O Ponto entrevista Gabriel Pereira, 10º colocado no ATRFB e 95º colocado no AFRFB! Se você está começando a estudar agora para concursos, sugiro que leia a entrevista que fiz com o Gabriel, abaixo. Isso porque, no mundo dos concursos, as pessoas costumam dizer que forma-se uma fila para a aprovação. E, quando alguém novato, que estuda há pouco tempo, é aprovado, diz-se, então, que essa pessoa “furou a fila”. Pois bem, o Gabriel, mineiro de Juiz de Fora, furou a fila - de forma lícita e honesta, diga-se de passagem - da aprovação nos concursos públicos! Do dia em que ele decidiu estudar para concursos até a data da prova objetiva, foram sete meses de estudo intenso. Foi pouquíssimo tempo de estudo, para um concurso tão disputado e de altíssimo nível, como o da Receita Federal. E, mais, na prova discursiva do concurso de ATRFB (Analista Tributário da Receita Federal do Brasil), o Gabriel foi impecável: ele gabaritou a prova, tirou os 100 pontos válidos. Foi a única nota máxima do Brasil nessa prova! Além dos excelentes resultados nos concursos da Receita Federal, o Gabriel ainda foi aprovado no concurso de Analista do Banco Central, área 5. Porém, optou pelo cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, cujo Curso de Formação foi concluído na semana passada. Nas linhas abaixo, o Gabriel me explica melhor essa estratégia de estudos tão eficiente. 1) Carol: Gabriel, antes de mais nada, parabéns pela aprovação! Você acha que o fato de ter pedido demissão do emprego contribuiu para sua aprovação? Com certeza. Acredito que, num concurso tão concorrido quanto o de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB), todo candidato precisa acumular muitas horas de estudo para chegar na prova em condições de disputar uma vaga. Portanto, se eu não tivesse saído do meu emprego, provavelmente eu só atingiria esse nível de preparação para o concurso de AFRFB de 2012! Nesse sentido, o apoio da minha família foi importantíssimo para que eu tivesse o privilégio de me dedicar exclusivamente aos estudos. Ao mesmo tempo, depender financeiramente da ajuda dos meus pais e de minha irmã me trouxe um senso de urgência que potencializou meus estudos, pois foi muito difícil voltar para dentro de casa. 2) Quantas horas líquidas você estudava por dia? Muitos fogem dessa pergunta, mas eu não fugirei: nos meses que antecederam a prova, eu estudava em média 7 horas líquidas por dia. Portanto, minha média semanal girava entre 30 e 35 horas-líquidas. Nesses cálculos, desconsidero as três horas do cursinho que eu freqüentava, pois vale aquela máxima do concurseiro: no cursinho você entende, em casa você aprende! Como eu disse anteriormente, acredito que o tempo mínimo de estudo acumulado para que o candidato possa se considerar preparado seja de 1.000 horas, embora isso possa variar bastante. 3) Que aspecto você considerou fundamental para sua aprovação? Olha, esse concurso de AFRFB 2009/2010 foi bastante atípico, pois houve muitas mudanças no edital, sobretudo a inclusão das provas discursivas. Meu tempo de preparação foi bem menor do que eu esperava: do dia em que decidi estudar para concursos, em maio de 2009, até a data da prova objetiva, foram sete meses de estudo intenso. Se contarmos até a data da última prova, as discursivas, foram oito meses de preparação. Com certeza furei a fila e isso se deve a alguns fatores. Primeiramente, essas mudanças no edital deram uma nivelada nos candidatos, pois muitos concurseiros que estavam estudando há mais tempo, que estavam mais preparados, passaram a ter que estudar matérias novas, partindo do zero, assim como eu. Conheci alguns colegas no Curso de Formação que tiveram experiências parecidas com a minha, o que confirma essa percepção. Além disso, eu tive uma boa base: fiz o ensino fundamental e médio em uma escola muito boa, me graduei numa ótima faculdade e estava concluindo uma pós-graduação em Gestão Empresarial, que tratava de assuntos correlatos aos do conteúdo do concurso, o que me deu mais facilidade na assimilação das disciplinas. Contudo, é certo que meus oito meses de estudo foram muito bem aproveitados, pois fui aprovado em outros dois concursos também, o que confirma minha boa preparação. Logo, se eu tivesse que apontar somente um aspecto fundamental para minha aprovação, eu diria que foi o planejamento e a organização dos meus estudos. 