JOÃO ANTONIO DA SILVA CARDOSO ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA ORGANIZACIONAL: O CASO DA INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CENTRO UNIVERSITÁRIO DA CIDADE, DA DÉCADA DE 80 ATÉ A PRESENTE DATA. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de concentração: Gestão da Qualidade Total. Orientador: Prof. José Rodrigues de Farias Filho, D.Sc. Niterói 2005 JOÃO ANTONIO DA SILVA CARDOSO ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA ORGANIZACIONAL: O CASO DA INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CENTRO UNIVERSITÁRIO DA CIDADE, DA DÉCADA 80 ATÉ A PRESENTE DATA. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de concentração: Gestão da Qualidade Total. Aprovada em 06 de junho de 2005. BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Prof. José Rodrigues de Farias Filho, D.Sc. - Orientador Universidade Federal Fluminense _____________________________________________ Prof. Luis Peres Zotes, D. Sc. Universidade Federal Fluminense _____________________________________________ Profª. Maria del Carmem Fátima González Daher D. Sc. Universidade do Estado do Rio de Janeiro Dedico este trabalho A minha esposa Rita de Cássia, companheira e incentivadora das minhas realizações; as minhas filhas, Munique e Tatiana que colaboraram e souberam compreender os momentos de ausência física e tornaram-se as alavancas propulsoras da concretização de mais esta conquista. AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus pela vida e pelas oportunidades. A IES - UniverCidade – Centro Universitário da Cidade. Aos professores Paulo Alonso e Fernando Padovani, Drs. Sc., pelo apoio prestado na obtenção de dados indispensáveis ao presente trabalho, bem como todos os amigos e colegas da Assessoria de Comunicação, DataCidade e Secretaria Geral. Ao professor José Rodrigues de Farias Filho, Dr. Sc., meu amigo e orientador pela sua dedicação, competência, paciência, presteza, capacidade e colaboração. Aos professores do Curso de Mestrado por suas contribuições no meu processo de formação. A todos os funcionários do LATEC, pela competência, comprometimento e dedicação aos alunos do Curso. Às várias pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desta dissertação. Muito Obrigado. “A concorrência desleal sempre existe. Desaparece, porém, tão rapidamente como chega. A desonestidade não perdura, jamais.” Ronald Guimarães Levinsohn RESUMO Este estudo investiga como se desenvolveu o processo de adaptação estratégica do Centro Universitário da Cidade – UniverCidade, instituição privada de educação superior, no período compreendido entre a década de 80 até a presente data. O objetivo geral de determinar estas mudanças estratégicas ocorridas no período e identificar os fatores ambientais e interno que as influenciaram. As mudanças estratégicas foram analisadas empiricamente à luz do modelo teórico de Pettigrew (1987), que procura relacionar o contexto, o conteúdo e o processo de implementação da mudança. A pesquisa foi desenvolvida na forma de um estudo de caso simples, de natureza qualitativa, visando a compreender o fenômeno das mudanças da instituição. O estudo utilizou como método para coleta de dados a Direct Research (Mintzberg, 1979). Na fundamentação teórica, se contemplam aspectos relativos ao processo de adaptação, mais especificamente, escolha estratégica e determinismo ambiental. Descrevese o processo de adaptação estratégica na instituição, à medida que esta sofre ações externas (influências do meio ambiente) atuando diretamente na instituição. Conclui-se que a instituição adotou estratégias diferenciadas a cada período analisado, buscando adaptar-se às situações diversas, implementando novos processos e diversificando os cursos oferecidos. Palavras chaves: mudança estratégica, estratégia e adaptação estratégica. ABSTRACT This study investigates how the strategic adaptation processs has been developed at Centro Universitário da Cidade – UniverCidade, private HEI – Higher Education Institute covering the period from 1980 to 2005. With the general objective to determine which and how those strategics changes, have been developed during that period, and identifying the external environment and internal factores that influenced them. Those changes in strategies had been analazyzed empirically through the theoretical model of Pettigrew (1987), which seeks the relation between the context, the content and the implementation process of the change. This research has been developed as a simple case study, of a qualitative nature aiming to understand the phenomenon of the changes in the institute. This study has used the method of the Direct Research (Mintzberg, 1979) to collect data. In the theoretical basis, it has contemplated the relative aspects to the strategic adaptation process, epecifically, the strategic choice and the environmental determinism. Describing the strategic adaptation process in the institute, as it suffers external changes (environment influences), acting directly in the institute. It has been concluded that, the institute adapted differents strategies at each period analyzed, in order to adapt itself to the various situations, implement new process and diversificate its products offer, such as graduation courses. Key words: strategc changes, strategy and adaptation strategy. LISTA DE FIGURAS Diamante de Porter – Determinantes da Vantagem Competitiva Nacional................................................................................................. Determinantes da Competitividade Sistêmica: Níveis de Análise........ 28 32 Figura 3 - Localização dos Ambientes Geral, Específico e Interno na Organização........................................................................................... 36 Figura 4 - Principais staheholders de uma organização......................................... 37 Figura 6 - Modelo de Porter para análise do ambiente competitivo............................................................................................ Estratégias emergentes e deliberadas.................................................... 38 47 Figura 7 - Modelo de estudo do processo de mudança estratégica ....................... 50 Figura 8 - Modelo do equilíbrio pontuado da evolução......................................... 52 Figura 1 Figura 2 - Figura 5 - LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Evolução do número de matrículas (Brasil 1968 – 2002) ............... 78 Gráfico 2 – Evolução dos docentes “em exercício” (Brasil 1980 – 2002) ......... 79 Gráfico 3 – Distribuição dos docentes – formação (Brasil 1994, 1998 e 2002) 79 Gráfico 4 – Evolução das instituições (Brasil 1968 – 2002) .............................. 80 Gráfico 5 – Evolução do número de cursos (Brasil 1968 – 2002) ...................... 80 Gráfico 6 – Aumento das modalidades de cursos – 1959 – 2003 ....................... 81 Gráfico 7 – Vagas não preenchidas no ensino superior particular (%).................................................................................................... 99 Gráfico 8 – Faturamento das 10 maiores IES privadas do Brasil ....................... 100 Gráfico 9 – Número proporcional de estudantes no ensino superior.................. 107 Gráfico 10 Crescimento da demanda para o ensino superior por classe social................................................................................................. 107 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Quadro 2 – As maiores organizações que atuam no âmbito nacional em 1985 e 2003 por vendas, em milhões de US$.................................................................... 24 33 Quadro 4 – Descrição dos Indicadores Levantados – ECIB.......................................... Determinantes e Elementos Importantes da Competitividade – Modelo IAD.............................................................................................................. Paradigmas de mudança organizacional e suas implicações práticas......... Quadro 5 – As diferentes concepções de universidade .................................................. 72 Quadro 6 – A expansão do ensino superior no Brasil .................................................... 77 Quadro 7 – Distribuição das matrículas por região (2002) ............................................ Quadro 8 – Relação das 30 maiores instituições por número de matrículas.(2002) ...... 82 Quadro 9 – Ranking dos 10 cursos mais procurados no País (2002) ............................. 83 Quadro 10 – Análise comparativa: Universidade x Empresa ........................................... 86 Quadro 11 – O modelo burocrático: decidindo por padrões de interações estruturadas .. 90 Quadro 12 - O modelo colegiado: decidindo por consenso ............................................. 92 Quadro 13 – O modelo político: decidindo através da resolução de conflitos ................. 93 Quadro 14 – Anarquia organizada: decidindo por acidente ............................................. 94 Quadro 15 – Comparação entre os quatro modelos de universidade ............................... 95 Quadro 16 - Crescimento na oferta de vagas plenas........................................................ 101 Quadro 3 – 30 44 81 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS CLT Consolidação das Leis do Trabalho EAD Ensino a Distância ECIB Estudo da Competitividade da Industria Brasileira IAD Instituto Alemão de Desenvolvimento IES Instituição de Educação Superior INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais MEC Ministério da Educação RH Recursos Humanos UniverCidade Centro Universitário da Cidade SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 14 1.1 A SITUAÇÃO PROBLEMA ......................................................................................... 16 1.2 OBJETIVOS.................................................................................................................... 19 1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................................................. 19 1.2.2 Objetivos Específicos....................................................................................................... 19 1.3 QUESTÕES DA PESQUISA.......................................................................................... 20 1.4 CONTRIBUIÇÃO E RELEVÃNCIA............................................................................. 20 1.5 DELIMITAÇÃO............................................................................................................... 20 1.6 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO..................................................................................... 21 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................. 23 2.1 O PORQUÊ DO PROCESSO DE MUDANÇA............................................................. 23 2.2 A COMPETITIVIDADE.................................................................................................. 25 2.3 ORGANIZAÇÕES E AMBIENTES ORGANIZACIONAIS.......................................... 34 2.3.1 Organizações como Sistemas......................................................................................... 34 2.3.2 Ambiente Organizacional............................................................................................... 35 2.3.3 O Ambiente Geral............................................................................................................ 35 2.3.4 O Ambiente Específico.................................................................................................... 37 2.3.5 O Ambiente Real e o Ambiente Percebido ................................................................... 40 2.4 MUDANÇA ORGANIZACIONAL................................................................................ 40 2.4.1 Novos Paradigmas de Mudança Organizacional e suas Implicações Práticas.......... 42 2.4.2 Incertezas.......................................................................................................................... 44 2.5 ESTRATÉGIA.................................................................................................................. 46 2.6 MUDANÇA ESTRATÉGICA........................................................................................ 48 2.6.1 Definição de Mudança Estratégica............................................................................... 48 2.6.2 O Processo, O Contexto e o Conteúdo da Mudança.................................................... 49 3 METODOLOGIA........................................................................................................... 54 3.1. A PESQUISA .................................................................................................................. 54 3.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................... 54 3.3 O MÉTODO .................................................................................................................... 56 57 3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ESCOLHA ESTRATÉGICA ...................................... 57 3.5 DELINEAMENTO E COLETA DE DADOS ................................................................ 58 3.6 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS ....................................................................... 59 3.7 CONFIABILIDADE ....................................................................................................... 60 3.8 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .................................................................................. 61 4 A EVOLUÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR.................... 62 4.1 O SURGIMENTO DAS PRIMEIRAS UNIVERSIDADES........................................... 62 4.2 A EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES NO MUNDO............................................... 65 4.3 AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DA UNIVERSIDADE........................................... 67 4.4 O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL............................................................................. 73 4.4.1 Das universidades passageiras à primeira universidade brasileira ......................... 75 4.4.2 A expansão do ensino superior brasileiro ................................................................... 77 4.5 A UNIVERSIDADE COMO ORGANIZAÇÃO ATÍPICA............................................ 85 4.5.1 A natureza multifacetada dos objetivos da universidade ......................................... 87 4.5.2 O processo decisório nas universidades ...................................................................... 89 5 ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DA UniverCidade.................................................. 96 5.1 FASES DO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA..................................... 96 5.1.1 Período 1: Busca do crescimento através dos processos de fusão e incorporação................................................................................................................... 5.1.2 Período 2: Parcerias e alianças estratégicas............................................................... 97 101 5.1.3 Período 3: Política de preços, alteração do perfil da clientela, diversificação na oferta dos cursos – Mudança da Missão...................................................................... 103 5.1.4 Período 4: Obsessão pela qualidade através do processo de avaliação 6 institucional com a transformação em Centro Universitário.................................... 114 CONCLUSÃO................................................................................................................. 118 REFERÊNCIAS............................................................................................................. 124 APÊNDICE..................................................................................................................... 134 14 1 INTRODUÇÃO A educação, principalmente a superior, é o esteio principal na formação de profissionais e pesquisadores. Além disso, é também a instância primeira de prestação de serviços à comunidade, através de um processo simultâneo de formação de profissionais e de atendimento às demandas da sociedade. O processo de globalização instalado no mundo atual tem trazido mudanças nos diversos tipos de organizações tanto produtivas quanto culturais. Esse fenômeno é descrito por Neto (1996, p.82) como: [...] um processo de aceleração capitalista, num ritmo jamais visto, em que o produtor vai comprar matéria-prima em qualquer lugar do mundo onde ela seja melhor e mais barata. Instala a fábrica nos países onde a mão-de-obra fique mais em conta, não importa se no Vietnã ou na Guatemala. Vende a mercadoria para o mundo inteiro. Daft (1999) entende a globalização como um conjunto de mudanças nos padrões de produção, investimento e comércio internacionais, cujas expressões máximas são a integração crescente de acordos internacionais de comércio e a universalização dos circuitos financeiros que buscam instalar-se em todas as partes dos sistemas produtivos, a fim de torná-los mais eficazes, competitivos e rentáveis. A globalização envolve diversos processos simultâneos: a integração econômica global, a criação de redes como a Internet, o tratamento de temas como meio ambiente, direitos humanos e educação. Com ela, a conjuntura social e política das nações passam a não ser importantes na definição de investimentos. Conseqüentemente, os países e suas organizações precisam ajustar-se e adaptar-se para permanecer competitivos em uma economia global. Miles e Snow (1978) afirmam que a falha em arquitetar ajustes às mudanças e incertezas ambientais causadas pela globalização poderá resultar em uma ineficiência organizacional relativa e em uma inabilidade para as organizações persistirem. Um dos ajustes necessários é a adaptação organizacional estratégica à competitividade exarcebada do mundo globalizado. De acordo Drucker (1999, p.57), “todas as instituições devem fazer da competitividade global uma meta estratégica”. Nenhuma delas, inclusive as instituições de ensino superior (IES), poderá sobreviver e, ao mesmo tempo, ser bem- 15 sucedida, a menos que esteja preparadas para enfrentar mudanças e adaptar-se às pressões pelos ambientes econômicos, tecnológicos, social, político e cultural em transformação. As instituições de ensino superior não estão imunes aos efeitos das atuais mudanças e incertezas ambientais. Os líderes universitários modernos devem compreender que mesmo uma instituição tão tradicional como a universidade foi criada para ter continuidade. Assim, as IES devem se esforçar para uma adaptação organizacional estratégica que as torne mais receptivas a mudanças e capazes de transformarem-se. A universidade tem papel fundamental na formação da cidadania da população, tornando as pessoas críticas e preparadas para melhorar as condições de vida do planeta. "As instituições universitárias são organizações do século XVIII, sendo administradas no final do século XX por princípios e normas da metade deste século”.(MEYER JR., 2000). Vive-se hoje, no início de um novo milênio, num mundo de complexidades crescentes, em que as constantes mudanças nos cenários político, econômico, tecnológico, social e cultural perfazem um ambiente extremamente complexo e instável. Nesse cenário de mudanças rápidas e contínuas, as organizações que não se adaptarem às novas exigências do mercado e não inovarem no relacionamento com os seus clientes terão sua sobrevivência ameaçada a médio e longo prazos. Totalmente contraditórias a esta realidade emergente, as instituições de ensino superior têm inovado muito pouco, mais propensas a resistir do que a acompanhar ou mesmo incitar tais mudanças. O reflexo deste desempenho insatisfatório está refletido nas severas críticas que o setor tem sofrido, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Na concepção de Barros e Silva: (1990, p.17) A incompetência ‘salta aos olhos’ quando a instituição que deveria ensinar - mas que oficialmente continua a fazê-lo porque, cartorialmente, o diploma é ‘senha’ obrigatória para acesso a determinadas posições sociais - é parcialmente substituída e complementada por outras organizações para melhor adequar os recursos humanos às necessidades reais. A incompetência aparece quando a universidade - que deveria estar envolvida com pesquisa e busca de um saber comprometido com as necessidades sociais - é substituída ou complementada por outras instituições ou mesmo grandes empresas que pesquisam por conta própria. A incompetência chega a comover quando a universidade se isola, ensimesmada, absorta no corporativismo interno, alienada dos problemas sociais, acabando por não dar qualquer contribuição efetiva. A má qualificação dos alunos egressos, a falta de pesquisa de alta qualidade e o descompromisso com os problemas da comunidade em que se insere possibilitaram que outras instituições preenchessem essa lacuna. Assim, proliferam as “universidades corporativas”, tais 16 como a “Universidade do Hambúrguer (McDonald’s) e a “Universidade Coca-Cola”, organizações com propostas alternativas e inovadoras para as questões a que a universidade tradicional não tem respondido. Trata-se, na verdade, de uma questão de reposicionamento e redirecionamento das instituições de ensino superior: a universidade, em sua origem, para se proteger das pressões da Igreja, do poder secular e da burguesia, separou-se da cidade e isolou-se da comunidade local, aparecendo como uma torre de marfim (“The Ivory Tower”). Entretanto, após séculos de história, a humanidade encontra-se hoje, na era da “Aldeia Global”, em que o isolacionismo já não é mais desejável, podendo inclusive ameaçar o desenvolvimento, e até mesmo a sobrevivência de algumas instituições que não se adequaram a esta nova realidade. 1.1 A SITUAÇÃO PROBLEMA As instituições de ensino superior na área privada vêm crescendo significativamente, no entanto alcançar o patamar de equilíbrio entre a quantidade e qualidade diante de uma sociedade tão desigual quanto à brasileira, ainda é a grande preocupação. O desafio é formar o maior número de bons profissionais, que sejam capazes de competir em um mercado de trabalho cada vez mais seleto. Portanto, para estar inserido neste novo cenário, deve-se educar para desenvolver profissionais que não só cumpram tarefas prescritas, mas que tenham capacidade de intervir no processo e solucionar problemas que se apresentam. Soma-se ainda, a necessidade de lidar com novas tecnologias e habilidades comunicativas. O interesse e o estudo da administração universitária são crescentes, conforme Tachizawa; Andrade, 2002, p.22: “As mudanças fundamentais que vêm ocorrendo nos modelos de gestão das organizações empresariais – dada à necessidade de sobreviverem no ambiente em que atuam – começam também a chegar com mais intensidade às instituições de educação superior brasileiras”. Na falta de uma teoria administrativa própria, os administradores universitários vêm se valendo de teorias e conceitos desenvolvidos no e para o âmbito empresarial. As universidades são uma categoria de organização peculiar, caracterizando-se pela complexidade e atipicidade de seus elementos componentes: enquanto a organização empresarial possui objetivos econômicos, tecnologia definida, estrutura hierarquizada e 17 centralizada, participantes determinados como acionistas, dirigentes e operários, clientela personalizada em freguês e cliente, administração exercida por profissionais com estabelecimento de padrões e de rígidos princípios e normas administrativas e produto final quantificável. Toda essa estrutura continuamente envolvida por análises e avaliações visando à relação custo/benefício, a organização universitária, por sua vez, possui objetivos não lucrativos, emprega tecnologia múltipla, complexa e difusa. É composta por participantes de três segmentos – professores, funcionários e alunos – podendo surgir dirigentes originários de qualquer um dos três segmentos; atende a uma clientela múltipla, formada por alunos, comunidade interna e comunidade externa, administração amadorística com limitada utilização de princípios administrativos e produto final de difícil mensuração. Devido à diversidade de características existentes entre uma e outra organização, a transposição de modelos gerenciais desenvolvidos nas organizações empresariais para o âmbito universitário foi questionada por especialistas em gestão universitária, bem como negligenciada pelos próprios gestores destas instituições, conforme Tachizawa; Andrade, 2002, p. 16: “...Esta nova fase estaria a exigir uma postura diferente do gestor, executivo e técnico da educação voltada para uma administração profissional de suas instituições de educação superior.” Assim, segundo Meyer Jr (1988, p.7), as universidades requerem uma teoria organizacional e administrativa própria que contemple seu caráter atípico e a complexidade das suas características organizacionais. Para Keller (apud MEYER JR,1988, p.7): Tipo de administração que o ensino superior necessita não existe ainda. Porém, ele esta sendo criado, passo a passo, por uma nova geração de diretores, pró-reitores e reitores, com base nos mais válidos elementos da administração empresarial, na mais moderna administração de serviços e nas últimas contribuições dos estudos das organizações, da psicologia, da pesquisa em administração e em campos semelhantes. Recentemente, entretanto, esta realidade parece estar sendo alterada. Não só palavras como “clientes”, “mercado” e “concorrentes”, por exemplo, deixaram de ser tabus, como estão incorporadas à linguagem habitual do segmento particular do ensino superior. O tema Administração Estratégica vem sendo introduzido já há alguns anos nos cursos de pós-graduação destinados a qualificar gestores universitários, assim como em artigos publicados nesse segmento. Começam a despontar relatos de experiências e resultados parciais decorrentes da introdução da administração estratégica ou de algumas de suas 18 ferramentas entre poucas instituições pioneiras ou de maior excelência no processo de autogestão. Nesse sentido podemos mencionar o trabalho Administração Estratégica nas Universidade Federais: estudo de caso na Universidade Federal de Santa Catarina, Pereira Fernanda, 1999, Florianópolis. Esta aproximação entre a Administração Estratégica e o ensino superior particular brasileiro só se tornou possível em virtude das transformações que ambas as variáveis sofreram nos últimos anos: de um lado, a ampliação do escopo de aplicação e estudo da Administração Estratégica, que passou a abranger, por exemplo, instituições públicas e sem finalidade lucrativa; de outro, a gradual mudança no ambiente de atuação das IES particulares, migrando de um cenário de relativa estabilidade para outro de extrema turbulência, tornando a adoção da abordagem estratégica na gestão destas instituições não apenas factível, mas recomendável. Conforme Tachizawa; Andrade (2002, p. 16): No atual paradigma pós-industrial, estamos ingressando numa economia digital, onde conhecimento e inteligência humana, em rede, provocarão mudanças nas regras de sobrevivência para todos, principalmente para as organizações. Com a constante mudança dos mercados e seus protagonistas, não mais existe a possibilidade de as instituições de educação superior estabelecerem vantagem competitiva duradoura. Nenhuma instituição de educação pode se dar ao luxo de descansar sobre os êxitos passados, é preciso inovar constantemente para poder competir e sobreviver. Neste contexto, o estudo apresentado demonstra que a instituição de educação superior – UniverCidade – Centro Universitário da Cidade com mais de 30 anos a serviço da educação, ao longo de todo este período vem buscando desenvolver um consistente processo de crescimento, sendo a instituição de educação superior, na condição de centro universitário, que mais se tem desenvolvido no Município do Rio de Janeiro e segundo o censo do Ministério da Educação/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2002), a Instituição é o maior centro universitário do País em quantidade de alunos matriculados. O estudo foca o período onde as maiores e mais significativas mudanças ocorreram. Os novos cenários provocaram mudanças internas nas diretrizes estratégicas, na estrutura organizacional, nos processos, na política de investimentos e permitiram a Instituição administrar o presente voltado para o futuro, entendendo a administração como um processo contínuo e interativo que visa a manter a Instituição integrada ao seu ambiente. 19 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral O estudo tem como objetivo identificar quais foram e como se desenvolveram as principais mudanças estratégicas e estruturais ocorridas na UniverCidade dos anos 80 até a presente data, traçando as correlações com os fatores ambientais externos e internos que levaram a Instituição por meio de um processo de adaptação, a se manter como uma das principais instituições de educação no segmento privado. 1.2.2 Objetivos específicos Quanto aos objetivos específicos, temos: - Identificar e descrever as modificações ambientais e internas e externas, durante o período de 80 até a presente data, relacionando-as com os processos de mudança vividos pela UniverCidade – Centro Universitário da Cidade. - Identificar e descrever as modificações organizacionais da Instituição, destacando a sua adequação com a implantação de projetos e programas ocorridos no mesmo período, bem como correlacionar as mudanças ocorridas aos dados empíricos da base teórica utilizada, com os fatores críticos envolvidos nos processos de mudanças implementados. - Identificar o processo de adaptação estratégica da Instituição, com base em elementos interpretativos e objetivos, adotados conforme o seu contexto histórico. 20 1.3 QUESTÕES DA PESQUISA No segmento competitivo de educação, é necessário identificar respostas, na trajetória da UniverCidade – Centro Universitário da Cidade, objetivando responder a seguinte pergunta: Como a UniverCidade – Centro Universitário da Cidade se adaptou e teve um crescimento vigoroso em um ambiente econômico com mudanças constantes, no período compreendido entre os anos 80 até a presente data? 1.4 CONTRIBUIÇÃO E RELEVÂNCIA O estudo traz a oportunidade de analisar um ambiente de negócio em educação e, por meio do conhecimento e compreensão da sua atividade, avaliar sua escolha estratégica. Na conclusão do trabalho, será possível observar as contribuições para análise de outras instituições de educação, destacando os pontos que lhe possam conferir desempenho superior aos demais entes do segmento. Além do horizonte acadêmico, o estudo poderá contribuir para as instituições de educação, que por meio dos seus resultados poderão compreender alguns dos diversos fatores que possibilitem as instituições obterem melhorias de performance, contribuindo para o seu crescimento. 1.5 DELIMITAÇÃO A delimitação se faz necessária para que se alcance os objetivos da pesquisa. Merrian (1998) considera que a delimitação do estudo de caso reside no próprio caso em estudo. Considerando que o estudo da adaptação estratégica consiste em destacar em períodos, em séries temporais e longitudinais, descrevendo as escolhas organizacionais que vêm transformando a UniverCidade ao longo dos anos pesquisados, cabe destacar que este se 21 destina a identificar e relacionar as mudanças organizacionais aos respectivos períodos, e não a criticá-las quanto a sua eficiência e eficácia momentâneas. Uma das limitações impostas pela pesquisa foi o escopo, cujo foco foi o processo de adaptação estratégica, portanto a revisão de literatura e todas as outras referências bibliográficas estão restritas aos relacionamentos: organização – estratégia e estratégia – ambiente, com isso se descarta a mudança em nível de indivíduo ao grupo. As mudanças ocorridas na UniverCidade, nos anos compreendidos pela pesquisa, estão aqui relatadas desprovidas de qualquer inferência além da base conceitual citada, anteriormente. Entretanto, é importante observar que sendo o autor o seu único pesquisador, mesmo com as precauções tomadas, a mesma se tornou suscetíveis aos pontos de vista e valores desta pessoa, porém este fato deve ser considerado na interpretação das conclusões e recomendações para futuros trabalhos. 1.6 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO O presente estudo está organizado em 7 capítulos, distribuídos de forma a facilitar a leitura e a compreensão das conclusões obtidas, compostos da seguinte maneira: Capítulo 1 – Destina-se a apresentar os diferentes agentes motivadores deste estudo, os objetivos, suas limitações, sua importância e relevância, os questionamentos principais, a pergunta que deu origem às investigações de campo e sua organização. Capítulo 2 – Apresenta a revisão de literatura que conta com uma abordagem multidisciplinar relacionada à ampla diversidade de matérias associadas e integrada no estudo da adaptação estratégica. Neste sentido, a revisão acompanhará todo o processo de desenvolvimento do estudo, pois foi face às interrogativas que surgiram, que se pôde conhecer com maior profundidade a necessidade da teoria. A revisão bibliográfica tratará das organizações e seus ambientes; enfocará a questão da adaptação estratégica; apresentará os vários conceitos de estratégia. Capítulo 3 – Fundamentará e explicitará os aspectos metodológicos pertinentes a esta pesquisa. O estudo será desenvolvido por meio de uma pesquisa qualitativa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986; TRIVIÑOS, 1992), utilizando a metodologia de caráter contextualista de Pettgrew (1987), utilizando o conceito organizacional (MEYER JR; SCOTT, 1983) composto 22 das visões técnica-econômica e institucional, de maneira histórica (KIMBERLY, 1976), com a estratégia de estudo de caso de (YIN, 2001). Capítulo 4 - Foram abordadas as instituições de ensino superior e sua complexidade: a fundação das primeiras universidades na idade média; seu surgimento tardio no Brasil no início do século XX; e seu processo de expansão iniciado na década de 60 e intensificado a partir do final da década de 90. Apresentam as diferentes concepções de universidade que servem de modelo às universidades brasileiras, bem como os principais aspectos que caracterizam estas instituições como organizações complexas e atípicas, incluindo a natureza multifacetada de seus objetivos e seu intrincado processo decisório, conforme informações disponíveis no MEC/INEP/DAES e autores como: Teixeira, 1998; Cunha, 1998; Sousa, 1993 e outros. Capítulo 5 – Descreve o processo de adaptação estratégica da Instituição, dividindo o período estudado em séries temporais. Dentro de cada período, destaca-se o contexto histórico, as principais mudanças no cenário externo e são identificados os principais projetos executados pela Instituição para interagir com as novas exigências do mercado educacional. Capítulo 6 – As conclusões propostas se basearam nos dados obtidos e refletem as conseqüências dos processos decisórios integrados da Instituição. Revelam de que maneira se deu o processo decisório de adaptação estratégica, baseando-se no contexto histórico e na velocidade de reação à mudança. Apêndice – Descreve, detalhadamente, a UniverCidade – Centro Universitário da Cidade, desde os anos 80 até a presente data, sua história e seus dados relevantes. 