FUNORTE-FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS NÚCLEO NITERÓI-SMILE ODONTOLOGIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA TRATAMENTO INTERCEPTIVO DO PADRÃO FACE LONGA JOSÉ ALVES DE SOUZA Monografia apresentada à FUNORTE - Faculdade Unidas do Norte de Minas- Núcleo Niterói - Smile Odontologia, como parte dos requisitos para obtenção Especialista em Ortodontia. NITERÓI 2010 do título de FUNORTE-FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS NÚCLEO NITERÓI SMILE ODONTOLOGIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA TRATAMENTO INTERCEPTIVO DO PADRÃO FACE LONGA JOSÉ ALVES DE SOUZA Monografia apresentada à FUNORTE - Faculdade Unidas do Norte de Minas- Núcleo Niterói - Smile Odontologia, como parte dos requisitos para obtenção do título Especialista em Ortodontia. Orientador (a): MARCELO CALVO DE ARAÚJO NITERÓI 2010 de FICHA CATALOGRÁFICA SOUZA, José Alves de Tratamento Interceptivo do Padrão Face Longa Orientador: Marcelo Calvo de Araújo Monografia (Especialização em Ortodontia – Odontologia) - FUNORTE - NÚCLEO NITERÓI Palavras- chave: Diagnóstico. Ortodôntico. Deformidade. I- José Alves de Souza II- Faculdades Unidas do Norte de Minas- FUNORTE- NÚCLEO NITERÓI AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA Tratamento Interceptivo do Padrão Face Longa AOIIIAUTOR A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO. Niterói, ____ / ____/ ______ Assinatura: _____________________________ e-mail: [email protected] FOLHA DE APROVAÇÃO JOSÉ ALVES DE SOUZA TRATAMENTO INTERCEPTIVO DO PADRÃO FACE LONGA Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de especialista em Ortodontia, à comissão julgadora da FUNORTE- NÚCLEO NITERÓI-SMILE ODONTOLOGIA. Aprovada em ____ / ____ / ___ Banca Examinadora 1) Prof.(a). Dr.(a): ..................................................................................................... Julgamento: ......................................... Assinatura: ...................................... 2) Prof.(a). Dr.(a): ..................................................................................................... Julgamento: ......................................... Assinatura: ...................................... 3) Prof.(a). Dr.(a): ..................................................................................................... Julgamento: ......................................... Assinatura: ...................................... Resultado: ......................................................................................................... Dedicatória Dedico este trabalho, em primeiro lugar, a Deus e aos meus pais, Sr. Genorito Alves de Souza e Sra. Maria José de Souza, pela luz no meu caminho e pelo incansável zelo na minha formação como profissional e pessoa. A luta e a certeza da vitória foram sementes regadas a fio durante toda minha educação.Obrigado Deus. Obrigado pai. Obrigado mãe. Dedico também esta vitória a minha esposa, companheira, amiga e incentivadora, Leonice do Carmo Fröes, que com amor, carinho e atenção deu-me forças para sua conclusão. Dedico também este trabalho a minhas filhas, Milla, Rafaela e Maria Eduarda, que souberam entender minhas ausências, me apoiando incondicionalmente com seu amor. Que continuemos cultivando este imenso amor e respeito imersos na felicidade que vivemos. O meu muitíssimo obrigado por tudo. Agradecimento especial Ao meu orientador, Prof. Marcelo Calvo de Araújo: Agradeço por sua dedicação, paciência, zelo e atenção, na superação das minhas deficiências. Este trabalho tem a sua marca em cada palavra e nas suas entre linhas. Meus sinceros agradecimentos. Agradecimentos A todos Professores, em especial Marcelo Calvo de Araújo, Fábio Pinto Guedes, Stella A. Souza Gouveia, Leonardo Camardella e Akkineiw, por todo ensinamento e oportunidades que me proporcionaram. Orgulho-me de ter aprendido Ortodontia com vocês. Á banca examinadora pelas valiosas sugestões e correções que engrandeceram consideravelmente este trabalho. A minha secretária Priscila Araújo Gonçalves pelo apoio, presteza e organização de todo material necessário para este concluir. Aos meus familiares e amigos que me apoiaram nesta caminhada. Denominá-los seria certamente o passo para cometer alguma injustiça. Tenho certeza que todos se sentirão lembrados. Aos meus colegas de especialização, hoje meus amigos: Rogério Nicolato , Joana, Ciro, Maíra, Fernanda, Ana Paula, Ricardo e Danielle. Agradeço a Deus por ter me presenteado com o convívio de vocês. Aprendi muito, muito além da Ortodontia. Orgulho-me de tê-los conhecido. Souza, J A, Tratamento Interceptivo do Padrão Face Longa (Monografia para Especialização em Ortodontia). FUNORTE – Faculdades Unidas do Norte de Minas – Núcleo Niterói – Smile Odontologia; 2010. RESUMO As principais características morfológicas, cefalométricas e o envolvimento funcional do indivíduo Padrão face longa e a abordagem da Análise Facial Subjetiva foram revistas na literatura nacional e internacional. Foram revistas as características faciais verticais, o comportamento da mandíbula durante seu desenvolvimento e crescimento, os reflexos nos tecidos moles circunjacentes, as alterações funcionais e um método de diagnóstico precoce da doença. Observou-se que o tratamento do indivíduo face longa deve ser realizado nos estágios da dentição decídua ou dentição mista, devendo, contudo ser contido até que cesse o crescimento. Palavras-chave: Diagnóstico. Ortodôntico. Deformidades. Souza, J A, Intercept Treatment of Long Face Pattern. [Monografia para Especialização de Ortodontia]. FUNORTE – Faculdades Unidas do Norte de Minas – Núcleo Niterói – Smile Odontologia; 2010. ABSTRACT The main characteristic morphological, cephalometric and and functional involvement of individuals Pattern long face and approach of Subjective Facial Analysis have been reviewed in national and international literature. Were reviewed vertical facial features, the behavior of the mandible during its development and growth, the reflexes in the adjacents soft tissues, the functional changes and a method of early diagnosis. It was observed that treatment of individual