4) Como você organizava os estudos? Tinha um cronograma de estudos que seguia ou estudava sem um método definido? Como você dividia o seu estudo entre teoria e exercícios? Primeiro estudava toda a teoria e só depois fazia exercícios, ou intercalava teoria-exercícios? Antes de responder a sua pergunta, permita-me comentar uma coisa. Existem muitos candidatos que não se abrem para aprender técnicas de estudo. Acham que tudo não passa de auto-ajuda e preferem estudar como sempre fizeram. Eu também não acredito que exista uma receita única de sucesso, mas sempre tive muito interesse em ler sobre técnicas e dicas de estudo, pois é muito importante aprender com a experiência dos outros, principalmente se você quer descobrir alguns atalhos! Por isso, durante minha preparação, adotei várias dessas técnicas que me trouxeram ótimos resultados. Dito isso, passemos à pergunta. Sim, eu tinha um cronograma de estudos. É humanamente impossível gerenciar o estudo de aproximadamente 20 disciplinas diferentes sem um método definido. Talvez até seja possível, mas recomendo esse tipo de estratégia para quem não se importe em passar mais de 10 anos estudando! Rs. No início, eu tentei seguir o estudo por ciclos, como o Alexandre Meirelles recomenda. Contudo, esse esquema não funcionou 100% pra mim e transformei a idéia dos ciclos em um calendário dinâmico de estudos. Ou seja, adaptei a dica para minha necessidade pessoal. Acho que esse é o segredo desse tipo de orientação. Além disso, para gerenciar o estudo, eu dividia as matérias em blocos, geralmente os capítulos dos livros que eu usava como referência. Para mim, não dava para ler toda a teoria e depois me concentrar nos exercícios, pois eu sabia que não teria tempo de estudar todos os tópicos do edital. Portanto, se eu me concentrasse primeiro só na teoria, eu chegaria na prova sem ter feito nenhum exercício! Assim, quando eu chegava no final de cada capítulo, eu fazia resumos e depois exercícios. Dessa maneira, além de alternar as disciplinas com muita frequência, eu estava sempre alternando as tarefas do estudo. Isso é o que eu chamo de estudo multitarefas. 5) Como você reagiu ao saber das matérias novas, inéditas? Você começou a estudá-las antes mesmo da divulgação do edital (com os boatos) ou esperou uma decisão oficial? Essa pergunta é fácil: eu adorei saber das novidades! Sei que as mudanças do edital prejudicaram muitos candidatos que já vinham se preparando desde o último concurso da Receita, em 2005. Porém, no meu caso, o tempo era meu inimigo e eu sabia que as mudanças iam me favorecer. Quando o edital foi divulgado, eu ainda estava aprendendo o que era um Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), matéria básica de Contabilidade, que vale muitos pontos na prova. Portanto, eu não podia nem pensar nas matérias novas, que valiam menos pontos. Foquei meus estudos nas disciplinas básicas, de maior peso, e fui adicionando as outras matérias a cada semana. Confesso que estudei muito pouco algumas disciplinas de pouco peso, como Penal, Civil e Comercial, mas fiz um pouco mais que o mínimo de pontos necessário e isso não atrapalhou minha classificação final. É preciso ter muita estratégia num concurso tão concorrido como esse. 6) Como você fez para se preparar para as provas discursivas? Você chegou a ter medo de enfrentá-las? Não cheguei a ter medo das provas discursivas, pois sempre acreditei que esse tipo de prova seria uma vantagem a meu favor. No início, era mais uma questão de fé: como passei quatro anos da faculdade de Relações Internacionais escrevendo muito, eu acreditava que teria mais facilidade de fazer uma redação que os engenheiros, que são candidatos tradicionalmente fortes no concurso de AFRFB. Contudo, quando comecei a me preparar especificamente para as discursivas, percebi que aquela experiência estava longe de ser suficiente e tive que me dedicar muito para desenvolver minhas habilidades de dissertação para concurso. O tipo de texto dissertativo de concurso é bastante peculiar e exige habilidades específicas e muita prática! No final, acabei conseguindo confirmar minha expectativa: obtive a sexta maior nota das discursivas de Auditor e a única nota máxima do Brasil (100 pontos) na prova discursiva de Analista da Receita! Mesmo não assumindo o cargo de ATRFB, fechar a prova discursiva desse concurso foi uma de minhas maiores alegrias nos concursos, pois essa nota máxima comprovou que meu treinamento de questões discursivas deu resultado, principalmente numa questão que foi considerada complexa por vários candidatos. 