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segunda-feira, 5/10/87 •
Política
JORNAL DO BRASIL
1 caderno •
3
"Esquerda" acha que estabilidade já é causa perdida
BRASÍLIA — A estabilidade no
emprego não deverá ser aprovada na
Comissão de Sistematização da Constituinte, que vota amanhã o capítulo dos
dj||jfos sociais e decidirá também sobre a
jornada de trabalho. Pelas tendências
registradas até agora, ficará no texto
ajpÈnas um dispositivo determinando o
pagamento de indenização progressiva e
proporcional do tempo de serviço quando
houver demissão do empregado. Ao admitir a derrota da estabilidade, o deputado José Genoíno (PT-SO), da esquerda, disse que agora "é marcar posição".
pias as negociações acabaram em impasse.
í De acordo com as tendências aferidas
na Sistematização, deverá ser aprovada
ppí: larga maioria de votos — entre 50 e
6Ç|lfc favor para até 35 contra — uma
estenda popular subscrita por empresári|sjgaúchos que acaba com a estabilidad<£5jião prevê jornada de trabalho e
determina indenizações por tempo de
serviço. A emenda foi apresentada pelo
Centro das Indústrias do Rio Grande do
Sul, Associação dos Empresários do Rio
Grande do Sul e Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil.
Durante toda a semana passada, inúmè|às rodadas de negociação mobilizarão} os grupos contra e a favor da estabilidade e da redução da jornada de trabalho; O deputado Guilherme Afif Domin,-SP) e o senador Albano Franco
(PFL-SE) queriam manter o primeiro
substitutivo do relator Bernardo Cabral,
que não previa a estabilidade. Em troca,
concedia 44 horas de jornada de trabalho
semanal.
O deputado Luís Inácio Lula da Silva
(PT-SP) e setores da esquerda queriam
aprovar o atual texto do substitutivo (o
segundo de Cabral) do qual consta a
estabilidade,
— Não podemos aceitar o recuo, já
que o primeiro substitutivo não contemr
pia a estabilidade e teríamos de fazer
muitas concessões em troca das 44 horas,
que estarão consagradas nos dissídios
coletivos dos maiores sindicatos do País
até o final do ano — afirmou Lula.
Afif Domingos, por sua vez, sustentou que a iniciativa privada "ficará atrelada a uma camisa-de-força" se for aprovado na íntegra o texto do segundo substitutivo. Diante do impasse, os representantes dos dois grupos resolveram deixar a
decisão para o plenário, no voto.
No confronto de interesses de empresários e trabalhadores, a polémica não
estará restrita apenas à Comissão de
Sistematização. A exemplo do que fizeram na fase de elaboração do primeiro
substitutivo, começam a desembarcar hoje em Brasília, para conversas pessoais
com os constituintes, empresários do Rio
e São Paulo e dirigentes sindicais e presidentes de associaçãos profissionais.
O que está sendo
discutido
Amato não quer
correr riscos
SÃO PAULO — Precavido para a
votação da estabilidade no emprego pelo
plenário da Constituinte, o empresário
Mário Amato, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo), voou para Brasília às 10 horas da
manhã de sexta-feira e ali permaneceu,
durante todo o dia, "explicando aos políticos as consequências negativas que a
estabilidade traria à economia brasileira"
Amato foi recebido por Ulysses Guimarães e Fernando Henrique Cardoso,
pelo PMDB; Albano Franco, do PDS e
Guilherme Affif Domingos, do PL, entre
outros parlamentares. "Nem almocei",
recordou Amato. A todos, o presidente
da Fiesp repetiu a mesma mensagem:
"estamos com medo de que se aprove a
estabilidade e o país pare. Defendemos
que se penalize a demissão imotivada,
mas isso tem que ser feito financeiramente, com o estabelecimento de uma indenização de valor progressivo segundo o
tempo de casa do funcionário."
O presidente da Fiesp disse que foi
ouvido com atenção pelos políticos e
acredita que tenha lhes transmitido as
"apreensões" do empresariado. "Eles
não me fizeram nenhuma promessa, mas
acredito que agora estão cientes de sua
responsabilidade nessa questão" afirmou Amato.