long face to be implemented in stages of deciduous or mixed dentition, and yet be restrained until growth ceases. Keywords:Diagnosis. Orthodontic. Deformities. . LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Ilustração da rotação da matriz mandibular no Padrão face longa.......17 FIGURA 2 - Ilustração da rotação total da mandíbula no Padrão face longa...........17 FIGURA 3 - Ilustração da rotação intramatriz mandibular no Padrão face longa.....17 FIGURA 4 - Fotografia do paciente Padrão face longa subtipo moderado..............23 FIGURA 5 - Fotografia de paciente Padrão face longa subtipo moderado por encurtamento do terço médio.....................................................................................24 FIGURA 6 - Fotografia do paciente Padrão face longa subtipo médio....................24 FIGURA 7 - Fotografia do paciente Padrão face longa subtipo severo...................25 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... ..........12 2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... ..........14 2.1 O PADRÃO DE CRESCIMENTO FACIAL: CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E SUA FORMAÇÃO..............................................................14 2.2 CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS....................................................................18 2.3 CLASSIFICAÇÃO DO PADRÃO FACE LONGA................................................22 2.4 TRATAMENTO INTERCEPTIVO DO PADRÃO FACE LONGA.........................24 3 DISCUSSÃO........................................................................................................33 3.1 O PADRÃO DE CRESCIMENTO FACIAL: CARACTERÍSTICAS DE MORFOLÓGICAS E SUA FORMAÇÃO...............................................................33 3.2 CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS....................................................................33 3.3 CLASSIFICAÇÃO DO PADRÃO FACE LONGA................................................34 3.4 TRATAMENTO INTERCEPTIVO DO PADRÃO FACE LONGA.........................34 4 CONCLUSÃO.......................................................................................................36 REFERÊNCIAS..........................................................................................................37 12 1– INTRODUÇÃO Na ortodontia o estudo do desenvolvimento e crescimento craniofacial encetado por diversos autores7, 20, 30 , no decorrer das décadas, nos remete a necessidade de atrelarmos ao diagnóstico o estágio de crescimento e suas vertentes para termos um prognóstico com um melhor horizonte. Se classificarmos o paciente de acordo com sua morfologia facial, teremos mais consistência nos resultados que almejamos. Na análise facial subjetiva, analisando o frontal e, principalmente o perfil, observamos o relacionamento das bases ósseas, que nos possibilita a classificação do paciente dentro de padrões de crescimento já pré-estabelecidos e, consequentemente, orientando-nos a um plano de tratamento de acordo com cada Padrão e suas limitações de manejo. Nesta perspectiva podemos ter: Padrão I, Padrão II, Padrão III, Padrão face curta e Padrão face longa9 . É de suma importância que tenhamos um protocolo de tratamento para cada discrepância óssea com sua respectiva má oclusão dentária . Dentro desta classificação há que se considerar o Padrão face curta e o Padrão face longa com muita cautela devido à capacidade reduzida de manejo na movimentação dentária com suas limitações de longevidade dos resultados obtidos com a terapia ortodôntica e/ou ortopédica9, 11, 12, 16, 20 . É intenção discorrer sobre o Padrão face longa com suas limitações para o manejo em seus diversos subtipos: moderado, médio e severo, pontuando o tratamento interceptivo9, geneticamente 12, 13, 20. Sendo os padrões faciais determinados 9, 11, 12, 13, 20 , agravados pelas influências ambientais, é sabido das suas limitações para um tratamento interceptivo 9, 12, 13 , cujos resultados são diretamente proporcionais à sua severidade. Dentro do Padrão face longa as relações faciais desfavoráveis em idade precoce, se deterioram ao longo dos anos 9, 20 , mantendo com limitações, como em outros padrões, apenas as relações dentárias. Segundo Van der Linden 20 , neste padrão, o que é conseguido tende-se a perder e o que se perde tende a se 13 recuperar com o passar da vida; logo, há de se esclarecer para o nosso paciente as limitações neste tipo de tratamento. O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura gerando uma reflexão sobre a necessidade de se diagnosticar o mais precoce possível o padrão face longa, direcionando para um tratamento interceptivo de acordo com o grau de comprometimento da doença 9, 12 . 14 2 - REVISÃO DE LITERATURA 2.1 - O PADRÃO DE CRESCIMENTO FACIAL: CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E SUA FORMAÇÃO Quanto maior a habilidade de prever os acontecimentos que envolvem o desenvolvimento e crescimento crânio facial maior a nossa capacidade de diagnosticarmos, com propriedade, os desvios que possam acontecer no seu transcorrer, e assim, interceptá-los antes de se manifestarem ou desconstruí-los e ou compensá-los se manifestados. O bom e correto diagnóstico espelha o sucesso no tratamento ortodôntico 9, 21, 22 . Os inúmeros componentes estruturais que compõem a face humana apresentam uma relação harmônica de proporcionalidade e simetria, nos sentido horizontal, vertical e relacionada à linha sagital mediana. A análise da proporcionalidade vertical da face representa um meio auxiliar de grande valia para o diagnóstico ajudando na análise do equilíbrio facial e no planejamento do tratamento quer seja ortopédico, ortodôntico e cirúrgico ou uma associação entre eles 9, 21 . O principal recurso no diagnóstico é a análise facial subjetiva, estética e morfológica 9, 23 , que tem como objetivo no primeiro momento classificar os indivíduos de acordo com a agradabilidade facial em agradável, aceitável e desagradável esteticamente e no segundo momento desenvolver uma análise mais criteriosa da localização do possível problema. Esta é à base do conceito de Padrão, claramente exposto por