Mercado de trabalho de Arquitetura
janeiro/2013
Mercado de trabalho de Arquitetura
Ana Carmen de Oliveira - [email protected]
Máster em Arquitetura
Instituto de Pós-graduação – IPOG
Resumo
O mercado de trabalho da Arquitetura tem tido alterações ao longo das décadas, decorrentes
da situação econômica do país. Estamos atualmente num momento bastante positivo, com
aquecimento do mercado decorrente das políticas públicas de desenvolvimento nas áreas
habitacional, de saneamento, mobilidade urbana, relativas aos investimentos vinculados ao
Ministério das Cidades. Nos últimos anos houveram profundas mudanças no mundo do
trabalho, decorrentes do processo de globalização, com a vinda de grandes escritórios de
arquitetura, de profissionais atraídos pelas informações de falta de mão de obra e pela crise
financeira originada em 2008. Outros fatores também influenciaram no mercado de trabalho
dos Arquitetos e Urbanistas, como a aprovação do Estatuto das Cidades, a criação do
Ministério das Cidades e a elaboração de Planos Diretores. Particularmente no Estado do
Paraná, que por Decreto Estadual tornaram obrigatória a realização para todos os
municípios paranaenses. Mas após anos de estagnação no processo de desenvolvimento
brasileiro, esse segmento mantém algumas das marcas de precariedade que sempre o
caracterizaram, como profissão de elite, distante de várias camadas da população, que ainda
não são atendidas pela Assistência Técnica, já instituída pela Lei 11.888/2008. Os arquitetos
e urbanistas estão com baixíssimos níveis de rendimento e de formalização pelas empresas
públicas e privadas que não seguem o salário mínimo profissional definido por Lei, além de
que a legislação conflita quando o próprio governo cria estatutos próprios para não cumprir
leis. Este texto tem objetivo de demonstrar que os arquitetos e urbanistas podem contribuir
com a melhoria dos projetos, no planejamento e execução de empreendimentos,
proporcionando melhoria da qualidade de vida nas cidades em que vivemos. A metodologia
utilizada proporciona análise dos dados pesquisados nas publicações do Dieese. Desta forma
constata-se a necessidade de ações de valorização profissional, de modo a alcançar melhores
níveis de remuneração, reconhecimento pela sociedade de seu papel social, contribuindo
para melhoria das ambientes e construções, maior acesso da população de baixa renda
através da atuação direta nas prefeituras, pelos convênios e programas de Assistência
Técnica, que estão sendo formalizados pelo SindARQ-PR, com alguns municípios da região
metropolitana de Curitiba.
1. Introdução
O termo arquitetura deriva do grego αρχή [arkhé] significando "primeiro" ou "principal" e
τέχνη [tékhton] significando "construção", refere-se à arte ou a técnica de projetar e edificar o
ambiente habitado pelo ser humano. Assim, a arquitectura trata da organização de espaços e
de seus elementos para fins de moradia, trabalho, de lazer ou qualquer outra finalidade, tanto
interno quanto externo, contemplando o ambiente urbano.
A arquitetura é obra construída e se manifesta pela elaboração de estudos e projetos de acordo
com a atividade ou campo de trabalho do arquiteto, até seu resultado físico construído.
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A arquitetura enquanto atividade é um campo multidisciplinar, incluindo em sua base a
matemática, as ciências, as artes, a tecnologia, as ciências sociais, a política, a história, a
filosofia, a cultura, entre outros.
Atualmente, o mais antigo tratado arquitetônico de que se tem notícia, e que propõe uma
definição de arquitetura, é o do arquiteto romano marco Vitrúvio Polião. Em suas palavras:
"A arquitetura é uma ciência, surgindo de muitas outras, e adornada
com muitos e variados ensinamentos: pela ajuda dos quais um
julgamento é formado daqueles trabalhos que são o resultado das
outras artes."
Desde a antiguidade, o arquiteto tinha conhecimento da arte de edificar, de cultura e de
sensibilidade para resolver os problemas do cotidiano das atividades humanas. Seu
conhecimento deve ser aplicado para que as construções sejam compreendidas e consolidadas,
obtendo um bom resultado final.
O arquiteto era o profissional responsável pela localização e traçado das cidades, inventava e
edificava monumentos, embora raramente se ocupasse da habitação popular.
Através da análise do campo de atuação dos Arquitetos e Urbanistas, de sua formação
profissional, quantificação em relação ao sistema Confea/Creas e dos aspectos macro
econômicos que determinam as condições para o desenvolvimento técnico das atividades
profissionais, foram pesquisados dados e informações que permitem a análise do mercado de
trabalhos destes profissionais.