7) Nas provas discursivas, você focou no estudo do conteúdo das matérias ou na forma das discursivas (técnicas de escrita, etc)? Como o tempo era escasso, fiz as duas coisas, mas com foco na prática da forma das discursivas. Ao mesmo tempo em que eu julgava que meu aprendizado do conteúdo ainda não estava bem consolidado, eu acreditava que a Banca não exigiria temas muito aprofundados, pois o objetivo era avaliar a capacidade de expressão do candidato na forma escrita. Por isso, refinei meu estudo dos principais conceitos das disciplinas e fiz muitas redações para praticar. É aquela história de trocar o pneu com o carro andando... Nessa etapa, foi muito importante ter minhas redações corrigidas por um professor de português de Juiz de Fora/MG, que me ajudou muito a corrigir meus pontos fracos e acabou virando meu amigo. Além disso, fiz o curso presencial de discursivas do Ponto em Belo Horizonte que foi excelente! Ele me rendeu técnicas preciosas de redação e me deu muita segurança para as provas. Nesse processo, descobri que existe uma maneira de construir textos dissertativos que vai ao encontro da expectativa do examinador, facilitando a obtenção de notas altas. Portanto, acredito que a prática de discursivas leva o candidato a descobrir uma receita de bolo que é infalível em provas discursivas: independente do tema que vier, o candidato consegue estruturar uma redação adequada atendendo aos principais pontos do enunciado. Como alguns alunos do Ponto já devem ter percebido, está disponível na seção de cursos on-line a prova discursiva do concurso recente de ATRFB comentada por mim. Além disso, estou trabalhando em parceria com a Gisele Sulsbach, a heroína das discursivas do concurso de Auditor, num livro recheado de orientações para o candidato se preparar para provas discursivas. Por enquanto, fica a mais preciosa delas: pratique muito! 8) Você descansou algum período entre a realização das provas da primeira fase e os estudos para a segunda fase? Logo depois da prova de Auditor, fiz a prova de Analista e depois comecei a me preparar para as provas discursivas. Tirei uns dois dias de folga nesse intervalo e reduzi bastante meu ritmo de estudo. Minha média de estudo caiu de 7 horas por dia para apenas 3 ou 4 horas diárias. Cheguei a ficar preocupado, mas naquele momento, tão próximo da decisão final, eu sabia que era mais importante eu manter meu equilíbrio emocional do que tentar tirar o tempo de atraso dos estudos. Àquela altura, o que tinha que ser feito já estava feito. Essa redução de ritmo é natural, fruto da ansiedade. Ainda assim, fiz cerca de duas dezenas de redações nesse curto intervalo de dias. 9) Como você fez para conciliar o convívio familiar e os estudos? Você é do tipo que se isola do mundo para estudar, ou tenta manter as duas coisas, paralelamente? Não fui muito radical durante minha preparação. Fui rigoroso comigo a ponto de deixar de ir numa festa de formatura da minha prima num sábado para ir numa aula de domingo, faltando três meses para a prova. Ao mesmo tempo, eu reservava momentos de folga e de convívio com minha família e com meus amigos, pois eu sabia que, se eu não tivesse nenhum intervalo, eu iria pirar e acabaria prejudicando a qualidade do meu estudo. Por exemplo, toda quinta-feira à noite eu jogava futebol com meus amigos. Só deixei de jogar na véspera das provas. Além disso, tenho um grande amigo que foi um grande parceiro nessa jornada, pois ele também está no mundo dos concursos. Acho importante ter alguém ou um grupo de amigos para dividir as dúvidas e incertezas da preparação, pois só um maluco que pensa em concurso 24 horas por dia para entender outro maluco! Rs. Fórum de concurseiros também é uma ferramenta legal para esse tipo de troca de experiências. 10) Se, em vez de assumir o cargo na Receita, você recebesse hoje a incumbência de orientar os estudos de um candidato que está iniciando os seus estudos, quais seriam as suas orientações? Poxa, Carol! Você andou lendo meus pensamentos?! Rs. Na verdade, mesmo assumindo o cargo na Receita, estou com algumas idéias nesse sentido. Logo que publiquei meu texto de apresentação no site do Ponto dos Concursos, onde darei aulas de Direito Previdenciário, vários alunos me enviaram email perguntando sobre minhas técnicas de estudo e pedindo algumas dicas. Como disse, no início fiquei reticente em divulgar minhas técnicas, porque sei que elas não serão 100% eficazes para todos os candidatos. Contudo, estou convencido de que existem técnicas que aumentam a produtividade dos estudos do concurseiro e que muitos candidatos poderão melhorar a qualidade de seus estudos, assim como eu fiz. O importante é perceber os princípios das técnicas de estudo e adaptálas ao seu modo de aprendizagem. Por isso, andei trocando algumas idéias com o Vicente Paulo e já estou trabalhando em cima de um material para ser publicado em breve pelo Ponto dos Concursos. 