Capelozza 9, tendo como uma das principais características a manutenção da configuração da face através do tempo 9, 12 possibilitando a 15 identificação de acordo com o desenvolvimento e crescimento facial. O conjunto de sinais clínicos refletidos nos tecidos moles da face é que determina a doença de acordo com a relação das bases ósseas, maxila e mandíbula, nos sentidos sagital e vertical. O Padrão I é caracterizado pela boa relação das bases ósseas, com equilíbrio tanto no sentido vertical como ântero-posterior com má oclusão ou não; o Padrão II pode estar relacionado com protrusão maxilar e ou deficiência mandibular. O Padrão III é caracterizado por um degrau sagital maxilomandibular diminuído, por retrusão maxilar e ou prognatismo mandibular, de caráter puramente esquelético, podendo ou não apresentar uma relação molar de classe III. Numa análise vertical havendo um aumento da dimensão vertical com desproporcionalidade entre o terço superior e inferior 9, 11, 12, 13 temos o Padrão face longa, que pode se apresentar por encurtamento do terço médio ou por aumento exacerbado do terço inferior da face, que dificulte ou impossibilite o selamento labial passivo. Havendo uma deficiência vertical do terço inferior da face, que torne o selamento labial compressivo temos o Padrão face curta 9. O Padrão face longa é definido como uma deformidade com envolvimento esquelético no sentido vertical com repercussões negativas na estética facial 9, 11, 12, 13 1, 9, 11, 12, 13 e agravada por fatores ambientais e influências neuromusculares que levam à , com baixa prevalência na população mundial (1,5%), de origem genética respiração bucal, alterando a posição da mandíbula, língua e, principalmente, da cabeça. Também chamada de mordida aberta esquelética longa 13, 16, 21 e tipo facial hiperdivergente 24 5, 21 , síndrome da face . Na análise facial 9, 12 observa-se o excesso de exposição dentária ântero-superior com os lábios em repouso, e dento gengival no sorriso, devido ao estiramento do tecido mole ocasionado pelo aumento 16 do terço inferior; ausência de selamento labial passivo e contração do músculo mentoniano durante o fechamento labial. Segundo Capelozza 9, 12 o Padrão Face Longa é todo indivíduo que apresenta excesso do terço inferior da face, que torne o selamento labial ou a relação labial normal impossível, tornando-o esteticamente desagradável. 5, 6, 16, 21, 25 Diversos autores relataram que estas características verticais são definidas precocemente devido à morfologia facial ter conotação morfogenética, preservando ou piorando suas características ao longo do crescimento, características estas inconfundíveis a partir da dentadura mista. Os resultados foram úteis na descrição de tendências, mas não da previsão de mudanças5 . Muitos trabalhos 7, 13, 14, 15, 19 demonstraram as deficiências das análises cefalométricas e a importância da análise clínica da face no diagnóstico deste problema vertical. Há duas hipóteses causais sobre o Padrão de crescimento face longa. A primeira hipótese dominante baseia-se na tese de crescimento condilar posterior de Bjork e Skiller7. Com o uso de implantes colocados em linhas pré-determinadas os autores demonstraram a direção de crescimento condilar posterior nos portadores de face longa, descrevendo a rotação da mandíbula para trás, dita rotação da matriz (Fig. 1) observada a leitura do plano mandibular, representando o tecido mole, relacionado com a base do crânio. O total da rotação entre a linha dos implantes e a base do crânio pode variar dependendo da rotação Intramatriz. (Fig. 2). A rotação intramatriz 9 (Fig. 3) seria expressa pelo ângulo da linha dos implantes com o plano mandibular, o que no indivíduo face longa geraria uma rotação para baixo e para trás do corpo mandibular dentro da matriz, provocado em 17 resposta a reabsorção óssea na região anterior, abaixo da sínfise e na porção anterior da borda da mandíbula com aposição na borda posterior do corpo mandibular na sua porção inferior; o que seria gerado devido à compressão da matriz na região anterior e descompressão na região posterior da mesma, causada pela rotação Intramatriz do corpo mandibular. Isso quer dizer que os indivíduos Padrão face longa, resultante de crescimento posterior de côndilo tendem a fazer uma rotação total da mandíbula para baixo maior do que a expressa pela rotação da matriz (ângulo da linha da base da mandíbula com a base do crânio). Essa diferença seria a rotação intramatriz do corpo da mandíbula para baixo, observada no nível dos implantes, mas não na base da mandíbula devido à sua remodelação óssea resultante da aposição na borda posterior da mandíbula, reabsorção na sínfise e borda anterior. FIGURA 1 – Rotação da Matriz FIGURA 2 – Rotação Total FIGURA 3 – Rotação Intramatriz Ilustrações de Artigo de Bjork, A.; Skieller, V., Ame Journal Orthod, St. Louis, v. 62, n. 4, p. 339-383, oct. 1972 A segunda hipótese seria a do crescimento vertical posterior da maxila de Linden-Aronson e Woodside apud Capelozza9, porém estes deixaram indefinido se isso é uma ocorrência compensatória ou um determinante de crescimento primário da doença. Nanda22 relatou que a rotação inferior e posterior observada no indivíduo face longa é determinada em resposta ás alterações compensatórias 18 dentoalveolares, com centro de rotação localizado na área dos molares. Capelozza 9 baseando-se neste relato e nos estudos de Bjork e Skiller7 considerou uma exceção estes com um plano palatino mais ascendente ou com ângulo mais fechado em relação à base do crânio. Em um estudo cefalométrico, analisando medidas angulares e lineares sobre telerradiografias de 60 indivíduos normais como grupo controle e 60 pessoas com mordida aberta, Cangialosi8 observou que tais medidas no grupo designado como tendo mordida aberta esquelética foram significativamente diferentes dos indivíduos com mordida aberta dento alveolar com exceção do ângulo SN-PP, o que denota que o plano palatino raramente diminui seu ângulo com a base do crânio, justificando a conotação de Capelozza sobre a hipótese do crescimento vertical posterior de Linden Aronson et al. Segundo Van der Linden20 e Cangialosi8 a etiologia é provavelmente multifatorial com forte determinante genética. 