A gravidade nem sempre é uma boa ideia Pelo Gestor de Produto Ralf Schomäcker Mover enormes quantidades de solo. Colocar a tubagem de drenagem e mover as linhas de esgoto. Atravessar pavimentos em betão. A drenagem por gravidade de águas residuais tradicional pode ser muito dispendiosa, vulnerável a água de retorno e de difícil execução – sobretudo no caso de renovação de edifícios. Uma estação elevatória como a Multilift da Grundfos representa uma solução muito mais flexível para os problemas que o tratamento de águas residuais pode criar num edifício renovado, convertido ou novo. De fácil instalação e manutenção, uma estação elevatória proporciona décadas de funcionamento isento de problemas - incluindo protecção contra água de retorno. Nova solução: É colocada uma estação elevatória Multilift no interior do edifício para efectuar a recolha e a descarga de todas as águas residuais geradas abaixo do nível da superfície e para proteger o edifício de inundações provocadas por água de retorno. A tubagem de compressão deve completar o circuito acima do nível máximo da água de retorno, que normalmente é o nível do solo. Com esta solução 100% segura, o edifício nunca mais terá de ser evacuado durante inundações, visto que o Multilift simplesmente continua a bombear as águas residuais para a rede de drenagem inundada. As águas residuais com origem acima do nível do solo (nível máximo de água de refluxo) são encaminhadas directamente para a rede de drenagem por gravidade. Consulte a ilustração seguinte. Desta vez, na rubrica Em Termos Técnicos, vamos analisar as vantagens das estações elevatórias, demonstrar como é que as redes de águas residuais pressurizadas se podem combinar com sistemas por gravidade de edifícios comerciais e apresentar algumas indicações acerca do dimensionamento correcto. Desafio: Drenar águas residuais de um ou mais níveis subterrâneos de um edifício para uma rede de drenagem por gravidade. Solução tradicional: Instalação de um poço de drenagem em profundidade no exterior do edifício ou de tubagem por gravidade inacessível sob a placa de betão das fundações. É necessário proceder a escavações extensas por baixo e em redor do edifício para executar a ligação com as tubagens. Solução através da qual uma estação elevatória bombeia águas residuais para a tubagem de drenagem por gravidade do sistema sanitário acima do nível do solo. A estação elevatória pode ser colocada no nível subterrâneo mais baixo ou abaixo deste. Solução tradicional por gravidade com tubagem de drenagem em profundidade. As estações elevatórias como a Multilift da Grundfos oferecem vantagens significativas em relação a muitos tipos diferentes de construção – tanto novas construções como renovações – dado que a sua instalação simples pode ajudar a reduzir custos. Por exemplo, no caso de uma loja ser transformada num restaurante com instalações sanitárias subterrâneas. Neste caso, uma estação elevatória iria recolher as águas residuais de todas as novas aplicações sanitárias abaixo do nível do solo e bombeá-las para a tubagem por gravidade existente por baixo do tecto da cave. Isto evita os custos de atravessar o tecto da cave em betão ou de cavar um poço no exterior do edifício para instalar nova tubagem de drenagem. Estações elevatórias As dimensões dos depósitos e o rendimento das bombas de estações elevatórias como a Multilift da Grundfos podem ser adaptados a qualquer edifício. Destinadas para utilização no interior de edifícios, vêm totalmente pré-montadas com um controlador, o que facilita significativamente a instalação. Basta posicionar a unidade, ligar a tubagem de entrada e de saída, montar o controlador na parede – e a instalação está concluída. Quadro 2: Unidades de descarga (DU) Aplicação SISTEMA I Sistema II Sistema III Sistema IV DU DU UD DU I/S I/S I/S I/S Lavatório, bidé 0,5 0,3 0,3 0,3 Chuveiro sem tampão 0,6 0,4 0,4 0,4 Chuveiro com tampão 0,8 0,5 1,3 0,5 Urinol individual com reservatório 0,8 0,5 0,4 0,5 Urinol com válvula de descarga 0,5 0,3 - 0,3 Coluna de urinóis 0,2* 0,2* 0,2* 0,2* Banheira 0,8 0,6 1,3 0,5 Lavatório de cozinha 0,8 0,6 1,3 0,5 Máquina de lavar louça (doméstica) 0,8 0,6 0,2 0,5 Máquina de lavar roupa com capacidade até 6 Kg 0,8 0,6 0,6 0,5 Máquina de lavar roupa com capacidade até 12 Kg 1,5 1,2 1,2 1,0 Sanita com reservatório de 4,0 l ** 1,8 ** ** Sanita com reservatório de 6,0 l 2,0 1,8 1,2 a 1,7*** 2,0 Sanita com reservatório de 7,5 l 2,0 1,8 1,4 a 1,8*** 2,5 Sanita com reservatório de 