Fundação Oswaldo Cruz Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca Cesarianas desnecessárias: Causas, conseqüências e estratégias para sua redução GRUPO DE PESQUISA: Epidemiologia e Avaliação de Programas sobre Saúde Materno-infantil COORDENAÇÃO: Maria do Carmo Leal – ENSP/Fiocruz EQUIPE DE PESQUISADORES: Silvana Granado Nogueira da Gama – ENSP/Fiocruz Rosa Maria Soares Madeira Domingues - ENSP/Fiocruz Sandra Costa Fonseca - UFF Marcos Augusto Bastos Dias – IFF/Fiocruz Mariza Miranda Theme Filha – SMS/RJ Penha Maria Mendes da Rocha – SMS/RJ Sonia Duarte Azevedo Bittencourt – ENSP/Fiocruz Ana Paula Esteves Pereira – ENSP/Fiocruz Arthur Orlando Correa Schilithz - ENSP/Fiocruz Rio de Janeiro, abril de 2007 ÍNDICE Apresentação ....................................................................................................1 Subprojeto 1 ......................................................................................................4 Avaliação da demanda por cesariana e da adequação de sua indicação em unidades hospitalares do sistema de saúde suplementar do Rio de Janeiro. Subprojeto 2 ....................................................................................................46 Perfil das mulheres submetidas ao parto normal e cesariana, segundo a forma de pagamento da assistência obstétrica (pública ou saúde suplementar), a partir da análise do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Subprojeto 3.....................................................................................................62 Revisão sistemática sobre estratégias de redução de cesarianas desnecessárias Recomendações............................................................................................111 Anexos ...........................................................................................................114 Apresentação A taxa de cesariana tem sido utilizada como indicador de avaliação do modelo de atenção ao parto. Segundo a Organização Mundial de Saúde, não existem evidências que justifiquem, em qualquer população, taxas de cesariana superiores a 15%1. A despeito desta recomendação, o aumento das taxas de cesariana tem sido identificado em vários países, a partir das décadas de 70/80, mais notadamente em relação às cesáreas eletivas. Desde a década de 90, observa-se uma crescente preocupação da comunidade científica com este fenômeno2-6. Em 1993, Sakala, em extenso artigo4 sobre cesáreas desnecessárias, apresenta as grandes linhas de investigação da literatura sobre o fenômeno das altas taxas de cesariana: 1) causas, 2) conseqüências e 3) estratégias para redução. Nesse artigo, a autora inicialmente descreve o fenômeno da “pandemia de cesarianas desnecessárias” das décadas de 80 e 90, dissecando o caso dos Estados Unidos (EUA) e traçando um panorama de outros países. É interessante notar que as três linhas apontadas por Sakala, referentes à década de 80, mantiveram-se na pauta da literatura científica até os dias de hoje. O aumento das taxas de cesariana foi bastante expressivo no continente americano e mais especificamente no Brasil, com taxas próximas a 40%, mantendo-se relativamente estáveis nos anos de 2000 a 2003, conforme dados do DATASUS7. Entre os estados brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro ocupam, respectivamente, o primeiro e segundo lugar, com taxas em torno de 50%7. As taxas de cesariana no Brasil estão entre as maiores do mundo e a cirurgia foi tão banalizada que em algumas regiões ultrapassa os 80%8. Em maio de 1998, o Ministério da Saúde, através da publicação da portaria 2.816, determinou um teto percentual máximo de cesarianas que poderiam ser realizadas em relação ao total de partos. A portaria GM nº466/00, que propôs o Pacto Nacional pela Redução da Taxa de Cesárea, sugere que todas as unidades da Federação alcancem a taxa de 25%, no máximo, até 2007. No entanto, a mudança na atitude do governo, alterando o pagamento das cesarianas, estabelecendo limites bem definidos e metas decrescentes de sua realização, teve impacto apenas nos serviços públicos em nosso país. Nos serviços privados, as taxas são bem mais elevadas, próximas de 90%. Neste contexto, foi iniciada em 2006 uma parceria da ANS com a ENSP, resultando em um projeto de pesquisa sobre causas, conseqüências e estratégias de redução de cesarianas, no âmbito da saúde suplementar. Este projeto foi dividido em três subprojetos, que procuraram investigar estas questões, em três abordagens distintas, a fim de subsidiar a ANS com algumas recomendações aplicáveis ao nosso meio. Este relatório apresenta os resultados de cada um dos subprojetos. O primeiro trabalho diz respeito a uma análise em nível local, da freqüência e adequação de indicação de partos cesáreos no Estado do Rio de Janeiro. Realizou-se estudo descritivo, em duas unidades atendidas pela saúde suplementar, uma no Município do Rio de Janeiro (zona Norte) e outra situada em um município da Baixada Fluminense. O principal objetivo era conhecer, através de entrevistas com puérperas destas unidades, a trajetória da escolha/definição da via de parto operatória. Um objetivo secundário foi avaliar a adequação das indicações de parto cesáreo. Portanto o foco era contribuir para a compreensão dos determinantes de taxas elevadas de cesarianas provavelmente desnecessárias. O segundo trabalho foi a análise, a partir do banco de dados do SINASC, da série temporal nos últimos dez anos, focalizando a evolução das taxas de cesariana, suas possíveis explicações e conseqüências. Aqui o foco principal era uma possível associação de cesarianas com desigualdades sociais e desfechos desfavoráveis para o neonato, particularmente a prematuridade. O terceiro trabalho teve como objetivo uma revisão sistemática da literatura de 2001 a 2006, para descrever as principais estratégias estudadas para reduzir cesarianas desnecessárias. O foco era identificar o estado da arte mais atual das estratégias de redução de cesarianas desnecessárias e selecionar as mais eficazes/efetivas e passíveis de aplicação no cenário da saúde suplementar. 2 Referências bibliográficas 1. World Health Organization. Appropriate technology for birth. Lancet 1985; 2(84532): 436-67. 2. Barros FC, Vaughan JP, Victora CG, Huttly SR. Epidemic of caesarean sections in Brazil. Lancet 1991 Jul 20;338(8760):167-9. 3. Faundes A, Cecatti JG. A Operação Cesárea no Brasil. Incidência, Tendências, Causas, Conseqüências e Propostas de ação. Cadernos de Saúde Pública, 1991, 7:150-173. 4. Sakala C. Medically unnecessary cesarean section births: introduction to a symposium. Soc Sci Med 1993; 37(10): 1177-98. 5. Gomez-Dantes O. Lucina's kidnap (or how to stop the cesarean section epidemic). Salud Publica Mex 2004; 46(1):71-4. 6. Waniez Om Wurtz B, Brustlein V. Abuse of caesarean delivery in Brazil: geographic dimensions of a medical aberration. Santé 2006;16(1):21-31. 7. (www.datasus.gov.br, acessado em 27 de janeiro de 2006). 8. Rattner D. Sobre a hipótese de estabilização das taxas de cesárea do Estado de São Paulo, Brasil. Rev Saúde Pública 1996; 30 (1):19-33. 3 Subprojeto 1 – Sub-Projeto: Avaliação da demanda por cesariana e da adequação de sua indicação em unidades hospitalares do sistema de saúde suplementar do Rio de Janeiro. Introdução No Brasil, as taxas de cesárea são bastante elevadas, em torno de 35% e atingem valores ainda maiores nos serviços privados – 70 a 90% (Yazzle et al, 2001, Potter et al., 2001). As razões para esta alta prevalência foram bem estudadas, não estando relacionadas a mudanças no risco obstétrico e sim a fatores socioeconômicos e culturais, destacando-se o controverso fenômeno da “cultura da cesárea” (Gomes et al, 1999; Hopkins, 2000; Yazzle et al., 2001; Potter et al., 2001; Fabri & Murta, 2002). Argumenta-se que as mulheres brasileiras demandam o parto cesariano, restando ao obstetra atender a este desejo. Entretanto, Potter et al. (2001) encontraram preferência em torno de 70-80% pelo parto vaginal, em mulheres acompanhadas no pré-natal, tanto no serviço público como no privado. Apesar da preferência, as mulheres no serviço privado tiveram mais do que o dobro de cesáreas que as do serviço público, principalmente às custas de cesáreas eletivas e/ou decididas nas primeiras horas após a admissão hospitalar. A mudança do tipo de parto, em relação à preferência anterior, parece moldada pela conduta intervencionista do médico (Hopkins, 2000). No caso das cesáreas decididas após a internação, já foi descrita na literatura uma entidade clínica – cesariana eletiva intraparto – na qual o perfil do médico assistente é o principal determinante da decisão de cesárea antes do surgimento de uma indicação clínica consistente (Kalish et al, 2004). Em relação às mulheres que preferem partos cesarianos, observa-se que são mais comumente de nível socioeconômico elevado, têm maior escolaridade e realizam mais consultas de pré-natal (Gomes et al., 1999; Leal et al., 2005; Freitas et al.,2005). Além disto, existe uma diferença racial, sendo mais freqüente em mulheres brancas. Independente do nível socioeconômico, a demanda por cesárea parece se basear na crença de que 4 a qualidade do atendimento obstétrico está fortemente associada à tecnologia do parto operatório (Behàgue et al., 2002). Hipótese A hipótese do estudo é que a construção da decisão por cesariana como via de parto se processa em três momentos ao longo da gestação e parto. No primeiro momento, o nível socioeconômico da gestante, seu contexto sócio-cultural, experiências reprodutivas anteriores, e informações sobre os tipos de parto, influenciam a escolha inicial. Ao longo da gestação, informações recebidas, intercorrências clínicoobstétricas, influências familiares e do próprio médico no pré-natal, podem modificar a escolha do tipo de parto, que pode ser feita pela mulher, pelo médico ou por ambos. E por último, fatores relacionados à evolução do trabalho de parto e o próprio tipo de assistência oferecida, podem alterar a escolha final da via de parto. Objetivos Geral Identificar os determinantes da decisão por parto cesáreo em duas unidades atendidas pela saúde suplementar na Região Metropolitana do Rio de Janeiro Específicos a) Descrever as características socioeconômicas, demográficas, culturais e reprodutivas de puérperas atendidas pela saúde suplementar; b) Descrever as características da atenção ao parto e ao neonato nestas unidades; c) Propor um modelo de análise da determinação do parto cesáreo; d) Avaliar as indicações de cesárea quanto à sua adequação; e) Propor recomendações para redução de cesarianas desnecessárias. 5 Metodologia Foi realizado um estudo piloto, em duas unidades hospitalares do sistema de saúde suplementar do Rio de Janeiro, para identificar a construção da decisão por parto cesáreo e avaliar as indicações de cesariana nestas instituições. Foi utilizado o desenho transversal, em um grupo de mulheres submetidas ao parto cesariano e vaginal, entrevistadas no puerpério. Local e população Para escolha das unidades hospitalares foram utilizados como critérios: o tipo de clientela e a localização geográfica. Foram escolhidas duas unidades: uma na zona Norte do município do Rio de Janeiro (unidade 1) e outra situada em um município da Baixada Fluminense (unidade 2). Foram elegíveis todas as mulheres que tiveram partos vaginais ou cesáreos nas unidades hospitalares selecionadas, entrevistando-se no total 437 mulheres. As entrevistas foram realizadas no mês de outubro de 2006 na unidade 1 e no período de novembro de 2006 a janeiro de 2007 na unidade 2. A maior duração da pesquisa na unidade 2 objetivou a obtenção de número semelhante de entrevistas nas duas unidades. Instrumento de coleta de dados Com o intuito de analisar a indicação do parto cesáreo, foi usado um questionário padronizado e pré-codificado, construído especificamente para esta pesquisa (anexo 1). O instrumento foi composto por questões acerca das características socioeconômicas, antecedentes pessoais e obstétricos, dados da gestação atual, e assistência pré-natal e ao parto. Perguntas foram direcionadas à puérpera e outras transcritas do prontuário da paciente e do recém-nato. Para avaliar o manejo do trabalho de parto foi elaborado um índice de adequação (anexo 2), baseado nas recomendações da Organização Mundial de Saúde para assistência ao trabalho de parto (OMS, 1996). Da mesma 6 forma, para avaliar a adequação da indicação de cesariana (anexo 3), foram utilizados critérios estabelecidos pela evidência cientifica disponível relativa à realização desta cirurgia (NICE, 2004) e as indicações previstas no tratado de obstetrícia Williams Obstetrics (2001). Estas avaliações foram feitas por dois obstetras, de maneira independente. Os casos discordantes foram decididos por consenso. Coleta e processamento dos dados As entrevistas foram realizadas ainda durante o período de internação, no período mínimo de 12 horas após o parto, por profissionais da área de saúde previamente treinados, sob a supervisão dos pesquisadores. Os questionários foram revisados e codificados pelos membros da equipe, sendo o armazenamento dos dados realizado por meio do programa Access. Os problemas identificados foram solucionados com retorno ao questionário ou com o entrevistador. Análise dos dados Foi utilizado o pacote estatístico SPSS versão 13.0. As freqüências foram analisadas para as variáveis de forma categórica e, quando pertinente, foram comparadas as duas unidades (teste qui-quadrado). A análise estatística multivariada dos fatores associados à cesariana foi realizada através de regressão logística não condicional, seguindo o modelo hierárquico previamente estabelecido. Neste modelo, são rodadas inicialmente as variáveis do nível distal, ajustadas entre si. A seguir o nível intermediário, com as variáveis ajustadas para o nível distal e entre si. Por último, o nível próximal, com as variáveis ajustadas entre si e com as variáveis dos níveis superiores (distal e intermediário). As variáveis nunca são ajustadas para o nível inferior, para não subestimar associações da cadeia causal (Victora et al., 1997). A variável dependente em cada momento foi sempre a cesariana (preferência, decisão ou via de parto). As variáveis independentes foram: a) no nível distal – fatores socioeconômicos (renda, escolaridade), cor da pele, 7 idade; b) no nível intermediário - fatores ligados à informação e interação com os serviços de saúde; e c) no nível proximal – condições emocionais ou biológicas mais próximas do desfecho. Na análise multivariada de cada nível, foram incluídas as variáveis do nível anterior que atingiram nível de significância estatística menor que 0,20. Permaneceram no modelo final aquelas com significância (nível de 0,05) e outras com significância limítrofe, porém com plausibilidade pelo modelo teórico, já que a amostra era muito pequena. Os modelos de cada momento (preferência inicial, decisão ao fim da gestação e tipo de parto) são mostrados a seguir. 1º momento: preferência inicial da mulher, antes de iniciar o pré-natal Idade Status socioeconômico (renda/escolaridade) Raça/ cor 1) 2) 3) Informação sobre tipos de parto Contexto familiar/ social Experiência reprodutiva anterior * (cesariana anterior, experiência reprodutiva favorável à cesariana) Opção por laqueadura tubária* Expectativas em relação ao parto (medo do PN ou PC) Preferência inicial por cesariana * (variáveis apenas para multíparas) 8 2º momento: decisão ao final da gestação Status socioeconômico (renda/escolaridade) Idade Raça/ cor 1) 2) Aconselhamento médico, durante o pré-natal, sobre vantagens do parto cesáreo Sentir-se Informada sobre vantagens do parto normal Preferência inicial por cesariana Circular de cordão Hipertensão Decisão final por cesariana 3º momento: desfecho no momento do parto Idade Status socioeconômico (renda/escolaridade) Raça/ cor 1) 2) Decisão por cesariana no final da gestação Manejo inadequado do trabalho de parto Parto cesáreo 9 Aspectos éticos Seguindo-se a orientação da Declaração de Helsinki e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP, os dados foram colhidos mediante assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 4), contendo as informações detalhadas da pesquisa, bem como a identificação dos pesquisadores e instituições envolvidas, a garantia da confidencialidade das informações e de sua utilização apenas de forma agregada e a não obrigatoriedade da participação no estudo. Resultados Foram entrevistadas 254 puérperas na unidade 1 e 183 na unidade 2, com um percentual de perdas de apenas 3%. Ocorreram nove perdas por alta hospitalar anterior à realização da entrevista, uma por óbito materno e três por recusa da mulher em participar da pesquisa. Quando pertinente, os resultados serão apresentados comparando-se as duas unidades, visando identificar diferenças nas características das usuárias desses serviços e no tipo de assistência prestada. Caracterização das entrevistadas Na tabela 1, apresenta-se as características sócio-demográficas das mulheres entrevistadas. A média de idade foi de 28 anos, com maior proporção de adolescentes na unidade 2. Mais de 80% das mulheres nas duas unidades apresentavam ensino fundamental completo. Entretanto, observamos o dobro de mulheres com fundamental incompleto na unidade 2 e uma proporção muito maior de mulheres com ensino superior na unidade 1. Mais de 90% das mulheres nas duas unidades referiam ser casadas ou viver com companheiro. Em relação à cor da pele, mais de 50% das mulheres, se auto declararam pardas ou negras, sendo, entretanto, a proporção de brancas muito superior na unidade 1. Mais de 60% das entrevistadas declararam ter ocupação remunerada, sendo essa proporção um pouco maior na unidade 1. Observou-se que a maior parte das mulheres, nas duas unidades, declarou renda familiar entre dois e cinco salários mínimos. Entretanto, quase 20% das mulheres da unidade 2 informaram uma renda familiar inferior a dois salários mínimos, 10 enquanto na unidade 1, mais de 10% relataram renda superior a dez salários mínimos. Tabela 1 – Características socioeconômicas e demográficas das puérperas, segundo local de internação Unidade 1 n (254) % Faixa Etária até 19 20 a 34 35 e mais Unidade 2 n (183) % p-valor (χ2) χ2) 12 209 33 4,7 82,3 13,0 20 144 19 10,9 78,7 10,4 18 126 7,1 49,6 30 110 16,5 60,4 110 43,3 42 23,1 0,0000 Estado Civil Casada/Vive com Companheiro Solteira Separada/divorciada 231 18 5 90,9 7,1 2,0 167 15 1 91,3 8,2 0,5 0,4187 Cor ou raça Preta Parda Branca Outras 24 97 111 21 9,5 38,3 43,9 8,3 31 92 48 11 17,0 50,5 26,5 6,0 0,0012 Ocupação remunerada Sim Não 183 71 72,0 28,0 111 72 60,7 39,3 0,0123 10 123 91 29 4,0 48,5 36,0 11,5 36 87 50 10 19,7 47,5 27,3 5,5 0,0000 Escolaridade até 8ª série do fundamental do 1º ao 3º ano do médio Superior completo ou incompleto 0,0414 Faixa de renda Até 2 salários mínimos > 2 e ≤ 5 salários mínimos > 5 e ≤ 10 salários mínimos > 10 salários mínimos Na unidade 2, observou-se maior proporção de primigestas e de primíparas (tabela 2). Em ambas as unidades, para aquelas com histórias de partos anteriores, verificou-se elevada proporção de cesarianas pregressas, próxima a 60%, sendo esse percentual um pouco superior na unidade 2. 11 Tabela 2 – Antecedentes obstétricos das puérperas, segundo local de internação Unidade 1 n (254) % Gestações anteriores Não Sim Paridade Primípara Um a dois partos anteriores Três ou mais partos anteriores Cesarianas anteriores Nenhuma Uma Duas ou mais 90% p-valor (χ2) χ2) 123 131 48,4 51,6 102 81 55,7 44,3 149 100 58,7 39,3 119 60 65,0 32,8 5 2,0 4 2,2 191 53 10 75,2 20,9 3,9 141 39 3 77,1 21,3 1,6 0,353 34,4 60,9 4,7 0,310 Apenas para mulheres com paridade ≠ 0 n (105) Cesarianas pregressas Nenhuma 42 40,0 Uma 53 50,5 Duas ou mais 10 9,5 Aproximadamente Unidade 2 n (183) % das 0,131 0,370 n (64) mulheres, 22 39 3 nas duas unidades, apresentaram cobertura total do parto pelo plano de saúde. Predominaram os planos coletivos, sendo essa proporção um pouco maior na unidade 2. Mais de 70% das entrevistadas relataram que o plano de saúde é novo. Das mulheres com plano antigo, um número elevado, principalmente na unidade 2, não sabia informar se houve adaptação do plano com a operadora. Devese ressaltar que muitas mulheres da unidade 2 não sabiam ao certo se o plano era novo ou antigo, optando pela resposta “antigo” no caso do plano ser antigo na empresa na qual ela ou o marido trabalhavam. A Unimed foi a operadora mais encontrada nas duas unidades. Na unidade 1 observamos também uma proporção elevada da operadora Dix, seguida da Medial e Amil, enquanto na unidade 2 predominaram a Dix, Semic e Bradesco (tabela 3). 12 Tabela 3 – Características da cobertura assistencial por planos de saúde, segundo local de internação das puérperas Unidade 1 n (254) % Cobertura do parto pelo plano de saúde Equipe médica e hospital Só hospital Não Não sabe informar Sem plano de saúde 236 8 8 2 0 Apenas para as pacientes com plano de saúde: Tipo de plano de saúde Individual Coletivo Não sabe informar Característica do plano de saúde Novo Antigo Não sabe informar Apenas para as pacientes com plano antigo: Adaptação à nova lei Sim Não Não sabe informar Operadora de saúde UNIMED - CENTRAL NACIONAL UNIMED DIX ASSITÊNCIA MÉDICA MEDIAL SAÚDE AMIL - ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL SEMIC - SERVIÇOS MÉDICOS À INDÚSTRIA E COMÉRCIO BRADESCO SAÚDE ASSIM MÉDICA SISTEMA DE SAÚDE SUL AMÉRICA SEGURO SAÚDE GOLDENCROSS ASSISTÊNCIA INTERNACIONAL DE SAÚDE INTERMÉDICA SISTEMA DE SAÚDE SEMEG SAÚDE OUTROS Não sabe informar 13 92,9 3,1 3,1 0,8 0,0 n (254) Unidade 2 n (183) % 162 2 8 0 11 88,5 1,1 4,4 0,0 6,0 n (172) 70 182 2 27,6 71,7 0,8 33 139 0 19,2 80,8 0,0 246 6 2 96,9 2,4 0,8 127 32 13 73,8 18,6 7,6 n (6) 4 1 1 n (254) 60 60 33 28 0 19 16 15 7 0 0 15 1 n (32) 66,6 16,7 16,7 23,6 23,6 13,0 11,0 0,0 7,5 6,3 5,9 2,8 0,0 0,0 5,9 0,4 7 2 23 21,9 6,2 71,9 n (172) 60 34,9 20 11,6 10 5,8 4 2,3 19 11,0 16 9,3 0 0,0 6 3,5 7 4,1 10 5,8 7 4,1 12 7,0 1 0,6 Preferência inicial pelo tipo de parto Já no início da gestação, mais de 30% das mulheres indicaram uma preferência pela cesariana. Entretanto, quando analisamos apenas as primíparas, essa proporção se reduziu para cerca de 20% (tabela 4). Tabela 4 – Preferência pelo tipo de parto no início da gravidez segundo local de internação da puérpera Unidade 1 n (254) % Unidade 2 n (183) % p-valor (χ2) χ2) Dentre todas as puérperas Normal 114 44,9 96 52,4 Cesárea 92 36,2 60 32,8 Sem preferência 48 18,9 27 14,8 Dentre as primíparas n (149) 0,260 n (119) Normal 84 56,4 75 63,0 Cesárea 30 20,1 27 22,7 Sem preferência 35 23,5 17 14,3 0,167 Na unidade 1, 20% das mulheres que preferiam parto normal e 30% das que preferiam cesariana, relataram ter escolhido seu obstetra em função dessa preferência inicial pelo tipo de parto. Na unidade 2, esse valor foi próximo a 10% para ambos os tipos de parto (tabela 5). Tabela 5 - Escolha do obstetra em função da preferência pelo tipo de parto, segundo local de internação da puérpera Unidade 1 Unidade 2 p-valor (χ2) χ2) n (254) % n (183) % 51 24,8 17 11,0 0,001 28 (92) 30,4 4 (60) 6,8 0,001 23 (114) 20,2 13 (96) 13,5 0,277 Todas as puérperas Sim Puérperas com preferência inicial por Parto cesáreo Sim Puérperas com preferência inicial por Parto Normal Sim 14 Quando questionadas sobre que fatores poderiam ter influenciado essa preferência inicial, os mais citados foram o medo do parto normal, o medo da cesariana, as informações prévias sobre os tipos de parto, as histórias familiares e a preferência do parceiro (tabela 6). Entre as mulheres com partos anteriores, o desejo de ligar as trompas e as experiências de gestações e partos anteriores também foram muito indicados. O medo de o parto normal alterar a vida sexual foi uma razão pouco citada em ambas as unidades. Tabela 6 - Fatores que influenciaram a idéia inicial em relação ao tipo de parto, segundo local de internação da puérpera Unidade 1 Unidade 2 n (254) % n (183) % Histórias de parto na família ou de amigas 93 36,6 75 41,2 Informações sobre os tipos de parto 160 63,0 129 70,5 Tipo de trabalho 36 19,3 22 18,8 Preferência do marido pelo tipo de parto 84 33,7 39 21,9 O medo da dor do Parto Normal 114 45,1 74 40,4 Nas com preferência inicial por PC: medo da dor do PN 58 63,0 39 65,0 Medo da cesariana 161 63,4 85 46,4 Nas com preferência inicial por PN: medo da cesariana 93 81,6 60 62,5 Desejo de ligar as trompas 66 26,0 38 20,8 O medo do PN alterar a vida sexual 14 5,6 16 8,6 Desejo de ligar as trompas 61 58,1 31 48,4 Experiências de gestações e partos anteriores 56 53,3 37 57,8 Experiência positiva com Parto Normal 20 36,4 9 29,0 Experiência negativa com Parto Normal 6 10,9 5 16,1 Experiência positiva com Parto Cesáreo 17 30,9 7 22,6 Experiência negativa com Parto Cesáreo 2 3,6 4 12,9 Características de gestações anteriores 10 18,2 6 19,4 Apenas para mulheres com parto anterior: Motivo da influência das gestações e partos anteriores 15 Na análise multivariada (tabela 7), os fatores distais cor da pele e renda não mostraram associação com preferência por cesariana. A idade inferior a 20 anos pareceu protetora, embora sem significância (OR: 0,50; IC95%: 0,20-1,22). A escolaridade analisada por anos de estudo apresentouse associada a menor preferência por parto cesáreo, em torno de 10% menos chance de escolher este desfecho para cada ano a mais de estudo, embora não tenha alcançado significância (OR: 0,90; IC 95%: 0,79 -1,03). Tabela 7 - Fatores associados à preferência inicial por cesariana (variáveis distais). Total de mulheres B Variável (n=437) Step Cor da pele branca 1(a) Faixa etária (20 a 34) S.E. Sig. Exp(B) 95,0% C.I.for EXP(B) Lower ,241 ,218 ,268 Upper 1,272 ,831 1,949 ,152 Faixa etária (até 19) -,700 ,460 ,128 ,497 ,202 1,222 Faixa etária (35 e >) ,319 ,307 ,300 1,375 ,753 2,510 -,102 ,066 ,124 ,903 ,794 1,028 Anos de estudo Faixa renda (< 5 SM*) ,991 Faixa renda (5 a 10 SM) ,020 ,238 ,934 1,020 ,640 1,626 Faixa renda ( > 10 SM) ,047 ,382 ,901 1,049 ,496 2,217 Constant ,364 ,706 ,606 1,440 *SM = salário mínimo Quanto aos fatores intermediários (tabela 8), estar informada sobre os tipos de parto mostrou-se fortemente protetor (OR: 0,20; IC95%: 0,12-0,35), da mesma forma que a preferência do parceiro por parto normal (OR: 0,43; IC 95%:0,24-0,76). Em relação aos fatores proximais, o medo do parto cesáreo foi protetor (OR: 0,32; IC 95%:0,20-0,53) enquanto o medo do parto normal foi o único fator que aumentou a chance de escolha por cesariana (OR: 6,6; IC 95%:3,9-11,1). 