APELO AOS/ÀS COLEGAS: Recusemos colaborar com o MEC na aplicação da prova! Com dignidade, continuaremos a olhar de frente a profissão. COLEGAS, O MEC quer submeter alguns milhares de professores devidamente habilitados – como qualquer um de nós – a uma prova para, alegadamente, se saber se reúne condições para ser professores. Isto não tem qualquer sentido, se encararmos o problema no plano profissional, e não é o facto de serem jovens professores que justifica a prova. Todos já fomos jovens professores e sabemos que as dificuldades que então vivemos não se resolveriam com uma absurda prova, como esta, mas com apoios concretos. Seria de grande injustiça para os professores e completamente inadequado se passasse a ser esta a forma de decidir quem pode ou não ser professor. O MEC pretende que sejam os professores, por ora, não fazem a prova (dos quadros e contratados com 5 ou mais anos de serviço) a assumir as tarefas de vigilância e outras inerentes à sua concretização e nós não podemos aceitar essas tarefas por variadas razões. Desde logo, por solidariedade, mas também por não podermos colaborar com a aplicação de uma prova que, amanhã, poderá ser usada para decidir quem são os docentes dos quadros a afastar para a mobilidade especial e a cortar, primeiro 40% e depois 60% do salário. Não se trata de especulação, trata-se de uma sugestão do FMI ao governo português que consta em relatório divulgado e como sabemos, tais sugestões, para o atual governo, têm sido ordens. Não podemos também esquecer que este ano letivo foi preparado com 18.400 professores dos quadros com “horário-zero”. Mas não são apenas estes os motivos por que os professores deverão recusar colaborar com o MEC na aplicação desta injusta e humilhante prova. É que não há qualquer razão para que os professores colaborem com quem está a destroçar a sua vida profissional e pessoal. Foi este governo que: • Provocou o maior surto de desemprego de professores de que há memória; • Mantém congeladas as carreiras há 3 anos; • Vai reduzir ainda mais os salários ilíquidos dos professores (entre os 7 e, para a maioria, os 12%), redução essa que acumula ao enorme aumento de impostos a que estamos a ser sujeitos e, no acerto final, perceberemos melhor; • Depois de obrigado a repor o pagamento dos subsídios, diluiu um no salário e confiscou 60% do outro; • Agravou os horários de trabalho, aumen- tou o número de alunos por turma, cortou apoios e todas as medidas que toma são para criar dificuldades crescentes ao bom funcionamento das escolas; • Pretende avançar com a maior onda de privatização de que há memória, também no ensino, com a aplicação do cheque-ensino, a atribuição de ainda mais e maiores benesses aos colégios privados, a par de um conjunto de outras medidas que irão gerar grandes desigualdades entre as crianças e jovens e uma ainda mais brutal redução de professores nas escolas. Colega, Não podemos colaborar com quem nos desrespeita, nos desconsidera, nos humilha, nos procura roubar o futuro. Recusar colaborar com a aplicação desta prova constitui um ato de grande dignidade assumido por quem recusa hipotecar o futuro. Tomo, por isso, a liberdade de apelar aos colegas que, caso a prova se realize, não hesitem em fazer greve. Temos de fazer greve em defesa da profissão de Professor. Vamos inviabilizar a realização da prova para continuarmos a olhar de frente os nossos colegas e continuarmos a sentir o orgulho de sermos Professores. A profissão de Professor impõe-nos essa postura de elevada dignidade. Um Abraço MÁRIO NOGUEIRA Professor, Secretário-geral da FENPROF www.fenprof.pt