9,0 l 2,5 2,0 1,6 a 2,0*** 2,5 Ralo de pavimento DN 50 0,8 0,9 - 0,6 Ralo de pavimento DN 70 1,5 0,9 - 1,0 Ralo de pavimento DN 100 2,0 1,2 - 1,3 * ** *** - por pessoa não permitido consoante o modelo (válido apenas para sanitas com reservatório de autoclismo de cifão) não utilizado ou dados não disponíveis Nota: Os valores no quadro são apresentados apenas para fins de cálculo e não se referem a caudais de descarga de aplicações sanitárias mencionadas nas normas do produto. O funcionamento da estação elevatória é totalmente automático e inicia-se assim que as águas residuais atinjam um nível pré-determinado no depósito. Numa unidade com duas bombas – recomendada no caso de todas as aplicações em edifícios comerciais – o controlador assegura um funcionamento alternado, para que as águas residuais sejam drenadas mesmo que uma das bombas necessite de manutenção. As estações elevatórias Multilift e todas as ligações da estação são totalmente estanques à água e pressão para impedir fugas. Os depósitos robustos são feitos de uma única peça de polietileno resistente às águas residuais e existe uma tubagem de ventilação ligada ao sistema de drenagem do edifício para tornar o sistema completamente inodoro. Uma vez instalada, uma estação elevatória como a Multilift proporciona um funcionamento isento de problemas durante décadas. Com data de lançamento prevista para finais de 2011, a nova geração de estações elevatórias Multilift irá apresentar muitas características inovadoras que irão aumentar ainda mais a fiabilidade e facilitar ainda mais a instalação, reparação e manutenção. Com depósitos com volume entre 44 l e 1350 l e com uma potência entre 1,5 kW e 2x10 kW, a série Multilift garante a drenagem de qualquer edifício, seja ele uma pequena residência unifamiliar ou um grande edifício comercial. Como dimensionar uma Multilift Ao dimensionar uma estação elevatória, é necessário determinar o caudal de águas residuais, a dimensão da tubagem de compressão e o ponto de funcionamento. Vamos, de seguida, analisar estes cálculos passo a passo. Em primeiro lugar, é necessário determinar o volume de águas residuais que a estação elevatória terá de drenar. A norma internacional EN12056-2 inclui um quadro e uma fórmula que ajuda a calcular o volume de águas residuais produzido num edifício através das respectivas aplicações sanitárias. A descarga de águas residuais não é constante mas varia ao longo do dia. Tenha em atenção que o sistema de eliminação de águas residuais necessita de ser concebido de forma a suportar picos de caudal. Os valores no quadro da norma EN12056-2 tem em consideração os picos de caudal. Some os valores de todas as suas unidades de descarga Caudal de águas residuais % Q 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 t 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Hora (DU) no quadro 2. O resultado final é aplicado na seguinte fórmula: Qww = K DU Qww = K = ΣDU = Caudal de águas residuais (I/S) Factor de frequência Soma das unidades de descarga É possível determinar o factor de frequência K, consultando o quadro abaixo: Quadro 3: Factores de frequência típicos (K) Utilização das aplicações K Utilização irregular, por exemplo, em residências, casas de hóspedes, escritórios 0,5 Utilização frequente, por exemplo, em hospitais, escolas, restaurantes, hotéis 0,7 Utilização regular, por exemplo, em sanitários públicos e/ou chuveiros 1,0 Utilização especial, por exemplo, em laboratórios 1,2 O factor de frequência e o volume calculado de águas residuais são utilizados para determinar o caudal das águas residuais Qww que entra na estação elevatória e necessita de ser descarregado. No passo 2, é necessário proceder ao dimensionamento da tubagem de compressão. Para isso é preciso saber o comprimento, altura e dimensões da tubagem de compressão. A figura demonstra a correlação: Só é necessário ter em conta as partes da tubagem de H 2 10,0 m 3 Hp H geo H tot Hv 1 Hgeo = 4,0 m Q bomba (2) e a curva da tubagem (1) se intersectam. Tenha em atenção que a capacidade de drenagem neste ponto deve ser sempre igual ou superior ao caudal de águas residuais Qww calculado. Calcular o volume do depósito As estações elevatórias têm um volume de depósito limitado e os motores exteriores ao depósito são concebidos para um funcionamento intermitente, dado que não estão submersos num meio de arrefecimento e é igualmente necessário ter isto em consideração. descarga onde as águas residuais não são bombeadas por gravidade. Tenha