23 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo tem por objetivo apresentar as idéias, teorias e modelos, organizados em um contexto histórico, buscando fundamentar teoricamente conceito, noções e elementos pertinentes ao processo de adaptação estratégica, para posteriormente, explicitá-lo na UniverCidade. Richardson et. al. (1989, p.16) apontam, “Em termos gerais, não existe pesquisa sem teoria, seja explicita ou implícita, ela está presente em todo o processo de pesquisa”. Este capítulo está estruturado em cinco partes, organizadas da seguinte forma: a primeira apresenta o enfoque do porquê do processo da mudança; a segunda parte apresenta as modernas teorias de competitividade relacionadas ao desempenho empresarial; a terceira apresenta o enfoque da organização como um sistema social, a caracterização do ambiente em que ela atua e a sua adaptação; a quarta focaliza a estratégia e finalmente, a quinta focaliza a mudança estratégica. 2.1 O PORQUÊ DO PROCESSO DE MUDANÇA Como uma das grandes características do mundo contemporâneo, a atração pela novidade faz a mudança surgir de formar cada vez mais intensa. O estudo do processo de adaptação estratégica organizacional tem crescido de importância tanto na área acadêmica como no meio empresarial, possibilitando explicar e compreender como os executivos das organizações formulam suas estratégias. Ao divulgar as mais recentes conquistas tecnológicas, os meios de comunicação reacendem diariamente não só o desejo de usufruir riqueza, mas, sobretudo, o conhecimento sobre as possibilidades de se melhorar a qualidade de vida. Expectativas e necessidades, antes difíceis de atender, tornam-se a cada dia mais acessível. A inovação e o progresso parecem mais próximos, aguçam a vontade, a urgência e, mesmo, o otimismo sobre a mudança. A história da organização do trabalho, como a da vida social, é, em essência, a história da mudança. Não são raros os relatos sobre a vida humana e teorias sociais e organizacionais que não tratam de transformações. Autores como (FUKUYAMA, 1991); (TOURAINE, 1973); (TOFFLER, 1973; 1980); enaltecem e popularizam a perspectiva da transformação 24 surpreendente; chamam a atenção para a alta velocidade da mudança, associando-lhe um caráter explosivo; retratam a revolução sem precedentes na história da humanidade. Importante enfatizar que para entender esse redesenho radical e profundo das organizações é necessário entender como mudou o contexto externo onde estas organizações operam. Um dos resultados mais visíveis dessas mudanças ambientais, é demonstrado no quadro 1, somente 30% das 20 maiores organizações nacionais por vendas em 1984 se mantiveram na lista de 2003. A título de exemplo das que não constam em 2003, podemos observar a Esso e a Souza Cruz, 2ª e 3ª colocadas em 1984, respectivamente. A partir de 1980, uma grande mudança ocorreu na economia mundial e na história social e política da humanidade. Caíram os muros entre as nações, entre as indústrias, entre setores da economia e entre as funções dentro das organizações. As redes se tornaram à ordem do dia para evidenciar esta afirmação pode-se observar cada vez mais no mundo dos negócios as fusões, as alianças, as joint ventures. As organizações estão cada vez mais adotando os processos de desenvolvimento de bens e serviços de forma simultânea. Ranking 1984 Vendas no Ranking 2003 ano de 1984 Vendas no ano de 2003 1º Shell 2.755 1º Petrobras 33.311 2º Esso 2.107 2º Petrobrás Distrib. 9.329 3º Souza Cruz 1.955 3º Telemar 6.306 4º Volkswagen 1.706 4º Telefônica SP 5.480 5º Copersúcar 1.470 5º CBB/Ambev 5.329 6º Pão de Açúcar 1.450 6º Volkswagen 5.295 7º Texaco 1.399 7º Furnas 4.310 8º Atlantic 1.392 8º Petróleo Ipiranga 4.214 9º Ford 1.386 9º Shell 4.096 10º GMB 1.361 10º GM 4.092 11º Petróleo Ipiranga 1.075 11º Carrefour 4.044 12º Varig 1.023 12º Brasil Telecom 3.975 13º Pirelli 908 13º Pão de Açúcar 3.837 14º Copene 846 14º Embratel 3.668 15º Nestlé 772 15º Vale do Rio Doce 3.418 25 16º Camargo Corrêa 742 16º Bunge Alimentos 3.158 17º Mercedes-Benz 741 17º Fiat Automóveis 3.121 18º Sanbra 722 18º Eletropaulo Metrop 3.078 19º Fiat Automóveis 715 19º Embraer 2.945 20º Rhodia 706 20º Texaco 2.805 Quadro 1 - As maiores organizações que atuam no âmbito nacional em 1984 e 2003 por vendas, em milhões de US$. Fonte: Exame Melhores e Maiores – Ed. Especial Setembro 1985 e Julho 2004. As novas estratégias de gestão propõem a criação da organização do futuro com base no raciocínio que uma organização só pode controlar o destino se compreender como controlar o destino de sua indústria. 2.2 A COMPETITIVIDADE Na medida em que a competição no mercado global se torna cada vez mais acirrada, a preocupação de governos, empresários e pesquisadores se voltam para a reflexão dos fatores determinantes da competitividade. O estudo da competitividade tem sido tema central de muitas pesquisas que buscam o porquê do sucesso ou do fracasso de países, de setores e de organizações. Apesar de sua importância não existe um conceito universal de competitividade. A questão da competitividade é tratada em diferentes níveis e relacionada a diversos fatores. A competitividade é entendida como poder de conquistar, contestar e manter posições em estruturas de mercado dinâmicas, como qualidade da competição e capacidade de concorrência. Ela é um vetor que resulta, de um lado, da estratégia de acumulação de capital das empresas e, de outro, das condições produtivas da economia. As grandes questões acerca da competitividade tais como: aferição determinante, obtenção de vantagens competitivas, condicionantes e, até definição, são frutos de cada momento histórico do desenvolvimento capitalista de cada país. Dentre as várias vertentes existentes para a definição da competitividade destacam-se: • A que dá ênfase maior à capacitação tecnológica: competitividade derivada capacidade tecnológica de inovar. Tal capacidade é entendida tanto em termos de 26 engendrar interativa e acumulativamente novas tecnologias, bem como de absorver inovações por aprendizagem tecnológica (BANCO..., 1991); • A que pode ser identificada como a Reestruturação Industrial. Esta visão dá maior ênfase aos processos de reestruturação ocorridos nos países desenvolvidos a partir da década de 70, que implicam a perda de importância de alguns segmentos e tecnologias da industrialização pesada, com o despontar de novos setores líderes. Essa abordagem destaca a adoção de novas tecnologias, sobretudo de informática (hardware – mecatrônica – e software), biotecnologia e novos materiais, conduziu à reconversão de plantas produtivas e setores industriais inteiros, visando à adoção da automação flexível, redução dos impactos ambientais, diminuição dos gastos com matériasprimas e energia. Novas matérias-primas, insumos e novos equipamentos automatizados alteram o perfil de processos produtivos e de mercado. A competitividade está relacionada às possibilidades de empresas e países obterem condições de reestruturar sua produção e inserir-se nesses novos mercados. (COUTINHO, 1994); • A que pode ser identificada com a ótica do comércio exterior, que sempre enfatizou as vantagens comerciais e a competitividade internacional de uma economia. A competitividade é entendida como a eficiência relativa de um país na produção de determinadas mercadorias e seu posicionamento nos mercados mundiais mais dinâmicos. A medida de competitividade é então essa inserção nos mercado internacionais, especificamente nos produtos de maior expansão. A importância do estudo da competitividade internacional é realçada em função dos novos rumos das relações internacionais com a globalização dos mercados e regionalização das plantas produtivas. Cada economia torna-se mais exposta nesse ambiente concorrencial, onde a melhor defesa é a especialização produtiva para a conquista de mercados internacionais. Para isso a empresa depende não somente de suas condições de eficiência, mas também de toda a estrutura produtiva em que está inserida, com o intuito de contestar e romper barreiras à entrada em mercados externos (sejam de ordem financeira, tecnológica, reguladora, etc.) (BANCO..., 1991); • A que pode ser identificada com a competitividade macroeconômica. Aborda as condições nacionais do ambiente econômico, político e social favorável ao processo 27 de obtenção de competitividade. Nesse sentido, são as políticas públicas as responsáveis pelo entorno paramétrico das vantagens competitivas, pois elas influenciam decisivamente o ambiente macroeconômico (condicionando as decisões empresariais de produzir e investir) com políticas comerciais, financeiras e de estabilização; a infra-estrutura produtiva (logística, insumos básicos e serviços de utilidade pública); e a infra-estrutura tecno-científica e educacional (ensino básico, técnico-profissionalizante e superior, centros de pesquisa, laboratórios, institutos de normatização e metrologia, etc.), pelo estabelecimento de diretrizes e recursos à educação e fomento à C&T (BANCO..., 1991). É importante notar que o termo ambiente competitivo tem um significado bastante amplo, pois na realidade as análises ligadas ao campo da concorrência industrial devem compreender todos os fatores determinantes da competitividade, ou seja, o estudo da competição deve abordar a organização, o setor e a economia. Para se alcançar a competitividade é necessária à reação e a adaptação das organizações aos fatores do ambiente. Uma organização tem que compreender e dispor dos fatores de competitividade que determinam sua capacidade ou incapacidade de criar / manter sua vantagem competitiva no âmbito internacional, no âmbito da nação, no âmbito da indústria e no âmbito da organização. Porter (1999) apresenta um modelo macroeconômico caracterizado pelo “diamante nacional”, que considera que a vantagem competitiva consiste na qualidade do ambiente em que as organizações estão inseridas. A produtividade, inovação e crescimento das organizações são relativos a quatro aspectos do ambiente, conforme observado na figura nº 1 e descrito a seguir: • Condições dos Fatores: a posição do país quanto aos fatores de produção, como mão-de-obra qualificada e infra-estrutura, necessária para competir num determinado setor; • Condições de Demanda: a natureza da demanda no mercado interno para os produtos ou serviços do setor; • Setores Correlatos e de Apoio: a presença ou a ausência, no país, de setores fornecedores e outros correlatos, que sejam internacionalmente competitivos; 28 • Estratégia, Estrutura e Rivalidade das Empresas: as condições predominantes no país, que determinam como as empresas são constituídas, organizadas e gerenciadas, assim como a natureza da rivalidade no mercado interno. Contexto para estratégia e rivalidade de empresas Condições dos fatores (insumos) Condições de demanda Setores correlatos e de apoio Figura 1 - Diamante de Porter – Determinantes da Vantagem Competitiva Nacional Fonte: Porter (1999, p.224) Um outro modelo é o trabalho realizado por Coutinho & Ferraz (1994), "Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira - ECIB", utilizando alguns de seus conceitos e análises, uma vez que este se transformou numa referência sobre a matéria. O ECIB considera competitividade como? • a produtividade das empresas ligada à capacidade dos governos, ao comportamento da sociedade e aos recursos naturais e construídos, • aferida por indicadores nacionais e internacionais, permitindo conquistar e assegurar de maneira sustentável fatias de mercado. 29 Estabelecendo uma classificação dos indicadores, diferenciando-os entre aqueles que manifestam a forma em que se dá a competitividade internacional e aqueles referentes aos agentes envolvidos. No ECIB, competitividade pode ser vista em três níveis de agregação ou ambiente: • a empresa (ambiente empresarial); • o setor ou grupo de setores (ambiente setorial) , e • a nação (ambiente sistêmico). Em cada nível de agregação, há diferentes medidas, ou indicadores, da competitividade. Elas variam conforme o impacto sobre o sucesso econômico presente e futuro ou no bem estar da empresa, do setor ou nação. Alguns conceitos de competitividade aplicam-se a um destes níveis de agregação, mas não a outro. Inicialmente estaremos focando a Competitividade Empresarial e Setorial. Os indicadores de Competitividade sistêmica estão sendo estudados em um projeto específico que pretende propor linhas de ação para promover um ambiente competitivo mais adequado ao setor produtivo nacional.O ECIB indica que, além das definições dos agentes da Competitividade, convém distinguir a forma como esta se manifesta ou como é determinada. Para isto, define indicadores em três dimensões, a saber: • Indicadores de Capacitação: abrangem os fatores que determinam a competitividade advinda de avanços tecnológicos em produtos e processos, da utilização de modernas técnicas de organização, da cooperação inter-firmas e da composição dos investimentos públicos e privados, incluindo aqueles realizados em "capital humano"; • Indicadores de Eficiência: relacionados à utilização dos fatores de produção; • Indicadores de Desempenho: caracterizam a forma como a competitividade internacional se manifesta, avaliando o agente estudado no mercado nacional e internacional quanto à participação de mercado. Numa primeira etapa os indicadores centram-se na esfera da Competitividade Setorial com o objetivo de: • Levantar indicadores que meçam a Capacitação, a Eficiência e o Desempenho dos setores da indústria de transformação. Isto permitirá monitorar a evolução da competitividade da Indústria Paulista por setor; 30 • Disponibilizar referências do Brasil e de outros países para cada indicador; • Desenvolver análises comparativas dos indicadores com vistas a propor e desenvolver ações setoriais específicas que venham a alavancar o desempenho empresarial das indústrias pertencentes a esses setores. No módulo de simulação as empresas podem calcular seus próprios indicadores, verificando o seu grau de competitividade (auto diagnóstico) em relação aos seus concorrentes nacionais e internacionais (para as economias levantadas). Na comparação com os concorrentes nacionais pode também verificar seu posicionamento por porte da empresa. A seguir apresenta-se o quadro de indicadores para avaliação do grau de competitividade. Participação na Receita Descrição do Índice Deduções sobre Receita Bruta de Vendas Consumo Intermediário sobre Receita Líquida de Vendas Consumo de Matéria-Prima sobre Receita Líquida de Vendas Total Gasto de energia e combustível sobre Receita Líquida de Vendas Total Consumo de peças, acessórios e ferramentas sobre Receita Líquida de Vendas Total Serviços industriais prestados por terceiros e de manutenção Receita Líquida de Vendas Total Custo das mercadorias adquiridas para revenda sobre Receita Líquida de Vendas Total Variação do Estoque de Produtos Acabados e em Elaboração sobre Receita Líquida de Vendas Total Produção própria para Ativo Imobilizado sobre Receita Líquida de Vendas Total Valor Adicionado Total sobre Receita Líquida de Vendas Total Gasto Pessoal sobre Receita Líquida de Vendas Total Salário e retirada sobre Receita Líquida de Vendas Total Encargos e Benefícios sobre Receita Líquida de Vendas Lucro Bruto sobre Receita Líquida de Vendas Despesas e Receitas Operacionais sobre Receita Líquida de Vendas Total Lucro Operacional sobre Receita Líquida de Vendas Despesas e Receitas não Operacionais sobre Receita Líquida de Vendas Lucro Antes do Imposto de Renda sobre Receita Líquida de Vendas Porte Médio Descrição do Índice Pessoal ocupado por empresa Receita Líquida de Vendas por Empresa Sigla Ded/RBT CI/RLT Unidade % % CMP/RLT % GEC/RLT % PFA/RLT % Sev/RLT % CMR/RLT % Vest/RLT % PPA/RLT % VA/RLT GP/RLT Sal/RLT ECB/RLT LB/RLT % % % % % DRO/RLT % LO/RLT % DRñO/RLT % LAIR/RLT % Sigla PO/Emp RLT/Emp Unidade Pessoas $ 31 Consumo Intermediário por Empresa Valor Adicionado por Empresa Gasto de Pessoal por Empresa Lucro Bruto por Empresa Produtividade Descrição do Índice Consumo Intermediário por Pessoal Ocupado Total Valor Adicionado Total por Pessoal Ocupado Total Salário e Retirada por Pessoal Ocupado (Salário Médio) Salário dos Assalariados por Pessoal Ocupado Assalariado Salário dos Assalariados da Produção por Pessoal Ocupado na Produção Salário dos Assalariados não-Produtivos por Pessoal Ocupado não-produtivo Retirada Proprietários por Proprietários Ocupados Encargos e Benefícios por Pessoal Ocupado Lucro Bruto por Pessoal Ocupado Receita Líquida de Vendas Total por Pessoal Ocupado Total Relações com Salário Descrição do Índice Encargos e Benefícios por Salário Retirada Contribuição para a Previdência Social por Salário e Retirada Fundo de Garantia por Tempo de Serviço por Salário e Retirada Contribuição para a Previdência Privada por Salário e Retirada Indenização Trabalhista por Salário e Retirada Outros Benefícios Concedidos por Salário e Retirada Total Outros Indicadores Descrição do Índice Valor Adicionado por Gasto de Pessoal Valor Adicionado por Consumo Intermediário Dias médios de Estoque de produtos acabados e em elaboração Lucro Antes do Imposto de Renda sobre Formação Bruta de Capital Fixo Lucro Antes do Imposto de Renda sobre Ativo Fixo Participação no Valor Adicionado Descrição do Índice Gasto de Pessoal por Valor Adicionado Outros custos por Valor Adicionado Lucro Antes do Imposto de Renda por Valor Adicionado Outras Receitas por Valor Adicionado Participação no Mercado Descrição do Índice Participação Nacional no Mercado Interno Participação de Produtos Importados no Mercado Interno Participação nas Exportações no Mercado Mundial Participação nas Importações no Mercado Mundiak Quadro 2 - Descrição dos Indicadores Levantados - ECIB CI/Emp VA/Emp GP/Emp LB/Emp $ $ $ $ Sigla CI/PO VA/PO Sal/PO Spa/POa Unidade $ $ $ $ Spp/POp $ Sñp/POñp $ Rp/Prop ECB/PO LB/PO RLT/PO $ $ $ $ Sigla ECB/Sal INSS/Sal FGTS/Sal CPP/Sal ITB/Sal OBF/Sal Unidade % % % % % % Sigla VA/GP VA/CI DMEst Unidade $/$ $/$ dias LAIR/FBK % LAIR/AT. FIXO % Sigla GP/VA OCT/VA LAIR/VA ORC/VA Unidade % % % % Sigla PNMI PIMI PEMM PIMM Unidade % % % % 32 Uma outra metodologia é a do Instituto Alemão de Desenvolvimento (IAD), que leva em consideração, para avaliação da capacidade competitiva de uma determinada organização, ou grupo delas, a competência, diálogo e forma de tomada de decisão entre todos os membros envolvidos, a partir de quatro níveis básicos denominados de: Meta, Macro, Meso e Micro. Os quatro níveis envolvidos, apresentado na figura 2 reforçam o caráter sistêmico do meio em que as organizações atuam. A interação dinâmica entre o Estado, as organizações, as instituições intermediárias e a capacidade organizativa da sociedade é determinante para a sobrevivência das organizações. Nível Meta Nível Macro Dialogo e Articulação Nível Meso Nível Micro Figura 2 - Determinantes da competitividade sistêmica: Níveis de análise Fonte: Lanzer et at (1998 p.44). A visão sistêmica implica que as organizações passem a adotar as melhores práticas em relação à concorrência e elaborem estratégias para toda a cadeia de valor baseadas no entendimento articulado de todos os participantes nos quatro níveis envolvidos. Os elementos fundamentais para o sucesso da competitividade em relação aos quatros níveis propostos: Fatores Econômicos, Fatores Culturais, Fatores Políticos e Fatores Demográficos. 33 As influências do ambiente para o sucesso das organizações e conseqüente melhoria de vida da população remetem ao governo, instituições e corporações uma fundamental participação na formação de massa crítica para o aprimoramento da competitividade da localização. A cooperação entre organizações, em substituição à tradicional forma individualista em que estas normalmente atuam no mercado, é apresentada por diversos estudiosos como a melhor solução para acentuar a competitividade das organizações na economia globalizada. Porter (1999, p.14) apresenta a coordenação das atividades além-fronteiras em redes regionais ou globais como forma de conquistar vantagem competitiva e coloca que os aglomerados “... oferecem um novo mundo de pensar sobre a economia [...] demandam novos papéis das organizações, dos governos e das instituições”. Redes de empresas, aglomerados ou clusters são definidos como um “[...] agrupamento geograficamente concentrado de organizações inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e complementares”. (PORTER, 1999, p.211). A participação das organizações em redes articuladas tem a finalidade de melhorar a competência em todas as etapas da cadeia de valor do produto ou serviço. Uma rede de organizações possibilita a melhoria da produtividade, estimula a inovação através da melhoria contínua e incentiva a formação de novas organizações. A atuação conjunta de organizações correlatas e instituições de apoio, inclusive no desenvolvimento de estratégicas para a geração de valor em suas atividades, implica uma nova maneira de analisar a competitividade das organizações. O quadro 3 apresenta uma síntese da metodologia do Instituto Alemão de Desenvolvimento (IAD), para avaliação da capacidade competitiva. Nível Meta Determinantes da competitividade Fatores sócio-culturais Escala de valores Padrões básicos de organização político-jurídico-econômico Capacidade estratégica e política Macro Política orçamentária Política monetária Elementos fundamentais Consenso social sobre uma política econômica dirigida ao mercado nacional e internacional. Aglutinar forças dos atores para incentivar inovação, produtividade e aprendizagem através de organização jurídica, política e econômica. Disposição e capacidade de implementar estratégias de médio e longo prazo para o desenvolvimento tecnológico e industrial orientado à competitividade. Não colocar obstáculos à exportação, não tornar as importações muito caras – fomentar a integração 34 Política fiscal Política de competição Política central Política cambial ativa com o mercado mundial. Manter baixa taxa de inflação Taxas de câmbio adequadas Manter o déficit baixo Sistema tributário justo e transparente Inibir a formação de cartéis e monopólios Meso Política de infra-estrutura física Otimizar sistemas de transportes, telecomunicações Política educacional e energia Política tecnológica Promover educação básica ampla e sólida a todas as Política de infra-estrutura pessoas, e pesquisa tecnológica Industrial Melhorar sistemas normativos, como técnicas de Política ambiental segurança e proteção ambiental Política regional Adotar critérios seletivos para políticas de Política seletiva de importação importações e exportações Política seletiva de exportação Difundir novas tecnologias e novos conceitos organizacionais Fortalecer os clusters emergentes Estimular a criação de novos ramos industriais Política ambiental sem exploração predatória dos recursos naturais Otimizar interações entre empresas, fornecedores, Micro Capacidade de gestão Estratégias empresariais empresas de serviços complementares, clientes e Gestão da inovação centros de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) Integração em redes de Otimização das best pratices em produção e P&D cooperação tecnológica Melhoria contínua da eficiência, qualidade, Logística empresarial flexibilidade e rapidez. Quadro 3 - Determinantes e Elementos Importantes da Competitividade – Modelo do IAD. Fonte: Adaptado de Lanzer et al. (1998). 2.3 ORGANIZAÇÕES E AMBIENTES ORGANIZACIONAIS Organizações são construções humanas arbitrárias com base lógica e racional pela intenção explicita de se alcançar um objetivo (MOTTA, 2000). 2.3.1 Organizações como sistemas As organizações podem ser concebidas como sistemas vivos, pois elas dependem do ambiente em que atuam para a satisfação de suas necessidades. A distinção entre sistemas fechados e sistemas abertos é de suma importância para o estudo das organizações. Um 35 sistema fechado não dependeria de seu ambiente; ele seria autônomo, encerrado e isolado do seu mundo externo. Já um sistema aberto deve interagir com o ambiente para sobreviver; ele consome e exporta recursos para o ambiente (DAFT, 2002). 2.3.2 Ambiente organizacional Os ambientes de uma organização podem ser externos e internos como já apontamos. Para Daft (1999), o ambiente organizacional externo engloba todos os elementos existentes fora dos limites da organização que tenham potencial para afetar a organização, incluindo concorrentes, recursos, fornecedores, tecnologias e condições econômicas que exercem influencia sobre a organização. Daft (1999, p. 44) ressalta que este tipo de ambiente não inclui os eventos “tão afastados da organização que o impacto deles não é possível”. O ambiente externo da organização pode ser classificado ainda, de acordo com as suas camadas, em: a) ambiente geral e b) ambiente especifico. 2.3.3 O ambiente geral Bowditch; Buono (1997) definem o ambiente geral da organização como aquele que se constitui dos fatores, tendências e condições gerais que afetam a todas as organizações. Inclui condições tecnológicas, fatores sociais, interações políticas, condições econômicas, fatores demográficos, variáveis legais, sistema ecológico, fatores de mercado e condições culturais dentre outros aspectos. Portanto, o ambiente geral diz respeito às condições que podem potencialmente afetar a organização. Já Stoner; Freeman (1999) definem o ambiente geral como as camadas externas dispersas que influenciam a organização indiretamente, incluindo fatores sociais, demográficos e econômicos que repercutem, igualmente, em todas as organizações ao seu redor. E, por fim, Daft (2002), define ambiente geral da organização como sendo o ambiente que abrange os setores que não podem ter impacto direto nas operações diárias de uma organização, mas que têm influências indiretas sobre ela. 36 Assim sendo, são todos aqueles fatores que podem induzir mudanças que finalmente afetem as condições gerais onde são realizadas as atividades da organização conforme figura a seguir: Ambiente Geral Tecnológico Ambiente Específico Clientes Ambiente Interno da Organização Empregados Cultura Administração Fornecedores Figura 3 - Localização dos ambientes geral, específico e interno na organização. Fonte: Daft, 1999 (adaptado) 37 2.3.4 O ambiente específico O ambiente específico corresponde aos fatores e às condições externas que têm relevância imediata para a organização, incluindo-se, entre outros clientes, fornecedores, sindicatos, concorrentes, agências regulamentadoras, grupos de interesse público, associações de classe e outros públicos ou entidades relevantes à organização (BOWDITCH; BUONO, 1997). A figura a seguir sintetiza a interação da organização com os principais staheholders. Acionista Grupos da Comunidade Local Grupos de Interesse Público Governo Grupos de Interesse Especial Consumidor ORGANIZAÇÃO Defensor do Consumidor Funcionários Fornecedores Sindicato Concorrentes Imprensa Figura 4 - Os Principais Staheholders de uma Organização Fonte: Bowditch e Buono, 1997 Dentre os componentes desse ambiente, os concorrentes são a principal fonte de ameaça para as organizações. Bateman; Snell (1998) acreditam que, quando as organizações competem pelos mesmos clientes, tentando ganhar market share às custas dos outros, todas as organizações devem reagir e antecipar as ações de seus concorrentes. Desse modo, de acordo com os autores citados, as organizações devem identificar seus concorrentes, incluindo: (1) empresas estrangeiras, principalmente as primeiras organizações a entrarem discretamente em pequenos nichos; (2) pequenas empresas domésticas, especialmente por seu ingresso em mercados muito pequenos e de preço elevado; (3) novas e grandes empresas domésticas que estão explorando novos mercados; (4) concorrentes 38 regionais fortes e (5) sistemas de vendas não tradicionais, como nos canais de TV por assinatura e vendas por meio de catálogos. O processo administrativo pode significar muito mais do que reagir e adaptar-se ao ambiente competitivo: ele pode significar também modificar ou moldar esse ambiente. O modelo de Porter (1989) é considerado um poderoso instrumento de análise do ambiente competitivo, a fim de adaptar ou moldar a natureza da competição. Esse modelo, inclui os concorrentes atuais, a ameaça de novos entrantes, a ameaça de produtos ou serviços substitutos, o poder de negociação dos compradores e o poder de negociação dos fornecedores. ENTRANTES POTENCIAIS Ameaça de novos entrantes FORNECEDORES Poder de negociação dos fornecedores COMPETIDORES NA INDÚSTRIA RIVALIDADE ENTRE AS EMPRESAS EXISTENTES COMPRADORES Poder de negociação dos compradores Ameaça de produtos ou serviços substitutos SUBSTITUTO Figura 5 - Modelo de Porter para análise do ambiente competitivo Fonte: Porter, 1988 (adaptado) 39 Os fornecedores encontram-se na base do sistema produtivo de qualquer organização. Sem fornecedores eficientes e eficazes, o funcionamento do sistema produtivo fica comprometido. De acordo com Daft (1999), a administração moderna dá grande ênfase ao estabelecimento de parcerias com um pequeno número de grandes fornecedores, ao contrário da filosofia do passado, quando as grandes organizações procuravam manter um elevado número de fornecedores para os mesmos componentes. As pessoas ou organizações que compram bens ou serviços produzidos por uma organização são os clientes. Ao adquirirem bens ou serviços de uma determinada empresa, os clientes tornam-se importantes, pois eles determinam o sucesso dessa empresa (DAFT, 1999). Baseados na importância do cliente, Hooley; Saunders (1996, p.25) adotam dois princípios básicos, para que as organizações reconheçam “a necessidade de uma investigação cuidadosa dos desejos e necessidades dos clientes, seguida de uma definição clara sobre como a empresa pode atendê-los da melhor maneira possível”. Princípio nº 1 – Do ponto de vista dos clientes, um produto ou serviço de qualidade é aquele que satisfaz a adequação à finalidade, e não aquele que oferece um luxo desnecessário. Princípio nº 2 – Os clientes não compram produtos; eles compram o que o produto faz para eles, ou seja, os clientes se interessam muito mais pelos benefícios obtidos pela compra, pelo uso ou consumo do produto ou serviço, do que pelas características técnicas desse produto ou serviço. O “conserta-tudo” de um fim de semana não quer uma broca de um quarto; ele precisa de um furo de um quarto. A broca é simplesmente um meio de fornecer aquele benefício, e será a solução para a necessidade básica somente enquanto não for inventado um método ou uma solução melhor (KOTLER, 1993). De forma semelhante, o jardineiro não quer um cortador de grama. O que ele deseja é um gramado de apenas uma polegada de altura. Sendo assim, uma nova variedade de semente de grama, que seja robusta e que só cresça uma polegada na altura poderia constituir uma séria ocorrência para os fabricantes de cortadores de grama (HOOLEY; SAUNDERS, 1996, p.26) 40 2.3.5 O ambiente real e o ambiente percebido Para Child; Smith (1987) o ambiente real, denominado também de ambiente objetivo ou realidade objetiva é formado pelas entidades, objetos e condições existentes fora da organização. Com base nos ambientes geral e específico, uma organização pode ser avaliada, medida ou descrita por elementos externos à mesma, limitando, desta forma, suas operações. O ambiente percebido ou subjetivo é constituído pela percepção subjetiva da organização – gerentes, líderes, coalizão dominante. Denominado por Child; Smith (1987) de arena cognitiva, é o ambiente construído a partir da interpretação subjetiva dos atores de dentro da organização da realidade objetiva existente fora da organização. Por esta forma, uma percepção errada do ambiente pode causar vários problemas à organização. 2.4 MUDANÇA ORGANIZACIONAL A mudança organizacional é um tema atualmente importantíssimo, que tem chamado a atenção de pesquisadores sobre a teoria organizacional e de administradores, em razão das grandes transformações que as organizações enfrentam. Este item não objetiva esgotar este tema, mas apresentar os vários focos de interesse dos pesquisadores no contexto da mudança organizacional. Grande parte da literatura sobre mudança organizacional aborda, inicialmente, a rapidez das mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas que marcaram o fim do século XX e a necessidade de as organizações modernas se adaptarem para lidar eficazmente com essas mudanças. Os clientes tornam-se cada vez mais exigentes, a concorrência está mais acirrada, o ciclo de vida dos produtos reduz-se a cada dia, em virtude da grande diversificação, e o mercado de trabalho exige novas habilidades e tratamento. Nesse contexto, a adaptação tornase fundamental e é muito comum saber que organizações em todo o mundo estão se reestruturando ou passando por grandes mudanças. O exemplo mais comentado, segundo WOOD JR. (2000, p.19), é o das empresas japonesas, que, diante das mudanças velozes, “[...] transformaram-se em organizações de alta performance e com isto têm afetado o mundo ocidental”. Para o autor a sobrevivência e o 41 sucesso das organizações nessa nova era vão depender de sua capacidade de adaptação, que inclui a mudança como parte de seu cotidiano. Para Herzog (1991), mudança significa alterações significativas no comportamento humano, nos padrões de trabalho e nos valores em resposta a modificações ou antecipação a alterações de recursos ou de tecnologia. O referido autor acredita que, para lidar com a mudança de forma eficaz, é necessário que as organizações saibam administrar seus recursos humanos, mantendo altos níveis de motivação, pois o grande desafio para obter uma vantagem competitiva no mundo globalizado não é a mudança tecnológica, mas sim a renovação dos valores e da cultura organizacional. Morgan (1996) estabelece um conjunto composto de três imagens (metáforas) que auxilia a compreensão do processo administrativo em face das mudanças: organizações como máquinas, organizações como organismos e organizações como cérebros. Como máquinas, as organizações representam o pensamento refletido na organização burocrática, proposta por Weber. Elas são planejadas e administradas como máquinas constituídas de partes interligadas. Cada uma das partes realiza uma atividade específica, definida no funcionamento do todo. As organizações como máquinas valorizam a “precisão, a velocidade, a clareza, a confiabilidade e a eficiência através de divisões rígidas de tarefas, supervisão hierárquica e regras e regulamentos detalhados” (WOOD JR., 2000, p.25). Segundo esse autor, a visão das organizações como máquinas não é adequada ao contexto de mudanças do mundo em que se vive atualmente. As organizações como organismo tentam compreender e gerenciar os objetivos organizacionais e as relações com o ambiente. Seus administradores deverão ser capazes de se adaptar a ambientes em processos contínuos de mudanças. Ao contrário da visão mecanicista, esse tipo de organização busca uma melhor harmonia entre estratégia, tecnologia e recursos humanos (WOOD JR., 2000, p.25). As organizações como cérebro possuem duas imagens. A primeira reflete as organizações como um sistema que processa informações com o objetivo de compreender melhor o impacto atual da informatização. A segunda imagem concebe as organizações como um holograma, que adota os seguintes princípios: “(‘) fazer o todo em cada parte; (2) criar uma conectividade e redundância; (3) gerar simultaneamente especialização e (4) generalizar e criar capacidade de auto-organização” (WOOD JR., 2000, p. 26). 