O CINEMA PEDAGÓGICO COMO INSTRUMENTO PARA DISCUSSÕES SOBRE PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS UMA EXPERIÊNCIA DIDÁTICA DO GRUPO PIBID-BIOLOGIA Divina M. N. Alainho (Graduanda, Ciências Biológicas, UEG Itapuranga) Gabriela de A. Cardoso (Graduanda, Ciências Biológicas, UEG Itapuranga) Kamilla de F. Santos (Graduanda, Ciências Biológicas, UEG Itapuranga) Marco Antônio M. A. Nicolau (Graduando, Ciências Biológicas, UEG Itapuranga) Milena L. Alves (Graduanda, Ciências Biológicas, UEG Itapuranga) Nayara R. Bertolino (Graduanda, Ciências Biológicas, UEG Itapuranga) Sabrina do C. de Miranda (Professora, Doutora em Ecologia, UEG Itapuranga) Karolina M. A. e Silva (Professora, Mestre em Educação, UFT/UnB) Modalidade: Relato de experiência Resumo O filme é um recurso de comunicação audiovisual que possibilita ao professor desenvolver suas aulas de maneira mais didática, tornando-as mais atrativas para o educando. Uma das formas de se trabalhar o filme é por meio do cinema pedagógico, uma ferramenta utilizada de diversas formas por professores, desde que promova discussões e questionamentos sobre os conteúdos/temáticas trazidos pelos filmes. No Colégio Estadual Deputado José Alves de Assis foi realizado pelos bolsistas do PIBID – subprojeto Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Goiás Unidade de Itapuranga-GO o cinema pedagógico com o filme “Home: nosso planeta, nossa casa”. O cinema pedagógico teve por finalidade suscitar discussões sobre problemas ambientais em escala global e local. A partir do filme original fez-se seleções de cenas que retratavam problemas ambientais encontrados no município de Itapuranga, Goiás. As sessões do cinema foram organizadas em dois momentos: exposição do curtametragem, e discussões orientadas dos problemas ambientais retratados no curta-metragem. Durante a discussão a maioria dos alunos participantes mostrouse interessada no assunto, fato verificado pelas dúvidas e comentários mencionados no decorrer da mesma. As questões suscitadas sobre os problemas ambientais (monocultura, desmatamento e aquecimento global) que ocorreram após a exibição do filme possibilitaram aos educandos associar os problemas abordados no filme ao seu cotidiano. Portanto, acreditamos o cinema pedagógico foi uma boa ferramenta para discussão das problemáticas ambientais, pois sensibiliza os educandos, permite (co)relações entre problemas globais e locais, e facilita a aprendizagem de conceitos científicos. Palavras chave: filme, curta-metragem, questões ambientais, educação básica. Introdução O atual avanço das tecnologias possibilitou a utilização das mesmas para fins didáticos. As tecnologias tornam o ensino mais chamativo para o educando, possibilitando uma maior interação entre o ambiente escolar e o cotidiano (MACHADO et al., 2012). A expansão do recurso audiovisual trouxe também novas possibilidades para as práticas pedagógicas. O filme, por exemplo, é um recurso de comunicação audiovisual que possibilita ao professor desenvolver suas aulas de maneira mais didática, porém exige do docente uma análise detalhada do material que irá expor aos alunos (MARTÍN-BARBERO, 2004; ROCHA, 2005 apud. MACHADO et. al., 2012). No decorrer da exibição do filme é importante anotar cenas, parar ou retroceder o filme fazendo rápidos comentários, colocar questões a serem discutidas e observar as reações dos alunos (MORAN, 1995). Além da ludicidade, o cinema no contexto educacional é mais do que entretenimento, ele pode ser uma fonte infindável de conhecimento (LUVIELMO e LEIVAS, 2009). O cinema pedagógico pode ser usado de diversas formas pelos professores, desde que promova discussões e questionamentos sobre os conteúdos trazidos pelos filmes, procurando sempre comparar os conteúdos de sala de aula com a realidade dos alunos (NAPOLITANO, 2003). Existem no mercado filmes de boa qualidade que fornecem materiais para a discussão de conteúdos específicos no ensino de diversas áreas (LINHARES, 1999). Os filmes são uma ótima opção para auxiliar o professor com aulas diversificadas. Permitem também que o professor relacione a linguagem cotidiana com a linguagem científica (QUINTINO e RIBEIRO, 2010). Apesar da importância do uso de filmes como elemento curricular, suas vantagens dependem de seu uso em conjunto com outros recursos. Além disso, o professor tem que ter claro sua intenção e finalidade, para que a exibição não se transforme em passa tempo (ARROIO e GIORDAN, 2007). Como aponta Luvielmo & Leivas (2009), o cinema pode ser compreendido como “experiência de vida”, devido a sua capacidade de nos mostrar e fazer perceber as condutas humanas, possibilitando uma abertura para o universo que revela a particularidade de cada um, “o meu próprio mundo é percebido como um outro mundo, e um outro mundo também é percebido