Invenções Democráticas frente aos desafios do precariado: o encontro da Renda Básica com a Economia Solidária O NUPSI-USP (Núcleo de Psicopatologia, Políticas Públicas de Saúde Mental e Ações Comunicativas em Saúde Pública da Universidade de São Paulo) tem o prazer de convidar para o I Seminário Intersetorial NUPSI-USP - Invenções Democráticas frente aos desafios do precariado: o encontro da Renda Básica com a Economia Solidária. O Seminário recebe o Prof. Dr. Guy Standing, co-presidente da Rede Mundial da Renda Básica e autor de The Precariat: The New Dangerous Class, que pronunciará conferência intitulada Uma agenda progressista na perspectiva do precariado, comentada pelo Prof. Dr. Eduardo Matarazzo Suplicy, autor da Lei da Renda Básica de Cidadania; pelo Prof. Dr. Paul Singer, Secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego; e pela Dra. Rosane Maia, Assessora da Direção Técnica do DIEESE. O Seminário inclui ainda o Prof. Ms. Oscar Zalla, Coordenador da Incubadora de Tecnologia Social e Economia Solidária do EIT/UFMT, que fará um balanço sobre o impacto positivo da atuação de pesquisadores cooperados sobre precariados de Mato Grosso. Ao final, o Prof. Standing introduzirá os debates intersetoriais mediante um breve relato sobre o papel de um banco comunitário de mulheres em um projeto-piloto de Renda Básica na Índia. I Seminário Intersetorial NUPSI-USP Invenções Democráticas frente aos desafios do precariado: o encontro da Renda Básica com a Economia Solidária 29 de junho (sexta-feira) 19h às 22h UFMT Faculdade de Saúde Pública da USP (Auditório João Yunes) Av. Doutor Arnaldo, 715 (Metrô Clínicas) São Paulo Instituições parceiras Arca Multincubadora Associação Cidade Escola Aprendiz Associação Comunidade Remanescentes do Quilombo da Fazenda Banco Comunitário União Sampaio Coorimbatá – Cooperativa de Pescadores e Artesãos de Pai André e Bonsucesso EIT/UFMT – Escritório de Inovação Tecnológica da Universidade Federal de Mato Grosso Instituições apoiadoras CDH – Centro de Estudos do Crescimento e Desenvolvimento do Ser Humano Centro de Saúde Escola ‘Geraldo de Paula Souza’ da FSP-USP CEPEDISA – Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário Curso de Psicopatologia e Saúde Pública da FSP-USP DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos GPOPAI – Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação Grupo de Estudos Espinosanos do Departamento de Filosofia da FFLCH-USP ICTR – Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável Instituto Norberto Bobbio – Cultura, Democracia e Direitos Humanos Instituto Visão Futuro ITCP-USP – Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade de São Paulo NAP-DISA/USP – Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da Universidade de São Paulo Nesol-USP – Núcleo de Economia Solidária da Universidade de São Paulo Instituições convidadas CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária ReCivitas – Instituto pela Revitalização da Cidadania Inscrições gratuitas participação certificada via [email protected] ou (11) 5052-7967 (13h-17h) (vagas limitadas) Organização: NUPSI-USP (Núcleo de Psicopatologia, Políticas Públicas de Saúde Mental e Ações Comunicativas em Saúde Pública), vinculado à PRCEU-USP (Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo) Programa: 1. ABERTURA: Representantes da PRCEU-USP, da Diretoria da FSP-USP e da CCEx da FSP-USP. 2. SAUDAÇÕES AOS SEMINARISTAS: Prof. Dr. Paulo Rogério Gallo – Professor Associado Livre-Docente do Departamento de Saúde Materno-Infantil da FSP-USP. Coordenador do NUPSI-USP. 3. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESCOPO DO SEMINÁRIO: Prof. Dr. David Calderoni – Pós-Doutor pelo Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do IPUSP. Membro do Conselho Deliberativo do NUPSI-USP. 4. A PROMOÇÃO DA DIMENSÃO SOCIAL DA SAÚDE JUNTO A PRECARIADOS LOCAIS DE MATO GROSSO MEDIANTE ATIVIDADES DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA ENVOLVENDO A INVENÇÃO DEMOCRÁTICA DO PESQUISADOR COOPERADO: Prof. Ms. Oscar Zalla Sampaio Neto – Mestre em Engenharia de Alimentos pela UNICAMP, Coordenador da Incubadora de Tecnologia Social e Economia Solidária do EIT/UFMT e Pesquisador Cooperado da COORIMBATÁ – Cooperativa de Pescadores e Artesãos de Pai André e Bonsucesso. 5. CONFERÊNCIA: UMA AGENDA PROGRESSISTA NA PERSPECTIVA DO PRECARIADO: Prof. Dr. Guy Standing – Professor de Seguridade Econômica [Economic Security] na University of Bath, UK [Reino Unido]. Co-Presidente da Rede Mundial da Renda Básica (Basic Income Earth Network - BIEN), autor de The Precariat: The New Dangerous Class (Bloomsbury Academic, 2011). Tradução sequencial – Prof. Dr. Pablo Ortellado. 6. COMENTÁRIOS: Prof. Dr. Eduardo Matarazzo Suplicy – Professor Titular da FGV. Senador da República. Autor da Lei da Renda Básica de Cidadania. PesquisadorConvidado do NUPSI-USP. Prof. Dr. Paul Singer – Professor Titular aposentado da FEA-USP. Secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego. Membro do Conselho Deliberativo do NUPSI-USP. Dra. Rosane Maia – Assessora da Direção Técnica Nacional do DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. 