42 A adoção desses princípios tem como objetivos centrais a flexibilidade e a inovação, requisitos fundamentais para organizações que operam em um mercado de trabalho com características específicas e que requer um alto grau de automação e informatização. Land; Jarman (1981) estabeleceram uma tipologia para as fases do processo de mudança: formação, regulamentação e integração. Durante a formação, a organização descobre a si própria, bem como o ambiente em que opera, estruturando-se e estabelecendo padrões de comportamentos. Na segunda fase, na regulamentação, a organização passa por um processo de conhecimento. Por último, na integração, a empresa supera a eficiência e a eficácia do seu padrão repetitivo. Segundo os autores citados, se a organização deseja continuar com o seu processo de crescimento, deve diminuir a rigidez de seus padrões e o poder da organização informal, passando, então, por um processo de inovação, abertura e ruptura. Want (1990) estabelece cinco tipos de mudanças: (1) opcional, quando o sistema não está sofrendo nenhuma pressão ambiental; (2) operacional, para corrigir seus pontos fracos; (3) direcional, quando há a necessidade de alterações nas estratégias estabelecidas; (4) fundamental, quando a missão passa por um processo de alteração e (5) total, em situações extremamente críticas, como, por exemplo, a falência ou fusão e aquisição. 2.4.1 Novos paradigmas de mudança organizacional e suas implicações práticas Objetivando uma melhor compreensão da nova realidade organizacional e determinar o processo de mudança organizacional, Motta (2000) descreve cinco paradigmas de mudança, com base em estudos realizados por diversos autores, destacando-se Kuhn, Masterman, Morgan, Chandler, Parsons, Katz e Kahn, Lawrence e Lorsch, Argyris, McGregor e Likert. Os cinco paradigmas são os seguintes: mudança como um novo compromisso ideológico, mudança como um imperativo ambiental, mudança como uma interpretação crítica da realidade, mudança como uma intenção social e mudança como transformação individual. a) A mudança como um novo compromisso ideológico Este paradigma concebe a mudança como resultado da busca de novos valores e crenças, a fim de comprometer as pessoas com o ideal organizacional. A mudança ocorre 43 somente quando se modifica o pensamento das pessoas. Conseqüentemente, cabe à organização compreender e comparar a realidade com os seus princípios organizacionais e processos gerenciais pré-determinados. b) A mudança como um imperativo ambiental Nessa visão, a mudança é provocada pelo ambiente no qual a organização está inserida. A organização é concebida como um sistema aberto. Para sobreviver e adaptar-se a seu ambiente, ela necessita observar minuciosamente as interações estabelecidas com o maio exterior. A organização deve ser capaz de prever os eventos que poderão exercer impacto sobre ela e desenvolver métodos que a auxiliem na explicação de sua realidade. c) A mudança como uma interpretação crítica da realidade Neste paradigma, a mudança é um processo consciente de criação de uma nova realidade organizacional. A organização não só reage ao seu ambiente, mas também tem uma participação direta no estabelecimento de seus próprios valores e crenças. Segundo este paradigma, a organização é um sistema social em que o conhecimento é produzido durante as interações entre as pessoas. Nesse sentido, a organização possui um papel duplo: compreender e explicar, por meio do processo de comunicação, os propósitos das ações organizacionais e seus elementos condicionantes. d) A mudança como uma intenção social A mudança é considerada como um processo consciente de alteração das relações sociais. Dentro das organizações, as pessoas fazem parte de grupos. Elas não se comportam isoladamente, portanto, mudar significa conhecer as intenções e as interações das pessoas, para que a organização possa alterá-las. e) A mudança como transformação individual A mudança é vista como uma busca do indivíduo de uma nova auto-interpretação. Nesta perspectiva, a única realidade que uma pessoa conhece é a própria realidade e, com base nesse conhecimento, ela fará suas interpretações subjetivas sobre a organização a que 44 pertence. Nesse sentido, a mudança ocorre quando a organização conhece essas interpretações e busca uma transformação interna das pessoas. PARADIGMAS DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL E SUAS IMPLICAÇÕES PRÁTICAS NATUREZA DA OBJETIVO DA REFERÊNCIA OBJETIVO DA MUDANÇA MUDANÇA PRIMORDIAL PARA ANÁLISE ANÁLISE IDEALIZAÇÃO – IDÉIAS E PRINCÍPIOS – DISCERNIMENTO – COMPROMISSO Comprometer as pessoas com sobre as pessoas e a saber a diferença entre a IDEOLÓGICO o ideal administrativo organização realidade e o ideal administrativo REDIRECIONAMENTO – FATOS – EXPLICAÇÃO – IMPERATIVO sistema comportamento descobrir causas e readaptar a organização às AMBIENTAL necessidade provocadas pelo organizacional e individual regularidades atrás da ambiente desordem aparente EMANCIPAÇÃO – COMUNICAÇÃO E COMPREENSÃO – REINTERPRETAÇÃO recriar um novo significado ESTRUTURA SOCIAL – conhecer os objetivos das CRÍTICA DA organizacional através dos ponto de vista dos atores e ações sociais e seus REALIDADE condicionantes estruturais e seus condicionantes condicionantes das formas comunicativas INFLUENCIAÇÃO – AÇÃO SOCIAL E COMPREENSÃO – INTENÇÃO SOCIAL alterar as relações sociais ALTERIDADE conhecer as intenções das (influenciar o outro) relação entre atores, grupos e pessoas para agir coletividades CRIAÇÃO E MUNDO INTERIOR – DESCOBERTA TRANSFORMAÇÃO TRANSCENDÊNCIA – o “eu” e seus símbolos INTERNA – INDIVIDUAL buscar uma nova visão de si conhece os significados próprio que se atribuem à vida organizacional Quadro 4 - Apresenta de forma resumida os cinco paradigmas sobre a mudança organizacional. Fonte: Motta, 2000 (adaptado) 2.4.2 Incertezas Até este subitem, a presente pesquisa apresentou várias formas de compreender o processo de mudança organizacional. A mudança é um fato inevitável na nova realidade mundial e, ao enfrentá-la, a organização experimenta grandes incertezas. De acordo com Daft (1999, p. 48), as incertezas significam que os administradores não possuem dados e informações suficientes “sobre os fatores ambientais para compreender e antecipar as necessidades e as mudanças do ambiente”. Assim, deduz-se que, para sobreviver e conviver com as incertezas ambientais que exercem influência sobre uma organização, ela deve propor e adotar processos de adaptação às mudanças ambientais e, ao mesmo tempo, influenciar o ambiente para torná-lo mais compatível com as suas necessidades organizacionais. 45 Segundo Wood Jr. (2000, p. 27), “esses processos respondem à necessidade ou desejo de as organizações implementarem mudanças planejadas ou alocarem recursos para resolverem questões estratégicas de natureza ambiental, estrutural, de recursos humanos ou tecnológicas”. Pode-se concluir, portanto, que um dos grandes desafios para a administração moderna, em um cenário de profundas transformações, é encontrar novas maneiras de formular estratégias que lidem eficazmente com as incertezas ambientais. Caldas e Wood Jr. (1999), com base em estudos realizados por Courtney, Kirkland e Vigueira, classificam o grau de incerteza do ambiente de negócios em quatro níveis. O primeiro nível é denominado “futuro conhecido” se o ambiente é considerado estável, o mercado maduro e os concorrentes se acomodam. Desta forma, a visão tradicional de planejamento estratégico tende a trazer bons resultados. Em um cenário estável, pode-se prever o futuro e estratégias bem elaboradas têm grandes chances de sucesso. O segundo nível compreende os “futuros alternativos”. Neste nível, não é possível antecipar com precisão o que vai acontecer, mas podem-se identificar alguns cenários. É necessário que a organização acompanhe a evolução de determinadas variáveis, a fim de verificar qual cenário está se configurando. O terceiro nível engloba uma “amplitude de futuros” possíveis. Ao contrário do nível anterior, aqui não é possível identificar alguns cenários. Essa amplitude de futuros é o resultado de um número determinado de variáveis, mas não se pode prever o que realmente acontecerá. Assim como no segundo nível, a organização deve estabelecer um conjunto de cenários e acompanhar as variáveis principais. O quarto nível é a “ambigüidade total”. Aqui não existe nenhuma base confiável para antecipar o futuro e nem identificar cenários discretos. É possível, porém, enfrentar este nível por meio da repetição de padrões, da identificação de macrovariáveis e do uso de analogias. Os autores afirmam que cada um desses níveis de incerteza requer uma ação estratégica adequada e que um dos maiores erros cometidos na prática administrativa é o desenvolvimento de estratégias com base na hipótese de que todos os cenários sejam semelhantes ao descrito no primeiro nível. 46 2.5 ESTRATÉGIA Maximiano (2000), estratégia é uma palavra grega que significa a “arte dos generais”. Após várias aplicações e desenvolvimento em situações militares, o conceito de estratégia foi aplicado às organizações em geral. Em termos genéricos, a estratégia é a seleção dos meios, de qualquer natureza, empregados para realizar objetivos. O estudo de Porter (1999) mostra que a escolha de uma estratégia competitiva referese a duas questões centrais que são à atratividade das industrias em termos de rentabilidade à longo prazo e os fatores que determinam essa atratividade e os determinantes da posição competitiva relativa dentro de uma indústria. Com isso, Porter (1999) apresenta o conceito de estratégicas genéricas que pressupõe a opção, por parte da empresa, no controle dos custos e despesas gerais, na diferenciação de seus produtos entre os concorrentes, ou na satisfação de um grupo específico de compradores. Uma das críticas que se faz ao modelo de Porter (1999) diz respeito à sua inadequação ao ambiente atual, pois nem sempre uma organização consegue adotar um tipo de estratégia competitiva, conforme pressupõe o modelo. De acordo com Mintzberg et.al. (2000), o termo estratégia vem sendo utilizado implicitamente de maneiras diferentes, embora ele tenha sido definido de uma única forma. O reconhecimento explicito das múltiplas definições pode auxiliar as pessoas em suas manobras por esse campo minado. Mintzberg et al. (2000) propõe cinco definições para estratégia, que foram denominadas “ 5 P’s da estratégia:” - Plano (plan): Podem ser gerais ou específicas, porém, representam ações intencionadas destinadas a um objetivo; significam um direcionamento para as organizações. Nesta condição, as estratégias têm duas características essenciais: elas são formuladas antes das ações nas quais serão aplicadas, e são desenvolvidas intencionalmente, com objetivo e propósito determinado; - Estratagema (ploy): É a expansão do plano; ardil empregado na guerra para burlar o inimigo; manha, astúcia, artifício, sutileza (HOLANDA; 1998); não é uma estratégia propriamente dita, mas sua expansão, a atitude necessária para consecução do plano; leva ao domínio da competição direta. Coloquialmente pode ser confundida com “plano”, porém, é específica e representa apenas uma manobra para iludir o oponente; - Padrão (pattern): Um padrão de uma corrente de ações. Poderão surgir sem uma préconcepção, de forma emergente, mesmo sem ter sido deliberada como plano; é a 47 estratégia focada na ação; um comportamento consistente ao longo de um determinado período de tempo; - Posição (position): Resulta de onde, quando e como a organização se posiciona sobre um determinado contexto ou ambiente. Localiza a organização no ambiente externo; permite olhar para as organizações em seus ambientes competitivos; - Perspectiva (perspective): Refere-se à compreensão e o compartilhamento das intenções dentro da organização e como as ações necessárias são exercidas coletivamente. Qual a visão do mundo que o coletivo interno da organização percebe; representa a ação coletiva em busca de uma missão comum. Embora essas cinco definições possuam competir entre si, uma substituindo a outra, elas, também, se completam, uma vez que podem coexistir e se transformar umas nas outras. Nem todos os planos se transformam em padrões, determinados estratagemas ou manobras tornam-se posições, enquanto outras estratégias são mais posições do que perspectivas. Estratégia Pretendida Estratégia Não Realizada Estratégia Realizada Figura 6 - Estratégicas emergentes e deliberadas FONTE: Mintezberg et. al., 2000 48 A presente pesquisa adotou o conceito de “ estratégia como um padrão em um fluxo de decisões dentro de uma organização” (MINTZBERG; MCHUGH, 1985). Esta definição além de considerar a combinação entre os cinco tipos de estratégias consideradas por Mintzberg – plano, estratagema, padrão, posicionamento e perspectiva, também considera como resultado pós-fato no processo de tomada de decisão de uma organização, evidenciando o seu processo de formação. 2.6 MUDANÇA ESTRATÉGICA A globalização e a revolução digital impuseram exigências ao mercado que impeliram as organizações a adotarem novas tecnologias e a reformularem seus modelos de gestão. O maior desafio das organizações na atualidade é garantir a vantagem competitiva. Neste contexto as palavras-chave são qualidade, aprimoramento constante, comprometimento e flexibilidade. Por isso, as organizações tiveram de aprender a lidar com a mudança, para se manterem no mercado. Gerenciar uma organização, nestes tempos pressupõe gerenciar a mudança. Isto significa enfrentar alterações rápidas e complexas, confrontar-se com ambigüidade, compreender as necessidades de novos produtos, mercados e serviços. 2.6.1 Definição de mudança estratégica Wood Jr et al (1995, p. 190) definem a mudança organizacional como sendo quaisquer transformações de natureza estrutural, estratégicas, culturais, tecnológicas, humanas ou de qualquer outro componente, capaz de gerar impacto em partes ou no conjunto da organização. As mudanças podem ocorrer: 1. Quanto à natureza relacionada a quaisquer características da organização; 2. Quanto à relação da organização com seu ambiente como uma resposta a algum acontecimento no ambiente (reação) ou uma antecipação voluntária (proação); 49 3. Quanto à forma de implementação: reeducativa, coercitiva ou racional. Segundo Herzog (apud WOOD JR et al, 1995), o processo de mudança pode ser desencadeado por três razões: a) Crises e problemas: dificuldades com a estrutura organizacional, incapacidade de atender aos clientes e restrição de recursos; b) Novas oportunidades: introdução de novas tecnologias, de novos produtos ou serviços e a disponibilidade de novos recursos; c) Novas diretrizes internas ou externas: adequação a novas leis, adaptação de estratégias corporativas, implementação de novos sistemas de controle. Neste estudo, adotar-se-á a definição de Pettigrew (1987), que significa uma investigação empírica de diferenças através do tempo sobre uma ou mais dimensões da estratégia. Consideram-se as dimensões da estratégia como sendo seu contexto, processo e conteúdo. 2.6.2 O Processo, o contexto e o conteúdo da mudança Este subitem apresenta uma revisão das dimensões da estratégia relacionado ao modelo de Pettigrew (1987), que sugere um modelo para estudar a mudança de uma forma dinâmica e holística em termos de conteúdo, contexto e processo, conforme demonstrado na figura a seguir. 50 CONTEÚDO PROCESSO interno CONTEXTO externo Figura 7 - Modelo de estudo do processo da mudança estratégica Fonte: Pettigrew (1987) O conteúdo da mudança, para Pettigrew (1987), refere-se à área particular de transformação em estudo. O conceito da mudança pode ser classificado de acordo com um conjunto de característica mais abstratas as quais podem afetar a adoção da mudança: algumas mudanças são radicais, outras incrementais. Em relação ao contexto da mudança, Pettigrew e Whipp (1991) afirma que o contexto pode ser dividido em contexto externo e interno. O contexto externo é formado pelas condições econômicas, competitivas, políticas e sociais do ambiente; o contexto interno é o espaço no qual vão surgir as idéias de mudança. Ele é constituído pela estratégia atual, recursos, cultura, competências e processo político. O contexto interno refere-se a estratégia, estrutura, cultura, gerenciamento processo político atuais da organização que ajudaram a moldar os processos de mudança. Já o processo de mudança, para Pettigrew (1987), refere-se as ações, reações e interações das várias partes interessadas quando elas procuram mover a organização do seu estado presente para um estado futuro. Nadler (1995) apresentam as mudanças organizacionais como sendo incrementais e descontínuas. As mudanças incrementais são pequenas mudanças que ocorrem em períodos de equilíbrio, e se referem, especialmente, às mudanças que procuram implementar ou 51 melhorar o desempenho organizacional. As definições da organização, como identidade, valores e missão não mudam. As mudanças descontínuas ocorrem principalmente em períodos de desequilíbrio, quando a organização propõe uma mudança radical nas estruturas, estratégias, e as mudanças ocorrem até mesmo no setor em que a organização está inserida. As mudanças ainda podem ser classificadas como reativas, ou seja, quando as mudanças são respostas a movimentos externos à organização, e preventivas, quando a organização age antecipando-se às mudanças que poderão ocorrer mais tarde. A Figura 8 apresenta o modelo do equilíbrio pontuado da evolução organizacional de Tushman e Romanelli (1985) que serve de base para o estudo do processo de mudança da organização, sendo de fundamental importância para a associação das mudanças organizacionais, períodos, freqüências e magnitudes das mudanças e contextualização do processo. Primeiro, uma mudança ambiental ocorre. Em resposta a esta mudança, a organização age experimentalmente porque a estabilidade e a certeza são diminuídas por aquela mudança. Isto conduz para um período de fomento para uma mudança revolucionária. Ao mesmo tempo, forças de inércia são construídas para manter o status quo. Contudo, durante este tempo, as forças da mudança começam a ser construída e desencadeiam uma mudança revolucionária. Com isto, uma nova estratégia dominante surge com o advento de um novo período de convergência. Ajuste incrementais e de sintonia fina caracterizam a mudança na estratégia, neste período de tempo. Como a estabilidade é restaurada, as forças da inércia começam a agir novamente, determinando o estágio para a próxima mudança. 52 Desencadeadores da Mudança: Desencadeadores da Inércia: PERÍODO DE FOMENTO PERÍODO DE AJUSTE Mudança Ambiental Desencadeadores da Mudança: Desencadeadores da Inércia: PERÍODO DE FOMENTO PERÍODO DE AJUSTE Mudança Ambiental Tempo Figura 8 - Modelo do Equilíbrio Pontuado da Evolução Fonte: Nadler e Tushman (1995, p. 23) O modelo de Tushman; Romanelli (1985), delineado aqui, forma a base conceitual que será utilizada para descrever o processo de adaptação estratégica da instituição estudada. Esta estrutura é necessária para identificar as condições no contexto da mudança e entender como ela interagira para inibi-la ou criá-la. Em termos gerais, temos: - O conteúdo – O quê? da mudança – diz respeito às áreas particulares que estão sob análise. A mudança pode estar, por exemplo, referida a inovações tecnológicas, mão de obra, produtos, posição geográfica, cultura da organização. - O contexto – O por quê? da mudança – deriva da análise do contexto externo e interno no qual está inserida a mudança. O contexto externo refere-se ao ambiente social, político, econômico no qual a organização atua. O contexto interno refere-se à estratégia, estrutura, cultura, gestão e contexto político interno, fatores através dos quais podem surgir iniciativas de mudança. 53 - O processo – O como? a mudança acontece – refere-se às negociações através de ações, reações e interações das várias partes envolvidas na mudança. 54 3 METODOLOGIA Este capítulo tem como objetivo fundamentar e descrever como a pesquisa foi planejada e fundamentada, explicitando seus aspectos metodológicos. O termo metodologia refere-se à maneira de abordar os problemas e procurar respostas para os mesmos, incluindo as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o potencial criativo do investigador (MINAYO, 1994). Lakatos (1999), sugere que nesse momento as seguintes questões devem ser respondidas: Como? Com quê? Onde? Quando? O caráter do cientista deve ser o de formulador de perguntas e não o de um constatador de banalidades. Segundo Mazzotti e Gewandsznajder (2000), para cada problema gerado dentro do ambiente científico, existem hipóteses válidas, mesmo em se tratando de assuntos que, teoricamente, já estejam esgotados ou exaustivamente estudados. 3.1 A PESQUISA Entende-se por pesquisa o ato dinâmico de questionamento, indagação e aproveitamento consciente, na tentativa de descoberta de determinados objetos. É à busca de uma resposta significativa a uma dúvida ou a um problema. Logo, a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas, através do emprego de processos científicos (CERVO; BERVIAN, 1983; BARROS; LEHFELD, 1989). 3.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA Várias são as formas de classificar as pesquisas. Segundo Gil (apud SILVA; MENEZES, 2001), estas formas se baseiam na natureza da pesquisa, na sua abordagem, nos seus objetivos e nos seus procedimentos técnicos. 55 Pode-se classificar, sob o ponto de vista da natureza, as pesquisas em básicas e aplicadas. A pesquisa básica, objetiva gerar conhecimentos novos e úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais (Silva, 2000). Sua natureza aplicada se deve ao fato de poder gerar conhecimentos aplicáveis na prática e pelo fato de envolver verdades e interesses locais (Silva, 2000). Através da abordagem do problema, podem ser classificadas em quantitativas e qualitativas. A partir de seus objetivos, podem ser classificadas em exploratória, descritiva e explicativa. Por fim, através dos seus procedimentos técnicos (Gil, 1999) podem ser classificadas em: - Bibliográfica: elaborada a partir de material já publicado. - Documental: elaborada a partir de materiais que não recebem tratamento analítico. - Experimental: quando se determina um objeto de estudo. - Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. - Estudo de Caso: envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. - Pesquisa Expost-Facto: o experimento se realiza depois dos fatos. - Pesquisa Ação: produção de conhecimento ligada à modificação de uma realidade social dada, com a participação ativa dos interessados, com a finalidade de buscar a complementaridade. - Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. Com relação especificamente a esta pesquisa, o autor destaca que: - a abordagem do problema se deu de forma qualitativa porque buscou características dos predicados do objeto de pesquisa, e não somente de suas características; - adquiriu um caráter exploratório, pois o seu principal objetivo foi o de interagir com o problema e investigar a pergunta a ser respondida; - os procedimentos da pesquisa, que utilizou a interrogação para desvendar os processos da UniverCidade, constituíram-se em um levantamento de dados e no 56 acompanhamento sistemático do objeto da pesquisa, permitindo a construção do estudo de caso. 3.3 O MÉTODO Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se deve empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada na pesquisa. Um método científico pode ser definido como uma série de regras para tentar resolver um problema. No caso do método científico, estas regras são bem gerais. Uma das características básicas é a tentativa de resolver problemas por meio de suposições, isto é, hipóteses que possam através de observações ou experiências (MAZZOTTI; GEWANDSZNADJER, 2000). Segundo Gil (1999) e Lakatos e Marconi (1999), os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. O método dedutivo foi proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibnitz e pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas e considera que por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega-se a uma conclusão (SILVA, 2000, p.25). O método dedutivo utilizase do silogismo e da construção lógica para retirar uma premissa ou conclusão, a partir de duas outras premissas iniciais (GIL, 1999; LAKATOS, MARCONI, 1999). O método indutivo foi proposto pelos empiristas Bacon, Hobes, Locke e Hume e considera que o Conhecimento é fudamentado na experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos (SILVA, 2000, p.26). Para o raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações particulares levam à elaboração de generalizações (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1999). O método hipotético dedutivo foi proposto por Popper e consiste na adoção de linha de raciocínio que diz que o problema surge quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno. São formuladas conjecturas ou hipóteses formuladas se deduzem conseqüências que devem ser testadas ou falseadas, ou levadas à condição de falsas as conseqüências deduzidas das hipóteses. No 57 método hipotético dedutivo se preocupa em buscar evidências empíricas para derrubar a hipótese, enquanto no método dedutivo procura-se confirmar a hipótese (Gil, 1999). O método dialético fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, em que as contradições transcendem a si próprias dando origem a novas contradições que passam a requerer a solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade (SILVA, 2000, p.27) que considera que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico, etc. (SILVA, 2000, p.27). É empregado em pesquisa qualitativa, segundo Gil (1999) e Lakatos e Marconi (1999). O método fenomenológico não é dedutivo e nem indutivo. Procura descrever de forma direta a experiência do jeito que ela é e supõe que a realidade é construída socialmente. Nesse método a realidade é entendida como o compreendido, o interpretado e o comunicado e, assim, a realidade não é única, existindo tantas quantas forem as possíveis interpretações e comunicações. Nesse método, o sujeito ou ator é considerado importante na construção do conhecimento, segundo Gil (1999) e Triviños (1992). No entanto, não existe apenas uma maneira de raciocínio capaz de dar conta do complexo mundo das investigações científicas (Silva, 2000, p.28) e a utilização de métodos diferentes em uma pesquisa amplia as possibilidades de análise e de obtenção de respostas para o problema em estudo. 3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ESCOLHA ESTRATÉGICA A escolha estratégica aponta para o método de pesquisa mais adequado e, na busca da associação do constructo com a realidade a qual está ligado, esta escolha levou a uma abordagem técnica de estudo de caso, onde os componentes do projeto de pesquisa – as questões do estudo, suas proposições, suas unidades de análise, a lógica que une os dados às proposições e os critérios para sua interpretação – foram coletados durante todo o período destina à pesquisa (YIN, 2001). A teoria estratégica pode ser dividida em duas partes: - Problema transversal – é aquele que trata da ligação entre as características e os resultados de mercado, portanto trata de explicar a performance superior de uma organização em um dado ponto no tempo. 58 - Problema longitudinal – é aquele que trata da análise dinâmica ao invés de pontual, visando a descobrir como as empresas alcançaram uma situação favorável através de uma análise analítica do processo estratégico. Ou seja, migra de uma forma pontual para uma forma dinâmica, objetivando a construção de uma vantagem competitiva perene. Assim, o presente estudo é o resultado da análise dos dados de desempenho da UniverCidade ao longo dos anos. A estratégia de pesquisa que se utiliza fundamenta-se em uma pesquisa aplicada, do ponto de vista da natureza, e qualitativa, quanto à abordagem do problema, exigindo visão holística, longitudinal com abordagem indutiva e visão naturalista, e ainda descritiva quanto aos objetivos a serem alcançados, de cunho exploratório, e do ponto de vista dos procedimentos técnicos, configura-se um estudo de caso profundo para a obtenção do conhecimento amplo e detalhado do processo de adaptação organizacional estratégica. 3.5 DELINEAMENTO E COLETA DE DADOS Esta pesquisa foi construída a partir de uma investigação por constatações práticas oriundas de vários dados coletados ao longo dos anos, enquanto o autor deste estudo esteve envolvido na coordenação de processos da UniverCidade. Os dados históricos foram reunidos a partir da constituição da Instituição, capítulos 5 e 6, de forma a identificar os processos administrativos empregados e suas mudanças, as unidades de negócios criadas e dissolvidas, as principais estratégias empregadas para o acompanhamento das mudanças do mercado e os resultados obtidos com cada prática. Os dados reunidos em um banco de dados, o que é uma prática eficiente na abordagem de estudo de caso. 3.6 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS Neste estudo, para análise dos dados coletados, foram combinados os procedimentos 59 da abordagem da direct research proposta por Mintzberg (1979). A abordagem da direct research requer uma perspectiva longitudinal, onde o pesquisador faz a construção histórica do fenômeno. Esta metodologia proposta por Mintzberg (1979), dividi-se em quatro etapas: - Coleta de dados secundários – estudos realizados nos arquivos priorizando as informações obtidas em publicações técnicas, em periódicos, relatórios anuais, artigos sobre a organização, documentos internos, consulta à base de dados eletrônicos no site da organização na internet, etc... Nesta etapa, os autores tratam as entrevistas apenas como complementares. Este estudo objetiva buscar as decisões estratégicas e ações da organização, como também rastros de tendências externas e eventos no ambiente e indicadores de desempenho; - Inferência de estratégias e periódicos – onde os dados são arranjados de forma cronológica, esquematizados em escalas de tempo comuns para uma dedução dos padrões ou consistências ocorridas no tempo, ou seja, as estratégias; - Análise de cada período – nesta etapa a pesquisa passa a apoiar-se nas entrevistas, buscando as informações que permitam explicar o fenômeno estudado; - Análise teórica – realização de uma imersão sobre as várias questões teóricas para interpretar cada período e todo o estudo em termos conceituais. São analisados temas de interesse da pesquisa, tais como padrões de mudança estratégica, as relações entre estratégias deliberadas e emergentes, a inter-relação do ambiente, liderança e organização e a relação entre a estratégia e a estrutura. Portanto, os dados utilizados originaram-se de várias fontes e de maneira sistemática, de modo que se pode descrevê-los da seguinte forma: - Dados primários – obtidos em estudo de campo por meio de entrevistas semiestruturadas (MINAYUO, 1995), que possibilitaram ao entrevistado discorrer sobre o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador. - Dados secundários – obtidos em jornais, revistas especializadas do setor, revistas gerais sobre negócios, periódicos, livros, dissertações e publicações da própria organização. De maneira resumida, é possível apresentar as etapas da presente pesquisa segundo a concepção da direct research da seguinte forma: 60 - Realização da pesquisa documental e entrevistas; - Elaboração de lista de eventos considerados relevantes do ponto de vista estratégico, com base nos dados da pesquisa documental e entrevistas; - Definição de periódicos históricos; e, - Análise teórica de cada período. O propósito da pesquisa, portanto, é identificar e conhecer, na trajetória da UniverCidade, a adaptação aos fenômenos ocorridos e o seu crescimento organizacional em um ambiente econômico com mudanças constantes, desde a sua fundação até a presente data. 3.7 CONFIABILIDADE Dada a natureza do estudo qualitativo, aliada a sua breve história, a questão da credibilidade assume importância capital (Alves, 2000). O pesquisador tradicional deve se preocupar com a validade, generalidade, fidedignidade e objetividade de seu design, o pesquisador qualitativo precisa planejar seu estudo de modo a obter credibilidade, transferibilidade, consistência e confirmabilidade. Dentre os procedimentos utilizados, que darão as qualidades requeridas ao estudo, estão os seguintes: 1. Descrição minuciosa de todas as etapas desenvolvidas no presente estudo. 2. Discussões constantes junto ao orientador do estudo tanto no que se refere às técnicas de coleta de dados, como também sobre os próprios dados e a forma de interpretá-los e analisá-los. 3. Checagem junto ao informante das questões decorrentes da análise, que as quais mereciam ser novamente discutidas para validação ou esclarecimento. 4. Recurso, em diferentes momentos, a pessoas que pelo seu profissionalismo e experiência em suas respectivas áreas de atuação pudessem colaborar com este estudo. 61 3.8 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA Em qualquer objeto social, torna-se muito difícil traçar seus limites, bem como determinar a quantidade de informações necessárias sobre o objeto de pesquisa delimitado. Como não existe limite inerente ou intrínseco ao objeto do estudo e os dados que se podem obter o seu respeito são infinitos, exigiu-se do pesquisador certa dose de percepção para perceber quais dados seriam suficientes para se chegar à compreensão do objeto com um todo (GIL, 1999). Embora se tenha buscado todo rigor nas análises e procedimentos utilizados neste estudo, é importante que sejam salientados alguns aspectos referentes às suas limitações. Em primeiro lugar, o método utilizado nesta pesquisa – o estudo de caso – embora tenha permitido uma verificação completa e profunda das variáveis escolhidas dentro da organização analisada, caracteriza-se por estar limitado à situação estudada, não permitindo a generalização plena de seus resultados e conclusões para outras organizações (YIN, 2001; TRIVIÑOS; 1992). Entretanto, a generalização do que foi apreendido neste contexto para outros semelhantes vai depender do tipo de usuário do estudo. Finalmente, é fundamental que se ressalte que, apesar de as categorias pesquisadas serem significativas de acordo com o referencial teórico apresentado, não esgotam as possibilidades do tema em estudo. Assim sendo, outras também poderiam ser trabalhadas a fim de verificar as mudanças estratégicas ocorridas. Entretanto, em função dos objetivos propostos, aquelas categorias forma as mais adequadas. Esta delimitação se faz necessária para que seja evitada a generalização discriminada dos dados e resultados, e para objetivar os rumos do estudo. Portanto, o presente estudo delimita-se a esclarecer o conjunto de decisões que foram tomadas na UniverCidade desde a sua constituição até a presente data, como foram implementadas e com quais resultados, restringindo-se ao estudo das estratégias, pois essa instituição tem sofrido grandes transformações e seu ambiente tem-se caracterizado como conflituoso e competitivo. 