2.2 – CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS Beni Solow e Sven Kreiborg26 propuseram a “Teoria do Estiramento do Tecido Mole” relatando a importância de uma correta postura da cabeça visto que a musculatura facial está interligada a musculatura do pescoço. Uma posição incorreta mantida por muito tempo levaria ao remodelamento das unidades ósseas e a uma alteração na morfologia esquelética que se agravaria conforme o envolvimento ambiental. Vargevick, Harvold et al.28 projetaram um experimento para testar se as mudanças específicas de gravação no sistema neuromuscular estão associadas 19 com alterações específicas na morfologia dos tecidos moles e duros da região craniofacial. O efeito das mudanças neuromusculares induzida experimentalmente no esqueleto craniofacial de oito macacos rhesus foi estudada. As alterações neuromusculares foram provocadas por obstrução nasal total e a necessidade de uma via aérea oral. Mudanças nos padrões de recrutamento neuromuscular resultaram em função alterada e postura da língua, mandíbula e lábio superior. Observaram-se reações variadas entre os animais. Efeitos morfológicos estatisticamente significantes com as alterações induzidas foram documentados em diversas variáveis medidas após o período de dois anos. Durante o período de experimento, após a remoção da obstrução nasal, algumas das alterações supracitadas foram revertidas. Concluiu-se que as variações morfológicas individuais no esqueleto e dentição resultantes dos procedimentos foram devidas à variação na natureza e grau de adaptação neuromuscular e dos tecidos moles, em resposta à função alterada; portanto, o grau de alteração morfológica, não depende da quantidade de ar que flui através da boca ou do nariz, pelo contrário, depende da natureza neuromuscular e das adaptações dos tecidos moles. Os padrões registrados relacionados de recrutamento com alterações neuromuscular específicas na não podem morfologia, ser pois diretamente os dados demonstraram uma grande variação individual em resposta a um estímulo idêntico. Ao avaliar a contribuição da respiração oral para o desenvolvimento de certas más oclusões dentárias e da morfologia facial, o profissional deve estar ciente da grande variação na resposta individual a estímulos semelhantes. Woodside et al.30 estudando a quantidade de crescimento maxilar e mandibular e a direção de crescimento maxilar em 38 crianças (22 meninos e 16 meninas com idades entre 7,6 e 8,4 anos) por cinco anos após adenoidectomia para 20 correção de obstrução grave da nasofaringe, observou que a quantidade de crescimento mandibular foi significativamente maior no grupo que fez adenoidectomia e conseguiu restabelecer um padrão respiratório de boca fechada do que no grupo controle. Indicou também que após a remoção de fatores ambientais adversos, o grau de recuperação varia. Após a cirurgia o deslocamento do queixo para frente e para baixo foi de aproximadamente 3,0mm maior do que no grupo controle, para ambos os sexos. Em algumas pessoas, a maxila e mandíbula, parecem ser sensíveis aos efeitos de fatores ambientais adversos, tais como obstrução nasal severa combinada com a respiração oral. O estudo sugere que muitas das más oclusões e suas características faciais que eram consideradas ser inerentes ao esqueleto podem ser resultados de fatores ambientais. Além disso, indica que o impacto ambiental sobre a dentição em determinadas condições, pode ser parcialmente reversível. O estudo confirmou a hipótese de que o estabelecimento da respiração nasal em indivíduos com obstrução anterior grave da nasofaringe afetaria a quantidade de crescimento mandibular expressa no queixo. A mudança para respiração com boca fechada foi associada a um crescimento mandibular expresso no queixo em ambos os sexos, a um maior crescimento facial expressado na terço médio da face no gênero masculino e a não mudança na direção do crescimento maxilar. Van der Linden20, numa tentativa de explicar a variação no crescimento facial, particularmente das faces longas e curtas, introduziu o conceito de interação dos componentes internos e externos. Os componentes funcionais internos se referem às cavidades bucais, nasais e faríngeas e às atividades dentro das cavidades. Os componentes funcionais externos se referem à musculatura mastigatória e da mímica e outros tecidos moles na parte anterior da cabeça e 21 pescoço, incluindo seu comportamento, particularmente em repouso. Numa situação normal há equilíbrio entre os componentes funcionais internos e externos. O crescimento prosseguirá conforme o Padrão normal de crescimento. Quando os componentes funcionais internos prevalecem sobre os externos, o crescimento ocorrerá principalmente na direção caudal, levando a um aumento no espaço para os componentes funcionais internos, aí teremos o Padrão face longa. Uma análise dos músculos mastigatórios foi feita (Van Spronsen, P.H. apud Van der Linden 20 ) com imagens por ressonância magnética (IRM) revelando que o tamanho dos músculos dos maxilares nos indivíduos face longa pode ser mais de 30% menor que em comparação aos dos indivíduos normais, não mudando a posição dos músculos nos dois grupos. Em consequência, a força máxima na mordida nos indivíduos face longa é por volta da metade dos indivíduos normais. Segundo Capelozza9 e Van der Linden20 severas limitações impostas ao tratamento ortodôntico e ortopédico na má oclusão do Padrão face longa nos mostra que as alterações funcionais não são geralmente as causas, mas um efeito decorrente da determinante genética que orienta o crescimento de modo inadequado, na musculatura e, consequentemente, nas unidades esqueléticas. “Há probabilidades que o desenvolvimento do complexo craniofacial seja determinado principalmente pela informação genética que determina o desenvolvimento neuromuscular e o crescimento e o comportamento dos tecidos moles. Não se pode descartar o papel dos fatores neuromusculares, mas se admite a sua determinação genética e, portanto, o caráter limitado das tentativas terapêuticas para adequá-los 9. 