manhã, daqueles que o fazem,
cerca do mesmo número come em casa da mesma forma que
na escola.10,11 Mais jovens estão participando das merendas
escolares, como o School Breakfast Program (SBP) (Programa de
Café da Manhã na Escola – PCME) e o National School Lunch
Program (NSLP) (Programa Nacional de Almoço na Escola –
PNAE). Em 2006, por exemplo, mais de 30 milhões de jovens
nos Estados Unidos participaram do PNAE diariamente. Esses
programas financiados pelo governo federal evoluíram como
esforços para auxiliar crianças de famílias de baixa renda.
Crianças de famílias com renda abaixo do nível de pobreza têm acesso a refeições grátis; aquelas com renda maior
podem ter acesso a refeições com preço reduzido.12 Como os
programas de merenda escolar podem ter um significativo
impacto na saúde da criança, a capacidade de seguir os padrões de qualidade nutricional é importante. Assim sendo, o
Committee for Responsible Medicine (PCRM) (Comitê de
Médicos para Medicina Responsável – CMMR) avalia refeições servidas no PNAE todo ano e documenta mudanças,
melhoras ou deficiências nos alimentos oferecidos pelas escolas. Eles constataram que a adesão aos padrões nutricionais
estabelecidos varia consideravelmente entre os distritos escolares de todo o país. Muitas escolas continuam a oferecer
opções abaixo do saudável, como, por exemplo, cachorroquente, cheeseburguer e outros alimentos ricos em gordura e
colesterol. No entanto, desde que o PNAE começou a publicar suas avaliações dos almoços escolares em 2001, no estilo
“boletim escolar”, tem havido um esforço planejado em todos os níveis para melhorar a qualidade nutricional das refeições fornecidas por esses programas. Um estudo de 2007
222
Capítulo 12
■
Considerações Nutricionais para o Paciente Odontopediátrico
Minha Pirâmide
Para as
Crianç
Coma corretamente. Exercite-se. Divirta-se.
MyPyramid.gov
Grãos
Torne metade de
seu cereal integral
Vegetais
Frutas
Varie seus vegetais
Concentre-se nas frutas
Fique esperto com o café da
manhã. Busque cereais com
grãos integrais.
Torne seu prato colorido com
todos os tipos de vegetais
saborosos.
Frutas são o prazer da
natureza, doces e deliciosas.
Só porque o pão é marrom
não quer dizer que é integral.
Veja a lista de ingredientes e
certifique-se de que existe a
palavra “integral” (p. ex.,
“trigo integral”).
O que é verde e laranja e é
saboroso? Vegetais! Coma
vegetais verde-escuros,
como brócolis e espinafre,
ou experimente os laranja,
como cenouras e
batatas doces.
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sejam 100% de frutas!
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rico em cálcio
Tome seu leite para ter
cálcio. O cálcio deixa os
ossos fortes.
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certifique-se de
que seu leite,
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queijo tem
pouca ou
nenhuma
gordura.
Carnes & Feijão
Aprenda com as proteínas
Coma carnes magras ou
com pouca gordura: frango,
peru e peixe. Peça para que
sejam cozidos ou grelhados
– não fritos.
Nozes, sementes, ervilhas
e feijões são todos grandes
fontes de proteínas também!
Para cada dieta de 1.800 calorias, você precisa das seguintes quantidades abaixo em cada grupo de alimentos. Descubra a quantidade certa para você, vá para o MyPyramid.gov.
Coma 180 g todos os dias: pelo menos
Coma duas xícaras e meia
Coma uma xícara e meia
Coma três xícaras todos os dias: para
Coma 150 g todos os dias
metade deve ser de grãos integrais
todos os dias
todos os dias
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adoçantes calóricos.
Figura 12-1 Minha Pirâmide para Crianças. (De acordo com o United States Department of Agriculture [Departamento Norte-
americano de Agricultura]; http://www.usda.org).
CAPÍTULO
17
Selantes de Fóssulas e Fissuras e
Restaurações Preventivas em Resina
▲ Brian J. Sanders, Robert J. Feigal e David R. Avery
SUMÁRIO DO CAPÍTULO
ENSAIOS CLÍNICOS
RAZÕES PARA O USO DE SELANTES
SELEÇÃO DE DENTES PARA
SELAMENTO
TÉCNICA DE SELAMENTO
Limpeza
E
Isolamento
Condicionamento Ácido
Enxágue
Aplicação do Selante
Avaliação das Interferências Oclusais
Reavaliação
m 1955, Buonocore descreveu a técnica do condicionamento ácido como um método simples para aumentar a adesão de materiais resinosos autopolimerizáveis, à base de metil metacrilato, ao esmalte dental.1 Para
tanto, utilizou-se o ácido fosfórico a 85%, por 30 segundos,
para condicionar o esmalte. Através dessa técnica, observou-se a obtenção de uma superfície rugosa, em um nível
microscópico, permitindo a união mecânica de materiais resinosos de baixa viscosidade.
Os primeiros materiais utilizados experimentalmente
como selantes, mas não disponíveis comercialmente, eram à
base de cianoacrilato. Em 1965, Bowen desenvolveu uma
resina bis-GMA, que é produto de uma reação química do
bisfenol A e glicidil metacrilato.2 Para a maioria dos selantes
comercialmente disponíveis essa é a composição básica; no
entanto, outros componentes, como uretano dimetacrilato e
outros dimetacrilatos, também são resinas alternativas usadas nos materiais selantes.