2. Campos de atuação
A atribuição do Arquiteto e Urbanista envolve várias atividades e etapas desde a analise de
dados e informações, conhecimento de materiais e acabamentos para sua especificação,
elaboração de projetos com detalhamento técnico construtivo, acompanhamento e execução
de obras, entre outras, detalhando abaixo atividades e suas etapas:
Elaborar planos e projetos envolve atividades como:
- Coletar informações, dados;
- Analisar dados, informações;
- Elaborar diagnóstico;
- Buscar um conceito arquitetônico compatível com a demanda;
- Definir Programa;
- Definir Metodologia;
- Definir o conceito projetual;
- Elaborar estudos preliminares e alternativos;
- Definir diretrizes para uso e ocupação do espaço;
- Coordenar os projetos envolvidos;
- Elaborar anteprojetos;
- Elaborar o projeto para aprovação nos órgãos competentes;
- Definir materiais e técnicas;
- Elaborar plano ou projeto básico;
- Caracterizar o programa de necessidades do cliente;
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- Selecionar os sistemas construtivos e acabamentos que melhor se aplicam;
- Elaborar orçamento do projeto;
- Elaborar o manual do usuário;
- Elaborar diretrizes para o aproveitamento do espaço urbano;
- Adaptar o projeto à legislação pertinente;
- Elaborar estudos preliminares;
- Compatibilizar os projetos envolvidos;
- Elaborar o projeto executivo;
- Elaborar o anteprojeto;
- Elaborar planos diretores e setoriais;
- Especificar materiais e acabamentos;
- Quantificar materiais e acabamentos;
- Elaborar o detalhamento técnico construtivo;
- Obter licenças e alvarás para a execução do projeto;
- Elaborar o caderno de encargos.
Fiscalizar obras e serviços envolve:
- Assegurar a fidelidade quanto ao projeto;
- Ajustar o projeto a imprevistos;
- Fiscalizar obras e serviços quanto ao andamento físico, financeiro e legal;
- Monitorar o controle de qualidade dos materiais e serviços;
- Conferir medições;
Prestar serviços de consultoria e assessoramento envolve:
- Avaliar métodos e soluções técnicas;
- Orientar aplicação de métodos e técnicas específicas;
- Fazer laudos, perícias e pareceres técnicos;
- Prestar consultoria e assessoria para aspectos e instrumentos legais;
- Realizar estudo de pós-ocupação;
- Produzir plano diretor;
- Promover integração entre a comunidade e os bens edificados;
- Estabelecer programas de segurança, manutenção e controle dos espaços.
Executar obras e serviços envolve:
- Gerenciar execução;
- Planejar execução;
- Preparar o cronograma físico e financeiro;
- Preparar orçamento;
- Administrar a execução;
- Implementar parâmetros de segurança;
- Selecionar prestadores de serviço, mão-de-obra e fornecedores;
- Acompanhar execução de serviços específicos;
- Avaliar qualidade dos materiais e sistemas utilizados;
- Cumprir exigências legais de garantia dos serviços prestados;
- Avaliar serviços executados;
- Efetuar medições do serviço executado;
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- Providenciar legalização junto a órgãos competentes em todas as etapas.
Desenvolver estudos de viabilidade envolve:
- Analisar documentação do empreendimento proposto;
- Verificar adequação do uso proposto à legislação, condições ambientais, institucionais;
- Avaliar alternativas de implantação;
- Identificar alternativas de operacionalização;
- Identificar alternativas de financiamento;
- Identificar novos nichos de mercado;
- Propor empreendimentos públicos e privados.
Estabelecer políticas de gestão envolve:
- Assessorar formulação de políticas públicas;
- Estabelecer diretrizes para legislação urbanística;
- Estabelecer diretrizes para legislação ambiental;
- Estabelecer diretrizes para preservação do patrimônio natural e cultural;
- Estabelecer canais de comunicação entre sociedade e entidades públicas e privadas;
- Monitorar implementação de programas, planos, projetos;
- Estabelecer programa para conservação e operação de espaços e estruturas;
Executar a construção envolve:
- Estudar os projetos executivos pertinentes;
- Medir serviços de construção;
- Legalizar a obra nos setores competentes;
- Entregar a obra executada;
- Executar reparos e serviços de garantia da obra;
- Orçar a obra;
- Preparar o cronograma físico e financeiro;
- Planejar a execução da obra;
- Administrar a execução da obra;
- Selecionar prestadores de serviço, mão-de-obra e fornecedores;
- Implementar parâmetros de segurança;
- Testar os materiais e sistemas envolvidos na obra;
- Aprovar os materiais e sistemas envolvidos na obra;
- Aprovar os serviços executados.