22 2.3 – CLASSIFICAÇÃO DO PADRÃO FACE LONGA A classificação deste Padrão não pode ser feita baseando-se em medidas cefalométricas13, pois muitas delas embora significativamente maiores encontram-se dentro dos limites de variação entre os valores mínimo e máximo das respectivas grandezas em indivíduos do grupo Padrão I. É melhor que o diagnóstico seja baseado na desproporção, no desequilíbrio dessas grandezas, não considerando valores lineares de forma isolada. Este Padrão é caracterizado pelo excesso na altura facial, resultando em ausência de selamento labial, excesso de exposição de dentes e de gengiva no sorriso. A convexidade desses pacientes está aumentada, com expressão maxilar deficiente e a linha queixo pescoço curta 24 . Valendo-se unicamente na morfologia facial Capelozza et al.12, usando como critério para seleção a ausência de selamento labial passivo por desproporção dos terços faciais, os autores selecionaram 125 indivíduos portadores de Padrão face longa (54 do gênero feminino e 71 do gênero masculino), estando todos com idades entre 10 e 6 meses e 15 anos e 2 meses. Fotografias de frontal, perfil e frontal sorrindo foram obtidas e submetidas à avaliação de três examinadores, com formação em Ortodontia e devidamente calibrados para a avaliação da morfologia facial. A classificação dos indivíduos pelos autores considerou o desequilíbrio expresso nas relações faciais. De acordo com a severidade foram classificados em três subtipos: moderado, médio e severo. O exame frontal foi determinante. Foram determinados critérios para a classificação de cada subtipo: 1 - SUBTIPO MODERADO: presença obrigatória de incompetência labial, exposição excessiva dos incisivos superiores no repouso e/ou de gengiva no sorriso; 23 presença, mesmo que com componente postural (boca aberta), de moderada desproporção entre o terço médio e inferior. Os pacientes pertencentes a este subtipo podem ser considerados limítrofes para face longa, com prognóstico bom para tratamento conservador ortodôntico e/ou ortopédico. São aqueles onde os fatores ambientais (não genéticos) de ordem local ou geral são primários. Em idade precoce a face longa pode ser apenas postural, resultando uma inadequação obrigatória entre os componentes funcionais internos e externos 20 (Fig. 4). Hábitos adquiridos ou obrigatórios, tonsilas faríngeas e palatinas hipertróficas, rinite alérgica, apnéia obstrutiva do sono, além de outros fatores que levam a respiração bucal, atuando sobre um tipo facial predisposto, criariam faces com discrepância vertical subtipo moderado. FIGURA 4 - Fotografias faciais de uma paciente Padrão face longa subtipo moderado (Fotografias de Artigo de Capelozza Filho et al., Rev. Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.12, n .4, p.124-158, Jul. / Ago 2007) Outro subtipo moderado pode ser observado quando da implantação oblíqua do nariz em portadores de protrusão maxilar. Com encurtamento do terço médio da face levando à impossibilidade de selamento labial passivo, estes indivíduos são submetidos aos desvios de postura e função podendo ser chamados de indivíduos Padrão face longa por encurtamento do terço médio da face. Há também o padrão face longa por encurtamento verdadeiro do terço médio da face, também com implantação oblíqua do nariz, de maior severidade e pior prognóstico. O diagnóstico só poderia ser dado ao final do crescimento, no pós tratamento. Se o indivíduo, nesta época, não apresentar mais vestígios faciais de um Padrão face 24 longa moderado, então pode-se afirmar que é por encurtamento do terço médio causado por protrusão maxilar; caso contrário, teríamos o Padrão face longa moderado por encurtamento verdadeiro do terço médio, de pior prognóstico, mas com abordagem terapêutica semelhante. (Fig.5) FIGURA 5 –Fotografias faciais de paciente Padrão face longa subtipo moderado por encurtamento do terço médio.(Fotografias de Artigo de Capelozza Filho et al , Rev. Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.12, n. 4, p. 124-158, jul./ago. 2007) 2 – SUBTIPO MÉDIO: Presença obrigatória de incompetência labial, exposição excessiva dos incisivos superiores no repouso e/ou gengiva no sorriso; presença de uma desproporção verdadeira entre o terço médio e inferior. Estes indivíduos têm o prognóstico regular para tratamento conservador (ortodôntico e/ou ortopédico). Não podem ser considerados produtos do meio ambiente. A determinante é genética. A irreversibilidade do destino da morfologia facial está posta. A caracterização imposta na face é mais intensa facilitando o diagnóstico. (Fig. 6). FIGURA 6 - Fotografias faciais de uma paciente Padrão face longa subtipo médio. (Fotografias de Artigo de Capelozza Filho et al., Rev. Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.12, n.4, p.124-158, Jul. / Ago 2007) 25 3 – SUBTIPO SEVERO: Presença obrigatória de incompetência labial, exposição excessiva dos incisivos superiores no repouso e/ou gengiva no sorriso; presença de uma desproporção mais acentuada ainda entre o terço médio e inferior. O prognóstico para tratamento conservador é ruim e a cirurgia ortognática não pode ser descartada como única saída para normalização das relações faciais. (Fig. 7) FIGURA 7 - Fotografias faciais de uma paciente Padrão face longa subtipo severo. . (Fotografias de Artigo de Capelozza Filho et al., Rev. Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.12, n.4, p.124-158, Jul. / Ago 2007) 2.4 – TRATAMENTO INTERCEPTIVO DO PADRÃO FACE LONGA Padrões de crescimento facial são estabelecidos precocemente. Torna-se importante que saibamos as limitações impostas pela gravidade da doença para indicarmos um tratamento interceptivo9, 13, 20. Conhecendo a morfologia do Padrão face longa, seu reflexo nos tecidos moles e duros fica mais fácil se não desconstruí-lo, reformá-lo de modo não invasivo, levando-o a uma melhor forma e função 9, 12. Almeida, R.R. et al.1 escreveram que as pretensões do tratamento precoce são evidentes, incluindo a eliminação dos fatores etiológicos da má oclusão, e a prevenção da progressão das desarmonias esqueléticas, dentárias e funcionais. Obtendo-se um ambiente dentofacial mais favorável, guiando a irrupção dentária para posições normais nos arcos, e reduzindo as discrepâncias esqueléticas por meio do redirecionamento do crescimento facial, pode-se minimizar ou até mesmo 26 eliminar a necessidade de tratamentos complexos na dentadura permanente. Enumeraram como vantagens para o tratamento precoce: 1 - a simplificação ou eliminação da necessidade de tratamento corretivo na dentadura permanente; 2 – Redução da necessidade de cirurgia ortognática; 3 – Aumento da estabilidade de correção morfológica; 4 – Redução do custo biológico: o desenvolvimento de reabsorções radiculares e de problemas periodontais; 5- Maior cooperação do paciente; 6 – Benefícios psicológicos, dentre outras. Concluíram que para cada tipo de má-oclusão, e em cada caso individualmente, há que se avaliar a relação custo-benefício da intervenção precoce, a fim de se decidir a época mais oportuna para o início do tratamento. No tratamento dos hábitos bucais relataram os autores a necessidade de tratamento precoce do hábito e multidisciplinar para correção das irregularidades morfológicas causadas. Particularmente nos casos de respiração bucal, o diagnóstico deve ser baseado em sinais morfológicos clínicos e radiográficos. A persistência dos hábitos bucais deletérios durante todo o processo de crescimento e desenvolvimento da criança agrava paulatinamente os desequilíbrios estruturais e funcionais do sistema estomatognático, dificultando sobremaneira tanto o tratamento da má oclusão quanto da função neuromuscular alterada em idades mais tardias. Destaca-se no arsenal interceptor1, o programa de extrações seriadas, que permite direcionar a irrupção dos dentes permanentes para posições mais favoráveis no arco dentário. As vantagens deste tipo tratamento estão na simplificação do tratamento corretivo; uma melhor estética desde uma idade precoce; redução das seqüelas periodontais determinadas pelo mau posicionamento dentário, como as recessões gengivais, e na maior estabilidade do caso. 27 Tratamentos que necessitem muito manuseio no rebordo alveolar e aumentem o AFAI devem ser evitados 1, 9, 13, 25 . A expansão rápida da maxila deve ser feita com muito controle, pois induz a alterações cefalométricas significativas, como o aumento do ângulo do plano mandibular e do eixo Y de crescimento, bem como da AFAI 10, 17. Foi demonstrado3, 4 que a utilização de uma ancoragem extrabucal cervical gerou aumento na altura facial anterior inferior, maior inclinação do plano mandibular e aumento no comprimento do ramo. O mais indicado é AEB de tração alta, o desenvolvimento vertical da face é restringido, a erupção dos primeiros molares superiores permanentes é impedida e o aumento da AFAI é reduzido. Mas é bom saber que particularmente nos faces longas a supressão do desenvolvimento vertical durante o tratamento é seguido por um aumento excessivo na altura inferior da face se ainda houver crescimento pós- tratamento 20. Foi provado que muitos aparelhos faciais ortopédicos podem mudar a direção do crescimento facial e sua quantidade durante o tratamento sendo que o crescimento remanescente irá cancelar o efeito do tratamento sobre a morfologia esquelética. O efeito só não se perde quando o crescimento esquelético remanescente é controlado até a maturidade; se não, qualquer perda ou incremento de crescimento devido à terapia ortodôntica ou ortopédica é perdida. É provável que o controle neuromuscular da posição da língua e movimentos seja determinada principalmente pela genética, o que serve para explicar porque a terapia miofuncional que corrige o comportamento da língua tem pouco sucesso 20. Faces longas geralmente apresentam uma anomalia de Classe II Divisão 1, que pode ser tratada com AEB de tração alta e técnicas adicionais, no entanto, a melhora percebida na configuração facial tem de ser mantida. Isto pode ser feito 28 com um AEB de tração alta ou um bloco de mordida, o que é complicado de se fazer até atingir a maturidade, o que pode levar muitos anos. A avaliação de pacientes que sofreram esta abordagem mostrou que geralmente há o retorno de mordida aberta dentária se ela pré-existir 20. As interposições linguais sobrevivem muitas vezes à cirurgia ortognática e a redução do tamanho da língua geralmente não produzem o efeito desejado 20. As limitações do tratamento conservador existem e, para os pacientes com desfiguração facial, geralmente a cirurgia ortognática é indicada 20. Se o Padrão face longa é deixado sem tratamento permitindo seu progresso até o estágio de desenvolvimento da dentição permanente, perde-se a oportunidade para a modificação durante o crescimento e a cirurgia ortognática passa a ser a única opção de tratamento. Willians, S. et al. 29 relataram que nenhum dos aparelhos comumente utilizados no tratamento ortodôntico gira a mandíbula e produz crescimento condilar mais anterior, na verdade redireciona o crescimento condilar posteriormente, gira a mandíbula para trás e aumenta a altura facial anterior. O controle da dimensão vertical é provavelmente o fator mais importante na correção desse Padrão. Sankey et al.24 em estudo cefalométrico avaliaram um método de tratamento precoce sem extrações para pacientes com severa displasia esquelética vertical e constrição transversal maxilar. Trinta e oito pacientes com média de idade de 8,2 anos (± 1,2 anos) foram tratados. O protocolo de tratamento começou com exercícios de selamento labial para treinar o músculo orbicular tornando - o mais ativo na criação de uma vedação labial, diminuindo assim a tensão do mentalis. Um disco labial foi usado durante 60 minutos consecutivos por dia, segurando seus lábios juntos. Foram instruídos a colocar a mão no queixo, enquanto usava o disco 29 labial para detectar e eliminar a atividade do mentalis. O arco mandibular foi tratado com aparelho lip bumper para alcançar a expansão, que foi cimentado com uma ativação 2-3 mm, ativando 1 mm a cada 8 semanas. Concomitantemente o arco superior foi tratado com uma BPE (Bloco de Expansão Palatina) sendo a expansão realizada lentamente: ¼ de volta por semana, 1 mm por mês, por cerca de 6 meses. A mentoneira foi usada num total de 30 pacientes, por no mínimo 14 horas