62 4 A EVOLUÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR Não se pode fazer sempre a mesma coisa, achando que irá se chegar a resultados diferentes. 4.1 O SURGIMENTO DAS PRIMEIRAS UNIVERSIDADES As universidades, se entendidas como comunidade (mais ou menos) autônoma de mestres e alunos reunidos para assegurar o ensino de um determinado número de disciplinas em um nível superior, são instituições criadas pela civilização ocidental no início do século XIII, inicialmente na Itália, Espanha, França e Inglaterra. Este modelo de instituição disseminou-se por toda a Europa a partir do século XVI, e nos séculos XIX e XX, por todos os continentes, perdurando até hoje como elemento central dos sistemas de ensino superior. Isto porque – embora desde o invento da escrita muitas civilizações tenham criado, sob uma forma ou outra, modelos diferentes ou alternativos de ensino superior – estas instituições não-universitárias situam-se, numa condição de complementaridade ou de concorrência medianamente notória em relação às universidades. Pode-se considerar que as universidades são, em muitos sentidos, herdeiras de uma longa história: multiplicavam-se no século XII as escolas-catedrais, em detrimento das escolas monásticas que haviam predominado nos séculos anteriores. Tais escolas objetivavam a formação dos clérigos de que a Igreja tinha necessidade, instruídos nas artes liberais (gramática, retórica, lógica, aritmética, música, astronomia e geometria), assim como na Sagrada Escritura. Por fim, em determinados centros, surgiram espontaneamente o que se poderia denominar como as primeiras escolas particulares. Nelas, os mestres instalavam-se por conta própria e, contando apenas com a sua reputação, ensinavam aqueles que aceitassem pagar para matricular-se em suas escolas. Esse desenvolvimento inquietou a Igreja, que desde o início da Idade Média afirmava seu monopólio em matéria escolar, o que a fez colocar em funcionamento o sistema da Licentia Docendi: para se abrir uma escola, mesmo que particular, era necessário doravante 63 ter em mãos uma “autorização de ensino” outorgada em cada diocese pela autoridade episcopal. Essa renovação escolar pode ser inicialmente explicada por vários fatores: o desenvolvimento geral do Ocidente, a renovação econômica, o crescimento urbano, a aceleração das trocas, assim como pelo espaço criado pela Igreja e pelas classes dirigentes, que sentiram cada vez maior necessidade de recorrer a letrados competentes para gerir seus negócios, tanto privados quanto públicos, criando espetaculares oportunidades de promoção social às pessoas saídas das escolas. Entretanto, na segunda metade do século XII, a par desse contexto econômico favorável, numerosos centros escolares ativos sofreram um declínio brusco, caindo na obscuridade ou mesmo desaparecendo. Contrariamente a estes, algumas instituições, por razões diversas, apresentaram um crescimento acelerado, dando origem às primeiras universidades. De modo geral, além de um ambiente econômico mais propício, dois outros fatores contribuíram para o surgimento dessas universidades. Primeiramente destaca-se a presença de fatores intelectuais para essa transformação. A partir de 1200, uma nova onda de traduções tornou acessível às escolas do Ocidente o conjunto da filosofia e da ciência greco-árabe, fascinando muitos espíritos, ao mesmo tempo em que despertava a desconfiança das autoridades eclesiásticas. Seria, então, para se beneficiarem de uma plena liberdade de ensino que os indivíduos das escolas teriam conquistado a autonomia que caracteriza a universidade. Embora não se possa atribuir uma data precisa ao nascimento da(s) primeira(s) universidade(s), pode-se considerar praticamente contemporâneas as Universidades de Bolonha (Itália), Paris (França) e Oxford (Inglaterra) surgidas no início do século XIII. Um pouco mais recente foi o surgimento da Universidade de Medicina de Montpellier, bem como das Universidades de Cambridge e Milão, sendo estas duas últimas derivadas da migração voluntária de grupos de mestres e de estudantes foragidos, respectivamente de Oxford e de Bolonha. Essas primeiras universidades não obedeciam a um modelo único, existindo desde o início dois sistemas pedagógicos e institucionais bem distintos. Na região norte da Europa (Paris e Oxford), as universidades eram associações de mestres, ou federações de escolas onde predominava o estudo das Artes Liberais e da Teologia, freqüentadas por estudantes jovens e com a marca eclesiástica ainda bastante forte. Nas regiões mediterrâneas, as universidades foram antes de tudo associações de estudantes, das quais os mestres eram mais ou menos excluídos. A disciplina-mestra era o Direito, secundariamente a Medicina, o que implicava 64 haver alunos com uma média de idade mais avançada e com um nível social mais elevado. E se nelas um controle eclesiástico também se impunha, este permanecia exterior à própria instituição. A par dessas diversidades, alguns traços eram comuns ao conjunto das primeiras universidades: a) A comunidade universitária: o mais importante era a sua dependência em relação ao movimento associativo. Mestres e/ou estudantes reuniam-se para constituir uma “universidade” juramentada, estabelecendo seus próprios estatutos e representantes eleitos, organizando-se para assegurar sua proteção diante das ameaças possíveis da população e das autoridades locais, regulamentando o exercício autônomo do ensino e do estudo, que eram a própria razão de ser de sua associação. b) Amplitude de influência: com forte proteção pontifical (em contrapartida à introdução da Licentia Docendi, que instaurava um certo controle eclesiástico sobre a instituição), as universidades saíram deliberadamente do estreito quadro diocesano característico das escolas anteriores, firmando sua capacidade de recrutamento em toda a cristandade, sem outro limite além de seu renome específico, reivindicando assim uma autoridade intelectual em escala ocidental. c) O método escolástico: os métodos de ensino das universidades originais (medievais) derivaram enormemente das escolas anteriores (escolas catedrais e, anteriormente, escolas monásticas), adquirindo, contudo, um rigor até então desconhecido, sem com isto tornar-se totalmente rígido e excêntrico. Entre seus principais traços destacavam-se: • As “autoridades”: em todas as disciplinas, o ensino repousava em um pequeno número de “autoridades” textos de base, famosos por conter, se não todo o saber, pelo menos os princípios gerais sobre os quais todo conhecimento posterior deveria basear-se. • As leituras e disputas: a pedagogia escolástica fundamentava-se dois exercícios: a leitura e a disputa. Na primeira – realizada de forma “extraordinária” (superficial) pelos estudantes, ou “ordinárias” (aprofundadas) pelos mestres – eram examinados os textos básicos em busca das principais “questões”, expostas de maneira autônoma no decorrer do comentário textual. Tais questões tornavam-se então objeto da disputa: na maioria das vezes, 65 uma discussão pública organizada entre estudantes sob a direção do mestre, que escolhia o tema a ser debatido, bem como o concluía por meio de uma “determinação”. • Os graus: de modo geral, havia três graus sucessivos: o Bacharelado, o Mestrado e o Doutorado. No primeiro, o mestre reconhecia, após o término das provas, que seu aluno estava bastante adiantado para conduzir ele mesmo algumas leituras e “responder” durante as disputas. Nos dois últimos, não mais se tratava de um exame, mas de atos inaugurais (aula solene, presidência de uma disputa), por meio dos quais o candidato era admitido no colégio de mestres e habilitado, se quisesse, para ensinar. • A prática escrita e oral: o ensino escolástico era principalmente oral. Nas disputas os estudantes eram proibidos de tomar notas, e os livros, insuficientes e caros, não eram obtidos por todos os estudantes. Porém o livro tinha seu espaço nesse tipo de ensino: o mestre deveria possuir as “autoridades” que lia, e versões escritas das leituras e das disputas circulavam profusamente entre os alunos, assim como resumos de todos os tipos. As universidades, por sua vez, procuravam facilitar o acesso de seus membros aos livros, encorajando o sistema denominado do “exemplar” (obra completa) e da “pecia” (cadernos separados de um mesmo exemplar), o que permitia o uso simultâneo de uma mesma obra por vários copistas. 4.2 A EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES NO MUNDO Os séculos seguintes ao surgimento das primeiras universidades marcaram uma nova fase das universidades medievais, caracterizada por dois traços básicos: as novas fundações e o crescente papel dos Estados. As primeiras universidades “fundadas” surgiram ainda no século XIII, sobretudo na península Ibérica: Salamanca (1218), Nápoles (1224) Toulouse (1233), Lisboa (1290) e Lérida (1300). Entretanto, foram nos dois séculos seguintes (XIV e XV) que as fundações de novas universidades, decorrentes de um ato deliberado das autoridades políticas locais, e confirmadas pelo papado, se tornaram corriqueiras. Em 1300 não havia mais do que 12 ou 13 universidades ativas na Europa, sendo cerca de 60 as instituições realmente ativas em 1500. Nesse tempo o ritmo das fundações ainda 66 permanecia moderado, concentrando-se principalmente na Europa Meridional, sendo que apenas metade das fundações dessa época conheceu o sucesso duradouro: Avignon (1303), Orleans (1306), Perúsia (1308), Angers (1337) e Pávia (1361). Sem fracassar totalmente, outras fundações apenas vegetaram: Cahors (1332), Florença (1349), Perpignan (1350), Sienna (1357), Cracóvia (1364), Viena (1365) e Pécs (1367). A essas fundações é preciso acrescentar também as que ocorreram, nesse período, nos países até então marginais em relação aos grandes centros culturais: na Escócia (SaintAndrews em 1411, Glasgow em 1451 e Aberdeen em 1495) e na Escandinávia (Copenhague em 1475 e Uppsala em 1477). A segunda característica marcante dessa etapa foi o crescente papel dos Estados: embora permanecendo oficialmente como instituições eclesiásticas, as universidades passaram cada vez mais para o controle das cidades e dos Estados, que esperavam delas tanto a formação dos intelectuais de que necessitavam suas administrações em pleno desenvolvimento, como a sua contribuição para a elaboração da ideologia nacional e monárquica que acompanhava o nascimento do Estado Moderno. Na época moderna (séculos XVI – XVIII) intensificou-se o ritmo de criação de novas universidades, chegando a 143 o número das que eram ativas em 1790. As fundações deste período decorreram principalmente da emergência dos Estados nacionais, que adotaram a instituição universitária como um dos signos de sua modernização; do processo de expansão marítima que fez surgir as primeiras universidades fora da Europa; e do grande cisma religioso provocado pela Reforma a partir de 1520, quando surgiram as primeiras universidades protestantes (luteranas, calvinistas e anglicanas). Embora as universidades de origem medieval continuassem a ser as mais importantes em quase todos os lugares, servindo de modelo às novas fundações que as seguiram, surgiram, na prática, diversas inovações nas estruturas universitárias, seja pelas novas concepções educativas, seja pelo caráter cada vez mais nacional, até mesmo regional, de muitas universidades. Nem todos os países experimentaram essas novas fundações – na Inglaterra (Oxford e Cambridge), em Portugal (Coimbra) e na Polônia (Cracóvia) – as universidades mais antigas mantiveram seus monopólios. Na Espanha, na Itália e na França, embora as novas universidades tenham sido relativamente numerosas, elas permaneceram muito modestas em comparação com os centros mais antigos. Somente nas regiões onde a rede universitária ainda estava claramente incompleta até 1500, como no Norte e no Leste europeu, é que surgiram as fundações mais promissoras desse período. 67 Na América Latina, as mais antigas fundações foram as de São Domingos (1538) na atual República Dominicana, a de Lima (1551) no Peru, e a do México (1551), instituídas por decreto de Felipe II, rei da Espanha, para proporcionar graus universitários aos filhos dos colonos, que estariam desta forma dotados de conhecimentos que os habilitavam a assumir cargos na matriz, diminuindo a resistência à emigração. Outras se seguiram nas principais colônias espanholas, com maior ou menor sucesso, porém todas com características claramente coloniais e missionárias. No Brasil não houve nenhuma nesse período. Na América do Norte, as primeiras universidades (Harvard – 1636, Williamsburg – 1693 e Yale – 1701) foram antes de tudo o fruto de interesses locais: tratava-se de formar pastores e administradores de que necessitavam as colônias inglesas. Embora a universidade na Época Contemporânea (séc. XIX aos dias atuais) tenha herdado diversas características da Época Moderna, e até mesmo da Medieval, o surgimento de modelos divergentes e modernizados de organização universitária acarretaram uma ruptura, cada vez mais nítida, com a herança universitária antiga. O espaço universitário ampliou-se sobremaneira, não só geograficamente, estendendose hoje por praticamente todos os países do mundo, mas também pela transformação de escala da população estudantil implicada, muitas vezes superior e formada por contingentes com características e demandas mais heterogêneas. O ensino universitário dotou-se de novas funções, constituindo-se no local de inovação científica, social e mesmo política, uma vez que nele são preparados os quadros do futuro. Esse conjunto de transformações e desafios fez surgir uma diversificação de modelos e de concepções de universidade, passando por uma diferenciação interna crescente que atingiu na mesma proporção os aspectos pedagógicos e administrativos. 4.3 AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE UNIVERSIDADE Com a finalidade de precisar o ensino universitário, Dreze; Debelle (apud ROMERO, 1988) realizaram um estudo e distinguiram dois grandes grupos: os países em que havia uma idéia de universidade e os países nos quais existia uma função de universidade. No grupo “idealista”, os autores elegeram Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, enquanto no grupo 68 “funcional” situaram França e União Soviética. A partir desta distinção, dividiram as principais concepções de universidade nos cinco tipos apresentados a seguir: a) Modelo inglês – A universidade como ambiente de educação: baseado na premissa de que a aspiração ao saber é natural ao ser humano, cabendo a uma instituição especializada a conservação e a perpetuação dos conhecimentos teóricos acumulados, John Newman propôs em The Idea of University, publicado em 1852, as principais funções da universidade de acordo com seu modelo: • Priorizar o ensino à investigação: encorajando a recepção ativa de novos conhecimentos e a sua comparação com os anteriormente adquiridos, de modo a efetuar uma assimilação crítica, rejeitando formas de pura memorização e modelos de ensino enciclopédico. • Prover uma educação universal e liberal: a noção de educação universal de Newman considera que deveriam existir todos os ramos do saber na universidade, pois, embora os estudantes não tenham a possibilidade de abraçar todas as disciplinas que lhes estão disponíveis, beneficiam-se do convívio com mestres, peritos e defensores de seus domínios científicos, e o estudante só tem a ganhar ao habitar um ambiente de tradição intelectual. Esta educação é considerada liberal porque representa o culto à inteligência, sendo seu objetivo a perfeição intelectual que habilita o indivíduo a enfrentar qualquer problema futuro. • Fornecer uma formatação intelectual, sem a preocupação de ser profissionalizante: nestas condições, é possível ao estudante compreender os grandes contornos do saber, os princípios em que se baseia, a dimensão e as características das suas várias vertentes, adquirindo hábitos morais e maneiras de agir que persistirão em sua vida. Esta aprendizagem é construída tendo como objetivo o próprio exercício intelectual e uma sólida formação, sem a preocupação de atingir qualquer fim útil específico. Não se trata de menosprezo à preparação profissional, mas da convicção de que o desenvolvimento das faculdades mentais é a melhor forma de preparar-se profissionalmente. • Utilizar internato e tutores: o regime de internato e a presença do tutor, além do relacionamento intelectual, instrui o aluno com relação a comportamentos sociais esperados. Esta concepção de universidade, para esses autores, assemelhava-se ao modelo de Cambridge e Oxford, na Inglaterra. 69 b) Modelo alemão – A universidade como comunidade de investigadores: a fundação da Universidade de Berlim, em 1810, propiciou a Wilhelm von Humboldt enunciar um modelo segundo o qual a busca da verdade é a prioridade e uma premissa básica. É a universidade do saber, mas do saber investigado, sendo concebida como uma comunidade que se esforça em pesquisar a verdade cientificamente, buscando favorecer os trabalhos científicos de seus pesquisadores de acordo com três princípios: • A unidade do saber: a universidade é tida como o centro de gravidade do universo de conhecimentos, e sua função é estabelecer a articulação dos diferentes campos do saber, realizando a integração do pesquisador numa malha de relações que lhe dê uma perspectiva de unidade e de totalidade das ciências. É fundamental a comunicação entre investigadores e estudantes de vários ramos, potencializados pela universidade. • A unidade da pesquisa e do ensino: a definição é que ensinar é participar do processo de investigação, logo, aprender é descobrir e adquirir o espírito científico trabalhando com investigadores, só podendo ensinar quem pesquisa a verdade que transmite. A unidade de investigação e do ensino é importante para os investigadores e para a instituição, porque é assim que ocorrem a transmissão de conhecimentos e a atitude científica, decisivos para o progresso da ciência e para a busca da verdade. A partir desta visão é que surge a necessidade da estruturação em faculdades, cada uma cobrindo um domínio científico, sendo a universidade uma tentativa de dar corpo à unidade das ciências. • A liberdade acadêmica: que pode ser sintetizada em três vertentes: - o estudante (privilegiado) é um ser responsável, deve exercer o seu espírito crítico e usufruir da liberdade total: - o professor goza da liberdade de docente, e escolhe livremente a metodologia do ensino que ministra: como investigador livre, serve de exemplo aos estudantes, orientado-os e fazendo-os participar na sua criação intelectual; - para a instituição universitária, liberdade acadêmica significa a liberdade de se gerir a ela própria: o Estado deve encorajar a investigação livre, desinteressada e independente, protegendo-a contra pressões exteriores, apenas exercendo o seu controle no sentido de evitar que a “corporação” se transforme num universo fechado onde a mediocridade, tal como a excelência, se poderiam perpetuar por cooptação. (ROMERO, 1988) Assim, no modelo alemão não era o ensino, mas a livre pesquisa que devia tornar-se a missão principal da universidade. Era preciso considerar as condições que cercavam e possibilitavam tal acontecimento: tratava-se de uma universidade elitista, extremamente seletiva tanto do ponto de vista intelectual (declarado) quanto do social (conseqüência). Ao ingressar na universidade o estudante já portava sólida formação básica nos aspectos 70 humanístico e científico, o que lhe possibilitava um trabalho intelectual independente, assim como maturidade para se orientar por conta própria nos seminários, onde o professor elaborava a sua própria doutrina. O método de ensino, na concepção de Newman, devia ser do tipo socrático, com rejeição dos métodos escolástico e magistral. Seu objetivo era a reflexão pessoal em que professor e aluno trabalhavam em pé de igualdade, ambos livres e responsáveis. c) Modelo americano – A universidade como centro de progresso: idealizado por Whitehead, professor das Universidades de Cambridge e Harvard, determinou a aspiração da sociedade ao progresso como ponto de partida. Valorizou e fomentou relações muito estreitas entre os elementos progressistas da universidade e o publico em geral, de modo que o estudo universitário e a reflexão da sociedade se influenciassem reciprocamente. O modelo americano propõe que a universidade seja o principal, embora não o único agente de fusão das atividades progressivas num instrumento eficaz de progresso. As condições para o progresso de uma sociedade, entretanto, não se identificam necessariamente com os objetivos políticos do Estado, devendo a universidade, para contribuir para o progresso da sociedade, usufruir de ampla independência em relação ao Estado. A universidade, nesta abordagem, deve estimular a criatividade, reunindo um leque de gerações para uma reflexão inovadora e fundindo as atividades de conservação e transmissão de conhecimentos (ensino) e investigação criadora (pesquisa). Para tanto, e tendo em consideração o crescimento em número, dimensão e complexidade orgânica, a universidade deve, a fim de evitar a perda de eficácia, promover as seguintes funções: • a investigação fundamental nas disciplinas de base. • a investigação interdisciplinar; • a investigação sobre a própria sociedade; • no ensino, preparar os estudantes para uma auto-educação permanente que contemple as necessidades atuais e previsíveis da sociedade; • Contribuir ou pôr em prática as descobertas científicas, estabelecendo canais de comunicação e inter-relação com a sociedade. Esse modelo, que inspirou as universidades dos Estados Unidos, é menos aristocrático que os já existentes, na medida em que define a universidade como um serviço à sociedade, embora conceba, como nos modelos anteriores, a universidade como uma unidade autônoma e independente do Estado. 71 d) Modelo napoleônico – A universidade como molde: este modelo é atribuído a Napoleão, que o implantou na França. Com uma concepção extremamente personalista, Napoleão estendia o seu despotismo sobre o espírito dos alunos, pretendendo unificar a moral e as idéias políticas da geração que se educava por intermédio de uma instrução pública fortemente centralizada e ministrada sob a supervisão do Estado. Diante deste quadro, os princípios organizadores do ensino superior napoleônico são: • subordinação generalizada ao poder central; • preocupação em estabelecer uma hierarquização do tipo militar; • uniformidade de programas e de tratamento das instituições; • divisão da universidade em faculdades fechadas e praticamente independentes umas das outras. Neste modelo, a universidade deve estar ideologicamente submetida ao poder do Estado, tendo como função a preservação da ordem social pela difusão de uma doutrina comum e assegurando um ensino, sobretudo profissional, à custa de um corpo docente organizado, como verdadeiros policiais intelectuais. Romero (1988) menciona que as principais características deste modelo são: • um molde ideológico; • um corpo de docentes doutrinariamente submissos, de altos funcionários disciplinados, extensão da autoridade política; • ênfase na orientação profissional do ensino; • dispersão dos domínios do saber por faculdades virtualmente isoladas. e) Modelo soviético – A universidade como fator de produção: modelo que vigorou no bloco comunista da Europa, em especial na União Soviética, antes do processo de reorganização sociopolítico-econômico, em que se destacaram a queda do muro que dividia Berlim Ocidental e Oriental, a re-unificação alemã e a extinção da União Soviética. A concepção soviética de ensino superior foi determinada pelo Conselho de Ministros em 1961, criando uma universidade concebida como um instrumento funcional de formação profissional e política, totalmente vinculada a uma planificação estatal. Apesar de externar algumas preocupações com o ensino, com a investigação e com o progresso, o aspecto dominante e a meta final da proposta foram a construção da sociedade comunista. As universidades do período soviético deveriam enquadrar-se num quadro 72 ideológico preciso, com um objetivo social preestabelecido e uma postura política bem definida. Havia uma prescrição funcional para as universidades, cabendo-lhes: • A tarefa de contribuir para o crescimento econômico do país, com a preparação de pessoas altamente qualificadas e eficazes do ponto de vista profissional. • Educação política intensa, centrada no marxismo-leninismo. • Formação de professores de qualidade, investigação pedagógica entrosada nas ciências da educação e a elaboração de auxiliares didáticos adequados. • Dependência total do poder político. • Planificação da formação de diplomados. • Planificação da investigação. • Projeto colegiado (em que o Conselho de Ministros era o colegiado supremo). • Ligação estreita entre a universidade e a vida prática. • Recrutamento de estudantes em todas as classes sociais e com base na planificação. • Democratização do ensino através da gratuidade. Com o objetivo de sintetizar o exposto, reproduzimos o quadro nº 5, que organiza os cinco modelos apresentados de universidade. Caracterização Autor A Universidade do Espírito / Idealista Uma ambiente de Uma comunidade Um centro de educação de investigadores progresso J.H. Newman K. Jaspers A.N. Whitehead Finalidade Aspiração do indivíduo ao saber Concepção Geral Uma educação geral liberal no seio do saber universal Princípios organizativos • uma pedagogia do desenvolvimento intelectual • internato e “tutores” Solução quanto ao problema de massa Aspiração do indivíduo à verdade Unidade da investigação e do ensino no centro da universidade das ciências • uma organização por faculdades • liberdade acadêmica Aspiração da sociedade ao progresso A simbiose da investigação e do ensino, a serviço da investigação criativa • um corpo professoral criador • estudantes capazes de aplicar alguns princípios gerais Uma rede diversificada de instituições de ensino superior no seio da qual as universidades conservam a sua originalidade Quadro 5 - As diferentes concepções de universidade Fonte: Romero, in: Finger, 1988, p. 12. A Universidade do Poder / Funcional Um molde Um fator de intelectual produção Napoleão URSS (Conselho de Ministros) Estabilidade Edificação da política do Estado sociedade comunista Um ensino Um instrumento profissional funcional de uniforme formação confiado a um profissional e corpo organizado política • uma • manipulação hierarquia controlada da administrativa oferta de • programas diplomas uniformes • recurso a todas as forças produtivas da nação Uma rede oficial Adaptação do uniforme para a número às massa e para a necessidades da elite economia e diversificação das instituições 73 4.4 O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL Ao apresentar a universidade brasileira, busca-se identificar elementos de sua historicidade, considerando-a como um dos determinantes de seu modo de ser atual. Assim, verifica-se que em relação à situação da América Latina, cujas primeiras universidades datam do século XVI, no Brasil apenas em 1920 (para alguns estudiosos o ensino superior nasce em 1808, conforme o modelo de Coimbra, descrito mais a frente) foi criada a primeira universidade. Teixeira (1989, p.56) opina: O poder monárquico, para impedir qualquer tentativa de desenvolvimento na terra brasileira, fecha suas fronteiras, torna obrigatória a naturalidade portuguesa dos funcionários, monopoliza o comércio e nega permissão em suas novas terras para a fábrica, a tipografia, a imprensa e a universidade, pondo assim a Colônia em tão estreita dependência da Metrópole, que ela afinal, de certo modo, se integra – com sua nobreza, o seu clero e o grupo de burocratas e letrados todo ele formado na metrópole – ao pequeno e poderoso Portuga. Ao contrário dos espanhóis, os portugueses foram resistentes à criação de universidades brasileiras. Vários fatores contribuíram para este fato: em primeiro lugar, os portugueses não tinham dificuldade na obtenção de colonos para o povoamento do Brasil, e estes não tinham dificuldade em mandar seus filhos para estudos em Portugal, não pressionando, portanto, pela instalação de instituições universitárias na Colônia. Além disso, contrariamente ao colonizador espanhol, o português aqui não se deparou com povos indígenas de cultura complexa, contra os quais fosse necessário impor-se também ideologicamente para conquistar a ambicionada hegemonia (CUNHA, 1998). Uma terceira causa pode ser apontada como a relativa fragilidade do sistema universitário português, que dispunha de um pequeno quadro, integrado pela Universidade de Coimbra e, mais tarde, pelos Colégios de Évora e de Lisboa. Assim, a criação de uma universidade no Brasil empobrecia perigosamente a da metrópole, dependente do número de estudantes de nível superior que as colônias pudessem enviar. Finalmente, uma quarta razão para o surgimento tardio da primeira universidade no Brasil decorreu da influência dos positivistas durante o período do Império (1808-1889), bem como de sua resistência à criação de uma universidade, por entenderem ser mais vantajosa a aplicação dos recursos demandados pela universidade para gastos na instrução popular, mais urgente e necessária. 74 Assim, foram várias as tentativas frustradas de criação de uma universidade no Brasil. A primeira ocorreu em 1670, quando a cidade de Salvador, então capital da Colônia, manifestou o desejo de equiparar os privilégios dos graduados em Teologia e Filosofia aos dos formandos na Europa, decisão protelada até 1681, ano em que foi definitivamente rejeitada, mantendo o monopólio da Universidade de Coimbra. Durante o período imperial, 42 projetos de criação de universidades foram rejeitados pela monarquia brasileira, tendo como principal obstáculo a influência dos positivistas exercida sobre a Corte, que considerando a universidade como uma forma obsoleta da cultura medieval, conforme demonstrado no seguinte texto de Miguel Lemos publicado na imprensa: Tudo parece encaminhar-se para tornar efetivo o extravagante projeto de criação de uma Universidade no Brasil. Esta tentativa absurda, que só poderia gerar como resultado a sistematização de nossa pedantocracia e atrofiamento do desenvolvimento científico, que deve assentar em um regime de completa liberdade espiritual, bastaria por si só para demonstrar a incapacidade política de nossos governos... Apelamos para o Imperador, em primeiro lugar, pedindo em nome dos interesses mais vitais da nossa pátria, e de sua própria glória, que recuse o seu concurso à realização de tão monstruoso projeto. (TEIXEIRA, 1998) Além do surgimento tardio da primeira universidade, três outros fatores caracterizaram o ensino superior brasileiro durante os períodos colonial e imperial, sendo que algumas destas características ainda estão presentes em maior ou menor grau até hoje. O ensino superior: a) Baseava-se em faculdades isoladas: enquanto o ensino superior na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá e na América espanhola constituía-se de universidades, estruturadas sobre o tronco da faculdade de artes (filosofia) ou do “college”, o ensino superior brasileiro foi constituído de escolas isoladas, como a Academia Real Militar do Rio de Janeiro, as Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, as Faculdades de Direito de São Paulo e Recife, a Escola de Minas de Ouro Preto e todas as demais escolas superiores do Brasil na época. b) Visava a ser pragmático e profissionalizante: herança da ideologia de D. João VI, o ensino superior brasileiro caracterizou-se pelo espírito prático e imediatista, priorizando a formação profissional e técnica de nível superior em detrimento da ciência e da investigação pura. c) Possuía forte influência da Universidade de Coimbra: por ser a preferida, quando não a única escola superior em que, durante séculos, estudaram os brasileiros, a universidade de 75 Coimbra tornou-se o paradigma de estrutura e estatutos das primeiras escolas superiores do Brasil. Deste modo, a estrutura deteriorada em que se transformou a Universidade de Coimbra, sobretudo após a reforma do marquês de Pombal em 1772, que a fez um agregado de faculdades ferrenhamente profissionalizantes e segregadas umas das outras, onde não mais existia formação humana ou intercomunicação do saber, foi o modelo seguido no Brasil. 