INSTITUTO DE CIÊNCIAS DE SAÚDE FUNORTE Larissa Santana Arantes Elias Alves RESTAURAÇÃO PROVISÓRIA CAD/CAM: OTIMIZANDO A REABILITAÇÃO ORAL GOIÂNIA 2014 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DE SAÚDE FUNORTE Larissa Santana Arantes Elias Alves RESTAURAÇÃO PROVISÓRIA CAD/CAM: OTIMIZANDO A REABILITAÇÃO ORAL Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Prótese Dentária do Instituto de Ciências da Saúde – FUNORTE, NÚCLEO II - GOIÂNIA, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista. Orientador: Prof. Dr. Júnio S. Almeida e Silva GOIÂNIA 2014 Instituto de Ciências da Saúde FUNORTE, NÚCLEO II – GOIÂNIA Programa de Especialização em Ortodontia Larissa Santana Arantes Elias Alves RESTAURAÇÃO PROVISÓRIA CAD/CAM: OTIMIZANDO A REABILITAÇÃO ORAL Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Prótese Dentária do Instituto de Ciências da Saúde – FUNORTE, NÚCLEO II - GOIÂNIA, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista. Orientador: Prof. Dr. Júnio S. Almeida e Silva Aprovado em: ____ / ____ / ________ BANCA EXAMINADORA Membros: ________________________________________ Prof. Dr. Júnio S. Almeida e Silva ________________________________________ Prof. Francis Lima ________________________________________ Prof. Dr. ou Ms. Nome Dedico este trabalho a quatro pessoas fundamentais em minha vida: meus pais, Esdras e Marlene, que são minha base, minha fortaleza; a minha irmã, Natália, uma amiga acima de tudo; e ao meu esposo, Luiz Carlos, exemplo de companheirismo e força quando eu mais precisei. A vocês, meu muito obrigado! AGRADECIMENTOS À Deus, que é o responsável por tudo o que acontece em minha vida e por ter me dado força para chegar até aqui. Ao Instituto Lenza por me acolher nesse ambiente tão propício ao ensino e aprendizado. Aos professores do curso, Francis, Christian, André e Junio, pelos ensinamentos proporcionados nestes dois anos de curso. Aos colegas de curso, em especial a Juliana, minha dupla dinâmica, que apesar de todos os contratempos, funcionou muito bem e com a qual quero manter a amizade e o contato; à Lívia, por uma amizade construída nesses dois anos e que quero levar para a minha vida e convívio, pois me ajudou bastante quando precisei; e à Luceia pelo exemplo de profissional e mãe que és. À minha paciente Maria Rita pela confiança, paciência e generosidade. As minhas amigas da Clínica Orthos, Catiucia, Raquel, Juliany e Jacqueline, que foram fundamentais para que eu fizesse o curso com mais tranqüilidade e empenho. As funcionárias do Instituto Lenza, Keila, Keice, Keilinha, por serem sempre gentis e solícitas. Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, por que o mundo pertence a quem se atreve. E a vida é muito bela para ser insignificante! (Charles Chaplin) RESUMO O sucesso em um tratamento reabilitador depende diretamente da fase da provisionalização, para promover proteção aos tecidos dentários através da prevenção de injúrias térmicas, físicas e mecânicas ao dente preparado. Esta etapa fornece informações importantes funcionais e estéticas e, portanto, o clínico deve oferecer restaurações provisórias com características ideais. Atualmente, existem vários materiais disponíveis para fabricação de restaurações provisórias, dentre estas, as mais utilizadas são as resinas acrílicas de polimetilmetacrilato (PMMA) e as resinas bis-acrílicas. Estes materiais são utilizados tanto para técnica direta (consultório) ou indireta (laboratório). Várias pesquisas têm demonstrado que as resinas de PMMA e o método indireto apresentam melhores propriedades mecânicas e estéticas, sendo que no método indireto, as restaurações realizadas por CAD/CAM (computer-aided design/computer-aided manufacturing) exibem padrão industrial de fabricação. As restaurações provisórias feitas através da tecnologia CAD/CAM podem utilizar os polímeros de alta densidade e reticulado de PMMA ou compósitos. Os polímeros de alta densidade, por serem fabricados em condições industriais, não apresentam bolhas e porosidades e têm propriedades mecânicas de resistência e desgaste superiores aos outros materiais. Estes podem ser utilizados em casos de extensas reabilitações onde a fase de provisórios será longa e com espessuras e desgastes mínimos. Este trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão de literatura sobre a provisionalização em reabilitação oral, com foco nas restaurações provisórias fabricadas com polímeros de alta densidade e a tecnologia CAD/CAM. Palavras-chave: Restauração dentária temporária. Polimetilmetacrilato. CAD-CAM. Polímeros. Reabilitação bucal. ABSTRACT Success in a rehabilitation treatment depends directly on the stage of provisionalization to promote protection of dental tissues by preventing thermal, physical and mechanical injuries to the prepared tooth. This step provides functional and aesthetic important information and therefore the clinician should offer provisional restorations with ideal characteristics. Currently, there are several materials available for fabrication of provisional restorations, among these, the most used are acrylic resins polymethylmethacrylate (PMMA) and bis- acrylic resins. These materials are used for either direct (office) or indirect (Lab) technique. Several researches have shown that PMMA resins and indirect method have better mechanical and aesthetic properties, and the indirect method, the restorations made by CAD/CAM (computer- aided design/computer-aided manufacturing) industry standard display manufacturing. The provisional restorations made by CAD / CAM technology can utilize high-density polymers and cross-linked PMMA