Para os selantes quimicamente polimerizáveis, um componente com uma amina terciária (ativador) é misturado a
outro componente contendo peróxido de benzoíla, e sua reação produz radicais livres, os quais iniciam a polimerização
do selante.
Os demais selantes são ativados por uma fonte de energia
externa. Os primeiros selantes fotoativáveis eram polimerizados pela ação dos raios ultravioleta (os quais não são mais
utilizados) em um éter metil benzoíla ou em éter benzoíla de
alta alcalinidade, com o objetivo de ativar o sistema de polimerização do peróxido. Os selantes fotoativáveis possuem
dicetonas e cetonas aromáticas sensíveis à luz visível em
comprimento de onda de aproximadamente 470 nm (faixa
azul). Alguns selantes contêm carga, usualmente micropartículas de dióxido de sílica ou, até mesmo, quartzo.
Os selantes podem ser transparentes ou opacos. Os materiais opacos são disponibilizados na cor do dente ou na colo-
RESTAURAÇÃO PREVENTIVA EM
RESINA (SELAMENTO COM
RESTAURAÇÃO EM RESINA
COMPOSTA)
ração branca. Já os transparentes são translúcidos, rosa ou
âmbar. Os selantes translúcidos e aqueles com a cor do dente
são estéticos, porém de difícil detecção na reavaliação clínica.
Recentes avanços tecnológicos têm incluído agentes com cor,
fotoativáveis, que permitem a alteração da cor durante e/ou
após a polimerização. Essas alterações na composição não
afetam o selante, mas oferecem algum benefício, discutível,
no reconhecimento das superfícies seladas.
As propriedades cariostáticas dos selantes são atribuídas à
obstrução física das fóssulas e fissuras, prevenindo a colonização com novos micro-organismos, além de prevenir a penetração de carboidratos fermentáveis, de modo que o remanescente bacteriano não seja capaz de produzir ácidos em
concentrações cariogênicas.
ENSAIOS CLÍNICOS
Muitos estudos clínicos têm reportado o sucesso dos selantes
de fóssulas e fissuras no que diz respeito à redução de lesões de cárie. Com o aumento da longevidade dos selantes, a
taxa de retenção passou a ser um determinante para sua efetividade como medida de prevenção à cárie.
Em um painel de consenso realizado pelo National Institutes of Health, em 1983, foi considerada as informações
disponíveis sobre selantes de fóssulas e fissuras, tendo sido
concluído que “a utilização de selantes é um dos meios mais
efetivos de prevenção à lesão de cárie em fóssulas e fissuras....
Expandir o uso de selantes reduziria substancialmente a ocorrência de cárie dental na população que já utiliza os fluoretos
e outros recursos preventivos.”3
Em 1991, Simonsen informou sobre uma amostra aleatória
de participantes reavaliados após 15 anos em um estudo sobre
selantes.4 De acordo com os resultados, pode-se observar que,
no grupo com selante, 69% das superfícies estavam hígidas
após 15 anos, depois de uma única aplicação de selante, en-
309
Capítulo 17
■
Selantes de Fóssulas e Fissuras e Restaurações Preventivas em Resina
3. Melhor avaliação de risco é observada quando realizada
por um profissional experiente utilizando como indicadores: morfologia dental, diagnóstico clínico, história
pregressa de cárie e flúor, e qualidade de higiene bucal
atual.
4. Risco de cárie e, portanto, potencial benefício no uso de
selantes, pode haver em qualquer superfície oclusal, em
qualquer idade, tanto em dentes decíduos quanto em permanentes.
5. Os métodos de inserção dos selantes devem incluir profilaxia cuidadosa da fóssula e fissura sem qualquer remoção
da estrutura de esmalte. Em algumas circunstâncias pode
ser indicada a técnica de ameloplastia mínima.
6. A inserção de materiais adesivos de baixa viscosidade,
hidrófilos, como parte ou sobre selantes tem demonstrado melhorias na eficácia e retenção em longo prazo.
7. Materiais à base de ionômero de vidro têm demonstrado
ineficácia como selantes, mas podem ser utilizados como
selantes temporários.
8. O profissional deve estar atento aos novos métodos preventivos contra lesões de cárie em fóssulas e fissuras. Isso
deve incluir mudança em materiais ou tecnologia.
SELEÇÃO DE DENTES PARA
SELAMENTO
Para que seja alcançado o máximo de benefícios com o uso
de selantes, o profissional deve determinar o risco de cárie;
deste modo, o termo tratamento baseado em risco pode ser
utilizado. Em tratamento baseado em risco, o cirurgiãodentista deve levar em consideração a experiência de cárie e
o histórico sobre o uso de flúor, a higiene bucal e a anatomia da fissura para determinar quando o selante deve ser
indicado.
Um bom julgamento profissional deve ser usado na escolha do paciente e do dente a ser tratado. O uso de selante
de fóssulas e fissuras é contraindicado em casos de cárie
rampante ou lesões interproximais. Da mesma forma, superfícies oclusais que já estavam acometidas por lesão cariosa, envolvendo dentina, devem ser indicadas para tratamento restaurador.
Todas as superfícies suscetíveis à cárie devem ser cuidadosamente avaliadas, visto que é improvável que ocorra a lesão
cariosa em fóssulas e fissuras bem coalecidas. Nesses casos, os
selantes podem não ser necessários ou, no mínimo, podem
ser pouco efetivos. E, por fim, embora a aplicação do selante
seja simples, o meticuloso emprego da técnica requer a colaboração do paciente e deve ser adiado em pacientes não colaboradores, até que o procedimento possa ser adequadamente realizado.