por dia sendo o tempo anotado em um cartão de controle de tempo. A avaliação do tratamento foi feita baseando-se em 19 medidas cefalométricas tradicionais (9 angulares e 10 lineares). Os autores observaram um efeito ortopédico significativo consistindo de aumento da rotação verdadeira da mandíbula para frente, diminuição do ângulo goníaco, aumento do crescimento condilar e mudança na direção de crescimento do côndilo. A rotação de forma significativa para frente melhorou a posição do queixo ântero posteriormente ajudando a melhorar o esquelético. A expansão maxilar não aumentou o vertical dos pacientes, indicando que este pode ser um eficaz protocolo de tratamento para aqueles pacientes hiperdivergentes que exibem discrepâncias esqueléticas em todos os três planos do espaço. A dimensão vertical anterior não aumentou além do que seria esperado. A dimensão vertical posterior mostrou melhora, com um deslocamento significativo ao ângulo goníaco. Observaram também uma intrusão relativa dos molares superiores, controle vertical do molar inferior e aumento da erupção dos incisivos superiores e inferiores. Concluiu que o tratamento ortopédico precoce apresentado é uma promissora orientação para tais pacientes. Capelozza 9, 12 orientou a intercepção de acordo com a severidade do problema tendo como recurso principal a desagradabilidade facial. Partindo desta linha de observação pode-se considerar o tratamento interceptivo ortopédico inócuo 30 para o subtipo severo devido à desagradabilidade das relações faciais do paciente, mas devendo manter o paciente e familiares cientes da evolução, mantendo um protocolo de monitoramento de crescimento e irrupção. Crescimento para confirmação do diagnóstico ruim para a má oclusão e a face e, de irrupção, para que seu processo irruptivo possa ser concluído, pois estes indivíduos apresentam com freqüência problemas neste processo devido às restrições ao comprimento do arco. Há necessidade de conscientização do paciente e familiares de que a espera conduzida é a única conduta terapêutica adequada a ser tomada até que se determine a face e dentes a o final do crescimento e, que até atingir esta fase, só resta ao profissional um monitoramento de crescimento assistido. No Padrão face longa subtipo moderado como a displasia está associada a um fator ambiental que levaria à disfunção com o aumento não muito marcado do terço inferior, o tratamento interceptivo passa pelo controle ou eliminação do fator ambiental, buscando o restabelecimento da função com correção de possíveis conseqüências e controle da irrupção dentária. É de fundamental importância o tratamento multidisciplinar18. O pediatra e o fonoaudiólogo são indispensáveis para conclusão da proposta de tratamento. É contra-indicação para o tratamento interceptivo a não eliminação da perturbação funcional, principalmente se associada ao padrão respiratório. Regularizada a parte funcional, como respiração e postura da musculatura intra e peribucal, há uma influência positiva sobre o crescimento 12. O ortodontista deve ter em mente que o tratamento interceptor da face longa tem sempre longa duração. Respeitando os limites dos pacientes, os movimentos de distalização dos molares, protrusão de incisivos e expansão de arcos dentários deveriam ser evitados, porque conspiram contra a aparência facial. 31 Quando são absolutamente necessários, devem ser realizados com parcimônia e limitação 9, 12. Se tal subtipo for devido a um encurtamento do terço médio causado por um fator ambiental que leve à protrusão maxilar o prognóstico é bom. Se o encurtamento do terço médio for verdadeiro criando uma face longa de maior severidade o prognóstico é ruim, já que não pode ser corrigido 9. O tratamento sugerido 9, 12 foi uma ancoragem extrabucal de tração médio-alta com força ortopédica, 14 horas por dia, com bom prognóstico. Se o paciente for um face longa moderado clássico o prognóstico é mais pessimista considerando que o Padrão face longa não pode ser alterado e os sinais na face seriam mantidos. Para o arco inferior indicou-se uma placa lábio ativa para o ajuste das relações labiais e manutenção do comprimento do arco inferior até erupção dos segundos pré-molares inferiores. No Padrão face longa subtipo médio os pacientes não podem ser considerados produtos do meio ambiente 12, 13 . O profissional deve admitir a irreversibilidade da morfologia facial. O manejo deve ser sempre com intenção de não aumentar ou diminuir o volume intrabucal e exercitar a funcionalidade da musculatura intra e peribucal, facilitando o equilíbrio entre os componentes internos e externos. O prognóstico é duvidoso devendo-se fazer reavaliações periódicas da efetividade terapêutica e fazendo adequações, se necessárias. Isto posto não só para os ortodontistas, mas também para todos os profissionais envolvidos. A meta a se buscar 9, 12 será a correção da oclusão com as limitações estéticas faciais impostas pelo Padrão de crescimento que, numa idade precoce pode ser identificado e estimado, mas não pode ser definido seu grau de severidade. Se o crescimento limitar a terapia pode-se indicar um procedimento cirúrgico como complemento do tratamento ortodôntico. A construção de uma boa oclusão com 32 ações compatíveis com o Padrão de crescimento é fator condicionante, ou seja, preservar ou diminuir o volume intrabucal. Ancoragem ou expansão deve ser feita com barra transpalatina com looping para mesial e mais afastada do palato. Uso de aparelho extrabucal de tração médio-alta com uso noturno de 8 a 10 horas, fazendo controle radiográfico periódico para quantificar os custos biológicos. O aparelho extrabucal e a barra transpalatina devem ser mantidos até a fase inicial do alinhamento e nivelamento. Outra abordagem seria após a correção da discrepância transversa monitorar o crescimento e irrupção usando o Bionator fechado, aparelho que dever ser o mais indicado para pacientes Padrão face longa com crescimento posterior de côndilo. A contenção do tratamento interceptivo deve ser planejada para todos os subtipos 9, 12 . Para o subtipo severo, durante o controle de crescimento e irrupção assistido, caso necessite de alguma