or composite. High-density polymers are manufactured under industrial conditions and do not show blisters and porosity and have mechanical properties superior strength and wear to other materials. These may be used in cases where extensive rehabilitation phase will be long-term provisional and minimum thicknesses and wear. This work aims to present a review of literature on provisionalization in oral rehabilitation, focusing on provisional restorations fabricated with high-density polymers and CAD/CAM technology. Keywords: Temporary dental restoration. Polymethylmethacrylate. CAD-CAM. Polymers. Oral rehabilitation LISTA DE QUADROS Quadro 1: Visão geral dos polímeros de alta densidade para CAD/CAM.................33 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Aspecto gengival ao redor da coroa total provisória 7 dias após sua cimentação (resposta biológica favorável)...................................................................................................20 Figura 2:Aspecto oclusal e de contatos proximais da coroa total provisória.................................................................................................20 Figura 3: Resina bisacrilica sendo inserida em uma muralha pré-fabricada para a confecção de restaurações provisórias.................................................................................................22 Figura 4: Restaurações provisórias fabricadas pela técnica da moldagem prévia e com a resina bisacrílica na região dos dentes 11 e 21.................................................................................................................23 Figura 5: Vista oclusal de um modelo de maxila digitalizado.....................................26 Figura 6: Vista oclusal de um modelo de mandíbula digitalizado..............................26 Figura 7: Restaurações desenhadas nos dentes maxilares através do software do sistema CAD/CAM.....................................................................................27 Figura 8: Visão lateral de restauração no dente 21 sem a necessidade de preparos prévios e término supra-gengival................................................................28 Figura 9: Restauração provisória parcial do dente 45 fabricada de polímero de alta densidade e CAD/CAM...............................................................................31 Figura 10: Vista oclusal das restaurações em maxila com polímeros de alta densidade....................................................................................................31 Figura 11: Restaurações provisórias de polímeros de alta densidade cimentadas...32 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BIS-GMA Bisfenol Glicidil Metacrilato CAD/CAM Computer-Aided Design/Computer-Aided Manufacturing HEMA Hidroxietil Metacrilato PEMA Polietilmetacrilato PMMA Polimetilmetacrilato RAAQ Resina Acrílica Ativada Quimicamente RAAT Resina Acrílica Ativada Termicamente UDMA Uretano Dimetacrilato SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................. 15 2.1 CARACTERÍSTICAS IDEIAIS DAS RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS.........................15 2.2 MATERIAIS PARA FABRICAÇÃO DE RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS.....................17 2.2.1 Resinas Acrílicas...........................................................................................................18 2.2.2 Resinas Bis-Acrílicas.....................................................................................................21 2.3 TÉCNICAS DE FABRICAÇÃO DE RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS E O CAD/CAM..24 2.4 RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS DE POLÍMEROS DE ALTA DENSIDADE EM CAD/CAM...............................................................................................................................29 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 35 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 36 13 1 INTRODUÇÃO Prótese ou restauração provisória, de acordo com o Glossário de Termos em Prótese Dentária, é uma prótese dentária ou maxilofacial, fixa ou removível, desenhada para obter estética, estabilidade e/ou função por um período de tempo limitado, após, no qual, é substituído por uma prótese dentária ou maxilofacial definitiva [1]. A prótese dentária provisória tem como foco principal a proteção pulpar e a saúde periodontal [2,3,4,5,6], protegendo os tecidos contra irritações de ordem térmica, microbiana e química [2]. Dessa forma, em prótese dentária é imprescindível o uso de próteses provisórias imediatamente após o preparo de dentes pilares [2,3,4,5,7]. Adicionalmente, a prótese provisória evita a extrusão e o deslocamento dos dentes pilares, estabiliza a posição e a relação maxilo-mandibular, promove um perfil de emergência adequado, permite fazer uma avaliação dos procedimentos de higiene e possibilita conforto e satisfação estética para o paciente [2,3,4,5,6,7]. Geralmente, as próteses provisórias desempenham uma importante ferramenta de diagnóstico e avaliação contínua do plano de tratamento [4,6,7] como, por exemplo, uma estimativa do comportamento do tecido mole [7]. Em colaboração com o paciente, é possível o ajuste de algumas variáveis para se obter o melhor resultado do tratamento proposto [4,7]. A seleção do material provisório deve ser baseada em suas propriedades mecânicas, físicas e propriedades de manuseio [4], o qual deve apresentar resistência para suportar as forças da mastigação, ser compatível com os tecidos moles, estética agradável, estabilidade dimensional e facilidade