Para ele, o artigo do anteprojeto do
deputado Bernardo Cabral que define os
casos de demissão justificada "não está
Art. 6o — Além de outros, são direitos dos suficientemente claro, e pode tornar-se,
trabalhadores:
na Justiça, uma camisa-de-força contra as
I — Garantia da relação do emprego,
demissões
necessárias". No texto, Cabral
salvo:
justifica
as
demissões apenas por motivos
a) contrato a termo;
económicos, tecnológicos e infortúnios
b) ocorrência de falta grave;
na empresa. "Somos contra a demissão
c) prazos definidos em contratos de experiência, atendidas as peculiaridades do trabalho imotivada mas também não podemos
a ser executado;
admitir a estabilidade", disse Amato. "É
d) superveniência de fato económico intraspor isso que apoiamos a proposta de
ponível, técnico ou de infortúnio da empresa;
indenização progressiva, que penaliza o
e) pagamento de indenização progressiva e
patrão que despedir sem motivo mas não
proporcional ao tempo de serviço, na forma da
paralisa a economia."
lei.
Proposta
dos gaúchos
Projeto
de Cabral
: - & - • .
V&rt. 6* — Além de outros, sáo direitos dos
trabalhadores:
"ã— garantia de emprego, protegido contra
despedida imotivada, assim entendida a que
n$|je fundar em:
contrato a termo, nas condições e prazos
falta grave, assim conceituada em lei;
justa causa, fundada em fato económico
sponível, tecnológico ou em infortúnio na
empresa, de acordo com critérios estabelecidos
na legislação do trabalho
Brasília — Luís António Ribeiro
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A:-, .
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UÔ segurança Mário Jorge (D) está sempre com Cabral: "Disposto a tudo"
íPolíticos reclamam da falta de privacidade
\Relator sonha com
í clínica de repouso
Ipara curar stress
Deborah
Berlinck
; . , ¥ J RASÍLIA — Oito meses depois
H D de instalada a Constituinte, o
| amazonense Bernardo Cabral, relator
5jàâo projeto da futura Constituição, "o
íjliomem dos mil e um esconderijos"
;«Segundo os adversários, mas, certamen|í{e, o político que mais frequentou as
ffcfèlas de televisão nos últimos meses,
Sjjuarda no bolso um projeto pessoal do
pjflual não pretende abrir mão: achar um
|figar para curar o stress, de preferência
P^Dnge de Brasília, onde não possa ver
$J!|em a sombra dos lobistas.
ãi* — Vou direto para uma clínica de
«Jiíepouso — desabafa o relator
•}.•! Privacidade é privilégio que hoIjhens públicos como Cabral não conheJjííem. Outro dia, véspera da entrega da
SjSétima versão do projeto da Constituiíggão dona Zuleide, mulher de Cabral,
j?|bi surpreendida, às 7h30min, com um
f! fotógrafo de plantão na porta de seu
apartamento. Pensando em flagrar o
««Ijelator saindo para o trabalho, o fòtóSj^afo acionou a máquina assim que a
ifporta se abriu, mas teve azar: Cabral.
Ioue se tornou um especialista em fugir
*oos repórteres toda vez que prepara
•Jnovo projeto saiu mais cedo. "Minha
iláulher ficou uma fera' conta.
Perseguição
Mas e dos
f jõbistas como são chamados os profisJsionais t amadores dos grupos de prés
**ao qut Cabral mais fogt Decididí a
fnão frequentar restaurantes de luxo
jipara não me encontrar com os lobis
£tàs o relator arriscou-se a almoçai
Jmima churrascaria popular há pouco
Jfnais de duas semanas. Não conseguiu
*t»mer de tanta reivindicação que recejgbeu Agora nã< saio mais de casa a
~|jão sei para ii ao trabalho Na rua.