Verificar a viabilidade de empreendimentos envolve:
- Verificar a documentação do imóvel proposto;
- Verificar a adequação do uso proposto à legislação;
- Verificar a adequação do uso proposto às condições ambientais e institucionais;
- Pré-dimensionar o empreendimento proposto;
- Verificar alternativas de implantação;
- Verificar alternativas de financiamento;
- Verificar alternativas de operacionalização;
- Emitir relatório de análise financeira;
- Emitir relatório conclusivo de viabilidade.
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Fomentar a prestação de serviços arquitetônicos e urbanísticos envolve:
- Identificar novos nichos de mercado;
- Identificar oportunidades de serviços na legislação vigente;
- Divulgar o trabalho arquitetônico e urbanístico;
- Propor empreendimentos públicos e privados;
- Comercializar serviços arquitetônicos e urbanísticos;
- Assegurar a qualidade dos serviços;
- Preservar a relação com o cliente após a conclusão do serviço;
- Dar garantia dos serviços prestados.
As áreas de atuação desenvolvem-se conforme as classificações a seguir relacionadas:
Arquitetura de interiores que organiza o espaço interno, definindo os materiais de acabamento
e a distribuição de móveis, considerando a acústica, a ventilação, a iluminação e a estética.
Arquitetura industrial que planeja projetos para instalação de indústrias, respeitando as
normas e os padrões de técnicos e de segurança exigidos de acordo com a área de atuação do
cliente.
Arquitetura verde que desenvolve projetos residenciais e comerciais que respeitem o meio
ambiente e que se integrem com as características naturais do local, a fim de causar o menor
impacto ambiental possível.
Comunicação visual que cria a identidade visual de empresas e produtos, com logotipos e
material impresso ou digital.
Paisagismo que desenvolve espaços abertos, como jardins, parques e praças, combinando
plantas, pedras, madeiras, calçamento e iluminação.
Edificação e construção que projeta, acompanha e coordena obras, definindo materiais e
controlando prazos e custos.
Luminotécnica que faz o projeto de iluminação de grandes e pequenos espaços. Realizar a
iluminação de eventos.
Restauro de edifícios que recupera casas e prédios antigos ou deteriorados, mantendo as
características originais.
Urbanismo que planeja uma região, cidade ou bairro, elaborando o plano diretor e o
zoneamento que vão direcionar o crescimento.
3. Formação Profissional
A formação do arquiteto e urbanista deve contemplar a imagem e visualização do objeto a ser
construído, para tanto necessita imaginar, definir sua estrutura de sustentação, definir os
materiais de vedação e acabamentos, bem como aproveitamento dos recursos envolvidos.
Em se falando de ambiente urbano é necessário considerar a infraestrutura urbana, redes e
instalações, bem como o sistema de edificações, parques e jardins e demais espaços onde o
ser humano estará utilizando em suas atividades diárias, seja para morar, trabalhar, usufruir de
lazer, adquirir bens e serviços, estudar, se alimentar, etc.
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Toda a formação do arquiteto deve ter por finalidade capacitá-lo a produzir objetos habitáveis,
que respondam às demandas da sociedade, incluindo as disciplinas especializadas para o bom
desempenho do futuro construtor, considerando que a permanente transformação em que
vivemos.
Uma das perguntas que nos fazemos é se as faculdades de arquitetura estão formando os
profissionais para o mercado de trabalho existente? Como está o mercado de trabalho para o
recém-formado?
Atualmente temos quinze faculdades de Arquitetura e Urbanismo no Estado do Paraná, mais
de duzentas em todo o país, que estão formando uma média de quinhentos novos egressos no
Paraná e mais de cinco mil anualmente, em todo o país. Uma das dificuldades que vemos é o
grande estimulo à criatividade, desvinculados das necessidades reais dos futuros clientes.
Falta informação para os egressos sobre visão empresarial, pois grande quantidade de
profissionais, que chega ao mercado de trabalho, cobram valores de honorários inadequados,
desrespeitando as tabelas referenciais de honorários, por desconhecimento de sua composição,
afetando profissionais já atuantes com propostas que não cobrem os custos de horas de
técnicos e profissionais, nem as despesas fixas, tais como água, luz, telefonia, limpeza e
manutenção de equipamentos.
O arquiteto é o profissional responsável pelo bem-estar das pessoas no ambiente em que
moram ou trabalham. Seguindo critérios de estética, funcionalidade e conforto, ele faz
projetos de construção ou reforma de ambientes e escolhe materiais adequados para a obra,
conforme explica a coordenadora do curso Cristina de Araújo Lima.