4.4.1 Das universidades passageiras à primeira universidade brasileira A criação da primeira universidade brasileira é controversa. Alguns autores indicam a Universidade de Manaus, como a primeira universidade do País. Criada em 1909, ano em que o ciclo da borracha encontrava-se no auge da prosperidade, funcionou até 1926, quando o declínio do ciclo da borracha e a falta de subsídios precipitaram uma crise que culminou com o seu desmembramento em três estabelecimentos isolados: a Faculdade de Engenharia, a Escola de Agronomia e a Faculdade de Medicina. Em 1911 foi fundada a Universidade de São Paulo (que em nada tem a ver com a USP atual) com o objetivo de oferecer ensino de todos os graus: primário, secundário, superior e “transcendental” (abrangendo assuntos de interesse geral). Em 1915, chegou a ter 700 estudantes e 100 professores, mas devido às pressões dos defensores do ensino superior estatal (a Universidade de São Paulo era particular), acabou sucumbindo sem que restasse uma só escola de ensino superior que desse origem a outra universidade. Em 1912, um mês após a fundação da Universidade de São Paulo, um grupo de profissionais liberais e funcionários do Estado promoveu a criação da Universidade do Paraná, com um ambicioso projeto prevendo a instalação de vários cursos, além de hospital universitário, maternidade, assistência jurídica, oficinas técnicas, hospital veterinário, farmácia, serviço comercial e fazenda-modelo. Mais uma vez pressões contrárias (reforma Carlos Maximiliano, em 1915) fizeram com que a instituição se dissolvesse, restando apenas três cursos isolados: Faculdades de Direito, Medicina e Engenharia. Em 7 de setembro de 1920, o Decreto no 13.343, do ministro do Interior Alfredo Pinto, promulgado pelo presidente Epitácio Pessoa, determinou a criação da Universidade do Rio de 76 Janeiro, a primeira instituição de ensino superior no Brasil que vingou com o nome de universidade: A primeira instituição que foi chamada de ´univesidade´ foi a Universidade do Rio de Janeiro, fundada em 1920. Mas foi uma criação apenas formal (em verdade eram apenas três escolas isoladas que se constituíram em federação sob o nome de ´universidade´), pois visou a poder oferecer um título honorário de doutor quando da visita do Rei Alberto I da Bélgica. Na verdade, durante muito tempo, as universidades brasileiras eram em verdade associações de escolas isoladas, com uma administração central superposta, em que as faculdades de Medicina, de Engenharia, de Direito e de Filosofia eram essenciais. (HARDY, FACHIN, 1996, p.207). Surgiram nesta época diversas universidades estaduais, destacando-se as de: Minas Gerais (1927), São Paulo (1934) e Rio Grande do Sul (1934), além das de Bahia, Pernambuco, Paraná e Ceará, formadas na mesma época. Segundo o Decreto no 19.851, de 1931, determinava as normas gerais que regulavam o funcionamento das universidades, sendo a primeira vez que o Brasil definia universidade. Entre as normas estava a obrigação de apresentar capacidade didática, recursos financeiros e congregar, no mínimo, “três dos seguintes institutos de ensino superior: Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina, Escola de Engenharia e Faculdade de Educação, Ciências e Letras.” A partir da década de 40 do século passado, a Igreja criou suas primeiras universidades no País: a Pontifícia Universidade Católica (PUC), com a primeira no Rio de Janeiro (1941), seguindo-se as de São Paulo, Salvador, Porto Alegre e Campinas. As universidades criadas no primeiro período republicano refletiam o elitismo com que se tratou historicamente a educação no Brasil, da Colônia ao Império. As escolas superiores serviam de estratégia de dominação, colonização, favorecimento aos amigos da corte, ou interesse militar. As escolas superiores e as primeiras universidades foram criadas pela elite dominante e para atender aos seus interesses. Não obstante o movimento intelectual da década de 50, coordenado por Darcy Ribeiro e que desembocou na criação da Universidade de Brasília (UnB), a universidade brasileira foi centralizada e reservada para uma minoria até a década de sessenta, quando as pressões sociais e o golpe militar modificaram significativamente o seu rumo. 77 4.4.2 A expansão do ensino superior brasileiro Apesar do discurso liberal que muitas vezes a acompanhou, a educação superior no Brasil foi, desde o seu início em 1808, uma instituição de elite freqüentada por um número reduzido de alunos, predominantemente homens de origem aristocrática ou burguesa, que serviam de sustentáculo para a elite política a serviço da classe dominante. Nesse primeiro momento, as diferenças entre as instituições de ensino superior no Brasil eram muito pequenas, bem como as opções de carreiras ofertadas: Direito, Medicina e Engenharia. Mesmo as primeiras universidades, criadas na década de 30, não superaram na verdade a fase de faculdades agregadas, apenas acrescendo, aos cursos já existentes, as Faculdades de Filosofia, com licenciaturas em Ciências, Humanidades, Letras e Artes. Em contraposição ao elitismo predominante até então, o período de expansão do ensino superior brasileiro teve início em meados da década de 60, acentuando-se logo após a Reforma Universitária e retraindo-se em meados dos anos 70. Esse momento do ensino superior no País ficou caracterizado como o período da “massificação”, observada em quatro aspectos fundamentais e distintos: crescimento do número de matrículas, do professorado, do número de instituições e do número de cursos e habilitações. Após duas décadas de crescimento quase que apenas vegetativo, a partir da segunda metade da década de 90, iniciou-se uma segunda grande onda de expansão no ensino superior brasileiro, que manteve e intensificou-se as características do período da “massificação”, conforme pode ser observado no quadro a seguir que reproduz dados relativos ao período de 1968 a 2002. ESPECIFICAÇÃO 1. Estabelecimentos 1968 % 372 43 329 129 243 132 49 143 69 165 2. Cursos 1.712 3. Vagas 88.588 278.195 153.062 125.133 151.700 126.495 1.1 Universitários 1.2 Não-universitários 1.3 Públicos 1.4 Particulares 4. Matrículas 4.1 Universitários 4.2 Não-universitários 4.3 Públicos 4.4 Particulares 1978 862 64 798 218 644 1 30 -1 7 -1 128 3.900 358 405.367 343 279 422 198 517 1.233.000 579.500 653.500 452.800 780.200 Quadro 6 - A expansão do ensino superior no Brasil Fonte: MEC/SAG/CPS. % 1988 % 1998 871 83 788 233 638 12 84 4 -10 20 10 4.288 14 463.739 22 33 12 29 18 1.503.555 770.240 733.315 585.351 918.204 % 2002 973 153 820 209 764 68 6 80 -7 89 1.637 162 1.475 195 1.442 62 6.950 107 14.399 67 776.031 123 1.733.087 41 91 -10 37 44 2.125.958 1.467.888 658.070 804.729 1.321.229 64 47 102 31 84 3.479.913 2.150.659 1.329.254 1.051.655 2.428.258 78 A seguir será apresentada uma síntese relativa ao crescimento numérico da matrícula, professorado, numero de instituições e de cursos e habilitações. a) Crescimento numérico da matrícula: no intervalo entre 1968 e 1978, a matrícula total no ensino superior mais do que quadruplicou, acompanhando o número de vagas oferecidas nos vestibulares. Tal crescimento só foi possível em decorrência da absorção do "estoque reprimido", da entrada maciça de novos tipos de estudantes (mulheres e adultos), e da interiorização e regionalização do acesso ao ensino superior em sintonia com o processo de urbanização, que no Brasil subiu de 30% em 1940 para 70% em 1985, conforme pode ser observado no gráfico 1: 4.000.000 3.479.913 3.500.000 3.000.000 2.125.958 2.500.000 1.503.555 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 2.428.258 1.233.000 278.195 126.495 151.700 0 1968 780.200 452.800 1978 Pública 1.321.229 1.051.655 918.204 585.351 1988 Privada 804.729 1998 2002 Total Gráfico 1 - Evolução do número de matrículas (Brasil 1968-2002) Fonte: MEC/INEP/DAES. b) Crescimento do professorado: na década de 70 houve um incremento médio de 9.000 professores por ano. A princípio, profissionais improvisados e somente recémgraduados, mas que graças ao crescimento das oportunidades econômicas em torno das profissões intelectuais, que viviam da cultura, bem como da expansão da ciência e da tecnologia, iniciaram a busca pela especialização (propagaram-se os cursos de mestrado e doutorado), conforme pode ser observados nos gráficos 2 e 3, a seguir: 79 250.000 227.844 183.194 200.000 131.641 150.000 143.838 109.788 104.482 100.000 71.904 60.337 84.006 78.712 50.000 49.451 59.737 1980 1990 0 2000 Pública Privada 2002 Total Gráfico 2 - Evolução dos docentes "em exercício" (Brasil 1980-2002) Fonte: MEC/INEP/DAES 100% 90% 22,4% 80% 70% 60% 6,8% 18,5% 9,3% 28,1% 12,0% 38,2% 25,1% 37,8% 28,2% 29,9% 50% 27,4% 40% 30% 20% 74,7% 49,4% 65,7% 41,9% 34,4% 10% 50,2% 0% Pública Privada Até Especialista Pública Privada Mestrado Pública Privada Doutorado Gráfico 3 - Distribuição dos docentes – formação (Brasil 1994, 1998 e 2002) Fonte: MEC/INEP/DAES. c) Crescimento do número de instituições: o número de estabelecimentos de ensino superior mais do que duplicou no período compreendido entre os anos de 1968 e 1978, tendo como propulsor essencial a expansão do setor privado via criação de estabelecimentos isolados. Este fato veio alterar drasticamente o cenário do ensino superior no Brasil: a proporção de instituições públicas reduziu até atingir, em 1978, 26% do total de estabelecimentos e apenas 37% do total de matrículas. Da mesma forma, as faculdades isoladas e as integradas previstas na Constituição e na LDB – Lei de Diretrizes e Bases como alternativa ao modelo universitário, tornaram-se a regra predominante, tanto em relação ao número de estabelecimentos como na participação no atendimento do alunado. O gráfico a seguir demonstra a evolução do quantitativo total de instituições e o quantitativo de instituições publica e privada, no período de 1968 até 2002. 80 1800 1.637 1600 1.442 1400 1200 1000 862 871 973 644 638 764 218 233 209 1988 1998 800 600 372 400 243 200 195 129 0 1968 1978 Pública Privada 2002 Total Gráfico 4 - Evolução das instituições (Brasil 1968-2002) Fonte: MEC/INEP/DAES. d) Crescimento do número de cursos e habilitações: não apenas o número absoluto de cursos cresceu no período, como se diversificaram as opções de habilitação, tendo como referências as diversas carreiras profissionais do mercado de trabalho. Nos gráficos 5 e 6, a seguir apresentados, observa-se o crescimento do número de cursos (1968 ate 2002) e modalidades (1959 ate 2003) oferecidas no Brasil: 16.000 14.399 14.000 12.000 10.000 8.000 6.000 6.950 4.000 2.000 3.900 4.288 1.712 0 1968 1978 1988 Total Gráfico 5 - Evolução do número de cursos (Brasil 1968-2002) Fonte: MEC/INEP/DAES. 1998 2002 81 600 572 500 400 300 200 170 125 82 100 0 1959 1991 1999 2003 Nº de Cursos Gráfico 6 - Aumento das modalidades de cursos (1959-2003) Fonte: MEC/INEP/DAES. A expansão do ensino superior no Brasil não foi marcada apenas por uma descontinuidade em seu ritmo, mas principalmente, em decorrência do estilo de expansão adotado, por pelo menos três formas de concentração distintas (SOUSA, 1993, p.6). a) A concentração espacial: em conseqüência de a expansão ter se dado via autorização de funcionamento de instituições privadas, houve uma concentração do número de cursos conforme quadro 3, bem como da oferta de vagas na Região Sudeste, principalmente no Estado de São Paulo, onde a existência de um poder aquisitivo mais alto viabilizou o pagamento de taxas e mensalidades cobradas por esses estabelecimentos. REGIÕES MATRÍCULA Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil 190.111 542.409 1.746.277 677.655 323.461 3.479.913 % PRIVADO 5,5 % 74.168 15,6 % 225.764 50,2 % 1.412.646 19,5 % 500.183 9,2 % 215.497 100 % 2.428.258 % 3,1 % 9,3 % 58,2 % 20,6 % 8,8 % 100 % Quadro 7 - Distribuição das matrículas por região (2002) Fonte: MEC/INEP/DAES (2002). b) A concentração institucional: muito embora o número de instituições tenha mais que duplicado desde 1968, dispersando a rede do ensino superior em um grande número de 82 pequenos estabelecimentos, a matrícula continuou concentrada em poucas instituições. Em 2002, as trinta maiores universidades brasileiras eram responsáveis por 27% das matrículas totais do sistema. Nome da Instituição 1. Universidade Paulista 2. Universidade Estácio de Sá 3. Universidade de São Paulo 4. Universidade Luterana do Brasil 5. Universidade Bandeirante de São Paulo 6. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 7. Universidade do Vale do Rio dos Sinos 8. Universidade Estadual de Goiás 9. Universidade Estadual do Piauí 10. Universidade Federal do Pará 11. Universidade do Vale do Itajaí 12. Centro Universitário da Cidade 13. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 14. Universidade Salgado de Oliveira 15. Universidade Federal do Rio de Janeiro 16. Universidade de Caxias do Sul 17. Universidade Presbiteriana Mackenzie 18. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 19. Universidade Católica de Goiás 20. Centro Universitário Nove de Julho 21. Universidade Federal Fluminense 22. Universidade de Brasília 23. Universidade São Judas Tadeu 24. Pontifícia Universidade Católica de Campinas 25. Universidade Federal de Minas Gerais 26. Universidade Anhembi Morumbi 27. Universidade Paranaense 28. Universidade de Pernambuco 29. Universidade Federal de Pernambuco 30. Universidade Federal do Rio Grande do Norte UF SP RJ SP RS SP MG RS GO PI PA SC RJ RS RJ RJ RS SP SP GO SP RJ DF SP SP MG SP PR PE PE RN Categoria Privada Privada Estadual Privada Privada Privada Privada Estadual Estadual Federal Privada Privada Privada Privada Federal Privada Privada Estadual Privada Privada Federal Federal Privada Privada Federal Privada Privada Estadual Federal Federal Matrícula 88.304 85.693 42.871 41.729 34.841 34.078 31.670 31.575 30.644 29.773 27.923 27.353 27.065 26.527 26.411 25.160 24.789 24.352 23.359 22.029 21.238 20.501 20.060 19.990 19.903 19.705 19.238 19.207 19.158 19.150 Quadro 8 - Relação das 30 maiores Instituições por número de matrículas (2002) Fonte: MEC/INEP/DAES. c) A concentração setorial: finalmente, observa-se que a diversificação de cursos criados no processo de expansão não foi suficiente para neutralizar a concentração da matrícula em poucos cursos. Assim, apenas dez modalidades de cursos detiveram mais da metade das matrículas totais. 83 Curso 1. Direito 2. Administração 3. Medicina 4. Pedagogia 5. Com. Social 6. Enfermagem 7. C. Contábeis 8. C. da Computação 9. Fisioterapia 10. Letras Lic. Sub-total (%) Total Total no País Candidatos 655.767 506.384 325.845 210.053 206.350 153.778 130.736 113.159 112.963 105.098 2.520.133 50,56% 4.984.409 Qtde. 599 1.211 113 996 358 236 627 416 255 584 5.395 37,46% 14.399 Vagas 178.899 287.501 11.113 128.097 77.975 31.571 72.257 33.553 40.131 61.231 922.328 52,01% 1.773.087 Ingressos 134.940 187.874 10.700 81.708 50.922 26.009 45.784 22.863 28.057 39.138 627.995 52,10% 1.205.140 Quadro 9 - Ranking dos 10 cursos mais procurados no País (2002) Matrículas Concluintes 463.135 53.908 454.438 50.414 59.717 8.498 240.368 49.563 129.124 15.155 56.564 6.480 144.112 20.345 64.819 9.735 78.099 10.472 124.293 21.874 1.814.669 246.444 52,14% 52,85% 3.479.913 466.260 Fonte: MEC/INEP/DAES. Como resultado desse processo, o ensino superior brasileiro hoje tem o quadro discente composto em sua maioria de mulheres (57%); boa proporção de adultos misturados aos jovens; predominância de trabalhadores que estudam no lugar de estudantes que trabalham; maior percentual de alunos pertencendo à classe média, sobretudo à classe média baixa. Se por um lado o elitismo característico do primeiro momento do ensino superior brasileiro foi superado, a propalada "massificação" também pode ser questionada: como imputar um sistema que abriga apenas cerca de 9% da população virtualmente escolarizável como sendo de massa? A rede que atende ao ensino superior é composta hoje (censo de 2002) de 1637 instituições, das quais 162 (10%) são universidades, 77 (5%) são centros universitários, 105 (6%) são faculdades integradas, e 1.293 (79%) são instituições isoladas (faculdades, escolas, institutos e centros de educação tecnológica); entretanto, as universidades são majoritárias na proporção de matriculas totais, atingindo cerca de 62% em 2002. O ensino superior público (12% das instituições e 30% das matrículas) é gratuito, mantido com verbas governamentais (federal, estadual e/ou municipal) e ministrado predominantemente em cursos diurnos (embora atualmente haja uma significativa expansão das vagas noturnas); o ensino privado é pago, suas mantenedoras são na maioria instituições confessionais ou "empresas familiares", com predominância de cursos noturnos. Em relação aos principais papéis que se espera que as instituições de ensino superior desempenhem perante a sociedade(SCHWARTZMAN apud PAIVA; WARDE, 1994), a situação atual no Brasil pode ser assim descrita: a) Formação para as profissões liberais clássicas (Direito, Medicina, Odontologia, Engenharia e outras): setor mais tradicional da educação superior brasileira, sofre atualmente uma grande pressão das corporações profissionais contra a criação de novos 84 estabelecimentos de ensino em seus campos. A erosão gradual do modelo tradicional de profissional liberal independente e sua substituição por formas de trabalho assalariado; a inexistência de um mercado que remunere os profissionais liberais conforme suas aspirações; e a concentração desses profissionais nos grandes centros urbanos, levaram a problemas de desemprego e subemprego nas capitais e à ausência de profissionais qualificados no interior, sendo as principais características deste mercado. b) Formação das "novas profissões" (Comunicações, Administração, Economia, Nutrição, Estatística, etc.): criadas para atender a um nicho próprio e cativo no mercado e/ou monopólios profissionais garantidos por leis, essas "novas profissões" tendem, com poucas exceções, a atrair estudantes menos qualificados que ingressam em cursos com pouca tradição e consistência acadêmica, encontrando mais tarde dificuldade de colocação em trabalhos que correspondam às carreiras que escolheram. Segundo Schwartzman (apud PAIVA; WARDE, 1994), a profissionalização efetiva nessas carreiras geralmente só ocorre na pós-graduação que, por selecionar um número restrito de estudantes, faz com que os demais fiquem sem uma habilitação profissional efetiva. c) Educação vocacional (cursos de curta e média duração para a qualificação profissional em atividades técnicas e aplicadas): a tendência a prolongar o currículo de cursos como Biblioteconomia, Contabilidade, Enfermagem, entre outros, presente até os anos 80, foi substituída por cursos de curta duração (até dois anos) estruturados nas modalidades denominadas seqüencial ou de tecnólogos, seguindo importante tendência observada em outros países. d) Educação geral: o sistema de educação superior no Brasil é fortemente orientado para a habilitação profissional, praticamente inexistindo uma instituição de ensino superior que ofereça uma boa educação geral, tarefa esta que ficou relegada às escolas secundárias. Mesmo os cursos de Humanidade e Ciências Sociais, com a pretensão de oferecer uma habilitação profissional qualquer, desvirtuam o currículo gerando uma enorme ambigüidade de papéis o que colabora para a anomia e a baixa motivação que caracterizam a maioria desses cursos. e) Formação de elites: freqüentadas quase exclusivamente pelos filhos das famílias mais abastadas e influentes de todo o país, as instituições de ensino superior eram o palco ideal para a construção de uma rede de relacionamentos, seja pela vivência adquirida por meio dos contatos pessoais, seja pelas atividades culturais e políticas desenvolvidas. A expansão do sistema, especialmente a partir de meados da década de 60, diluiu essa função de formação de elites e acentuou o caráter regional das instituições. A Universidade de São Paulo, em suas 85 faculdades mais tradicionais, e a Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas estão entre as poucas que desempenham algo desse papel em nível do Estado de São Paulo. f) Formação de professores: apesar das mudanças que estão ocorrendo e das polêmicas que estão gerando o assunto, o quadro de desprestígio do magistério e as baixas remunerações percebidas por esses profissionais têm sido o principal problema na formação de professores nesse nível: de um lado a formação de professores não é considerada prioritária nos departamentos de orientação mais científica e acadêmica, principalmente nas universidades públicas, que se consideram, sobretudo, centros de formação científica e técnica (bacharelados), de outro, o fato de a carreira de magistério só ser atrativa para estudantes de origem social menos privilegiada, que em geral não conseguem ingresso para outros cursos nas universidades públicas (gratuitas) tem gerado, em conseqüência, que o ensino brasileiro não está formando professores na quantidade e qualidade para um sistema de educação em expansão. A exigência do Curso Normal Superior para a formação de professores para a educação infantil e primeiro ciclo do ensino fundamental, embora longe de concretizada, representa uma tendência de melhoria na qualificação do corpo docente destes níveis de ensino. g) Formação científica: a despeito de o sistema de pós-graduação ser um dos elementos mais dinâmicos do ensino superior brasileiro, existem, entretanto, sérios problemas na sua realização: as taxas de deserção são elevadas; a duração dos cursos tende a ser demasiada e a produtividade científica dos professores e pesquisadores é baixa (quer em termos quantitativos, quer pela pequena penetração internacional, ou ainda pelo pouco efeito em termos de transferência de conhecimento para o setor produtivo e para a sociedade em geral). Apesar disso, o incremento no percentual total de professores titulados como mestres ou doutores vem crescendo sistematicamente no Brasil, o que não necessariamente significa produtividade científica. 4.5 A UNIVERSIDADE COMO ORGANIZAÇÃO ATÍPICA Ultrapassada em longevidade unicamente pela Igreja e tendo sofrido ao longo dos seus oito séculos de História as mais diversas influências, preservando, contudo, as suas características essenciais, mesmo ao propor ideologias diversas. 86 A universidade contemporânea insere-se no contexto social como uma organização complexa e atípica do ponto de vista da visão teórica da Administração Empresarial, contrastando das demais organizações empresariais modernas, predominantemente burocráticas, em função das suas principais características, o quadro, a seguir, sintetiza essas diferenças. CARACTERÍSTICAS OBJETIVOS TECNOLOGIA ESTRUTURA PARTICIPANTES CLIENTELA PRODUTO ADMINISTRAÇÃO PROCESSO DECISÓRIO AMBIENTE UNIVERSIDADE • Difusos • Prestação de serviços públicos (não-lucrativos) • Pouco consensuais • Múltipla, complexa, indefinida • Burocracia centralizada (universidade de menor porte) • Burocracia descentralizada/ fragmentada (universidade de maior porte) • Dirigentes • Professores • Funcionários • Alunos • Alunos • Comunidade em geral • Comunidade científica • De difícil mensuração • Ausência de padrões de performance • Limitada utilização dos princípios administrativos • Utilização menos racional dos recursos disponíveis • Ausência de sistema de avaliação organizacional • Utilização de instrumentos qualitativos pouco sofisticados • Racionalidade política • Decisões baseadas no interesse político/social • Participação de diversos grupos de interesse • Unidades autônomas de decisão (anarquia organizada) • Estável (relativamente) • Menos vulnerável a fatores Ambientais EMPRESA • Definidos • Econômicos (lucro) • Consensuais • Definida • Hierarquizada • Claramente definida • Poder e propriedade • Estrutura centralizada e integrada (pequenas empresas) • Estrutura descentralizada (médias e grandes empresas) • Acionistas • Dirigentes • Técnicos e trabalhadores • Consumidores • Quantificável • Padrões de performance definidos • Alta utilização dos princípios administrativos • Utilização racional dos recursos disponíveis • Compromissos com resultados • Desempenho organizacional medido por variáveis (instrumentos quantitativos de análise) • Retorno sobre investimento • Custo/benefício • Racionalidade econômica • Decisões baseadas em fatores econômicos e quantitativos • Sistema integrado de decisão • Competitivo • Altamente vulnerável a fatores Ambientais Quadro 10 - Análise comparativa: Universidade X Empresa Fonte: MEYER, 1988, pg. 132. A partir dos dados acima apresentados, podemos caracterizar um predomínio nas IES de: 87 a) Ambigüidade de objetivos: a existência de objetivos vagos e difusos, nas universidades, decorre basicamente do fato de estas instituições tentarem ser todas as coisas para todas as pessoas. Assim, cada elemento da organização tende a ter uma percepção própria de quais devam ser os objetivos da universidade, gerando conflito entre as várias percepções existentes e suas prioridades; b) Tecnologia complexa: por atenderem clientes com necessidades distintas, as universidades se utilizam de uma variedade de técnicas, processos, métodos e instrumentos complexos, múltipla e de difícil rotinização, em função de sua natureza; c) Estrutura fragmentada: em que as decisões estão diluídas em órgãos colegiados; d) Profissionalismo: grupos de participantes distintos com necessidades e expectativas conflitantes e manifestando dupla lealdade: à profissão a que pertencem e à organização para a qual trabalham; e) Clientela diversificada: alunos com necessidades e expectativas específicas e diversificadas; f) Produto intangível: conhecimento, competências e valores são elementos subjetivos e inquantificáveis, o que torna o produto das universidades de difícil mensuração; g) Administração amadorística: caracterizada pela ausência de padrões de performance (avaliação de desempenho profissional), falta de compromisso com os resultados e inexistência de um sistema de avaliação institucional; h) Decisões políticas: decisões isoladas decorrentes da interação dos diversos grupos de interesse que influenciam, negociam e compõem uns com os outros; i) Ambiente relativamente estável: as universidades tendem a não ser permeáveis à influência do ambiente, sendo muito mais marcadas pela presença de grupos internos que nelas atuam. 4.5.1 A natureza multifacetada dos objetivos da universidade Enquanto nas organizações empresariais os objetivos são relativamente consensuais e definidos – sendo a orientação para a maximização do lucro fator determinante na lógica de ação dos seus dirigentes, limitando assim sua análise quase que exclusivamente à dimensão econômica – nas organizações universitárias, devido à grande abrangência de seus objetivos, tal análise não se restringe a um único aspecto, mas a uma série deles, requerendo então um 88 paradigma multidimensional próprio para a análise de seus administradores (SANDER , 1982). Embora o papel econômico tenha sua importância para a educação superior, não se pode condicionar e orientar a administração das universidades exclusivamente pela lógica econômica sem reduzi-la a um ato unicamente empresarial. Além da dimensão econômica, o administrador universitário deve considerar também as dimensões pedagógicas, políticas e antropológicas, presentes e envolvidas na atividade educacional. Se bem que seja admissível, e na prática ocorra maior concentração sobre uma ou outra das dimensões citadas, em função da natureza própria de cada instituição, da realidade de seu ambiente operacional ou como resultado das diferentes percepções de seus dirigentes, tal posição não pode ignorar completamente a existência das outras dimensões e da natureza multifacetada dos objetivos universitários. É nesse sentido que os objetivos da administração superior são difusos e pouco consensuais, constituídos de quatro dimensões interagentes – econômica, pedagógica, política e antropológica –, correspondendo a cada dimensão um critério administrativo predominante, respectivamente: eficiência, eficácia, efetividade e relevância. a) Dimensão econômica administrando para a eficiência: a eficiência na administração da educação superior pode ser concebida como critério de desempenho instrumental extrínseco, de natureza econômica, medido em termos de capacidade administrativa para alcançar um elevado grau de produtividade. A competência econômica do administrador universitário refere-se à sua eficiência no sentido de otimizar a captação e a utilização dos recursos e elementos técnicos e racionais para a consecução dos objetivos do sistema educacional. b) Dimensão pedagógica administrando para a eficácia: a eficácia na administração da educação superior é concebida como critério de desempenho intrínseco e instrumental, de natureza pedagógica, medido em termos de capacidade administrativa para alcançar os objetivos educacionais propostos. A competência pedagógica do administrador universitário reflete a sua capacidade para formular objetivos educacionais e para desenhar cenários e meios pedagógicos eficazes para a sua consecução. c) Dimensão política administrando para a efetividade: o grau de efetividade da administração universitária é um critério substantivo, medido em termos de sua capacidade de ação real e verdadeira em resposta às exigências sociais e demandas políticas. 89 A competência política define o preparo do administrador universitário para perceber o ambiente externo e sua influência sobre o sistema educacional e seus participantes, e a habilidade para adotar estratégias de ação concretas para a efetiva satisfação das necessidades e demandas sociais e políticas sobre esse sistema. d) Dimensão antropológica administrando para a relevância: a relevância na administração universitária é um critério de desempenho substantivo, intrínseco, de natureza antropológica, medido em termos da significância, do valor e da pertinência dos atos e fatos administrativos para a vida humana associada dos participantes do sistema educacional. A competência antropológica ou humana do administrador universitário revela-se na capacidade para conceber soluções e na liderança para implantá-las sob a óptica da relevância para a plena realização dos participantes da comunidade universitária. Assim, altos índices de eficiência universitária resultariam em utilização racional dos recursos disponíveis, na relação custo/benefício, ou seja, a universidade produziria mais com menos custo; altos índices de eficácia evidenciariam um completo atendimento dos objetivos educacionais pretendidos; altos índices de efetividade deixariam patente a realização de objetivos socialmente desejados; altos índices de relevância evidenciariam a realização e o desenvolvimento do ser humano como ente individual e social. A eficiência, a eficácia, a efetividade e a relevância são, portanto, indicadores que permitem avaliar o desempenho da administração e dos administradores universitários. 4.5.2 O processo decisório nas universidades Além das características analisadas que distinguem as universidades como organizações complexas e atípicas, os teóricos também propuseram para estas instituições quatro modelos organizacionais distintos, cada qual pressupondo os mais variados arranjos estruturais, estilos de processo decisório e de liderança específicos. Entre os que trataram do assunto destacam-se Baldridge (1983 apud SIENA, 1993), Birnbaum (1983 apud SIENA, 1993), Cohen e March (1983 apud SIENA, 1993). Os quatro modelos analisados a seguir – burocrático, colegiado, político e anárquico – são abstrações da realidade que nos permitem compreender algumas dinâmicas do processo decisório nas universidades e, muito embora não existam de forma pura na totalidade de qualquer instituição, refletem o que ocorre em algumas de suas partes. 90 a) Modelo burocrático: o modelo burocrático weberiano baseia-se no princípio da racionalidade organizada como forma de maximizar a eficiência. Nele prevalecem estatutos e regulamentos, hierarquia formal, canais formais de comunicação, relações definidas de autoridade, regras formais de funcionamento, rotinas burocráticas, registros, documentos, etc., e processos burocráticos de decisão. Existem diversos modelos de organização universitária em todo o mundo, contudo há uma série de componentes estruturais, comuns a todas elas, que identificam as universidades com os modelos de organização burocrática: hierarquia de autoridade claramente definida; regras e normas específicas que regulamentam todos os órgãos universitários, sua composição, atribuições e competência; estatutos e regimentos específicos para atos, decisões e regras administrativas e acadêmicas; divisão do trabalho determinada pela especialização; admissão e promoção com base nas qualificações técnicas e títulos, realização acadêmica e tempo de serviço respectivamente; além de uma administração rotineira que atende ao trabalho diário. Devido às características do modelo burocrático, o papel do administrador ou líder pressupõe a visão de um administrador no topo de uma complexa pirâmide de poder, abordando problemas, propondo alternativas de solução e fazendo escolhas racionais através de procedimentos apropriados. O quadro a seguir apresenta os principais elementos de decisão, suas características e sintetiza implicações no modelo burocrático. ELEMENTO DE DECISÃO Valores Alternativas Premissa Escolha Implementação Resultados CARACTERÍSTICAS Eficiência operacional. Histórica; ausência de procura de rotinas no ambiente. "Funcionou antes". Identifica o resultado dos procedimentos. Determinado pelas sub-rotinas. Previsíveis em face da natureza da estrutura organizacional e das regras de interação. IMPLICAÇÕES Organização hierárquica. Repertório limitado; orientado para a tradição. Previsibilidade de resultados. Os procedimentos são mais importantes do que a substância dos problemas. Concentra-se mais na ativação do processo do que na decisão. A organização muda muito lentamente. Adaptações marginais de rotinas e ativação do processo de rotina. Quadro 11 - O modelo burocrático: decidindo por padrões de interações estruturadas Feedback Fonte: ALMEIDA, 1994. Repetição. 91 Com o crescimento das universidades e o conseqüente aumento da máquina administrativa, as características burocráticas passaram a estar presentes na maior parte das instituições, sobretudo naquelas subordinadas a órgãos reguladores externos. Entretanto, apesar do modelo burocrático ser útil para a análise de muitos fenômenos que ocorrem na organização universitária, principalmente em se tratando de decisões de rotina, esse modelo não diz muito sobre o poder baseado em ameaças legítimas, na "expertise" e na influência, bem como não explica o processo pelo qual as políticas são estabelecidas e como agem os grupos dentro da universidade para forçar decisões que favoreçam seus interesses. As deficiências neste modelo surgem na medida em que não aborda meios ou tipos informais de poder, não explica suficientemente o dinâmico processo de tal organização em ação, a descrição da estrutura é estática no tempo, não ajuda na definição de políticas adequadas e ignora as lutas políticas dos mais variados grupos de interesse que atuam no seu interior. b) Modelo colegiado: para os que rejeitam o modelo burocrático, a organização universitária é uma "comunidade de docentes", onde administradores e professores tratam-se como iguais e boa parte das interações entre os membros é de natureza informal. Neste modelo a influência de cada um decorre menos do status legal e mais das características de cada um e das normas partilhadas por todos. Desta forma, o processo decisório deve ter ampla participação, devendo todos ter oportunidade de expor suas idéias e divergências, e as decisões serem tomadas por consenso. Na visão colegiada, o dirigente é normalmente escolhido por seus pares e o seu papel é o de ser "o primeiro entre iguais", devendo mais ouvir do que comandar, juntar julgamentos experientes, facilitar, persuadir e negociar. Os elementos de decisão e suas respectivas características e implicações no modelo colegiado estão no quadro a seguir. 