|jiunca sei se vou sei recebido debaixo
Wk vaias ou aplausos Não vou ao cine
" ia ou teatro há oito meses' diz Ca
ral qui <e queixa também de recebei
^telefonemas até de madrugada
Ma* quem nao estivei satisfeito
5;Jom o projeto di Constituição e quiser
Sjãzet cobranças ao relator cuidado pa
5& nao se exceder: o amazonense Mário
JíJlorge Almeida, moreno de um metro e
•jáitenta de,altura, desde maio acompa
£rjha todos os passos de Cabral É uma
Jj^spécie de "anjo protetor" movido
«jpelo entusiasmo de ser fã do relator a
I aponto de mudar a assinatura para imitar
•;!» letra de Cabral "Estou pronto para
•jlkido" garante Mano
zfe
1
O p r é m i o — Quem mais reclamou da falta de privacidade, entretanto, foi João Sayad, quando era ministro
do Planejamento. Ao final de uma
entrevista coletiva, pouco antes de sair
do cargo, o ministro, conhecido por sua
timidez, surpreendeu os repórteres com
a pergunta: "Afinal, qual o lugar aonde
se pode ir sossegado nesta cidade?". E
contou uma longa história. Num dia de
folga, por insistência da família, resolveu assistir a uma corrida de cavalos na
hípica. "E eu não gosto de cavalos",
disse.
Sentou-se, discretamente, na última fileira da arquibancada, certo de
que, ali, ninguém o perceberia. "Ah,
ministro, é uma honra tê-lo conosco",
interrompera um senhor, que ele imaginou ser um dos diretores do clube. O
homem, um sócio, correu para anunciar
a presença do ministro. Horas depois,
Sayad estava em pé diante de uma
plateia, entregando o prémio para o
cavalo vencedor, com toda a pompa de
uma solenidade.
Sayad queixava-se de que em Brasília não podia sentar-se a uma mesa de
restaurante, para jantar com a família.
Logo chegavam os curiosos. Mas o vicegovernador de Pernambuco, Carlos
Wilson, pivô da briga entre PMDB e
PFL, diz que é justamente o contrário.
"Bons tempos os de Brasília. Eu era
feliz e não sabia..." comentou o exdeputado, numa roda de amigos em
Brasília.
— Em Recife, não tem jeito. Chego
as 7h na academia de ginástica e encontro logo dois homens na porta com
contrato de professores na mão para eu
assinar Numa ilha deserta em Itamara
cá. com a família, o barraqueiro correu
atrás de mim 'Oh, governador como
vão as coisas no Governo?" — contou.
O líder do PDS no Senado, Jarbas
Passarinho se pudesse, encurtaria o
caminho de seu gabinete para o plenário da Câmara "nesse meu trottok. não
consigo dar dois passos sem ser agredido por um maluco, que me conta um
drama para pedir dinheiro para passagem' di7 o senador Ele se habituou
também a só entrar em avião depois de
fazer uma "inspeção" nos passageiros
para não ser incomodado durante a
viagem O trauma de Passarinho vem
desde a época em que era governadoí
do Pará Um macumbeiro invadiu seu
gabinete dizendo que tinham prepara
do uma macumba contra ele "Pode
ficar tranquilo governador eu já pre
parei a contra-resposta" disse o homem, fazendo sinais do ritual
O e s t a d i s t a - O deputado
Ulysses Guimarães, que preside a Câ
mara a Constituinte e o PMDB fora
dos palanques, onde ficou conhecido
como "o senhor diretas", adotou uma
tática que é, segundo seus amigos,
infalível para impedir a invasão de sua
privacidade. Ulysses costuma dizer que
um estadista não pode permitir nunca
ser chamado de "você" ou levar tapinha nas costas — dois sinais característicos de intimidade. Já a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) — única mulher negra e favelada do Congresso
Nacional — diz que, como moradora do
Morro Chapéu Mangueira, no Rio,
nunca soube o que é privacidade. "A
polícia chega, bate o pé na porta. O
filho da vizinha vai para o quintal da
gente. No morro, não tem dessas coisas", diz Bené.
— Outro dia — conta Bené — /
andando com o meu marido na rua, um
rapaz me tacou um beijo na bochecha.
"Não fique chateado, é um beijo político", disse o homem ao meu marido.
Bené conta ainda que certa vez
interrompeu uma viagem ao interior do
Rio, para perguntar aos organizadores:
"Escuta, vocês colocaram aí na agenda
um minuto para eu ir ao banheiro?" O
presidente Tancredo Neves, durante a
campanha presidencial, numa viagem
ao Rio Grande do Sul, foi seguido por
um fotógrafo até dentro do banheiro.