16 Tabela 8 – Fatores intermediários e proximais associados à preferência inicial por cesariana. B Variável (n=437) Step Faixa etária (20 a 34) 1(a) Faixa etária (até 19) S.E. Sig. Exp(B) 95,0% C.I.for EXP(B) Lower Upper ,237 -,785 ,519 ,130 ,456 ,165 1,261 Faixa etária (35 e >) -,338 ,361 ,350 ,713 ,351 1,448 Anos de estudo -,081 ,075 ,283 ,923 ,797 1,069 Histórias de partos família e amigos -,108 ,273 ,691 ,897 ,526 1,531 -1,585 ,277 ,000 ,205 ,119 ,353 -,845 ,291 ,004 ,430 ,243 ,760 Informações sobre tipos de parto Preferência do parceiro Medo da dor do Parto Normal Medo do Parto Cesáreo Constant 1,890 ,264 ,000 6,619 3,946 11,102 -1,125 ,250 ,000 ,325 ,199 ,530 1,304 ,831 ,116 3,684 Quando analisadas apenas as mulheres com história de partos anteriores (tabela 9), mantiveram-se protetores o nível de informação sobre tipo de parto e o medo do parto cesáreo. No entanto, tiveram efeito de aumentar a escolha por cesariana o desejo de laqueadura (OR: 25,5 IC 95%: 4,08- 159,35) e a experiência reprodutiva anterior favorável a este tipo de parto (OR 268; IC 95%:16,7-4300,9). Parto cesáreo anterior também esteve associado à preferência inicial por cesariana, embora não tenha alcançado significância. Tabela 9 – Fatores associados à preferência inicial por cesariana para as mulheres com um ou mais partos anteriores B Variável (n=169) Step Faixa etária (20 a 34) 1(a) Faixa etária (até 19) S.E. Sig. Exp(B) 95,0% C.I.for EXP(B) Lower Upper ,193 -,535 2,966 ,857 ,586 ,002 196,107 -1,590 ,876 ,070 ,204 ,037 1,135 -,161 ,168 ,337 ,852 ,613 1,183 Histórias de partos família e amigos -1,308 ,945 ,166 ,270 ,042 1,721 Informações sobre tipos de parto -2,405 ,776 ,002 ,090 ,020 ,413 Preferência do parceiro -1,055 1,087 ,332 ,348 ,041 2,931 ,025 ,842 ,976 1,026 ,197 5,343 Faixa etária (35 e >) Anos de estudo Medo da dor do Parto Normal Medo do Parto Cesáreo -2,562 ,927 ,006 ,077 ,013 ,475 Cesárea anterior 1,134 ,865 ,190 3,109 ,571 16,929 Desejo Ligadura Tubária 3,239 ,935 ,001 25,504 4,082 159,351 5,594 1,415 ,000 268,753 16,794 4300,933 1,582 2,050 ,440 4,863 Experiência reprodutiva anterior favorável à cesariana Constant 17 Gestação atual Quase a totalidade das mulheres realizou sua assistência pré-natal em consultório particular. Na unidade 2, cerca de 6% das mulheres relataram ter feito esse acompanhamento tanto no serviço público como no privado (tabela 10). Mais de 90% das mulheres, nas duas unidades, relataram início precoce da assistência pré-natal e da realização de exame de ultrasonografia no primeiro trimestre gestacional. Tabela 10 – Assistência pré-natal, segundo local de internação da puérpera Unidade 1 n (254) % Unidade 2 n (183) % p-valor (χ2) χ2) Mês de início do pré-natal 0a3 4a6 7a9 239 14 1 94,1 5,5 0,4 169 12 2 92,3 6,6 1,1 0,610 0a3 4a6 7a9 241 13 0 94,9 5,1 0,0 167 15 1 91,3 8,2 0,5 0,211 Até 5 De 6 a 11 12 ou 5 103 141 2,0 41,4 56,6 4 122 50 2,3 69,3 28,4 0,000 97,2 2,8 171 12 93,4 6,6 0,056 Mês da primeira ultra-sonografia Número de consultas de pré-natal Onde foi feito o pré-natal? n (253) Apenas em consultório particular Em serviço público ou ambos 246 7 Considerando como adequado o cálculo da idade gestacional feito a partir de um exame de ultra-sonografia realizado até a 20a semana gestacional, seria possível calcular a idade gestacional confiável por ocasião do parto para 98,6% das mulheres. O número de consultas também foi elevado, com praticamente 100% das mulheres tendo acesso ao número mínimo de seis consultas de prénatal. Entretanto, pode-se verificar uma diferença importante: enquanto na 18 unidade 1 cerca de 60% das mulheres referiram ter tido mais de 12 consultas de pré-natal, número geralmente alcançado quando seguidos os protocolos recomendados pelo Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (American College of Obstetricians and Gynecologists; 1985), na unidade 2 apenas 30% das mulheres alcançaram esse patamar (tabela 10). O acesso à informação durante a gestação também foi bastante diferenciado nos dois grupos (tabela 11). As mulheres da unidade 1 relataram se sentir mais informadas sobre as vantagens e desvantagens do parto normal e da cesariana em comparação às mulheres da unidade 2. Tabela 11 – Grau de informação das mulheres durante a gravidez sobre as vantagens e desvantagens do parto normal e cesáreo, segundo local de internação da puérpera Unidade 1 n (254) % Vantagens do parto normal Sim, totalmente Sim, parcialmente Não Unidade 2 n (183) % p-valor (χ2) χ2) 226 4 24 89,0 1,6 9,4 122 42 19 66,7 23,0 10,4 0,000 Sim, totalmente Sim, parcialmente Não 171 9 74 67,3 3,5 29,1 54 33 95 29,7 18,1 52,2 0,000 Vantagens do parto cesáreo Sim, totalmente Sim, parcialmente Não 189 24 41 74,4 9,4 16,1 89 46 48 48,6 25,1 26,2 0,000 203 11 40 79,9 4,3 15,7 110 36 37 60,1 19,7 20,2 0,000 Desvantagens do parto normal Desvantagens do parto cesáreo Sim, totalmente Sim, parcialmente Não 19 Também se verifica, nas mulheres da unidade 2, menor participação do médico como fonte de informação em relação ao tipo de parto. Ressaltase, entretanto, que quase 50% das mulheres atendidas nessa maternidade identificaram o médico como única fonte de informação sobre as vantagens do parto cesariano (tabela 12). Tabela 12 – Fonte de informação sobre vantagens e desvantagens do parto normal e cesáreo, segundo local de internação da puérpera Unidade 1 n Vantagens do parto normal Só o médico Médico e outras fontes Só outras fontes p-valor (χ2) χ2) % Unidade 2 n % n (230) 20 173 37 8,7 75,2 16,1 n (164) 33 61 70 20,1 37,2 42,7 0,000 Desvantagens do parto normal Só o médico Médico e outras fontes Só outras fontes n (180) 38 103 39 21,1 57,2 21,7 n (87) 23 16 48 26,4 18,4 55,2 0,000 Vantagens do parto cesáreo Só o médico Médico e outras fontes Só outras fontes n (213) 48 130 35 22,5 61,0 16,5 n (135) 62 23 50 45,9 17,1 37,0 0,000 Desvantagens do parto cesáreo Só o médico Médico e outras fontes Só outras fontes n (214) 53 117 44 24,7 54,7 20,6 n (146) 39 25 82 26,7 17,1 56,2 0,000 Em relação às intercorrências apresentadas ao longo da gestação (tabela 13), verificam-se poucas diferenças entre as duas unidades, com predomínio da hipertensão arterial, da circular de cordão e das alterações na apresentação do bebê (sentado, atravessado). Em relação a esta última intercorrência, considera-se que o valor encontrado pode estar superestimado, já que a pergunta aferia se o referido fato havia ocorrido em algum momento da gestação, e este pode ter sido apenas transitório. 20 Tabela 13 – Intercorrências clínico-obstétricas ocorridas durante a gestação, segundo local de internação da puérpera Circular de cordão Bebê sentado Bebê atravessado Placenta baixa Rotura alta da bolsa HPV/Verrugas genitais/ Herpes Diabetes Hipertensão Unidade 1 (254) N % 71 28,0 79 31,1 47 18,5 21 8,3 8 3,1 4 1,6 5 2,0 46 18,1 Unidade 2 (183) n % 65 35,5 36 19,7 17 9,3 19 10,4 27 14,8 2 1,1 5 2,7 32 17,5 Dentre as mulheres que relataram hipertensão na gravidez, cerca de 65%, nas duas unidades, faziam uso de medicação para tratamento dessa patologia. A única diferença entre as intercorrências obstétricas informadas pelas mulheres foi o maior relato de perda de líquido durante a gravidez por rotura alta das membranas ovulares na unidade 2. Deve-se ressaltar também a baixíssima prevalência de algumas intercorrências que foram avaliadas, como infecção por herpes genital, HPV, e exame preventivo alterado. Decisão pelo tipo de parto ao final da gestação Cerca de 70% das mulheres relataram que, ao final da gestação, já havia a decisão de realização de cesariana. Na unidade 1, em quase metade dos casos a escolha foi da mulher, enquanto na unidade 2, na maioria das vezes essa foi uma decisão conjunta da mulher e do médico (tabela 14). É importante, portanto, destacar que a proporção de mulheres com opção pelo parto cesariano duplicou em relação à preferência referida no início da gestação. Quando a decisão foi apenas da mulher, os principais fatores relatados foram: o desejo de ligar as trompas, não querer sentir a dor do parto, e histórico de cesariana anterior. Quando foi exclusiva do médico ou conjunta com a mulher, os mais citados foram: a presença de circular de cordão, histórico de cesariana anterior, o relato de um bebê grande, e a presença de complicações na gravidez, sobretudo a hipertensão (tabela 15). 21 Tabela 14 – Decisão pela realização de cesariana ao final da gestação, segundo local de internação da puérpera Unidade 1 n (254) % Decisão por cesariana Sim Não 177 77 De quem foi essa decisão Mulher Médico Conjunta Unidade 2 n (183) % 69,7 30,3 143 40 78,1 21,9 48,6 16,9 34,5 n (142) 39 27 76 27,5 19,0 53,5 n (177) 86 30 61 Tabela 15 – Razões para a decisão pela cesariana ao final da gestação, segundo local de internação da puérpera Unidade 1 (177) Unidade 2 (142) De quem foi a decisão De quem foi a decisão Da mulher (86) Do médico ou conjunta (91) Da mulher (39) Do médico ou conjunta (103) Desejo de ligar as trompas n 40 % 46,5 n 8 % 8,8 n 14 % 35,9 n 17 % 16,5 Histórico de cesariana anterior 24 27,9 11 12,1 11 (38) 28,9 20 (94) 21,3 Não queria sentir a dor do parto 35 40,7 6 6,6 25 64,1 22 21,4 Bebê tinha circular de cordão 14 16,3 26 28,6 5 12,8 27 26,2 Bebê era grande 7 8,1 11 12,1 5 12,8 27 26,2 Bebê sentado / atravessado 4 4,7 11 12,1 1 2,6 11 10,7 Preventivo alterado, herpes, HPV 2 2,3 4 4,4 0 0,0 2 1,9 Medo de falta de vaga para internação 3 3,5 3 3,3 3 7,7 5 4,9 Medo da violência da cidade 9 10,5 10 11,0 4 10,3 7 6,8 21 24,4 60 65,9 5 12,8 42 40,8 Outra complicação na gravidez 22 Na análise multivariada (tabela 16), verificamos que idade menor que 20 anos (OR: 0,20; IC95% 0,06-0,62), maior escolaridade (OR: 0,71; IC95% 0,53-0,95) e informação sobre as vantagens do parto normal (OR: 0,31; IC95% 0,10-0,92) foram protetores, enquanto preferência inicial pela cesariana (OR: 23,9; IC95% 7,26-78,97) esteve fortemente associada a uma maior decisão pelo parto cesariano ao final da gestação. Também mostrou associação positiva presença de circular de cordão e hipertensão, porém sem significância estatística. Tabela 16 - Fatores associados à decisão por cesariana no final da gestação B Variável (n = 437) Step Faixa etária (20 a 34) 1(a) Faixa etária (até 19) Faixa etária (35 e >) Anos de estudo Preferência inicial por Parto Cesáreo Informação médica sobre Vantagens do Parto Cesáreo Informação da mulher sobre Vantagens do Parto Normal Presença de Circular de cordão Diagnóstico de Hipertensão Constant S.E. Sig. Exp(B) 95,0% C.I.for EXP(B) Lower Upper ,015 -1,619 ,216 -,344 3,176 ,581 ,467 ,148 ,609 ,005 ,643 ,020 ,000 ,198 1,241 ,709 23,940 ,063 ,497 ,530 7,257 ,618 3,099 ,948 78,976 ,085 ,348 ,807 1,088 ,550 2,153 -1,173 ,554 ,034 ,309 ,105 ,916 ,567 ,731 ,320 ,446 ,076 ,101 ,942 ,867 3,301 4,979 5,216 1,741 ,003 1,763 2,077 184,11 0 Assistência ao parto Foi encontrada uma proporção de 88,1% de partos cesarianos e 11,9% de partos normais, com distribuição semelhante nas duas maternidades (tabela 17). Não houve relato de parto vaginal operatório (fórceps ou vácuo). Das mulheres com parto cesáreo, 17% referiam ter entrado em trabalho de parto antes da realização da cirurgia. Entretanto, após revisão dos questionários, verificou-se que apenas 8% dessas mulheres haviam realmente entrado em trabalho de parto. Ou seja, 92% das cesarianas foram realizadas eletivamente, antes da entrada da mulher em trabalho de parto. Do total de cesarianas, 37,1% ocorreram exclusivamente por escolha da mulher, sendo as demais por indicação médica ou decisão conjunta. 23 Tabela 17 – Características dos partos, segundo local de internação da puérpera. Unidade 1 n % Tipo de parto Vaginal Cesárea n (254) 22 232 Eletiva Não eletiva n (232) 205 27 Justificativa da cesariana Por indicação médica ou conjunta Por escolha da mulher n (232) 147 85 Tipo de cesariana Unidade 2 n % 8,7 91,3 n (183) 22 161 12,0 88,0 88,4 11,6 n (161) 155 6 96,3 3,7 63,4 36,6 n (161) 97 64 60,2 39,8 Quando houve participação do médico na indicação da cesariana, verifica-se que as principais causas relatadas pelas mulheres foram: “falta de passagem”, hipertensão arterial, presença de circular de cordão, e outras razões, nas quais predominaram uma suposta falta de condição para o parto vaginal, alterações de líquido amniótico e outros problemas de saúde da mulher (tabela 18). Essas informações relatadas pelas mulheres contrastam com as informações médicas disponíveis no prontuário hospitalar. As principais indicações registradas pelos obstetras foram a desproporção céfalo-pélvica, a hipertensão arterial, as distocias, a parada de progressão e a amniorexe, sem diferenças entre as duas unidades, com exceção da indicação “cesariana anterior”, superior na unidade 2 (tabela 19). Deve-se ressaltar, entretanto, que em 37% dos partos cesáreos na Unidade 1 e em 8,7% na Unidade 2, não havia no prontuário qualquer indicação para essa via de parto. Em muitos casos encontrou-se apenas a palavra “cesariana”, a descrição do procedimento cirúrgico, ou a expressão “trabalho de parto”, dando a entender que a indicação da cesariana foi o fato da mulher ter entrado em trabalho de parto. A qualidade do registro do médico pediatra foi ainda pior, não havendo relato da indicação da cesariana por esse profissional em 85% dos casos. Após revisão e análise dos partos cesáreos (eletivos ou não) com indicação médica, não foi possível avaliar a adequação da indicação em 24 10,2% por ausência de informações no prontuário. Nos casos em que foi possível a avaliação, concluiu-se que 91,8% foram inadequadas e apenas 8,2% adequadas. A principal razão para a inadequação da indicação da cesariana foi a ausência de uma prova de trabalho de parto para várias condições que não constituem indicações absolutas para um parto cesáreo. Tabela 18 – Indicação das cesarianas por relato da mulher, segundo local de internação da puérpera Unidade 1 n (232) % Cesariana a pedido Cesarianas por indicação médica Desproporção céfalo-pélvica (“falta de passagem”) Uma cesariana anterior Duas ou mais cesarianas anteriores Hipertensão arterial Amniorexe Passou do tempo Bebê sentado ou atravessado Sofrimento fetal / problemas do bebê Circular de cordão Outros 85 37,1 n (147) Alterações do líquido amniótico Unidade 2 n (161) % 64,0 40,4 n (97) 43 4 1 31 9 4 13 10 28 48 29,3 2,7 0,7 21,1 6,1 2,7 8,8 6,8 19,0 32,9 22 6 1 16 9 8 5 9 22 23 22,7 6,2 1,0 16,5 9,3 8,2 5,2 9,4 22,7 24,0 7 14,6 4 17,4 0,0 Descolamento Prematuro dePlacenta 2 4,2 0 Suposta falta condição PN 17 35,4 0 0,0 Outros problemas de saúde 18 37,5 10 45,5 Comodidade/programação 2 4,2 3 13,0 Outros 2 4,2 6 26,1 25 p-valor (χ2) χ2) 0,227 0,115 0,308 0,264 0,184 0,038 0,210 0,226 0,207 0,157 Tabela 19 – Indicação das cesarianas por registro médico, segundo local de internação da puérpera Indicação da cesariana Unidade 1 Prontuário médico Desproporção Céfalo-Pélvica Cesárea anterior Hipertensão Arterial Distocias Não declarado Amniorexe Parada de progressão Outros Unidade 2 p-valor (χ2) χ2) n (232) % n (161) % 38 2 21 19 86 11 8 47 16,4 0,9 9,1 8,2 37,1 4,7 3,4 20,3 28 14 16 15 14 16 25 33 17,4 8,7 9,9 9,3 8,7 9,9 15,5 20,5 0,792 0,000 0,767 0,696 0,000 0,045 0,000 0,954 Em relação ao manejo do trabalho de parto, considerou-se para análise as informações fornecidas por todas as 129 mulheres que relataram ter entrado em trabalho de parto. Optou-se por incluir todas essas mulheres, e não apenas aquelas que os revisores avaliaram que realmente apresentaram trabalho de parto, por essas mulheres terem sido internadas e submetidas a diversos procedimentos médicos. Nota-se, na tabela 20, que ainda são utilizadas, nas duas maternidades, práticas considerados prejudiciais pela Organização Mundial de Saúde. Por outro lado, observa-se baixa incorporação de práticas consideradas benéficas para o manejo do trabalho de parto. Verificam-se também diferenças significativas entre as duas unidades em relação ao acesso a algumas práticas assistenciais, principalmente a restrição ao leito, a presença de acompanhantes e o uso de analgesia peridural, revelando um padrão assistencial inferior na unidade 2, onde são atendidas as mulheres de mais baixo nível sócio-econômico. Avaliou-se que 64,9% das mulheres tiveram manejo inadequado do trabalho de parto, 10,4% parcialmente adequado e nenhum adequado. Em 24,7% dos casos, não foi possível avaliar a adequação do manejo do trabalho de parto. Esses casos foram justamente aqueles em que a mulher apresentou um trabalho de parto de maior duração, em que a ausência de um 26 partograma não permitiu a avaliação da evolução do trabalho de parto e das intervenções médicas utilizadas. Tabela 20 – Práticas adotadas durante o trabalho de parto, segundo local de internação da puérpera Unidade 1 n (72) % Início do trabalho de parto Espontâneo / natural Induzido pelo médico Não soube responder 71 1 0 Práticas adotadas durante o Trabalho de Parto 98,6 1,4 0,0 n (72) Unidade 2 n (39) % 34 2 3 χ2 87,2 5,1 7,7 0,214 n (36) Práticas benéficas Estímulo à deambulação e mudança de posição Acompanhante no trabalho de parto Acompanhante no parto Ingestão de líquidos (água,sucos, etc.) 13 (70) 58 51 3 (70) 18,6 80,6 70,8 4,3 10 22 19 2 27,8 61,1 52,8 5,6 0,276 0,030 0,064 0,770 54 (70) 55 (71) 77,1 77,5 35 32 97,2 88,9 0,008 0,152 71 98,6 27 (35) 77,1 0,000 38,2 16,4 45,5 n (32) 13 12 7 40,6 37,5 21,9 0,033 45,3 n (26) 12 46,2 0,406 Práticas prejudiciais Restrição ao leito Hidratação venosa de rotina Práticas prejudiciais quando utilizadas excessivamente Anestesia peridural ou raquidiana n (55) 21 9 25 Uso de ocitocina* . Sim . Não . Não souberam responder n (53) 24 Prática sem evidência científica suficiente Amniotomia** *Em mulheres que receberam hidratação venosa **em mulheres com bolsa íntegra na admissão hospitalar Para ambos os tipos de parto, foi observada uma ocorrência muito baixa de complicações maternas no pós-parto, inferior a 2%. Devemos ressaltar, entretanto, que ocorreu um óbito materno na unidade 1 durante o período do estudo, em mulher com parto cesariano, e que ainda não havia sido notificado à Secretaria Municipal de Saúde. A análise multivariada mostrou que a decisão por cesariana no final da gestação foi o maior preditor de cesariana no momento do parto (tabela 21). 27 A variável “manejo inadequado do trabalho de parto”, rodada no modelo para as mulheres que entraram em trabalho de parto, mostrou-se associada com maior chance de cesariana, porém sem significância estatística. Deve-se ressaltar, entretanto, que o número de mulheres que entraram em trabalho de parto foi muito pequeno, limitando o poder da análise (tabela 22). Tabela 21 - Fatores associados à realização da cesariana. B Variável (n=437) Step Faixa etária (20 a 34) 1(a) Faixa etária (até 19) Faixa etária (35 e >) Anos de estudo Decisão por Cesariana no final da gestação Constant S.E. Sig. Exp(B) 95,0% C.I.for EXP(B) Lower Upper ,195 -,860 ,511 ,093 ,423 ,155 1,153 -,490 ,547 ,370 ,613 ,210 1,788 ,081 ,107 ,449 1,084 ,879 1,338 2,261 ,374 ,000 9,597 4,610 19,979 ,268 1,214 ,825 1,307 Tabela 22 - Fatores associados à realização da cesariana entre as mulheres que entraram em TP B Variável (n=77) Step Faixa etária (20 a 34) 1(a) Faixa etária (até 19) Faixa etária (35 e >) Anos de estudo Decisão por Cesariana no final da gestação Manejo inadequado do Trabalho de Parto Constant S.E. Sig. Exp(B) 95,0% C.I.for EXP(B) Lower Upper ,844 -,320 ,724 ,658 ,726 ,176 3,001 -,339 ,813 ,677 ,712 ,145 3,504 ,314 ,216 ,146 1,369 ,896 2,091 ,098 ,557 ,860 1,103 ,370 3,288 ,382 ,503 ,447 1,466 ,547 3,930 -3,912 2,490 ,116 ,020 As figuras 1, 2 e 3 apresentam o resumo das trajetórias das mulheres a partir de seu desejo inicial em relação ao tipo de parto (normal, cesárea ou sem preferência), até a via de parto final. 28 Figura 1 – Trajetória das gestantes com preferência inicial pelo parto cesáreo Total de mulheres 437 Cesariana 152 35% Preferência inicial Cesariana 147 97% Decisão no final da gestação Tipo de parto PC 142 Normal 5 PN 5 97% 3% PC 3 3% PN 2 60% 40% Figura 2 – Trajetória das gestantes com preferência inicial pelo parto normal Total de mulheres 437 Normal 210 48% Preferência inicial Cesariana 118 56% Decisão no final da gestação Tipo de parto PC 113 Normal 92 44% PN 5 96% PC 4% 67 PN 73% 25 27% Figura 3 – Trajetória das gestantes sem preferência inicial pelo tipo de parto Total de mulheres 437 Sem preferência 75 17% Preferência inicial Cesariana 55 73% Decisão no final da gestação Tipo de parto PC 53 96% Normal 20 27% PN 2 29 PC 4% 16 PN 80% 4 20% Resultados perinatais Foram registrados 441 nascimentos, sendo dois óbitos fetais. Dois recém-natos da unidade 1 evoluíram para óbito neonatal precoce. Foram verificadas três gestações múltiplas (0,7% do total), sendo duas gemelares e uma de trigêmeos. O peso ao nascimento foi, em média, de 3.102 g, sem diferença entre as duas unidades estudadas. Na unidade 1 foi observada uma proporção de 11,8% de baixo peso ao nascer (peso < 2.500g), enquanto na unidade 2 esse valor foi de 9,8% (tabela 23). A idade gestacional do recém-nascido foi de difícil avaliação. Esta informação estava ausente do prontuário obstétrico em 30% dos casos e, quando relatada, não havia descrição do método de cálculo. No prontuário neonatal, a descrição de idade gestacional pelo Capurro estava ausente em 31,6% dos casos. Considerando a entrevista, onde a mãe relatava a data provável do parto pela Ultra-sonografia, foi possível estimar a idade gestacional para a maioria dos partos. Foi identificado que 12% dos nascimentos foram pré-termo, porém quando se avaliou a concordância entre as três diferentes medidas, o valor do kappa não alcançou 0,7. Os valores de asfixia no primeiro e quinto minutos foram semelhantes nas duas unidades. A asfixia moderada / grave no primeiro minuto ficou em torno de 10% enquanto no quinto minuto, apenas 1,6%. A freqüência de manobras de reanimação foi desproporcional aos casos de asfixia. Na unidade 1, quatro crianças apresentaram asfixia grave e há relato de três procedimentos de intubação orotraqueal. Foram 21 crianças com asfixia moderada e 40 submetidas à ventilação com ambu e máscara. Na unidade 2, das duas crianças com asfixia grave, uma foi intubada, enquanto para quinze crianças com asfixia moderada, há registro de cinco submetidas à máscara/ambu e quatorze a oxigênio inalatório. Ambas as unidades apresentaram cerca de 10% de internação em serviços de cuidado neonatal (intensivo ou intermediário). Os distúrbios respiratórios foram a causa mais freqüente de internação, correspondendo a mais de 80% das causas. Contudo, houve diferença na classificação dos quadros clínicos, predominando desconforto respiratório/taquipnéia na 30 unidade 2, enquanto na unidade 1 houve maior variação de diagnósticos pediátricos. Dos recém-natos com complicações respiratórias, quase a totalidade necessitou de algum tipo de suporte ventilatório. Na unidade 1, observou-se maior utilização de CPAP e ventilação mecânica, enquanto na unidade 2 predominou o uso de oxyhood. Tabela 23 – Resultados neonatais, segundo local de internação da puérpera Unidade 1 n (255) % Unidade 2 n(185) % p-valor (χ2) χ2) Peso ao nascer < 1500g 1500-2499g 2500-3999g 4000 e + 4 26 213 12 1,6 10,2 83,5 4,7 4 14 162 5 2,2 7,6 87,5 2,7 0,505 Apgar 10 minuto <3 4a6 7 ou + 4 21 230 1,6 8,2 90,2 2 15 168 1,1 8,1 90,8 0,908 Apgar 50 minuto <3 4a6 7 ou + 1 3 251 0,4 1,2 98,4 1 2 182 1,1 0,5 98,4 0,542 Manobras na sala de parto Não Oxigênio inalatório Máscara + ambu Intubação Outros 208 0 40 3 4 81,6 0 15,7 1,2 1,5 161 14 5 1 2 88,0 7,7 2,7 0,5 1,1 0,000 Diagnósticos pediátricos Desconforto respiratório Asfixia Doença da membrana hialina Prematuridade Infecção GIG Outros n(31) 14 3 1 5 1 2 5 % 45,2 9,7 3,2 16,1 3,2 6,5 16,1 n(24) 17 1 2 0 0 0 4 % 70,8 4,2 8,3 0,0 0,0 0,0 16,7 0,174 Suporte ventilatório Não Oxihood CPAP nasal Ventilação mecânica n(253) 235 3 6 9 % 92,9 1,2 2,4 3,6 n(184) 169 11 3 1 % 91,9 6,0 1,6 0,5 0,009 31 Discussão Este estudo foi concebido como um estudo exploratório, tendo por objetivos avaliar a viabilidade de realização de uma pesquisa dessa natureza em uma amostra de estabelecimentos da rede de serviços privados, identificar fatores associados aos partos cesarianos que pudessem ser melhor investigados em estudos futuros, e fornecer subsídios para a elaboração de estratégias a serem elaboradas e adotadas pela ANS visando à qualificação da assistência ao parto na rede de serviços que compõem o sistema de saúde suplementar. Por ser um estudo piloto, o mesmo apresentou limitações relacionadas não só ao tamanho da amostra, que foi pequeno para permitir análises conclusivas sobre os possíveis fatores associados à realização do parto cesáreo, como também a validade e confiabilidade do instrumento de coleta de dados empregado, que não permitiu aferir todas as questões previstas no plano de análise inicial. Uma segunda limitação foi concernente à elevada resistência de alguns serviços à realização da pesquisa, principalmente daqueles com atendimento a mulheres de maior poder aquisitivo, o que modificou o perfil da clientela incluída, diferente do plano inicial. Uma negociação prévia da ANS com a administração desses serviços se tornará necessária para realização de futuros estudos, mais abrangentes e representativos. Por último, o modelo teórico da decisão final por cesariana contemplava perguntas relativas ao início e desenrolar da gravidez. Portanto, o desenho de estudo adotado talvez não tenha sido o mais adequado, já que obteve retrospectivamente a informação sobre as mudanças ocorridas ao longo da gestação, estando sujeito a viés de memória. Mesmo com essas limitações, o estudo traz contribuições importantes para o debate acerca do excesso de cesarianas nesses serviços e aponta para possíveis estratégias a serem adotadas. O primeiro resultado importante foi a elevada aceitação das mulheres para participação na pesquisa, mesmo entre aquelas com resultados perinatais adversos (óbito fetal ou neonatal, internação em UTI neonatal). O segundo resultado relevante foi a diferença encontrada entre as duas unidades estudadas em relação às características sócio-econômicasdemográficas das mulheres atendidas e no acesso a serviços de pré-natal, 32 informações e práticas assistenciais adotadas, demonstrando que os serviços do sistema de saúde suplementar não são homogêneos, e que estratégias diferenciadas provavelmente serão necessárias. Em relação à preferência das mulheres pelo tipo de parto, verificamos que a grande maioria das mulheres (70%) ainda prefere o parto normal. Entre as primíparas esta proporção é ainda maior (cerca de 80%). Este resultado é corroborado por outros estudos brasileiros, onde foi identificada a preferência inicial por parto normal, também com destaque para as primíparas (Hopkins, 2000; Potter et al., 2001; Behague et al, 2002; D´Orsi et al., 2006) Do total de mulheres entrevistadas, 30% demonstraram preferência pelo parto cesáreo já no início da gestação. Quando se analisam os fatores que influenciam a decisão pelo tipo de parto, e que podem ser trabalhados no âmbito do setor saúde, destaca-se a informação prévia sobre os tipos de parto e a elevada proporção de mulheres que referem medo tanto do parto normal quanto da cesariana. A elevada proporção de mulheres que referiram o medo da dor do