de reparo [2,4]. Os materiais mais comumente utilizados são os vários tipos de resina acrílica como: resina de polimetilmetacrilato (PMMA), resina de polietilmetacrilato (PEMA), resina de polivinilmetacrilato, resina bis-acrílica e dimetacrilatos polimerizados por luz visível [4]. Com relação às técnicas de fabricação das próteses provisórias, elas são divididas em diretas ou indiretas e consistem, principalmente, na técnica da resina 14 esculpida, na técnica da moldagem prévia, na técnica da faceta estética préfabricada e na técnica de provisórios prensados [2,5]. Neste contexto, novas tecnologias e materiais inovadores como os polímeros de alta densidade oferecem novas possibilidades de tratamento [7,8,9]. Os polímeros de alta densidade baseados em uma rede altamente condensada de PMMA ou compósito foram desenvolvidos para utilização da tecnologia CAD/CAM (computer-aided-design/computer-aided-manufacturing) [7,8,9]. Devido a sua fabricação industrial, as restaurações baseadas em polímeros de alta densidade apresentam propriedades físicas aumentadas quando comparadas com restaurações provisórias fabricadas diretamente no consultório ou no laboratório dentário [7,8,9] e são utilizados parâmetros padronizados de alta temperatura e pressão [10]. Os parâmetros de polimerização são fundamentais para as propriedades mecânicas [7,9]. Portanto, a microestrutura e as propriedades mecânicas dos blocos de polímeros exibem qualidade constante, uma vez que as próteses produzidas convencionalmente podem ser altamente afetadas pelo operador [7,9,10]. Além disso, na construção da reabilitação definitiva, os dados obtidos na preparação do provisório podem ser utilizados na estrutura da restauração final [7,9,10]. As restaurações provisórias fabricadas com polímeros de PMMA apresentam várias indicações, principalmente para o uso a longo prazo, devido as excelentes propriedades mecânicas, como em casos de remodelação tecidual [tecido periodontal) [7] e em situações de desgaste dentário severo sem a necessidade de preparo dentário prévio [9]. O objetivo desta monografia é apresentar uma revisão de literatura sobre provisionalização em reabilitação oral com ênfase nas restaurações provisórias fabricadas utilizando o polímero de alta densidade de PMMA ou compósito e a tecnologia CAD/CAM. 15 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CARACTERÍSTICAS IDEAIS DAS RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS As restaurações provisórias têm como principal objetivo a proteção do complexo dentino-pulpar e do tecido periodontal após a realização dos preparos dentais [11,12]. Para isto, é necessário que os provisórios apresentem características ideais para evitar danos aos tecidos dentários [13]. Uma característica a ser levada em consideração é a adaptação da prótese provisória para a recuperação e proteção do complexo dentino-pulpar e manutenção da arquitetura sadia do tecido periodontal [12,14,15,16,17]. A desadaptação marginal de qualquer restauração pode levar a eventos de microinfiltração marginal, hipersensibilidade, cárie secundária, inflamação pulpar e dano periodontal por meia da instalação de um processo inflamatório [14,15,16]. Durante a confecção da prótese provisória é importante observar o contorno da prótese através de um controle axial adequado, o qual promoverá a estímulo dos tecidos pelos alimentos, facilitará a autolimpeza e a acomodação dos tecidos em sua posição natural [2,12,14,18]. O contorno da restauração provisória deve respeitar e reproduzir dois aspectos importantes: o perfil de emergência e a extensão da ameia interproximal [16,19,20]. O perfil de emergência tem como objetivo propiciar um posicionamento harmonioso do tecido gengival sobre o contorno externo marginal da restauração, sendo que o excesso de contorno pode promover ulceração no epitélio sulcular, recessão gengival, inflamação marginal e injúria à junção epitelial [2,12,14,15,16,18,19,20]. O sobrecontorno facilita o acúmulo de placa, inflamação, sangramento e dor [2,16,20] ao passo que o subcontorno pode causar acúmulo de alimentos, trauma mecânico causado pela escova dental e/ou alimentos fibrosos, provocando inflamação do tecido gengival com formação de tecido de granulação [2,16,20]. 16 Com relação à forma e extensão da ameia interproximal, esta deve prover espaço para a papila proximal sem compressão desta, sendo que a pressão na papila causa alterações histológicas por meio da ocorrência de inflamação e lesão periodontal [16]. As áreas de contato proximal devem ser respeitadas, pois previne a migração dos dentes, impede o acúmulo de alimentos, protegem a papila interdental e facilita a higienização pelo paciente [2,16]. O correto restabelecimento do contato oclusal evita a extrusão dos dentes suporte ou antagonista através de uma anatomia oclusal básica que proporciona melhor trituração dos alimentos [12,21,22]. Nesta etapa também é importante observar alguns requisitos no que diz respeito à oclusão, como a relação maxilomandibular, de preferência em relação cêntrica (RC); os contatos oclusais uniformes; a guia anterior; a dimensão vertical correta; bem como a liberdade nos movimentos excursivos mandibulares, possibilitando conforto ao paciente e prevenindo o deslocamento da coroa provisória [2,15,22,16,23]. De forma geral, as restaurações provisórias devem apresentar forma e tamanhos adequados e harmonia de cor, propiciando conforto, estética e, portanto, a satisfação do paciente e adesão ao tratamento proposto [2,15]. Além disso, a superfície do provisório deve estar regularizada e polida, reduzindo o acúmulo de