como sendo o meu. Nos dois casos o cinema me revela que pertenço a um mundo comum, à comunidade humana” (GUIGUE, 2004, p. 328). O desafio de se formar cidadãos que possam participar da tomada de decisões sobre assuntos que dizem respeito às questões ambientais, sociais, culturais, e que estão imbricadas por diferentes interesses de grupos que dominam a economia e a política, nos leva necessariamente a repensar o processo de ensino-aprendizagem. A escola, portanto, deve ser compreendida como o local onde os desafios possam ser vivenciados e não apenas verbalizados. Desta forma, trabalhar com temáticas ambientais envolve discussões e reflexões acerca das noções de meio ambiente e suas inter-relações no plano físico-natural, biológico e social, e por meio dessas interpretações, entender como o educando se relaciona com seu meio. Nesse contexto, o cinema pedagógico pode ser compreendido como uma ferramenta para a discussão de temas relacionados às questões ambientais, com vistas à compreensão da realidade baseada em conteúdos de interesse dos educandos, estimulando o interesse, a opinião pessoal e a consciência crítica. Assim, este trabalho tem por objetivo relatar experiências advindas da realização de cinema pedagógico baseado no filme “Home: nosso planeta, nossa casa” que ocorreu durante a Feira de Ciências do Colégio Estadual Deputado José Alves de Assis em Itapuranga-GO. O cinema pedagógico teve por finalidade suscitar discussões sobre problemas ambientais em escala global e local. Metodologia A equipe do PIBID (Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência/Capes) subprojeto Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Unidade Universitária de Itapuranga-GO primeiramente realizou a análise do filme “Home: nosso planeta, nossa casa” de Yann Arthus-Bertrand publicado em 2009. Percebeu-se que o filme poderia ser utilizado como recurso didático para suscitar discussões sobre questões ambientais em escala global e local, levando o educando a refletir sobre os atuais problemas ambientais, tais como aquecimento global e mudança de uso da terra (monoculturas e desmatamentos). A partir do filme original fizemos seleções de cenas que retratavam problemas ambientais encontrados no município de Itapuranga-GO. É importante contextualizar que o município dista 153 km de Goiânia, capital do estado de Goiás, e se localiza no Centro–Oeste brasileiro. Assim, produziu-se um curtametragem com duração de apenas 30 minutos. As sessões do cinema pedagógico foram exibidas nas dependências do Colégio Estadual Deputado José Alves de Assis aos educandos participantes da Feira de Ciências que ocorreu em 23 outubro de 2012 e também aos alunos do Ensino Médio do turno matutino do referido colégio. As sessões do cinema foram organizadas em dois momentos: 1) exposição do curta-metragem, e 2) discussões orientadas dos problemas ambientais retratados no curta-metragem. Todas as discussões foram conduzidas pelos bolsistas do PIBID-Ciências Biológicas e contou com a supervisão da professora coordenadora do subprojeto. Resultados e Discussão O filme “Home: nosso planeta, nossa casa” é um documentário baseado em imagens aéreas de mais de 50 países. Assim, a escolha do filme não foi aleatória, pois este filme permite uma aproximação entre o espectador e imagens de paisagens reais do planeta. Além disso, são apresentados ambientes naturais conservados e com ação antrópica que levam o espectador a refletir sobre a interferência humana no meio ambiente. Por este motivo o filme selecionado possibilita discussões sobre problemas ambientais globais e locais. O cinema pedagógico é um importante recurso didático que possibilita trabalhar de forma diferenciada, por exemplo, as problemáticas ambientais. O uso desta ferramenta permite a quebra da rotina do “quadro e giz”, e possibilita chamar a atenção dos alunos, no caso, às questões ambientais, tema amplamente discutido nos meios de comunicação social. Este recurso didático, portanto, auxilia o professor a ministrar aulas com maior interação entre aspectos do cotidiano dos educandos com o conteúdo proposto, bem como, estímulo à participação dos educandos durante as aulas. Nesse sentido, buscamos por meio do cinema pedagógico explorar os problemas complexos que são apresentados pelo filme, expondo e interrogando a realidade local. Durante a realização das sessões do cinema pedagógico do filme “Home” a maioria dos alunos participantes mostrou-se interessada no assunto, fato verificado pelas diversas dúvidas levantadas sobre monoculturas, impactos destas no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas, importância das matas ciliar e de galeria, toxicidade associada às folhas de algumas espécies de eucalipto, entre outros; e comentários, relatando suas experiências pessoais mencionadas no decorrer