igualmente em conta que a perda por fricção é reduzida em 2/3 sempre que se aumenta o diâmetro da tubagem, o que significa que também é possível poupar dinheiro na drenagem caso se escolha uma tubagem de maiores dimensões. Não se exceda – para manter um efeito de limpeza automática na tubagem de compressão, as águas residuais devem fluir com uma velocidade mínima de 0,7 m/s. No passo 3 determina-se o ponto de funcionamento. O caudal de águas residuais Qww calculado, as dimensões da tubagem de compressão, o comprimento e a altura geométrica compõem a chamada curva do sistema (curva 1 no diagrama seguinte). Programas de computador como o WebCAPS da Grundfos calculam automaticamente a curva da tubagem com base nos parâmetros anteriores e identificam as bombas mais adequadas, indicadas na curva 2 do diagrama seguinte. O ponto de funcionamento é o ponto onde a curva da A dimensão da bomba é influenciada pelo volume real do depósito entre os níveis de arranque e de paragem (Veff) e pelo tempo de funcionamento intermitente da bomba. Se o tempo de funcionamento intermitente de uma bomba é de S3 50% por minuto, isto significa que a bomba foi concebida para 60 arranques/paragens por hora e um funcionamento de 30 segundos seguido de uma pausa de 30 segundos. De igual modo, se a especificação S3 for S3 30% por minuto, isto significaria 60 arranques/paragens por hora e um funcionamento de 18 segundos seguido de uma pausa de 42 segundos. É de notar que os valores reais de funcionamento são normalmente mais baixos do que os valores dos dados técnicos. No âmbito do respectivo período de funcionamento horário acumulado, a bomba tem de conseguir fazer a descarga do volume horário de águas residuais produzidas pelo sistema. Para evitar o sobredimensionamento ou paragens de sobreaquecimento provocadas por arranques & paragens demasiado frequentes, é necessário calcular correctamente o volume do depósito. O volume mínimo de depósito Veff necessário pode ser calculado da seguinte forma Qww x• (Qp - Qww) Veff = O volume do depósito deve corresponder ao caudal de águas residuais e ao desempenho da bomba. Ao evitar depósitos demasiado grandes, é possível garantir que as águas residuais são armazenadas no depósito pelo mínimo tempo possível, minimizando assim a acumulação de resíduos das águas residuais. Tenha em atenção que: Duplicar não significa o dobro Uma estação com duas bombas não proporciona o dobro da capacidade de drenagem – cada uma das bombas tem de ter a capacidade de proceder à descarga de todas as águas residuais em picos de caudal para que exista um suporte a 100% em caso de avaria. Durante o dimensionamento, só se deve considerar o funcionamento simultâneo das bombas para situações extremas, tais como picos de caudal. O H (m) em ag 60-80% Duas bombas em paralelo Uma bomba Cada bomba em paralelo 50% 100% vo no tub Sis 2 bom bas 1b Actualmente a Grundfos está a desenvolver uma ferramenta de cálculo e dimensionamento de fácil utilização, específica para as estações elevatórias Multilift. Até esta ferramenta estar pronta, é possível utilizar estas indicações simples para dimensionar correctamente uma estação elevatória e garantir a redução de custos no tratamento de águas residuais nos seus projectos, tanto de renovação como de construção de raiz. As estações elevatórias proporcionam um funcionamento compacto que permite cortar nos custos de investimento em comparação com a drenagem por gravidade tradicional. Mesmo as estações elevatórias mais pequenas têm capacidade para realizar tarefas maiores. Em que Qp é o caudal da bomba no ponto de funcionamento (m3/h) e z (1/h) é o número de arranques da bomba por hora. de Fácil dimensionamento Funcionamento compacto Qp x• Z a tem funcionamento simultâneo NÃO duplica a capacidade de drenagem, visto que o caudal mais elevado daí resultante aumenta de forma significativa as perdas por fricção na tubagem de descarga. om ba Q (l/s) A estação elevatória Grundfos mais pequena de aplicação comercial - a estação dupla Multilift MD com volume real de 92 l e uma área de apenas 0,6 m2 – consegue drenar até 5.500 l de águas residuais por hora, caso apenas uma das duas bombas seja dimensionada para a carga total. Isto garante que haja um suporte total caso uma das bombas se desligue. Mas a pequena estação elevatória pode drenar até 11.000 l/h em situações de pico de caudal – o equivalente à drenagem de 72 banheiras em uma hora – quando as duas bombas estão em modo de funcionamento alternado.