TÉCNICA DE SELAMENTO
Após a seleção, o dente é lavado, seco e a profundidade das
fóssulas e fissuras reavaliadas (Fig. 17-1A). Se for observada
lesão de cárie, restauração ou a combinação de restauração e
selamento, deve ser indicado o uso de selante (veja a seguir).
A marcação da oclusão cêntrica, com papel de articulação, proporcionará a informação para que o excesso de selante não interfira com a oclusão. Isso não é necessário
quando o dente acabar de erupcionar, mas é essencial em
uma oclusão bem estabelecida.
311
LIMPEZA
Para uma adequada retenção do selante, é necessário que
fóssulas e fissuras estejam limpas e livres do excesso de umidade (Fig. 17-1B, C). O condicionamento ácido remove completamente uma película do esmalte, e a profilaxia dental
(mesmo com a utilização da sonda exploradora) não aumenta a retenção dos selantes. Do ponto de vista prático, em
casos de higiene bucal deficiente, a limpeza da superfície
oclusal com escova rotatória pode ser benéfica.
Pope et al. observaram, em estudos laboratoriais, que o
uso de brocas esféricas ¼ produz maior penetração do selante no esmalte condicionado.19 O uso do sistema de abrasão a ar com óxido de alumínio permite maior penetração
do selante do que aquela alcançada após o uso de pedrapomes e escovas de cerdas somente. Não se sabe se o aumento da profundidade de penetração do selante resultará em
maior retenção. Além disso, quando se utiliza pedra-pomes
ou óxido de alumínio, partículas desses materiais são deixadas nas fissuras, mas o impacto desse fenômeno ainda não
foi determinado.
Hatibovic-Kofman et al. avaliaram a microinfiltração de
selantes utilizados em três grupos de dentes extraídos.20 Os
tratamentos sobre as superfícies foram: condicionamento
ácido, broca esférica ¼, ou abrasão a ar. Os dentes preparados
com brocas exibiram o menor grau de microinfiltração. A
quantidade de microinfiltração nos grupos convencional e
abrasão a ar foram similares. Não existe nenhum estudo clínico que tenha analisado o valor substancial do uso de brocas para limpar as superfícies antes do selamento.
O procedimento de rotina de erradicação da fissura é
provavelmente desnecessário. Na realidade, o uso inapropriado ou agressivo de abertura da fissura ou de ameloplastia
frequentemente remove a última camada de esmalte que recobre a dentina, tornando a fissura mais suscetível a futuras
lesões cariosas em caso de perda do selante. Uma adequada
técnica de inserção e quantidade correta de material é provavelmente mais benéfica do que a ameloplastia.
ISOLAMENTO
O dente (ou quadrante de dentes) a ser selado é primeiramente isolado. O isolamento com dique de borracha é o
ideal, mas pode não ser passível de ser realizado em determinadas circunstâncias. Dessa forma, podem-se utilizar, eficientemente, roletes de algodão, papéis absorventes e sugador de
alta potência.
Eidelman et al. reportaram comparativamente os resultados de retenção do uso de selantes após o uso de isolamento
do dique de borracha e uso de rolos de algodão para isolamento de dentes a serem selados.21 Matis relatou que selantes
realizados em jovens, após 12 meses, apresentaram 96% de
retenção quando utilizado o isolamento com dique de borracha e 91% de retenção quando os rolos de algodão foram
empregados para isolamento.22 Esses valores não foram estatisticamente diferentes, entretanto, indicaram que as taxas
de retenção não estão relacionadas à técnica de isolamento
quando a técnica de inserção é adequada.
CONDICIONAMENTO ÁCIDO
A técnica de condicionamento ácido produz microporosidades na superfície do esmalte. Isso permite que materiais de
baixa viscosidade, quando aplicados, penetrem na superfície
irregular e produza uma união mecânica dos prolongamentos resinosos quando polimerizados.
312
Capítulo 17
■
Selantes de Fóssulas e Fissuras e Restaurações Preventivas em Resina
A
B
C
D
E
F
G
H
Figura 17-1 A, Vista oclusal de um molar com fóssulas e fissuras suscetíveis. B, Limpeza do dente com escova rotatória.
C, Condicionamento ácido dental. D, Aspecto congelado do dente após condicionamento ácido, lavagem e secagem.
E, Aplicação do agente de união. F, Aplicação do selante. G, O selante é polimerizado e avaliado quanto a bolhas e excessos.
H, Ajuste oclusal é realizado quando necessário.
314
Capítulo 17
■
Selantes de Fóssulas e Fissuras e Restaurações Preventivas em Resina
que de borracha. Uma pequena broca esférica em baixa rotação removerá efetivamente o excesso. Se o condicionamento
ácido for bem delimitado, os excessos podem ser removidos
com instrumento cortante sobre as áreas não condicionadas,
sem que haja remoção do material das áreas de sulcos.
REAVALIAÇÃO
É importante lembrar que o dente selado deve ser periodicamente reavaliado para se determinar a efetividade do tratamento. Uma rechamada periódica e reaplicação dos selantes
é necessária, uma vez que em 5% a 10% dos casos é necessário realizar o reparo ou a substituição. Se o selante for parcial
ou completamente perdido, e for observado qualquer defeito ou descoloração no esmalte, deve-se remover o restante de
material e reavaliar o esmalte. Em seguida, uma nova aplicação de selante pode ser realizada na superfície, conforme a
técnica descrita anteriormente.