“O curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPR capacita o profissional
para organizar o meio físico, idealizando os espaços onde o ser
humano exerce suas atividades, tendo em vista tanto os aspectos
utilitários, técnicos e formais, quanto os psicológicos, estéticos e
éticos”.
Os trabalhos das disciplinas práticas abordam temas que contemplam desde o desenho do
objeto até o desenho da cidade, passando pelo projeto de moradias, edifícios de habitação
coletiva, edifícios comerciais, institucionais, loteamentos. Tudo isso de forma a abranger as
quatro grandes atividades do homem: habitar, circular, trabalhar e cultivar corpo e espírito.
Como suporte destas disciplinas, o curso oferece ao aluno oportunidade de familiarização
com técnicas atualizadas, através dos Laboratórios de Computação Gráfica, de Urbanismo, de
Fotografia, de Geoprocessamento, de Modelos e de Conforto Ambiental.
O curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPR está estruturado em 5 anos, visando capacitar o
aluno a atuar profissionalmente segundo o que a legislação brasileira estabelece nas diferentes
áreas de atuação do arquiteto, que são: projeto arquitetônico de qualquer espaço construído –
seja ele edificação, áreas livres, área urbana ou rural; planejamento urbano e regional;
patrimônio histórico; paisagismo; crítica da arquitetura; ensino; arquitetura de interiores.
A educação do arquiteto e urbanista deve ser assegurada por um ensino de nível universitário
que mantenha o equilíbrio entre os aspectos teórico-conceituais, que constituem os campos de
conhecimento de fundamentação e a pesquisa científica, e a prática profissional, entendida
como estágios curriculares e atividades de extensão e de pesquisa aplicada.
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Em se falando na formação profissional, enquadramos outro aspecto de importância, que são
os estágios, tão necessários a complementação do ensino, pois são colocados em prática os
conhecimentos e habilidades adquiridas. Com a inserção dos instrumentos informatizados,
decresceu a demanda por estagiários, pois muitos profissionais com pequena estrutura formal,
passaram a realizar sozinhos os trabalhos que anteriormente eram passados aos desenhistas e
copistas.
Outro aspecto observado é que a remuneração de estagiários está inadequada, quando os
profissionais oferecem baixa remuneração, que muitas vezes não são suficientes para cobrir as
mensalidades das faculdades, tornando-se mão de obra barata, sob alegação de que as
faculdades não estão oferecendo os conhecimentos necessários para o desenvolvimento de
projetos. Inexistem parâmetros que orientem faixas de remuneração de acordo com os
conhecimentos adquiridos.
4. Mercado de Trabalho
Qual o salário de um profissional formado em Arquitetura e Urbanismo? É importante ter em
mente que o salário irá variar de acordo com a região, e com a experiência. Mas a referência
deve ser o Salário mínimo profissional definido pela lei Federal 4950-A/1966, sendo seis
salários mínimos para jornada de trabalho de seis horas diárias, com adicionais de 50% a cada
fração adicional de hora.
Os valores mencionados devem ser de conhecimento geral, levando-se em consideração que
os contratados devem atender os requisitos necessários de acordo com sua formação para
fornecer os resultados esperados pelos contratantes. O desenvolvimento nacional tem
proporcionado um aumento na solicitação de profissional habilitado, tanto na iniciativa
privada quanto na pública, na qual a política governamental facilita a utilização e o
encaminhamento de profissionais, embora notamos que as remunerações dos arquitetos, não
acompanham a remuneração dos engenheiros. Os aspectos culturais em relação aos arquitetos
necessita de mudanças, pois a realização de bons projetos e bem planejados são essenciais
para a realização de bons empreendimentos e começam com o desenvolvimento de projetos
de arquitetura.
Seu campo de ação abrange planejamento físico local e regional, arquitetura de exteriores e
paisagismo, restauração de edifícios históricos, arquitetura de interiores e direção técnica de
obras. Muitos profissionais possuem seu próprio escritório, conforme dados do CREA-PR de
2003, 80% dos arquitetos e urbanistas no Estado do Paraná atuavam como profissionais
liberais, mas outros trabalham como funcionários de empresas públicas e privadas.