11) Então agora conte tudo de uma vez! Bom, vamos lá. Acredito que todo concurseiro precisa desenvolver três tipos de habilidades para alcançar uma preparação eficaz: aprender a aprender; aprender o conteúdo; e aprender a fazer prova. Existem estilos de aprendizagem diferentes e cada candidato precisa reconhecer seus pontos fortes e desenvolver técnicas adequadas a eles. Além disso, é importante não odiar as matérias! Obviamente, também é necessário aprender o conteúdo, e existem técnicas que podem facilitar esse trabalho. Eu mesmo, como só tinha poucos meses para estudar todo o extenso conteúdo do edital, sabia que não poderia ler um livro ou um capítulo duas vezes. Por isso, desenvolvi técnicas que me ajudaram a fixar o conteúdo logo de primeira. Uma pessoa pode aprender toda a matéria do edital de AFRFB em 10 anos ou em 6 meses. O tempo não deve ser uma obsessão, mas você deve aprender as técnicas para aumentar a produtividade de seus estudos e para você ter a certeza de que não está desperdiçando seu tempo com horas na cadeira que não trarão resultado algum. Depois disso, desenvolvendo habilidades para fazer a prova, atacando seu objetivo com estratégia, sua aprovação estará muito próxima. Para não dizer que eu estou escondendo o jogo, deixo uma orientação importante. Assim como em várias áreas da vida, também no mundo dos concursos, uma dica importante para o sucesso é: espere pouco dos outros e muito de si mesmo. Como todo projeto de médio/longo prazo, todo concurseiro deve estar preparado para enfrentar muitos obstáculos em sua jornada: é o edital que não sai, é a Banca que não anula a questão errada e por aí vai. Todavia, muitos candidatos esperam muito dos outros e passam a enxergar tudo como desculpa: o professor que é ruim, o material que está incompleto, a Banca que é rigorosa demais... Se você assumir a postura de se cobrar mais do que cobra dos outros, passará a fazer as seguintes perguntas: o que posso fazer para aprender a matéria que o professor não conseguiu transmitir? Onde posso pesquisar para aprender o conteúdo que estava faltando no material? O que mais tenho que estudar para estar preparado para as questões mais difíceis? A partir daí, tudo que for uma barreira para seu concorrente, para você será um diferencial. Logo você estará passando na frente na fila e alcançará a tão sonhada aprovação mais rapidamente. Acabei recentemente meu Curso de Formação e conheci muitas pessoas diferentes, de várias partes do País. Provavelmente, o único ponto em comum entre todos os aprovados é esse: dedicação e persistência. Para os que ficaram curiosos, peço um pouco de paciência para que eu possa terminar um material caprichado e mais detalhado sobre técnicas de estudo. Vamos trabalhar os três tipos de habilidades de aprendizado do concurseiro e várias técnicas: “Calendário dinâmico de estudo”, “aprendizagem multitarefas” e “estudo integrado” são algumas das ferramentas que abrirão caminho para um aumento significativo da produtividade do seu estudo! Em breve divulgarei mais detalhes sobre esse material. Com isso, espero poder passar um pouco da minha experiência, na esperança de que ela seja útil para outros candidatos, assim como foi o aprendizado que tive com vários professores na minha jornada. 12) Quer dizer que os alunos do Ponto já podem contar com a sua colaboração? Com certeza! Recebi o convite para integrar a equipe de professores do Ponto e fiquei muito feliz de poder trabalhar com a disciplina de Direito Previdenciário. Para os alunos que estão iniciando um novo ciclo de preparação, já pensando no próximo concurso da Receita Federal, aviso que muito em breve lançarei um curso de Previdenciário. O curso será bem focado e incluirei alguns esquemas de estudo que facilitarão o aprendizado e tornarão a disciplina muito mais leve e gostosa. Acredito que Direito Previdenciário será a matéria preferida de muitos alunos! Além disso, também estou trabalhando no material de técnicas de estudo que eu mencionei, que é uma prioridade. Para completar, ainda estarei colaborando na preparação dos alunos para Questões Discursivas, cujo ponta-pé inicial foi a divulgação da prova comentada de ATRFB. O próximo passo é o livro em parceria com a Gisele Sulsbach, que já está no forno! Dessa maneira, espero poder colaborar, nem que seja com um pedacinho só, para a aprovação dos alunos do Ponto dos Concursos. Por fim, gostaria de deixar meu email, para aqueles que quiserem entrar em contato: [email protected] . Deixo também o link para meu texto de apresentação no site : http://www.pontodosconcursos.com.br/professor.asp?prof=287&menu=professores&art=5333&idpag=1 Um grande abraço e bons estudos!