A
Selante
Resina
composta ou
cimento de
ionômero de
vidro
modificado
por resina
RESTAURAÇÃO PREVENTIVA EM RESINA
(SELAMENTO COM RESTAURAÇÃO EM
RESINA COMPOSTA)
A restauração preventiva em resina é um procedimento alternativo para dentes permanentes jovens que necessitam de
um preparo dental mínimo para a remoção de lesão cariosa,
mas que apresentam, também, fissuras suscetíveis à cárie.
Simonsen e Stallard descreveram a técnica de remoção
somente do tecido cariado em pequenas cavidades do tipo
classe I.31 Em seguida, realiza-se a restauração em resina propriamente dita, e simultaneamente realiza-se o selamento
das áreas adjacentes.
Henderson e Setcos descreveram a sequência da restauração preventiva em resina, particularmente aplicável para pacientes jovens com dentes recém-erupcionados e com lesão
de cárie pequena em fóssulas e fissuras.32 Os autores afirmaram que esse preparo requer uma técnica meticulosa que
envolva mais tempo clínico, do que o preparo convencional
para restauração em amálgama. Esse tipo de restauração deve
ser indicado para áreas cuidadosamente selecionadas, que
não são submetidas à pressão mastigatória, para minimizar o
desgaste da superfície anatômica do esmalte.
Superfícies oclusais, frequentemente, apresentam pequenas lesões de cárie. Nesses casos, as restaurações não devem ser
submetidas a grandes esforços, que promovam o desgaste de
materiais resinosos. A Figura 17-2 apresenta um diagrama que
ilustra os princípios da combinação selante-restauração. Nesse
caso, uma pequena lesão de cárie é observada em dentina, e pode
ser confirmada através de uma radiografia interproximal.
Uma sequência clínica é apresentada para demonstrar o
preparo conservador, bem como a técnica restauradora na
Figura 17-3. A lesão de cárie é identificada através de cuidadoso exame visual da superfície oclusal, seca, com o auxílio
de sonda exploradora, espelho clínico e campo iluminado
(Fig. 17-3A). O papel carbono marca no dente os pontos que
indicam contato oclusal.
O dente é anestesiado se necessário, isolado e reexaminado para determinar a extensão da lesão cariosa. Uma broca
no 329, sistema de abrasão a ar com óxido de alumínio ou
laser para tecidos duros, podem ser utilizados para se obter o
acesso à profundidade da lesão e para completar a remoção
completa da cárie (Fig. 17-3B). Em seguida, lave, seque e examine o preparo, que não deve se estender às marcas do contato oclusal.
B
Selante
Resina
composta
C
Figura 17-2 Diagramas ilustrando a combinação de
restauração em resina composta e selamento da superfície.
A, Corte longitudinal demonstrando a extensão da lesão de
cárie em dentina. B, Corte longitudinal após preparo
cavitário com cimento de ionômero de vidro ou resina
composta e selante. C, Vista oclusal do contorno de uma
pequena restauração onde o selante de fóssula e fissura
promove o princípio cavitário de extensão para prevenção.
A cavidade e o esmalte do lado dos sulcos são condicionados (Fig. 17-3C). Normalmente, utiliza-se ácido fosfórico a
37%, na forma gel ou líquido, por 20 segundos. O preparo da
superfície com abrasão a ar ou utilização de laser não elimina
a necessidade de condicionamento ácido. Se esses métodos
forem utilizados, o condicionamento ácido precisa ser realizado para promover um adequado preparo da superfície a ser
selada e restaurada. Além disso, as superfícies lingual e vestibular normalmente são condicionadas e seladas. O dente
Capítulo 17
■
Selantes de Fóssulas e Fissuras e Restaurações Preventivas em Resina
A
B
C
D
E
F
G
H
315
Figura 17-3 A, Cárie oclusal identificada com fóssulas e sulcos suscetíveis. B, Remoção da lesão cariosa até dentina.
C, Condicionamento ácido dental. D, Aplicação do agente de união. E, Inserção da resina composta. F, Aplicação do selante
sobre a resina composta. G, Restauração preventiva em resina composta polimerizada. H, Ajuste oclusal.
CAPÍTULO
24
Manejo do Paciente Sistemicamente
Comprometido: Desordens
Hematológicas, Câncer, Hepatite e AIDS
▲ Brian J. Sanders, Amy D. Shapiro, Randy A. Hock, James A. Weddell e
Christopher Edward Belcher
SUMÁRIO DO CAPÍTULO
HEMOFILIA
Distúrbios da Hemostasia
Classificação do Pró-coagulante
Tratamento
Mulheres com Distúrbios de
Sangramento
Complicações
Risco para a Equipe Odontológica
Desenvolvimento de um Plano de
Tratamento
Uso de Agentes Antifibrinolíticos
Controle da Dor
Manejo Odontológico
HEPATITE VIRAL
Anemia Falciforme
SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA
ADQUIRIDA
Manifestações Bucais da Infecção
pelo HIV
LEUCEMIA
Manifestações Bucais da Leucemia
Manejo Odontológico de Pacientes
com Leucemia
P
ara se alcançar uma saúde bucal ideal para o paciente sistemicamente comprometido, o cirurgiãodentista e o médico devem estabelecer uma estreita
relação de trabalho. Devido à complexidade de muitas dessas
condições médicas, pode ser necessário tempo adicional de
tratamento para que sejam oferecidos esses serviços. Para
minimizar os riscos de possíveis complicações, que podem
afetar a saúde física dos pacientes clinicamente comprometidos, é necessário um intenso programa de prevenção orientada. Cada paciente apresenta uma série de desafios para o
cirurgião-dentista, mas obter um resultado positivo pode ser
uma experiência gratificante. Este capítulo discute as principais condições médicas e o seu manejo odontológico.