7. O PAPEL DE UM BANCO COMUNITÁRIO DE MULHERES NO PROJETO-PILOTO DE RENDA BÁSICA NA ÍNDIA: Breve relato de intervenção investigativa do Prof. Dr. Guy Standing, abrindo os debates intersetoriais junto às instituições e cidadãos presentes. OS DESAFIOS DO PRECARIADO, AS INVENÇÕES DEMOCRÁTICAS E A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Fiel à sua missão estatutária de incubar e divulgar ideias e projetos de invenções democráticas e suas formas de articulação em práticas sociais libertárias, o NUPSI-USP adota neste seminário a estratégia do encontro intersetorial, objetivando debater e semear intercâmbios e alianças entre o modo democrático-cooperativo de produção de conhecimento transformador, próprio da extensão universitária – onde desponta o pesquisador cooperado, inovação praticada pelo EIT/UFMT –, e os movimentos democráticos estruturantes da dimensão social da saúde, dos quais a Renda Básica e a Economia Solidária são exemplos primorosos. O tema elegido – o precariado – é de alcance universal. Hilflosigkeit é o termo alemão com que Freud designa o desamparo originário do ser humano, observando que, diferente da maioria dos animais, o bebê vem ao mundo em situação de extrema precariedade, dependendo de cuidados maternos intensivos para sobreviver e prosperar. Nas ciências sociais, políticas e econômicas, a categoria do precariado circunscreve um segmento social marcado pelo empobrecimento material e pela marginalidade e inseguridade laboral. Mas a pobreza, a insegurança e a marginalidade são produzidas por uma sociedade que precariza todo o mundo. Se as taxas de crédito bancário forem calculadas apenas com base em critérios impessoais de risco de inadimplência, o que sobra da confiança convivencial como força produtiva das finanças solidárias? Se o segredo for a alma do sucesso nas concorrências da carreira universitária, de que forma a ciência e a tecnologia podem andar junto dos anseios comunitários? Diante da Lei da Renda Básica de Cidadania – que estende a pobres e ricos o princípio de que viver é o suficiente para merecer os meios de existência –, o que diriam os moradores do nobre bairro paulistano que discriminaram os da periferia com a pecha de diferenciados? Neste contexto, os desafios do precariado condensam de modo intenso e paradigmático os desafios de toda a humanidade: frente aos que se encontram terrorizados e ameaçados de não-sobrevivência numa ordem global desumana, como reavivar o ideal da vida activa republicana mediante alianças entre os movimentos sociais e culturais, os poderes públicos, as academias, as organizações populares e as do terceiro setor? Como rimar liberdade e segurança? Como conjugar ordem e mudança? Quais experiências indicariam a viabilidade de implantar Renda Básica mediante moedas locais vinculadas a políticas de microcrédito de bancos comunitários? Tendo por motivo articular maneiras criativas e solidárias de desenvolver autonomia e cooperação para o enfrentamento conjunto dos desafios do precariado, desejamos, pois, que este seminário seja ocasião de um encontro vital propiciado pelas reflexões e propostas de um homem de academia e de ação de renome mundial: o Prof. Dr. Guy Standing, docente de Seguridade Econômica na Universidade Britânica de Bath e Co-Presidente da Rede Mundial da Renda Básica. Suas colocações voltadas à elevação social do precariado serão precedidas por relatos do impacto positivo da atuação do pesquisador cooperado sobre precariados locais e sucedidas por comentários de líderes nacionais e mundiais dos movimentos sociais também relacionados ao tema: o Senador Eduardo Matarazzo Suplicy, autor da Lei da Renda Básica de Cidadania, o Prof. Dr. Paul Singer, Secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego e a Dra. Rosane Maia, Assessora da Direção Técnica Nacional do DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Por fim, o Prof. Dr. Guy Standing introduzirá os debates intersetoriais mediante um breve relato sobre o papel de um banco comunitário de mulheres em um projeto-piloto de Renda Básica na Índia. Prof. Dr. David Calderoni, organizador do Seminário Membro do Conselho Deliberativo do NUPSI-USP Em seu último livro, The Precariat: The New Dangerous Class (Bloomsbury Academic, 2011), Guy Standing oferece balizas fundamentais para as possíveis alianças ético-políticas deste evento dialógico: “Está na hora de revisitar a grande trindade – liberdade, fraternidade e igualdade – no desenvolvimento de uma agenda progressista na perspectiva do precariado. Um bom começo seria uma revitalização da liberdade republicana, a habilidade de agir em concerto. A liberdade se revela na ação coletiva. O precariado quer liberdade e segurança básica. Como observa o teólogo Kierkegaard, a angústia faz parte da liberdade. É o preço que pagamos pela liberdade e pode ser um sinal de que nós a temos. Contudo, a menos que seja uma angústia moderada, ancorada em segurança, estabilidade e controle, corre o risco de virar medo irracional e incapacidade de funcionar racionalmente ou desenvolver uma narrativa coerente quanto à vida e ao trabalho. É nesse lugar que o precariado se encontra hoje, desejando controle sobre a vida, o renascimento da solidariedade social e a autonomia sustentável, ao mesmo tempo em que rejeita as velhas formas de segurança trabalhista e o paternalismo do Estado. O precariado deseja também um futuro ecologicamente seguro, ar limpo, poluição reduzida e regeneração das espécies; ele tem tudo a perder com a degradação ambiental. E está se mobilizando para reviver a liberdade republicana, em vez da liberdade individualista e alienante dos que se acham mercadorizados. Embora o precariado não seja ainda uma classe para si, é uma classe em construção, cada vez mais apta a identificar o que deseja combater e o que deseja construir. O precariado necessita restabelecer uma ética do universalismo e da solidariedade social, valores rejeitados pelos utilitaristas.” www.guystanding.com www.basicincome.org http://www.facebook.com/ThePrecariat