92 ELEMENTO DE DECISÃO CARACTERÍSTICAS Valores Responsabilidade compartilhada. Alternativas Determinadas pelo background e interesses dos participantes, e pelas relações nas discussões. Premissa Consenso. Escolha Implementação Concorda com uma solução que satisfaça a maioria. Delegada ou realizada por cada pessoa envolvida. Resultados Mudança orgânica. Feedback Informal, ad hoc. IMPLICAÇÕES Os atores compartilham premissas fundamentais sobre os propósitos e processos organizacionais. Desenvolvimento interativo de alternativas; ampla gama de alternativas. Os participantes desejam explicar, defender, receber novas informações e idéias, mudar seu modo de pensar, usar o tempo para encontrar-se e discutir. Desejo de compromisso para o bem estar geral. Compromisso geral com a escolha feita. Em decisões que envolvem grandes mudanças, as transições parecem ser relativamente graduais. Depende das observações dos participantes e das prioridades. Quadro 12 - O modelo colegiado: decidindo por consenso Fonte: ALMEIDA, 1994. Quanto à sua efetiva utilização, esse modelo não caracteriza de forma precisa os processos atuais de tomada de decisão na maior parte das instituições, e embora haja muitos exemplos de sua utilização em nível de departamento, raramente é empregado em nível de administração superior. As críticas mais comuns a esse modelo referem-se ao seu baixo poder explicativo; ao fato de ser mais uma ideologia e uma projeção utópica do que um modelo analítico, na medida em que não propõe soluções para os conflitos e batalhas que antecedem uma decisão; à inobservância da existência de diferenças na autoridade legal entre os membros; e ao desprezo, à necessidade de procedimentos padronizados nas atividades ordinárias. c) Modelo político: segundo Baldridge (1983 apud TREVIZAN, 1989, p.10) Mais que uma empresa holística, a universidade é um sistema pluralista freqüentemente fraturado por conflitos em linha de disciplinas, subgrupos de professores, subcultura de estudantes, divisões entre administradores e professores e disputa entre escolas (...). O ponto crucial é este: porque a estrutura da universidade é dispersa, ambígua e instável, sem definição clara, o poder na estrutura da universidade também é disperso, ambíguo e pouco claro. Reconhecendo que os modelos burocrático e colegiado não são suficientes para explicar o que ocorre nas universidades, Baldridge (1983 apud TREVIZAN, 1989, p.10) sugere que essas instituições sejam analisadas como sistemas políticos em miniatura, que focalizem a formação de políticas que orientem o estabelecimento de objetivos e, assim, 93 definam os seus rumos. A tomada de decisão é confusa e descentralizada, visto que a organização é fragmentada em grupos de interesse com objetivos distintos que competem entre si. O poder é difuso e os indivíduos se constituem em grupos para aumentar sua influência, selando compromissos e fazendo barganhas como forma de obter os resultados desejados. De acordo com o modelo político, o dirigente desempenha um papel mais político que administrativo, atuando como um "estadista" entre blocos de poder, um ator inovador que usa experiência, conhecimentos, informações e a sabedoria conjunta de sua equipe para planejar o futuro da instituição. As características dos principais elementos de decisão e suas implicações no modelo colegiado podem ser analisadas no quadro a seguir: ELEMENTO DE DECISÃO Valores Alternativas CARACTERÍSTICAS IMPLICAÇÕES Múltiplos não-consensuais baseados em interesses próprios. Expressões dos próprios interesses dos atores. Os atores têm interesses mais diversos, além de quaisquer objetivos mais altos. Premissa Vencer. Escolha Ratifica as propostas do bloco majoritário. Sectarismo. Sobrevivência dos mais preparados; construção de colisões; arena para negociações. Provavelmente não desejadas por nenhum ator em particular. Pouca ou nenhuma ligação causal entre objetivos e resultados. Certificar e monitorar detalhes das Brincar com detalhes. escolhas. Conseqüências negociadas da Resultados Mudança nas condições organizacionais. escolha. Mudanças relativas no poder do Feedback ator e nas condições organizacionais. Quadro 13 - O modelo político: decidindo através da resolução de conflitos Implementação Fonte: ALMEIDA, 1994. Embora o modelo político explique melhor grande parte das decisões que são tomadas na universidade, muitas delas não são tomadas no calor da discussão política, mas obedecendo a procedimentos padronizados que dominam a maior parte da instituição. d) Modelo "anárquico-organizado": no modelo anarquia organizada, elaborado por Cohen, March; e Olsen (1983 apud SIENA 1993), os autores desafiam os critérios da racionalidade organizacional, segundo a qual a decisão tem por base uma relação lógica entre a ação e sua conseqüência. Assim as decisões são tomadas perante objetivos indefinidos, falta 94 conexão entre problemas e soluções, há pouco esforço para a racionalização dos meios, a participação é fluida, a tecnologia indistinta e a estrutura de decisão, problemática. Nesse modelo, as decisões menos se tomam e mais acontecem; cada indivíduo é visto como tomador autônomo de decisão e os dirigentes são relativamente débeis em promover uma ação coordenada. As soluções não têm caráter definitivo, mas visam a atender, momentaneamente, os segmentos mais atingidos por determinados problemas, que são deslocados de um lado para outro, retornando e exigindo novas decisões. De acordo com o modelo da anarquia organizada, os líderes ou dirigentes agem como "canalizadores", canalizando e facilitando o processo decisorial. Os principais elementos de decisão, suas características e implicações no modelo anarquia organizada estão no quadro a seguir. ELEMENTO DE DECISÃO Valores Alternativas Premissa CARACTERÍSTICAS Difusos, múltiplos; implementados pela oportunidade de escolha. Problemas e soluções oscilantes, variáveis, instáveis. Acidente. Escolha Ratifica a coincidência. Implementação Incidental. Resultados Incidentais. Feedback Novos problemas, soluções e atores. Quadro 14 - Anarquia organizada: decidindo por acidente IMPLICAÇÕES Significância da atenção; participação fluida. Ambigüidade de intenções. Complexidade, ambigüidade; relações causais desconhecidas; tecnologia desconhecida. Sem propósito. Errôneas "lições do passado" Fonte: ALMEIDA, 1994. Embora as características desse modelo existam na universidade em boa parte do tempo, e permitam a visualização das ambigüidades que são fundamentais para se entender e interpretar as inter-relações que ocorrem nessas instituições, o sistema anárquico está longe de caracterizar as universidades como um todo, no que tange ao processo de tomadas de decisões. O quadro apresentado a seguir sintetiza os principais aspectos dos quatro modelos apresentados: burocrático, colegiado, político e anárquico. 95 CARACTERÍSTICAS Estrutura social Processo de tomada de decisão Ciclo de tomada de decisão BUROCRÁTICO COLEGIADO POLÍTICO ANÁRQUICO Hierárquica e unitária (integrada pelo sistema formal). Comunidade de iguais e unitária (integrada pelo consenso). Racional através de procedimentos padronizados. Decisão através da participação e consenso. Fragmentada (vários indivíduos com objetivos difusos vagamente coordenados). Decisão ao acaso sem propósitos claros. • Definição do problema; • busca de alternativas; • cálculos; • escolhas; • implementação. Como no modelo burocrático mas com ampla participação no processo e na escolha. Fragmentada (vários grupos de interesse com objetivos e valores divergentes). Decisão mediante negociação, influência e barganha. • articulação de interesses; • conflito; • processo legislativo; • implementação da política; • feedback. "Estadista" (estrategista político). "Heróica" (habilidade técnica para resolver problemas). "Primeiro entre iguais" Imagem do dirigente (dinâmica interpessoal). Quadro 15 - Comparação entre os quatro modelos de universidade Decisões momentâneas de solução provisória e deslocamento do problema exigindo nova decisão. Negociadores relativamente débeis e de pouco poder. Fonte: SIENA, 1994. Cada modelo analisado representa melhor a realidade de uma universidade, ou parte dela, mas, como foi visto, nenhuma universidade reflete de forma pura qualquer um dos modelos; em contrapartida, as características dos quatro modelos parecem estar presentes em algumas partes de todas as universidades. Assim, não se pode conceber a universidade envolvendo tantas pessoas de uma mesma organização, sem aparatos burocráticos que lhe sirvam como instrumentos na realização de seus objetivos. Por se tratar de uma organização complexa composta de indivíduos diversificados, é um ambiente de intensa interação social, que enseja maior participação de seus elementos constituintes – os colegiados. Exposta aos problemas da sociedade em que atua, reflete os conflitos e problemas sociais em seu ambiente interno de forma consciente e politizada. E finalmente, em função de sua ambigüidade de objetivos e valores, adota aspectos de anarquia organizada com características mais vagas e fluidas. Concluído o estudo sobre a evolução das instituições de educação superior, iremos ao próximo capitulo apresentar a caracterização institucional da UniverCidade – Centro Universitário da Cidade, Instituição do nosso estudo de caso sobre adaptação estratégica organizacional. 96 5 ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DA UNIVERCIDADE Este capítulo tem como objetivo identificar e descrever, analisando o ambiente no qual vem atuando a UniverCidade no período compreendido dos anos 80 até a presente data, bem como as suas mudanças – sempre lembrando que a adaptação estratégica se refere ao processo de ajuste mútuo entre a organização e o ambiente. Buscando explicar e analisar o processo adaptativo desta instituição de educação superior no segmento privado, utilizaremos elementos interpretativos e objetivos que representam as influências ambientais de alto impacto para a instituição, adotando as diferentes fases históricas, dentro do ambiente de negócios das instituições de educação superior. Segundo Pettigrew (apud ROSSETTO, CUNHA, ORSSATTO, 1997), no estudo da adaptação estratégica, adota-se o conceito de processo como uma seqüência de eventos que descrevem como as coisas mudam no decorrer do tempo, pois permite que dados sejam analisados através do tempo e que se realize uma análise holística e dinâmica do processo de mudança sem a preocupação com as mudanças episódicas. Tendo este conceito em mente, a pesquisa longitudinal será utilizada, buscando explicar como a mudança estratégica ocorreu na UniverCidade ao longo do período estudado. 5.1 FASES DO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DA UNIVERCIDADE Durante os seus anos de existência, a UniverCidade buscou adaptar-se ao seu ambiente competitivo, criando novas oportunidades de negócios em sua segmentação de mercado. O autor considera os períodos críticos e cruciais para o segmento da educação privada, devido à reestruturação do sistema de negócios das Instituições de Educação Superior, os últimos 20 anos do século XX e o início do século XXI, onde podemos observar, dentre outros, os seguintes tópicos: a) Valorização da educação na economia do conhecimento, b) Popularização do ensino superior, 97 c) Entrada de novos players no mercado da educação superior, d) Intensificação da concorrência com redução do valor médio cobrado pelas mensalidades e deteriorização das margens de lucro das IES, e) Profissionalização da gestão nas IES, f) Diversificação e flexibilização na oferta de cursos. A partir dos resultados da análise, organizamos o processo de adaptação estratégica da UniverCidade em quatro períodos: 5.1.1 Período 1: busca do crescimento institucional através dos processos de Fusão e Incorporação Durante o período de 1982 a 1998, a instituição buscou através de uma forte política de crescimento, firmar-se no segmento de educação superior, desta forma procedeu a fusão e incorporação de outras instituições de educação, transformando-se, em 1982, em Faculdade da Cidade, com a fusão da Faculdade Brasileiro de Almeida e do Centro Unificado Profissional. Em 1989, foram incorporadas as Faculdades de Administração e Ciências Contábeis São Paulo Apóstolo, e, em 1995, houve a incorporação das Faculdades Reunidas Professor Nuno Lisboa, transformando-se em Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro em 30/09/1998. Analisando os últimos 20 anos do século XX, verifica-se a reforma do sistema de negócios. O ensino ministrado por instituições privadas cresce em todo o mundo, inclusive na Europa, continente no qual a educação tradicionalmente esteve ligada ao poder público. No Brasil, com a falta de investimento do governo no ensino superior público, coube ao setor privado estruturar-se para receber a demanda de alunos, tanto a que estava reprimida como aquela decorrente da expansão do ensino médio público. Embora a expansão do ensino médio deva durar até 2005, o aumento de demanda deste ensino foi ocasionado pelo aporte de alunos de baixa renda, que dependerão de financiamento para cursar o ensino superior. Sustentado em uma expansão da demanda que não possui poder aquisitivo suficiente para arcar com os custos da educação superior particular, e já tendo atendido quase em sua totalidade a demanda reprimida antes da expansão do setor nos últimos dez anos, o ensino 98 superior particular brasileiro passa a viver um momento ímpar e paradoxal em sua história: expansão da demanda total por vagas no ensino superior x estagnação ou até redução do alunado e do faturamento da IES. Assim, mesmo registrando altas taxas de crescimento da demanda de alunos pelo sistema (média de 11,5% ao ano nos últimos cinco anos), as IES, em sua maioria, não conseguem preencher as vagas oferecidas. Esse aparente paradoxo decorre de dois fatores principais: i. - crescimento na oferta de vagas pelas IES (cerca de 20% ao ano) superior à demanda (cerca de 11,5% ao ano) em decorrência da proliferação de IES, cursos, e aumento de vagas; ii. - cerca de 90% das vagas ofertadas pelas IES apresentam mensalidades acima das possibilidades de pagamento da classe C (principal classe social responsável pelo aumento da demanda pelo ensino superior). Assim, na prática, está havendo uma pulverização cada vez maior do alunado procedente das classes sociais A e B, por um número crescente de IES, uma vez que essas classes sociais já eram atendidas pelo sistema antes de sua expansão mais recente, e seu crescimento tem sido apenas vegetativo, ao passo que a classe C encontra dificuldades para ingressar e manter-se nas IES particulares em razão do valor da mensalidade cobrada nestas instituições, gerando um aumento no número de vagas não preenchidas nos vestibulares, bem como de evasão (média de mais de 50% em quatro anos) e de inadimplência (chegando a 30%) ao longo do curso. Os sinais de crise já são evidentes e tendem a se agravar com a continuidade do aumento de IES, cursos e vagas ofertadas pelas instituições particulares, gerando uma pressão pela reestruturação do sistema de ensino superior particular brasileiro, cujas principais mudanças já podem ser observadas: a) Retração e falência – há indícios de retração com a diminuição do porte, e até mesmo de falência de algumas instituições. A Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, viu reduzido pela metade o seu alunado nos últimos anos, passando de 7.916 alunos em 1991 para 3.400 em 2001. A Universidade Gama Filho, considerada a maior universidade particular do Rio de Janeiro até 1991, ano em que chegou a ter 18.037 alunos, em 2001 somava 14.800 alunos. 99 b) Fusões, incorporações e Joint-Venture - diante do atual quadro econômico e das características de seu ambiente setorial específico, assim como já ocorreu entre grandes empresas, bancos e escolas de educação básica, inicia-se no setor da educação superior particular um movimento na direção de fusões ou incorporações, visando à racionalização de recursos, otimização de resultados e, em alguns casos, à simples sobrevivência. Mais do que meras projeções, esta tendência está apoiada em números: segundo o Censo do ensino superior divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) em 2001, as IES particulares ofertaram 1.151.944 vagas para 2.036.136 inscritos em seus processos seletivos; entretanto, apenas 792.096 efetivaram a matrícula, deixando cerca de 31% das vagas ociosas. 80% 20% 71,6% 78,9% 21,1% 1998 28,4% 1999 68,8% 31,2% 2000 Preenchidas 2001 Ociosas Gráfico 7 – Vagas não preenchidas no ensino superior particular (%) Fonte: Revista @aprender Virtual no 12 – maio/junho 2003. Há, entretanto obstáculos significativos na efetivação de fusões e incorporações no setor, dentre os quais se destacam: • predominância de IES sem finalidade lucrativa e impacto tributário decorrente da transformação para LTDA. ou S/A (com finalidade lucrativa); • pouca transparência na gestão das IES, predominando estruturas administrativas familiares; • vínculo afetivo dos mantenedores fundadores às instituições e conseqüente sobrevalorização do negócio; • elevado grau de endividamento (tributário, trabalhista e/ ou financeiro); 100 • diferenças significativas de cultura organizacional, posicionamento e imagem entre IES. d) Redes educacionais e consolidação do mercado - já existem evidências de consolidação no mercado da educação superior. As 10 maiores IES particulares brasileiras tinham em 2002 mais de 440 mil alunos matriculados (correspondendo a cerca de 20% do mercado particular de alunos) e faturaram mais de 2,5 bilhões de reais no ano (4% do faturamento total desse mercado). 575 UNIP 378 Estácio de Sá 345 ULBRA 258 PUC-MG 212 PUC-RS 189 UNISINOS 172 UNIVALI 162 MACKENZIE 151 UNINOVE 126 UNIVERSO 0 100 200 300 400 500 600 Gráfico 8 – Faturamento das 10 maiores IES privadas do Brasil (em milhões de reais) Fonte: Revista @aprender Virtual no 12 – maio/junho 2003 Outro dado reforça a evidência de heterogeneidade do setor e da tendência de consolidação do mercado: menos de 5% das IES particulares concentram quase a metade das matrículas do ensino superior privado no País, enquanto, no outro extremo, 50% das IES particulares absorvem somente 5% das matrículas. Essa tendência decorre principalmente das diferenças de autonomia entre as instituições universitárias (universidades e centros universitários) e os demais tipos de IES presentes no sistema (faculdades integradas, faculdades isoladas, institutos superiores e escolas superiores). Enquanto as primeiras detêm autonomia para criar cursos e vagas nos municípios em que estão sediadas (salvo algumas restrições para a criação de cursos na área 101 da saúde e do Direito), A demais IES necessitam submeter ao Mec qualquer nova iniciativa de criação de um novo curso, passando pelo aumento de vagas, até a mudança do turno de oferta, ocasionando uma significativa desigualdade na concorrência entre elas. Assim, o modelo de gestão padronizada e de ganho em escala, aplicado em organizações como Wall Mart e Mc Donald’s, por exemplo, começa a crescer no ensino superior particular brasileiro, e deverá dominar o mercado em um futuro não tão distante. Os principais exemplos deste modelo de grandes redes educacionais são a Universidade Paulista (UNIP) e a Universidade Estácio de Sá. 5.1.2 Período 2: parcerias e alianças estratégicas Objetivando aumentar a oferta de vagas para atender a crescente demanda de novos alunos, foi efetivada uma parceria estratégica graças ao êxito dos convênios firmados com colégios tradicionais da rede privada do município do Rio de Janeiro, que não utilizavam seus espaços físicos em alguns turnos. Dessa forma, a UniverCidade passou a contar com um maior número de salas de aula, ganhando escala na operação e ampliando, em até três turnos, o acesso ao ensino superior, para alunos de classe social mais baixa que se encontravam distanciados das universidades privadas. Assim sendo, verifica-se um crescimento vertiginoso do nº de Unidades e de vagas conforme quadro nº 16. A estratégia fundamental é o crescimento sem a necessidade de investimentos significativos. Vagas Ofertadas – Autorizadas Unidades Antes da Parceria – 1996 Lagoa Depois da Parceria – 1999 600 600 Ipanema 4.810 4.810 Méier 1.320 1.320 Madureira 5.680 5.680 Recreio 680 680 Bonsucesso -0- 8.790 Cachambi -0- 5.930 TOTAL 13.090 27.810 Quadro 16 - Crescimento na Oferta de Vagas Plenas Fonte: Catálogo Faculdade da Cidade (adaptado) 102 Analisando o período, verifica-se que o acompanhamento das tendências mundiais em educação, as IES brasileiras despertam para a necessidade de efetivarem parcerias nacionais e internacionais, principalmente devido ao aumento da concorrência e das exigências de qualidade. Este processo, observado em especial entre instituições norte-americanas, européias e asiáticas, está centrado principalmente nos seguintes modelos de parcerias: • Desenvolvimento, compartilhamento e transmissão de conteúdos – no Brasil, o maior exemplo é a incorporação do know how metodológico da Universidade de Phoenix do Grupo Apollo pelas Faculdades Pitágoras. • Inovação tecnológica – a Universidade Virtual, formada por um consorcio de dez IES brasileiras para desenvolvimento de metodologia e de conteúdos de educação a distância, é um exemplo desta modalidade de parceria. • Busca de maior internacionalização – possivelmente a modalidade de parceria mais comum entre as IES brasileiras objetiva inserir o aluno no contexto da globalização com uma formação acadêmica e profissional mais cosmopolita, generalista e internacional. • Compartilhamento de investimentos – embora o orçamento nas IES particulares brasileiras venha principalmente das mensalidades pagas por seus alunos, estas instituições estão cada vez mais voltadas à captação de recursos através de parcerias com os setores empresariais, ao desenvolvimento de pesquisas e treinamento, e à busca de aplicações comerciais para os avanços tecnológicos desenvolvidos em seus laboratórios. O principal exemplo dessa iniciativa é o Clube dos Parceiros da FGV-SP, reunindo mais de 70 organizações que contribuem para o desenvolvimento acadêmico da instituição, obtendo em contrapartida uma série de benefícios, além de ampla visibilidade perante a sociedade. • Redução de custos administrativos – consórcios e parcerias colaborativas entre IES permitem que as mesmas aumentem seu poder de barganha junto a fornecedores, ampliem sua eficiência administrativa através do compartilhamento de know how e experiências bemsucedidas para a solução de problemas comuns, bem como para a obtenção de economia de escala, como no caso da realização de processos seletivos unificados. Apesar de ainda predominar no sistema do ensino superior particular brasileiro uma visão de concorrência entre as IES, existe uma forte tendência para uma maior cooperação. Esta prática, cada vez mais comum, indica um novo modelo de gestão que parte da premissa de que é necessária uma atuação mais aberta, aproximando-se de forma estruturada de outras instituições parceiras, e de forma profissional com o mercado empresarial. 103 5.1.3 Período 3: política de preços, alteração do perfil da clientela, diversificação na oferta dos cursos – mudança da missão O Centro Universitário da Cidade tem como missão: Levar uma educação de qualidade para formar uma elite de profissionais que participará da transformação do Brasil em país rico, democrático e alinhado às nações livres do chamado Primeiro Mundo, levando esse tipo de ensino aos quatro cantos da Cidade, por preços ao alcance das possibilidades dos alunos de todas as camadas sociais”. A rápida expansão obtida nos últimos anos só foi possível devido à opção por uma política de preços agressiva. O preço dos cursos, por exemplo, apresenta mensalidades, que variam de 60%, da Unidade Bangu, para Unidade Lagoa, sede da UniverCidade. Os preços baixos foram possíveis graças ao êxito dos convênios firmados com colégios da rede privada do município do Rio de Janeiro, que não utilizavam suas salas de aula, no turno noturno. Dessa forma, a UniverCidade passou a contar com um maior número de salas de aula, possibilitando, dessa forma, o acesso dos alunos que se encontravam longe das universidades Outro diferencial estratégico foi à opção pela existência de múltiplos campi. Com o objetivo de chegar aos bairros mais distantes da Cidade do Rio de Janeiro, bairros com uma população mais carente, e que ao mesmo tempo aspirava pela chegada de uma instituição de ensino superior, a UniverCidade ampliou o número de sedes próprias, abrindo, em alguns casos, cursos nos três turnos. As novas unidades próprias foram abertas na Av. Brasil, Ilha do Governador e Bonsucesso vieram a se juntar a outras já instaladas em Ipanema, Recreio, Lagoa, Méier e Madureira. Na periferia predominou a parceria com colégios tradicionais que tinham uma infra-estrutura que pudesse desenvolver o ensino universitário. Em muitos deles a UniverCidade precisou realizar reformas para torná-los compatíveis com as suas necessidades, tais como laboratórios de informática, bibliotecas, central de atendimento e laboratórios para todas as áreas do conhecimento. O perfil da clientela, que começou predominantemente com a elite do bairro de Ipanema, a partir do momento que começou a expansão pela cidade do Rio de Janeiro, mudou drasticamente. Seguindo a sua missão de atender aos alunos pertencentes às classes mais pobres da população do Rio de Janeiro, a UniverCidade passou a ter um predomínio de alunos 104 das classes sociais C e D. Mais de 80% dos alunos da UniverCidade trabalham e estudam à noite. Para o Professor Paulo Alonso, vice-reitor: É importante ressaltar que mesmo que UniverCidade tenha mudado sua missão, o objetivo de oferecer um ensino de qualidade permaneceu, independentemente da localidade do campus. O professor que dá aula em Ipanema e Lagoa, muitas vezes é o mesmo que dá aula em Bangu, Irajá e Realengo e, às vezes, até coordena uma dessas unidades periféricas. Pioneira no Brasil, a UniverCidade criou a Escola Superior de Profissionais do Futebol, cujo patrono é João Havelange, Presidente de Honra da FIFA, com o apoio da CBF, da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e da Confederação Sul Americana de Futebol. A Escola conta com dois cursos seqüenciais, um de Treinador de Futebol, único no Brasil, e um outro de Gestão Esportiva. Conta, ainda, com um Curso de Extensão para Árbitros de Futebol e uma Pós-graduação em Direito Esportivo. Estes cursos não só foram muito elogiados pelas Comissões do MEC, como são, também, um sucesso de público, tendo já formado quatro turmas. O curso de Informática da UniverCidade vem aparecendo no ranking da revista Info, como um dos cinco melhores cursos de Informática do Brasil, resultado de consideráveis investimentos em tecnologia e recursos humanos no setor. Analisando o período, verifica-se a valorização da educação com a popularização do Ensino Superior e intensificação da concorrência, que apresentamos da seguinte forma: a) Valorização da educação na economia do conhecimento Vários autores falam da emergência de uma Nova Economia pós-industrial e do papel do conhecimento na sua configuração, suplantando fatores clássicos como trabalho, capital e terra. Moe (2002, p.6-9) descreveu a “economia do conhecimento” como uma mudança de um modelo de economia industrial – no qual o sucesso dependia dos recursos físicos e de uma forte estrutura financeira – para um modelo em que o capital humano passa a ser o ativo mais valioso, em decorrência de sua capacidade e competência para obter, disseminar e processar informações. O que ocorre na nova economia é o deslocamento do eixo da riqueza e do desenvolvimento de setores industriais tradicionais – intensivos em mão-de-obra, matéria- 105 prima e capital para setores cujos produtos, processos e serviços são intensivos em tecnologia e conhecimento. Assim, ao contrário do que se possa supor, não são apenas os setores de alta tecnologia que integram a nova economia; mesmo na agricultura e na indústria de bens de consumo e de capital a competição é cada vez mais baseada na capacidade de transformar informação em conhecimento, e conhecimento em decisões e ações de negócios. O valor dos produtos e serviços depende cada vez mais do percentual de inovação, tecnologia e inteligência a ele incorporado. Segundo Embacher (2003) e Moe (2002), alguns sinais concretos da emergência na economia do conhecimento são: • na década de 90, a inovação tecnológica respondeu por cerca de 70% do crescimento econômico mundial e entre 80% e 90% dos ganhos de produtividade; • de 1995 a 1998, o setor high tech foi responsável por 35% do PIB norte – americano; • enquanto em 1931 os investimentos em telecomunicações e informática nos EUA correspondiam a cerca de metade dos investimentos tradicionais, em 1997 passaram a responder pelo dobro destes; • operários de produção, que constituíam 73,4% dos trabalhadores norte – americanos em 1990, passaram a representar 34,28% deles em 1930, enquanto trabalhadores administrativos, técnicos e profissionais saltaram de 17,6% para 52,1% no mesmo período; • investimentos em Educação são responsáveis por cerca de 25% do crescimento econômico; • cada ano adicional de estudo do trabalhador aumenta a produtividade em 3,5% no setor industrial e em 13% no setor de serviços; • projeções de mercado indicam que nesta década, 35% dos empregos nos EUA vão requerer educação ou algum tipo de treinamento pós-secundário, comparado a 65% no início dos anos 90 e 40% em 1950; • a diferença salarial entre trabalhadores com diploma de ensino médio e com diploma de nível superior, nos EUA, que era de 50% nos anos 80, passou para 111% no final da década de 90; • no Brasil, a diferença salarial entre pessoas com diploma universitário e aquelas que concluíram o ensino fundamental era de 474% em 1999, uma das mais altas do mundo. 106 Neste contexto, em que as organizações são impelidas a buscar e manter uma força de trabalho em processo permanente de aprendizagem, objetivando a obtenção de empregados com elevado potencial de agregação de valor, representando uma fonte sustentável de vantagens competitivas, consolida-se uma tendência mundial pela valorização crescente da escolaridade para efeito de empregabilidade em praticamente todos os segmentos, funções e níveis hierárquicos, assim como um aumento da demanda por serviços educacionais decorrente de uma concepção de educação permanente e continuada. No Brasil, o crescimento inconteste da importância do recurso “conhecimento” para a economia e a sociedade brasileira de um lado, e o atraso em termos de escolaridade do País em relação aos países mais desenvolvidos de outro, intensificam a pressão pela obtenção de escolaridade e pelos serviços educacionais: • a escolaridade média do brasileiro é de 3,8 anos (a dos chilenos é de 7,5; a dos argentinos de 8,7; a dos coreanos de 11 anos); • somente 4% da população brasileira possui diploma universitário, e apenas 14% dos jovens de 18 a 24 anos estavam matriculados no ensino superior em 2002 (menos da metade de países como Chile e Argentina). b) Popularização do ensino superior. A despeito de o termo “massificação” – cunhado na década de 70 para referir-se à expressiva ampliação do acesso ao ensino superior naquele período – não ser adequado, visto que o Brasil possui uma relação pequena de alunos na faixa etária recomendada, matriculados no ensino superior, quando comparado a outras nações do mundo, ou mesmo da América Latina (ver Gráfico 9), a ampliação iniciada naquele período e intensificada na última década foi responsável por uma significativa mudança no perfil do aluno do ensino superior brasileiro, o que vem produzindo uma deselitização deste alunado (ver Gráfico 10). 107 1 0 0% 8 0% 6 0% 4 0% 2 0% A dá US na Ca Ja pã o Al em an ha F ra Re nç a in o Un id o i le ina Ch nt ge Ar ru el a Pe zu ne Ve a ij ã o ng ó li ba Az er il o Mo as xi c Br Mé ia ia n ís Tu s ia lá s on é Ma ia gu ai ra Pa In d In d Ch in a 0% Gráfico 9 - Número proporcional de estudantes no ensino superior (em relação à população de 18 a 24 anos). Fonte: Revista @aprender Virtual no 12 –maio/junho 2003. 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 C B B + A- 200 0 2000 A+ 2001 2002 2003 A- 2004 B+ Total A+ 2005 2006 B- C Total Gráfico 10 - Crescimento da demanda para o ensino superior por classe social Fonte: Revista @aprender Virtual no 12 – maio/junho 2003. Assim, o sistema de ensino superior brasileiro, que atendia há pouco mais de 10 anos a cerca de um milhão de alunos, em sua maioria membros de uma elite pertencentes as classes econômicas média e alta, e que só ingressavam no mercado de trabalho após o término desta etapa de estudos, hoje já atende a mais de 3 milhões de alunos, e as projeções apontam para um alunado superior a 5 milhões até o final da década. Esta popularização do acesso ao ensino superior está se dando, quase que em sua totalidade, a partir do ingresso da classe C, e de alunos oriundos do PEA (população economicamente ativa), uma vez que as classes econômicas A e B, além de já serem atendidas pelo sistema, apresentaram apenas um crescimento vegetativo nesse período. 108 A priorização da educação básica nos oito anos do governo FHC, e a implementação dos sistemas de ciclos resultaram numa inclusão de aproximadamente 97% das crianças e jovens na idade escolar adequada a este nível, diminuição da repetência e da evasão escolar, gerando uma demanda crescente para o ensino superior. Com a falta de investimento do governo, coube ao setor privado estruturar-se para receber esta demanda crescente. Como o comprometimento da renda familiar com a educação, segundo estudos apresentados pela Ideal Invest (MINZE , 2003), não ultrapassa a 25%, e o poder aquisitivo dos alunos da classe C não é suficiente para que seus membros arquem com o valor médio das mensalidades cobradas hoje pelas IES, é cada vez maior a pressão e dependência destes alunos em obtenção de financiamento para que cursem o ensino superior. Desta forma, o ensino superior particular brasileiro passa a viver um paradoxo: mesmo registrando altas taxas de crescimento da demanda de alunos nos últimos anos no sistema como um todo, a maioria das IES, quando analisadas isoladamente, não consegue preencher as vagas oferecidas, apresentando uma estagnação, ou até mesmo redução de seu alunado. Isto por que com a proliferação de instituições, cursos e vagas, o número de vagas ofertadas pelas IES particulares tem crescido em uma proporção muito maior que o crescimento da demanda, além do que cerca de 90% dessas vagas apresentam mensalidades acima das possibilidades de pagamento da classe C. c) Entrada de novos players no mercado da educação superior A demanda crescente pela formação universitária e pela educação continuada, as taxas de crescimento e rentabilidade apresentadas pelo setor, a diminuição das barreiras de entrada pelo governo FHC até 2002 foram os principais fatores que motivaram a entrada de novos Players não – tradicionais no mercado da educação superior, tais como: Universidades corporativas: as universidades corporativas, em âmbito mundial e nacional, vêm se multiplicando em número, e a amplitude se suas ações as tem configurado como um novo ambiente de gestão do conhecimento. Inseridas na Economia do Conhecimento, em que a obtenção de vantagem competitiva pelas organizações passa pelo reconhecimento da necessidade de captar e manter funcionários altamente capacitados e com elevado potencial de agregação de valor, as universidades corporativas representam uma transformação, e ainda uma evolução das tradicionais áreas de treinamento e desenvolvimento destas organizações. 