HEMOFILIA
DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA
As hemofilias são distúrbios da hemostasia decorrentes de
uma deficiência de fatores da coagulação. A hemofilia é um
distúrbio de sangramento herdado que afeta aproximadamente um em cada 7.500 homens.1 A hemofilia A, ou a hemofilia clássica, é uma deficiência do fator VIII, também conhecido como fator anti-hemofílico. A deficiência do fator VIII
é a mais comum das hemofilias e é herdada como um traço
recessivo ligado ao X. Portanto, os homens são os afetados, as
TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO
HEMATOPOÉTICAS
Complicações Bucais do Transplante
de Medula Óssea
Doença do Enxerto-ContraHospedeiro
Preparo Pré-transplante
Intervenções de Admissão e
Internação
Fase de Remissão
TUMORES SÓLIDOS
mulheres são as portadoras e não há transmissão de pai para
filho. Se um homem normal tem filhos com uma portadora
de hemofilia, há uma chance de 50% de ocorrer a hemofilia
em cada prole do sexo masculino e 50% de chance de que
cada filha seja uma portadora. Se um hemofílico tem filhos do
sexo masculino com uma mulher normal, todos os descendentes do sexo masculino serão normais, e todos do sexo feminino serão portadores. A hemofilia B, ou a doença de
Christmas, é causada por uma deficiência do fator IX (componente da tromboplastina plasmática) e também é herdada
como um traço recessivo ligado ao X. A deficiência do fator
IX é um quarto da prevalência da deficiência do fator VIII.2,3
A deficiência de fator XI (antecedente da tromboplastina
plasmática), também conhecida como hemofilia C ou doença
de Rosenthal, é herdada como traço autossômico recessivo,
com as proles masculina e feminina igualmente afetadas.
Esse distúrbio é mais frequentemente observado nos descendentes do grupo de judeus asquenazi. Outras deficiências de
fatores, tais como os fatores II, V e XIII (um caso em 1 milhão
de habitantes) e fator VII (um caso em 500.000 habitantes),
são raras e são herdadas de forma autossômica recessiva.4,5
A doença de Von Willebrand (DVW) é uma condição
hemorrágica hereditária resultante de uma anormalidade do
fator de Von Willebrand (FVW) encontrada no plasma, plaquetas, megacariócitos e células endoteliais. O FVW circula
em conjunto com o fator VIII e é importante na adesão das
483
484
Capítulo 24
■
Manejo do Paciente Sistemicamente Comprometido: Desordens Hematológicas, Câncer, Hepatite e AIDS
plaquetas ao subendotélio via colágeno e, consequentemente, na formação do tampão plaquetário primário. Na doença
de Von Willebrand, o FVW pode apresentar uma anormalidade quantitativa ou qualitativa. O FVW é composto de subunidades chamadas multímeros. A doença de Von Willebrand é dividida em subtipos baseados na plaqueta e na
estrutura multimérica do FVW plasmático. O tratamento
adequado dessa desordem é dependente do subtipo.6
Uma vez prejudicada a agregação plaquetária, pode resultar em sangramento da pele e mucosa, equimoses, epistaxe,
sangramento prolongado após procedimentos cirúrgicos e menorragia (Fig. 24-1). Esses sintomas contrastam com a hemofilia por deficiências envolvendo os fatores VIII e IX, em que
os eventos marcantes de sangramento envolvem os músculos
e as articulações (Fig. 24-2).
CLASSIFICAÇÃO DO PRÓ-COAGULANTE
A hemofilia A (deficiência do fator VIII) e a hemofilia B (deficiência do fator IX) são classificadas com base no nível de
pró-coagulantes presentes com níveis normais que variam de
55% a 100%:
• Deficiência grave: níveis inferiores a 1%
• Deficiência moderada: níveis que variam entre 1% e 5%
• Deficiência leve: níveis iguais ou superiores a 5% e inferiores a 50%
Os pacientes com deficiência grave podem apresentar
episódios frequentes de sangramento, ocorrendo geralmente
de duas a quatro vezes por mês. Os episódios de sangramento
podem ser espontâneos, sem uma história específica de lesão
ou trauma. Articulações, músculos e pele são regiões comuns
de sangramento. Hemartroses (hemorragias nas articulações)
são comuns, e os sintomas incluem dor, anquilose e limita-
ção de movimento. Episódios repetidos de hemartrose ou
hemorragia muscular resulta na doença musculoesquelética
crônica e no aparecimento de dolorosas e debilitantes artrites.
As articulações afetadas, comumente incluem joelhos, cotovelos, tornozelos, quadris e ombros. Pseudotumores (pseudocistos hemorrágicos) podem ocorrer em vários locais, incluindo a mandíbula, onde é indicada a curetagem.7,8
Pacientes com deficiência moderada enfrentam, com menor frequência, episódios de sangramento (cerca de quatro a
seis vezes por ano). No entanto, se um paciente com deficiência moderada desenvolver uma articulação alvo (articulação
com episódios repetidos de sangramento) é possível que
ocorra o aparecimento de sangramento espontâneo. Os pacientes com deficiência leve raramente sangram, porém pode
ocorre em associação a cirurgias ou lesões. O diagnóstico de
uma deficiência leve pode ser encontrado quando alguma
anormalidade for reconhecida durante a avaliação pré-cirúrgica ou quando ocorrer sangramento em associação a cirurgia
ou trauma. A identificação de um paciente com deficiência
leve pode, portanto, ser alcançada previamente pelo cirurgiãodentista durante o tratamento de lesões da cavidade bucal,
revelando, assim, um indivíduo ainda não diagnosticado.
