Enxergue sua avó de um outro jeito. Se você acha que aquela velhinha que é mãe da sua mãe que tem carinha de benevolente e que faz doces deliciosos cada vez que você, seu irmão mais velho chato e aqueles seus primos insuportáveis vão na casa dela, não agüenta mais nada, só está esperando chegar o dia da morte para bater as botas, está muito enganado. Leia a nova produção da Editora Sonhos, e, reavalie os seus conceitos. Rio 29/09/2006 Seja Bem vindo A Cidade de Asilo City, cujas coordenadas preferimos manter em sigilo, situada em algum lugar neste mundão de Deus, poderia ser comparada a outras tantas milhares no planeta Terra, se não fosse por apenas um detalhe: a cidade que possui a população mais velha do mundo não está a mercê dos vilões maquiavélicos e políticos corruptos, o povo de Asilo City tem um defensor, ou melhor, quatro defensoras: O Quarteto Velhástico. —Oh my God!!!! O gato do meu filho caiu dentro da privada quando ele puxou a cordinha do vaso sanitário com a tampa levantada! Meu filho está chorando e eu não sei o que fazer!!! Já tentei usar o desentupidor de pia, mas nem sinal do Frufru !!! O que eu faço???!!! Calma!!! È para isso que existe o Quarteto Velhástico, seu gatinho vai sair da tubulação são e salvo!!! Nossas heroínas já estão a caminho, Lola vai atender a sua chamada! —E agora???!!! Meu hamster, Olavo, foi para debaixo daquele carro!!! Eu não estou conseguindo pegá-lo!!! Quem irá me ajudar???!!! È mais um caso para as Quarteto Velhástico!!! Fique tranqüila e não saia de perto do carro, Clotilde chegará aí antes que você pense ‘ meu hamster já era’. Lola, a mais nova de todas as ‘Quarteto Velhástico’, na flor de seus 65 anos de idade, casada e bem casada com Sr. Joshua, manequim 38, corpinho de sereia, e uma visão inigualável, dirige-se a residência da primeira chamada desesperada, vinda de uma mãe que não sabe como salvar a vida do pobre gato de seu filhinho, que chora descontroladamente. —Onde fica o banheiro? —Logo ali!! Depressa!!! O gato já deve estar morrendo afogado!!! Com sua visão de Raios-X, a loira Lola enxerga toda a trajetória da tubulação encontrando o corpo magro, siamês e peludo da vítima, Frufru, na cozinha do apartamento de baixo. Imediatamente dirige-se até o local.. —Já vou!!! Já vou!!! Não tem educação não!! Não sabe esperar!!! Aqui não é a casa da mãe Joana! (um sujeito barrigudo, calvo e malhumorado, 50 anos, olhos de ressaca, ao ouvir fortes batidas em sua porta) —Licença!(Lola). —Ei! Não pode invadir a casa dos outros assim!!! Eu pago aluguel nesta espelunca! Vocês devem ser da vigilância sanitária!!! Já vou avisando, não vão tirar de mim o meu gambá!!! Antes vão ter que passar por cima do meu cadáver! O que querem na minha cozinha!? Já sei!! São daqueles programas para acabar com a fome! Já disse que não quero ajudar!È invasão de domicílio!Vou processá-los por isso! Ao localizar o local exato onde a vítima se encontrava, entupindo o encanamento de esgoto do prédio, seus olhos ardentes rompem o cano espesso. — Mamãe!! O Frufru!!! — Vai ficar tudo bem!!! (consola-o) — Quem vai pagar o concerto na tubulação!? Já vou avisando que não vou pagar nada! (Inquilino) Muito concentrada, em um ato de coragem e pouca higiene, Lola, se propõe a fazer o que poucos fariam. O incidente entupiu as vias respiratórias do bichano, necessitava urgente de uma massagem cardíaca além de respiração boca a boca, recebe-os de sua salvadora. — Prontinho. Agora dê um banho no felino. E garoto, descarga sempre com a tanta abaixada. (Após ato heróico, lição de moral). — Como assim! Já vai se despedindo? Invade minha casa, entra na minha cozinha, quebra meu cano, suja tudo para salvar uma bola nojenta de pêlo e sae ainda sem pagar! (Inquilino) — Cala a boca! (Todos). — Tome, para o concerto do cano e por toda essa sujeira. (recebe uma boa quantia da super-heroína, as quarteto velhástico não agem injustamente com ninguém) A senhorita mãe do moleque vira-se para agradecê-la. Tarde demais, como que levada pelo vento, desaparecera. Na segunda ocorrência, mais uma situação extrema: uma menina pequena e magrela, grau 10 de miopia, laço vermelho no cabelo, clama por alguém que possa retirar seu roedor de estimação debaixo de um carro na pacata Rua dafelicidade. Prontamente, mais uma integrante do ‘Quarteto Velhástico’ surge, Clotilde, a mais alta e mais forte de todas, medindo 1,80cm, se não tivesse 70 anos de idade poderia ser facilmente confundida com um armário ambulante e impedida de recolher o benefício do INSS. — Onde se enfiou o seu ratinho? Fascinada, a menina fala: — Você é uma das