parto normal para a escolha de um parto cesáreo foi surpreendente, considerando-se a disponibilidade atual de analgesia peridural e de outros métodos não farmacológicos para alívio da dor. Esses dados reforçam a necessidade de trabalhos educativos voltados para a mulher e para a população geral, divulgando informações sobre as vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de parto, sobre as práticas assistenciais disponíveis, incluindo os métodos para alívio da dor, visando reforçar a opção pelo parto normal. No caso das multíparas, além do medo da dor do parto normal, o desejo de ligar as trompas e experiências reprodutivas anteriores favoráveis à cesariana também estiveram associados à escolha desse tipo de parto, fatores também identificados por outros autores (Hopkins, 2000; Potter et al, 2001). O elevado número de mulheres que buscam a cesariana como forma de obtenção da laqueadura, aponta para a necessidade de ampliação do acesso a outros métodos contraceptivos, bem como para o melhor esclarecimento das mulheres sobre outras formas de realização deste procedimento. Deve-se salientar que a legislação brasileira vigente não 33 permite a realização da laqueadura tubária no momento do parto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por risco de vida materno ou cesarianas sucessivas anteriores, sendo passível de pena a cesariana indicada para fim exclusivo de esterilização (lei 9263 de 12 de janeiro de 1996). A história de cesariana prévia, embora não tenha alcançado significância estatística, mostrou-se como fator de risco para a escolha inicial por esta via de parto, resultado concordante com outros estudos (Potter et al, 2001, Faisal-Cury & Menezes, 2006). Ressalta-se que, neste estudo, 65% das multíparas com cesariana prévia escolheram esta via de parto no início da gestação, indicando a necessidade de diminuição da realização da primeira cesariana. O medo de o parto normal alterar a vida sexual foi uma razão pouco citada pelas mulheres deste estudo para justificar a preferência pelo parto cesáreo, resultado semelhante ao encontrado em outros estudos nacionais (Hopkins, 2000; Potter et al, 2001). Entretanto, é possível que este fator tenha maior relevância em outros grupos sociais e deve ser melhor investigado em estudos futuros. Uma grande mudança no perfil da preferência pelo tipo de parto ocorreu já no final da gravidez, quando a maioria das mulheres referiu já haver uma decisão pela cesariana, seja por escolha sua, do médico ou conjunta. É importante destacar a baixa informação referida pelas mulheres em relação às vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de parto, a baixa participação do médico como fonte desta informação, e a baixa prevalência de intercorrências médicas que justifiquem a indicação de uma cesariana. Vale ressaltar que as escolhas/decisões das mulheres tiveram forte associação na análise multivariada. Quando da decisão por cesariana no final da gestação, a “preferência inicial” foi o mais forte preditor. Já no desfecho final do parto, a variável mais fortemente associada foi “decisão do final da gestação”, processo em geral determinado pela influência do médico. Embora ainda não haja evidência a partir de ensaios clínicos, a literatura aponta a possibilidade de complicações maternas e neonatais associadas à realização de cesarianas sem indicações obstétricas reais. Portanto, esperar-se-ia encontrar um efeito positivo do aconselhamento 34 médico no sentido de favorecer a tentativa de parto vaginal pelas mulheres. De forma inversa, verifica-se que este efeito protetor à opção pelo parto normal não aconteceu, provavelmente evidenciando que os obstetras não valorizam as possíveis morbidades associadas à cesariana. Pelo contrário, ao longo do atendimento pré-natal, surgem novas questões que conduzem a indicações de cesarianas desnecessárias (Hopkins, 2000). O predomínio de algumas razões referidas pelas mulheres para a realização da cesariana, como presença de circular de cordão, relato de bebê grande, história de cesárea prévia, em detrimento de intercorrências clínicas ou obstétricas reais, tais como a hipertensão e a diabetes, revela o alargamento das indicações de cesarianas adotadas pelos obstetras. As indicações das cesarianas que predominaram neste estudo são exemplos de situações em que o tipo de orientação fornecida pelo médico poderia influenciar a decisão da mulher pelo tipo de parto. Nenhuma dessas situações se constitui em uma indicação absoluta para um parto cesariano, e todas as mulheres nessas condições deveriam ser aconselhadas sobre as vantagens e desvantagens de ser submetida a uma prova de trabalho de parto. A estimativa do peso do recém-nascido durante o pré-natal, por exemplo, tem acurácia variável (Chauhan, 1998) e esta é uma informação que deveria ser discutida com as mulheres. Neste estudo, para as mulheres que foram submetidas a cesariana por causa de “um bebê grande”, o peso ao nascer médio foi de 3.500g e apenas um bebê apresentou peso superior a 4500g, valor adotado pela literatura médica atual para definição de macrossomia fetal (Raio, 2003, Gonen, 1996). Entretanto, com a banalização da cesariana, as mulheres não estranham mais a indicação de tantas cirurgias e acabam abrindo mão de seu desejo inicial por um parto normal e concordando com a realização da cesariana. É importante ressaltar que esse processo de tomada de decisão pelo tipo de parto se dá numa relação de poder que se estabelece no diálogo entre o médico e a mulher, e que muitas vezes inibe qualquer questionamento da decisão do profissional, em especial se existe uma grande diferença econômica e cultural. 35 Para que as mulheres sejam de fato consumidoras informadas, e possam escolher adequadamente o melhor tipo de parto segundo sua condição de saúde, crenças e valores pessoais, é fundamental que as mesmas se sintam completamente informadas e que o médico seja o interlocutor prioritário para essa escolha (Behague et al., 2002). O terceiro momento de mudança ocorreu durante a internação para o parto, quando a opção ou concordância de 60% das mulheres pelo parto operatório resultou numa proporção de parto cesáreo de 90%. Dois fatores merecem destaque nesse momento. A primeira é o excesso de cesarianas eletivas e a baixíssima proporção de mulheres que entram em trabalho de parto, seja de forma espontânea ou induzida. A segunda é o manejo do trabalho de parto, avaliado como inadequado em pelo menos 70% dos casos, considerando as recomendações da Organização Mundial de Saúde. A ausência de tentativa de parto normal em mulheres com cesariana anterior demonstra que a prova de trabalho de parto nestas gestantes, estratégia utilizada em muitos países para reduzir as taxas de cesariana, não foi considerada como uma opção pelos profissionais que as atenderam. Deve-se ressaltar que 35% das mulheres com cesariana prévia neste estudo não tinham preferência inicial pelo parto cesáreo, e teriam grande possibilidade de aceitação de uma prova de trabalho de parto, se fossem informadas dessa alternativa. A ausência de partos vaginais operatórios (fórceps e vácuo) também merece destaque uma vez que em todo o mundo estes instrumentos são utilizados durante partos vaginais complicados. Nos EUA, de 1990 a 2000, houve um aumento de 41% no número de partos vaginais operatórios em especial pela maior utilização do vácuo (Demissie et al, 2004) e na Inglaterra a taxa de partos vaginais operatórios varia de 10 a 15% (RCOG, 2005). A ausência de qualquer parto instrumental no grupo estudado fala a favor de uma opção dos profissionais pela cesariana em detrimento do uso destas técnicas na assistência às gestantes na iniciativa privada. A indução do trabalho de parto também apresentou freqüência muito baixa, sendo relatada por menos de 4% das mulheres deste estudo, enquanto em serviços internacionais essa proporção é de 20% (RCOG, 2001). Tem-se observado um aumento da indução do trabalho de parto em 36 diversos países, determinado pela oferta de novos métodos de amadurecimento do colo uterino e de indução do trabalho de parto nos últimos anos. Nos EUA, a taxa de indução do trabalho de parto aumentou de 9%, em 1989, para 20,5% em 2001 (Glantz, 2003). A principal indicação da indução do trabalho de parto em diversos serviços é a pós-maturidade. No trabalho de D´Orsi et al. (2006) foi encontrada forte associação inversa entre uso de ocitocina e amniotomia e realização da cesariana. Quanto ao manejo do trabalho de parto, verificamos que as poucas mulheres que entraram em trabalho de parto foram submetidas a um modelo de assistência que, além de não incorporar a utilização de várias práticas consideradas benéficas pela evidência científica, é associada ao uso de muitas práticas condenadas pela OMS. A observação do uso de práticas assistenciais que aumentam a dor do trabalho de parto, como a restrição ao leito e o uso de medicações para aumento das contrações, bem como o acesso limitado à analgesia peridural, principalmente na unidade 2, justificam o medo que as mulheres referem da dor do parto normal. Também merece destaque a internação precoce das gestantes consideradas em trabalho de parto. A literatura (D´Orsi et al, 2006, McNiven, 1998) aponta para uma maior proporção de intervenções médicas e maior taxa de cesarianas quando uma gestante é admitida precocemente com pouca dilatação (até 3 cm de dilatação). Neste estudo, 41,2 % das mulheres que relataram ter entrado em trabalho de parto foram admitidas com dilatação de até 3 cm. O intervalo de tempo registrado entre a internação e o parto foi muito curto, em média de 4 horas, e metade das mulheres foi submetida ao parto cesariano menos de 3horas e meia após a internação. Em diversas ocasiões foi possível verificar que a internação hospitalar aconteceu com a gestante em pródromos de trabalho de parto e a cesariana foi realizada algumas horas depois sem uma tentativa efetiva de alcançar o parto vaginal. É importante ressaltar que em determinados planos de saúde há um aumento da remuneração dos profissionais se há relato de acompanhamento do trabalho de parto. Finalmente, a grande discordância entre a informação dada pela mulher e a indicação da cesariana registrada pelo médico no prontuário fala a 37 favor da pouca informação da parturiente e/ou do preenchimento incorreto da indicação do procedimento cirúrgico. É possível que esta baixa qualidade do registro médico esteja também associada às cesarianas a pedido, quando o médico omite a indicação da cesariana ou utiliza outros diagnósticos para justificar a realização desse procedimento. Em relação aos desfechos maternos, a baixa ocorrência de complicações no pós-parto era o resultado esperado, já que as principais complicações puerperais se manifestam geralmente após a alta hospitalar e a entrevista foi realizada num intervalo muito curto após o parto. Ainda assim, foi observado um óbito materno, evento atualmente raro, principalmente em mulheres com melhor nível sócio-econômico e de acesso a serviços. Quanto aos recém-nascidos, não foi possível avaliar o desfecho de maior interesse, idade gestacional (IG). O percentual de 12% encontrado no período estudado pode ser apenas uma variação aleatória ou resultado de baixa acurácia das estimativas. A literatura sugere que indicações inadequadas de cesariana podem levar à prematuridade iatrogênica e maior morbi-mortalidade respiratória (Zanardo et al, 2004; Barros et al, 2005; Villar et al, 2006; Visco et al., 2006). A informação sobre IG foi insuficiente e de baixa confiabilidade, impedindo análises mais refinadas da prematuridade e da morbidade respiratória na população estudada. A análise da variável peso ao nascer permitiu identificar uma proporção de 10% de baixo peso e de 36,6% com peso insuficiente (<3000g). Segundo dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos, esse valor é semelhante ao observado em outras instituições públicas e privadas do estado do Rio de Janeiro. Entretanto, é possível que esses desfechos tenham diferentes determinações, já que uma maior proporção de baixo peso, ou de ganho insuficiente de peso, seria esperada nas maternidades públicas, onde são atendidas mulheres de maior risco sócio-econômico e obstétrico. Já nas maternidades privadas, outras causas podem estar associadas. Neste estudo, das mulheres que tiveram cesariana eletiva por decisão médica e que tiveram suas indicações avaliadas como inadequadas, cerca de 10% dos bebês apresentaram baixo peso ao nascer. Ainda que as informações disponíveis no prontuário fossem incompletas, o que pode ter limitado a avaliação da adequação da cesariana feita pelos obstetras da equipe do 38 estudo, é um resultado preocupante porque pode estar indicando prejuízos à saúde do bebê determinados por uma assistência obstétrica inadequada. Os resultados de um estudo recente realizado em Minas Gerais também sugerem que as cesarianas eletivas realizadas nos hospitais privados podem estar associadas a um menor peso ao nascimento de recém-nascidos a termo (Murta et al, 2006), hipótese que deve ser melhor investigada em estudos futuros. Para outro desfecho importante, asfixia, houve discordância importante entre o registro de Apgar e as manobras de reanimação, sugerindo um subregistro das condições reais de nascimento dos recém-nascidos. Além de procedimentos diferentes entre as duas unidades, observou-se uma freqüência maior de procedimentos para o nível de asfixia encontrado. Também quando se analisam as internações, observa-se um maior padrão de gravidade na unidade 1, considerando os diagnósticos pediátricos e as práticas de reanimação e ventilação. No entanto as faixas de peso ao nascer e idade gestacional foram muito semelhantes, causando estranhamento neste perfil de gravidade, ainda mais quando ocorreu na maternidade cuja clientela tem melhor perfil socioeconômico e maior acesso a serviços e informações em saúde. Não se pode aprofundar esta discussão em relação a boas práticas, pela provável má qualidade de registro nos prontuários e pelo número pequeno de recém-nascidos analisados quanto a estes eventos. Conclusões Como conclusões do estudo, pode-se apontar para a necessidade de realização de novas investigações, com a participação de um número de maior de mulheres e com o envolvimento de outros tipos de serviços, principalmente daqueles que prestam assistência a mulheres de maior nível sócio-econômico, com o objetivo de aprofundar o modelo de análise proposto. Um fator limitante para qualquer estudo que vise à avaliação da adequação das indicações das cesarianas e dos desfechos perinatais é a baixíssima qualidade dos registros hospitalares, com informações incompletas, incorretas e muitas vezes discordantes das informações maternas. A implantação de impressos específicos para acompanhamento do 39 trabalho de parto e parto é uma estratégia fundamental para a qualificação da assistência às parturientes e também para trabalhos futuros de monitoramento e avaliação do cuidado prestado. Da mesma forma que outros estudos, identifica-se uma elevada proporção de mulheres que desejam o parto normal no início da gestação, mas que por razões diversas, principalmente relacionadas à atuação do profissional médico, acabam por ter uma proporção extremamente elevada de partos cesáreos. O fornecimento de informações às mulheres, antes e durante a gestação, parece ser um caminho promissor para a reversão deste quadro, ainda que estudos não demonstrem a redução das taxas de cesariana com essa estratégia isoladamente (Horey, 2004, Shorten et al, 2005). Sabe-se, porém, que outros resultados psicossociais positivos estão associados ao aumento da informação das mulheres (Gagnon, 2000, Lauzon & Hodnett, 2000, Brown &Smith, 2004). Além disso, espera-se que consumidoras informadas possam modificar o padrão de oferta de serviços de atenção ao parto (Enkin et al, 2000). É importante que essa informação seja oportuna e adequada, tanto na forma como no conteúdo, e estudos futuros poderiam avaliar que tipo de informação tem sido fornecida às mulheres em relação aos argumentos pró e contra as duas vias de parto. A mudança das práticas assistenciais vigentes certamente é a tarefa mais difícil para a redução de tantas cesarianas desnecessárias. Giffin e colaboradoras (2000), na conclusão de seu trabalho “Modificações na Atenção ao Parto”, realizado em serviços de saúde localizados no Rio de Janeiro, já apontavam para alguns fatores que devem ser considerados na redução das taxas de cesariana: a) diminuição da internação precoce, em fase latente ou na ausência de trabalho de parto b) revisão dos critérios de diagnóstico da desproporção céfalo-pélvica e da parada de progressão, realizados em fases precoces do trabalho de parto; c) melhoria no manejo da hipertensão, visando maior proporção de parto vaginal entre mulheres hipertensas; d) redução da realização da primeira cesárea; e) incentivo à realização de parto vaginal após cesárea; f) e discussão dos procedimentos 40 realizados de maneira rotineira à luz de evidências científicas de seus benefícios, evitando iatrogenias. Todas essas estratégias permanecem válidas e atuais, mas esbarram no modelo de atenção predominante, focado no profissional médico, no uso rotineiro de intervenções e na baixa valorização de aspectos psico-sociais do parto e nascimento. Talvez a grande mudança esteja na mudança do modelo, com a ampliação do número de serviços com novas propostas assistenciais e a incorporação de outros profissionais na assistência ao parto e nascimento, tais como enfermeiras obstetras e doulas. 41 Referências bibliográficas 1. Yazlle ME, Rocha JS, Mendes MC, Patta MC, Marcolin AC, de Azevedo GD. Incidência de cesáreas segundo fonte de financiamento da assistência ao parto. Rev Saúde Pública 2001; 35(2):202-6. 2. Potter JE, Berquó E, Perpétuo IHO, Leal OF, Hopkins K,Souza MR, Formiga MCC. Unwanted caesarean sections among public and private patients in Brazil: prospective study. BMJ 2001;323:1155–8 3. Gomes UA, Silva AA, Bettiol H, Barbieri MA. 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Apesar de resultados controversos, aponta-se um aumento de risco para desfechos desfavoráveis maternos e perinatais, à medida que aumenta a taxa de cesarianas, mesmo após o ajuste para outros fatores de risco (Bettiol et al., 2000; Zanardo et al., 2004; Barros et al., 2005; Villar et al., 2006; Visco et al., 2006; Liu et al., 2007). Revisões sistemáticas da Cochrane Collaboration não identificaram ensaios clínicos randomizados sobre o tema, sendo a evidência proveniente de estudos observacionais, com seus vieses e potenciais limitações (Dodd et al., 2004). Frente aos problemas levantados torna-se fundamental a geração de informações de boa qualidade para análise de sua tendência, causas e conseqüências, de forma a permitir o monitoramento dos programas implementados e a avaliação da efetividade. O presente trabalho tem como objetivo analisar comparativamente as unidades SUS e não-SUS (privadas) no município do Rio de Janeiro, no período de 1996 a 2004, segundo variáveis maternas e do recém-nascido, e identificar quais as variáveis melhor explicam a ocorrência de prematuridade, com base nos dados do SINASC. 2- Sujeitos e Métodos Foram analisados os nascimentos ocorridos no município do Rio de Janeiro – MRJ no período de 1996 a 2004, constantes da base de dados Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos - SINASC. 46 As variáveis incluídas na análise foram: idade da mãe, estado civil, nível de escolaridade, número de consultas pré-natal, tipo de gravidez, tipo de parto, idade gestacional, apgar no 5º minuto e peso ao nascer. Como algumas variáveis tiveram suas categorias modificadas a partir de 1999 em virtude da mudança do sistema operacional do banco de dados, passando de DOS para o ambiente Windows, foi necessário a compatibilização entre algumas variáveis. A idade da mãe foi categorizada em “de 10 a 19 anos”, “20 a 34 anos” e “35 ou mais”. A idade gestacional foi categorizada em “menor que 37 semanas” e “37 semanas ou mais”. A variável “Apgar ao 5º minuto” foi dicotomizado em “menor que 7” e “7 ou mais”. Para aferir o percentual de baixo peso e muito baixo peso ao nascer, foram criadas as categorias “Menor que 1500 g”, “de 1500 a 1999 g”, “de 2000 a 2499 g” e “2500 e mais”. Em relação à escolaridade foram criadas as categorias, “Fundamental Incompleto” (menos de 8 anos de estudo) e “Fundamental completo e mais” (8 ou mais anos de estudo), sendo que no período de 1999 não foi possível mensurar esta variável, analisando-se, neste caso, apenas o biênio 2000/2001. O número de consultas pré-natal foi analisado conforme disponível no SINASC a partir de 1999, em “de 0 a 3 consultas”, “de 4 a 6 consultas” e “7 ou mais”. Devido a incompatibilidade entre as categorias, foi excluído da análise o primeiro período do estudo. Em relação ao tipo de parto, até 1999 as categorias disponíveis eram “vaginal”, “cesáreo”, “fórceps” e “outro”. Desde então a categoria “fórceps” encontra-se agrupada com parto vaginal e a categoria “outro” foi excluída. Como são observadas lógicas distintas na estruturação dos serviços públicos, conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e os privados acarretando as diferenças nas práticas de assistência ao parto, como também no perfil da clientela, a análise foi estratificada em dois grupos: hospitais conveniados ao SUS e privados (não-SUS). Para cada grupo formado foi realizada a distribuição percentual das variáveis segundo cada triênio estudado. A seguir, com o intuito de avaliar a variação percentual ocorrida entre os períodos analisados, calculou-se o coeficiente de variação entre o triênio mais antigo e o mais atual de cada 47 fator. O cálculo do coeficiente de variação se deu pela diferença entre o valor mais atual e o mais antigo, dividido pelo mais antigo. Para os nascimentos prematuros foram estimadas as razões de prevalência (RP) para grupo de idade materna, estado civil, nível de escolaridade da mãe, consulta de pré-natal, tipo de gravidez, tipo de parto, apgar no 5º minuto e peso ao nascer. Foi realizada análise de regressão logística multinomial tendo como variável dependente a prematuridade (idade gestacional menor que 32 semanas e de 32 a 36 semanas), tomando como referência a idade gestacional de 37 semanas ou mais, no período de 2000 a 2004, para as instituições SUS e não-SUS. Foram incluídas no modelo, como variáveis explicativas, idade da mãe (de 10 a 19 anos/ 20 a 34 anos/ 35 ou mais), número de consultas de pré-natal (de 0 a 3 consultas/de 4 a 6 consultas/7 ou mais), nível de escolaridade da mãe (1º grau incompleto/1º grau completo e mais), tipo de parto (vaginal/cesáreo) e ano de nascimento. Utilizou-se a matriz de correlação para identificar a presença de correlação estatisticamente positiva entre as variáveis incluídas no modelo. 3- Resultados O estudo contemplou todos os 794.468 nascimentos ocorridos no município do Rio de Janeiro e registrados no SINASC, no período de 1996 a 2004, categorizados em triênios. A tabela 1 apresenta a distribuição dos nascimentos segundo variáveis relativas às mães e aos recém-natos, por tipo de estabelecimento de ocorrência do parto (SUS e não-SUS). Observa-se que nas instituições vinculadas ao SUS a proporção de mães adolescentes é quase cinco vezes maior quando comparadas com as unidades privadas. Nota-se uma pequena redução no número de nascimentos neste grupo etário (variação percentual de - 6,9%), enquanto nas unidades não-SUS esta queda foi de 32%. Por outro lado, observa-se maior concentração de mães com 35 anos e mais nas instituições privadas. Em relação ao estado civil houve aumento de nascimentos entre as mulheres solteiras nos dois grupos de estabelecimentos, verificando-se, entretanto, uma maior proporção destas nos estabelecimentos do SUS. 48 Tabela 1 - Distribuição percentual (%) das variáveis do SINASC segundo tipo de prestador. Município do Rio de Janeiro, 1996-2004. Variáveis 1996-1998 Idade da mãe 10 a 19 25,9 20 a 34 65,2 35 e mais 8,9 Estado civil Solteira Casada Viúva Separada Escolaridade Fundamental Incomp. 62,9 Fund. Comp. e mais 37,1 Consulta pré-natal 0a3 4a6 7 e mais Tipo de gravidez Única 97,5 Dupla 2,5 Tipo de parto Vaginal 68,2 Cesáreo 31,8 Idade Gestacional < 37 semanas 9,7 37 semanas e mais 90,3 Apgar 5º min <7 3,2 7 e mais 96,8 Peso ao nascer (g) < 1500 2,1 1500 a 1999 2,7 2000 a 2499 7,8 2500 e mais 87,4 SUS 1999-2001 2002-2004 CV(%) Não SUS 1996-1998 1999-2001 2002-2004 CV(%) 25,6 64,8 9,6 24,1 65,9 10,0 -6,9 1,1 12,4 7,2 78,2 14,6 6,3 76,0 17,3 4,9 75,8 19,3 -31,9 -3,1 32,2 55,0 43,8 0,5 0,7 68,3 30,7 0,4 0,6 24,2 -29,9 -20,0 -14,3 - 29,7 67,7 0,3 2,3 31,7 65,7 0,3 2,3 6,7 -3,0 0,0 0,0 56,8* 43,2* 51,6 48,4 -18,0 30,5 9,8 90,2 11,5* 88,5* 8,5 91,5 -13,3 1,4 19,7 35,0 45,3 16,7 30,1 53,2 -15,2 -14,0 17,4 - 0,6 5,2 94,2 0,4 2,8 96,8 -33,3 -46,2 2,8 97,6 2,4 97,5 2,5 0,0 0,0 97,5 2,5 97,8 2,2 97,3 2,7 -0,2 8,0 66,5 33,5 66,5 33,5 -2,5 5,3 17,3 82,7 14,9 85,1 12,6 87,4 -27,2 5,7 9,3 90,7 11,6 88,4 19,6 -2,1 6,0 94,0 6,4 93,6 8,8 91,2 46,7 -3,0 2,6 97,4 2,5 97,5 -21,9 0,7 1,6 98,4 1,3 98,7 0,9 99,1 -43,8 0,7 2,4 2,8 7,9 86,9 2,6 2,8 8,1 86,5 23,8 3,7 3,8 -1,0 1,0 1,3 5,0 92,7 1,1 1,4 5,1 92,2 1,3 1,6 5,7 91,1 30,0 23,1 14,0 -1,7 *percentuais referentes aos anos de 2000 e 2001 Embora haja um incremento importante do nível de escolaridade das mulheres que pariram nas unidades do SUS, ainda permanece grande a desigualdade entre a clientela dos dois tipos de estabelecimentos. O mesmo pode ser observado em relação às consultas de pré-natal. Em ambos os estratos mais de 80% das mulheres realizam 4 ou mais consultas. A maior 49 redução ocorre na categoria 0-3 consultas e o maior incremento na categoria 4 ou mais consultas, particularmente nas unidades SUS, uma vez que nas unidades privadas a cobertura já é de quase 100% desde 1999. A gestação única corresponde a mais de 97% dos partos realizados, não se verificando variações no período sob análise. Por outro lado, observase uma diferença importante do tipo de parto, com predomínio absoluto da cesariana nas unidades privadas, atingindo patamar de 87,4% no último triênio, com uma variação de 5,7% em relação ao primeiro período, enquanto nas unidades SUS a maioria dos partos realizados é por via vaginal. A tabela 2 avalia a prevalência da prematuridade segundo as variáveis selecionadas para o estudo. Nota-se que a prematuridade aumenta em todas as faixas etárias ao longo do período analisado. O incremento mais expressivo é verificado nas unidades não-SUS, com uma variação percentual de quase 50% ao se comparar o primeiro com o terceiro triênios. Em ambos os estratos, é no grupo etário de 35 anos ou mais que se observa a maior prevalência de prematuridade. Não foi observado nenhum padrão de comportamento específico ao se analisar a relação da prematuridade e o estado civil da mãe. Já em relação à escolaridade verifica-se um aumento da prematuridade nas duas categorias de instrução, particularmente entre aquelas com 1º grau incompleto que deram à luz aos seus bebês nas unidades não-SUS. Coerentemente, quanto mais precoce o parto, menor o número de consultas de pré-natal realizadas. Entretanto, chama a atenção o aumento de partos prematuros entre as mulheres com mais de 4 consultas de pré-natal cujos partos ocorreram em unidades não-SUS. 50 Tabela 2 - Prevalência e Razão de Prevalência de prematuridade(*) segundo tipo de prestador. SINASC, município do Rio de Janeiro, 1996 a 2004. Variáveis 1996-1998 % RP SUS 1999-2001 2002-2004 CV(%) 1996-1998 % RP % RP % RP Idade da mãe 10 a 19 10,5 1,2 10,2 1,2 20 a 34 8,8 ref 8,6 ref 35 e mais 12,7 1,4 11,9 1,4 Estado civil Solteira 12,5 1,4 Casada 8,9 ref Viúva 12,7 1,4 Separada 15,5 1,7 Escolaridade Fundamental Incomp. 