Lacerações na boca são uma causa comum de sangramento em crianças, em todas as gravidades da hemofilia.
Sonis e Musselman avaliaram 132 pacientes com hemofilia
por deficiência do fator VIII e observaram que “o persistente
sangramento bucal resultou no diagnóstico de 13,6% dos
casos de hemofilia”.9 Cerca de 29% dos casos observados de
hemofilia leve foram obtidos como resultado de sangramento na cavidade bucal. Dos casos diagnosticados secundários ao sangramento bucal, 78% foram resultado do sangramento do freio maxilar, e 22% resultaram de sangramentos
Após lesão vascular:
Célula endotelial
Multímeros
FVW
FVIII
Plaqueta
Coágulo
de fibrina
FVW liga com a matriz subendotelial
Aderência plaquetária na barreira do FVW
Coágulo de fibrina formado é catalisado
pela superfície plaquetária
Figura 24-1 Resposta hemostática primária à lesão vascular com a evolução em hemostasia secundária. Esta figura demonstra
a resposta hemostática primária à lesão vascular envolvendo as células endoteliais e as plaquetas; a hemostasia primária
conduz e é parte integral da hemostasia secundária, envolvendo fatores de coagulação, incluindo o fator de Von Willebrand
(FVW), fator VIII (FVIII), culminando na geração de fibrina. (Com a permissão de CSL Behring e Robert Montgomery.)
CAPÍTULO
26
Cefalometria e Estética Facial: A Chave
para o Planejamento do Tratamento
Completo
▲ John T. Krull, George E. Krull, Thomas H. Lapp e David A. Bussard
SUMÁRIO DO CAPÍTULO
TÉCNICA RADIOGRÁFICA
Radiografia Lateral da Cabeça
Radiografia Frontal (Posteroanterior)
TÉCNICA DO TRAÇADO
CEFALOMÉTRICO
PONTOS DE REFERÊNCIA PARA O
TRAÇADO LATERAL
LINHAS, ÂNGULOS E PLANOS DE
REFERÊNCIA
INTERPRETAÇÃO DAS MEDIDAS
AVALIAÇÃO CEFALOMÉTRICA
LATERAL
Esquelética Maxilar
Dentária Maxilar
Esquelética Mandibular
Dentária Mandibular
Vertical
Tecido Mole
AVALIAÇÃO CEFALOMÉTRICA
FRONTAL (POSTEROANTERIOR)
DIREÇÕES DE CRESCIMENTO
DIAGNÓSTICO CEFALOMÉTRICO
COMPUTADORIZADO E
PLANEJAMENTO DO TRATAMENTO
Imagem Digital
DISCREPÂNCIAS
ANTEROPOSTERIORES ENTRE AS
ARCADAS
Classe I
Classe II Divisão I
Classe II Divisão II
Classe III
TIPOS FACIAIS
Padrão Mesofacial
Padrão Dolicofacial
Padrão Braquifacial
DISCREPÂNCIAS DO ARCO VERTICAL
Mordida Aberta
Mordida Profunda
CLASSIFICAÇÃO DA OCLUSÃO
SEGUNDO ANGLE
Avaliação Descritiva Esquelética e
Dentária
AVALIAÇÃO DA ESTÉTICA FACIAL
Vista Frontal
Visão de Perfil
No estudo de um caso de maloclusão, não pense nos métodos de tratamento ou aparelhos até que o caso tenha sido classificado e
todas as peculiaridades e variações do normal quanto ao tipo, oclusão e linhas faciais tenham sido plenamente compreendidas.
Então, os requisitos e o planejamento adequado ficarão evidentes.
—Edward H. Angle
A
cefalometria, a avaliação das dimensões craniofaciais, particularmente a determinação etnográfica
da morfologia craniana, é uma ciência antiga praticada há séculos pelos antropólogos.
A beleza e a harmonia são os parâmetros tradicionais
usados para avaliar as proporções faciais, ainda que a definição de beleza possa mudar à medida que as civilizações mudam. Uma escultura grega, durante a era dourada da arte
(século IV a.C) mostra proporções faciais muito semelhantes
às que hoje são consideradas desejáveis. As feições faciais das
figuras gregas masculinas e femininas parecem ser retratadas
de forma idêntica, com a maior parte dos ângulos das esculturas dentro de 5 graus dos padrões contemporâneos; as exceções são um sulco mentolabial e um ângulo nasofacial mais
agudos para o ideal grego antigo.
No começo do século XX, a odontologia começou a incluir os conceitos de harmonia e equilíbrio facial na teoria e
prática da cefalometria. Em 1922, Simon apresentou a era
moderna o desenvolvimento gnatostático, uma técnica foto-
gráfica que relacionava os dentes e suas respectivas bases ósseas entre si, bem como as estruturas crâniofaciais específicas.