109 Embora a denominação “universitária” não confira a essas instituições a mesma conotação que a palavra possui no sistema educacional, seu uso é justificado para denotar a seriedade de propósitos em função do apelo mercadológico e objetivando a criação de uma marca para os seus programas educacionais, materiais didáticos e processos. Muitas destas instituições têm estendido os seus programas de Educação e treinamento a fornecedores, clientes, franqueados, e também a outras empresas. Algumas destas instituições têm tornado os seus programas acessíveis ao público interessado em geral, e outras têm transformado sua universidade corporativa em uma fonte expressiva de receitas. No Brasil, já iniciaram suas atividades a Motorola University, Universidade do Hamburger do Mc Donald’s, Escola Amil, Instituto de Formação Carrefour, Universidade Algar, Unite da Telemar, Universidade TAM, Universidade de Serviços do grupo Accor, Boston School, Visa Treining, Universidade Datasul, e outras mais. A proliferação de universidades corporativas pode representar uma oportunidade para as IES tradicionais concretizarem parcerias e alianças estratégicas. As principais motivações das universidades corporativas, para tanto, incluem a possibilidade de validação de créditos ou de diplomas, o uso da infra-estrutura já existente nas IES, ou a necessidade de professores com conhecimento especializado ou com experiência didática. Entre as IES, este interesse reside na aproximação da realidade organizacional das empresas, no incremento na capacidade de pesquisa, na ampliação das possibilidades de financiamento e no aumento do potencial de captação de estudantes. No Brasil, algumas destas parceiras já foram estabelecidas, como as da Universidade (corporativa) Datasul com a UFSC, para o desenvolvimento de uma ferramenta específica a fim de viabilizar treinamentos “a distância”; com a UDESC, para a oferta de um curso seqüencial de consultor de softwares integrados de gestão, e com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, para a oferta de um curso de MBA voltado igualmente para a gestão de softwares integrados. A Universidade Anhembi Morumbi, igualmente já conta com quatro empresas parceiras na condução de programas de educação corporativa: com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP; com a Softway Telemarketing; com a Multibrás Eletrodomésticos, e com a Dataprev. Embora a proliferação de universidades corporativas possa representar o surgimento de oportunidades estratégicas para as IES tradicionais, conforme assinalado, o cenário mais provável em outros países em que o surgimento das universidades corporativas é anterior à 110 experiência brasileira, aponta para uma série de situações de concorrência em que as universidades corporativas representam um novo componente no contexto do ensino superior. Universidades virtuais: o impacto das tecnologias de comunicação aplicadas à Educação, dentre as quais destacam–se a TV via satélite e a Internet, vem impulsionando em todo o mundo o surgimento de novas instituições, assim como a oferta de cursos não presenciais ou semipresenciais em universidades tradicionais. Só agora o Brasil começa a dar os primeiros passos na utilização da educação a distância (EAD) como ferramenta de ensino. Menos de 3% do total de 3 milhões de estudantes de graduação fazem seus cursos a distância. Segundo pesquisa coordenada pelo diretor de Educação a Distância da Unicsul, João Vianney, em 2002 havia 84.397 alunos matriculados a distância no País. Um número pequeno para um país de dimensões continentais como o Brasil, no qual a EAD poderia ser uma alternativa para a democratização do acesso à educação. Espera-se um significativo crescimento da EAD nos próximos anos, em parte por existir uma demanda ainda não atendida; pelo crescente desenvolvimento tecnológico do Brasil no setor; e pela inclusão desta modalidade na política oficial do MEC para aumentar a oferta de vagas nas universidades federais. Atualmente, o país já é um dos cinco maiores produtores mundiais de softwares para educação a distância e conteúdos on-line. Por outro lado, a infra–estrutura em telecomunicações ainda deve ser um obstáculo por pelo menos mais uma década. Cerca de 70% das cidades brasileiras não contam ainda com provedor local de acesso à Internet, demandando ligações interurbanas para acesso discado. Uma alternativa é a utilização da televisão via satélite, meio de comunicação em que o Brasil tem experiência e ótima infra-estrutura instalada. Com o desenvolvimento da TV digital, o aumento do processo de interatividade entre professor e aluno deve fazer desse recurso um importante instrumento de educação a distância. Outras modalidades de ensino não-tradicional: além das universidades corporativas e das Universidades virtuais, as universidades abertas ou livres (de ensino nãoregulamentado) e as empresas de intermediação (para prestação de serviços e consultoria, gestão de fundos de bolsa, captação de recursos e obtenção de financiamentos, por exemplo) constituem as demais modalidades de organizações não-tradicionais atuando no mercado da educação superior. 111 d) Intensificação da concorrência com redução do valor médio cobrado pelas mensalidades e deteriorização das margens de lucro das IES Devido à incapacidade do setor público de prover recursos para suportar a demanda por ensino superior, o ensino privado acabou sendo protagonista de uma expansão sem precedentes nos últimos dez anos. O ensino superior particular brasileiro tornou-se um dos mais rentáveis investimentos no mercado nacional, atraindo empresários de todos os setores da economia (empreiteiros, construtores, banqueiros, políticos, consultores, ex-reitores de universidades públicas, etc), criando um mercado com mais de 1.500 IES privadas, e com um movimento anual de mais de 12 bilhões de reais. A expansão do setor privado, contudo, gerou uma sobreposição de IES com as mesmas características, concentrando-se na abertura de cursos noturnos clássicos, voltados para o ensino de massa com praticamente nenhuma diferença daqueles das instituições mais tradicionais. Graças à menor necessidade de investimentos para sua abertura, a maior parte dos cursos criados nos últimos anos concentrou-se nas chamadas ciências sociais aplicadas, incluindo cursos de: Direito, Administração, Comunicação Social, Marketing, Economia, Sociologia, entre outros. Embora a expansão tenha sido maior nos Estados e regiões em que o atendimento era menor, e tenha havido uma interiorização da oferta de novas vagas, esta expansão não foi suficiente para alterar (mas apenas atenuar) o panorama de concentração regional da oferta dos cursos privados. Esse modelo de expansão produziu três efeitos significativos e interdependentes sobre a operação das IES particulares: • Intensificação da concorrência entre IES decorrente da sobreposição de instituições com as mesmas características, localizadas em uma mesma região (nos grandes centros urbanos) e ofertando os mesmos cursos clássicos com nenhum diferencial significativo identificado pelo mercado. • Redução do valor cobrado pelas mensalidades, não necessariamente associada a uma estratégia de baixo custo, mas sobretudo como única alternativa para captar mais alunos que a concorrência, ante a similaridade dos cursos oferecidos. • Redução das margens de lucro das IES. Não apenas em decorrência da redução do valor cobrado pelas mensalidades, mas também pelo aumento de custos operacionais, dentre os quais destacam-se: custos de publicidade e captação de alunos, decorrentes da 112 intensificação da concorrência e de uma demanda, em muitos casos, inferior à oferta; e custos com pessoal docente, em virtude da implantação de uma sistemática de avaliação mais estruturada com referências específicas de titulação, jornada de trabalho, experiência acadêmica e profissional, etc. e) Diversificação e flexibilização na oferta de cursos Embora a expansão do ensino superior particular nos últimos anos tenha se concentrado na oferta de cursos tradicionais em determinadas áreas de formação (sobretudo em Ciências Sociais aplicadas), crescem as iniciativas de abertura e diversificação nas modalidades de oferta de cursos superiores no Brasil. Nos últimos exames nacionais do ensino médio (ENEM), cerca de 45% dos estudantes que responderam ao questionário afirmaram que gostariam de prosseguir com os estudos, mas não tinham interesse em cursar uma graduação convencional. Entre as principais razões para a diversificação nas modalidades de cursos superiores ofertados pelas IES incluem-se: a saturação do mercado em várias regiões para os cursos tradicionais de bacharelado e licenciatura; a alteração no perfil e interesses do alunado do ensino médio; e a transformação na demanda por mão-de-obra no mercado de trabalho, com o surgimento de novas oportunidades de emprego e serviços. As principais mudanças na oferta de cursos pelas IES podem ser agrupadas em 4 grandes categorias: Cursos tecnológicos: cursos de orientação menos acadêmica e mais profissionalizante, buscando atender às rápidas transformações econômicas por que passam o País e o mundo; a vocação regional e as atividades desenvolvidas localmente, e a necessidade do aluno de se tornar um profissional em período mais curto. Como a criação dos cursos tecnológicos visa a atender à vocação econômica regional, e esta varia de região para região, há uma grande diversidade de cursos ofertados nesta modalidade em todo o país, incluindo cursos como: Secretariado, Automação de Escritório, Turismo e Hospitalidade, Gestão Ambiental, Fotografia, Agrobiologia, Desenho em Quadrinhos, Radiologia e Diagnóstico por Imagem, e uma variedades de outros temas. Pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) apontou o crescimento de 74,7% dos cursos tecnológicos nos anos de 2000 a 2002, ultrapassando mais que o dobro a expansão dos cursos de graduação, que registrou um aumento de 36% no mesmo período. Os cursos tecnológicos passaram de 364 (2000) para 636 113 (2002) em todo o país. Neste contexto, as IES particulares responderam por 66% desses novos cursos. Cursos seqüenciais: caracterizados como recortes dos cursos de graduação, permitindo aos alunos uma certificação profissional em nível superior mais rápida (dois anos), juntamente com a continuidade dos estudos para obtenção do título de bacharel. Antes de serem implantados no Brasil, os seqüenciais já colecionavam adeptos em outros países, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Neste país, o sistema alternativo para a graduação surgiu no final do século passado com o propósito inicial de separar os dois primeiros anos do ensino superior, e facilitar o ingresso dos candidatos deste nível em instituições que passaram a ser denominadas Junior Colleges ou Community Colleges. Iniciativas alemãs, francesas, italianas e inglesas apontam para caminhos idênticos. No Brasil, os cursos seqüenciais foram idealizados pelo então senador Darcy Ribeiro no artigo 44 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, e regulamentada pelo parecer 963/98, tendo sido definidas duas formas desta modalidade: • os cursos seqüenciais de complementação de estudos: (de destinação individual ou coletiva) dão direito apenas à certificação, e não necessitam de aprovação específica do MEC para seu funcionamento, exigindo tão-somente que a instituição tenha curso de graduação reconhecido pelo MEC, na área do conhecimento a que se vincula o curso seqüencial. Por estas características, esta modalidade de curso seqüencial é destinada exclusivamente a alunos graduados ou graduandos interessados em adquirir conhecimentos em um determinado campo do saber; • cursos seqüenciais de formação específica: requerem prévia autorização do MEC, exceto quando se tratar de oferta por universidades ou centros universitários. Para estas instituições há apenas a comunicação da abertura destes cursos de graduação reconhecidos pelo MEC, na área do conhecimento a que se vincula o curso seqüencial, que deverá ter a duração mínima de 1.600 horas ou de 400 dias letivos (2 anos). Os interessados nesta modalidade devem ser portadores de certificado de ensino médio, e sua conclusão conduz à obtenção de diploma de ensino superior (que não se confunde com o diploma dos cursos de graduação) em um determinado campo do saber. Além da continuidade dos estudos para a obtenção do diploma de bacharel, os egressos dos cursos seqüenciais de formação específica também podem ingressar nos cursos de pós-graduação lato-sensu (enquanto os stricto sensu são reservados aos portadores de diploma de graduação). 114 Flexibilização dos cursos tradicionais – além do surgimento dos cursos seqüenciais e tecnológicos, cresce a flexibilização dos cursos tradicionais impulsionada pela aprovação das diretrizes curriculares mínimas. Quatro transformações principais são observadas nestes cursos: • maior diversidade entre os projetos pedagógicos e as conseqüentes matrizes curriculares dos mesmos cursos entre diferentes IES; • maior flexibilização do projeto pedagógico, permitindo aos alunos de um mesmo curso e instituição fazerem opções distintas, tais como: atividades complementares, práticas pedagógicas ou jurídicas, disciplinas eletivas ou optativas e áreas de formação ou habilitações; • maior diversificação na oferta de cursos de bacharelado, incluindo áreas como: Turismo, Hotelaria, Moda, Gastronomia, entre outras; • aumento dos cursos de graduação ofertados a distância e dos cursos tradicionais presenciais que oferecem a opção de que algumas disciplinas (até o limite de 20% da carga horária do curso) sejam cursadas via EAD. 5.1.4 Período 4: obsessão pela qualidade através do processo de avaliação institucional com a transformação em centro universitário A instituição desenvolve, desde a década de 80, significativos processos de avaliação de suas atividades, que tiveram como resultado importantes mudanças pedagógicas e administrativas. A Faculdade da Cidade, em 1989, realizou importante processo de avaliação de todos os cursos de graduação, visando à reformulação dos projetos pedagógicos. Em 1992 e 1993 foram feitas a avaliação do ciclo básico dos cursos de graduação, dos ciclos profissionais, do atendimento e dos serviços administrativos, culminando com uma reflexão coletiva sobre o perfil da instituição. Em 1994 foi iniciada mais uma ampla avaliação institucional, contando inclusive com a avaliação externa de todos os cursos de graduação. A política de avaliação da UniverCidade antecede às discussões e políticas adotadas pelo MEC, a partir de 1996. Em 1998 a então Faculdade da Cidade foi credenciada junto ao PAIUB – Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras. Foi, na realidade, a primeira IES 115 isolada a credenciar-se junto a esse Programa. Na ocasião, a Comissão Permanente de Avaliação Institucional desenvolveu suas atividades em seis fases: sensibilização, diagnóstico, avaliação interna, avaliação externa, reavaliação e reformulação pedagógica. Desde então os processos avaliativos, focados em diversas dimensões institucionais, tornaram-se rotineiros. A partir de 2000, foi instituído um Programa de Avaliação permanente do Corpo Docente e do Corpo Administrativo, objetivando fazer um levantamento das ações empreendidas e visando eventuais correções de rumo. O Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro – UniverCidade está reformulando, no segundo semestre de 2004, seu processo de auto-avaliação, de acordo com a nova política de avaliação da educação superior proposta pelo MEC. A auto-avaliação institucional é um processo global de reflexão e aprendizagem de toda a comunidade acadêmica, que se propõe a repensar suas ações de forma contínua e construir um projeto institucional auto-orientado. Pressupõe a mudança, a atualização constante das formas de atuação direcionada por objetivos impostos pelo compromisso pedagógico de educar. O projeto de avaliação institucional da UniverCidade tem como fundamentos a construção de uma cultura avaliativa de natureza formativa, pedagógica e participativa, e a reafirmação da consciência de suas funções e de seu compromisso com a sociedade, respeitando a diversidade e a autonomia institucional. Depois de quase dez anos sendo discutida, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei Darcy Ribeiro, é finalmente promulgada em dezembro de 1996. Com a nova legislação, surge uma nova modalidade de instituição superior, denominada Centro Universitário. Com autonomia para criar cursos, remanejar vagas e expandir seus domínios em sua sede, os centros universitários começaram a surgir em todo o Brasil. Em janeiro de 1998, a direção da então Faculdade da Cidade resolve submeter ao Ministério da Educação e ao Conselho Nacional de Educação o seu projeto de credenciamento em Centro Universitário, que acaba logrando êxito. A instituição foi credenciada, por Decreto do Presidente da República, em 30 de setembro do mesmo ano, depois de ter sido visitada em duas ocasiões por técnicos do Ministério da Educação e por membros do Conselho Nacional de Educação. A Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação aprovou, por unanimidade dos seus conselheiros, o credenciamento da instituição, que passou a se chamar Centro Universitário da Cidade, cuja marca é UniverCidade. A partir desse momento, com a autonomia de que gozam os centros universitários, a UniverCidade começou a realizar pesquisas de mercado, através do seu instituto de pesquisas, 116 o DataCidade, visando a identificar bairros nos quais a demanda por cursos de graduação estava reprimida. Analisando o período, verifica-se um ambiente de profissionalização da gestão nas IES. A crescente complexidade do ensino superior brasileiro, do qual a intensificação da concorrência é apenas um componente, passou a exigir das IES particulares um modelo de gestão mais profissionalizado em substituição ao amadorismo predominante no setor. Embora ainda haja muita heterogeneidade nesta questão, não apenas entre diferentes instituições, mas até mesmo entre diferentes áreas de uma mesma instituição (que se encontram em pleno processo de transformação do modelo gerencial e de sua cultura organizacional), é evidente e irreversível a tendência de profissionalização do sistema de ensino superior particular. Entre as principais características deste movimento podem-se destacar: 1. Ampliação do foco de atenção de questões internas (alunos, professores, unidades acadêmicas e administrativas, programas, etc.) e governamentais (marco regulatório), passando a contemplar também fatores do ambiente externo, como: concorrência, mercado de trabalho e mercado consumidor, sindicatos, instituições financeiras, etc. 2. Mudança da cultura organizacional das IES com a substituição de centralização, paternalismo e amadorismo por uma cultura mais profissional, descentralizada, focada em resultados e padrões de performance. Nesta transformação incorporou-se a linguagem do mercado, antes considerado um tabu no meio acadêmico. 3. Contratação de profissionais “do mercado”, com atuação fora do segmento específico do ensino superior, para ocupar cargos estratégicos, antes inexistentes ou entregues a membros do corpo docente promovidos a funções administrativas. 4. Contratação de assessoria e consultoria para a orientação de temas específicos, tais como: administração tributária, cobrança administrativa e jurídica, auditoria e desenvolvimento de processos, head hunter, etc. 117 5. Inclusão de novas áreas de atenção na gestão do negocio, tais como: branding (gestão da marca); marketing de relacionamento; gestão de custos; reengenharia de processos; etc. 6. Adoção de procedimentos consagrados no setor empresarial, tais como: benchmarking; reengenharia; downsizing; balanced scorecard; 118 6 CONCLUSÃO O estudo tem como objetivo destacar quais foram e como se desenvolveram as principais mudanças estratégicas e estruturais ocorridas na UniverCidade nos anos 80 até a presente data, traçando as correlações com os fatores ambientais externos e internos que levaram a instituição através do processo de adaptação, se manter como uma das principais instituições de educação no segmento privado. A UniverCidade - Centro Universitário da Cidade é uma instituição de ensino superior, Unidades localizadas na Cidade do Rio de Janeiro, abrigando mais de 30.000 alunos matriculados, nos diversos cursos de graduação que oferece, além dos que estão cursando os cursos de pós-graduação lato sensu e os inscritos em mais de uma centena de cursos de extensão universitária. Com 1.357 professores altamente capacitados, e com mais de 50% de docentes com títulos de mestres ou de doutores, a UniverCidade é uma das instituições de ensino privado que mais tem crescido e se desenvolvido no Estado do Rio de Janeiro. Desde a sua fundação, em agosto 1982, a instituição vem procurando atender, da melhor forma possível, às necessidades educacionais das comunidades nas quais está inserida. Seu propósito é expandir sua autonomia e constituir-se numa instituição pioneira, qualitativamente avançada e fortemente comprometida com a boa qualidade do ensino que ministra. Para tanto, vem, com a colaboração dos seus professores, perseguindo sua missão, qual seja a de: Levar uma educação de qualidade para formar uma elite de profissionais que participará de transformação do Brasil em país rico, democrático e alinhado às nações livres do chamado Primeiro Mundo, levando esse tipo de ensino aos quatro cantos da Cidade, por preços ao alcance das possibilidades dos alunos de todas as camadas sociais. E foi justamente objetivando atender aos mais carentes que a UniverCidade resolveu, a partir de 2000, expandir os seus domínios aos bairros mais distantes da Cidade do Rio de Janeiro. A Instituição, que começou no bairro de Ipanema, hoje também é encontrada em Bangu, Campo Grande, Irajá, Santa Cruz, Jardim América e Bonsucesso, dentre outros. Deixou de ser uma instituição de elite, para colaborar com a política de expansão do Ministério da Educação, iniciada na gestão do Ministro Paulo Renato de Souza, que queria, como, aliás, conseguiu, aumentar o número de matrículas no ensino superior do Brasil. 119 Mesmo assim, apenas 7,7% da população brasileira, de 20 a 24 anos, têm acesso ao ensino superior. Se esses dados forem comparados aos vizinhos do Brasil, na América do Sul, poderse-ia verificar que esse quadro ainda é mais desalentador. A taxa brasileira é, por exemplo, inferior à da Argentina, 39%, à do Chile, 27%, e à da Bolívia, 23%. A UniverCidade é mantida pela Associação Educacional São Paulo Apóstolo, e inteiramente dedicada à filantropia. Está registrada no Conselho Nacional de Assistência Social e é considerada de Utilidade Pública Federal e Estadual. A UniverCidade é resultante da fusão da Faculdade Brasileiro de Almeida, de propriedade da Família do Maestro Tom Jobim e que funcionava em Ipanema às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, e do Centro Unificado Profissional, da Família Lacombe, que operava em Jacarepaguá. Com a fusão dessas duas tradicionais instituições superiores, nasceu a Faculdade da Cidade, em 1982. Sete anos mais tarde, uma terceira faculdade é incorporada: a Faculdade São Paulo Apóstolo, do emérito professor Carlos Potsch, sediada no Méier. Em 1990, a Faculdade da Lagoa, uma pequena instituição que funcionava também em Ipanema, é incorporada pela Faculdade da Cidade. Em 1996, acontece a maior de todas as fusões, com as Faculdades Reunidas Professor Nuno Lisboa. Com essa incorporação, os onze cursos superiores da Nuno Lisbôa, que eram oferecidos em Madureira e no Recreio, foram igualmente absorvidos pela Faculdade da Cidade. Depois de quase dez anos sendo discutida, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei Darcy Ribeiro, é finalmente promulgada em dezembro de 1996. Com a nova legislação, surge uma nova modalidade de instituição superior, denominada Centro Universitário. Com autonomia para criar cursos, remanejar vagas e expandir seus domínios em sua sede, os centros universitários começaram a surgir em todo o Brasil. Em janeiro de 1998, a direção da então Faculdade da Cidade resolve submeter ao Ministério da Educação e ao Conselho Nacional de Educação o seu projeto de credenciamento em Centro Universitário, que acaba logrando êxito. A instituição foi credenciada, por Decreto do Presidente da República, em 30 de setembro do mesmo ano, depois de ter sido visitada em duas ocasiões por técnicos do Ministério da Educação e por membros do Conselho Nacional de Educação. A Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação aprovou, por unanimidade dos seus conselheiros, o credenciamento da instituição, que passou a se chamar Centro Universitário da Cidade, cuja marca é UniverCidade. A partir desse momento, com a autonomia de que gozam os centros universitários, a UniverCidade começou a realizar pesquisas de mercado, através do seu instituto de pesquisas, 120 o DataCidade, visando a identificar bairros nos quais a demanda por cursos de graduação estava reprimida. Em meio a este movimento de expansão, a UniverCidade redefiniu sua missão. A rápida e impressionante expansão obtida em apenas cinco anos só foi possível devido à opção por uma complexa política de mensalidades, compatível com o bolso dos alunos mais carentes. Os preços baixos nas unidades mais periféricas foram possíveis graças ao êxito dos convênios firmados com colégios tradicionais da rede privada do município do Rio de Janeiro, que não utilizavam seus espaços físicos em alguns turnos. Dessa forma, a UniverCidade passou a contar com um maior número de salas de aula, ganhando escala na operação e ampliando, em até três turnos, o acesso ao ensino superior, para alunos de classe social mais baixa que se encontravam distanciados das universidades privadas. Entretanto, como grande desafio, o objetivo de oferecer um ensino de qualidade permaneceu, independentemente da localidade do campus. Professores que dão aula nas unidades Ipanema e Lagoa, bairros de classe média e alta, muitas vezes também lecionam ou coordenam unidades periféricas como Madureira, Méier ou Realengo. Bangu. Com a expansão geográfica, houve uma mudança significativa no perfil da clientela final da instituição, que começou predominantemente com a elite do bairro de Ipanema. Seguindo a sua missão de atender aos alunos pertencentes a classes mais pobres, a UniverCidade passou a ter o predomínio de alunos das classes sociais C e D, sendo que mais de 80% deles trabalham durante o dia e estudam à noite, sendo uma proporção significativa agraciada com o programa de bolsas de estudo, cerca de 30% dos alunos recebem bolsas de estudos, parciais ou integrais. Ao mesmo tempo em que se movimentava na direção de segmentos de renda mais baixa, a UniverCidade enfatizou seu investimento em ações sociais junto a diversos setores, com destacada atuação no que tange ao meio ambiente e ao ecossistema da própria cidade do Rio de Janeiro. Desde 1989, o Curso de Biologia Ambiental é responsável pela manutenção dos manguezais da orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, assim como faz pesquisas nas lagoas da Barra e de Jacarepaguá, para diagnosticar, por exemplo, a qualidade das suas águas. Na comunidade da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, em parceria com a Dell Computer, a Siemens e a Enterasys, a UniverCidade implantou os Cursos Superiores de Informática e de Pedagogia, totalmente gratuitos para a comunidade daquela área. Além disso, a instituição atua na preparação de jovens carentes para o mercado de trabalho, através do 121 projeto Casa do Rio Comprido, ministrando gratuitamente cursos de extensão no complexo de favelas Pavão/Pavãozinho, assim como mantém a Casa Menino da Luz, em Copacabana. Da mesma forma, os recursos pedagógicos receberam atenção através de convênios tais como o firmado com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, cedendo espaço físico da UniverCidade, para abrigar dois juizados especiais cíveis, o VI, na Lagoa, e XV, em Madureira. A Escola da Magistratura do Trabalho da 1ª Região passou a funcionar igualmente na Unidade Metrô, na Praça Onze. A instituição também desenvolve o programa de Informação Profissional, realizando workshops sobre o cotidiano das profissões e sobre o mercado de trabalho. Na mesma área há o programa Top Trainee e o convênio com o Centro de Integração Empresa - Escola, contribuindo para colocar os seus alunos, no mercado de trabalho carioca. A UniverCidade conta, ainda, com uma Editora Universitária, com mais de 50 títulos publicados e produzidos em gráfica própria, uma Agência de Propaganda, um Centro Cultural, dois teatros, uma livraria, uma agência de turismo e uma central de produção de TV e rádio, além de redações informatizadas. Oficinas de madeira, de metal, de serigrafia dão suporte ao Curso de Desenho Industrial, conveniado com a School of Visual Arts of New York, assim como salões especiais foram construídos para o Curso de Dança. Uma série de outros convênios e intercâmbios, nacionais e internacionais, têm feito parte do cotidiano da UniverCidade, que inaugurou diversos institutos (Instituto de Estudos e Ações Sociais, Instituto de Estudos e Pesquisas Jurídicas, Instituto de Artes Visuais, Instituto de Jornalismo, Instituto de Filosofia e Estudos Interdisciplinares, Instituto de Estudos para o Mercosul,Instituto de Recursos Naturais e Ecoturismo e o Centro de Estudos Português, Brasileiro e Africano de Língua Portuguesa), que objetivam incentivar à pesquisa, contribuindo para elevar a qualidade dos serviços que oferece à sociedade carioca e fluminense. O marketing da UniverCidade é bastante voltado à qualidade do seu corpo de professores, à atualização permanente de seus currículos e às ações de relacionamento com a comunidade. Através de seus institutos e parcerias, a Instituição promove numerosos eventos culturais e científicos como, por exemplo, os eventos em parceria com o Tribunal Superior do Trabalho, com a Escola da Magistratura, com o Balé Kirov, com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e com a Associação Brasileira de Desenho Industrial. A comunicação com a comunidade de alunos inclui expedientes como a Secretaria Virtual e o Fale com o Presidente, ambos através da Internet, sem contar os jornais e revistas da instituição enviadas ao seu público-alvo. A propaganda é agressiva e concentrada na mídia 122 impressa, utilizando-se dos principais jornais do Rio de Janeiro, para a comunicação com sua clientela final e captação de alunos. Com a decisão de expandir os seus serviços e considerando a concorrência crescente na educação superior, tem sido um desafio para os dirigentes da UniverCidade manter o nível de investimento no aprimoramento do acervo dos livros e periódicos, nas instalações, sistemas, pessoal e comunicação. Mesmo assim, a UniverCidade vem cumprindo, e rigorosamente, o seu papel social e seus alunos vêm se destacando nos concursos que participam, nos estágios que realizam e nos Exames da Ordem dos Advogados do Brasil. Por todos esses motivos, a equipe dirigente da UniverCidade tudo tem feito para mantê-la sintonizada com as constantes mudanças educativas, econômicas e tecnológicas do mundo moderno, cada vez mais globalizado. O orgulho de perseguir esse ideal só é superado pelo entusiasmo dos seus professores e funcionários administrativos, cuja dedicação e talento representam a principal propulsão do sucesso da própria UniverCidade. A UniverCidade é uma IES que conseguiu prever e acompanhar a dinâmica da sociedade complexa e transitória, reinventou novas formas de atuar a partir dos novos referenciais da sociedade. O desafio da competitividade é desenvolver uma melhor capacidade de previsão, revitalização permanente dos processos internos, evitar as armadilhas da pretensão do sucesso. O crescimento da UniverCidade não significa vantagem competitiva, nem gera criatividade no uso dos recursos disponíveis na instituição. A UniverCidade entende que para administrar estrategicamente é preciso profissionais que possam ir além do entendimento superficial dos aspectos administrativos e compreendam os sintomas específicos. Na corrida pela competitividade é preciso mais que ação; é vital a compreensão. A compreensão do por que da competitividade é um pré-requisito para passar à frente. O porque da competitividade vai além do porquê da criação de vantagem; é também o porquê da reestruturação e transformação do segmento educacional. Assim sendo, não basta correr atrás dos benchmarking, nem copiar os concorrentes numa desenfreada pela disputa do segmento. O que realmente necessário é a capacidade de transformar a estrutura com conhecimento das forças externas e internas. O estudo traz a oportunidade de analisar um ambiente de negócio em educação e, através do conhecimento e compreensão da sua atividade, avaliar sua escolha estratégica, sendo possível observar as contribuições para análise de outras instituições de educação, destacando os pontos que lhe possam conferir desempenho superior ao demais entes do segmento. 123 Além do horizonte acadêmico, o estudo poderá contribuir para as instituições de educação, que através dos seus resultados poderão compreender alguns dos diversos fatores que possibilitem as instituições obterem melhorias de performance, contribuindo para o seu crescimento. Como descrito anteriormente, este trabalho tratou de um estudo de caso em uma Instituição de Educação Superior, especificamente, um Centro Universitário, sendo assim, as generalizações, mesmo que desejáveis, não são convenientes. A metodologia gerou um volume de dados rico em descrições e um conhecimento da realidade estudada. Recomenda-se, para futuros trabalhos, ampliar essa pesquisa a outras IES, de modo a observar as similaridades do processo de adaptação estratégica, assim como as divergências. Verificar quais as perspectivas das IES sobre o que significa ser estratégico. Elas precisam fazer novas perguntas estratégicas; não apenas como aumentar o número de alunos, como diminuir os custos da folha de pagamento, mas que queremos ser como IES daqui a cinco ou dez anos, como remodelar esse segmento a nosso favor, que novas funcionalidades queremos criar para os clientes e que novas competências essenciais deveríamos estar desenvolvendo? 124 REFERÊNCIAS A SEGMENTAÇÃO no mercado. Escolas que buscam a especialização se impõem mais facilmente diante da concorrência. Revista Ensino Superior, São Paulo, n. 61, p. 14 a 18, outubro 2003,. ALPERSTEDT, Cristiane. Aprendizagem corporativa. Estratégias de promoção da gestão do conhecimento. Revista @prender Virtual, Ceara, n. 10, janeiro/fevereiro 2003, p. 44 a 55. 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São Paulo: Atlas, 2000. 