vovós do Quarteto Velhástico! Nossa como você é grande! — Comi muito fermento e legumes. — Então é por isso que a mamãe fala para comer brócolis! O Olavo está ali, embaixo daquele carro. Os fortes braços de Clô não alcançam o bichano. A solução foi içar o carro de 800 quilos. Tarefa fácil. O roedor corre e a menina o recolhe com as mãozinhas. —Olavo, seu fujão! Que susto!Nunca mais vou descuidar de você. Obrigado vovó do Quarteto Velhástico. —Estou sempre por perto quando precisar. Agora vá para casa e cuide bem dele, o dever me chama. Escola Pública Secundária de Asilo City, na pista de atletismo, uma cena incomum, um jovem de 17 anos, aposta uma corrida com ninguém menos que sua avó, Maria Auxiliadora Aparecida Gagá, uma idosa debilitada de 82 anos, dependente de remédios para osteoporose, reumatismo, dentadura na boca e incontáveis marcas de experiência no rosto. —Aposto que a senhora não me vence. Sou o melhor aluno em atletismo nesta escola, ganhei por quatro vezes consecutivas o campeonato escolar anual. —Isso é o que vamos ver meu netinho. Você tem a juventude e ossos novos, mas aposto que não vence essa velha guerreira aqui. — Pois então, vamos começar logo a corrida. Se a senhora vencer nós vamos ao restaurante comer salada e sem molho, mas se eu vencer, vamos na lanchonete nos entupir de hambúrguer com bastante molho. — Fechado. (Apertam as mãos) — Nas suas marcas. Um, dos, três e já........!Vovó?Vovó? — Estou aqui, meu netinho (Auxiliadora, uma senhora com corpo de 80 mas disposição de 15, incrivelmente do outro lado da pista) —Vovó, isto foi incrível, como conseguiu isto? —Sua velha vó tem mais truques do que sua cabeçinha jovem pensa. Alías, meu filho, está na hora de eu te contar um segredo........ Oh, com licença, meu celular está tocando. Do outro lado da linha, Silveraldo, carinhosamente apelidado de Silver, braços direito e esquerdo de nossas queridas velhinhas com super poderes: — Maria Auxiliadora, você precisa comparecer ás pressas ao esconderijo secreto para uma reunião daqui a meia hora. — O que foi? MRS. Calcinha Preta aprontou de novo? — Na reunião explicarei. — O que aconteceu vovó? — Nada. Olha ali aquele pássaro azul (aponta para o céu). — Aonde vovó? Aonde vovó? Não vejo nenhum pássaro azul, tem certeza que...a senhora... Vovó? (desaparecera!) Minha avô está tão estranha ultimamente. Clô também recebe a chamada especial: — ‘Clô? Alerta de reunião especial. Esteja aqui o mais rápido possível. ’ (Silver) Na rua, a representante mais musculosa do Quarteto Velhástico vê uma situação que a faz parar mesmo com o alerta de emergência: dois meninos grandes com mochilas nas costas, um deles um tanto mais gordinho, batendo em um outro menor. Provavelmente, estivessem a caminho da escola. — Aí!Aí!Aí! (o saco de pancada) — Isso é para você aprender a cumprir com os pagamentos na hora certa! (O mais gordinho batia enquanto um outro segurava o garoto indefeso) — Cara, pega o lanche dele na bolsa. ( O mais cheinho parecia ser a voz de comando da gangue). Havia um terceiro elemento que se ria da situação. Tolo obediente, o outro solta o molequinho e retira da lancheira o sanduíche de presunto, o suco de laranja e uma maça. Gargalham. — Vamos embora. Tchau panaca! Nos filmes de super-heróis já serviram como esconderijo secreto os mais inusitados lugares, mas este lugar seria o mais improvável para servir para este fim, mas enfim, vamos à narrativa dos acontecimentos na única e principal instituição da cidade responsável por abrigar aquelas pessoas que muitos consideram inúteis e desagradáveis. — Entre Clotilde. (Silver) — Qual a urgência desta vez? (Clô) — Bem, meninas tenho para vocês mais uma missão. Encontrei fortes indícios de que Mrs. Calcinha preta, nossa principal arquiinimiga, está planejando cometer um atentado contra o novo prefeito, no dia do anúncio dos resultados das eleições, por volta das 15h da tarde. A missão de vocês será a de proteger a vida do ganhador. — Quem são os candidatos deste ano? Com trabalhos tão interessantes como tirar um hamster debaixo de um carro, nem tenho tido tempo suficiente para ver televisão. (Clotilde) — E eu, hoje salvei um gato entalado em um cano. (Lola) — Gravei o horário eleitoral. Vamos ver. (Silver) Silver liga a televisão tela plana de cristal líquido de 52 polegadas. O lugar dispunha de um sistema de televisão, vídeo e áudio de ultima geração, celulares, armários com uniformes, máscaras de gás, armas e todo o aparato de que precisam para lutar contra as forças do mal, mas precisamente, MRS.Calcinha Preta. A dita cuja, ainda não conseguimos revelar