Apesar de Racini e Carrera terem obtido as primeiras radiografias do crânio pela técnica padrão de tomada lateral em
1926, foi somente após a introdução do cefalostato por Broadbent, em 1931, que a ciência da cefalometria se tornou
padronizada. Esta forma sofisticada de radiografia permitiu
ao profissional identificar áreas problemáticas específicas de
desproporção craniofacial e planejar intervenções terapêuticas detalhadas. Por meio das contribuições de investigadores
como Brodie, Downs, Reidel, Steiner, Tweed e Ricketts, a
aplicação clínica da cefalometria desenvolveu as técnicas que
permitem a observação de discrepâncias na mandíbula, maxila, dentes e tecido mole do perfil facial.
O objetivo primário da análise cefalométrica é localizar a
maloclusão a partir do traçado das estruturas ósseas e do tecido mole facial. A análise é realizada pelo uso de marcas
cefalométricas padronizadas para construir linhas, ângulos e
planos imaginários, que permitem as avaliações lineares e
521
Capítulo 26
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525
Cefalometria e Estética Facial: A Chave para o Planejamento do Tratamento Completo
que demonstrem deslocamento mandibular, assimetria facial, mordida cruzada posterior severa ou outros tipos de
displasia óssea. A análise cefalométrica e um exame clínico
abrangente e sistemático destes pacientes muitas vezes revelam maloclusões acompanhadas por desvios mandibulares
quando o paciente está em oclusão máxima.
A radiografia PA é traçada da mesma forma que na radiografia lateral. A Figura 26-7 ilustra as importantes estruturas
esqueléticas e dentárias que devem ser traçadas para uma
análise precisa e completa.
PONTOS DE REFERÊNCIA PARA O
TRAÇADO LATERAL
O valor do diagnóstico final da análise cefalométrica depende inicialmente da localização precisa dos pontos anatômicos e antropológicos (Fig. 26-8). Estes pontos são usados
para construir as linhas, ângulos e planos adotados para fazer
uma avaliação bidimensional das relações craniofaciais e
dentárias do paciente. Ainda que cada análise seja concluída
em duas dimensões, quando a análise lateral e a análise PA são
consideradas ao mesmo tempo, uma simulação tridimensional emerge, para contribuir com o diagnóstico geral e para o
plano de tratamento. Os pontos de referência a seguir são
usados neste capítulo (Fig. 26-8):
Sela Túrcica (S ou Sela). O ponto médio da fossa hipofisária. Esta é a área ovoide do osso esfenoide que contém
a glândula pituitária.
Násio (N). Corresponde à junção externa da sutura frontonasal no plano mediano. Se a sutura não for visível, este
ponto será localizado na concavidade mais profunda dos
dois ossos.
Orbitário (O). O ponto mais inferior na borda externa da
órbita.
ZFE
ZFD
Ponto Condilar (Cd). O ponto mais superior da cabeça do
processo condilar da mandíbula.
Espinha nasal anterior (ENA). O ponto situado na projeção mais anterior da extremidade da espinha nasal anterior no plano mediano.
Ponto A (subespinhal ou A). O ponto mais profundo do
contorno da pré-maxila entre a ENA e a crista alveolar.
Embora o ponto A possa mudar com o tratamento, ele
representa o ponto mais anterior da maxila.
Ponto B (supramental ou B). O ponto mais profundo do
contorno externo do processo alveolar da mandíbula
entre a crista alveolar e o queixo. O ponto B delineia o
ponto mais anterior da mandíbula no plano mediano.
Pogônio (Pg). O ponto mais anterior do contorno da sínfise mandibular.
Mento (Me). O ponto mais inferior do contorno da sínfise
mandibular.
Gnátio (Gn). Ponto determinado pela bissetriz do ângulo
formado pelos planos facial e mandibular.
Gônio (Go). Outro ponto determinado pela bissetriz do ângulo formado por interseção de linhas tangentes à margem
posterior do ramo ascendente e plano da mandíbula.
Articular (Ar). Ponto de interseção da margem posterior
do ramo ascendente da margem mais externa da base do
crânio.
Pório (Po). O ponto localizado na porção mais superior do
meato acústico externo ou o ponto médio da margem
superior da projeção radiográfica dos posicionadores auriculares (anel metálico) do cefalostato.
Básio (Ba). O ponto mais inferior e posterior no osso occipital que corresponde à margem anterior do forame magno.
Fissura pterigomaxilar (Ptm). Uma fissura em formato
de lágrima da qual a parede posterior é criada pelas bordas anteriores dos processos pterigóideos do osso esfenoide e a parede anterior representa a borda posterior da
maxila (tuberosidade maxilar). A ponta desta fissura indica a extensão posterior da maxila.
Espinha nasal posterior (ENP). O ponto situado na extremidade posterior do osso palatino. Este ponto não é
normalmente visível, mesmo em radiografias laterais da
cabeça bem expostas; portanto, ele é um ponto determi-
ENA
JE
JD
N
S
I
Po
Cd
AGE
O
Pt
CF
I
AGD
Ba
Ar
Ptm
ENA
A
ENP
6
Me
Figura 26-7 Traçado cefalométrico frontal (posteroanterior)
(ver também a Fig. 26-10). ENA, Espinha nasal anterior; I,
Ponto I (incisivo); AGE, incisura antigoniana esquerda; JE,
processo jugal da tuberosidade maxilar esquerdo; ZFE,
sutura zigomaticofrontal esquerda; Me, mento; AGD,
incisura antigoniana direita; JD, processo jugal da
tuberosidade maxilar direito; ZFD, sutura zigomaticofrontal
direita.
1
6
1
Go
B
Me
Pg
Gn
Figura 26-8 Traçado lateral com pontos de referência
cefalométrica. (Adaptado do Dr. William W. Merow.)