correção ela deve ser feita e mantida até que se estabilize. Assim sendo um mínimo de problemas no posicionamento dentário na dentadura permanente simplificará o tratamento ortodôntico descompensatório prévio à cirurgia. Nos subtipos, médio e moderado, justifica-se na contenção a longa duração do tratamento da face longa, pois com a altura facial aumentada as relações de tecido mole e peribucais não estarão resolvidas após a correção ou ajuste das relações oclusais. Caso a correção tenha sido feita com um aparelho ortodôntico, a manutenção deverá ser feita por meio de um aparelho ortopédico funcional até no mínimo ao final da irrupção de todos os dentes permanentes, fazendo um controle em média a cada três meses. Podemos citar como exemplo de aparelho ortopédico funcional o Bionator fechado ou qualquer outro aparelho que possa excitar os fatores neuromusculares a determinarem uma relação funcional 33 adequada exercendo sua conseqüente influência sobre a direção e magnitude de crescimento das unidades esqueléticas. 3 – DISCUSSÃO 3-1 – O PADRÃO DE CRESCIMENTO FACIAL: CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E SUA FORMAÇÃO O conhecimento das várias características morfológicas da face inerentes 9 a determinado indivíduo e como tais características aparecem impregnadas em sua face em maior ou menor gravidade 5, 9 respalda o diagnóstico científicamente23. A análise facial subjetiva morfológica aparece como principal ferramenta para determinação do Padrão de crescimento facial 9, 23 . As deficiências das análises cefalométricas potencializam a importância da análise clínica da face no diagnóstico tanto nos problemas verticais, horizontais e/ou transversais 2, 7, 9, 12, 13 . Dung et al.15 relatou que são simples observações clínicas que sedimenta uma base que permite um diagnóstico e planejamento do tratamento. Cangialosi 8 e Nanda 21 associaram a mordida aberta esquelética ao Padrão face longa, segundo Van der Linden 20 muitos indivíduos face longa possuem mordida aberta anterior, e que a mordida aberta nos indivíduos face longa pode ser chamada de mordida aberta esquelética, denotando uma conseqüência da doença. Já Capelozza 9 relatou que a mordida aberta esquelética pode ser um sinal da doença, porém não é uma característica com grande prevalência visto que apenas 18% destes indivíduos apresentavam este sinal 13 . A hipótese causal sobre o Padrão de crescimento face longa de crescimento vertical posterior da maxila foi considerada uma exceção por Capelozza 9 baseando-se em Nanda 21, que relatou que a rotação inferior e posterior observada no indivíduo face longa é determinada em resposta às alterações compensatórias dentoalveolares com centro de rotação localizado na área dos molares. 34 3-2- CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS Van Spronsen, et al. apud Van der Linden 20 analisando os músculos mastigatórios revelou que o tamanhos dos músculos dos maxilares nos indivíduos com face longa é mais de 30% menor que os dos indivíduos normais, embora a força máxima de mordida seja a metade nos indivíduos normais. A determinante é genética, mas os aspectos funcionais são os principais responsáveis pela conformação facial9, 20 . Os fatores neuromusculares determinariam o crescimento e comportamento dos tecidos moles 9, 20, 28 , mas se admite a sua determinante genética e, portanto, o caráter limitado das tentativas terapêuticas para adequá-los 9. 3-3 – CLASSIFICAÇÃO DO PADRÃO FACE LONGA A cefalometria serve para quantificar o Padrão face longa13, 21 , mas o diagnóstico não deve ser baseado neste exame complementar. O ideal é que seja feito observando-se a desproporção e o desequilíbrio das grandezas cefalométricas não elegendo valores isolados. A classificação baseada nas características morfofuncionais com sua penetrância na face do indivíduo proposto por Capelozza 9, 11, 12 , em subtipo moderado, médio e severo, nos remete a um horizonte diagnóstico da face longa mostrando o que se deve e pode ser tratado e o que deverá ser postergado para tratamento ortodôntico descompensatório cirúrgico. 3 -4 – TRATAMENTO INTERCEPTIVO DO FACE LONGA O diagnóstico precoce norteando o profissional na previsibilidade do caminhar morfofisiológico da face longa mostra o profissional onde, quando e como 35 intervir 9. Almeida, R.R. et al. enumeraram muitas vantagens para o tratamento precoce e concluiu que a má oclusão é que ditará a necessidade de se avaliar o custo-benefício da intervenção precoce. Do arsenal interceptor devem constar ferramentas que evitem o aumento da AFAI 1, 9, 10, 12, 24 . A correção dos desvios funcionais decorrentes das alterações morfofisiológicas deve ser feita de modo multidisciplinar 1, 9, 18. O Padrão de crescimento é definido precocemente e é importante que se conheça os seus sinais característicos, para, classificando sua gravidade, estipularmos uma abordagem interceptiva 9, 24 . A cirurgia ortognática passa a ser a única opção de tratamento do Padrão face longa na dentadura permanente se não for interceptado enquanto houver crescimento condizente e contido até que cesse tal crescimento 9, 20, 24. A classificação proposta por Capelozza 12 em subtipos dá uma direção para o tratamento, possibilitando abordagens bem definidas de acordo com a gravidade da doença: da interceptação e contenção ao controle e tratamento ortocirúrgico. 36 4 – CONCLUSÃO Desta revisão literatura concluímos que: 1 - O diagnóstico deve ser feito o mais precoce possível, utilizando como principal ferramenta a análise facial subjetiva morfológica; 2 - As ferramentas utilizadas devem evitar o aumento da AFAI com conseqüente rotação horária da mandíbula; 3 - Os resultados conseguidos devem ser contidos ou controlados até que cesse o crescimento; 4 - A classificação proposta por Capelozza12 dá mais lucidez no diagnóstico, uma vez que esta triagem, limitando nosso tratamento ao subtipo moderado e médio, nos livra de tratamentos impossíveis de serem alcançados, senão ortocirurgicamente, do subtipo severo; 5 – O tratamento multidisciplinar é de suma importância. 37 REFERÊNCIAS 1. ALMEIDA, R.R.; GARIB, D. 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