Os arquitetos e urbanistas ainda podem trabalhar com projetos sociais, como regularização
fundiária, urbanização de favelas e reciclagem de espaços públicos, através da assistência
técnica profissional de arquitetos, em organizações sociais, movimentos de luta por moradia
ou através de convênios com municípios. Esta modalidade de atuação ainda está em seus
primórdios, visto que a Lei Federal 11.888 foi aprovada em 2008, como tem acontecido
através de convênios entre entidades de classe, prefeituras e o CREA-PR, pelo Programa Casa
Fácil. Com o desmembramento dos arquitetos através do Conselho de Arquitetura e
Urbanismo criado pela Lei Federal 12.378/2010, está sendo possível a realização de
convênios entre as entidades de classe, como os que estão sendo realizados pelo Sindicato de
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Arquitetos e Urbanistas no Estado do Paraná – SindARQ-PR, com duas Prefeituras da região
metropolitana de Curitiba, tendo como base a Lei Federal de Assistência Técnica.
Na construção civil, fazendo gerenciamento e coordenação de obras, estão vários profissionais
arquitetos, inclusive participando como sócios de empresas construtoras. Recentemente,
vários profissionais estão coordenando equipes multidisciplinares, responsáveis por
desenvolver relatórios de impacto ambiental e urbano ou coordenando Planos Diretores
Municipais.
O cumprimento da legislação, como o Estatuto das Cidades, que trata do espaço urbano torna
imprescindível a atuação do arquiteto. Os cuidados com o meio ambiente e aproveitamento
racional dos recursos naturais também têm, na figura do arquiteto, o profissional ideal para
solucionar a questão da ocupação do espaço adequadamente.
Os próximos grandes eventos que o Brasil receberá - a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos
Olímpicos em 2016 - ajudam a manter aquecido o mercado imobiliário nacional, e aumentam
a procura por arquitetos, em especial nas cidades sede do campeonato mundial. Os
profissionais são contratados por grandes escritórios de arquitetura para atuar no projeto e
construção de edifícios e reformas de prédios comerciais e residenciais. Esse mercado vem
crescendo muito, porque os proprietários entendem que o planejamento adequado na
construção valoriza o imóvel.
“Também as obras realizadas pelo Estado estão crescendo. Há
muitas escolas sendo construídas, prédios de serviços públicos, obras
da Petrobras, Prodesp, em que o profissional pode apresentar seu
projeto e concorrer”,
afirma o professor Francisco Segnini Junior, coordenador do curso da USP. Além disso, as
obras de infraestrutura, como rodovias, pontes e portos, geram oportunidades para o
especialista em projetos, urbanismo e paisagismo.
O mercado de trabalho para o arquiteto merece ser discutido detalhadamente, pois do ponto de
vista econômico, o setor da construção civil, ao qual a Arquitetura é ligada, sofre variações de
acordo como o momento econômico. O Brasil é um país que tem ótimas perspectivas para a
atuação do arquiteto, pois ainda há muito a ser feito. Temos um déficit habitacional muito
grande, uma imensa necessidade de planejamento das nossas cidades e urgência de
crescimento sustentável, sendo fundamental o papel exercido pelo arquiteto. Observamos que
a demanda de escritórios com atuação em planejamento urbano está aquém das necessidades
de mercado, demonstrado após a implantação do Decreto estadual em 2004, quando muitos
municípios licitaram a contratação de consultorias e poucas empresas se apresentaram para
atender a demanda existente, sendo vários planos executados com preços abaixo do custo real
e aproveitamento de textos de um município para outro, sem levar em consideração a
realidade local, suas potencialidades e deficiências.
Como contraponto verificamos que muitos governantes não percebem a importância de ter um
bom planejamento e que os Planos Diretores devem orientar o desenvolvimento municipal
definindo as diretrizes discutidas com a sociedade civil e pactuadas de modo a garantir a
participação social.
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Habilitado para conceber espaços e objetos, o arquiteto e urbanista vê seu mercado se
expandir com o "boom" de moradias populares impulsionadas pelo poder público. Porém,
apesar desta possibilidade de melhoria nos projetos populares, temos visto a utilização de
projetos padrões, extensamente repetidos em grandes loteamentos, sendo que aos poucos seus
usuários vão fazendo mudanças sem autorização dos municípios, ampliando e acrescendo
para atender suas necessidades.
O presidente do Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp), Daniel Amor, diz
que todos os anos se formam cerca de 6.500 arquitetos em todo o país, sendo 30% no Estado
de São Paulo. É muito raro, segundo ele, algum ficar sem emprego.
“Durante a faculdade o estudante faz o estágio supervisionado, isso
ajuda ele conhecer o mercado quando se forma. Há várias
oportunidades. Em todo o país, mais da metade das prefeituras não
tem arquitetos”
Quem está há muitos anos no mercado garante que para seguir carreira, mais do que saber
desenhar - já que o vestibular tem prova de habilidade específica - o aluno precisa ter senso de
organização, criatividade e muito jogo de cintura.