9,6 ref 10,5* ref Fund. Comp. e mais 9,6 1,0 11,5* 1,1 Consulta pré-natal 0a3 16,1 3,0 4a6 12,4 2,3 7 e mais 5,4 ref Tipo de gravidez Única 8,9 ref 8,5 ref Dupla ou mais 41,0 4,6 47,5 5,6 Tipo de parto Vaginal 9,3 ref 8,4 ref Cesáreo 10,5 1,1 11,1 1,3 Apgar 5º min <7 45,8 5,5 48,9 6,0 7 e mais 8,4 ref 8,2 ref Peso ao nascer (g) Menor que 1500 93,9 28,5 92,6 28,1 de 1500 a 1999 77,7 23,5 78,4 23,8 de 2000 a 2499 34,9 10,6 36,8 11,2 2500 e mais 3,3 ref 3,2 ref (*) idade gestacional < 37 semanas Não SUS 1999-2001 2002-2004 CV(%) % RP % RP 12,6 10,7 15,0 1,2 ref 1,4 20,0 21,6 18,1 6,8 5,6 7,1 1,2 ref 1,3 8,1 6,1 7,3 1,3 ref 1,2 10,1 8,3 10,5 1,2 ref 1,3 48,5 48,2 47,9 11,7 11,1 13,8 13,8 1,1 ref 1,2 1,2 -6,4 24,7 8,7 -11,0 - - 8,2 7,4 8,7 7,9 1,1 ref 1,2 1,1 8,7 8,9 11,4 9,7 1,0 ref 1,3 1,1 6,1 20,3 31,0 22,8 11,1 12,0 ref 1,1 15,6 25,0 5,7 6,0 ref 1,1 8,0* 7,4* ref 0,9 9,1 8,8 ref 1,0 59,6 46,7 22,9 15,8 5,4 4,2 2,9 ref 42,2 27,4 0,0 - - 18,0 21,1 5,5 3,3 3,8 ref 29,7 36,8 7,8 3,8 4,7 ref 65,0 74,4 41,8 10,6 52,2 ref 4,9 19,1 27,3 5,2 37,9 ref 7,3 5,6 40,0 ref 7,1 7,5 54,4 ref 7,3 44,2 43,5 9,6 15,1 ref 1,6 3,2 43,8 7,6 5,6 ref 0,7 7,4 6,2 ref 0,8 9,6 8,7 ref 0,9 26,3 55,4 51,7 10,6 4,9 ref 12,9 26,2 39,2 5,3 7,4 ref 37,8 5,9 6,4 ref 46,8 8,4 5,6 ref 19,4 58,5 95,8 84,7 43,1 3,8 29,0 25,7 13,1 ref 2,0 9,0 23,5 15,2 93,7 28,4 93,7 74,7 22,6 77,7 34,4 10,4 36,9 2,5 ref 2,9 28,4 23,5 11,2 ref 97,0 29,4 89,5 27,1 47,3 14,3 3,8 ref 3,5 19,8 37,5 52,0 51 Em relação à via de parto, o aumento da prematuridade se dá tanto entre nascidos vias vaginal quanto por parto cesáreo nas instituições privadas (coeficiente de variação de 26,3% e 55,4%, respectivamente). Já nas instituições do SUS, tal fato é observado de forma mais intensa somente entre os partos cesáreos. Embora a prevalência da prematuridade seja menor entre os recémnatos de partos cesáreos realizados nas instituições não-SUS, observa-se um crescimento contínuo ao longo do tempo. Comparando-se o 1º e 3º triênio a variação percentual foi de 55,4%, enquanto neste mesmo período, nas unidades não-SUS, o aumento foi de 43,8%. Constata-se a relação do baixo peso com a prematuridade nos dois grupos de estabelecimentos. Entretanto, é no grupo de baixo peso limítrofe (2000 a 2499g) que se encontra o maior aumento da prematuridade, tanto nas unidades privadas (variação percentual de 37,5%) quanto nas unidades SUS (coeficiente de variação de 23,5%). As tabelas 3 e 4 mostram os resultados do modelo de regressão logística multinomial tendo como variável resposta a prematuridade. Na Tabela 3 são apresentados os resultados das unidades do SUS e na Tabela 4 das unidades não-SUS. 52 Tabela 3 - Resultados do modelo de regressão multinomial logística, tendo como variável resposta a prematuridade nas unidades do SUS. SINASC Município do Rio de Janeiro, 2000 a 2004. Exp(B) Idade gestacional menor que 32 semanas(*) Faixa etária 20 a 34 anos 1,00 10 a 19 anos 1,21 35 ou mais 1,53 Escolaridade Ensino fundamental incompleto 1,00 Ensino fundamental completo e mais 1,69 Consultas de pré-natal 7 ou mais consultas 1,00 4 a 6 consultas 5,99 0 a 3 consultas 19,28 Tipo de parto Cesáreo 1,00 Vaginal 0,73 Ano de nascimento (contínua) 1,08 Idade gestacional de32 a 36 semana(*) Faixa etária 20 a 34 anos 1,00 10 a 19 anos 1,22 35 ou mais 1,39 Escolaridade Ensino fundamental incompleto 1,00 1,26 Ensino fundamental completo e mais Consultas de pré-natal 7 ou mais consultas 1,00 4 a 6 consultas 2,78 0 a 3 consultas 3,68 Tipo de parto Cesáreo 1,00 Vaginal 0,56 Ano de nascimento (contínua) 1,10 *Categoria de referência 37 semanas ou mais IC 95% 1,14 - 1,28 1,41 - 1,66 1,61 - 1,79 5,48 - 6,54 17,68 - 21,02 0,69 - 0,78 1,07 - 1,10 1,19 - 1,26 1,34 - 1,45 1,23 - 1,30 2,70 - 2,87 3,56 - 3,81 0,54 - 0,57 1,09 - 1,11 Observa-se nas unidades do SUS um incremento do parto prematuro com menos de 32 semanas gestacionais (8,2% ao ano), enquanto naquelas entre 32 e 36 semanas o aumento foi de 10,1%. Já nas unidades não-SUS o incremento da prematuridade a cada ano foi de aproximadamente 15% em ambas as categorias de prematuridade. 53 Tabela 4 - Resultados do modelo de regressão multinomial logística, tendo como variável resposta a prematuridade nas unidades não-SUS. SINASC Município do Rio de Janeiro, 2000 a 2004. Exp(B) Idade gestacional menor que 32 semanas(*) Faixa etária 20 a 34 anos 1,00 10 a 19 anos 1,03 35 ou mais 1,56 Escolaridade Ensino fundamental incompleto 1,00 Ensino fundamental completo e mais 1,51 Consultas de pré-natal 7 ou mais consultas 1,00 4 a 6 consultas 13,31 0 a 3 consultas 15,33 Tipo de parto Cesáreo 1,00 Vaginal 1,96 Ano de nascimento (contínua) 1,16 Idade gestacional de32 a 36 semana(*) Faixa etária 20 a 34 anos 1,00 10 a 19 anos 1,25 35 ou mais 1,20 Escolaridade Ensino fundamental incompleto 1,00 1,34 Ensino fundamental completo e mais Consultas de pré-natal 7 ou mais consultas 1,00 4 a 6 consultas 4,45 0 a 3 consultas 2,53 Tipo de parto Cesáreo 1,00 Vaginal 0,97 Ano de nascimento (contínua) 1,15 *Categoria de referência 37 semanas ou mais IC 95% 0,83 - 1,27 1,39 - 1,76 1,28 - 1,79 11,82 - 14,99 11,84 - 19,84 1,74 - 2,20 1,12 - 1,20 1,14 - 1,37 1,14 - 1,27 1,25 - 1,44 4,14 - 4,78 1,99 - 3,21 0,91 - 1,03 1,13 - 1,16 Em relação à idade materna, a chance de parto prematuro aumenta nos extremos das faixas etárias, particularmente entre as mulheres com mais de 35 anos. Tanto para a prematuridade com menos do que 32 semanas, quanto para a de 32 a 36, em ambos os tipos de prestadores. O maior nível de escolaridade, nível fundamental completo ou mais, mostrou-se associada 54 à prematuridade nos dois grupos de estabelecimentos, em ambas as categorias de idade gestacional. As duas categorias de prematuridade foram mais prevalente naquelas puérperas com menos de três consultas no pré-natal em ambos os estratos de estabelecimentos, sendo mais expressiva na categoria de idade gestacional menor que 32 semanas. Em relação ao tipo de parto, a cesariana mostrou-se associada às duas categorias de prematuridade nas unidades SUS. Por outro lado, nas unidades privadas o parto vaginal apresentou duas vezes mais chance de prematuridade na categoria menor que 32 semanas gestacionais, não mostrando, entretanto, associação do tipo de parto para os nascimentos entre 32 e 36 semanas. 4- Discussão A análise do SINASC do município do Rio de Janeiro revelou maior prevalência de partos na adolescência nos estabelecimentos vinculados ao SUS, ainda que tenha ocorrido uma pequena redução proporcional no período, vindo ao encontro de diversos estudos que apontam este como um fenômeno típico da população de menor nível socioeconômico (Gama et al, 2002). A proporção de cesarianas foi o dobro da taxa máxima de 15% recomendada pela OMS (WHO, 1985) nas unidades SUS e cinco vezes maior nas unidades não-SUS, com tendência de crescimento, mostrando um excesso deste tipo de procedimento em ambos os setores de prestação da assistência. Embora no SINASC a variável número de consultas de pré-natal esteja agrupada em categorias pré-estabelecidas, verifica-se uma chance mais elevada de prematuridade entre aquelas que fizeram menos de quatro consultas. Contribui com isto o fato de a gestante que evolui com parto prematuro não ter tempo hábil para completar o número de consultas adequadas, podendo causar um equívoco na análise e interpretação dos resultados. Uma das questões discutidas em relação ao crescimento das cesarianas em todo mundo diz respeito ao risco aumentado de morbi55 mortalidade materna e perinatal, particularmente da prematuridade e suas conseqüências para o recém-nascido (Wen et al, 2004). Os dados do SINASC revelam aumento da prematuridade entre os partos cesáreos, com uma variação percentual de mais de 50% nas unidades privadas, embora nas unidades do SUS o aumento também se mostrasse expressivo (43,8%). O peso ao nascer, reconhecidamente um indicador relevante na determinação da saúde neonatal e infantil apresenta valores semelhantes nos estabelecimentos do SUS e não-SUS. Entretanto merece destaque o crescimento do peso ao nascer inferior a 2500g no estrato não-SUS, com variações percentuais sempre maiores quando comparado com o estrato SUS, concordante com o aumento da prematuridade neste setor. A investigação da presença de prematuridade segundo as diversas variáveis analisadas mostrou maior prevalência nos extremos etários, em especial entre aquelas com idade maior que 35 anos, fato bastante discutido na literatura (Wessel et al., 1996). Em relação ao estado civil, apesar das limitações do sistema de informação, que considera a situação legal, as puérperas registradas como não casadas (solteiras, separadas e viúvas) apresentaram maior chance de partos prematuros nos serviços vinculados ao SUS. Essa chance se torna praticamente inexistente entre as mulheres atendidas na rede privada. Este resultado parece apontar para um maior peso da presença do companheiro nos resultados da gestação nas mulheres de mais baixo nível socioeconômico. Podemos supor que outras variáveis como melhor cobertura de pré-natal, maior nível de escolaridade, entre outras, estejam suprindo essa ausência nas mulheres da rede privada. (Leal et al., 2004a). A análise do SINASC mostra maior prevalência da cesariana entre as mulheres de maior escolaridade e que usam instituição privada. Existe consenso na literatura que fatores socioeconômicos, como alto nível de renda e escolaridade, a primiparidade, o parto operatório prévio, o parto realizado em hospital privado e o baixo risco gestacional são fatores de risco para realização de cesariana (Freitas et al, 2005; Silveira et al, 2004). Entretanto, não se identificou nos dados analisados, a associação da prematuridade com parto cesáreo nas instituições não-SUS, ao contrário do verificado nas unidades SUS. 56 Se por um lado a elevada prevalência de cesárea seja objeto de estudos sobre as causas do excesso do seu uso, por outro lado as desigualdades sociais nas taxas de cesariana trazem à tona a discussão sobre o acesso a um procedimento, que quando indicado, pode salvar a vida da mãe e do concepto. Embora os valores mínimos e máximos de cesariana sejam ainda objeto de discussão, valores inferiores a 5%, em geral, sugerem dificuldades de acesso. Nos países mais pobres, as taxas de cesariana são extremamente baixas (inferiores a 1%) enquanto nos países de renda média e alta as taxas superam os 15%, atingindo níveis de até 40% da população. Este comportamento diferenciado das taxas de cesárea pode trazer conseqüências potencialmente deletérias para as mulheres de diferentes níveis socioeconômicos, assim como para seus recém-natos e para o sistema de atenção à saúde da mulher em particular (Ronsmans et al, 2006). A maior chance de parto cesáreo entre os prematuros em geral (<32 e 32 a 36 semanas gestacionais) nas unidades do SUS sugere que nestas, a ocorrência de partos cesarianos estariam mais relacionados às morbidades maternas. Já nas unidades privadas, não se verificou efeito significativo do tipo de parto em relação à prematuridade. Supõe-se que este fato decorra da alta prevalência de partos cesarianos nas unidades privadas, o que dificultaria a comparação entre os grupos de tipo de parto (Hennekens & Buring, 1987). Além disto, Silva et al (2001), observaram em seu estudo haver uma tendência, ao se preencher o campo “idade gestacional” na Declaração de Nascidos Vivos - DNV, de se atribuir a categoria 37 a 41 semanas para crianças aparentemente a termo. Desta forma, estariam sendo considerados prematuros somente àqueles recém-nascidos indiscutivelmente prematuros, levando a uma subestimação da prematuridade limítrofe (idade gestacional entre 35 e 36 semanas). Isso se configuraria em uma das limitações do estudo, já que a DNV apresenta a variável idade gestacional em categorias pré-estabelecidas, impedindo sua discriminação em maior número de categorias. 57 5- Considerações finais O Brasil dispõe do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC), que permite a análise dos nascimentos vivos segundo aspectos das condições da criança à época do nascimento, sobre gestação e o parto e da situação social da mãe (Mello Jorge, 1993). Desde a sua implantação, a cobertura do SINASC vem crescendo, embora ainda não seja completa (Szwarwald et al., 2002). O quadro atual mostra coberturas variáveis segundo áreas geográficas, observando-se municípios com cobertura superior a 95%, como é o caso do Rio de Janeiro (Theme Filha, 2004), até municípios com deficiência de abrangência, como em São Luiz do Maranhão, com cobertura estimada de 75,8% (Silva et al., 2001). Quanto à qualidade dos dados do SINASC, Theme Filha (2004) comparando as informações do referido sistema com as do Estudo de morbimortalidade e da atenção peri e neonatal no município do Rio de Janeiro (Leal & Gama, 2004b), mostrou uma confiabilidade quase perfeita para tipo de parto e idade materna. Em relação à idade gestacional, é importante destacar que no estrato das maternidades conveniadas ao SUS, em 16% dos prontuários não havia o registro da informação, enquanto nas maternidades privadas o sub-registro foi de apenas 2,8%. É preciso destacar que a intensificação do uso do SINASC só tem a contribuir para a qualificação do sistema e o monitoramento dos indicadores relativos à assistência ao parto e a ocorrência de desfechos negativos. 58 Referências: Barros FC, Vaughan JP, Victora CG, Huttly SR. Epidemic of caesarean sections in Brazil. Lancet 1991; 338:167-9. Barros FC, Victora CG, Barros AJ, Santos IS, Albernaz E, Matijasevich A et al. The challenge of reducing neonatal mortality in middle-income countries: findings from three Brazilian birth cohorts in 1982, 1993, and 2004. Lancet 2005; 365(9462):847-54. Belizan JM, Althabe F, Barros FC, Alexander S. Rates and implications of caesarean sections in Latin America: ecological study. BMJ 1999; 319:1397-400. Bettiol J, Rona RJ, Chinn S, Goldani M, Barbieri MA. Factors associated with preterm births in southeast Brazil: a comparison of two birth cohorts born 15 years apart. Paediatr Perinat Epidemiol 2000; 14:30-8. Dodd JM, Crowther CA, Huertas E, Guise JM, Horey D. Planned elective repeat caesarean section versus planned vaginal birth for women with a previous caesarean birth. Cochrane Systematic Review Database 2004;(4):CD004224 D´Orsi E, Chor D, Giffin K et al. Fatores associados à realização de cesáreas em uma maternidade pública do Município do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública 2006; 22:2067-2078. Freitas PF, Brachler ML, Leite JCC, Grassi PR. Desigualdade social nas taxas de cesariana em primíparas no Rio Grande do Sul. Ver Saúde Pública 2005; 39:761-7. Gama SGN, Szwarcwald CL, Leal MC. Experiência de gravidez na adolescência, fatores associados e resultados perinatais entre puérperas de baixa renda. Cad. Saúde Pública 2002; 18:153-161. 59 Hennekens CH, Buring JE. Epidemiology in Medicine. 1987. Boston: Little, Brown and Company. Leal MC, Gama GNG, Ratto KMN, Cunha CB. Uso do índice de Kotelchuck modificado na avaliação da assistência pré-natal e sua relação com as características maternas e o peso do recém-nascido no município do Rio de Janeiro. Cad. Saúde Pública 2004; 20 Sup 1:63-72. Leal MC, Gama GNG. Perinatalidade no município do Rio de Janeiro. Cad. Saúde Pública 2004; 20 Sup 1:4. Liu S, Liston RM, Joseph KS et al. (Maternal health Study Group of the Canadian Perinatal Surveillance System). Maternal mortality and severe morbidity associated with low-risk planned cesarean delivery versus planned vaginal delivery at term. CMAJ 2007;176(4):455-60. Mello-Jorge MHP, Gotlieb SLD, Soboll MLMS, Almeida MF, Latorre MRDO. Avaliação do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos e o uso de seus dados em epidemiologia e estatísticas de saúde. Rev Saúde Pública 1993; 27 sup:1-44. Ronsmans C, Holtz S, Stanton C. Socioeconomic differentials in caesarean rates in developing countries: a retrospective analysis. Lancet 2006; 368:1516-23. Silva AAM, Ribeiro VS, Borba Junior AF, Coimbra LC, Silva RA. Avaliação da qualidade dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos em 1997-1998. Rev Saúde Pública 2001; 35:508-14. Silveira DS, Santos IS. Fatores associados à cesariana entre mulheres de baixa renda em Pelotas, Rio Grande do Sul. Cad. Saúde Pública 2004; 20 Sup 2:231-41. 60 Theme Filha MM, Gama SGN, Cunha CB, Leal MC. Confiabilidade do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos hospitalares no município do Rio de Janeiro, 1999-2001. Cad. Saúde Pública 2004; 20 Sup 1:83-92. Villar J, Valladares E, Wojdyla D. Caesarean delivery rates and pregnancy outcomes: the 2005 WHO global survey on maternal and perinatal health in Latin América. Lancet 2006; 367:1819-29. Visco AG, Viswanathan M, Lohr KN et al. Cesarean delivery on maternal request: maternal and neonatal outcomes. Obstet Gynecol 2006;108:1517-29. Waniez OM, Wurtz B, Brustlein V. 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Introdução Apesar das recomendações de taxas de cesarianas menores que 1 15% e dos prováveis riscos maternos e perinatais2,3,4,5,6, as taxas continuam muito elevadas no Brasil, principalmente nas instituições privadas. Faz-se necessário pensar em estratégias para redução de cesáreas desnecessárias. Várias medidas têm sido propostas, tanto no âmbito do serviço público quanto nas instituições privadas7,8,9. Estas estratégias podem ser direcionadas aos profissionais, às pacientes e às instituições, assim como podem ter caráter clínico-obstétrico, psico-social ou estrutural. 2. Evidência Acumulada Embora não tivesse caráter de revisão sistemática, Sakala10 identificou estratégias baseadas em diferentes focos de mudanças. Quando dirigidos à mulher, procuraram, através de aumento de informação, um emponderamento no processo decisório do parto. Quando dirigidos às instituições e aos profissionais, foram usadas estratégias de auditoria, “peerreview”, mudanças nas formas de pagamento, uso de protocolos, “guidelines e, principalmente, propostas de ”manejo ativo do parto”. A autora defende, no entanto, que os melhores resultados se deram no contexto de uma mudança do modelo de atenção ao parto, ressaltando o papel das “midwives” (parteiras profissionais) e um processo de “desmedicalização” do parto. Na revisão de Walker8, foram analisados trabalhos conduzidos entre 1985 e 2001 e foram identificados apenas três artigos (todos revisões sistemáticas) com algum nível de evidência: dois abordando intervenções clínicas – versão cefálica externa e parto vaginal após cesárea – e um sobre uma intervenção psicosocial de suporte durante o trabalho de parto. Os autores concluíram que a efetividade destas medidas poderia depender do nível social e cultural e das práticas clínicas habituais, que variam muito entre os países. Na tabela a seguir, apresentam-se as principais e mais recentes revisões de estratégias de redução de cesarianas, seguindo as vertentes propostas por Sakala e Walker e priorizando a melhor evidência: 62 Tabela 1- Principais revisões sobre estratégias de redução de cesarianas AUTOR PRINCIPAL/ANO ESTRATÉGIA PRINCIPAIS CONCLUSÕES 1. MANEJO DO PARTO INDUÇÃO DO PARTO Hofmeyr (2003) Bartusevicius (2005) 11 12 13 Crane (2006) 14 Alfirevic (2006)* 15 Hughes (2001) 16 Kelly (2003)* 17 French (2001)* 18 Kelly (2001)* 19 Boulvain (2001)* 20 Bricker (2000)* 21 Howarth (2001)* 22 Boulvain (2005)* Sanchez-Ramos (2003) 24 23 Misoprostol vaginal placebo, outros) (vs. nada, Melhor resposta do misoprostol (p/ indução, sem avaliação de cesariana)/ hiperestimulação uterina Maior efetividade da via vaginal Misoprostol (oral vs. vaginal vs. (OR cesárea – 0,69) sublingual) Maior hiperestimulação uterina Misoprostol Sem diferença para taxa de cesariana (vs. prostaglandina E2) Maior hiperestimulação uterina Misoprostol oral(vs. nada/placebo, Menor taxa de cesárea (OR 0,62) outros tratamentos) Maior hiperestimulação uterina Dinoprostone vaginal (vs. outros, Sem diferença para taxa de cesárea dinoprostone gel, misoprostol,) Dinoprostone vaginal (vs. nada, Sem diferença para taxa de cesárea placebo, outros) Dinoprostone vaginal Sem vantagem para dinoprostone (vs. nada, placebo, outros) Muito efeito adverso (gastro-intestinal) Ocitocina Menor eficácia que prostaglandinas (vs nada, placebo, outros) Métodos mecânicos Evidência inconclusiva (vs. nada, placebo, farmacológicos) Amniotomia Evidência inconclusiva (vs. nada/placebo, farmacológicos) Amniotomia+ ocitocina Evidência inconclusiva (vs. nada/placebo, farmacológicos) Descolamento de membranas Pouca vantagem; taxa similar cesariana (vs. nada, placebo, farmacológicos) Desconforto Apenas gestações >41 semanas Indução Redução da taxa de cesarianas sem (vs. conduta expectante) comprometimento perinatal CONDUÇÃO Nenhum ensaio clínico Resultado de estudos observacionais com limitações metodológicas Parto cesáreo planejado (vs. parto vaginal planejado)) Dodd (2004)* Hofmeyr (2006)* 25 Versão cefálica externa Evidência sugestiva de redução de cesarianas AVALIAÇÃO BEM-ESTAR FETAL 26 Neilson (2007)* 27 East (2007)* Alfirevic (2006)* Menor taxa de parto operatório e desfechos perinatais adversos S/ significância estatística para cesariana Menor taxa de cesariana para “sof. Fetal”, sem efeitos Oximetria de pulso fetal (FPO) adversos perinatais. (vs monitoramento convencional) Aumento de cesariana por distocia no grupo FPO. Aumento da taxa de cesarianas Cardiotocografia contínua (vs. Redução de convulsão neonatal nada, ausculta,CTG intermitente) Sem diferença p/ outros riscos neonatais Eletrocardiograma fetal 28 2. ANALGESIA 29 Hughes (2003)* 30 Liu (2004) 31 Anim-Somuah (2007)* Espinhal-subdural (vs. epidural) Sem diferença para taxa de cesárea Epidural (vs. Opióides) Sem diferença para taxa de cesárea Epidural Vs não epidural Maior probabilidade de parto vaginal operatório sem impacto significativo no risco de cesariana 63 AUTOR PRINCIPAL/ANO ESTRATÉGIA PRINCIPAIS CONCLUSÕES 3. VOLTADAS P/ MULHERES SUPORTE Hodnett & Suporte durante gravidez 32 Fredericks (2003)* mulheres de risco p/ BPN 33 Hodnett al Suporte contínuo parto (2003)* Bruggeman (2005) p/ Redução de cesariana Redução de cesariana sem comprometimento perinatal Redução de cesariana sem comprometimento perinatal, notadamente quando o suporte era nãoprofissional. 34 Diferentes tipos de suporte INFORMAÇÃO/EDUCAÇÃO 35 Gagnon (2000)* 36 Lauzon (2000)* 37 Brown (2004)* 38 Horey (2004)* Educação dos pais para vários Evidência inconclusiva aspectos do parto Educação para auto-diagnóstico Evidência inconclusiva t. parto Informação do prontuário Evidência inconclusiva acessível às gestantes Informação sobre cesárea/parto Evidência inconclusiva 4. ESTRUTURAIS 39 Lauzon (2001)* 8 Walker (2002) 40 Hodnett (2005)* 9 Chaillet (2007) Unidade avaliação t. parto ((vs. internação convencional ) Diferentes estratégias (guidelines, opinião líderes, auditoria, midwifery) Parto “Home-like” (vs. parto instituição convencional ) Diferentes estratégias (guidelines, melhoria de qualidade, auditoria e feedback) Efeitos benéficos no controle do parto, mas evidência insuficiente p/ cesárea Evidência de estudos não randomizados sobre auditoria favorecendo queda de cesarianas Evidência insuficiente (redução modesta de intervenções) Redução de taxa de cesarianas para auditoria e feedback (RR 0,87) * Cochrane Database of Systematic Reviews (em geral cumulativas, especificado o último ano de busca) 3. Justificativa Apesar do número expressivo de revisões, artigos mais recentes ainda não foram incluídos e, em geral, as revisões foram focalizadas em uma determinada estratégia. As metodologias empregadas têm sido heterogêneas, no que tange à seleção dos artigos (diferentes delineamentos epidemiológicos) e ao período estudado. Quando abrangem períodos extensos, as revisões incluem pesquisas realizadas no contexto de práticas obstétricas bem diferentes. Além disto, muitas estratégias ainda apresentam evidência inconclusiva, aguardando novos estudos. Optou-se por uma revisão semelhante às de Walker (2002)8 e Sakala (1993)10, contemplando as diferentes estratégias, porém mais centrada na literatura recente, e utilizando apenas a melhor evidência científica – ensaios clínicos randomizados. Esta revisão priorizou a busca de evidências 64 aplicáveis ao contexto nacional, em especial aos serviços de saúde suplementares. 4. Objetivos 4.1. Geral identificar, na literatura mais recente, a melhor evidência sobre estratégias para redução de cesarianas desnecessárias 4.2. Específicos a) Rever a literatura recente (a partir de 2001), identificando artigos que relatam estratégias para redução de cesarianas. b) Descrever as características metodológicas destes artigos – desenho empregado, tipo de população, estratégia estudada. c) Sumarizar os principais resultados, de acordo com o tipo de estratégia. 