134 APÊNDICE 135 APÊNDICE A - UniverCidade – Ccentro universitário da cidade Caracterização Institucional a) Histórico - O Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro – UniverCidade é uma instituição de ensino privada, sem fins lucrativos e de caráter filantrópico, tendo o seu início no bairro de Ipanema, no Colégio Brasileiro de Almeida, transformando-se, em 1982, em Faculdade da Cidade, com a fusão da Faculdade Brasileiro de Almeida, da Família do Maestro Tom Jobim – situada em Ipanema - e do Centro Unificado Profissional, que funcionava em Jacarepaguá. Em 1989, foram incorporadas as Faculdades de Administração e Ciências Contábeis São Paulo Apóstolo, e, em 1995, houve a incorporação das Faculdades Reunidas Professor Nuno Lisboa, transformando-se em Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro em 30/09/1998. A entidade é mantida pela Associação Educacional São Paulo Apóstolo, fundada em 29/07/1969. A UniverCidade é o maior centro universitário do Brasil e a 12ª maior instituição do país, em número de alunos matriculados, segundo dados do MEC/INEP - Ministério da Educação/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2002. A UniverCidade foi recredenciada pelo MEC, pela Portaria 1.314, de 18/05/2004, publicada no Diário Oficial da União em 19/05/2004. b) Missão Corporativa da UniverCidade – Sua missão é educar com qualidade de excelência, para formar uma elite de profissionais que participaram da transformação do Brasil em país rico, democrático e alinhado às nações livres do chamado Primeiro Mundo, levando esse tipo de ensino aos quatro campos da Cidade por preço ao alcance das possibilidades de alunos de todas as camada sociais. c) Posicionamento corporativo - Desde a sua fundação, a UniverCidade vem atuando à frente do seu tempo, inovando e atendendo seus alunos com uma atuação moderna e eficaz. O desafio dos novos tempos obriga a buscar novas técnicas e ferramentas, com 136 as quais os futuros profissionais possam ingressar no mercado de trabalho, com os conhecimentos exigidos e necessários. Vivemos a era da competição. A proposta é o aprimoramento continuado do conhecimento. d) Organização – Em toda a sua história, a UniverCidade foi dirigida por apenas um presidente – Ronald Guimarães Levinsohn, o que tem garantido à instituição fidelidade aos propósitos originais e continuidade administrativa. A atual Administração está organizada da seguinte forma: Reitor Vice-Reitor Pró-reitor Acadêmico Diretor de Graduação Pró-reitor de Operações Pró-reitor de Admissão e Assistência ao Aluno Diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Pró-reitor Adm. Financeira Diretor de Desenvolvimento Institucional Figura 1 – Organograma da UniverCidade Fonte: www.univercidade.edu (adaptado) No ápice do organograma o Reitor e o Vice-Reitor têm como função à liderança, definindo e aplicando a política para que a UniverCidade tenha êxito. A política está 137 alicerçada na Missão da UniverCidade e nas convicções pessoais dos administradores que acreditam no empreendimento. Assim sendo, com foco em resultados promovem a excelência do desempenho organizacional, servindo de exemplo a ser seguido, definindo o aprimoramento de toda a força de trabalho na UniverCidade. Em patamar abaixo situa-se a Pró-Reitoria Acadêmica é responsável pelo ensino de graduação, pesquisa e extensão, seqüencial, tecnológico e de aperfeiçoamento profissional. A Pró-Reitoria de Operações é responsável pela adequação dos espaços físicos e da infraestrutura, em cada Unidade da UniverCidade, assim como pelas necessidades do processo ensino-aprendizagem, sendo que a sua área de ação compreende a operacionalização dos cursos oferecidos. A Pró-Reitoria de Admissão e Assistência ao Aluno é responsável pelo planejamento, coordenação e acompanhamento das etapas pertinentes de ingresso nos cursos de graduação. Sua área de ação também engloba o acompanhamento de egressos. Cabe à PróReitoria Administrativa-Financeira o setor da Entidade Mantenedora responsável pelos processos de planejamento, programação e execução orçamentária que permitem implementar as ações planejadas. e) Professores – A relação trabalhista na UniverCidade é contratual e regida pela CLT. Há um plano de carreira interno, cujo objetivo é assegurar um corpo docente de excelência, integrado aos objetivos da UniverCidade e continuamente motivado e desafiado através de oportunidades de desenvolvimento acadêmico-profissional. O plano de carreira é estratificado e baseia-se na titulação do professor e no tempo de casa. Possui, basicamente, quatro níveis (professor titular, professor adjunto, professor assistente e professor auxiliar). O corpo docente da UniverCidade, em 2004, é composto por 1.357 professores, dos quais 122 ( 9% ) possuem títulos de Doutores, 592 ( 44 %) de Mestrado, 363 ( 27 %) de Especialistas e 270 ( 20 %) de Graduados. Para a potencialização dos Colaboradores (professores) a UniverCidade investe em atividades de desenvolvimento e capacitação para os funcionários administrativos e docentes. Os docentes da UniverCidade contam com linhas de desenvolvimento e capacitação, a saber: • Auxilio a Pesquisa - Ajuda de custo para professores matriculados em programas de pós-graduação stricto sensu reconhecidos pela CAPES. Em 2003, foram agraciados 15 professores com esta bolsa; 138 • Pós-graduação em Docência Superior - O Curso de complementação pedagógica é oferecido, gratuitamente para os professores da Instituição. Em 2003, • 70 professores bolsistas matricularam-se nesse curso; Workshop Interativo - Atividade que procura integrar e discutir temas relacionados à sala de aula e Oficinas da Cidade - Cursos de capacitação de curta duração nas áreas de informática, comunicação e pedagógica. f) Alunado – Em 2004, a UniverCidade possuía 30.372 alunos. g) Cursos – A UniverCidade oferece cursos de Graduação e Pós-Graduação (lato-sensu), concentrados conforme o núcleo de conhecimento em Escola, assim apresentados: - Graduação – g.1) Escola de Negócios: Administração Administração em sistemas de informações gerenciais Ciências Contábeis Marketing Relações Internacionais Turismo g.2) Escola de Educação e Meio Ambiente: Bacharelado em Ciências Biológicas – Hab. Biologia Ambiental Licenciatura em Ciências – Hab. Em Biologia Letras : português-inglês; português-espanhol; português-literatura; tradutor Pedagogia : administração; supervisão escolar; Formação de Professores : educação infantil: educação média g.3) Escola de Comunicação e Artes: Artes Dramáticas Dança Desenho Industrial , Projeto do Produto e Programação Visual Jornalismo 139 Publicidade e Propaganda g.4) Escola de Ciências Jurídicas: Direito g.5) Escola de Ciências Exatas e Tecnologia: Ciência da Computação Informática Engenharia de Telecomunicações g.6) Escola de Saúde e do Desporto: Educação Física Fisioterapia - Pós-Graduação (lato-sensu): Análise, Projeto e Gerência de Sistemas Projeto e Gerência de Redes de Computadores Didática da Dança Infanto-Juvenil - Ensino de Dança para Crianças Jornalismo Investigativo Psicopedagogia Clínica e Institucional Gestão Empresarial MBA em Turismo , MBA de Varejo e Serviços MBA em Franchising MBA em Gestão de Negócios em Moda Cardiologia Direito das Telecomunicações h) Unidades – Estrutura Regional – As Unidades da UniverCidade estão organizadas em 7 (sete) macroregiões. São elas: Leopoldina 140 a) Unidade Bonsucesso I, II e III – Localiza-se junto à Praça das Nações bem próxima à entrada para a Linha Amarela, suas Unidades dispõem de biblioteca, auditório, quadra poliesportiva e laboratórios de Informática. b) Unidade Ilha do Governador I, II, III, IV e V – Situadas na Estrada do Galeão e na Rua Sargento João Lopes, estas Unidades dispõem de biblioteca, auditório, quadra poliesportiva e laboratórios de Informática. • Zona Sul a) Unidade Ipanema - Os alunos da Unidade Ipanema, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, usufruem da localização privilegiada em um dos pontos mais valorizados da Zona Sul do Rio de Janeiro. Com três prédios, situados próximos ao centro do bairro, onde estão localizadas livrarias, cinemas e teatros, a UniverCidade dá a seus alunos a vantagem de passarem horas em uma das áreas de maior efervescência cultural da cidade do Rio de Janeiro. b) Unidade Lagoa - Com instalações modernas e arrojadas, a Unidade Lagoa tem mais de 20.000 metros quadrados, com 90 amplas salas de aula. É a sede dos cursos de Direito, Relações Internacionais, Administração e Marketing, além de também abrigar a Central de Propaganda, a Unikey - Provedora de Internet, a Biblioteca, o laboratórios de informática, o teatro, e o auditório que compõem a excelente estrutura à disposição dos estudantes, professores e da Reitoria da UniverCidade. • Centro a) Unidade Centro Aeroporto – b) Unidade Metrô c) Unidade Mangueira • Méier a) Unidade Méier - Em terreno com mais de 9.000 metros quadrados, a unidade conta com várias construções, 48 salas de aula, distribuídas da melhor maneira, a fim de proporcionar um ambiente agradável e localização privilegiada. A Unidade é muito bem servida de condução com destino a todos os bairros da cidade. 141 b) Unidade Arquias Cordeiro I - Possui mais de 1.500 metros quadrados de área construída, e está situada próxima à estação férrea do Méier, principal elo entre o Centro da Cidade e os diversos bairros até a baixada Fluminense. Junto à estação existem dois terminais rodoviários que complementam o fácil acesso à UniverCidade, permitindo até mesmo a integração com o metrô. A Unidade localiza-se a cinco minutos da Linha Amarela, que oferece uma alternativa rápida aos bairros da Zona Oeste e à Baixada de Jacarepaguá, conectando-se ainda à Avenida Brasil e à Linha Vermelha, garantindo, assim, uma eficiente ligação rodoviária às principais vias. c) Unidade Arquias Cordeiro II - A Unidade possui situação geográfica privilegiada. Está próxima do Hospital Salgado Filho, 3º Batalhão da Polícia Militar, Basílica Nossa Senhora Coração de Maria, Teatro Miguel Falabella e Bibliotecas Estaduais Carlos Alberto e Lima Barreto. Com mais de 1.200 metros quadrados de área construída, a Unidade está situada próxima à estação férrea do Méier. d) Unidade Cachambi - A Unidade Cachambi é muito bem servida de condução e fica bem próxima da Rua Dias da Cruz, a principal artéria do bairro. Dispõe de salas de aula amplas e arejadas, laboratórios de Informática, auditório, biblioteca, sala de multimídia, além de praça esportiva coberta. e) Unidade Dias da Cruz I, II e III - Situada a cinco minutos da Linha Amarela, alternativa rápida aos bairros da Zona Oeste e da Baixada de Jacarepaguá. Conecta-se, ainda, à Av. Brasil e à Linha Vermelha, o que garante eficiente ligação rodoviária às principais vias e regiões da Cidade. Com situação privilegiada, localiza-se próxima à estação férrea do Méier e aos terminais rodoviários. f) Unidade Nota Dez - Localizada na mais importante artéria comercial do bairro, está a dez minutos da estação férrea do Méier, principal elo entre o Centro da Cidade e os diversos bairros até a Baixada Fluminense. Junto à estação existem terminais rodoviários que, também, facilitam o acesso à UniverCidade, permitindo até mesmo a integração com o metrô. Fica próxima da Linha Amarela e oferece conexão à Av. Brasil e à Linha Vermelha. • Madureira 142 a) Unidade Madureira I e II - A Unidade está localizada no centro de uma região em permanente desenvolvimento e com múltiplos acessos. Seus alunos têm à disposição cursos superiores de alta qualidade, com totais condições de atendimento a um mercado de trabalho competitivo e em constante evolução. b) Unidade Irajá • Zona Oeste a) Unidade Bangu b) Unidade Campo Grande – c) Unidade Santa Cruz I e II • Jacarepaguá a) Unidade Recreio - Ocupa uma área de cerca de 460.000 m2 em meio a uma natureza exuberante na fronteira com Vargem Grande. Às margens do Canal de Sernambetiba, que deságua entre a Prainha e o Recreio dos Bandeirantes, a Unidade dispõe de salas amplas, arejadas e silenciosas para os cursos que ministra, uma imensa área de lazer, totalmente adequada à realidade do mercado. O ginásio coberto, as quadras, as piscinas, a pista de atletismo e o campo de futebol formam o núcleo pioneiro de uma grande arena esportiva. b) Unidade Freguesia c) Unidade Taquara – Com instalações modernas, possuim uma grande infra-estrutura, composta de Laboratórios de Informática, Biblioteca, vinte e seis salas de aula, Sala dos Professores, Central de Atendimento, Central de Cópias (Xerox), Auditório com capacidade para 700 pessoas e uma área interna onde está localizada a cantina. A Unidade situa-se na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, bem próxima à Estrada dos Bandeirantes, área bem servida de transporte rodoviário. d) Unidade Praça Seca O Centro de Tecnologia da Instituição A Tecnologia da UniverCidade tem como objetivo prover os recursos e a infra-estrutura em informática e telecomunicações. Todas as nossas unidades estão interligadas por fibra ótica a 143 unidade Sede – o Campus Lagoa, onde se encontra o Centro Tecnológico, a gerência de rede e a saída para a Internet. Figura 2 - Rede de Telecomunicações da UniverCidade Fonte – Centro Tecnológico O Centro Tecnológico equipado com servidores (Dell) e equipamentos de rede (Enterasys) permite a criação de uma comunidade acadêmica virtual para so corpo docente, discente e administrativo. O investimento feito em equipamentos modernos e treinamento de pessoal garante alta disponibilidade, eficiência e segurança. Serviços prestados: • Alta disponibilidade “24 horas” ( servidores em cluster) • Segurança ( backup , firewall , nobreak e gerador ) • Manutenção integrada da base de dados ( storage ) • Sistemas Administrativos, de Biblioteca e Secretaria Virtual WEB. • Provedor de acesso discado para o corpo docente (gratuito) 144 • Correio Eletrônico e Internet para todos (gratuito). • Serviço de digitalização. • Helpdesk (manutenção de hadware e software). • Laboratórios de informática e especiais (cerca de 3.000 computadores) que estão a disposição dos alunos para pesquisa e/ou qualquer projeto que possa contribuir para seu melhor desempenho acadêmico. Responsabilidade Social Ao assumir e apoiar causas sociais, a UniverCidade tem como foco principal jovens desassistidos. Todas as atividades estão voltadas para instrumentalizar crianças e adolescentes na gestão de sua autonomia, desenvolvendo a auto-estima, contribuindo para a construção e o exercício da cidadania. A UniverCidade pretende, assim, ampliar o universo cultura das comunidades onde está inserida. a) Bolsas de Estudos A UniverCidade entende que a única maneira de resolver muitos dos problemas existentes hoje em nossa sociedade é permitindo aos menos favorecidos financeiramente a condição de concluir, com êxito, a graduação. Vários estudos demonstram a excelência do retorno do investimento em capital humano, comparativamente ao retorno do investimento em capital físico. No entanto, se esse capital humano não se enquadra dentro de parâmetros e controles previamente definidos, estaremos privilegiando alguns em detrimento de muitos. Com este objetivo, a UniverCidade, além das obras sociais das quais participa, reserva, semestralmente, um período para os alunos solicitarem bolsas de estudo. A revalidação periódica é peça fundamental para evitar a perpetuação de distorções e, mesmo os beneficiários das bolsas de estudo corporativistas – resultantes de acordos sindicais – estão sujeitos ao cumprimento dos critérios estabelecidos. A proposta é procurar de alguma forma ajudar os alunos que comprovem suas dificuldades financeiras, proporcionando-lhes um desconto parcial ou integral no valor das suas mensalidades. Assim, são analisados os pedidos, um a um, e, na medida do possível, atendidos casos que privilegiam o seguinte binômio: menor poder econômico com melhor desempenho acadêmico. A Instituição vive, exclusivamente, das mensalidades recebidas. Com esta receita gera a manutenção das Unidades, o pagamento dos funcionários e os 145 investimos em equipamentos. Assim, é importante alertar: os estudantes que ingressam na UniverCidade e posteriormente solicitam, através do Programa de Bolsas de Estudo, o benefício, precisam saber que a concessão do pedido depende da comprovação da documentação solicitada e ainda da disponibilidade da UniverCidade. Os projetos mantidos pela Instituição são: b) Projeto Mangueira Cursos de Tecnologia em Informática e Pedagogia, totalmente gratuitos, desenvolvidos no CIEP Nação Mangueirense. Em 2003 , 486 alunos foram beneficiados. c) Projeto Menino de Luz O projeto consiste em oferecer Ensino Fundamental totalmente gratuito a crianças carentes do complexo Pavão/Pavãozinho. Inicialmente, assistindo alunos de 5ª, 6ª e 7ª séries, a Associação Educacional São Paulo Apóstolo, através de seu colégio de aplicação, o Colégio Cidade, fornece além do Ensino Fundamental, atividades extraclasse, informática, livros e uniformes. Em 2003, foram 73 alunos beneficiados. d) Núcleo de Prática Jurídica Implantado em seis Unidades, o Escritório de Prática Jurídica tem por objetivo oportunizar o estágio dos alunos de direito como fator fundamental, criando condições de aprendizagem, para que discentes desenvolvam e ponham em prática seu conhecimento jurídico nas comunidades carentes que fazem jus à justiça gratuita e que necessitam de atendimento. Orientando-as e defendendo-as nas questões judiciais, bem como protegendo seus direitos e interesses, com destaque para os conflitos nas áreas criminal, trabalhista, cível, família e orfanológica, fazendo com que a justiça chegue até as camadas mais pobres da população. Em 2003, foram atendidas 1.823 pessoas carentes. Ainda com o propósito de possibilitar aos alunos um eficiente aprendizado prático, foi firmado convênio entre a UniverCidade e o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que permitiu a instalação do Sexto Juizado Especial Cível, na Unidade Lagoa, e do Décimo Quinto Juizado Especial Cível, na Unidade Madureira. e) Projeto ‘MUITO PRAZER, SOU CIDADÃO’ 146 A UniverCidade firmou convênio de cooperação com o MEC para implementação do Programa Brasil Alfabetizado na Cidade do Rio de Janeiro. Professores e alunos da UniverCidade participam do projeto “Muito Prazer, sou Cidadão”, criado pelos cursos de Formação de Professores e de Pedagogia. O projeto pretende chegar às comunidades carentes da sociedade. Sob orientação dos professores, cerca de 120 alunos participaram do processo de capacitação. Atualmente, 727 pessoas estão sendo alfabetizadas no âmbito do projeto, na comunidade Rio das Pedras e nas Unidades Madureira e Unidade Méier. f) Meio Ambiente Nítida preocupação com os aspectos de educação e preservação ambiental, como o desenvolvimento do Projeto Manguezal da Lagoa, recuperação do Rio dos Macacos, manutenção da Trilha da Catacumba, na Lagoa, adoção das Praças Alcio dos Santos, no Humaitá, e José Acioly em Ipanema. Convênios Êxito dos convênios firmados com colégios tradicionais da rede privada do município do Rio de Janeiro, que não utilizavam seus espaços físicos em alguns turnos. Intercâmbios A troca de experiências com centros de estudos nacionais e internacionais é mais uma das vantagens para quem estuda no Centro Universitário da Cidade. Através do setor de Programas Internacionais, alunos e professores realizam intercâmbio com instituições conveniadas, como California State University Northridge, New York School of Visual Arts, Pratt Institute, University of Maryland University College, dos Estados Unidos; Federação Latino-Americana de Escolas de Comunicação Social, do México; Associação LatinoAmericana de Desenho Industrial; National College of Art; Unité d' Enseignement du Tourisme e Sociedade Internacional de Criminologia, da França; Universidade de Montreal, do Canadá; Universidade de Essex, da Inglaterra; Universidade do Porto, de Portugal; Tel Aviv University (Israel); Eshed Robotec (Israel); Instituto Camões; e Universidade Católica de Salta, da Argentina.Centro Interamericano de Comercialização da Organização dos Estados Americanos (CICOM - OEA) 147 a) Unité d'Enseignement du Tourisme – UET Na área de Turismo, a UniverCidade firmou convênio com uma das mais modernas e atuantes escolas da França, a UET - Unité d' Enseignement du Tourisme, pertencente ao grupo Nouvelles Frontiéres. Estudar turismo é estar em dia com o ritmo do mundo. Os alunos, através desse convênio, podem participar de estágios na França, em hotéis do grupo Nouvelles Frontiéres. b) New York of Visual Arts Dentro da proposta de promover o aprimoramento e a melhor qualificação dos alunos, são oferecidos, além das atividades curriculares, diversos workshops em convênio com instituições nacionais e internacionais. Um dos mais importantes é realizado em parceria com professores da New York School of Visual Arts com a presença de designers e ilustradores de grande renome internacional. c) Universidade Católica de Salta Tradicional Instituição de Ensino Superior da Argentina, a Universidade Católica de Salta desenvolveu, durante os últimos 20 anos, importantes programas de graduação e pósgraduação, além de numerosos cursos nas diferentes áreas das atividades empresariais bem como humanísticas. Os alunos egressos da Universidade de Salta têm uma marca empresarial direcionada para a média e pequena empresa, o que se concretiza em um sem-número de convênios desenvolvidos juntamente com universidades italianas, como a de Nápoles, a de Roma, a de Bolonha, a de Milão, entre outras. A Universidade Católica de Salta está construindo uma forte tradição acadêmica de excelência, com inovações curriculares que permitem enfoque gerencial dinâmico, além da formação de executivos com conhecimentos sólidos e genuína orientação internacional dos negócios. d) Universidade de Montreal Visando a enriquecer a formação dos nossos alunos, tem sido estabelecer os mais diferentes intercâmbios. Assim, buscou-se na Université de Montreal unir o tradicional de uma universidade, fundada em 1878, ao Estudo da Arte em matéria de questionamento intelectual. Esse convênio visa a aproximar as diversas áreas de formação com a preocupação 148 do desenvolvimento sustentável. Numa primeira etapa, renomados professores canadenses realizaram seminários e workshops em Ecodesign na Instituição e foram enviados a Montreal alunos do último período do Curso de Desenho Industrial, para um estágio de 6 meses. e) University of Marland University College O Centro Universitário da Cidade e a University of Maryland University College, esta considerada uma das melhores Instituições de ensino norte-americanas e a mais internacional de todas as universidades do mundo, estão engajados num programa de excelência da qualidade de educação, buscando o aprimoramento de seus professores, a modernização e a melhoria de currículo de ensino e dos serviços que presta a seus alunos. Graças a esse esforço cooperativo, os alunos da Faculdade receberão treinamento da mais alta qualidade, além de certificados de conclusão de cursos expedidos em conjunto com a University of Maryland University College. f) Centro Interamericano de Comercialização da Organização dos Estados Americanos (CIOM – OEA) O Centro Interamericano de Comercialização (CICOM) funciona desde 1967 com sede no Rio de Janeiro, mediante convênio de cooperação técnica internacional entre a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Ministério das Relações Exteriores no Brasil. Nos 27 anos de funcionamento do Centro, cerca de 40.000 pessoas já foram beneficiadas pelos cursos interamericanos e seminários nacionais que se oferecem nos diversos países membros da OEA. Adicionalmente, numerosas publicações foram preparadas pelo seu staff, bem como por colaboradores especialistas. O objetivo básico do CICOM é a formação de recursos humanos em nível gerencial para o desempenho de funções tanto no setor privado quanto no público. Essas funções se relacionam com a formulação e a implementação de políticas e estratégias de comércio exterior. Recursos disponíveis para alunos Investir em formação profissional é, antes de tudo, escolher uma faculdade que seja capaz de prover seus alunos com o que há de mais moderno em termos de recursos pedagógicos. Por isso, a UniverCidade se preocupa em acompanhar a evolução das técnicas, equipamentos e metodologias a fim de estar sempre atualizando o currículo do profissional do futuro. Espalhado pelas cinco unidades do Centro Universitário da Cidade pode citar alguns 149 de nossos laboratórios: Circuito Interno de TV, Estúdio de Televisão e Rádio, Laboratório e Estúdio de Fotografia, Redação de Jornalismo Impresso, Ilha de Edição, Unidades Externas de Televisão, Laboratórios de Informática, Laboratório de Química Industrial, Laboratório de Análise Humana, Laboratório de Hidráulica, Laboratório de Engenharia Química, Laboratório de Materiais de Construção, Laboratório de Mecânica dos Solos, Laboratório de Fenômeno de Transporte, Laboratório de Eletrônica e Telecomunicações, Laboratório de Zoologia, Laboratório de Botânica, Laboratório de Anatomia, Laboratório de Histologia e Embriologia, Laboratório de Microbiologia, Complexo de Atletismo, Ginásio Poliesportivo, Campos de Futebol, Salões de Dança e Bibliotecas. a) Central de Estágios Ingressar no mercado de trabalho não é tarefa fácil. Para isso, a UniverCidade criou a Central de Estágios. Ao se cadastrar, o aluno é auxiliado por uma equipe de monitores, que encontra um estágio dentro da sua área. Aos que já estão estagiando, fornece todas as informações e a orientação necessária ao seu maior aproveitamento. b) Assessoria de Comunicação A Assessoria de Imprensa da UniverCidade, criada como laboratório para os alunos dos cursos de Comunicação Social e Marketing, tem como uma das funções, a divulgação externa de fatos, eventos e cursos da Instituição, produzindo matérias e avisos de pauta para as mídias impressa e eletrônica. Apóia a promoção de eventos e produz o clipping diário e o boletim Notícia Instantânea, de circulação interna. O departamento é também responsável por projetos na área de marketing, como o RH Plus. c) Central de Propaganda Como uma Agência de Publicidade e Propaganda, a Central funciona como Laboratório para os alunos dos cursos de Comunicação Social, Desenho Industrial e Marketing. Está equipada com computadores Macintosh, impressoras e demais equipamentos necessários a pré-impressão e à produção gráfica. d) Centro Cultural Universitário da Cidade - Galeria de Arte O Centro Cultural da UniverCidade tem uma estrutura formada pelo Teatro Delfin, com capacidade para 300 pessoas, sala de exposições e galeria de arte. Situado na Unidade 150 Lagoa, o Centro Cultural Universitário da Cidade realiza importantes eventos culturais, exposição de fotos e o lançamento de livros editados pela Faculdade. E assim como a Pequena Galeria da Unidade Ipanema, é também uma outra oportunidade de espaço para professores e alunos da Instituição que desejam expor seus trabalhos e projetos. e) Turismo da Cidade Implantada para oferecer ao Curso de Turismo um laboratório de agenciamento para seus alunos, a Agência Turismo da UniverCidade situada na Rua Garcia D' Ávila, em Ipanema, oferece Intercâmbio Cultural - cursos de língua estrangeira, intercâmbio com escolas de Segundo Grau e universidades, nos Estados Unidos, na Europa, e presta atendimento às agências para serviços de reservas de hotéis e passagens. INSTITUTOS Preocupada em oferecer ao aluno um currículo vasto e abrangente, a UniverCidade se mantém constantemente atualizada com o que está acontecendo no mundo. Assim, o estudante entra em contato com culturas diferentes, expandindo sua mente e seus conhecimentos para além da área acadêmica. Complementando essas atividades, a UniverCidade está ligada à Internet, tendo, assim, acesso a informações e pesquisas nacionais e internacionais, visando a integrar o aluno aos processos econômicos, políticos, sociais e culturais de seu tempo. a) DataCidade O DataCidade - Instituto de Pesquisa da UniverCidade tem o objetivo de realizar pesquisas internas e externas, visando ao aprimoramento do sistema de informações gerenciais e subsidiar as tomadas de decisão da Reitoria da Instituição. Criado em novembro de 1997, o DataCidade já produziu mais de 200 relatórios de pesquisas, desde avaliações com alunos e professores até levantamentos externos, passando por pesquisas políticas e estudos de satisfação. Estudos de Mercado e de Opinião trouxeram importantes informações para o estabelecimento (ou manutenção) de convênios. Entre eles, Colégio Santa Mônica, IBEU e Microsoft. Além disso, o Instituto realiza pesquisas para clientes externos, empresas de representativa importância no cenário econômico brasileiro. 151 b) IPEJUR – Instituto de Pesquisas e Estudos Jurídicos O Instituto de Estudos e Pesquisas Jurídicas é uma organização de alto nível dedicada ao estudo e à pesquisa de caráter especializado e prestação de auxílio técnico à Escola de Direito da UniverCidade. Além desse importante papel, cabe ainda ao Instituto promover pesquisas no campo jurídico e, além disso, incentivar e promover a iniciação científica, bem como a publicação de livros e revistas. c) Instituto de Estudos e Ações Sociais - IDEAS Instituto de Estudos e Ações Sociais da UniverCidade foi criado para discutir, analisar, promover e até sugerir mudanças na sociedade brasileira. No ano de 2001 foi lançado o Caderno IDEAS, uma Revista que reuniu textos de notáveis estudiosos da sociedade. Todos os encontros do IDEAS são abertos à comunidade, pois se trata de um Instituto que visa o resgate à Cidadania. d) Centro de Estudos Português, Brasileiro e Africano de Língua Portuguesa Criação, incentivo e apoio a projetos de pesquisa e investigação relacionados com a cultura dos países de Língua Portuguesa. Com esse objetivo, foi criado, em 1993, o Centro de Estudos Português, Brasileiro e Africano de Língua Portuguesa da UniverCidade. Dentre suas atividades estão as de promover cursos, conferências, palestras, colóquios e seminários; editar publicações sobre o assunto; organizar uma biblioteca especializada; e manter convênios com instituições nacionais e internacionais de amparo à cultura. e) Instituto de Recursos Naturais e Ecoturismo O Instituto de Recursos Naturais e Ecoturismo tem por objetivo principal executar projetos de educação ambiental e ecoturismo considerando princípios de sustentabilidade ecológica, econômica e social, visando, também, desenvolver e implantar projetos de caráter educacional e cultural na área de pesquisa, ensino e extensão. O Instituto também tem editado e publicado revistas de caráter educacional, ambiental e cultural. 152 f) IAV – Instituto de Artes Visuais O IAV foi criado para ser, na Escola de Artes Visuais da UniverCidade, o espaço destinado especificamente à pesquisa em Programação Visual e a conjugar com os professores o esforço dos melhores alunos interessados no aprofundamento das questões que cercam a Programação Visual. O melhor retrato do IAV são os Projetos que desenvolvem. Para nortear essa trajetória, o IAV incentiva também a discussão dos fundamentos conceituais do Design e de sua metodologia e finalidade dos processos de criatividade e da necessidade de inovação. Desse modo, o IAV se propõe a ser um centro formulador de novos conceitos e idéias. g) NPD – Núcleo de Pesquisa em Design O Núcleo de Pesquisa em Design – NPD foi criado em 1997 por professores do curso de graduação em Desenho Industrial da Escola de Artes Visuais da UniverCidade, com o objetivo de desenvolver projetos de pesquisa e produção na área do design. Ao longo desses anos os resultados práticos de uma série de iniciativas e projetos fortaleceram o NPD, transformando-o no principal responsável pela qualidade do ensino na instituição. O NPD é formado por 11 professores pesquisadores que orientam o trabalho dos alunos e prestam serviços de consultoria para outras organizações interessadas em desenvolver estratégias que utilizem o design como ferramenta para o aprimoramento da competitividade de seus produtos. h) Instituto de Jornalismo O Instituto de Jornalismo se propõe a incentivar a produção e a pesquisa do setor, da edição de livros e teses à realização de estudos jornalísticos que levem a um melhor desempenho na profissão, criado em 19 de agosto de 2002. O Instituto de Jornalismo se propõe ainda a preparar alunos para a pós-graduação, assim como promover eventos e palestras que venham a despertar o interesse de nossos alunos para um melhor desempenho de suas funções jornalísticas. Entre estas atividades promove periodicamente seminários com a participação de jornalistas dos mais expressivos jornais e revistas brasileiras. 153 i) Instituto de Filosofia e Estudos Interdisciplinares O Instituto de Filosofia pretende lançar um movimento com o intuito de romper um hábito antigo de só realizar estudos críticos de textos clássicos. Sem abandonar os antigos pensadores, preferimos priorizar o desenvolvimento de mais uma fonte criadora no Brasil e participar do diálogo universal das idéias em tempos de modernidade, globalização e comunicação instantânea. Através de palestras e cursos reune personalidades do pensamento brasileiro e intelectual do Brasil e de Portugal com orientações diferentes – dos diversos campos da cultura para oferecer a estudantes e ao público interessado, publicações e ensino de filosofia, tornando o núcleo destinado a altos estudos acessível a todas as classes. Editora e Gráfica do Centro Universitário da Cidade Com o objetivo de viabilizar todo o material impresso que transita pela instituição, a Editora e Gráfica é a responsável pelo desenvolvimento de publicações dos mais variados formatos. Usando o que há de melhor em equipamento OFF SET, ela presta serviços de impressos em geral tanto internamente quanto para outras empresas. Teatro da Cidade O Teatro da Cidade, situado na Avenida Epitácio Pessoa, 1664, com capacidade para 200 pessoas, é utilizado como laboratório para os cursos de Formação de Atores e de Dança e de auditório para aulas e conferências, além de funcionar para a comunidade. Biblioteca O Sistema de Bibliotecas e Informação tem como objetivo principal assegurar infraestrutura de informação aos programas de ensino, pesquisa e extensão da UniverCidade e apoio pedagógico e cultural. a) ESTRUTURA As Bibliotecas, funcionando em estrutura integrada, obedecem a planejamento e orientação gerais de sua direção em nível de objetivos, de técnicas adotadas, de serviços e produtos oferecidos. 154 b) ACERVO O acervo bibliográfico do Sistema de Bibliotecas é composto de livros, publicações periódicas, monografias de conclusão de curso, CD-Rom, disquetes, fitas de vídeo, fitas cassete, mapas, slides e discos. O acervo, com aproximadamente 180.000 volumes, encontrase distribuído, nas diferentes bibliotecas das unidades. Coleções especiais como as bibliotecas particulares dos Juristas Clóvis Beviláqua e Vicente Sobrinho Porto, parte da coleção de livros do Jornalista Paulo Francis e do Filólogo Otávio de Brito, a série Brasiliana, acervo sobre cultura russa e outras coleções especiais, pode ser consultada na Biblioteca da Unidade Lagoa. c) SERVIÇOS OFERECIDOS São os seguintes os serviços oferecidos: Consulta a bases de dados em CD-ROM / Consulta a banco de dados jurídicos / Empréstimo domiciliar / Empréstimo entre Bibliotecas / Comutação bibliográfica / Levantamento bibliográfico / Acesso à Internet / Treinamento de usuários. d) USUÁRIOS Podem se inscrever nas Bibliotecas professores, alunos e funcionários do Centro Universitário da Cidade, bastando para isso a apresentação do comprovante de vínculo com a instituição. É facultado ao público em geral a consulta ao acervo. Para tratamento e recuperação de informações do acervo das bibliotecas da UniverCidade utiliza-se o sistema Argonauta. e) PARTICIPAÇÃO EM REDES Através da Coordenação Geral das Bibliotecas, o Sistema de Bibliotecas do Centro Universitário da Cidade participa das seguintes redes: a) REDARTE - A Coordenação de Bibliotecas do Centro Universitário da Cidade participa da REDE DE BIBLIOTECAS E CENTROS DE INFORMAÇÃO EM ARTE – REDARTE, desde a sua criação, em 1995. O principal objetivo da Rede coordenado pela FUNARTE é colocar à disposição do público em geral e dos pesquisadores de arte, em particular, todo o 155 universo de informações disponíveis nos vários acervos documentais de um selecionado grupo de instituições culturais e educacionais. Abrange, atualmente, instituições públicas e privadas, incluindo-se também universitárias, sediadas na Cidade do Rio de Janeiro e Niterói. b) PORTCOM – A Coordenação de Bibliotecas do Centro Universitário da Cidade representa a área de bibliotecas e informação na REDE DE INFORMAÇÃO EM COMUNICAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA, da INTERCOM (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação). c) COMUT – O Sistema de Bibliotecas do Centro Universitário da Cidade participa do COMUT (Comutação Bibliográfica), como Biblioteca Solicitante. d) COMPARTILHAMENTO entre Bibliotecas das IES do Estado do Rio de Janeiro – O Sistema de Bibliotecas do Centro Universitário da Cidade participa do grupo desde a sua criação, em março de 1999. Esse projeto visa entre outros objetivos a promoção do uso dos acervos de suas bibliotecas, intensificando o intercâmbio do conhecimento científico, tecnológico e cultural do Estado. A Coordenadoria do Compartilhamento está, no momento, sob a responsabilidade das Diretoras das Bibliotecas da Universidade Veiga de Almeida, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, da Universidade Federal Fluminense e da Biblioteca da Fundação Getúlio Vargas.