“É necessário prestar muita atenção, porque quando menos espera
durante um projeto o arquiteto é desafiado a pensar em uma solução
rápida para um problema de sinalização, acessibilidade,
comunicação ou conforto",
afirma Zan Quaresma, arquiteto e diretor de pesquisa do Sasp.
Para Daniel Amor, ao fazer seus projetos o arquiteto cria obras de arte nas cidades.
“Ao criar, o arquiteto não pensa em uma caixa isolada, um volume
qualquer. Ele pensa em um elemento que vai estar transmitindo um
sentimento dele e vai proporcionar algo naquele que vendo ou
usando."
Arquitetura - atribuição de arquiteto, esta assertiva é da lavra de Eduardo Kneese de Mello,
Presidente do IAB em 1968/69, embora óbvia, não corresponde mais à realidade vivida pelos
arquitetos que exercem a profissão no Brasil. E aborda um equívoco que não atinge apenas a
estes, mas a dezenas de profissões com atribuições também específicas e que não tem a
responsabilidade fundamental de gerenciar o exercício de sua própria atividade. Atividades
como fiscalização, acompanhamento, gerenciamento, direção e até administração de obras
tem sido exercidas pelos arquitetos, cuja participação efetiva garante que o projeto original
seja respeitado, podendo assim resolver questões não previstas principalmente nos casos de
reformas.
Segundo dados do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Confea em
2009, estavam registrados 735.098 profissionais das diversas categorias e modalidades,
incluindo tecnólogos e técnicos de segundo grau. Abaixo quadro com distribuição dos
profissionais nos estados.
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Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Região
Estado
DISTRITO FEDERAL
13.219
GOIÁS
16.603
MATO GROSSO
9.691
MATO GROSSO DO SUL
7.101
ALAGOAS
5.089
BAHIA
34.624
CEARÁ
12.374
MARANHÃO
6.448
PARAÍBA
8.297
PERNAMBUCO
18.690
PIAUÍ
4.028
RIO GRANDE DO NORTE
9.968
SERGIPE
4.151
ACRE
1.280
AMAPÁ
1.186
AMAZONAS
7.703
PARÁ
15.500
RONDONIA
1.880
Sul
RORAIMA
Sudeste
TOTAL
46.614
103.669
30.040
641
TOCANTINS
1.850
PARANÁ
50.021
RIO GRANDE DO SUL
53.849
SANTA CATARINA
28.363
ESPÍRITO SANTO
14.001
MINAS GERAIS
87.657
RIO DE JANEIRO
118.329
SÃO PAULO
202.555
132.233
422.542
TOTAL
735.098
Quadro 1 – Distribuição de profissionais registrados no Confea em 2007.
Este numero distribuído nos Estados do sul do país, distribuídos pelas categorias e
modalidades, apresentam acréscimo de 22% para 2009.
Quadro 2 – Distribuição de profissionais registrados no Confea na região sul, em 2009.
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Agrimensura Agronomia Arquitetura Eng. Civil Eng. Elétrica
PARANÁ
RIO GRANDE DO SUL
SANTA CATARINA
TOTAL
844
372
1.080
2.296
13.359
12.867
6.341
32.567
5.180
8.667
3.068
16.915
13.131
10.814
7.423
31.368
Geologia e
Eng.
Cursos de
Química
TOTAL
Eng. de Minas Mecânica
Especialização
11.339
11.273
5.952
28.564
452
941
167
1.560
4.080
7.195
3.673
14.948
1.586
1.508
556
3.650
50
212
103
365
50.021
53.849
28.363
162.273
Segundo dados do IBGE de 2005, existiam no Brasil 172.726 profissionais empregados,
sendo 9210 arquitetos empregados, correspondendo a 5% do total e 8128 professores de
ensino superior, correspondendo a 5% do total. Observamos que este numero representa em
torno de 20% do total de profissionais registrados no sistema Confea/Crea. A grande maioria
está nas modalidades de engenharias, devendo-se considerar que um percentual de 5 % de
professores estão incluídos arquitetos.
CATEGORIAS
N.º
%
Engenheiros
134.706
78
Agrônomos
17.075
10
Arquitetos
9.210
5
Geólogos/Geofísicos
3.607
2
Professores do Ensino Superior
8.128
5
Total Sistema Confea/Creas
172.726
Fonte: MTE. RAIS 2005
Tabela 1 – empregos de arquitetos em 2005
100
Se considerados por categoria segundo o sexo temos que 54% são do sexo feminino e 46% do
sexo masculino, sendo uma profissão predominantemente feminina.