5. Metodologia A metodologia da revisão seguiu a proposta da Cochrane Collaboration41 e o roteiro QUOROM42, do International Committee of Journal Editors para revisões sistemáticas, contemplando as seguintes etapas: • Definição da questão de investigação: “Quais estratégias são eficazes/efetivas na redução de cesarianas desnecessárias?” • População de interesse: foram estudadas pacientes de 1ª cesárea e pacientes com indicação de cesárea após cesárea anterior. Foram priorizadas as pacientes com cesárea eletiva e, em casos específicos, pacientes com indicações não absolutas de cesárea (p.ex, parto pélvico) • Intervenções estudadas: foram incluídas todas as formas de intervenção - estratégias dirigidas a pacientes, a profissionais e a instituições. • Desenhos de estudo: foram incluídos apenas ensaios clínicos randomizados (ECR), pela comprovada qualidade na obtenção de evidência. • Estratégia de busca: dois pesquisadores realizaram busca nas bases eletrônicas – LILACS e MEDLINE – e busca manual (referências cruzadas). As palavras-chave iniciais foram: cesariana, redução, taxas, 65 estratégias, acrescidas de novas palavras-chave identificadas durante a busca. Foram utilizados também como fonte de referência outros artigos de revisão sobre o tema, captando em suas referências artigos não identificados pela busca. A busca foi restrita aos idiomas português e inglês. • Seleção dos artigos: foram selecionados artigos com desenho de ECR, que estudassem qualquer intervenção para redução de cesariana, considerada como desfecho primário ou secundário. • Instrumento de extração dos dados: foi utilizado o instrumento CONSORT43, recomendado pelo International Committee of Journal Editors, que consiste em um roteiro de extração das características e avaliação metodológica, específica para ensaio clínico randomizado. Dois pesquisadores aplicaram o instrumento, de forma independente, em cada um dos artigos. • Avaliação dos artigos: foram seguidos os itens do CONSORT, valorizando a explicitação do processo de randomização (com destaque para o ocultamento); a presença de mascaramento, quando aplicável; a apresentação de fluxograma, com relato de perdas e desvios do protocolo; a análise por intenção de tratamento; e a comparabilidade dos grupos pós-randomização. Artigos com problemas metodológicos graves e/ou dados insuficientes foram excluídos. • Análise de consenso: todos os artigos foram discutidos pelo grupo em seminário, decidindo as questões de discordância e sumarizando os principais resultados e recomendações. • Sumarização dos resultados: pela esperada heterogeneidade dos artigos, não se pretendeu chegar à fase de meta-análise. 6. Resultados Foram identificados durante a busca 50 artigos sobre intervenções que, de forma primária ou secundária, se relacionassem com a taxa de cesarianas. Dois artigos foram excluídos, pois seu formato era de comunicação breve, com dados insuficientes para melhor avaliação 44,45. Dois 66 artigos não foram localizados, um sobre indução com misoprostol e outro sobre analgesia combinada espinhal-epidural (Caliskan et al., 200546; Moschini et al., 200647). Em relação às características dos 46 artigos avaliados, 37 foram publicados em periódicos obstétricos, 6 em periódicos de medicina interna, 2 em anestesiologia, 1 em saúde pública. O país com maior número de estudos foram os EUA (Tabela 2). Todos eram ensaios clínicos randomizados. Dentre os itens de qualidade metodológica valorizados pela Cochrane, houve deficiência na descrição de vários procedimentos, sendo o ocultamento da randomização o de pior desempenho. A randomização foi bem explicitada na maioria dos artigos. O mascaramento esteve ausente ou não foi descrito na maioria dos estudos. Nem todos os artigos apresentaram fluxograma, com desvios e perdas informadas. Quando explicitada, a análise foi por intenção de tratamento. Praticamente todos os artigos apresentaram uma tabela mostrando a comparabilidade entre os grupos pós-randomização. Os 46 artigos foram categorizados, de acordo com a natureza da intervenção, em: a) estudos voltados para o manejo do trabalho de parto, divididos em indução/ condução (23 artigos) e avaliação do bem-estar do feto (7 artigos); b) estudos de intervenções anestésicas (9 artigos); c) estudos de âmbito estrutural – rotinas institucionais (4 artigos); d) estudos voltados para a gestante (3 artigos). Quanto à população estudada, os estudos de manejo do parto e intervenções anestésicas contemplaram preferencialmente gestantes com fetos únicos, a termo, de apresentação cefálica e sem cesárea prévia. Já os estudos institucionais e voltados para a gestante incluíram também pacientes com cesárea anterior. O número de pacientes estudadas variou de 58 mulheres a 149.276 partos. Estudos voltados para o manejo do parto. Indução do parto 48-64 As intervenções mais estudadas foram métodos farmacológicos de indução (misoprostol, dinoprostone, ocitocina, hialuronidase). Em menor 67 quantidade, foram avaliados métodos mecânicos (sonda de foley, associada ou não à infusão salina). O intervalo de tempo entre o início da intervenção (indução) e o momento do parto foi o desfecho primário mais avaliado (8 estudos) seguido pela taxa de cesariana/tipo de parto (5 estudos). Estes últimos eventos apareceram como desfecho secundário em doze estudos. O índice de Bishop foi o indicador mais utilizado para avaliar amadurecimento do colo uterino. Doze estudos utilizavam o misoprostol48-59 como intervenção em diferentes dosagens ou vias de administração50,53,55,56,57,59 ou comparando sua ação com outras drogas e outros tipos de intervenção48,49,51,52,54,58. Nos estudos avaliados não há evidência de que a utilização do misoprostol possa reduzir as taxas de cesariana e, em doses elevadas (acima de 50µg de 6/6h), a hiperestimulação uterina torna-se uma complicação mais freqüente necessitando de tratamento para debelá-la. Seu emprego em doses vaginais de 25 µg de 4/4h tem sido recomendado por sua segurança e esta via não parece interferir com a satisfação da parturiente. Quando comparado ao dinoprostone 49,51,52,58 , o misoprostol parece ter pelo menos a mesma efetividade apresentando, entretanto, a vantagem de maior facilidade de manipulação e também uma grande diferença de custo. Quando utilizado concomitantemente com a ocitocina, o dinoprostone60 reduz o intervalo de tempo entre a indução e o parto e aumenta a possibilidade do nascimento ocorrer nas primeiras 24 horas. Um dos estudos 61 também apontou que, em gestantes com índice de Bishop favorável, a indução do parto com ocitocina associada ou não à amniotomia não altera a taxa de cesarianas quando comparada com a conduta expectante. Apenas um estudo62 avaliou a utilização da hialuronidase para o amadurecimento do colo uterino comparado com sonda de Foley, sendo esta última intervenção a que obteve menor tempo de indução, menor taxa do uso de ocitocina e maior proporção de partos vaginais. O uso da hialuronidase foi, entretanto, considerado mais confortável pelas mulheres sendo que os autores apontam para a possibilidade de seu uso em gestantes com uma cesariana anterior. Outros dois estudos63,64 compararam sonda de Foley com 68 e sem infusão salina extra-amniótica, mas não encontraram diferenças para cesariana. Condução do parto 65-70 Nestes estudos, tipo de parto/taxa de cesariana foi o desfecho primário em três artigos e secundário nos demais. Dois estudos avaliaram manejo ativo. Um deles comparou a assistência agressiva ao trabalho de parto(TP) com o manejo expectante e mostrou redução das taxas de cesariana em nulíparas embora com maior necessidade de suporte de enfermagem65. O outro estudo, comparando o manejo ativo do TP com a conduta expectante, não encontrou evidência da redução das taxas de cesárea, embora tenha apontado uma menor duração do primeiro estágio do trabalho de parto em nulíparas de baixo risco 66. Plunkett et al. 67 compararam o melhor momento do segundo estágio de trabalho de parto quanto à participação da parturiente (“puxo”). Não houve diferenças entre os grupos estudados (precoce vs. tardio). O estudo de Beall 68 avaliou a utilização profilática de uma manobra obstétrica em casos de suspeita de distocia de ombro, mas não encontrou qualquer evidência de que sua utilização reduz o tempo de expulsão fetal e houve aumento do risco de cesariana no grupo submetido à intervenção. O estudo de Hutton 69 avaliou a realização da versão externa a partir de 34 semanas em comparação com a versão realizada apenas após 37 semanas de gestação. Os autores concluíram que esta intervenção pode reduzir o número de apresentações pélvicas no parto, mas apontam que mais estudos precisam ser realizados para avaliar a redução das taxas de cesariana e os resultados neonatais. O estudo de Rathore 70 avaliou o impacto da amnioinfusão (infusão intra-uterina de solução fisiológica para diluição meconial), demonstrando redução da taxa de cesariana geral e por sofrimento fetal, além de diminuição da morbidade fetal. Os autores ressaltam as condições de realização do estudo num centro de pesquisa (hospital terciário da Índia). 69 Avaliação do bem-estar do feto 71-77 Nos sete estudos cujo foco era o bem estar fetal, foram estudadas principalmente estratégias que aumentam a especificidade do diagnóstico do sofrimento fetal (SF), diminuindo as falsas indicações de cesariana. Os sete comparavam a cardiotocografia (CTG) a outros métodos de avaliação do bem estar fetal, associados ou não à CTG (ECG fetal, oximetria de pulso fetal, Doppler de artéria umbilical, pH no sangue do escalpe fetal e ausculta intermitente). Os desfechos primários destes estudos foram a cesariana por sofrimento fetal (2 estudos), taxa de cesárea (1 estudo), parto operatório por sofrimento fetal (1 estudo), acidose metabólica em artéria umbilical (2 estudos), mortalidade e morbidade neonatal (1 estudo) e parto operatório (1 estudo). No estudo realizado por Impey et al71, foi avaliada a realização de CTG de rotina versus ausculta intermitente durante admissão da gestante e não foi encontrada melhora nos resultados neonatais nem modificação das taxas de cesariana. Este resultado pode ser conseqüência da utilização da determinação do pH sanguíneo fetal para confirmar o diagnóstico quando havia suspeita de sofrimento fetal. Entretanto, houve aumento da freqüência de utilização da monitorização continuada durante o trabalho de parto. Amer-Wählin et al72 avaliaram a utilização do eletrocardiograma fetal combinada com a monitorização eletrônica fetal intra-parto (CTG contínua), comparada à utilização da monitorização eletrônica fetal isolada. Como resultado os autores encontraram que a intervenção combinada aumentou a habilidade dos obstetras em identificar hipoxia fetal e intervir adequadamente melhorando os resultados perinatais. Quando excluídas da amostra inicial as malformações congênitas e os registros inadequados houve redução significativa das taxas de parto operatório por sofrimento fetal. Dentre os três trabalhos73-75 que avaliaram a oximetria de pulso fetal e CTG, dois apontaram a redução significativa da taxa de partos operatórios por SF sem alteração dos resultados neonatais. East et al73 avaliaram oximetria de pulso fetal em associação com a cardiotocografia, comparada 70 com o uso tradicional da cardiotocografia. Houve redução significativa da taxa de cesarianas indicadas por fetos não reativos, mas não houve alteração nas taxas de parto operatório porque houve aumento da taxa de partos vaginais assistidos (fórceps ou vacum) por distocia. Não houve qualquer diferença nos resultados neonatais entre os dois grupos. Os autores apontam que a maior morbidade e mortalidade associadas com a cesariana, assim como os custos hospitalares substancialmente mais elevados, são justificativas para o uso desta nova tecnologia. O estudo de Kühnert & Schmidt74 comparou o uso da CTG e da medida do pH do sangue fetal associados ou não ao uso da oximetria para uma maior acurácia no diagnóstico de sofrimento fetal e redução das taxas de parto operatório. Os autores encontraram uma redução segura (sem comprometer os resultados neonatais) de 50% nos partos operatórios e na utilização da determinação do pH no escalpo fetal. A pesquisa realizada por Klauser et al75 avaliou o uso clínico da oximetria de pulso fetal associada ao uso da CTG em gestantes de alto risco em trabalho de parto em comparação com o uso isolado da CTG na redução das taxas de cesariana em fetos não reativos. Ao contrário dos resultados encontrados nos estudos anteriores, nesta pesquisa não foi observada uma redução nas taxas de cesariana por sofrimento fetal. Entretanto algumas limitações deste estudo devem ser ressaltadas tais como: a inclusão de mulheres com menor idade gestacional e com complicações como corioamniotite, não-adesão de vários médicos aos protocolos estabelecidos para o uso da oximetria de pulso e o número de gestantes abaixo do previsto inicialmente. Dois estudos avaliaram a utilização do Doppler. O primeiro76 foi realizado em mulheres de baixo risco, comparando CTG com ausculta por Doppler no momento da admissão. Segundo os autores, a CTG não mostrou benefícios neonatais e aumentou o parto operatório. O outro artigo77 comparou a avaliação do bem estar fetal com CTG ou com Doppler velocimetria da artéria umbilical numa população de gestantes de alto risco. Quando os métodos indicavam a presença de um feto não reativo era indicada a indução do parto. Os resultados mostraram que, numa população de alto risco, o uso do Doppler da artéria umbilical esteve associado com diminuição da taxa de cesariana por sofrimento fetal sem aumento da morbidade neonatal. O maior impacto na redução das taxas de cesariana foi 71 encontrado no subgrupo das mulheres com indicação da avaliação do bem estar fetal por diagnóstico de hipertensão arterial ou crescimento intra-uterino restrito. Estudos relacionados com analgesia no trabalho de parto 78-86 Em nossa revisão identificamos oito estudos relacionados com a utilização da analgesia epidural. Três dos estudos comparavam a realização da analgesia epidural com métodos não epidurais durante o trabalho de parto. Um dos trabalhos avaliava a diferença na taxa de cesariana com a utilização precoce (até 3 cm de dilatação) ou tardia (a partir de 4 cm) da analgesia epidural. Dois trabalhos avaliavam os impactos da utilização de diferentes doses ou medicamentos na analgesia epidural e outros dois artigos tratavam da utilização da analgesia epidural em mulheres com hipertensão induzida pela gestação. Apenas um artigo86 estudou meperidina no trabalho de parto. O estudo de Howell et al.78 comparou a epidural com o uso intramuscular de petidina tendo a taxa de parto operatório como um desfecho secundário. Os resultados apontaram um aumento da duração do segundo estágio do trabalho de parto e uma taxa maior de partos vaginais operatórios no grupo de analgesia peridural. Não foi encontrada diferença na taxa de cesarianas, embora o tamanho da amostra estudada seja uma limitação do estudo para avaliar este indicador. Dickinson et al.79 estudaram o impacto das diferentes técnicas de analgesia na condução do trabalho de parto e no resultado obstétrico. Foi comparada a analgesia epidural ao suporte contínuo por midwife, associado ao uso de outras formas de analgesia, incluindo a petidina intramuscular. Os resultados mostraram, no grupo que utilizou a analgesia epidural, um aumento das taxas de parto vaginal operatório e maior duração do segundo estágio do trabalho de parto, embora não tenha sido encontrado aumento das taxas de cesariana. Esse estudo apresentou os mesmos limites que o anterior em relação ao cálculo do tamanho amostral, além de um número excessivo de migrações entre os grupos. 72 Avaliar a diferença na taxa de cesariana em mulheres submetidas a analgesia epidural em comparação com a utilização da meperidina intravenosa foi o objetivo do estudo de Sharma et al. 80 . Embora não tenha sido encontrada alteração na taxa de cesariana, o uso da analgesia epidural esteve associado a um aumento na duração do primeiro e segundo estágios do trabalho de parto, maior proporção de partos vaginais operatórios, maior necessidade de uso de ocitocina, maior freqüência de hipotensão e febre maternas. Ohel et al. 81 avaliaram o impacto nas taxas de cesariana com o início precoce da analgesia epidural (menos de 3 cm de dilatação do colo uterino) em comparação com o início tardio (mais de 4 cm de dilatação do colo uterino). Os autores não encontraram diferença nas taxas de parto vaginal operatório ou de cesariana entre os dois grupos e apontaram maior satisfação das mulheres com o início precoce da analgesia. O estudo COMET82 avaliou o impacto no tipo de parto da utilização da técnica tradicional de analgesia epidural em comparação com a utilização de duas diferentes técnicas de analgesia epidural de baixa dosagem. O uso das técnicas de analgesia epidural de baixa dose resultou em uma proporção significativamente maior de partos vaginais operatórios, embora sem diminuição das taxas de cesariana. Segundo os autores não houve percepção de diferença na qualidade da analgesia conforme avaliação feita pelas parturientes, assim como também não foi encontrada diferença nos resultados neonatais. Lee et al. 83 estudaram o impacto na taxa de partos operatórios com a utilização de baixas doses de rupivacaína quando comparadas com a utilização de baixas doses de bupivacaína na realização de uma analgesia peridural. Em ambas as técnicas o fentanil foi utilizado em associação com as drogas estudadas. A hipótese de que o menor comprometimento motor na analgesia com rupivacaína ocasionaria menor proporção de partos operatórios não se confirmou. Não foi encontrada diferença significativa na proporção de partos operatórios entre os grupos estudados. Dois trabalhos84,85 estudaram as alterações relacionadas ao emprego da analgesia epidural em mulheres com doença hipertensiva específica da gestação em comparação com a realização de analgesia intravenosa com 73 petidina. Ambos não encontraram aumento das taxas de cesariana relacionado ao uso da analgesia epidural, mas um deles85 observou aumento significativo na duração do segundo estágio do trabalho de parto. Não foram encontradas quaisquer alterações significativas nos resultados neonatais e nos dois estudos as mulheres avaliaram que a analgesia epidural oferece maior alívio da dor. Por último, um estudo86 comparou meperidina a placebo na duração do trabalho de parto em mulheres com distocia. Não houve diferença em relação à duração e à ocorrência de cesariana, mas os desfechos neonatais foram piores no grupo da meperidina. Resultados do estudo de estratégias institucionais 87-90 Um dos estudos87 avaliou a utilização de uma segunda opinião mandatória para indicação de cesarianas que não fossem de emergência em hospitais latino-americanos, estratégia que já havia sido considerada efetiva em dois estudos não randomizados realizados anteriormente nos EUA e no Equador. Foram considerados elegíveis hospitais que realizavam mais de 1000 partos por ano e com taxa de cesárea superior a 15%, sendo incluídos 34 hospitais públicos de cinco países da América Latina, com avaliação de 149.276 partos. Foi encontrada uma pequena redução da taxa global de cesariana, observada tanto em hospitais com taxas baixas como elevadas de cesariana, sem alterações na morbidade materna, perinatal e satisfação das mulheres. Estimou-se que para cada 1000 partos realizados, 20 cesarianas poderiam ser evitadas com essa estratégia. O principal limite do estudo foi a não avaliação da implantação da estratégia. Sabe-se apenas que a segunda opinião mandatória foi obtida em 88% das cesarianas não emergenciais, sugerindo boa adesão à mesma. Entretanto, a elevada concordância entre o médico atendente e o consultor e a mudança da indicação da cesárea em apenas 1,5% dos casos, sugere uma provável homogeneidade entre os consultores e os médicos atendentes, ou mesmo uma implantação meramente burocrática da segunda opinião. 74 A principal redução observada foi nas cesáreas intra-parto, principalmente por distocia e sofrimento fetal, e os próprios autores sugerem que esse resultado seja decorrente de melhorias no diagnóstico dessas situações e não do tratamento das mesmas, já que praticamente não houve discordância entre o primeiro e o segundo obstetra. Finalmente, a estratégia teve boa aceitação tanto das parturientes como dos médicos. Cerca de 54% desses últimos avaliaram a medida como efetiva ou muito efetiva e 91% recomendariam seu uso em hospitais públicos e 65% nos hospitais privados. Cabe ressaltar, entretanto, que essa avaliação junto aos profissionais foi realizada antes que os resultados do estudo fossem divulgados. Dois estudos88,89 avaliaram estratégias direcionadas para a assistência pré-natal. O primeiro88 estudou os efeitos de um pré-natal aumentado na redução do baixo peso ao nascer e da prematuridade em 619 mulheres afroamericanas. A intervenção consistia do aumento do número de consultas, de atividades educativas visando a redução de fatores de risco, e de estratégias facilitadoras do acesso ao serviço. Eram elegíveis para o estudo mulheres com mais de 15 anos, com menos de 26 semanas gestacionais, de risco elevado para baixo peso ao nascer, sendo excluídas aquelas com patologias que demandavam assistência em pré-natal de alto risco. Não foram observados melhores resultados perinatais no grupo intervenção, tais como menor proporção de baixo peso ao nascer, de prematuridade e de partos cesáreos. Entretanto, foi encontrada maior satisfação das mulheres com o cuidado recebido, maior percepção sobre seus fatores de risco e maior controle sobre sua vida. Além do pequeno tamanho amostral, outros fatores podem ter limitado a capacidade do estudo: exclusão de mulheres com alto risco para baixo peso e prematuridade (por exemplo, hipertensas e diabéticas), escore de risco com baixa especificidade, tempo de exposição curto. No outro estudo direcionado para assistência pré-natal89, foi investigado o efeito de um novo modelo de atenção pré-natal, pautado na continuidade do cuidado, na taxa de cesariana. Foram estudadas 1089 gestantes com menos de 24 semanas gestacionais, que apresentassem no máximo uma cesárea anterior. A intervenção consistia num modelo de base 75 comunitária, com assistência prestada por midwives e obstetras, com ênfase na continuidade do cuidado pela equipe de saúde, durante o pré-natal, parto e pós-parto, sendo esse modelo comparado a uma assistência pré-natal convencional, prestada no hospital local. Como resultado encontrou uma diferença significativa da taxa de cesariana (17,8 no grupo controle, 13,3 no grupo intervenção) sem outras diferenças nos eventos relacionados ao trabalho de parto, parto e nos resultados perinatais. Embora o modelo estudado não pareça ter afetado a segurança das mulheres e bebês, a amostra foi pequena para avaliar desfechos menos freqüentes como a mortalidade perinatal. Por último, foi realizado um estudo na Holanda90, avaliando o efeito do envio de relatórios periódicos aos departamentos de obstetrícia sobre taxas de intervenções obstétricas e morbidade neonatal. Foram analisados dados de 83 departamentos e de 2693 recém-natos. Os relatórios enviados comparavam a taxa de intervenção obstétrica esperada para cada serviço, definida pelo perfil da clientela atendida, com a taxa observada. Como resultado, observou-se que o sistema de revisão testado não esteve associado a menor uso de intervenções obstétricas, embora a prática obstétrica no grupo intervenção tenha se tornado mais homogênea que no grupo controle. Os autores apontam para vários fatores que podem afetar a estratégia testada, tais como: mudanças na organização dos departamentos e de suas rotinas assistenciais; alterações no uso do sistema de informações, resultando em mudanças nas taxas de intervenção obstétrica que não são decorrentes de modificações das práticas médicas; má interpretação, pelos profissionais dos serviços, dos dados apresentados nos relatórios; acesso de profissionais dos serviços do grupo controle aos dados dos relatórios, com modificações em suas condutas; e influência da literatura médica na prática dos serviços de ambos os grupos. Resultados de estratégias direcionadas para as mulheres91-93 Hodnett et al.91 avaliaram a efetividade do suporte fornecido por enfermeiras durante o trabalho de parto e parto na redução das taxas de cesárea, sendo verificados também eventos intraparto, morbidade materna e 76 neonatal e satisfação das mulheres. Foi um estudo multicêntrico, em 13 hospitais norte-americanos e canadenses, que apresentavam taxa de cesárea mínima de 15%, sendo avaliadas 6915 mulheres. O objetivo era determinar a efetividade do suporte fornecido por enfermeiras treinadas, em ambiente caracterizado pela presença de acompanhantes familiares e uso elevado de intervenções obstétricas, como monitorização eletrônica fetal, infusão de ocitocina e uso rotineiro de analgesia peridural. Para as mulheres do grupo intervenção, esperava-se que a enfermeira fornecesse suporte continuado - conforto físico, suporte emocional, informação e aconselhamento - no mínimo 80% do tempo entre a randomização a o parto. Como resultado, o estudo evidenciou que o suporte continuado no parto fornecido por enfermeiras treinadas não afetou as taxas de cesariana e os desfechos clínicos e psicosociais em ambientes caracterizados por elevado uso de intervenções no trabalho de parto. No entanto, as avaliações relacionadas à satisfação das mulheres e suas preferências em relação ao suporte por enfermeiras em gestações futuras favoreceram o grupo com suporte continuado. Saisto et al92 avaliaram os efeitos de terapia intensiva, em comparação com atendimento convencional, na demanda por partos cesarianos em gestantes com medo do parto vaginal. O estudo foi realizado na Finlândia, com 176 gestantes de baixo risco, com diagnóstico de medo do parto vaginal aferido por meio da utilização de questionário específico. Não foram observadas diferenças nos dois grupos estudados em relação à demanda por partos cesarianos, embora tenha sido verificada uma redução da taxa de cesariana em relação à demanda inicial, principalmente em nulíparas e em mulheres motivadas para a terapia. Nas mulheres com terapia intensiva (terapia cognitiva), foi observada redução da ansiedade materna, de suas preocupações, e da duração do trabalho de parto. Não foram observadas diferenças em relação à satisfação com o parto e depressão puerperal. Shorten et al93 avaliaram o efeito do aconselhamento de gestantes com cesárea anterior na decisão pelo tipo de parto em uma nova gestação. Foi realizado um estudo multicêntrico, em três clínicas de pré-natal e três consultórios particulares da Austrália, envolvendo 227 mulheres. Foram elegíveis para o estudo mulheres com uma cesárea anterior e que 77 apresentavam idade gestacional entre 12 e 18 semanas. As gestantes randomizadas para o grupo intervenção recebiam, na 28ª semana de gestação, um material impresso que continha informações baseadas em evidências científicas sobre riscos e benefícios da prova de trabalho de parto e da cesariana eletiva, num formato que encorajava a leitora a fazer julgamentos sobre as informações apresentadas, de acordo com seus próprios valores, necessidades e prioridades. Foram aplicados, para ambos os grupos, quatro questionários (durante a gestação e 6 a 8 semanas após o parto) para verificação de dados demográficos, história obstétrica, preferência pelo tipo de parto, nível de conhecimento, nível de conflito em relação à decisão sobre o tipo de parto, e satisfação das mulheres. Como resultado, encontraram que a estratégia foi eficaz no aumento do nível de conhecimento das mulheres e na redução do conflito associado à decisão sobre o tipo de parto após uma cesárea prévia, mas não esteve associada a obtenção do parto desejado. Verificou-se que o tipo de parto realizado relacionou-se mais aos padrões assistenciais vigentes nos locais onde o estudo foi realizado do que às opções das mulheres. 