alimentos, alterações dos tecidos, facilitando a higienização e conforto [2,24]. Porém, para se conseguir todas essas características ideais é imperativo que as restaurações provisórias apresentem suficiente espessura e resistência para suportar as forças normais de mastigação sem deformações ou fraturas [2,12,21,22]. Portanto, é importante que a escolha do material e da técnica a serem utilizadas sejam feitas corretamente, de acordo com os objetivos de cada caso. 17 2.2 MATERIAIS PARA FABRICAÇÃO DE RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS As restaurações provisórias devem preencher alguns requisitos biológicos, mecânicos e estéticos [6], sendo que a escolha do material adequado é de grande importância. Os materiais e as técnicas escolhidas são dependentes das variáveis e requerimentos do tratamento, sendo que nenhum material é aceitável para todas as condições clínicas [12]. A seleção do material é influenciada por propriedades mecânicas, físicas, de manuseio, bem como de biocompatibilidade [12,14]. Devem ser levados em consideração os pontos fortes e as fragilidades de cada material e também a experiência e preferência pessoal do profissional [12]. De acordo com a sua composição química os materiais provisórios podem ser divididos em duas categorias [6,11,12,25]: resinas acrílicas de metacrilato e os compósitos de Bis-acril e Bis-GMA. As principais resinas utilizadas na Odontologia são baseadas nos metacrilatos, principalmente o metacrilato de metila [26]. Os metacrilatos apresentam a sua estrutura molecular em forma de polímeros. O polímero é formado a partir de um grande número de moléculas conhecidas como monômeros, através do processo de polimerização [26]. Na odontologia, a introdução dos polímeros acrílicos ocorreu no final da década de 1940 e inicio da década de 1950 [12,26] e obteve grande aceitação devido a técnica de fabricação simplificada, além de serem estéticos e econômicos [26]. A polimerização dos polímeros pode ser através de dois processos: por adição ou condensação, sendo mais comum o da adição [26]. Na técnica de polimerização por adição, os monômeros são ativados um de cada vez e adicionados juntos em seqüência, se tornando parte de um centro ativo [26]. Para que a reação ocorra é necessária uma fonte de radicais livres [11,26]. Os radicais livres podem ser gerados pela ativação de moléculas produtoras de radicais, usando um reagente secundário, tais como a luz ultravioleta, a luz visível e o calor, considerados como iniciadores da reação química [11,26]. O iniciador mais comum é 18 o peróxido de benzoíla [11]. Portanto, os processos de polimerização são ativados por três fontes de energia: calor, química e luz [11,26]. 2.2.1 Resinas Acrílicas As resinas acrílicas são derivadas do etileno e contém um grupo vinílico (C=C-). Há dois tipos de resinas acrílicas para uso odontológico: o derivado do ácido acrílico e outro do ácido metacrílico [26]. As resinas mais comuns são as resinas acrílicas de metacrilato que são divididas em polimetil (PMMA), polietil (PEMA) e polivinil metacrilatos (como o butilmetacrilato e o viniletilmetacrilato) [6], sendo que as de PMMA e PEMA são mais utilizadas [6] e as PEMA apresentam propriedades inferiores [12]. A composição da resina acrílica é disponibilizada em componentes na forma de pó e líquido. O pó é constituído de esferas pré-polimerizadas de poli (metacrilato de metila) e uma pequena quantidade de peróxido de benzoíla (iniciador); já o líquido apresenta o metacrilato de metila não polimerizado com pequenas quantidades de hidroquinona (inibidor) [11,12,26,27]. Para que o acrílico apresente características ideais é necessário seguir a proporção correta de polímero e monômero, 3:1 em volume ou 2:1 em peso, sempre vertendo o pó no líquido, no qual a contração volumétrica pode ser limitada a aproximadamente 6% [26]. A polimerização nas resinas acrílicas é uma reação exotérmica e apresenta cinco fases [26]: 1- Arenosa: pouca ou nenhuma reação ocorre no nível molecular. Consistência “áspera” ou “granulada”; 2- Fibrilar: o monômero ataca individualmente a superfície das pérolas poliméricas e apresenta-se como uma “massa grudenta” devido a formação de “fibrilas”; 19 3- Plástica: aumento do número de cadeias poliméricas na reação. Comporta-se como uma massa plástica, que não é mais grudenta e pode ser modelada; 4- evaporação Borrachóide ou elástica: e por sua maior o monômero é dissipado por penetração nas pérolas poliméricas remanescente. A massa se recupera quando comprimida ou estirada, mas não pode ser modelada; 5- Denso: a mistura torna-se rígida. Com relação a polimerização, as resinas acrílicas podem ser divididas em: resina acrílica ativada quimicamente (RAAQ), resina acrílica ativada por luz, resina acrílica ativada termicamente (RAAT) e resina acrílica ativada quimicamente e por luz (dual) [12,26]. As resinas ativadas termicamente apresentam maior grau de conversão dos monômeros com menor quantidade de monômeros residuais, maior biocompatibilidade, maior resistência mecânica e ao desgaste, bem como maior estabilidade de cor, quando comparadas com as resina quimicamente ativadas [26]. As resinas acrílicas apresentam boas propriedades físicas e mecânicas, tanto em restaurações provisórias unitárias como próteses fixas de 3 elementos ou mais [12]. Porém, devido a reação exotérmica de polimerização, as resinas acrílicas geram uma grande quantidade de calor nos tecidos dentários durante sua confecção; bem como podem provocar reação de hipersensibilidade ao monômero residual que permanece após a polimeirzação final [12]. Nas figuras 1 e 2 é possível observar restauração provisória total de resina acrílica, no qual é possível observar o respeito com as estruturas dentárias. 