CATEGORIA
SEXO
Homens
TOTAL
Mulheres
Arquitetos
4216
4.994
9.210
Fonte: MTE. RAIS 2005
Tabela 2 – empregos de arquitetos segundo o sexo em 2005
Com relação à faixa etária, 57% estão entre 30 e 49 anos, 24% tem mais de 50 anos e 20%
tem menos de 30 anos.
CATEGORIAS
Arquitetos
SEXO
IDADE
TOTAL
até 29 anos
30 a 49 anos
Mais de 50 anos
Homens
661
2.262
1.293
4.216
Mulheres
1.135
2.950
909
4.994
Subtotal
1.796
5.212
2.202
Fonte: MTE. RAIS 2005
Tabela 3 – empregos de arquitetos segundo a faixa etária em 2005
9.210
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De acordo com a natureza jurídica dos estabelecimentos, observa-se que os arquitetos
empregados estão 41% no setor publico e 13% estão entidades empresariais estatais, enquanto
que 40% estão em entidades empresariais privadas , sendo apenas 6% em entidades sem fins
lucrativos, conforme o quadro abaixo:
CATEGORIAS
NATUREZA JURIDICA DO ESTABELECIMENTO
Setor
Publico
Federal
Setor
Publico
Estadual
Setor
Publico
Municipal
Entidades Entidades Entidades
Empresaria Empresaria sem fins
is Estatais is
lucrativos
Privadas
Total
N.º
N.º
N.º
N.º
N.º
%
%
%
%
N.º
%
N.º
%
%
Arquitetos
258 3
557 6
2.975 32 1.183 13 3.729 40 508 6
9.210 100
Fonte: MTE. RAIS 2005
Tabela 4– Empregos de arquitetos segundo a natureza jurídica dos estabelecimentos em 2005
Dos 9210 arquitetos empregados 41% estão na administração pública, 32% em serviços, 13 %
na construção, enquanto que os demais outras atividades, conforme demonstra a tabela
abaixo:
CATEGORIAS
SETOR DE ATIVIDADE
Industria de
transformação
Serviços Industriais Construção
de utilidade publica
civil
Comercio
Serviços
Administração
Pública
566
2.930
3.798
N.º de pessoas
Arquitetos
491
160
1.217
Em %
Arquitetos
5
2
13
6
32
Fonte: MTE. RAIS 2005
Tabela 5 – empregos de arquitetos segundo setor de atividade econômica em 2005
41
Do total de arquitetos empregados 54% tem remuneração menor que 10 salários mínimos,
19% tem remuneração entre 10 e 15 salários mínimos e 27% recebem acima de 15 salários
mínimos, enquanto que comparativamente com outras categorias profissionais os percentuais
são de 36% com remuneração menor que 10 salários mínimos, 22% tem remuneração entre
10 e 15 salários mínimos e 43% recebem acima de 15 salários mínimos.
CATEGORIAS
Arquitetos
Total Sistema
SEXO
FAIXA DE REMUNERAÇÃO EM SALÁRIOS
TOTAL
até 10
10,1 a 15
Mais de 15
Homens
2.170
787
1.246
4.203
Mulheres
2.846
944
1.191
4.981
Subtotal
5.016
5.212
2.437
9.184
Homens
47.057
30.884
64.886
142.827
Mercado de trabalho de Arquitetura
Confea/Creas
Mulheres
janeiro/2013
14.142
6.690
8.522
29.354
Subtotal
61.199
37.574
73.408
172.181
Fonte: MTE. RAIS 2005
Tabela 6 – Empregos de arquitetos segundo a faixa de remuneração em 2005
Comparativamente a distribuição dos ocupados segundo posição de ocupação, demonstra que
de modo geral a população brasileira em 2008 apresentava 65,8% de sua população de
ocupados sendo 43,1% no mercado formal, enquanto que dados de 2005 apresentam que
apenas 22% dos arquitetos estão no mercado formal, sendo que sua maioria desenvolve as
atividades como profissionais liberais, empresários e autônomos, conforme tabela 1 do
Dieese.
Esta mesma proporção está representada na região sul do país, conforme demonstrado na
tabela abaixo na tabela 16 do Dieese.
Mercado de trabalho de Arquitetura
janeiro/2013
A distribuição dos ocupados por níveis de rendimento mensal, colocam os profissionais
arquitetos ente os 5,4% da população brasileira que tem remuneração até 10 salários mínimos
e entre os 2,1% que recebem remuneração acima de 10 salários mínimos, conforme
observamos na tabela 19 do Dieese.