7. Discussão Como trabalho científico, devem ser analisadas também as limitações do método de revisão. A primeira preocupação se refere à busca bibliográfica. Nesse estudo identificamos 50 artigos, entre 2001 e 2006, usando como principal critério de inclusão o desenho de ensaio randomizado. Ao contrário de outras revisões, que também selecionaram estudos observacionais, optamos pela melhor evidência científica. Quanto aos idiomas, restringimo-nos ao português e inglês. Porém, ao realizarmos a busca em outros idiomas, para avaliar o viés de seleção (por não inclusão de artigos), só identificamos um ensaio clínico randomizado em espanhol94, sobre indução do parto, comparando misoprostol vaginal 50 versus 100mcg. Este artigo mais os dois não localizados não teriam alterado as conclusões do trabalho. Portanto, acreditamos que não tenha havido viés de seleção importante. 78 Esta ausência de artigos em outros idiomas não reflete uma despreocupação com as taxas de cesariana. Ao contrário, vários países europeus e latino-americanos têm apresentado uma vasta literatura de artigos observacionais sobre suas taxas95-96, com reflexões sobre as causas e possíveis áreas de atuação. Pode ser explicada pela preferência de publicação em inglês, escolha de outros focos de investigação, além de complexidade de realização de um ensaio clínico randomizado. Uma outra reflexão deve ser feita sobre a natureza das estratégias encontradas. Há uma preponderância de trabalhos no âmbito clínico (obstetrícia e anestesia), em contraposição a uma produção pequena de estratégias voltadas para as mulheres. Isto mostra a clara “medicalização” do cuidado ao parto. Mesmo quando o objetivo é reduzir parto cesáreo, as soluções propostas envolvem procedimentos sob domínio dos profissionais de saúde, nas quais a possibilidade de participação das mulheres é bastante reduzida. Dos estudos institucionais e voltados para as mulheres, apenas um foi americano, sendo os demais provenientes de países com modelos menos medicalizados de atenção ao parto. A qualidade metodológica dos artigos foi comprometida por problemas já relatados em outras revisões do mesmo tema. A randomização não foi bem explicitada em alguns artigos, fato minimizado pela comprovação da comparabilidade dos grupos, tranqüilizando quanto ao controle de confundimento. No entanto, o procedimento de ocultamento não foi relatado ou foi ausente em vários estudos, possibilitando viés de seleção. O mascaramento não era aplicável às pacientes em muitas situações, pela natureza invasiva de algumas intervenções. No entanto, era factível o mascaramento dos profissionais que avaliaram os desfechos na maioria dos casos, o que não foi realizado e pode ter trazido viés de aferição. Outro problema bastante freqüente foi o cálculo do tamanho amostral levando em conta apenas o desfecho primário. Houve estudos com número pequeno de pacientes, sem poder estatístico para detectar diferenças nos desfechos secundários, que, em muitos artigos, incluiu taxa de cesáreas e eventos neonatais. Estas questões ficaram sem evidência comprovada em vários estudos. 79 Dos estudos que abordaram manejo do parto, houve destaque para técnicas de indução. A indução do trabalho de parto é uma intervenção utilizada em diferentes situações na prática obstétrica, em especial nas gestações de alto risco, quando os benefícios de se continuar a gestação são superados pelas vantagens do nascimento. Nos últimos anos, com os avanços da neonatologia e a conseqüente redução da mortalidade neonatal por prematuridade, a interrupção eletiva da gestação tem ocorrido cada vez mais precocemente. Uma indução só é considerada exitosa quando ocorre o parto vaginal, caso contrário considera-se que houve falha do processo. As taxas de indução mais do que dobraram nos EUA desde 1989, com 20,5% de todos os partos eletivamente induzidos em 200197. As principais indicações para a indução eletiva têm sido a hipertensão arterial e a gestação prolongada. Em diversos países, a interrupção da gestação por diferentes fatores de risco, ou mesmo eletivamente, não é sinônimo da realização de cesariana, mas de indução do trabalho de parto. Esta preocupação com indução se reflete também na série de revisões sistemáticas produzidas pela Cochrane e outros autores11-23 para avaliar métodos de amadurecimento da cérvice uterina e de indução de trabalho de parto, publicadas nos últimos seis anos. Muitos estudos de intervenção clinica com o misoprostol têm se concentrado em encontrar a dose mais adequada, a melhor via de administração, a possibilidade de associação com outros métodos, a ocorrência de efeitos adversos como a taquissistolia e resultados como a duração entre o início da indução e o parto, redução de parto operatório, indicadores neonatais e satisfação materna. Nossos resultados foram semelhantes aos encontrados nas revisões da Cochrane, mostrando eficácia/efetividade dos métodos para indução, porém com evidência ainda pequena na redução da taxa de cesarianas. Vale ressaltar que os estudos abordados nesta revisão foram realizados em países onde as taxas de cesariana são muito menores do que as encontradas na saúde suplementar em nosso país. É possível que um maior impacto da utilização das técnicas de indução nas taxas de cesariana fosse observado nos serviços privados brasileiros. Em relação à condução do parto, no período abordado, apenas um artigo avaliou versão cefálica externa, com resultados mostrando diminuição 80 de apresentação não-cefálica e de cesariana, sem significância estatística. Este artigo foi um dos três incluídos na revisão da Cochrane25, que conclui por possível efeito na redução de cesarianas e descreve um ensaio pragmático em andamento (www.utoronto.ca/miru/eecv2). Houve sete artigos preocupados com monitoramento do bem-estar fetal. A cardiotocografia (CTG), por sua baixa especificidade, pode levar a muitos resultados falso-positivos e indicações desnecessárias de cesariana. Na revisão da Cochrane sobre CTG 28 , foi encontrado um aumento da taxa de cesarianas, sem alterações importantes perinatais, a não ser diminuição de convulsões neonatais. Concluem afirmando que o verdadeiro desafio é discutir estas incertezas com a paciente e permitir uma escolha com o melhor benefício. Outra revisão26 avaliou o eletrocardiograma fetal e encontrou taxas menores de parto operatório e outros desfechos perinatais, porém sem significância para cesariana. Concluem que as vantagens devem ser pesadas em relação ao uso de técnica invasiva (escalpe interno p/ o eletrodo). Já a revisão da Cochrane27 sobre oximetria só contemplou artigos até 2000 e concluiu pela efetividade da oximetria para reduzir cesarianas, aumentando a especificidade do monitoramento fetal. Nos estudos que avaliamos nesta revisão, estes resultados foram corroborados: quando se adiciona um exame em paralelo com a CTG, notadamente a oximetria fetal, aumenta a especificidade e diminuem os partos operatórios por “falso” sofrimento fetal. Devem ser contrabalançadas as desvantagens dos métodos invasivos e os benefícios da redução de cesarianas. A ultima revisão do Grupo Colaborativo Cochrane sobre a analgesia epidural 31 no trabalho de parto apontou a eficácia da técnica na redução da dor, mas apontou alguns riscos associados ao uso desta intervenção. De acordo com o estudo há uma maior probabilidade de um parto vaginal operatório embora não haja impacto significativo no risco de cesariana ou nos resultados imediatos neonatais determinados pelo índice de Apgar. A revisão da Cochrane foi recentemente criticada98, por não ter levado em conta o período de administração da epidural. Quando reanalisado o subgrupo de estudos onde o início da epidural foi precoce (antes de dilatação de 4 cm), fica evidente o aumento da taxa de cesariana (OR 2,59, IC95% 1,29-5,23). 81 Dentre as três estratégias estruturais encontradas, a implantação da segunda opinião mandatória e o cuidado continuado no pré-natal, demonstraram redução das taxas de cesariana. A estratégia de envio de relatórios periódicos aos departamentos de obstetrícia não resultou em menores taxas de cesárea, embora tenha contribuído para maior homogeneidade nas taxas de intervenções obstétricas. Uma revisão sistemática anterior99 já havia evidenciado os benefícios do cuidado continuado no pré-natal, encontrando menor taxa de internação hospitalar durante a gestação, maior adesão a programas de educação em saúde no pré-natal, menor uso de analgesia no trabalho de parto, menor necessidade de manobras de ressuscitação para os recém-natos, menor utilização de episiotomia (embora maior proporção de lacerações vaginais ou perineais), e maior satisfação das mulheres, não sendo observadas diferenças nos índices de Apgar, baixo peso ao nascer, natimortalidade e neomortalidade. Entretanto, como nos dois estudos avaliados o cuidado continuado era fornecido apenas por midwives em comparação ao cuidado convencional prestado por vários profissionais, os autores afirmavam não haver clareza se os resultados deveriam ser atribuídos ao modelo de cuidado adotado (cuidado continuado) ou ao tipo de profissional envolvido na assistência (midwives). No estudo de Homer89, analisado nesta revisão sistemática, o cuidado continuado foi fornecido por uma equipe de midwives e obstetras, sugerindo que os benefícios encontrados tenham sido decorrentes do cuidado continuado. Além disso, esse estudo encontrou novos resultados benéficos do cuidado continuado, como a redução da taxa de cesariana. Uma revisão sistemática32, para avaliar os efeitos do suporte social aumentado no pré-natal para as mulheres de alto risco para prematuridade e baixo peso ao nascer, também encontrou menores taxas de cesariana, além de melhores resultados psicossociais em alguns estudos. Esse suporte era fornecido por profissionais de saúde ou pessoas leigas treinadas, e era composto de suporte emocional e informação, associado ou não a ajuda material. Quanto à estratégia de envio de relatórios, uma revisão que incluiu 85 estudos para avaliar os resultados da auditoria e retorno da informação na 82 mudança de práticas e resultados em saúde100 demonstrou que essas estratégias têm efeitos leves a moderados. O maior efeito foi observado em estudos que relatavam baixa adesão às práticas antes da intervenção. Devese ressaltar que, dos 85 trabalhos identificados, apenas 10 foram considerados de bom nível metodológico. A maior parte dos estudos apresentava qualidade metodológica moderada, avaliavam intervenções de complexidade moderada, visando à modificação de práticas de moderada dificuldade, gerando baixo gradiente de comparação entre os trabalhos. Um dos estudos revisados comparou duas estratégias – auditoria e encontros educativos X atuação de lideranças locais - nas taxas de parto normal póscesárea anterior, encontrando redução da taxa de cesariana apenas no grupo “liderança local”. A revisão conclui que as estratégias de auditoria/feedback têm efeito potencial na mudança das práticas em saúde, porém de magnitude provavelmente pequena. Aponta ainda que a estratégia a ser adotada deve considerar a prática a ser modificada e as características organizacionais locais. Em relação à estratégia de implantação da segunda opinião mandatória87, não foram identificadas revisões sistemáticas realizadas anteriormente sobre esse tema. Apesar do resultado encontrado, de redução das taxas de cesariana, há que se considerar a possível rejeição dos profissionais a esse tipo de intervenção: 91% dos profissionais entrevistados recomendariam a implantação da segunda opinião mandatória em hospitais públicos, mas apenas 65% nos hospitais privados. Quando se avaliou101 a opinião exclusivamente dos médicos brasileiros que participaram do estudo de opinião mandatória, foi observado que apenas 30% consideraram viável a implantação dessa estratégia nos serviços privados. As principais razões alegadas foram que os profissionais não aceitam que suas decisões sejam questionadas (30%), que a responsabilidade pelo paciente é exclusivamente do médico atendente (aproximadamente 20%) e que existem outros interesses envolvidos, não necessariamente relacionados à melhor forma de terminar a gestação (13 a 20%). Das estratégias voltadas para as mulheres - duas relacionadas a intervenções no pré-natal para reduzir demanda por cesárea e uma ao 83 suporte no parto - nenhuma se mostrou efetiva para a redução das taxas de cesariana. Numa revisão sistemática38 para avaliar a efetividade da informação fornecida às mulheres sobre o parto cesariano, também não se evidenciou qualquer diferença nas taxas de cesárea e em outros desfechos estudados quando comparou o grupo intervenção com o grupo controle. Essa revisão identificou dois ensaios clínicos randomizados que tinham por objetivo encorajar as mulheres a ter um parto vaginal e reduzir a taxa de cesariana: um deles utilizando uma intervenção educativa102 e o outro a terapia cognitiva para reduzir o medo do parto normal92. Ambos apresentavam limites metodológicos, tornando a evidência sobre esse tipo de estratégia inconclusiva. Além disso, a autora ressaltou que alguns desfechos importantes não forma avaliados em ambos os estudos, como o nível de conhecimento das mulheres, conflitos para a decisão, percepção das mulheres sobre sua capacidade de participar do processo decisório, e se as necessidades das mulheres em relação às mulheres foram supridas. O estudo de Shorten93 avançou nessas questões, ao incorporar alguns desses desfechos em sua análise, encontrando diferenças significativas entre o grupo controle e intervenção, embora sem redução da taxa de cesariana. Em relação ao suporte emocional no parto, diversos estudos já demonstraram os benefícios desta prática, principalmente em ambientes onde a presença de acompanhantes familiares não é permitida e o uso de intervenções obstétricas é baixo. Na última revisão sistemática sobre o tema33, foi encontrado menor uso de analgesia ou anestesia, parto vaginal operatório, parto cesariano e insatisfação com a experiência do parto em mulheres com suporte continuado, sem evidências de prejuízos associados a essa prática. Os autores concluem que o suporte no parto deve ser a norma e não a exceção, e que todas as mulheres devem ser encorajadas a ter um acompanhante durante todo o trabalho de parto. De um modo geral, os maiores benefícios parecem estar relacionados ao suporte continuado no trabalho de parto fornecido por um profissional de saúde, quando este não faz parte da equipe da instituição, a analgesia peridural não é utilizada rotineiramente e o suporte é fornecido desde o início do trabalho de parto. 84 O ensaio randomizado de Hodnett et al91 apontou para os limites do suporte no parto fornecido por enfermeiros na redução do parto cesariano, em locais onde predomina o modelo tecnológico de atenção, com uso intensivo de intervenções médicas. No Brasil, a prática em hospitais privados se assemelha à descrita pelos autores do ensaio, com presença de acompanhantes familiares e uso elevado de intervenções, sendo pouco provável que o suporte no parto por enfermeiras treinadas tenha qualquer efeito nas elevadas taxas de cesariana observadas nesses serviços. Outras revisões sistemáticas anteriores, que avaliaram estratégias direcionadas às mulheres, também se mostraram inconclusivas. Uma revisão sistemática35 sobre trabalhos educativos individuais ou em grupo durante o pré-natal selecionou seis ensaios clínicos randomizados, dos quais cinco apresentavam várias limitações metodológicas. O único estudo grande (n=1275) e de boa qualidade avaliou uma intervenção educativa para aumentar o parto vaginal após cesárea anterior102, não encontrando diferença na taxa de parto normal entre os grupos intervenção e controle. Uma revisão sobre atividades educativas com mulheres para o diagnóstico do início do trabalho de parto36 identificou apenas um ensaio clínico randomizado, com limitações metodológicas, envolvendo 245 mulheres. Os autores concluem que, embora teoricamente a educação específica das mulheres para o diagnóstico correto do início do trabalho de parto possa trazer resultados benéficos, como admissão mais tardia no hospital, menor uso de intervenções obstétricas e aumento da autoconfiança e redução da ansiedade das mulheres, as evidências sobre essa estratégia ainda são inconclusivas. Uma última revisão37 que avaliou os resultados do fornecimento do registro da assistência pré-natal para as gestantes, para que as próprias o levassem aos serviços de saúde por ocasião dos atendimentos, incluiu três ensaios clínicos envolvendo 675 mulheres. Os autores concluíram que a evidência científica ainda é inconclusiva em relação aos benefícios desta estratégia para a mudança de hábitos, controle de fatores de risco e desfechos clínicos, mas sugerem benefícios relacionados a um maior senso de controle e satisfação das mulheres e maior disponibilidade dos registros relativos à assistência pré-natal durante o atendimento nos serviços de saúde. 85 É importante ressaltar que, embora a evidência científica sobre estratégias voltadas para as mulheres visando a redução das taxas de cesariana seja ainda inconclusiva, os autores apontam outros benefícios associados às medidas estudadas, como aumento do nível de conhecimento das mulheres, da percepção de riscos, da redução da ansiedade materna e de maior satisfação com o cuidado recebido, sugerindo que essas estratégias não sejam negligenciadas. Avanços nesse campo devem envolver as mulheres na definição da informação que elas desejam receber para as decisões relacionadas ao tipo de parto, ressaltando-se que a informação é apenas um dos fatores envolvidos no processo decisório, onde também participam experiências anteriores, contexto cultural, crenças e valores, medo e informação de outras fontes. É importante também destacar que o tipo de informação fornecida; a forma, a época e a periodicidade de fornecimento da mesma, e os profissionais envolvidos nessa atividade, são aspectos importantes a serem considerados e devem ser incluídos nos estudos que visem avaliar esse tipo de intervenção. 86 Recomendações Considerando as evidências científicas disponíveis, podemos delinear algumas possíveis estratégias de ação: 1) Estratégias direcionadas às mulheres = embora não existam estudos científicos que demonstrem a redução das taxas de cesariana com esse tipo de intervenção, os estudos disponíveis sugerem benefícios psicossociais associados ao trabalho educativo com mulheres. Além disso, esta estratégia poderia alterar, a médio-longo prazo, a demanda das mulheres por cesáreas eletivas. É fundamental que estratégias educativas sejam direcionadas também à população geral, visando disseminar informações relacionadas às vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de parto, e modificar o senso comum de que a cesariana é a forma normal de parturição. É importante também que as mulheres sejam envolvidas na formulação das estratégias educativas, para que o conteúdo, a forma de apresentação e a periodicidade das informações fornecidas considerem as necessidades das mulheres no seu processo de tomada de decisão. Por fim, é necessário que estudos avaliativos sejam conduzidos, para verificar a efetividade das intervenções adotadas e contribuir para a construção do conhecimento científico sobre o tema; 2) Estratégias direcionadas aos profissionais = é a intervenção mais importante e provavelmente a de mais difícil implantação. Trabalhos educativos direcionados aos profissionais são essenciais para a progressiva incorporação de práticas baseadas em evidências científicas, bem como para uma nova relação com as usuárias que considere o papel ativo das gestantes na tomada de decisões relacionadas ao seu processo de parto. Com base na evidência disponível, deve-se enfatizar a incorporação das seguintes práticas obstétricas no manejo do trabalho de parto: a) indução do trabalho de parto como forma de término da gestação, em substituição à cesárea eletiva, com utilização de métodos seguros 87 e eficazes quando seguidos os protocolos de aplicação tais como o misoprostol vaginal e a própria ocitocina; b) utilização da prova de trabalho de parto em gestantes com uma cesárea anterior uma vez que o risco de ruptura uterina associado a esta conduta é de 0,5%. Várias evidências científicas apontam para os benefícios desta prática e de sua importância para a redução da taxa secundária de cesariana com protocolos bem estabelecidos sobre sua aplicação; c) o cuidado na utilização da cardiotocografia em gestantes de baixo risco pela possibilidade de aumento das taxas de parto operatório nesta população e do uso de métodos de avaliação do bem estar fetal, tais como a dopplerfluxometria, para avaliar as gestantes hipertensas e/ou com crescimento uterino estrito visando maior acurácia do diagnóstico do sofrimento fetal em gestações de risco; d) uso de analgesia peridural com doses baixas quando este método de analgesia estiver indicado sabendo que existe maior possibilidade de parto vaginal operatório com este procedimento. Deve-se ressaltar, entretanto, que o trabalho educativo, apesar de importante, é certamente insuficiente para a mudança das práticas de saúde, pois outros fatores, além do conhecimento, afetam as atitudes e práticas dos profissionais. Outras estratégias, como a segunda opinião mandatória; auditoria; envio de relatórios; definição de limites máximos para as intervenções obstétricas, associados ou não a sanções financeiras; envolvimento de lideranças locais, podem ser adotadas, considerando-se sempre as características organizacionais de cada local e os efeitos leves a moderados dessas estratégias. Há que se considerar, entretanto, os limites para a implantação desse tipo de estratégia em nosso meio. O primeiro relaciona-se à informação disponível para a estratégia de envios de relatórios. O Sistema de Informação sobre os Nascidos Vivos apresenta alguns dados relacionados às características maternas (idade, grau de instrução, local de residência, número de gestações anteriores), assistência pré-natal (número de consultas) e dados do recém-nato 88 (peso, idade gestacional, Apgar de primeiro e quinto minuto), mas não contém dados sobre a gestação atual (complicações) nem sobre procedimentos realizados durante a assistência ao parto, com exceção da via de parto. Dessa forma, análises apenas dos dados deste sistema de informação, não permitem avaliar os resultados e a adequação da assistência prestada nas diversas instituições em relação ao perfil de clientela atendida, embora propiciem o monitoramento de alguns indicadores ao longo do tempo e a comparação desses mesmos indicadores entre as diversas unidades de saúde. O Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS), utilizado nos serviços públicos, contém alguns dados relacionados à gestação atual e poderia ser utilizado para qualificar a análise dos dados do SINASC. Entretanto, o limite máximo de partos cesáreos definido pelo Ministério da Saúde, que impede a entrada de dados no sistema uma vez que esse limite é alcançado, resulta na perda de muitas informações. No sistema de saúde suplementar, a incorporação de alguns dados da gestação atual no sistema de informações utilizado, poderia contribuir para a análise dos resultados obtidos e o retorno dessa informação para os diversos prestadores. É possível também considerar a imposição de limites para as intervenções obstétricas no sistema de saúde suplementar, principalmente das taxas de cesariana, a exemplo da iniciativa adotada pelo Ministério da Saúde. Essa estratégia poderia ou não ser acoplada à implantação da segunda opinião mandatória, sendo a indicação da cesariana validada por um auditor. Algumas restrições importantes devem ser consideradas para a implantação dessas estratégias. Em primeiro lugar, a própria demanda das mulheres pelo parto cesariano. No estudo realizado em duas maternidades privadas do Rio de Janeiro, a demanda das mulheres pelo parto cesáreo foi de 30% já no início da gestação, sendo necessário um trabalho educativo de longo prazo com as mulheres, que poderá resultar ou não em modificação 89 desse perfil. Em segundo lugar, a própria restrição dos profissionais médicos a interferências em sua prática privada, já citada anteriormente. E por último, mas de extrema importância, é a ausência de evidências científicas que demonstrem conseqüências negativas das cesáreas eletivas. Embora estudos sugiram que indicações inadequadas de cesariana possam levar à maior morbi-mortalidade materna, fetal e neonatal2-6, não existem ensaios clínicos randomizados que comprovem piores resultados maternos e perinatais associados à cesárea a pedido. 3) Estratégias para garantia do suporte contínuo no parto = esta é uma prática que dispõe de forte evidência científica sobre seus benefícios para a redução da taxa de cesariana, devendo ser garantida em todos os serviços públicos e privados. No âmbito dos serviços públicos, já existe uma lei federal que garante às mulheres a presença de um acompanhante familiar no momento do parto, mas não existem ainda estudos que avaliem a implantação dessa prática nacionalmente. Pode-se supor que muitas mulheres ainda careçam de um suporte adequado durante o parto, que poderiam ser fornecidos por enfermeiras da equipe hospitalar. Estudos seriam necessários para avaliar a efetividade dessa estratégia em nosso meio. Nos serviços privados, embora a gestante esteja freqüentemente acompanhada de seu médico particular e de familiares, nem sempre o suporte intraparto está garantido nos três componentes que o caracterizam: informação, conforto físico e suporte emocional. Já existem evidências demonstrando que o melhor suporte é aquele fornecido por profissionais que não façam parte da equipe hospitalar, estando este ator com sua atuação voltada exclusivamente para o fornecimento do suporte. Em alguns países, como nos EUA, e também de forma incipiente no Brasil, já existem profissionais, geralmente denominadas de doulas, que prestam este tipo de cuidado, que se inicia no pré-natal e se estende até o parto ou pós-parto imediato. Poderia-se pensar na inclusão dessa profissional na equipe de saúde coberta pelos planos de saúde, sendo os gastos com o pagamento 90 desse profissional compensados pela redução de despesas com parto operatório, parto cesariano e uso de analgesia ou anestesia. Uma outra estratégia possível seria implantar intervenções direcionadas aos familiares, visando maior preparação dos mesmos para o fornecimento do suporte, embora não existam estudos que avaliem os benefícios do suporte no parto fornecido exclusivamente por familiares. A implantação de doulas e o trabalho com familiares também seriam estratégias viáveis nos serviços públicos de saúde; 4) Estratégias relacionadas à assistência pré-natal = o cuidado continuado no pré-natal é uma intervenção que apresenta resultados benéficos comprovados, incluindo a redução da taxa de cesariana. Especificamente para as mulheres de alto risco para prematuridade e baixo peso ao nascer, o suporte social no pré-natal também resultou em menores taxas de cesariana, além de melhores resultados psicossociais em alguns estudos. Os benefícios encontrados no modelo que enfatiza a continuidade do cuidado são promissores para o setor público, principalmente no contexto brasileiro de reformulação da atenção básica com expansão da estratégia saúde da família, onde a questão da responsabilização da equipe pela clientela adstrita é central, propiciando a continuidade da assistência durante o pré-natal. Entretanto, a continuidade do cuidado até o parto e pós-parto exige maior integração entre os serviços de atenção ambulatorial e hospitalar, constituindo-se em enorme desafio para o setor público. Já para o setor privado, a relevância desta estratégia não é tão clara, já que em geral a mulher é acompanhada pelo mesmo profissional durante o pré-natal, parto e pós-parto. Para aquelas mulheres que dispõem de cobertura do plano de saúde para a assistência pré-natal, mas não para o parto, ou vice-versa, a descontinuidade da assistência pode ocorrer. Caso esta situação seja muito freqüente, estratégias específicas poderiam ser pensadas para esse tipo de clientela. A inclusão da doula na equipe de saúde poderia ser uma opção para garantir a continuidade do cuidado. 