20 Figura 1: Aspecto gengival ao redor da coroa total provisória 7 dias após sua cimentação (resposta biológica favorável). Retirado de LIMA, F. Prótese dentária: fundamentos e técnicas, reabilitação oral para todos. 2. ed., Florianópolis: Ponto, 2011, 368 p. Figura 2: Aspecto oclusal e de contatos proximais da coroa total provisória. Retirado de LIMA, F. Prótese dentária: fundamentos e técnicas, reabilitação oral para todos. 2. ed., Florianópolis: Ponto, 2011, 368 p. 21 2.2.2 Resinas Bis-Acrílicas A outra categoria de materiais para confecção de restaurações provisórias é a dos compósitos, que envolve uma ampla variedade de categoria, pois quimicamente compreendem uma combinação de dois ou mais tipos de materiais [12]. A mais comum é a resina bisacrílica, um material hidrofóbico que é similar ao bis-GMA, e quando é misturada com partículas inorgânicas e radiopacas se torna semelhante às resinas compostas [12,27]. Um dos primeiros metacrilatos multifuncionais usados na odontologia foi a resina de Bowen, ou Bis-GMA (Bisfenol Glicidil Metacrilato), que é extremamente viscosa [26,27]. Várias pesquisas têm sido desenvolvidas com o intuito de reduzir a viscosidade e aumentar o grau de conversão como: uretano dimetacrilato (UDMA) e poli (ácido acrílico) com adição do hidroxietil metacrilato (HEMA) [26]. As resinas bisacrílicas usam uma variedade de monômeros multifuncionais de resinas acrílicas que produzem uma ligação cruzada de alta densidade durante a polimerização [12]. Podem ser divididas quanto à polimerização em: autopolimerizável, dual (auto/luz visível) e polimerização por luz visível. Apresentam três estágios de polimerização: a primeira fase é a transição da pasta “flow” que se adapta ao dente preparado e começa a se tornar elástica em 60-75 segundos; a segunda fase, durante 4 minutos, é uma reação de polimerização reticulada que possibilita uma alta resistência à compressão; e a fase final permite a resina a alcançar a dureza final no tempo de 5 minutos após a mistura inicial [27,28,29]. Diferentemente das resinas acrílicas de PMMA que apresentam contração de polimerização de 6%, os compósitos apresentam apoximadamente em torno de 1 a 2% de contração volumétrica [12,27] Atualmente, a maioria são disponíveis com um sistema de auto-mistura [12,27] como observado na figura 3. 22 Figura 3: Resina bisacrilica sendo inserida em uma muralha pré-fabricada para a confecção de restaurações provisórias. Caso cedido pelo prof. Francis Lima. Apresentam como vantagens: facilidade de manipulação, baixa reação exotérmica e contração de polimerização diminuída [14,27]; entretanto são caros [12] e freqüentemente as restaurações fraturam sob cargas mastigatórias e possuem uma superfície de polimento insatisfatória [14]. Apesar das resinas bisacrilicas serem compatíveis com outros materiais o seu reparo é difícil [12]. Koumjian e Nimmo (1990) demostraram que a força transversa diminui em 85% após o reparo de materiais a base de compósitos [12], corroborando o fato de que este material não possui boas características de reparo. Com relação às propriedades mecânicas e físicas da resina bisacrílica a literatura se mostra controversa. Ireland e colaboradores (1998)[30] e Gujjari e colaboradores (2013)[25] mostraram que a resina bisacrilica exibe altos valores de módulos de elasticidade flexural e de ruptura nas primeiras 24 horas, mas exibem uma grande diminuição desses valores ao longo do tempo, sendo corroborado pelos achados de Diaz-Arnold e colaboradores (1999)[31] que relataram um decréscimo geral na microdureza para 2 de 3 materiais dos compósitos testados. Foi observado, também, que a microdureza da resina bisacrílica obteve um maior valor quando comparado com o PMMA [31,32], diferente do que foi encontrado por Yilmaz e Baydas (2007)[13]. Strassler e colaboradores (2007)[29] relataram que a resina bisacrílica apresenta propriedades melhores que o PMMA, porém são indicadas somente para restaurações provisórias unitárias [6,28,29]. A figura 4 mostra restaurações provisórias confeccionadas com a resina bisacrílica. 23 Figura 4: Restaurações provisórias fabricadas pela técnica da moldagem prévia e com a resina bisacrílica na região dos dentes 11 e 21. Caso cedido pelo prof. Francis Lima. Gujjari e colaboradores (2013)[25] avaliaram a estabilidade de cor das resinas bisacrílicas e das resinas acrílicas de PMMA e observaram que as resinas de PMMA apresentam maior estabilidade de cor, pois as resinas bisacrílicas são mais polares e absorvem maior quantidade de fluidos. Há mais de 30 anos, com o intuito de melhorar as propriedades mecânicas e físicas dos materiais a base de PMMA e bisacrílica, tem sido investigada a incorporação de fibras nestes materiais como componente de reforço [14,17,29,33,34]. A efetividade do componente de reforço é dependente de vários fatores: a resina usada; a quantidade de fibras na matriz da resina; comprimento da fibra; orientação da fibra; adesão da fibra à matriz polimérica; e o grau de impregnação das fibras com a resina [14,17,35]. Vários estudos mostraram uma melhora das propriedades das resinas reforçadas com fibras [14,17,34], sendo que a posição e orientação das fibras de reforço influencia diretamente nas propriedades mecânicas [17,34,35] . Os compósitos reforçados com fibras apresentam melhor adesão, boa estética e maior rigidez fisiológica, porém tem como desvantagem a presença de fratura ou delaminação por falha em áreas de alto stress [35]. O reforço com fibras melhora a resistência mecânica, bem como a força transversa, resistência tensional, e resistência de impacto [32]. 