das discussões. Durante a Feira de Ciências participaram do cinema pedagógico alunos do Ensino Médio e Fundamental, com maior participação destes últimos. Percebeu-se que a curiosidade quanto ao tema proposto foi o que mais motivou a participação dos alunos do Ensino Fundamental. As discussões sobre problemas ambientais que ocorreram após a exibição do filme possibilitaram aos educandos associar os problemas abordados ao seu cotidiano. As discussões permitiram divulgação de termos técnicos e trocas de experiências, os alunos exemplificavam histórias do seu dia-a-dia que estavam relacionadas aos impactos ambientais. Diferente dos educandos do Ensino Fundamental, os alunos do Ensino Médio mostraram-se mais tímidos e retraídos no início das discussões, após a exibição do filme. Porém, no decorrer da mesma houve uma maior interação a respeito do assunto abordado. Contudo, os adolescentes foram menos questionadores com poucas trocas de experiências em relação aos educandos do Ensino Fundamental. Na perspectiva de futuros docentes (bolsistas do PIBID-Ciências Biológicas) a idealização e execução do cinema pedagógico permitiu uma aproximação com a futura área de atuação como educador. Nesse sentido, compreendemos a importância do planejamento conjunto e da busca de conteúdos técnicos/científicos para a condução das discussões. Ainda na perspectiva de futuros docentes esta experiência proporcionou mudança de comportamento, pois no decorrer da primeira apresentação os bolsistas sentiram maior dificuldade em conduzir as discussões, não só pela falta de desenvoltura em falar em público, mas também em função da interdisciplinaridade do conteúdo. Contudo, na segunda apresentação prevaleceu o sentimento de segurança com a atividade, devido ao primeiro contato com o público alvo anteriormente ocorrido. Conclusões A utilização do vídeo em sala de aula possibilita aos alunos verem além dos muros da escola, permitindo a contextualização e discussão mais ampla de questões sociais, ambientais e culturais. Além disso, proporciona ao profissional da educação ministrar aula diferenciada e atrativa, despertando no aluno maior interesse pelo assunto proposto. Porém, para a realização de qualquer atividade pedagógica, se faz necessário planejamento e análise crítica do material que será exposto aos alunos, para não haver equívoco ao passar um filme que não corresponde ao conteúdo proposto. A partir do cinema pedagógico evidenciamos que as discussões sobre os problemas ambientais que são recorrentes em escala global, fizeram com que os alunos percebessem tais problemas em seu próprio município, sensibilizando e fazendo-os repensar suas próprias atitudes. Neste contexto, acreditamos que o cinema pedagógico foi uma ferramenta didática que contribuiu para discussão das problemáticas ambientais e permitiu (co)relações entre problemas globais e locais. Desta maneira, com a utilização do vídeo os alunos sentiram-se mais motivados a manifestar suas opiniões e ideias. Agradecimentos A CAPES pela concessão de bolsas de estudos aos membros do PIBID subprojeto Biologia da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Itapuranga-GO. Referências ARROIO, A.; GIORDAN, M. O Vídeo Educativo: Aspectos da Organização do Ensino. 2007 Disponível em: <http://www.ritla.net/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=15 4.> GUIGUE, Arnaud. Cinema e experiência de vida. In. MORIN, E. Religação dos saberes o desafio do século XXI. 4ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. LINHARES, R.; N.; Vídeos na educação escolar; a experiência do vídeo escola em Aracaju. Revisa Pixel-bit, Sevilla, n.12, 1999. Disponível em:<http://www.sav.us.es/pixelbit/pixelbit/articulos/n12/n12art/art121.htm> Acesso em:18 Mar. 2013. LUVIELMO, M. de M.; LEIVAS, R. Z. Um pedido de socorro do planeta terra: Cinema de animação e Educação Ambiental. In: Revista eletrônica Mestrado em Educação Ambiental. ISSN 1517-1256, v. 22, janeiro a julho de 2009. MACHADO, M. H.; VIEIRA, V. S.; MEIRELLES, R. M. S. Uso do Vídeo no Ensino de Biologia como Estratégia para Discussão e Abordagens de Temas Tecnológicos. Niterói-RJ, 2012. MARTÍN-BARBERO, J. Globalização comunicacional e transformação cultural. In:MORAES, de D. (Org.). Por uma outra comunicação: Mídia, mundialização cultural e poder. 2 ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 57-86. MORAN, J. M. O vídeo na sala de aula. Revista Comunicação e Educação, São Paulo, editora Moderna, p. 27-35, abr. 1995. NAPOLITANO, M. Como usar o cinema na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2006. 249 p. QUINTINO, C. P. RIBEIRO, K. D. F. A Utilização de filmes no processo de ensino aprendizagem de Química no Ensino Médio. XV Encontro Nacional de Ensino de Química (XV ENEQ) – Brasília, DF, Brasil – 21 a 24 de julho de 2010.