91 Tabela 2 – Característica dos artigos revisados segundo tipo de estratégia utilizada Indução Artigo País de estudo Intervenção Misoprostol (MP) X MP + sonda X (DG) + sonda dinoprostone Desfecho primário Desfecho secundário Tempo indução-parto Não descritos. Taxa de cesariana apresentada nos resultados Barrileaux et al. Estados Unidos Bolnick et al. Estados Unidos DG + baixa dose de ocitocina X MP 25µg + alta dose ocitocina para indução do TP em bishop <=6 Tempo indução-parto Taxa de cesariana, hiperestimulação uterina Carlan SJ et al. Estados Unidos Misoprostol oral 200µg X Misoprostol vaginal 50µg Interrupção da intervenção Taxa de cesariana, taquisistolia e hiperestimulação Christensen et al. Estados Unidos Ocitocina + DG X Ocitocina pós DG Tempo indução-parto Mudança do escore Bishop, partos em 24h, taxa de cesariana, desfechos maternos e neonatais Gelisen et al. Turquia Misoprostol 50µg vaginal X ocitocina X sonda de foley X aguardar 42 semanas Taxa de cesariana, TMP neonatais Cesariana emergencial e efeitos adversos ( taquisistolia) Gemund et al. Holanda Misoprostol 25 µg vaginal de 4/4 horas X DG 1mg 4/4 horas Desfecho neonatal adveso Duração do TP; TP e satisfação das mulheres Ghidini A et al. Estados Unidos Misoprostol intravaginal 50µg x 100µg Taxa de cesariana Intervalo indução-parto, PN em 24h e desfechos neonatais Brasil Misoprostol 25µg X conduta expectante Tempo recrutamento - parto Tipo de parto, hipercontratilidade, morbidade neonatal e materna, complicações TP/parto Guinn DA et al. Estados Unidos Foley + ocitocina X foley + infusão salina + ocitocina Tempo inserção do cateter - parto Taxa de cesariana, amniotite, morbidade materna e neonatal Karjane NW et al. Estados Unidos Foley + ocitocina X foley + infusão salina + ocitocina Tempo indução-parto Taxa de cesariana e corioamniotite Kwon JS et al. Canadá Misoprostol 50µg vaginal X 50µg oral Tempo indução-parto Taxa de cesariana; desfechos neonatais; alteraçõea de contratilidade uterina Meydanli Turquia Misoprostol 25µg vaginal X 50µg vaginal Tempo indução-parto Tipo de parto; taquisistolia; cesariana emergência; desfechos perinatais Estados Unidos Amniotomia e/ou ocitocina X expectante Taxa de cesariana Desfechos maternos e neonatais Turquia Misoprostol intra vaginal 50µg X 100µg Taxa de cesariana / parto vaginal em 24h Parto vaginal mais de 24 h; uso de ocitocina; intervenções intra-parto; morbimortalidade fetal e neonatal; PH artéria umbilical Suiça e Reino Unido Misoprostol intra vaginal 50µg (máximo 100) X Dinoprostone 1mg (máximo 4) Parto vaginal em 24h Hiperestimulação; cesariana; resultados neonatais Escócia Misoprostol 50µg sub-lingual x 50µg oral Parto vaginal em 24h Uso de ocitocina, tipo de parto, cesariana por sofrimento fetal, hiperestimulação, efeitos gástricos, desfechos neonatais Brasil Hialuronidase x cateter de foley Variação do índice de Bishop Duração da indução, tipo de parto, indicação da cesariana, satisfação da mulher da Graça Krupa et al. Nielsen PE et al. Ozoy M et al. Pandis GK et al. Shetty A et al. Surita FG et al. 92 Indução Artigo População Critério Randomização Fluxograma Mascaramento Barrileaux et al. 339 mulheres Feto único, cefálico, Indicação para indução, bolsa íntegra, ausência de cicatriz uterina Adequada Não, mas descreve no texto os desvios de protocolo Não se aplica Bolnick et al. 151 mulheres Feto único; cefálico; IG: 37-43; Bishop<=6; sem cesariana anterior ou cicatriz; CTG reativa; < 4 contrações em 20 minutos. Exclusão: peso > 4500, corioamniotite Adequada Não Profissionais sim, pacientes não Carlan SJ et al. 1004 mulheres Feto único, cefálico, com indicação para indução, bishop < 7, IG > 24 sem, peso < 4500g, contrações< 4 em 20 min Adequada Sim Não se aplica 71 mulheres Feto único, cefálico, sem cesariana anterior, bishop <=6, indicação para indução Adequada Não Não se aplica Parcialmente adequada (envelope e ocultamento) Não Não se aplica Christensen et al. Gelisen et al. Feto único; cefálico; IG >= 41 sem.; colo desfavorável; 600 (300 controle X 300 no intervenção - 100 bishop < 5; CTG reativa; membranas íntegras; sem contração; peso < 4500. Exclusão: cesariana anterior; em cada subgrupo) obesidade e paridade >= 5 Gemund et al. 681 mulheres Feto único cefálico ou pélvico; IG >=36sem; com indicação para indução;bishop<= 6 sem cesariana prévia ou outra cirurgia uterina Adequada Sim Não se aplica à mulher e profissional; não informado para aferição Ghidini A et al. 58 mulheres Feto único, cefálico, IG >=37 sem; sem cesariana transversa prévia, BCF reativo, dilatação até 3cm Inadequada Não Não da Graça Krupa et al. 150 mulheres Feto único, cefálico, RPMO sem TP, IG >= 37 sem, sem cesariana anterior, CTG reativo Adequada Sim Não se aplica Guinn DA et al. 87 mulheres Feto único; cefálico; indicação de indução; bishop <= 5; membrana íntegra; sem cesariana vertical anterior Adequada Sim Não se aplica Karjane NW et al. 140 mulheres Feto único; cefálico; IG >=34sem.; 18 anos ou mais; indicação de indução; bishop<= 5; bolsa íntegra; CTG reativa; sem cesariana anterior Adequada Sim Não seaplica Kwon JS et al. 160 mulheres Feto único; indicação de indução; IG 37 a 42 sem.; sem cicatriz; sem RPMO; sem oligodramnia; 50% apagado; > 2cm dilatação Adequada Não Não se aplica Meydanli 120 mulheres Feto único; IG > 41 sem.;cefálico; menbrana íntegra; < 4 contraçõea; < 4500g; bishop<5 Adequada Não Adequada Nielsen PE et al. 226 mulheres Feto único; cefálico; IG >=39sem.; bishop >=5; idade 17 ou mais Parcialmente adequada Sim Não se aplica Ozoy M et al. 72 mulheres Feto único; IG >= 39 sem.; indicação de indução; dilatação <3; paridade < 5 Não explicitada Não Não informado Pandis GK et al. 435 mulheres Feto único; cefálico; idade >=16; IG >=37 sem; membrana íntegra; sem cesariana anterior Adequada Não, porém disponíveis em tabela Não se aplica mulher e profissional; cegada para desfecho Shetty A et al. 100 mulheres Feto único, cefálico, paridade <=5, CTG reativa, sem cesariana prévia, IG > 37 semanas, indicação de indução, Bishop<8, Parcialmente adequada Não, porém estudo sem perdas Não se aplica. Não informado para aferição. Surita FG et al. 140 mulheres Feto único, cefálico, IG >=37 semanas, indicação de indução, Bishop<=5, CTG reativa, <= uma cesariana, Parcialmente adequada Não Não se aplica 93 Indução Artigo Barrileaux et al. Bolnick et al. Carlan SJ et al. Análise Resultados Limitações Intenção de tratamento Sem diferença significativa entre os grupos Tamanho amostral insuficiente para desfechos secundários, inclusive cesariana Não diz se foi por intenção de tratamento; feita análise de subgrupo não planejada previamente. Sem diferença entre os grupos, sem redução de cesariana Tamanho amostral insuficiente para desfechos secundários Sem diferença entre os grupos para eficácia. Mais efeitos Tamanho amostral insuficiente para taxa de cesariana adversos e mais cesariana no grupo oral ( NS limítrofe) Intenção de tratamento Não foi por intenção de tratamento; fez análise de subgruponão planejada anteriormente DG + ocitocina com < duração intervalo-parto e mais partos em 24h Tamanho amostral insuficiente para desfechos secundários Gelisen et al. Intenção de tratamento; não explica cálculo de tamanho amostral, não faz ajuste nem análise de subgrupo Indução do TP com 41 sem; menor morbidade neonatal se aumento de cesariana Limitações metodológicas (randomização e amostragem) Gemund et al. Intenção de tratamento; ajuste para variáveis neonatais; análise de subgrupo ( nulíparas x multíparas) Não houve diferença para desfechos neonatais e satisfação. Grupo do misoprostol com menos cesariana, menos internação e menor tempo de indução - Ghidini A et al. Não informa se foi por intenção de tratamento Mais cesariana no grupo intenvenção 100mcg porém NS Muitas limitações metodológicas e amostra insuficiente Intenção de tratamento; não houve ajuste embora fosse necessário Menor ponto de latência, menor tempo de recrutamento para o parto no grupo intervenção, cesariana NS Grupos não comparáveis em relação à paridade. Bishop não disponível. Numero peq para desfechos secundários inclusive cesariana. Intenção de tratamento e adesão ao protocolo Infusão salina não aumentou eficácia da indução com foley Tamanho amostral insuficiente para o desfecho estudado Karjane NW et al. Intenção de tratamento multivariada para tempo de indução; sem análise de subgrupo Infusão salina reduziu duração do tempo indução-parto sem afetar taxa de cesariana Tamanho amostral insuficiente para desfechos secundários Kwon JS et al. Intenção de tratamento; tamanho amostral calculado apenas para desfecho primário, feita análise de sugrupo não prevista no início do estudo Menor duração do tempo indução-parto no vaginal Menor apgar, maiores taxas de cesariana de urgencia e BCF alterado no grupo intervenção Tamanho amostral insuficiente para o desfechos secundários Não foi por intenção de tratamento Redução de 60min sem significância - Intenção de tratamento com análise de subgrupo não prevista Indução não resultou em aumento na taxa de cesarianas Tamanho amostral insuficiente. Limitações metodológicas Intenção de tratamento Não houve diferença entre os grupos Não explicou tamanho amostral nem mascaramento Não foi por intenção de tratamento; adoção de protocolo; feita análise de subgrupo prevista Misoprostol < duração do TP; mais PN; menos ocitocina. No subgrupo: mulh colo <1, não houve dif.; Colo 1 a 4 misoprostol foi melhor; Colo > 4 ausência de PN em ambos os grupos - Intenção de tratamento; análise de sub-grupo das mulheres com parto vaginal Misoprostol sub-lingual com eficácia para indução do parto Tamanho amostral insuficiente para desfechos secundários Intenção de tratamento, sem análise de sub-grupo Ambos os métodos eficazes e seguros com poucas complicações maternas e fetais. Foley com menor tempo de indução e menor custo. Hialuronidase depende da indicação (uso em consultório) Randomização não adequada, não apresenta tabela de comparabilidade. Christensen et al. da Graça Krupa et al. Guinn DA et al. Meydanli Nielsen PE et al. Ozoy M et al. Pandis GK et al. Shetty A et al. Surita FG et al. 94 Condução do TP Artigo País de estudo Intervenção Desfecho primário Desfecho secundário Beall MH et al. Estados Unidos Manobra MC Robertson preventiva distócia de ombro X manobra cooperativa Tempo do delivramento do ombro Taxa de cesariana; admissão UTI neonatal Hutton L et al. Canadá, EUA, UK, Austrália, Nova Zelândia, Israel, Egito Versão externa precoce (34 x 37 sem) Proporção de apresentação não cefálica à termo Taxa de cesariana e complicações perinatais Pattinson et al. Africa do Sul Condução agressiva TP( exame vaginal 2/2H, uso de ocitocina se linha de alerta ultrapassada) X Cuidado expectante ( exame vaginal 4/4 e uso de partograma com 2 linhas , alerta e ação) Tipo de parto; uso de ocitocina, índice de apgar, analgesia, morbimortalidade neonatal - Plunkett B et al. Estados Unidos Puxo induzido X puxo espontâneo Duração do tempo do puxo Tipo de parto, complicações maternas e neonatais, satisfação materna Índia Amnioinfusão X tratamento convencional Taxa de cesariana Síndorme de aspiração meconial, Apgar, outros desfechos neonatais Tailândia Condução Ativa do trabalho de parto (amniotomia+ocitocina+CTG) X manejo convencional Taxa de cesariana, duração do trabalho de parto - Suécia CTG X CTG + ECG fetal Acidose metabólica em artéria umbilical Parto operatótio por sofrimento fetal Austrália CTG X CTG + oximetria fetal Parto operatório por sofrimento fetal (cesariana, fórceps, vácuo) Taxa total de parto operatório Irlanda CTG X ausculta intermitente Morbimortalidade neonatal Taxa de cesariana; fórceps, episiotomia; internação UTI; índice de apgar; desfechos maternos Klauser CK et al. Estados Unidos CTG X CTG + oximetria fetal Taxa de cesariana - Kuhnert M et al. Alemanha CTG + scalp X CTG +scalp + oximetria Parto operatório (forceps e cesariana) e punção (scalp) fetal - Mires G et al. Escócia CTG X Doppler Acidose metabólica em artéria umbilical Apgar e parto operatório Willians KP et al. Canadá CTG X Doppler Taxa de cesariana por sofrimento fetal no trabalho de parto Taxa de cesariana, Apgar 1º e 5º minuto, mecônio, natimortalidade, internação em UTI neonatal Rathor A et al. Somprasit et al. Bem-estar fetal Amer-Wahlin et al. East et al. Impey L et al. 95 Condução do TP Artigo População Critério Randomização Fluxograma Mascaramento Beall MH et al. 185 mulheres, dados do desfecho primário disponíveispara 128 mulheres Feto único, cefálico, peso mínimo = 3800g Parcialmente adequada Não Não se aplica Hutton L et al. 232 mulheres Feto único; nulíparas com qualquer apresentação, multíparas com pélvica completa. Grupo 1: 34 a 36 sem; grupo 2: 37 ou mais. Exclusão: paridade maior que 4 e contra-indicações obstétricas Adequada (sem ocultamento) Sim Não se aplica Pattinson et al. 694 mulheres Nuliparas em TP ativo. Exclusão: IG ignorada com peso fetal estimado <2500g Parcialmente adequada; não explicita "ocultamento" nem quem gerou a randomização Plunkett B et al. 202 mulheres Feto único, cefálico, nulíparas, à termo, mulheres em analgesia peridural,. Exclusão das gestantes com diabetes Parcialmente adequada; não explicita "ocultamento" Sim Não de aplica Rathor A et al. 200 mulheres Feto único, cefálico, IG >=37 semanas, líquido amniótico meconial. Exclusão:amniotite Parcialmente adequada; não explicita "ocultamento" Não Não se aplica. Não informado para aferição do desfecho 975 (325 no manejo ativo x 650 no manejo convencional) Feto único, cefálico, primípara, à termo, em TP. Exclusão: complicações médicas Adequada Não Não se aplica. 4.966 mulheres (multicênntrico) Pacientes em TP, IG > 36 sem., feto único, cefálico, com indicação de CTG Mal explicitada Sim Não se aplica 601 mulherea ( 4 maternidades. Sde volume) hosp. Terciário CTG não reativo TP, IG > 36 sem., RPMO ou amniotomia, feto único, cefálico Parcialmente adequada Sim Não se aplica. Não informado para aferição do desfecho Impey L et al. 8580 mulheres Mulheres de baixo risco em TP Adequada Sim Sim para afericão. Não se aplica para mulheres e profissionais Klauser CK et al. 327 mulheres Feto cefálico; IG > 28 sem.; dilatação >2; bolsa rota; altura <= -5. exclusão; corioamniotite e contra indicações PN Inadequada Sim Não se aplica; para aferição não informado Kuhnert M et al. 146 mulheres Feto único; cefálico; mulheres em TP com cardio não reativa; IG >36sem. ; CTG alterado (escore >8). Exclusão: cesariana programada, herpes, HPV, placenta prévia Inadequada (nada informado) Não Não se aplica mulher e profissional; não informado para aferição Mires G et al. 3.752 mulheres Exclusão: complicações obstétricas, suspeita de CIUR, DPP, sangramento vaginal, gravidez múltipla, malformação fetal, cesariana anterior, apresentação pélvica Adequada Sim Sim Willians KP et al. 1360 mulheres Alto risco, sem TP, IG > 32 sem. Exclusão: rotura prematura de membranas, gravidez múltipla, óbito fetal, anomalia congênita, ter participado do estudo anteriormente. Adequada+I10 Não, mas descreve no texto os desvios de protocolo Não se aplica Somprasit et al. Não, mas descreve no texto os Não se aplica e não informado desvios de protocolo para análise Bem-estar fetal Amer-Wahlin et al. East et al. 96 Condução do TP Artigo Análise Resultados Limitações Sem redução do tempo de delivramento; mais cesariana no Viés de seleção, viés de internação, viés de aferição grupo intervenção Beall MH et al. Não foi por intenção de tratamento; não houve ajuste Hutton L et al. Intenção de tratamento sem análise de subgrupo Não houve poder estatístico para confirmar evidência - Pattinson et al. Intenção de tratamento, apresenta análise de subgrupo não prevista Conduta agressiva teve menor taxa dde cesariana Metodológicas: não alcançou tam amostral estimado e baixa adesão dos profissionais ao protocolo Plunkett B et al. Intenção de tratamento, apresenta análise de subgrupo (mulheres com "strong urge to push" x "non strong") Não houve diferença entre os grupos - Intenção de tratamento Menor taxa de cesariana e morbidade neonatal no grupo intervenção - Análise limitada (não foi por intenção de tratamento, não teve análise de sub-grupo, não descreve tamanho amostral). Redução de quase 20% na taxa de cesariana (NS) Tamanho amostral insuficiente e limitações da análise Intenção de tratamento e análise de sensibilidade Intervenção diminui acidose anterial umbilical e cesariana por sofrimento fetal. Com análise de sensibilidade, excluindo mal formados e registros inadequados, alcançou significância estatística - Interina/interrupção, regressão logística com ajuste, não houve análise de subgrupo Intervenção com menor taxa de parto operatório por sofrimento fetal explicado pela menor cesariana porém aumento de fórceps Seleção de mulheres não permite generalização; tamanho amostral insuficiente para desfechos secundários Intenção de tratamento; sem ajuste para variáveis Sem diferença entre os grupos Validade externa limitada por modelo de acompanhamento ao TP muito diferenciado (manejo ativo) Klauser CK et al. Não foi por intenção de tratamento; sem análise de subgrupo Não houve redução de cesariana Metodológicas, randomizazão inadequada, tamanho amostral insuficiente, análise não foi por intenção de tratamento Kuhnert M et al. Não foi por intenção de tratamento; sem análise de subgrupo nem ajustes Diminuição da taxa de cesariana, vácuo e scalp Sem informações do local de estudo, randomização não é clara. Não apresentou tabela comparando os 2 grupos Intenção de tratamento; análise de subgrupo Sem diferença entre os grupos na incid. de acidose metabólica na análise global e de subgrupo; > incid. de parto operatório e de analgesia epidural no grupo Doppler na análise global e de subgrupo Menos perdas ocorreriam se o consentimento fosse pedido no final da gestação e se esperasse até a admissão para o parto para que a randomização ocorresse Intenção de tratamento; análise de subgrupo descritiva Redução de cesariana por sofrimento fetal no grupo intervenção Amostra não foi calculada para análise dos subgrupos Rathor A et al. Somprasit et al. Bem-estar fetal Amer-Wahlin et al. East et al. Impey L et al. Mires G et al. Willians KP et al. 97 Analgesia Artigo País de estudo Intervenção Desfecho primário Desfecho secundário Comet Study Inglaterra Bupivacaina + fentanil epidural X bupivacaina + fentanil combinada (epidural + raquidiana) X bupivacaina em dose maior Tipo de parto Progressão do trabalho de parto, analgesia, desfechos neonatais Dickinson et al. Austrália Analgesia epidural X métodos não farmacológicos Taxa de cesariana Duração do trabalho de parto; duração do período expulsivo; uso de analgesia; APGAR; PH arterial Estados Unidos Epidural X opióide Taxa de cesariana Dor, satisfação, hipotensão, edema pulmonar, eclâmpsia, desfechos neonatais Howell et al. Reino Unido Epidural X Petidina intramuscular Dor nas costas no terceiro e décimo segundo mês pós-parto Parto operatório (cesariana, forceps, vácuo); satisfação materna Lee BB et al. China Ropivacaína + fentanil X Bupivavaína + fentanil Taxa de parto operatório Qualidade da analgesia; satisfação/dor; mortalidade neonatal Lucas et al. Estados Unidos Epidural X Meperidina Tipo de parto Desfechos neonatais (apgar 5' <=3, asfixia, ventilação naloxane); duração do trabalho de parto Ohel G et al. Israel Epidural precoce ( dilatação < 3cm) x tardia (dilatação >= 4cm) Taxa de cesariana Desfechos obstétricos e neonatais, grau de controle materno e satisfação materna com a analgesia epidural Estados Unidos Peridural X Meperidina Taxa de cesariana Nível de dor e satisfação Uruguai Meperidina X Placebo para redução do tempo de TP Tempo do trabalho de parto Tipo de parto, desfechos neonatais (asfixia), procedimentos cirúrgicos País de estudo Intervenção Desfecho primário Desfecho secundário Argentina; Brasil; Cuba; México Segunda opinião mandatória (com treinamento) Taxa de cesariana ( redução de 15 a 20%) Satisfação da mulher; aceitação obstetra; desfechos perinatais; tipo cesariana Elferink-stinkens et al. Holanda Relatório "feedback" Morbidade neonatal Mudanças nas taxas de intervenção Homer et al. Austrália Cuidado continuado "midwife" e obstetra Taxa de cesariana Trabalho de parto, trauma perineal, admissão neonatal Estados Unidos Cuidado pré-natal ampliado Baixo peso ao nascer; prematuridade; percepção do pré-natal Taxa de cesariana Estados Unidos e Canadá Suporte de enfermagem pragmático Taxa de cesariana Eventos intraparto; morbidades neonatais e maternas Saisto et al. Finlândia Terapia cognitiva X atendimento convencional Taxa de cesariana; demanda para cesariana Ansiedade, depressão, satisfação Shorten A et al. Austrália Head BB et al. Sharma SK et al. Sosa CG et al. Estratégias institucionais Artigo Althabe et al. Klerman LV et al. Estratégias voltadas para as mulheres Hodnett ED et al. Nível de conhecimento; escore de conflito de Estratégia educativa X Pré-natal convencional para decisão; preferência pelo tipo de parto com 36 aumentar NBAC semanas 98 Satisfação de 6 a 8 sem. pós-parto; tipo de parto; ter feito prova de trabalho de parto X cesariana eletiva Analgesia Artigo População Critério Randomização Fluxograma Mascaramento Comet Study 1054 mulheres Nuliparas que solicitaram analgesia, sem analgesia peridural anterior, sem petidina nas últimas 4 horas Adequada Sim Não; aferição cegada Dickinson et al. 992 mulheres Feto único; cefálico; nuliparas; intenção de parto normal; IG 37 a 41 sem.; dilatação < 5 Adequada Não Não se aplica 116 mulheres+G51 Feto único, cefálico, pré-eclâmpsia grave, IG > 24 semanas, dilatação < 5, solicitação analgesia Adequada Não Não se aplica Howell et al. 369 Primigesta, sem patologias, à termo Adequada Sim Não se aplica Lee BB et al. 350 mulheres Feto único, à termo; ASA I / II; trabalho de parto; solicitação de analgesia. Exclusão: meperidina, cesariana prévia Parcialmente adequada Não, mas descreve no texto os desvios de protocolo Adequada Lucas et al. 736 pares DHEG (>=90) que solicitaram analgesia Parcialmente adequada Não, mas descreve no texto os desvios de protocolo Não se aplica Ohel G et al. 449 mulheres Nulíparas, IG > 36 sem., dilatação < 3cm. Exclusão: peso estimado > 4kg. Adequada Não Não se aplica Sharma SK et al. 459 Feto único, cefálico, nulipara, trabalho de parto, baixo risco Parcialmente adequada Sim Não se aplica Sosa CG et al. 407 Feto único, cefálico, à termo, membrana rota com indicação para indução (distocia) Adequada Sim Sim, duplo cego População Critério Randomização Fluxograma Mascaramento 34 hospitais públicos. 149.276 partos Ter taxa de cerárea maior que 15% e mais de mil partos por ano Paracialmente adequada Sim Não 2.693 RN Nível secundário (departamento de obstetrícia) Mal explicitada Não Não se aplica para intervenção. Sim para aferição. Homer et al. Hospitais públicos - centros comunitários; 1283 1089 -(640, 643) - (550, 539) IG < 24 semanas; habit; saud; < 2 cesarianas Adequada Sim Não se aplica Klerman LV et al. Afro-americana. 619: 318 e 301. USA - Alabama IG entre 16 e 25 sem. Risco >= 10 Mal explicitada Não Não se aplica Multicêntrico - 13 hospitais - 695 Feto único, taxa de cesária 15%; epidural disponível; IG > 34 semanas; trabalho de parto; cesariana prévia não explicitado Parcialmente adequada Sim Não se aplica 176 mulheres (112 com 3 questionários); Baixo risco; todas com medo do parto normal; 60% demanda por cesariana Parcialmente adequada Sim Não se aplica 227 mulheres Feto único, IG entre 12 e 18 sem., <=uma cesariana prévia. Adequada Sim Sim Head BB et al. Estratégias institucionais Artigo Althabe et al. Elferink-stinkens et al. Estratégias voltadas para as mulheres Hodnett ED et al. Saisto et al. Shorten A et al. 99 Analgesia Artigo Comet Study Dickinson et al. Análise Resultados Limitações Intenção de tratamento Aumentou o parto vaginal espontâneo nos dois grupos com baixa dose - Intenção de tratamento; feita análise interina no grupo que Menos epidural, menos parto operatório, menor duração do Tamanho amostral insuficiente; muita migração entre envolveu baixa adesão das mulheres, com muita migração período expulsivo no grupo com analgesia não os grupos entre os grupos decidindo-se pela interrupçãp do estudo; feita farmacológica análise de sub-grupos não prevista Intenção de tratamento Sem diferença para cesariana; menos dor e maior satisfação com analgesia Tamanho amostral insuficiente Howell et al. Intenção de tratamento; descritos desvios; sem ajustes Aumento na duração do segundo estágio do TP e de parto forceps no grupo peridural; Não houve diferença para dor nas costas; Tamanho amostral não foi calculado para analisar cesariana Lee BB et al. Intenção de tratamento Não houve diferença para o tipo de parto; bupivacaina diminuiu o tempo do trabalho de parto Fluxograma não explicitado Lucas et al. Intenção de tratamento Sem diferenças no tipo de parto, aumento de cesariana, aumento ne parto por forceps, dimunuição da dor e mais internação em UTI neonatal, aumento no suporte ventilatório P limítrofe Tamanho amostral insuficiente para desfechos secundários Ohel G et al. Intenção de tratamento Menor tempo ( a partir da randomização) até dilatação total no grupo precoce. Sem diferenças entre os grupos nas taxas de cesariana. Alto grau de satisfação nos 2 grupos. Inclusão de mulheres em trabalho de parto tando espontâneos quanto induzidos Intenção de tratamento/ adesão Não houve diferença na taxa de cesariana nem nas complicações maternas e neonatais Tamanho amostral insuficiente para desfechos secundários Intenção de tratamento; ajuste para multiparidade; análise de sub-grupo Meperidina não traz benefícios e está associada a desfechos neontais negativos Tamanho amostral insuficiente para desfechos secundários Resultados Limitações Head BB et al. Sharma SK et al. Sosa CG et al. Estratégias institucionais Artigo Althabe et al. Elferink-stinkens et al. Homer et al. Klerman LV et al. Análise Ajuste para primípara e cesariana prévia Redução: 1,9 (7 - 12,6%) Não relatada Intenção de tratamento; ajuste para prováveis fatores confundidores Intraparto: 2,2 (12,6%) Não houve mudança Implementação: 88% - não implementação "burocrática"; concordantes 96%, discordantes 1,5%; provável homogeneidade dos analizadores - Redução da cesariana com modelo centrado na paciente e Tamanho amostral insuficiente para dados perinatais continuidade, de 10 para 5% Não melhorou baixo peso ao nascer e prematuridade; aumentou a satisfação da mulher Pré-natal bom X pré-natal ótimo: grupos homogêneos. "Não ter carro" como indicador de risco: inadequado. Tamanho amostral insuficiente. IG até 26 semanas: pouco tempo de exposição Intenção de tratamento; avaliação de interação Não houve diferença Não apresenta tabela para avaliar detalhamento e suporte Intenção de tratamento Houve redução nos dois grupos mas não houve diferença entre os grupos As diferenças entre intervenção e controle não são bem claras Não relatada Estratégias voltadas para as mulheres Hodnett ED et al. Saisto et al. Shorten A et al. Aumento de conhecimento; redução do conflito decisional Intenção de tratamento; ajuste para outros fatores (educação) sem redução de cesariana; papel do médico impede que as mulheres tenham o parto que desejam. 