"Escuta, meu filho, posso saber o que é
que o senhor pretende fotografar
aqui?", irritou-se. Quando deixava o
governo de Minas para disputar a Presidência, Tancredo chamou um grupo de
repórteres, domingo de manhã, para
conversar no seu apartamento. Dona
Risoleta interrompeu a conversa e cochichou no ouvido do marido. "Ah,
meu Deus, é ele de novo?" — perguntou Tancredo. Quem o incomodava, no
fim-de-semana, era o atual governador
de Minas. Newton Cardoso.
O ex-porta-voz de Tancredo, atual
deputado António Brito, diz que de lá
para cá perdeu "qualquer condição de
privacidade". Há 90 dias sem folga,
segundo ele, por causa dos trabalhos da
Constituinte, com o telefone de casa
tocando sem parar, Brito foi surpreendido com um pedido do filho, Santiago
de 11 anos, para que não se candidate à
reeleição "Pai, eu preferia o tempo em
que você era jornalista" disse Santiago
A mulher do líder do P R no Sena
do Carlos Chiarelli, Arabela socióloga diz que solucionou metade dos
problemas da família no dia em que
resolveu incorporar a política do marido como um componente da sua vida.
Casada há 22 anos com Chiarelli, ela .
organiza campanhas, encontros com
mulheres e trabalha atualmente como
assessora do marido no Senado "Se
não entrar na política e ajudar, é pior'
Evolução do debate de um tema polémico
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Subcomissão dos
trabalhadores
Em maio, o relatório da Subcomissão dos Trabalhadores e Servidores Públicos previa estabilidade no
emprego 90 dias depois da admissão,
fixava jornada de trabalho de 40
horas semanais, pagamento de férias
em dobro, licença remunerada de
gestante num prazo de 120 dias (hoje
são 90 dias) e seguro desemprego. O
direito à greve para funcionários públicos e servidores de empresas privadas era amplo e os sindicatos não
poderiam sofrer interferência do Estado. Havia um artigo específico sobre os direitos dos trabalhadores domésticos.
Comissão da
Ordem Social
Em junho, a Comissão da Ordem
Social aproveitou na íntegra o trabalho da subcomissão. O artigo referen-
te aos direitos dos trabalhadores dizia: "Garantia do direito ao trabalho
mediante relação de emprego estável." O empregado só poderia ser
demitido por contrato a termo, por
falta grave comprovada judicialmente, prazo definido em contrato de
experiência ou fato económico instransponível. A jornada de 40 horas
semanais ficou mantida. A proposta
da comissão tinha 10 artigos excluindo os servidores públicos e assegura a
livre associação sindical e o direito à
greve, além de manter parágrafo específico aos trabalhadores domésticos.
Cabral I
Em agosto, no primeiro substitutivo
o do relator Bernardo Cabral, algumas modificações foram feitas no
trabalho da Comissão. A questão da
estabilidade caiu completamente. O
texto apenas dizia que é direito dos
trabalhadores "contrato de trabalho
protegido contra despedida imotivada ou sem justa causa, nos termos da
lei". Foram excluídas as 40 horas de
jornada de trabalho semanal. Estabeleceu-se apenas que a jornada "nunca seria superior a 8 horas diárias" e
que as férias seriam pagas "integralmente" e não "em dobro"
Cabral II
O segundo substitutivo apresentado pelo relator Bernardo Cabral
em setembro, ao prever a estabilidade no emprego, adotou emenda proposta pelo Diap — Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar — garantindo o emprego,
"protegido contra dispensa imotivada". Foi o retorno a algumas conquistas da fase das subcomissões e
comissões da Constituinte, apesar de
o relator não ter incluído a redução
da jornada semanal de trabalho, que
havia sido fixada em 40 horas.
J
PT vai até as casas dos constituintes
SAO PAULO - O diretório estadual do PT — Partido dos Trabalhadores
—, em São Paulo, decidiu ontem mobilizar seus filiados e militantes para que
pressionem diretamente os deputados
constituintes a aprovar as chamadas "teses populares". Essa pressão será através
de visitas às residências dos parlamentares e também por telegramas. Mas, o alvo
maior dos petistas, segundo o secretário
do partido na capital paulista, deputado
José Dirceu, será a Comissão de Sistematização.