A distribuição dos empregos formais segundo escolaridade demonstram que os arquitetos
estão na faixa de 15,9% de empregos com curso superior completo, conforme vemos na tabela
51 do Dieese.
Na sequência observamos que a distribuição pelos setores econômicos estão compatíveis com
a tabela 5, onde os arquitetos estão atuando em determinados setores como construção civil,
serviços e administração pública.
Mercado de trabalho de Arquitetura
janeiro/2013
5. Conclusão
Os arquitetos e urbanistas iniciam um novo momento em sua história, com a criação do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU, tendo realizado sua primeira eleição via
internet em 26 de outubro de 2011, iniciando ainda em dezembro a instalação de sua instância
federal e das instâncias estaduais.
As entidades de classe compostas pela Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas – FNA,
Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas – ABAP, Associação Brasileira de Escritórios
de Arquitetura – AsBEA, Associação Brasileiro de Ensino de Arquitetura – ABEA e Instituto
de Arquitetos do Brasil – IAB, terão também um papel importante na valorização dos
profissionais arquitetos e urbanistas, divulgando para a sociedade seu papel e suas atividades.
Mercado de trabalho de Arquitetura
janeiro/2013
Conforme verificamos pelos dados pesquisados, os arquitetos estando em mesmo nível e com
atividades que possuem importante papel social, estão tendo remuneração inferior a outros
profissionais, tanto no setor privado, quanto no público.
Os arquitetos e urbanistas necessitam ocupar seu espaço na sociedade e neste momento
poderão através de seu Conselho e de suas entidades de classe, que se manifestar junto aos
governantes solicitando que as licitações sejam feitas com projetos executivos completos, de
modo a garantir que os custos das obras sejam mais próximos dos valores reais, evitando o
uso de aditivos e superfaturamento, como temos visto.
Sua atuação junto ao Ministério das Cidades é de suma importância, pois o atendimento às
populações de baixa renda, cujo deficit habitacional não tem sido atendido, visto que os
programas federais apresentados e pactuados com os empresários da construção civil estão
sendo feitos para as faixas de 3 a 10 salários mínimos, inclusive com subsídios que não serão
repassados às faixas de 0 a 3 salários mínimos. Os projetos e planos devem ser mais
diversificados, possibilitando a integração de várias faixas de renda, que contribuem para o
desenvolvimento social.
Outra ação será junto aos municípios que não possuem Arquitetos e Urbanistas em seus
quadros técnicos, considerando que todos os licenciamentos de obras devem contar com estes
profissionais que possuem conhecimentos de projetos e de planejamento urbano para
assessorar nos Departamentos e ou Secretarias Municipais de Urbanismo, de Planejamento.
Referências
FISENGE. O mercado formal de trabalho dos profissionais do sistema Confea/Crea. Rio
de Janeiro, 2007.
KONIGSBERGER, Jorge; ALMEIDA, Lízia Manhães de. O arquiteto e as leis. Manual
jurídico para arquitetos. São Paulo: Pini, 2003.
ASBEA. Manual de Contratação dos serviços de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo:
Pini, 2000.
MEIRA, Maria Elisa. Arquiteto faz projeto E também faz...FNA: Rio de Janeiro, 1997
FNA. Almanarq – Dicas e Informações para o Aquiteto e Urbanista. FNA: Rio de Janeiro,
1998.
GAVA, Ronaldo. Dicas Legais – para quem projeta e constrói. Curitiba: UFPR, 2002.
Brasil. MTE. Relação anual de informações sociais: RAIS: microdados. Brasília, 19992008. CD ROM.
IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: PNAD: microdados. Rio de Janeiro,
2008. CD ROM.
SISTEMA PED. Microdados da Pesquisa de Emprego e Desemprego. São Paulo: DIEESE;
Seade, 2005-2008.
http://aprovadonovestibular.com/arquitetura-e-urbanismo-salario-faculdades-mercado.html
Mercado de trabalho de Arquitetura
janeiro/2013
http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/artes-design/arquitetura-urbanismo602250.shtml
http://arquitetura.up.com.br/secao/157/mercado-de-trabalho.aspx
http://www.conexaoaluno.rj.gov.br/sala-olho-entrevista-16.asp
http://arquiteturaufpb.wordpress.com/o-profissional-arquiteto/competencias-atitudes-ehabilidades-do-egrsso/
http://www.iabrs.org.br/noticia.php?id=1253&PHPSESSID=2ae682f67a085b6d87f005dc37af
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http://www.t2arquitetura.com.br/atribuicao-do-arquiteto.html
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