sua real identidade, comanda um exército de mais de 5000 soldados, divididos em três divisões: os Calcinha branca, divisão de base, por onde os soldados inexperientes ingressavam na corporação, compreendia um contingente de 1500 soldados, os Calcinha Vermelha são o que podemos chamar, divisão intermediária, e os Calcinha Preta, a mais alta casta, eram os mais preparados e gratificados no exército da vilã. Essa classificação é dada de acordo com a hierarquia da milícia, pois se fossemos criar um parâmetro para dividi-los pelas fussas.....dificilmente chegaríamos a conclusão alguma. Eram todos igualzinhos. Creio que esteja se perguntando, quais são os propósitos da malvada. Os planos que MRS.Calcinha Preta persegue são os mais primitivos e tradicionais. Não fogem a regra da vilania. Dominar o mundo, começando por Asilo City, depois de ter eliminado o ‘Quarteto Velhástico’, já não haveria quem a pudesse deter e logo, em pouco tempo, o domínio global seria inevitável. — Este é o meu plano cruel de domínio global. Aqui está a cidade de Asilo City, neste pequeno ponto vermelho, a cidade daquele quarteto de velhas reumáticas ridículas que eu exterminarei. Depois eu começarei a expansão do meu império pelos estados da região sul do Brasil. Vou invadir Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, logo em seguida ocuparei o Rio de Janeiro e após uma breve parada para relaxar nas praias da Ilha do Governador e visitar alguns pontos turísticos, São Paulo e Bahia. Calculo que em três meses estarei chegando ao Destrito Federal e dominando a capital do país, Brasília. Em 6 meses, o Brasil será todo meu. Em 8 meses, terei ocupado toda América Latina, Central e América do Norte, e em 1 ano metade do mundo será meu e em 2, ah,ah,ah,ah,ah (Risinho sarcástico), todo o planeta Terra será somente, unicamente e exclusivamente meu!!!Agora podem bater palmas. Os comandantes de alto cargo do exército aplaudem em pé. — Só uma pergunta: que tática empregaremos?! (Um coronel levanta o dedo) — Que tática vão empregar?! Repete mais alto, acho que tem cera tapando meus ouvidos. (Mrs. Calcinha Preta) — Sr. Generala, eu perguntei que tática empregaremos para vencer as ‘Quarteto Velhástico’. (o insolente ousa repetir) — Como que tática vão empregar?! Que tática EU vou empregar!!!! EU sou a única que penso! Vocês apenas obedecem, mas quem pensa, quem articula, quem cria as estratégias aqui sou eu!!!!! Você entendeu bem??!! (grita bem alto no ouvido do desacatador). — Entendi sim senhora! (bate continência) — Senhora? Está me chamando de velha, de enrugada, reumática? — Não, senhora. — (MRS, agora se dirigindo a todos) - Já falei e repito pela última vez que vocês têm a obrigação de me chamar de ‘Generala’!!!.Ouviram?! Generala! Repitam! Todos os soldados, enfileirados de acordo com suas divisões repetem: —Generala!!Generala!! Generala!!Generala!!Generala!!Generala!! —Mais alto!!!(Calcinha preta) — Generala!!Generala!!Generala!!Generala!!Generala!!Generala!!Generala!! — Parem. Não mereço tanto. (Emocionada, seca as lágrimas com um lenço que recebe de um dos seus muitos soldados) — ‘Eu sou o candidato da renovação! Povo de Asilo City antes mesmo de ter ganhado as eleições eu já me considero um vitorioso, um vencedor por concorrer às eleições em uma cidade que é um orgulho para o mundo todo, por sua população símbolo de experiência e sabedoria, e que por esta razão votará em mim dando-me o cargo de prefeito deste distrito. Prometo povo de Asilo City, que durante o meu mandato as prioridades de vocês se farão as minhas prioridades!As necessidades de vocês se farão as minhas necessidades! As dores de vocês se farão as minhas dores! Estamos ao rumo da nossa vitória!’ ‘Vote em Eleito Corruptus para prefeito!’ — Nossa, como esse cara é convincente! Uma coisa eu não posso negar é que ele tem uma lábia excelente! (Gertrudes) — Pelo visto é esse aí que nós vamos proteger desta vez. (Clô) — Meninas, querem beber alguma coisa? — Seria bom. (Lola) — Vou fazer um suco. . (Silver) — ‘ Eu, (tosse), Geriátrico Velhaco, (tosse), vou continuar o excelente mandato que (tosse, tosse) com a confiança de todos vocês (tosse, tosse, tosse), eu comecei há 4 anos atrás. Votar em mim significar preservar (tosse,tosse,tosse,tosse,tosse), a história da cidade. È um voto de confiança. Eu prometo que (tosse, tosse, tosse, tosse, tosse, tosse...) Como se tornou inviável a continuação daquele discurso engasgado, aparece na propaganda a seguinte frase em letras vermelhas e fundo branco: ‘Vote no candidato da preservação. Vote em Geriátrico Velhaco para prefeito!’