Caravanas já estão sendo organizadas para uma viagem a Brasília assim que
for definida a votação do substitutivo
Bernardo Cabral. Ontem, em São Paulo,
a direção estadual do PT — que elegeu
Italiano diz
que projeto
é incoerente
SÃO PAULO — Em março de 1983, ele foi alvejado
com três tiros disparados pelas
Brigadas Vermelhas, que o
acusavam de ser "um porco
reformista, inimigo da classe
trabalhadora". Anos antes, no
entanto, em 1970, redigiu de
próprio punho o Estatuto do
Trabalho, a legislação trabalhista até hoje em vigor na
Itália e considerada uma das
mais avançadas do mundo. Escorado nessa bagagem, e na de
senador pelo Partido Socialista
Italiano e professor de direito
do trabalho da Faculdade de
Jurisprudência da Universidade de Roma, Gino Giugni passou três dias no Brasil e, após
demorada análise do capítulo
dos direitos sociais do esboço
da nova Constituição brasileira, alertou que se for aprovado
tende a não ser cumprido e
passar ainda por inúmeras modificações.
"Muito genérico e muito
particular", assim ele definiu o
capítulo incluído no último
substitutivo do relator Bernardo Cabral. A cada frase lida
pelo jurista, uma exclamação.
"Não há uma linha coerente
nesse projeto. E um acumulado de afirmações", definiu.
Ele admirou-se, por exemplo,
ao se deparar com um artigo
que versa sobre a obrigatoriedade do pagamento do 13° salário em dezembro. "É um caso único na história do Direito
Internacional. Isso não é assunto para uma Constituição."
"Mexida e remexid a " — "Uma constituição"
— afirma o catedrático italiano
que tem 60 anos de idade e
mais de 40 destinados ao exercício da profissão — "tem de
ser breve, objetiva e durar longos anos, o ideal seria para
sempre". Se as coisas continuarem do jeito que estão, ele não
tem dúvidas de que a nova
Constituição brasileira. pelo
menos no que se refere aos
direitos sociais, "vai ser mexida
e remexida".
Gino Giugni acha ridículo
que das garantias no emprego
tenham sido excluídas as empresas que têm até 10 empregados. "Isso não é,assunto para a
Constituição. É arbitrário."
Ele lembra por exemplo, que
na elaboração do Estatuto do
Trabalho italiano - e jamais
na Constituição — eles eximiram as empresas com até 15
empregados de qualquer garantia de emprego.
Os trabalhadores querem
que a pequena empresa arque
com indenizações no caso de
dispensa imotivada, reconhecendo que não podem ser obrigadas a reintegrar o funciona
rio dispensado como as simila
res de maior porte "Essas são
cláusulas que mudam com o
tempo e com as alterações no
quadro económico. Não po
dem estar na Constituição.'
Gino Giugni observa ainda
que o capítulo dos direitos sociais acabou incorporando um
princípio há muito rechaçado
pelo sindicalismo europeu: o
da participação dos trabalhado
res nos lucros da empresa
sua nova direção executiva — levantou a
possibilidade de realizar, no próximo dia
8 de novembro, um plebiscito popular
sobre o desempenho do governo Sarney e
uma possível eleição direta. "Um dos
pontos de honra do partido é retomar a
campanha pelas "diretas já" com a pedra
de toque que aí está: a deteriorização do
nível de vida e salários", observou o
deputado José Dirceu.
E l e i ç ã o 8 8 — O PT de São Paulo
espera eleger, no próximo ano, entre três
e 10 prefeitos de cidades importantes do
estado, entre elas as situadas no chamado
ABC paulista: Santo André, São Bernardo e Diadema (estas consideradas, com
antecipação, vitórias seguras), Mauá, São
J
Caetano, Santos e Piracicaba. Atualmente, no estado de São Paulo, o PT administra apenas Diadema.
Para a prefeitura da capital paulista,
os prováveis candidatos do PT já citados
— Hélio Bicudo, procurador de Justiça
aposentado que ficou famoso ao denunciar, nos anos 70, os "esquadrões da
morte" e há poucos dias voltou ao noticiário por causa do seu salário de marajá
(CZ$ 289 mil); deputado federal e egresso nos anos 50 do Partido Democrata
Cristão e a deputada Luiza Erundina ganharam companhia: os petistas já estão
incluindo o nome do deputado José Dirceu, novo secretário do diretório estaduaj
e antigo dirigente estudantil nos anos 60.
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"Esquerda" acha que estabilidade já é causa perdida