24 Atualmente, com as novas tecnologias e os materiais inovadores, foram desenvolvidos blocos de polímeros de alta densidade baseado em PMMA ou compósitos para tecnologia CAD/CAM (computer-aided design/computer-aided manufacturing), proporcionando restaurações provisórias que apresentam propriedades físicas e mecânicas aumentadas [7,9,10,36,37,38]. 2.3 TÉCNICAS DE FABRICAÇÃO DE RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS E O CAD/CAM As restaurações provisórias são geralmente fabricadas usando duas técnicas: fabricação personalizada ou fabricação com materiais pré-fabricados. Pode ser direta (consultório), indireta (laboratório) ou direta/indireta (“casca de ovo” ou técnicas da faceta) [12,24,39]. A técnica direta é feita diretamente na boca do paciente e apresenta como vantagem a facilidade de fabricação [24], porém pode apresentar um dano ao tecido pulpar devido ao aumento de temperatura, bem como causar reações alérgicas ao monômero residual [5,12]. A fabricação direta resulta em restaurações provisórias que são não-homogêneas, porosas, quebradiças e apresenta estabilidade e biocompatibilidade a longo prazo diminuída e descoloração prematura [4,39]. De acordo com Alt e colaboradores (2011)[40], o método direto apresenta várias deficiências que a afetam a força mecânica, textura de superfície e precisão de margem, devido, por exemplo, a incorporação de bolhas; sendo que a resistência flexural é baixa logo após a fabricação [5,11,40]. Fatores como temperatura, pressão e ambiente de polimerização (ar/água) influenciam a polimerização e características da restauração provisória. O processo laboratorial indireto, por ser sob condições controladas de pressão e temperatura, resulta em materiais que são mais densos e fortes, mais resistentes ao desgaste, com maior estabilidade de cor e mais resistente a fratura, diferentemente dos materiais produzidos pela forma direta [4,5,12,14]. Dessa forma, o método indireto apresenta como vantagens: evitar a exposição do paciente às propriedades 25 adversas da resina acrílica; otimizar as propriedades dos provisórios; e realizar mudanças de contorno e oclusais [4,5,12]. Quando se compara as características mecânicas e físicas entre as restaurações provisórias realizadas por diferentes técnicas é possível observar que o tempo de desgaste dessas restaurações depende da técnica e do material utilizado [39]. Na técnica direta, o tempo de desgaste é em torno de 1 a 3 meses; na técnica direta-indireta (técnica da faceta) é de 6 meses; e na técnica indireta é de mais de 2 anos [39]. Com o advento de novas tecnologias, como o CAD/CAM, surgiu a possibilidade de se obter restaurações com melhores características físicas e mecânicas. A primeira restauração de CAD/CAM foi realizada a primeira vez em 1985 com o CEREC de uma unidade (Sirona Dental Systems GmbH, Bensheim, Germany) e foi feita com um bloco pré-fabricado de cerâmica [41,42,43]. O sistema CAD/CAM é baseado no conceito de planejamento e produção auxiliados por um computador e necessitam de três componentes diferentes: 1. Aparelho para digitalização (escâner); 2. Software de processamento; 3. Tecnologia de produção [44,45]. O escâner é um dispositivo de captação de dados que registra de forma tridimensional a forma das estruturas orais e as transforma em dados que serão lidos pelos softwares; os dados podem ser obtidos escaneando um modelo obtido de forma convencional ou o escaneamento pode ser realizado através de câmera intra-oral [44,45]. As figuras 5 e 6 apresentam uma visão dos modelos escaneados e digitalizados. 26 Figura 5: Vista oclusal de um modelo de maxila digitalizado. Retirada do artigo GUTH, JF. et al. Treatment concept with CAD/CAM-fabricated high-density polymer temporary restorations. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry, v. 24, n. 5, p. 310-318, 2012. Figura 6: Vista oclusal de um modelo de mandíbula digitalizado. Retirada do artigo GUTH, JF. et al. Treatment concept with CAD/CAM-fabricated high-density polymer temporary restorations. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry, v. 24, n. 5, p. 310-318, 2012. O software de construção ou planejamento é responsável pelo desenho da restauração, estando disponíveis CAD especiais, para construir infra-estruturas ou 27 para construir as restaurações indiretas parciais, coroas, inlays, pontes adesivas e coroas telescópicas [44,45], como pode ser observado nas figuras 7 e 8 . Com relação aos equipamentos de produção ou fabricação, eles se diferenciam pelo número de eixos de usinagem, sendo encontrados com três, quatro ou cinco eixos [44,45]. Figura 7: Restaurações desenhadas nos dentes maxilares através do software do sistema CAD/CAM. Retirada do artigo GUTH, JF. et al. Treatment concept with CAD/CAM-fabricated high-density polymer temporary restorations. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry, v. 24, n. 5, p. 310-318, 2012. 28 Figura 8: Visão lateral de restauração no dente 21 sem a necessidade de preparos prévios e término supra-gengival. Retirada do artigo GUTH, JF. et al. Treatment concept with CAD/CAM-fabricated highdensity polymer temporary restorations. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry, v. 24, n. 5, p. 310-318, 2012. A técnica de restaurações geradas por sistemas CAD/CAM representam um aumento da qualidade e reprodutibilidade, onde a construção e a produção são feitas com o auxílio de um computador [44,46]. São fresadas restaurações mais acuradas em termos de forma anatômica, adaptação marginal e contatos oclusais e interproximais [43]. Portanto, a tecnologia CAD/CAM apresenta como vantagens: aumento da qualidade devido à padronização dos processos de fabricação; eficiência no controle de qualidade [46]; aumento na produtividade; aumento da competitividade e novos materiais. Como desvantagens podem citar a necessidade de alto investimento e limitações de indicação devido aos softwares e procedimentos de produção [44]. Existem diferentes formas de produção das restaurações CAD/CAM, que depende da localização física dos componentes dos sistemas: 1. Fabricação em consultório; 2. Fabricação em laboratório de prótese; 3. Fabricação em centros de produção [44]. 29 Para a fabricação de restaurações com o sistema CAD/CAM, vários materiais podem ser utilizados, como: [44]: - metais: titânio, ligas a base de titânio e ligas de cromo-cobalto (CoCr), como por exemplo o Coron e o Everest Bio T-blank; - cerâmicas vítreas: blocos monocromáticos ou com diferentes variações de cor. Destaque para as cerâmicas ricas em dissilicato de lítio (Ivoclar) - cerâmicas infiltradas: são processadas em um estado poroso e finalizadas com a infiltração do lântano vítreo, como no caso do Sistema Vita In-Ceram; - cerâmicas óxidas de alto desempenho: cerâmicas à base de óxido de alumínio e dióxido de zircônio; - resinas: infra-estruturas para provisórios de longo prazo de utilização em casos de próteses fixas e coroas, como exemplo a Cercon base cast e Everest CCast; ou resinas na forma final de provisórios de alta qualidade, como o Everest CTemp e o CAD-Temp. 2.4 RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS DE POLÍMEROS DE ALTA DENSIDADE EM CAD/CAM As restaurações provisórias fabricadas pelo método indireto apresentam características físicas e mecânicas mais satisfatórias, sendo melhoradas quando se utilizam a tecnologia CAD/CAM [36,39,47]. Visando essas características, foram desenvolvidos os polímeros de alta densidade que são fabricados em condições industriais e com qualidade superior. A fabricação de provisórios com os polímeros de alta densidade em CAD/CAM oferecem uma ferramenta de diagnóstico, sendo possível ajustar variáveis no resultado do tratamento, principalmente em casos onde a provisionalização será longa [8,7,9,36,39,47]. Os blocos de polímeros são fabricados sob condições padronizadas de fabricação industrial, através de alta temperatura e pressão, com o intuito de assegurar melhores características mecânicas e de microestrutura [37,47]. As propriedades mecânicas melhoradas nos blocos de polímeros são explicadas pela 30 diminuição da incorporação de bolhas no interior da restauração, diferentemente do que acontece com as restaurações fabricadas de forma convencional, no qual são influenciadas e dependentes do operador, da proporção correta dos componentes da resina, do processo de polimerização como a técnica e duração [8,37]; e também pela presença de um polímero altamente denso e reticulado [7,8,9,10,37,38,39,48,49] . Os polímeros de alta densidade consiste em uma rede de polímeros acrilatos altamente molecular, homogêneo, não fibroso e com micro-fibras e podem ser de PMMA ou compósitos [10,35,37,38]. Esses materiais são livres de porosidade e bolhas e, portanto, mais estáveis em questão de cor e com propriedades mecânicas e físicas melhores (rigidez e resistência ao desgaste) e biocompatibilidade [8,7,9,36,40,43,47,48,49]. O processo de CAD/CAM elimina a camada superficial inibida pelo ar, fenômeno que acontece nas resinas acrílicas convencionais e não apresentam mudança volumétrica no tamanho, pois não tem contração de polimerização [7,9,36,46,48]. Alguns estudos têm demonstrado que os blocos de polímeros para CAD/CAM apresentam uma taxa de sobrevivência de 78%, após 05 anos, em restaurações de prótese fixa em área posterior e uma taxa de sucesso de 71% [35,37,38]. A resistência flexural é alta o suficiente (aproximadamente 180-200 MPa) e, aliada a um módulo de elasticidade similar à de um compósito, não fraturam facilmente sob cargas funcionais [48,49], podendo ser fabricadas em estruturas finíssimas de até 0,3 mm de espessura [7,9,39,47], inclusive em áreas marginais [47] e sem a necessidade de reforço com fibras ou presença de infra-estrutura [7,9], como observado nas figuras 9, 10 e 11. 31 Figura 9: Restauração provisória parcial do dente 45 fabricada de polímero de alta densidade e CAD/CAM. Retirada do artigo GUTH, JF. et al. Treatment concept with CAD/CAM-fabricated highdensity polymer temporary restorations. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry, v. 24, n. 5, p. 310-318, 2012. Figura 10: Vista oclusal das restaurações em maxila com polímeros de alta densidade. Retirada do artigo GUTH, JF. et al. Treatment concept with CAD/CAM-fabricated high-density polymer temporary restorations. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry, v. 24, n. 5, p. 310-318, 2012. 32 Figura 11: Restaurações provisórias de polímeros de alta densidade cimentadas. Retirada do artigo GUTH, JF. et al. Treatment concept with CAD/CAM-fabricated high-density polymer temporary restorations. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry, v. 24, n. 5, p. 310-318, 2012. Alt e colaboradores (2011)[40] realizaram um estudo com o objetivo de comparar a resistência mecânica de próteses fixas de 3 elementos fabricada por dois métodos diferentes: direta e por CAD/CAM. Foi observado que a resistência à fratura é significantemente influenciada pelo material, fabricação e armazenagem, sendo que a maior resistência à fratura foi obtida pelos materiais fabricados pela técnica de CAD/CAM e à base de compósitos [40]. Quando se compara restaurações produzidas por CAD/CAM com diferentes materiais, pode se observar que os materiais de polímeros de alta densidade apresentam resistência à fadiga aumentada, fato encontrado por Magne e colaboradores (2010)[51] ao analisarem o bloco de resina Paradigma MZ100 (3M Espe, St. Paul, Minn), IPS Empress CAD (Ivoclar Vivadent AG, Schaan, Liechtenstein) e IPS e.max CAD (Ivoclar Vivadent AG, Schaan, Liechtenstein). Os materiais à base de polímeros apresentam como vantagem uma ótima resistência ao desgaste, tanto do material quanto da estrutura dentária do dente antagonista [10,37,38]. Stawarczyk e colaboradores (2012)[10] analisaram quatro blocos de polímeros para CAD/CAM, dois materiais de fabricação convencional e uma cerâmica vítrea com relação a resistência à fratura, com armazenagem em 33 saliva artificial e simulação de mastigação. Foi observado que o armazenamento em saliva e simulação de mastigação não alterou os materiais utilizados para CAD/CAM quando comparados com os provisórios fabricados de forma direta, confirmando a resistência mecânica aumentada dos blocos poliméricos [10]. Os polímeros de alta densidade são baseados em dois materiais: polimetilmetacrilato (PMMA-resina acrílica) reticulado e compósitos [39]. Atualmente, no mercado, estão disponíveis vários blocos, sejam de PMMA ou compósitos, para fabricação via CAD/CAM, descritos no quadro 1 [39]: Quadro 1: Visão geral dos polímeros de alta densidade para CAD/CAM Nome comercial Ambarino High-class artBloc Temp Fabricante Descrição Creamed Creative Mistura de polímeros altamente Medizintechnik reticulados (bis-GMA) Merz Dental PMMA interpenetrado e altamente reticulado Artegral imCrown Merz Dental PMMA com macromoléculas reticuladas CAD-Temp Vita Zahnfabrik Polímero acrílico reticulado com 14% de microfibras Cara PMMA prov Heraeus Kulzer PMMA reticulado e copolímeros de ácido metacrilato Cercon base PMMA Degudent PMMA reticulado e copolímeros de ácido metacrilato Everest C-Temp KaVo Polímero de alta densidade reforçado por fibras de vidro New Outline CAT Anax Dental PMMA, copolímeros de metacrilatos Organic Composit R+K CAD/CAM Technologie Bis-GMA 34 Paradigm Z100 3M Espe Polímero de bis-GMA com 85% de microfibras de óxido de zircônia Polycon ae Straumann CAD/CAM PMMA com reforço de fibras Telio CAD Ivoclar-Vivadent PMMA Zenotec Pro Fix Wieland Dental Fibras livres e homogêneas de metacrilato Adaptado de Edelhoff et al, 2012 [39] Mais recentemente, uma nova geração de material para CAD/CAM foi introduzida no mercado, utilizando uma tecnologia de resina de nanocerâmica, o Lava Ultimate ® da 3M ESPE. São materiais desenvolvidos com a combinação das vantagens dos materiais cerâmicos com as dos compósitos altamente reticulado [52,53]. Este é indicado para restaurações permanentes e unitárias como coroa total, onlays, inlays e facetas [52,53]. Os blocos são feitos de partículas de nanocerâmica embebidas em uma matriz de resina altamente polimerizada [52,53], que após a cimentação podem ser customizados através de resinas compostas [52]. A resina de nanocerâmica é a combinação de resina, compósito e cerâmica, sendo 80% de cerâmica e 20% de compósito com nanotecnologia [53]. Apresenta sílica sintetizada de 20 nm de diâmetro, mono dispersa, não agregada, não aglomerada e nanômeros de zircônia de 4 a 11 nm de diâmetro, formado nanoaglomerados [53]. Esse processo resulta em um material mais resistente ao desgaste do que a resina [53]. A resina de nanocerâmica apresenta módulo de elasticidade que é comparável ao da dentina e resistência flexural de aproximadamente 200 MPa. Dessa forma, restaurações fabricadas com esse material deverão ser capazes de absorver melhor as forças da mastigação e reduzir o stress na restauração. Apresenta também excelente resistência ao desgaste e uma boa superfície de polimento com grande estabilidade de cor [52,53]. 35 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabendo-se da importância das restaurações provisórias em uma reabilitação oral, principalmente em casos onde a etapa de provisionalização é extensa, é imperativo que o profissional utilize materiais e técnicas que sejam apropriados ao caso clínico em questão. Na odontologia estão disponíveis vários materiais e técnicas, principalmente materiais à base de PMMA e técnicas que vão desde a direta (realizada diretamente na boca do paciente) à indireta (laboratório). Nesse âmbito, as restaurações produzidas pela tecnologia CAD/CAM apresentam características químicas e físicas mais satisfatórias. Os polímeros de alta densidade compostos por PMMA ou compósitos são blocos poliméricos fabricados sob condições industriais e, por isso, apresentam propriedades melhores. Dessa forma podem ser utilizados em casos de reabilitação oral extensa com o uso de restaurações provisórias à longo prazo, com o mínimo de desgaste possível e espessuras de até 0,3 mm. Portanto, é importante que o clínico esteja atento às novas modalidades de materiais e técnicas disponíveis na odontologia atual, para promover ao paciente a melhor e mais estável forma de tratamento. Também é necessário que se realizem mais pesquisas, principalmente dos materiais recentemente introduzidos, para possibilitar uma odontologia baseada em evidências científicas. 36 REFERÊNCIAS 1. GLOSSARY OF PROSTHODONTIC TERMS, 8. ed. Journal of Prosthetic Dentistry, v. 94, p. 10-92, 2005. 2. LIMA, F. Prótese dentária: fundamentos e técnicas, reabilitação oral para todos. 2. ed., Florianópolis: Ponto, 2011, 368 p. 3. MANAK, E.; ARORA, A. 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