100 Questionário não validado, porém não existe outro Referências bibliográficas 1. World Health Organization. Appropriate technology for birth. Lancet 1985; 2(84532): 436-67. 2. Barros FC, Victora CG, Barros AJ, Santos IS, Albernaz E, Matijasevich A et al. 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É importante que essas campanhas valorizem o desejo existente das mulheres de ter um parto normal e informem sobre as práticas benéficas para o acompanhamento do trabalho de parto II – Estratégias voltadas para os gestores a) Implantação do cartão da gestante nos serviços do sistema de saúde suplementar, como forma de aumentar a informação e o controle da mulher sobre a sua gestação, bem como melhorar a qualidade da informação disponível nesses serviços por ocasião da internação hospitalar. Pode-se adotar o próprio cartão do Ministério da Saúde, cuja última versão foi implantada este ano, ou outro modelo que se julgue adequado; b) Implantação de registro hospitalar padronizado, baseado em recomendações da Organização Mundial de Saúde, que permita o adequado acompanhamento do trabalho de parto e parto; c) Estabelecimento de sistema de informação composto por cartão da gestante e prontuário hospitalar, que permita o monitorar características da gestação, intervenções obstétricas e desfechos 111 perinatais das mulheres atendidas no sistema de saúde suplementar; d) Implantação de equipes plantonistas (obstetras e enfermeiras obstetras) nos hospitais/maternidades permitindo ao profissional utilizar esta equipe como apoio para o atendimento as gestantes que necessitem de assistência continuada (trabalho de parto inicial, indução do parto, etc...); e) Realização de estudos que avaliem o impacto financeiro (custos) e na saúde da população (morbi-mortalidade) do modelo de assistência ao parto no sistema de saúde suplementar, uma vez que o mesmo está relacionado com um cuidado que resulta numa taxa de 90% de cesarianas; f) Inclusão do pagamento, pelos planos de saúde, de partos domiciliares, partos assistidos por enfermeiras obstetras e assistência por doulas; g) Incentivo aos hospitais que integram o sistema de saúde suplementar para que adotem medidas que favoreçam a implantação de práticas consideradas humanizadoras da assistência ao parto, inclusive com adequações das estruturas físicas das áreas de centro obstétrico (ex: adoção de quartos PPP pré-parto/parto/ puerpério imediato); h) Implantação de certificação das unidades hospitalares com assistência humanizada, a exemplo do título “Galba Araújo” concedido pelo Ministério da Saúde a maternidades que prestam assistência humanizada ao parto e nascimento. 112 III – Estratégias voltadas para os profissionais a) Estabelecimento de protocolos de assistência ao pré-natal, ao parto e ao recém-nato no sistema de saúde suplementar, visando alcançar padrão de qualidade assistencial que resulte em melhores indicadores de saúde da clientela atendida nesses serviços; b) Promover capacitação dos profissionais no cuidado obstétrico baseado em evidências científicas, buscando parcerias com entidades médicas e universidades; c) Elaboração de periódico próprio da ANS, direcionado a todos os profissionais que atuam no sistema de saúde suplementar, como meio de divulgação de evidências científicas sobre as boas práticas; d) Estabelecimento de patamares progressivamente menores de taxas de cesariana para cada profissional conveniado, entendendo que taxas elevadas desta cirurgia implicam em riscos e custos desnecessários às consumidoras dos serviços de seguro saúde. Essa iniciativa poderia ser acompanhada por auditoria médica, já realizada pelas seguradoras; e) Estabelecimento de métodos de avaliação periódicos da atualização profissional dos médicos conveniados e de sua adesão a protocolos de atendimento baseados em evidências cientificas. Adotar essa avaliação periódica como critério para renovação de credenciamento. 113 ANEXOS 114 PESQUISA DE INDICAÇÕES DE CESARIANA E RESULTADOS PERINATAIS NA SAÚDE SUPLEMENTAR 1- Prontuário nº|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| 2 - Nº questionário |__|__|__| Entrevistador 3 - Nome______________________ 4 - Código |____| Maternidade 5 - Nome: _____________________ 6 - Código |__|__|__|__|__| 7 - Nome: _____________________ 8 - Código |___| Revisor 9 - Data da revisão: |___|___/___|___/___|___| 10 - 1. Nascido vivo 2. Óbito fetal 3. Óbito Neonatal |____| I – Identificação Materna 11 - Nome: ________________________________________________________ 12 - Data da Entrevista: |___|___/___|___/___|___| 13 - Data de nascimento: |___|___/___|___/___|___| 14 - Idade |___|___| anos 15 - Qual a foi última série que você completou na escola? |____| série do ensino |____| 1. Fundamental 2. Médio 3. Superior 16 - Você tem alguma ocupação remunerada? 1. Sim 2. Não 17 - Qual? _________________________________________ CBO |____| |____| 18 - Qual é a faixa de renda da sua família? 1. Até R$ 350,00 3. R$ 701,00 - R$ 1750,00 5. R$ 3501,00 - R$ 7000,00 2. R$ 351,00 - R$ 700,00 4. R$ 1751,00 - R$ 3500,00 |____| 6. > R$ 7000,00 19 - Atualmente você é: 1. Casada/ vive com Companheiro 3. Separada/divorciada 2. Solteira 4. Viúva |____| 20 - O IBGE para classificar a cor ou raça das pessoas utiliza os termos: preta, parda, branca, amarela e indígena. Como você se classificaria a respeito de sua cor ou raça? 1. Preta 2. Parda 3. Branca 4. Amarela |____| 5. Indígena Agora vou fazer algumas perguntas sobre o seu plano de saúde 21.a - Qual é a sua operadora de saúde? ______________________________________________________________ |____| 21.b - O seu plano é individual ou coletivo? 1. Individual 2. Coletivo (empresa) 9. Não sabe |____| 21.c - Este parto foi coberto pelo seu plano de saúde (plano com obstetrícia)? 1. Sim, totalmente 2. Sim, hospital 3.Não 9. Não sabe |____| 21.d - Você possui plano antigo (antes de 1998) ou novo? 1. Antigo 2. Novo |____| 9. Não sabe 21. e - Se antigo, houve alguma adaptação/negociação com a operadora para se adaptar à nova lei? 1. Sim 2. Não 9. Não sabe |____| II – Antecedentes Obstétricos (excluir a gestação atual) 22 - Quantas vezes você esteve grávida antes desta gestação |____| (incluindo possíveis perdas fetais ou abortos)? (Se nenhuma, ir para questão 26) 23 - Quantos partos foram normais? |____| 24 - Quantos partos foram cesarianas? (Se nenhum, ir para questão 26) |____| 25 - Qual a data da sua última cesariana? 2 |___|___/___|___/___|___| III – Gestação Atual Agora vou fazer algumas perguntas sobre esta gravidez 26 - No início da gravidez, qual era sua preferência pelo tipo de parto? 1. Normal 2. Cesárea 3. Não tinha preferência |____| (Se 3, passar para questão 28) 27 - Você escolheu o seu obstetra em função dessa preferência? 1. Sim |____| 2. Não 28 - Dos fatores abaixo, quais você acha que podem ter influenciado essa idéia inicial em relação ao tipo de parto? 28a - As histórias de parto da sua família (incluindo a do seu próprio nascimento) e/ou de suas amigas? 1. Sim 2. Não |____| 28b - As informações que você tinha sobre parto normal e cesariana? 1. Sim 2. Não |____| 28c - O seu tipo de trabalho? 1. Sim 2. Não 8. Não se aplica (sem trabalho remunerado) |____| 28d - A preferência do seu marido pelo tipo de parto? 1. Sim |____| 2. Não 28e - O medo da dor do parto normal? 1. Sim |____| 2. Não 28f - O medo do parto normal alterar a sua vida sexual? 1. Sim |____| 2. Não 28g - O seu desejo de ligar as trompas? |____| 1. Sim 2. Não 28h - O medo da cesariana? 1. Sim |____| 2. Não (Apenas para as mulheres com gestação anterior) 28i - As suas gestações e partos anteriores? 1. Sim |____| 2. Não 3 28i.1 - Se sim, por quê?_____________________________________ ________________________________________________________ 29 - Qual foi a data da sua última menstruação? (99/99/99 não sabe) |____| |___|___/___|___/___|___| 30 - Qual era a data provável do parto de acordo com a |___|___/___|___/___|___| sua última menstruação? (99/99/99 não sabe) 31 - Com quantos meses de gravidez você fez a primeira ultra-sonografia? |____| meses (99 não sabe; 0 não fez; se não fez, passar para 33) 32 - Pela ultra-sonografia, qual era a data provável do parto? (99/99/99 não sabe) |___|___/___|___/___|___| 33 - Esta gestação era: 1. Única 2. Gemelar (dois ou mais) |____| 34 - Em que mês de gravidez você iniciou o pré-natal? 0. Não |____| meses Fez (Se não fez, passar para 38) 35 - Quantas consultas você fez durante o pré-natal? |____| 36 - Onde você fez o pré-natal? 1. Serviço público 2. Consultório Particular |____| 3. Ambos 37 - O médico escolhido era do seu plano de saúde? 1. Sim 2. Não |____| Agora eu vou fazer algumas perguntas sobre o esclarecimento das vantagens e desvantagens dos dois tipos de parto: cesariana e normal. 38 - Durante a gravidez você se sentiu esclarecida sobre as vantagens do parto normal? 1. Sim, totalmente 2. Sim, parcialmente 3. Não |____| (se não, passar para a questão 40) 39 - Quem forneceu este esclarecimento? 1. Médico do pré-natal 2. Família/amigos 3. Revistas/jornais/internet/TV/ vídeo 4. Outros profissionais de saúde/grupo de gestante 4 |____| |____| |____| |____| 40 - Durante a gravidez você se sentiu esclarecida sobre as desvantagens do parto normal? 1. Sim, totalmente 2.Sim, parcialmente |____| 3. Não (se não, passar para a questão 42) 41 - Quem forneceu este esclarecimento? 1. Médico do pré-natal |____| |____| |____| |____| 2. Família/amigos 3. Revistas/jornais/internet/TV/ video 4. Outros profissionais de saúde/grupo de gestante 42 - Durante a gravidez você se sentiu esclarecida sobre as vantagens da cesariana? 1. Sim, totalmente 2.Sim, parcialmente |____| 3. Não (se não, passar para a questão 44) 43 - Quem forneceu este esclarecimento? 1. Médico do pré-natal |____| |____| |____| |____| 2. Família/amigos 3. Revistas/jornais/internet/TV/ vídeo 4. Outros profissionais de saúde/grupo de gestante 44 - Durante a gravidez você se sentiu esclarecida sobre as desvantagens da cesariana? 1. Sim, totalmente 2.Sim, parcialmente |____| 3. Não (se não, passar para a questão 46) 45 - Quem forneceu este esclarecimento? 1. Médico do pré-natal |____| |____| |____| |____| 2. Família/amigos 3. Revistas/jornais/internet/TV/ video 4. Outros profissionais de saúde/grupo de gestante 46 - Durante sua gestação, foi detectada alguma das situações abaixo? 46.a - Circular de cordão 1. Sim 2. Não |____| 46.b - Problemas no crescimento do bebê 1. Sim 2. Não |____| 46.c - Bebê estava sentado 1. Sim 2. Não |____| 46.d - Bebê estava atravessado 1. Sim 2. Não |____| 46.e - Problemas de RH negativo 1. Sim 2. Não |____| 5 46.f - Placenta baixa 1. Sim 2. Não |____| 46.g - Perda de líquido por rompimento da bolsa durante a gravidez |____| antes do início do trabalho de parto 1. Sim 2. Não 46.h - Herpes genital 1. Sim 2. Não |____| 46.i - HPV/Verrugas genitais 1. Sim 2. Não |____| 46.j - Exame preventivo (Papanicolau) alterado 46.k - Diabetes 1. Sim 1. Sim 46.l - Pressão alta 2. Não 2. Não |____| 1. Sim 2. Não (se não, passar para 47) 46.l1 - Você tomava remédio para a pressão alta? 1. Sim |____| 2. Não |____| |____| 46.l.2 - Quais remédios e as suas doses Nome do medicamento Apresentação (mg) Nº de comp/dia 47 - Passada toda a gestação, já próximo da data do parto, havia a decisão de realização de cesariana? 1. Sim 2. Não |____| (se não, passar para a pergunta 52) 48 - De quem foi essa decisão? 1. Sua 2. Do médico |____| 3. Conjunta 49 - Qual foi a razão dessa decisão? 49.a - Queria ligar as trompas 1. Sim 2. Não |____| 49.b - Já tinha cesariana anterior 1. Sim 2. Não |____| 49.c - Não queria sentir a dor do parto 1. Sim 2. Não |____| 49.d - Bebê tinha circular de cordão 1. Sim 2. Não |____| 49.e - Bebê era grande 1. Sim 2. Não |____| 49.f - Bebê estava sentado 1. Sim 6 2. Não |____| 49.g - Bebê estava atravessado 1. Sim 2. Não |____| 49.h - Herpes genital 1. Sim 2. Não |____| 49.i - HPV/ Verrugas genitais 1. Sim 2. Não |____| 49.j - Exame preventivo (Papanicolau) alterado 1. Sim 2. Não |____| 49.k - Outra complicação na gravidez? 1. Sim 2. Não (se não, passar para a pergunta 49.l) |____| 49.k.1 - Qual?_______________________________________________________ 49.l – Medo de falta de vaga para internação 1. Sim 2. Não |____| 49.m – Medo da violência da cidade 2. Não |____| 1. Sim 49.n - Outra razão não citada anteriormente? 1. Sim 2. Não (se não, passar para a pergunta 50) |____| 49.n.1 - Qual?________________________________________________________ 50 - Você concordou com a indicação da cesariana?1. Sim 2. |____| Não (se sim, passar para a pergunta 52) 51 - Se não, por quê?__________________________________________________ ____________________________________________________________________ IV - Agora eu vou fazer umas perguntas sobre a sua internação para o parto 52 – Anotar o tipo de parto 1. Vaginal (inclui fórceps) 2. Cesárea |____| (se vaginal, passar para a pergunta 57) 53 - Antes da sua cesariana, você entrou em trabalho de parto? 1. Sim 2. Não |____| (se sim, ir para a questão nº 57) 54 - Qual foi a razão da cesariana? 1. Eu queria fazer cesárea 2. Eu queria ligar as trompas 3. Meu médico indicou (Se for assinalada a opção 1 ou 2, encerrar a entrevista. Agradecer a participação na pesquisa) 7 |____| |____| |____| 55 – Porque seu médico indicou a cesariana? 55.a - Uma cesárea anterior 1. Sim 55.b - Duas ou mais cesáreas anteriores 2. Não 1. Sim |____| 2. Não |____| 55.c - Passou da hora/do tempo 1. Sim 2. Não |____| 55.d - Pressão alta 1. Sim 2. Não |____| 55.e - Hemorragia 1. Sim 2. Não |____| 55.f - Diabetes 1. Sim 2. Não |____| 55.g - Bebê grande/não tinha passagem 1. Sim 2. Não |____| 55.h - Bebê estava sentado 1. Sim 2. Não |____| 55.i - Bebê estava atravessado 1. Sim 2. Não |____| 55. j - Bebê entrou em sofrimento 1. Sim 2. Não |____| 55.k - Bebê estava crescendo pouco ou parou de crescer |____| 1. Sim 2. Não 55.l - Bolsa rompeu 1. Sim 2. Não |____| 55.m - Grávida de gêmeos/trigêmeos 1. Sim 2. Não |____| 55.n - Circular de cordão 1. Sim 2. Não |____| 55.o – Medo de falta de vaga para internação 1. Sim 2. Não |____| 55.p – Medo da violência da cidade 2. Não |____| 55.q - Outra 1. Sim 1. Sim 2. Não (se não, passar para a questão 56) |____| 55.q.1 - Qual?______________________________________________________ 56 - Você concordou com a indicação da sua cesariana? 1. Sim 2. Não |____| (Se sim, encerrar a entrevista. Agradecer a participação na pesquisa) 56.a - Se não, por quê?________________________________________________ __________________________________________________________________ (Encerrar a entrevista. Agradecer a participação na pesquisa) 8 V. Para as mulheres que entraram em trabalho de parto independente do tipo de parto (espontâneo ou induzido) 57 - Como foi o início do seu trabalho de parto? |____| 1. Espontâneo/natural 2. Foi induzido pelo médico (se opção 1, passar para 58) 58.a - Quantas contrações você apresentava a cada 10 |__|__| contrações minutos quando foi internada? (99 - não sabe) 58.b - Como foi feita a indução? |____| 1-Com soro 2 – Com comprimido na vagina 3- Com os dois 59 - Quais foram os sinais que indicaram o trabalho de parto? 1. Perda do tampão mucoso 2. Rompeu a bolsa 3. Contrações/cólicas 4. Dilatação 5. Outros _______________________________________________ 60 - Qual era a dilatação do útero quando você foi |____| |____| |____| |____| |____| |__|__| cm admitida na maternidade? (99 - não sabe) 61 - Quanto tempo antes da sua internação |__|__| dias |__|__| horas |__|__| min ocorreu o rompimento da bolsa? (0 não ocorreu; 99 não sabe) |__|__| horas |__|__| min 62 - Quantas horas durou o seu trabalho de parto? (99 não sabe) 63 - Durante quanto tempo seu trabalho de parto foi |__|__| horas |__|__| min acompanhado por médico(a) obstetra? (99 não sabe) 64 - Durante o trabalho de parto no hospital, você ficou a maior parte do tempo na cama? 1. Sim |____| 2. Não 65 - Durante o trabalho de parto no hospital, você foi estimulada a caminhar e a mudar de posições? 1. Sim 2. Não |____| 66 - Durante o trabalho de parto no hospital você pôde se alimentar de líquidos (água, sucos, etc.)? 1. Sim 9 2. Não |____| 67 - Durante o trabalho de parto no hospital, foi colocado soro na sua veia? 1. Sim 2. Não |____| (se não, passar para a pergunta 71) 68 - Neste soro, foi colocada medicação para aumentar a contração do útero durante o trabalho de parto? 1. Sim 2. Não |____| 9. Não sabe (se 2 ou 9 passar para a pergunta 71) 69 - Quais foram os motivos que justificaram o uso da medicação? 1. Estava com pouca contração |____| |____| |____| |____| 2. Trabalho de parto 3. Para ajudar o bebê a demorado/não sair estava progredindo 9. Não sabe 4. Outras. Qual?________________________ informar 70 - No momento do início dessa medicação, você saberia |__|__| cm dizer com quanto de dilatação você estava? (99 - não sabe) 71 - O médico rompeu a bolsa antes do parto? 1. Sim 9. Não sabe 2. Não |____| 8. Não se aplica (bolsa rota antes da internação) (se 2, 8 ou 9, ir para questão 74) 72 - Você saberia dizer com quanto de dilatação você estava quando o médico rompeu a sua bolsa? |__|__| cm (99 - não sabe) 73 - Você saberia dizer por que o médico rompeu a bolsa d’água? 1. Para melhorar a contração 2. Para ajudar o bebê a nascer |____| |____| |____| |____| |____| 3. Para acelerar o trabalho de parto 4. Para ver se o bebê estava sofrendo 9. Não sabe informar 6. Outra. Qual?___________________________________________ 74 - Foi feita anestesia peridural ou raqui durante o trabalho de parto? 1. Sim 2. Não (se não, passar para a pergunta 76) 75 - Você saberia dizer com quanto de dilatação você |____| |__|__| cm estava quando foi feita a anestesia? (99 - não sabe) 76 - Você teve acompanhante no trabalho de parto? 1. Sim Não 77 - Você teve acompanhante no parto? 1. Sim Não 2. 10 2. |____| |____| Encerrar a entrevista das mulheres que tiveram parto normal. Agradecer a participação na pesquisa. VI - Para as mulheres que tiveram parto cesariano 78 - O que aconteceu no seu trabalho de parto que resultou na indicação da cesariana? 1. Não tinha passagem 2. Trabalho de parto demorado 3. O bebê apresentou problemas 4. A dor estava muito forte 99. Não sabe informar 5. A indução não pegou |____| |____| |____| |____| |____| 6.Outros.Qual?_______________________ 79 - Você concordou com a indicação da sua cesariana? 1. Sim |____| 2. Não 80 - Se não, por quê?_____________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Encerrar a entrevista. Agradecer a participação na pesquisa. 11 |____| Dados do Prontuário Hospitalar 81 - Data da internação: |___|___/__|___/___|___| 82 - Dia da semana: 1. 2ª a 6ª feira |____| 2. Sábado, domingo ou feriado |__|__| horas |__|__| min 83 - Hora da internação: (99 - não consta) |___|___| semanas 84 - Idade gestacional na Internação: 84.a – Método? 1. DUM (99 - não consta) 2. USG 3.Método não registral |____| (DUM= Data da última menstruação) 86 – Início do trabalho de parto: 1. Espontâneo 2. Induzido 9. Não consta |____| (Se opções 1 ou 9, passar para 88) 87 – Qual das seguintes medicações foi utilizada para indução do parto?(ver folha de prescrição) 1.Ocitocina |____| 2.Misoprostol 3.Ambas 88 - Número de contrações em 10 minutos no momento |__|__| contrações da admissão (99 - não consta) 89 - Duração da contração no momento da admissão 90 - Dilatação do útero no momento da admissão |__|__| segundos (99 - não consta) |__|__| cm (99 - não consta) 91 - Apresentação do bebê no momento da admissão 1. Cefálica 2. Pélvica 3. Outras (face, córmica) |____| 92 - Bolsa rota no momento da admissão? 1. Sim 2. Não 9. Não consta |____| 93 - Hidratação venosa durante o trabalho de parto 1. Sim |____| 2. Não (se não, passar para 95) 12 94 – Utilização de ocitocina (syntocinon) durante o trabalho de parto 1. Sim 2. Não |____| (se não, passar para 95) 94.a - Hora de início da administração da ocitocina |__|__| horas |__|__| min (syntocinon) na prescrição: (99 - não consta) 94.b - Dilatação do útero no início da administração da |__|__| cm ocitocina (syntocinon): (99 - não consta) 95 – Realização de anestesia peridural ou raqui durante o trabalho de parto 1. Sim |____| 2. Não (se não, passar para 96) 95.a - Dilatação aproximada do útero no início da |__|__| cm anestesia peridural ou raqui: (99 - não consta) 96 – Realização de rotura de membranas durante o trabalho de parto? 1. Sim 2. Não 9. Não consta 8. Não se aplica (bolsa rota na admissão) |____| (se “não”, “não consta”, ou “não se aplica”, passar para 97) 96.a - Dilatação do útero no momento da ruptura de |__|__| cm membranas: (99 - não consta) |__|__| horas |__|__| min 97 - Hora do parto: 98 - Tipo de parto (99 – não consta) 1. Vaginal (inclui fórceps) 2 Cesárea (se vaginal, passar para 99) |____| Indicação da cesariana: 98.a - Informação do obstetra (ver folha ou relato da cirurgia) _______________________________________________________ |____| _______________________________________________________ 98.b - Informação do pediatra _______________________________________________________ |____| _______________________________________________________ 99 - Houve alguma complicação no parto? 13 |____| |____| 1. Não 2. Hemorragia 3. Lesão de órgãos 4. Reação alérgica ao anestésico 5. Cefaléia pós-anestésica (pós raqui) 6. Outra.Qual?____________ ______________________________________________________ 14 |____| |____| |____| Dados do bebê 100 - Sexo: 1. Masculino 101 - Peso: 2. Feminino |___|___|___|___| g 3. Indefinido 102- Comprimento 103 - Idade Gestacional avaliada pelo Pediatra (Capurro ou Ballard) 2. O2 inalatório 4. Entubação oro-traqueal |___|___|,|___| |___|___| sem |___| dias 104 - Apgar 1º minuto: |____| 105 - Apgar 5º minuto: 106 - Foi realizada manobra de reanimação na sala de parto? 1. Não |____| 3. Ventilação com ambú + máscara 5. Massagem cardíaca 6. Outros.Qual?__________________________________________ |____| |____| |____| |____| |____| |____| 107 - Houve indicação de internação? 1.Berçário 2.UI |____| 3. UTI Se não, encerrar a pesquisa no prontuário. 108 - Motivo da internação: 1.Causa respiratória 4. Prematuridade 2. Infecção 3. Asfixia 5. Icterícia 6. Outros.Qual?__________________________________________ 109 - Houve necessidade de oxigenioterapia? 1. Não 2. Hood 3. CPAP 4. Ventilação mecânica |____| |____| |____| |____| |____| |____| |____| |____| 110 - Diagnósticos registrados pelo pediatra ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Para preenchimento pelo revisor do questionário 111 - Idade Gestacional confiável? 1. Sim 2. Não 3. Não foi possível avaliar 112 - O manejo do trabalho de parto foi adequado (segundo a OMS)? 1. Adequado 2. Parcialmente adequado 3. Inadequado 4. Sem condições de avaliação |____| |____| |____| |____| 113 - A cesariana foi indicada adequadamente? 1. Adequado 2. Parcialmente adequado 3. Inadequado 4. Sem condições de avaliação . 15 |____| ANEXO 2 Critérios para avaliação da adequação do manejo do Trabalho de Parto Prática Restrição ao leito durante o trabalho de parto Restrição alimentar Uso rotineiro de hidratação venosa Uso de ocitocina sem indicação precisa Realização de amniotomia sem indicação precisa Uso de analgesia peridural precoce (dilatação < 4) Estímulo à movimentação durante o TP Presença de acompanhante no trabalho de parto Presença de acompanhante no parto Critério Sim = 0 Não =1 Sim = 0 Não = 1 Sim = 0 Não = 1 Sim = 0 Não = 1 Sim = 0 Não = 1 Sim = 0 Não = 1 Sim = 1 Não = 0 Sim = 1 Não = 0 Sim = 1 Não = 0 Padrão para avaliação: Até 3 pontos = manejo inadequado De 4 a 6 pontos = manejo parcialmente adequado Mais de 6 pontos = manejo adequado Sem condições de avaliação = sem informação sobre os itens acima ou admissão da parturiente em período expulsivo ANEXO 3 Critérios para avaliação da adequação indicação da cesariana Indicações adequadas Duas cesarianas anteriores Apresentação pélvica em primípara Descolamento prematuro de placenta Placenta prévia total Apresentação anômala Gestação gemelar com primeiro feto em apresentação pélvica Falha de indução* (ausência de trabalho de parto após 24 horas de tentativa de indução) Prolapso de cordão Gestante soropositiva para HIV com carga viral superior a 1000 cópias Infecção por HPV com obstrução do canal de parto * Foram consideradas indicações corretas para indução: serotinidade, feto morto, hipertensão arterial sem repercussão materna ou fetal, diabetes sem repercussão materna ou fetal, oligodramnia sem evidência de sofrimento fetal Indicações inadequadas Diagnóstico de Desproporção céfalo-pélvica sem trabalho de parto Diagnóstico de Distócia sem trabalho de parto Amniorexe Uma cesariana anterior sem prova de trabalho de parto Hipertensão arterial sem evidência de sofrimento fetal ou repercussão materna Trabalho de parto prematuro Circular de cordão sem evidência de sofrimento fetal Gestante soropositiva para HIV com carga viral inferior a 1000 cópias Sem condições de avaliação Quando os dados obtidos na entrevista com a puérpera e nos registros no prontuário hospitalar não permitiram realizar a avaliação considerando os critérios acima OBS: Quando havia a opção da mulher pela cesariana, motivada ou não pelo desejo de realização da laqueadura tubária, e não havia outra indicação obstétrica clara, prevaleceu a “escolha da mulher” como causa da cesariana.