A RESISTÊNCIA FEMININA NO SAMBA
Clarissa Alves COSTA (UFPb)
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O samba, possivelmente se originou na África e chegou até o Brasil, trazido pelos escravos que
vinham das regiões de Angola e do Congo. No início era somente uma forma de dança, mas que
a partir de 1918 explodiu como sendo o maior sucesso nas festas de carnaval, mas mantinha
uma grande concorrência com a marchinha. A identidade feminina presente em clássicos do
samba como, por exemplo, o composto por Mario Lago e Ataulfo Alves, “Ai que saudade da
Amélia”, é encarada como uma figura submissa, recatada, sem vaidade, que ora é construída de
forma irônica, ora reitera valores machistas, canção escrita no ano de 1941, ano em que se
iniciavam os movimentos de libertação feminina. Ao longo dos anos, a identidade feminina foi
se reconstruindo no mundo das canções de samba, tanto no que diz respeito às características
evidenciadas nos temas, quanto numa maior abertura para a entrada da mulher do cenário da
composição, uma vez que as mulheres sempre estavam presentes neste cenário, mesmo que de
maneira sutil. Em virtude disso, muitas delas encantaram e imortalizaram o gênero mesclando
força, doçura e, resistência, exemplo da cantora e compositora Leci Brandão, conhecida por
cantar sambas afirmativos em relação à mulher negra. Amparado nos conceitos de identidade de
Stuart Hall (1987), que defende ser a mesma “uma “festa móvel” formada e transformada
continuamente em relação às maneiras pelas quais somos representados e tratados nos sistemas
culturais que nos circundam” (HALL, op. cit.) e pelo conceito de corpus discursivo estudado
por Jean Jacques Courtine (1981), termo inspirado na ideia de formação discursiva defendida
por Foucault (1986), que assume identidades diferentes em momentos diversos e para isso deve
estar aberto às construções presentes no corpus discursivo. Nesse sentido, este trabalho se
propõe analisar discursivamente a identidade feminina construída em canções de samba da
compositora Leci Brandão a partir de um estudo comparativo de canções de samba. Estudos
iniciais têm mostrado que a identidade feminina se modifica a partir de elementos históricos e
culturais.
Palavras-Chave: Resistência; Feminino; Samba.
São Carlos, Setembro de 2015
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