526
Capítulo 26
■
Cefalometria e Estética Facial: A Chave para o Planejamento do Tratamento Completo
nado pela interseção da extensão da fossa ptérigopalatina
e o assoalho nasal. Ela também indica o limite posterior
da maxila.
Ponto Pt (Pt). É a interseção da borda inferior do forame
redondo com a parede posterior da Ptm.
Ponto CF (centro da face). É o ponto cefalométrico formado pela interseção do plano horizontal de Frankfurt e
uma linha perpendicular que passa pelo ponto Pt.
LINHAS, ÂNGULOS E PLANOS DE
REFERÊNCIA
A avaliação linear é obtida quando dois pontos de referência
são conectados. Medições angulares são possíveis quando
três pontos são usados. Os planos (e algumas linhas) são na
verdade imaginários, quando o traçado cefalométrico é visto,
porque os planos estão em ângulos retos em relação ao traçado e podem ser vistos apenas como uma linha do traçado
bidimensional (Fig. 26-9). Na análise cefalométrica, o dentista deve acostumar-se a pensar em três dimensões enquanto
observa uma representação bidimensional. Portanto, um
ponto no traçado pode não ser apenas um ponto, mas também representar uma linha (ou eixo). Uma linha no traçado
pode, na verdade, ser uma linha (ou eixo), ou ela pode representar um plano.
Diversas linhas ou planos são usados nas diferentes análises cefalométricas, ainda que uma linha ou plano geralmente
sirva como referência principal sobre a qual a análise inteira
se baseia. Duas referências comuns são o plano sela-násio
(base anterior do crânio) e o plano horizontal de Frankfurt.
As unidades básicas da análise cefalométrica são os ângulos
e as distâncias (linhas). As medidas podem ser tratadas como
valores absolutos ou podem estar relacionadas entre si e expressas como proporções relativas. Estas medidas e inter-relações fornecem a estrutura básica para a descrição das anormalidades craniofaciais. As definições a seguir ajudam a explicar
os planos de referência usados neste capítulo (Fig. 26-9).
Plano horizontal de Frankfurt (HF). Este plano é obtido pela união do ponto pório (Po) ao ponto orbitário
(O) e representa o plano horizontal básico da cabeça.
N
SN
S
BN
Po
HF
PF
Ba
PP
ENA
ENP
PO
PTV
INTERPRETAÇÃO DAS MEDIDAS
Os objetivos da interpretação cefalométrica são resumidos
desta forma:
1. Definir os tipos esqueléticos e faciais.
2. Avaliar a relação entre as bases ósseas maxilar e mandibular.
3. Avaliar as relações dentárias (relação espacial entre os
dentes, maxila, mandíbula e a base craniana).
4. Localizar a maloclusão dentro do complexo dentofacial e
analisar sua origem (esquelética ou dentoalveolar).
5. Estudar o contorno facial do tecido mole, no que diz respeito à causa da maloclusão.
6. Considerar o impacto das diversas opções para correção
da maloclusão no contorno facial, assim como nos componentes esqueléticos e dentários.
7. Facilitar a escolha de um plano de tratamento.
8. Avaliar os resultados dos diversos procedimentos cirúrgicos para o tecido mole.
AVALIAÇÃO CEFALOMÉTRICA LATERAL
PM
EF
Figura 26-9 Linhas e planos de referência cefalométrica.
(Adaptada do Dr. William W. Merow.)
Plano Sela-násio (SN). Este plano é representado por uma
linha que liga o ponto sela (S) e o ponto násio (N). Ele
representa a extensão AP da base craniana anterior. Este
plano de referência é de valor diagnóstico questionável
no prognatismo mandibular verdadeiro.
Plano oclusal (PO). Este plano separa os molares superiores
e inferiores permanentes (ou os segundos molares decíduos em pacientes mais jovens) e passa através do contato
entre os incisivos superiores e inferiores mais anteriores.
Se os incisivos não estiverem em contato, a linha passa
pelo meio, entre as bordas incisais. Idealmente, o PO é
quase paralelo ao plano palatal (PP) e ao HF.
Plano facial (PF). Este plano é representado pela linha construída através do ponto násio (N), perpendicular ao HF.
Plano mandibular (PM). O plano mandibular é construído por uma tangente à borda inferior da mandíbula.
Plano pterigoide vertical (PTV). Este plano é representado por uma linha perpendicular ao HF, através do
ponto Pt. Estudos mostraram que a interseção do HF e do
PTV é extremamente estável, porque o crescimento tem
pouco efeito neste ponto. Uma visão geral do crescimento do paciente pode ser alcançada pela avaliação de
radiografias cefalométricas seriadas nas quais o HF e o
PTV são superpostos. O PTV representa um plano básico
de referência vertical.
Plano básio-násio (BN). Este plano passa através do ponto
básio (Ba) e do ponto násio (N). Ele representa a base craniana, sendo o plano divisório entre o crânio e a face.
Eixo facial (EF). Esta linha é construída a partir do ponto
Pt, através do ponto gnátio. O EF cruza, idealmente, o BN
em ângulo reto.
Plano palatal (PP). Este plano estende-se através da espinha nasal anterior (ENA) e da espinha nasal posterior
(ENP). A relação deste plano com o HF é útil ao se avaliar
mudanças no tratamento que ocorram na maxila.
ESQUELÉTICA MAXILAR
SNA: O ângulo entre o plano SN e a linha formada pelos
pontos N-A
Norma clínica: 82 graus
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